Um dos aspetos relevantes para a discussão, prende-se com a distinção entre trabalho
subordinado e trabalho independente. No sentido em que só haverá contrato de
trabalho se a atividade for desenvolvida de forma subordinada, como se depreende do art 11ºLCT. Esta subordinação técnico-jurídica divide-se em três facetas, a alienabilidade onde o trabalhador tem que desenvolver uma atividade para outrem recorrendo á sua força de trabalho, o dever de obediência que se relaciona com a falta de concretização da atividade laboral e encontra referencia no art 18º e 20º LCT e por fim com a direção do empregador. O poder de direção resulta de dois fatores, a falta de concretização própria da atividade laboral e a mútua colaboração. Este poder tem em vista a individualização da prestação de trabalho, concretizando a atividade a desenvolver, por isso se afirma que a prestação é realizada sob ordens e direção do empregador, enquadrando- se também neste poder a fiscalização da prestação do trabalhador, no entanto segundo o disposto no artigo 20º/2 LCT, o poder de direção também poderá ser exercido por outros trabalhadores, conforme exista uma estrutura hierarquicamente organizada. nenhum responsável pela gestão do Hospital entrava no consultório de António Serafim, ou assistia ao desenvolvimento da sua atividade, o que pressupõe que não exista qualquer tipo de dependência ou fiscalização da atividade de António. Releva ainda para o poder de direção o facto de António se comprometer a participar nas ações de formação promovidas pela ordem dos médicos, de acordo com a clausula quinta, neste sentido explica o Supremo tribunal de justiça, no acórdão de 9/fev/2012, Rel. Pinto Hespanhol dizendo que: “ Dentro de uma normal e proficiente gestão da sua estrutura empresarial, que a clínica em questão normal e compreensivelmente constituía, também aparecem como perfeitamente adequadas as normas e instruções ― dirigidas [a] todos os profissionais que aí exerciam a sua atividade, independentemente da natureza do vínculo. Como tal, também este índice está longe de ser determinante no sentido da existência do contrato de trabalho.” Pelo que se entende que o previsto na clausula 5, não significa que exista uma relação de subordinação. A favor da autonomia existente, é ainda o facto de António desempenhar também funções médicas para a clínica privada Custo de Saúde (de acordo com o facto 1) desenvolvia, portanto, a mesma atividade para beneficiários diferenciados, o que indica uma independência não enquadrável na subordinação da relação laboral. De acordo com o entendimento seguido no acórdão do STJ já referido, a subordinação jurídica que caracteriza o contrato de trabalho decorre precisamente daquele poder de direção que a lei confere à entidade empregadora (n.º 1 do artigo 39.º da LCT) a que corresponde um dever de obediência por parte do trabalhador [alínea c) do n.º 1 do artigo 20.º da LCT]. Todavia com a extrema variabilidade das situações concretas é difícil a subsunção dos factos na noção de trabalho subordinado, implicando a necessidade de, frequentemente, se recorrer a métodos aproximativos, baseados na interpretação de indícios negociais internos, reveladores dos elementos que caracterizam a subordinação jurídica, que as minhas colegas vão em seguida analisar.