Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
1 INTRODUÇÃO
2 METODOLOGIA
1
Engenheiro-agrônomo, Dr., Epagri/Cepa, leokroth@epagri.sc.gov.br
2
Engenheiro-agrônomo, M. Sc., Epagri/Cepa, reney@epagri.sc.gov.br
3
Cientista social, Epagri/Cepa, feliciano@epagri.sc.gov.br
4
Engenheiro-agrônomo, Cravil, moacir@cravil.com.br
5
Engenheiro-agrônomo, Cravil, gentil@cravil.com.br
1
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Em Santa Catarina foram cultivados 147.609ha de arroz irrigado, com uma produção
de 1.182.596t, na safra 2017/18. Por seu lado, no Alto Vale do Itajaí foram produzidas
99.451t em 11.104ha cultivados com a cultura. Como apontado anteriormente, em, no
mínimo, 80% da área cultivada da região é utilizada semente certificada, o que perfaz uma
área de aproximadamente 9.000ha. Por sua vez, no Estado o uso de semente certificada
totalizada em torno de 120.000ha. A tabela 2 apresenta os principais municípios ´produtores
de semente da região do Alto Vale do Itajaí.
Tabela 2. Produção de arroz irrigado nos municípios produtores de sementes do Alto Vale do
Itajaí (SC)
2016/17 2017/18
2
As tradições, a herança histórico-cultural, as características ambientais, a
biodiversidade, a notoriedade, o “saber fazer” dos territórios, entre outras, são elementos
relevantes para a concessão do registro de uma Indicação Geográfica (IG) aos produtos de
determinadas regiões, De Acordo com o INPI (2018), ao longo dos anos, algumas cidades ou
regiões ganham fama por causa de seus produtos ou serviços. Quando qualidade e tradição se
encontram num espaço físico, a Indicação Geográfica surge como fator decisivo para garantir
a diferenciação do produto. As Indicações Geográficas se referem a produtos ou serviços que
tenham uma origem geográfica específica. Seu registro reconhece reputação, qualidades e
características que estão vinculadas ao local. Como resultado, elas comunicam ao mundo que
uma certa região se especializou e tem capacidade de produzir um artigo diferenciado e de
excelência.
Um conjunto de municípios da região do Alto Vale do Itajaí, mais especificamente
Rio do Sul, Lontras, Rio do Oeste, Agronômica, Taió, Agrolândia, Trombudo Central e Pouso
Redondo, no estado de Santa Catarina (Figura 1), apresenta características peculiares, não
somente de clima e solo, mas, especialmente, relacionados com a qualidade, tradição e
notoriedade na produção de sementes de arroz. A região produz anualmente em torno de 100
mil sacas de sementes, equivalentes a 5.000t, distribuídos em 70 campos de produção,
envolvendo mais de meia centena de produtores, notadamente de propriedades familiares. As
sementes produzidas são comercializadas, além de Santa Catarina, nos estados de Alagoas,
Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Paraná e Tocantins, e países como, o Paraguai e a
Bolívia.
3
fortalecimento do agronegócio do Alto Vale do Itajaí a partir do registro de Indicações
Geográficas como diferencial de competitividade.
Conhecer a interdisciplinaridade como mecanismo estratégico para geração de
competências em agronegócios; reforçar as premissas de governança territorial e capital social
com vistas à geração de valor no agronegócio; conhecer os fundamentos, os potenciais e a
dinâmica envolvida no reconhecimento e gestão das Indicações Geográficas; apontar produtos
da região com potencial para o reconhecimento de Indicação Geográfica, bem estabelecer o
diálogo e cooperação interinstitucional para o desenvolvimento de Indicações Geográficas na
região, foram estabelecidos como os objetivos específicos para o Workshop.
De acordo com o relatório final desse Workshop, a oferta de produtos agroalimentares
de qualidade é notoriamente repleta de dificuldades relativas à assimetria de informação, isso
ocorre quando os produtores não oferecem um sinal da qualidade dos seus produtos e os
consumidores baseiam suas escolhas na qualidade média percebida no mercado. É nesse
contexto que empresas de todos os tamanhos estão, cada vez mais buscando alcançar níveis
elevados de competitividade, e para isso investem em qualidade, produtividade e em
inovações.
Uma das inovações mais significativas no mercado agroalimentar, no campo da
diferenciação são as certificações. Essas por sua vez, podem minimizar os problemas
decorrentes de assimetria informacionais, agregando fatores intrínsecos e extrínsecos relativos
à qualidade percebida pelo consumidor. Esta contribuição pode ser percebida em diversas
indicações geográficas já reconhecidas no Brasil, apesar de as IGs não serem certificações.
Dentre as conclusões do Workshop, foram apontadas pelos presentes, alguns produtos
do Alto Vale do Itajaí como potenciais para o desenvolvimento de estudos vislumbrando o
reconhecimento de IGs. Entre estes produtos foi destacado o arroz irrigado, especialmente a
produção de sementes, que apresentam características próprias e diferenciadas.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4
Entretanto, de acordo com Vieira et al. (2014), a IG por si só não garante um sucesso
comercial determinado. O reconhecimento de uma IG, em uma região, pode induzir a abertura
e o fortalecimento de atividades e de serviços complementares, relacionados à valorização do
patrimônio, à diversificação da oferta, às atividades turísticas, ampliando o número de
beneficiários.
Como apropriadamente apontado por Siedenberg et al (2017), é necessário
considerar que cada região possui sua história, sua cultura, seu patrimônio, além de
características políticas e econômicas próprias. Num processo de desenvolvimento regional,
no qual se incluem as indicações geográficas, não é possível utilizar ou procurar
simplesmente transferir estratégias, planos e metodologias implementadas em outras regiões,
visto que cada região é única.
A semente de arroz produzida na região do Alto Vale do Itajaí apresenta condições
suficientemente consistentes para o desenvolvimento de estudos no sentido do
reconhecimento de qualidade única, conferindo-lhe, num futuro próximo, a qualidade de
certificação como produto de Indicação Geográfica, conferindo maior competitividade no
mercado nacional e global.
REFERÊNCIAS
FAO. Seguimento del Mercado del Arroz de la FAO. Vol. XIX. Ed. 4. Deciembre 2016.
IBGE. Produção Agrícola Municipal. Disponível em
https://sidra.ibge.gov.br/pesquisa/pam/tabelas. Acesso em 03/07/2018.
INPI. Perguntas frequentes – Indicação Geográfica.
http://www.inpi.gov.br/servicos/perguntas-frequentes-paginas-internas/perguntas-frequentes-
indicacao-geografica. Acesso em 18/06/2018.
SIEDENBERG, R.R.; THAINES, A. H.; BAGGIO, D. K. Desenvolvimento regional sob a
ótica do reconhecimento da indicação geográfica: o case do Vale dos Vinhedos, a partir da
percepção dos atores sociais. Gestão & Regionalidade, São Caetano do Sul, vol. 33, nº 99, p.
4-20, set-dez/2017. doi: 10.13037/gr.vol33n99.2771
SOSBAI. Arroz irrigado: recomendações técnicas da pesquisa para o Sul do Brasil.
Sociedade Sul-Brasileira de Arroz Irrigado: XXXI Reunião Técnica da Cultura do Arroz
Irrigado. Bento Gonçalves, RS, 2016.
VIEIRA, A. C. P; MAESTRELLI, S. R.; ARCARI, S. G. Cartilha da Indicação de
Procedência dos Vales da Uva Goethe. Florianópolis: Epagri, 2014. 20p.