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ESCOLA

BÍBLICADOMINICAL

EBD
verão 2017

T E M A S:
• A Europa do Século XVI • • Sola Gratia •
01/01/2017 29/01/2017

• A Reforma Protestante • • Sola Fide •


08/01/2017 05/02/2017

• Sola Scriptura • • Soli Deo Gloria •


15/01/2017 12/02/2017

• Solus Christus • Calvinismo, Igreja


22/01/2017
• Reformada •
e Igreja Presbiteriana
19/02/2017

CATEDRAL PRESBITERIANA DO RIO


Uma Igreja Evangélica de Portas Abertas

Rua Silva Jardim, 23 | Centro | RJ


catedralrio.org.br facebook.com/catedralrio
Moto da EBD
“Procura apresentar-te
a Deus aprovado, como
obreiro que não tem
de que se envergonhar,
que maneja bem a
palavra da verdade.”
(2Timóteo 2.15)
Palavra do Pastor: Rev. Jorge Patrocínio
No dia 31 de outubro de 2017 toda a Cristandade comemorará o
aniversário de 500 anos da Reforma Protestante do Século XVI.
Diante de tão auspiciosa data a Catedral Presbiteriana estudará ao
longo do ano os cinco fundamentos irremovíveis da vida cristã:
- A Viva Palavra de Deus (Sola Scriptura) - Março e Abril
- Vivendo pela Fé (Sola de) – Maio e Junho
- Salvos pela Graça (Sola gratia) – Julho e Agosto
- Para a Glória de Deus (Soli Deo gloria) – Setembro e Outubro
- Vida Vitoriosa em Cristo Jesus (Solus Christus) – Novembro e Dezembro
É, pois, diante desta perspectiva que apresentamos esta revista da Escola
Dominical Verão 2017.
Na primeira e segunda lições analisaremos a história do movimento e
elencaremos as razões pelos quais a Reforma Protestante aconteceu. A conclusão é
que foi o exato momento do enfervecer de uma água que vinha sido mantida a
banho maria por mais de um século. O grande avivamento da Igreja após o dia de
Pentecostes registrado em Atos 2.
A terceira lição - Sola Scriptura - demonstrará de forma inequívoca o
princípio reformado da Supremacia da Palavra de Deus sobre todas as tradições,
bem como o princípio hermenêutico de que a "Bíblia interpreta a própria Bíblia" e
que um texto difícil de se entender deve ser estudado à luz de outros textos Bíblicos.
A quarta lição - Solus Christus - joga por terra todos os "mediadores" que o
homem possa buscar para a salvação. As palavras de Maria devem ser obedecidas
literalmente aqui: "Fazei tudo o que Ele vos disser" (João 2:5). Igualmente a voz de
Deus: " Este é o meu lho amado, a ele ouvi" (Marcos 9:7)
A quinta lição - Sola gratia - rearma a salvação como um dom inefável de
Deus. A graça salvadora é lançada sobre o homem morto em seus delitos e
pecados. (Efésios 2:1-10). Pois "não há parte sã em minha carne" (Salmo 38:3).
Pois "todos pecaram e carecem da glória de Deus" (Romanos 2:23)
A sexta lição -Sola de -reforça que o justo viverá pela fé. É justo por causa
do justicador e vive assim crendo e obedecendo o Senhor de sua vida.
A sétima lição - Soli Deo gloria - nos arranca do emaranhado da religião
idólatra e rma nossos pés diante do único Deus digno de ser adorado. "Porque
dele, e por meio dele e para ele são todas as coisas. A ele, pois a glória
eternamente, amém." (Romanos11:33)
A última lição - Calvinismo, Igreja Reformada e Igreja Presbiteriana -
localiza a Igreja Presbiteriana no tempo e no espaço da Reforma reforçando a linha
inquebrável - Genebra-Escócia-Inglaterra-Estados Unidos-Brasil.
Esperamos chegar ao nal deste verão com uma compreensão
abrangente sobre os fundamentos de nossa fé.
Sumário

Apresentenção - Palavra do Pastor da Igreja 03


Cristianismo Reformado: Vida Cristã e Princípios Absolutos.

Sumário 04
Aula 01 - A Europa do Século XVI 05 - 08
Introdução 05 - 06
Desenvolvimento 06 - 08
Conclusão e Notas 08

Aula 02 - A Reforma Protestante 09 - 12


Introdução 09
Desenvolvimento 09 - 12
Conclusão e Notas 12

Aula 03 - Sola Scriptura 13 - 19


Introdução 13 - 14
Desenvolvimento 14 - 16
Conclusão e Notas 16 - 19

Aula 04 - Sola Christus 20 - 25


Introdução 20 - 21
Desenvolvimento 21 - 24
Conclusão e Notas 24 - 25

Aula 05 - Sola Gratia 26 - 30


Introdução 26
Desenvolvimento 27 - 29
Conclusão e Notas 29 - 30

Aula 06 - Sola Fide 31 - 36


Introdução 31
Desenvolvimento 31 - 34
Conclusão e Notas 34 - 36

Aula 07 - Soli Deo Gloria 37 - 43


Introdução 37
Desenvolvimento 38 - 42
Conclusão e Notas 42 - 43

Aula 08 - Calvinismo, Igreja Reformada e Igreja Presbiteriana 44 - 47


Introdução 44
Desenvolvimento 44 - 47
Conclusão e Notas 47

Anotações 50 - 53
AULA 01
A Europa do Século XVI
“Não havendo profecia, o povo se corrompe; mas o que guarda a lei, esse é feliz..” (Provérbio 29:18)

“O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento.


Porque tu, sacerdote, rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que
não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus,
também eu me esquecerei de teus lhos.” (Oséias 4:6)

Introdução 9:10-9:15h | 5’

O grande pregador da Boêmia (atual Tchecoslovária) John Huss entrou


no Concílio de Constança em 1415 para não mais sair. Ele vinha promovendo
grandes mudanças na Igreja de seu país e a cúria romana o convocou para dar
explicações no Concílio. Em 6 de julho de 1415, Huss foi queimado na fogueira
por criticar o poder terreno da Igreja em prol da justiça social. Diante do Concílio
de Constança, recusou-se a renegar sua doutrina. Ao ser levado por seus algozes,
ele proclamou: “Hoje vocês fazem calar um ganso (Huss signica ganso na lingua
tcheca), mas daqui a 100 anos Deus levantará uma águia.”

No dia 17 de abril de 1521, quatro anos após xar as 95 teses na porta da


Capela de Wittenberg, Martinho Lutero, com um salvo conduto do Imperador
Carlos V, comparece na Dieta de Worms para dar explicações à curia romana
sobre seus escritos e seu trabalho na Alemanha. Diferentemente de Huss, Lutero
confronta as autoridades de Roma, é declarado fora da Lei, mas sai incólume da
cidade de Worms.

Martinho Lutero viria posteriormente reconhecer o débito da história pelo


trabalho de John Huss ao armar: “Somos todos Hussitas.” (1) A pergunta que
não quer calar é a seguinte: Porque John Huss e Martinho Lutero tiveram impactos
tão grandiosos com as suas obras, mas desfechos tão acentuadamente diferentes
em suas vidas?

Ora, a Reforma Protestante do Século XVI foi, sem sombras de dúvidas, o


maior avivamento que a Igreja de Cristo experimentou depois do derramamento
do Espírito Santo no dia de Pentecostes, registrado em Atos 2. O retorno à Palavra
de Deus, o resgate da supremacia do sacrifício de Cristo e a aplicação da
salvação pela graça e pela fé foram alguns dos maiores benefícios alcançados
pelo movimento, benefícios estes eternizados na história da Igreja.

A pregação dos Reformadores foi uma semente que fruticou de forma


tão gloriosa porque encontrou o solo fértil do coração do povo europeu devido a

5
preparação do campo de pousio através de vários fatores políticos, sociais e
religiosos.

Nas duas próximas lições exploraremos um pouco desses fatores


elencando tópicos e acontecimentos que contribuíram para a Reforma
Protestante acontecesse de forma global.

Desenvolvimento 9:15-9:40h | 25’

Quando as cortinas do Século XV se fecharam e suas luzes se apagaram, o


mundo passava por grandes transformações. A crise que assolou a Europa
Ocidental, nos séculos XIV e XV, vem acompanhada do espírito da modernidade
que começou a rondar a cabeça do homem europeu gerando fortes modicações
políticas, econômicas , sociais e religiosas no sistema vigente . O regime feudal
passou a sofrer fortes pressões internas e externas, que o modicaram, e muitas
de suas estruturas entraram em colapso.

No plano social, rebeliões camponesas surgem em função da super


exploração do trabalho , praticada pelos senhores feudais, principalmente após a
ocorrência da Peste Negra, que chegou a matar quase um terço da população
europeia, desorganizando a produção e provocando fome. Isso acaba por gerar
grandes revoltas nas quais os camponeses queimaram castelos e assassinaram
senhores. A repressão a esse movimento foi enorme, uma vez que a nobreza e o
clero passam a temer por sua sobrevivência.

No plano econômico a expansão do comércio e do mercado era um fato


que marcava o período da transição do Feudalismo para o Capitalismo. A
burguesia enriquecia cada vez mais, administrando grandes negócios, que
passam a ser incompatíveis com o sistema feudal. O enriquecimento crescente do
burguês, leva a um aumento do poder de atuação,dentro do terceiro estado,
derrubando inclusive as antigas corporações de ofício.

No plano intelectual, a ordem do mundo, tanto da natureza quanto da


sociedade já não parece tão clara. Movido pela curiosidade, o homem começa a
investigar e observar os fenômenos da natureza. Através da teoria humanista, a gura
do homem passa a ocupar um papel de destaque na nova concepção de mundo.

No plano religioso toda essa conjuntura leva também ao surgimento de


críticas fortes à Igreja Católica, aos padres, aos abusos econômicos dos tributos
cobrados por ela. Críticas estas que já tinham sido feitas em períodos anteriores,
e que naquele momento não encontraram terreno fértil para se expressar, como
nos séculos XIV e XV.

6
Desenvolvimento

Tudo isso criou um ambiente propício para a pregação da Palavra de


Deus que foi restaurada a partir do ministerio de Martinho Lutero.

A crise dos séculos XIV e XV marca o início de um longo processo no


decorrer do qual surgirão novas práticas econômicas e políticas, novas
modalidades de relações sociais cujo resultado será a emergência do
capitalismo. Marca também o início do periodo modern com todas as suas
nuances políticas, sociais e religiosas.

Diante deste extrato introdutório da Europa no m do Século XV, vejamos


algumas nuances preponderantes para o sucesso do Movimento. (2)

1. Definição da Reforma Protestante do Século XVI -


Por Reforma Protestante falamos do trabalho de pregadores da
Alemanha, Suiça e Inglaterra que no século XVI se levantaram para mediante a
pregação da Palavra de Deus promover a quebra do monopólio da Igreja
Católica Apostólica Romana do Cristianismo na Europa Ocidental. Esta ruptura
aconteceu de forma profunda e abrangente com a proposta de retorno aos
escritos dos Pais da Igreja e uma agrante rejeição da teologia medieval tomista e
escolástica. Entre tantos reformadores os três maiores nomes são
indubitavelmente Martinho Lutero, Ulrico Zuinglio e João Calvino.

2. Causas da Reforma Protestante do Século XVI -


Inicialmente esses pregadores não queriam separar-se da Igreja
instituída. Martinho Lutero almejava que a cúria romana entendesse seus
posicionamentos e acertasse os caminhos teológicos da Igreja e práticos do povo.
Mas imediatamente após a xação de suas 95 Teses, Lutero percebeu que um
grande cativeiro – o Cativeiro Babilônico- havia se instalado na Igreja e, por
causa disso, seria necessária uma completa implosão dos fundamentos.
2.1. A Crise Moral do Clero.
a) Cobrança de Indulgências,
b) Simonia,
c) Nicolaísmo.
2.2. A Crise Intelectual do Clero.
a) Renascimento Cultural,
b) As grandes Navegações,
c) A Invenção da Imprensa.
2.3. Crise Espiritual e Teológica do Clero.
a) Riqueza clerical,
b) Humanismo X Escolasticismo,
c) Agostinianismo X Tomismo.

7
Conclusão | Notas

3. Mapa da Europa no Século XVI e a Expansão do Protestantismo –

Conclusão
De forma introdutória, vimos nesta lição que o ambiente de degradação
política, social e religiosa, acompanhado com a oportunidade do aparecimento
de professores universitários e pastores locais apresentou o campo propício para
o orescimento do Movimento Reformado.

Na próxima aula nos aprofundaremos no trabalho dos Reformadores


e o orescimento nas cidades com conversões em massa num retorno sem
precedente às Sagradas Escrituras e à teologia dos Pais da Igreja.

Notas
1. Greenblatt Stephen, A Virada: O Nascimento do Mundo Moderno, Companhia das
Letras, 2011, pg.
2. Crédito ao Prof. Rodolfo Neves: https://www.youtube.com/watch?v=Nmw_ukw0p-I

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AULA 02
A Reforma Protestante
Por que Aconteceu a Reforma?
“Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a
vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida. Santifica-os na verdade;
a tua palavra é a verdade.” (João 5.24, 17.17).

Introdução 9:10-9:15h | 5’

Na lição anterior estudamos sobre a surpreendente história e a diferença


entre o desfecho do ministério de John Huss e de Martinho Lutero. Uma pergunta
que não cansamos de fazer é: Por que Martinho Lutero, diferentemente de John
Huss, morto no Concílio de Constança; foi condenado na Dieta de Worms,
declarado fora da Lei, mas retornou para a sua cidade alemã em segurança?

Há ainda outra pergunta que muito nos intriga; a saber, como este monge
agostiniano que tinha vivido grande parte de sua vida religiosa no convento, que
se tornara professor universitário e que fora educado com toda a teologia
medieval; todavia em 1517 rompeu com toda a sua formação para levantar a
bandeira da Reforma Protestante e criou uma teologia totalmente nova?

Essas duas perguntas servem de pano de fundo para a proposta desta


aula que é, na verdade, a pergunta essencial: Por que aconteceu a Reforma?

Desenvolvimento 9:15-9:40h | 25’

A Reforma Protestante do Século XVI é incontestável e incomparável


diante de tantas reformas e avivamentos ao longo da história da Igreja. Alguns
armam que Ela foi um movimento religioso, outros um movimento político. Há
os que veem a Reforma como um movimento popular e social e há ainda aqueles
que acreditam ser Ela um movimento acadêmico. Além disso, escrever sobre o
movimento colocando-o com “R” maiúsculo, com certeza, implica em reconhecê-
lo como algo que nunca mais se repetirá na história da Igreja cristã. Ao mesmo
tempo, levantar a bandeira da Reforma de que uma igreja reformada sempre
reformando é um exercício teológico e doutrinário para reconhecer-se como um
canal de Deus onde o rio vivo das águas do Espírito possa uir a cada dia.

Todos esses detalhes, coadunados com a plataforma de retorno à teologia


dos Pais da Igreja, fazem da Reforma Protestante do Século XVI tão importante
e inigualável.

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AULA 02 - A Reforma Protestante

1. Mudanças Fundamentais da Compreensão Teológica -

1.1. Uma Saudável Releitura da Eclesiologia – Mateus 16:18 e João 17


A Igreja medieval declarava que a Igreja institucionalizada era “a” Igreja
de Cristo e que estar excluído desta igreja signicava estar excluído da salvação.
Por outo lado, receber a absolvição da Igreja visível, mesmo que por meio de
penitências e indulgências, signicava seguramente receber a absolvição dos
céus.

Os reformadores Protestantes implodiram este pilar da teologia medieval


ao fazer uma denição de Igreja como sendo a Igreja militante (a Igreja que está
na terra) e a Igreja triunfante (a Igreja que está no céu). A Igreja triunfante é
perfeita, santa, sem mácula e sem ruga. A Igreja militante é composta de pessoas
pecadoras e em estado de santicação. Ao fazer esta diferenciação, os
reformadores reconheceram que as pessoas não precisavam estar todas dentro
da mesma “sombrinha” institucional para fazer parte do corpo de Cristo.

1.2. Um corajoso reconhecimento de doutrinas secundárias e doutrinas fundamentais –


Tomando por base a oração do Senhor e o Credo Apostólico, logo reconhecendo
a teologia dos pais da Igreja, os reformadores reconheceram a importância das
diversas correntes teológicas do Movimento a partir da declaração da aceitação
dos cinco fundamentos da Reforma:

- Sola Scriptura,

- Solus Christus,

- Sola gratia,

- Sola Fide,

- Soli Deo gloria,

Outras doutrinas ligadas à compreensão dos sacramentos – Batismo e


Santa Ceia- não atrapalharama comunhão desses reformadores.

1.3. Uma radical mudança de culto e liturgia


A vida litúrgica da igreja se encontrava emaranhada pelas rezas,
rosários, indulgências e penitências. A Bíblia foi traduzida para a língua do povo
e a liturgia foi radicalmente mudada. A doutrina do sacerdócio universal de todo
crente removeu os cointercessores e abriu o caminho para um acesso direto entre
o adorador e Deus.

10
Desenvolvimento

1.4. Uma mudança radical da “regra de fé”


Ao ser perguntado na Dieta de Worms, pela segunda vez, se iria se
retratar de suas posições expressas nas 95 teses, Martinho Lutero respondeu: “A
menos que eu seja convencido pelas Escrituras e pela razão pura e já que não
aceito a autoridade do papa e dos concílios, pois eles se contradizem
mutuamente, minha consciência é cativa da Palavra de Deus.

Eu não posso e não vou me retratar de nada, pois não é seguro nem certo
ir contra a consciência. Deus me ajude. Amém.” Conscientemente Lutero abriu o
caminho para os reformadores mudarem a regra de fé do cristão. A
apostolicidade da Igreja medieval dava aos líderes Católicos a infabilidade
necessária para armar que não importava o que o homem pensava e sim o que
a Igreja ensinava. A regra de fé na eclesiologia medieval estava fundamentada
nos dogmas e ensinamentos da Igreja. Para os reformadores, a consciência
transformada pela Palavra e cativa a Ela é com certeza a regra de fé.

2. Por que Aconteceu a Reforma?


Primariamente, a Reforma Protestante foi um movimento religioso,
teológico e espiritual. Foi um movimento que restaurou ao povo o seu lugar diante
de Deus. Mas a Reforma teve ingredientes políticos, sociais, educacionais e
nanceiros inquestionáveis. Ignorá-los é ignorar a história. Superestimá-los é
confundir e perder o signicado maior da ação de Deus na história. A Reforma
Protestante aconteceu na esquina da história quando três forças se encontraram:

(2.1) A força Bíblico-teológica. Os Reformadores romperam com a teologia


escolástica medieval totalmente comprometida com a losoa Aristoteliana.
Lutero chegou a armar que “Aristóteles é para a teologia o que as trevas são para
a luz.” E para a plataforma humanista de retorno aos originais (Ad fontes), a
teologia praticada pela Igreja não podia ser apenas esmaltada; ela deveria ser
implodida nos seus fundamentos, para um retorno consciente aos Pais da Igreja.

(2.2) A força política. É fato incontestável que a conversão dos Príncipes


alemães e a adesão das lideranças municipais de Zurique, Genebra etc, criaram
o ambiente necessário de força política para o trabalho dos pastores. Por
exemplo: Frederico III, também conhecido como Frederico, o Sábio, foi o
Príncipe-Eleitor da Saxônia entre 1486 e 1523. Em 1502 ele fundou a
Universidade de Wittenberg onde Lutero e Phillip Melanchthon ensinaram.
Frederico conseguiu a isenção da Saxônia do Edito de Worms e assegurou que
Lutero fosse ouvido perante a Dieta de Worms em 1521. Ele também protegeu
Lutero do Imperador e do Papa ao ordenar que o abrigassem no Castelo de
Watsburgo após a Dieta de Worms.

11
Conclusão

(3) A força popular. A população que vinha gemendo sob o cerimonialismo


medieval abraçou imediatamente a Reforma. Bernd Moeller, em seu livro A
Reforma e as Cidades Imperiais (Imperial Cities and the Reformation), arma que
depois de 1521 entre sessenta e cinco cidades alemãs que eram consideradas
sob a direta administração do Império, mais de cinquenta reconheceram
ocialmente a Reforma. As cidades suíças também seguiram este padrão:
Genebra, Zurique e Estrasburgo.

Conclusão 9:40-9:50h | 10’

A Reforma Protestante do Século XVI foi o maior movimento de Deus


sobre o Seu povo após a descida do Pentecostes registrada em Atos 2. Sua
abrangência foi mundial e seus efeitos eternizados para as gerações futuras.
Neste ano, ao comemorarmos 500 anos da Reforma, olhamos seus efeitos e nos
consideramos dignamente lhos da Reforma. Como estudamos nesta lição, a
Reforma só foi possível porque Deus moveu forças – Teológica, Pastoral, Política e
Social- para que Ela fosse levada a cabo.

A Bíblia interpreta a própria Bíblia mediante a análise da


consciência transformada pelo poder de Deus e clareza das Escrituras

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AULA 03
Sola Scriptura

Somente a Escritura
“Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a
vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida. Santifica-os
na verdade; a tua palavra é a verdade.” (João 5.24, 17.17)

Introdução 9:10-9:15h | 5’

Um dos problemas que cercam a humanidade é a inabilidade de trilhar


com base na verdade e em suas prerrogativas. Obviamente isso se dá por causa
do pecado que macula a natureza humana após a Queda, afastando o ser
humano do ideal da Criação.

Na Idade Média também havia problemas que levavam as pessoas a crer


da forma errada, ou mesmo nem crer, embora tivessem uma vida com alguns
padrões de religiosidade que parecia uma vida de fé. Uma das primeiras coisas
que os reformadores detectaram, no início do movimento que culminou na
Reforma Protestante, foi o distanciamento que o cristianismo medieval tinha com
relação à Escritura Sagrada, facultando o surgimento de elementos estranhos à fé
cristã no meio da Igreja.

Em nossos dias, no que conhecemos como a geração pós-moderna,


passamos a viver tempos em que a verdade, antes não vivida, agora ganha novas
possibilidades, ou seja, a verdade passou a ser relativa e, por conseguinte, com
várias possibilidades de “verdades”, algumas delas até antagônicas.
Comportamentos, ideias, padrões, e até a fé costumam ser duramente
inuenciados por questões dessa natureza. Assim como a verdade, crer ou não
crer passa a ser algo diferenciado em nossos dias, o que leva muitas pessoas a
estabelecer uma forma de crer personalizada e de acordo com seus desejos e
suas vontades pessoais.

Os reformadores concluíram que um dos primeiros passos para os acertos


necessários na Igreja seria o retorno à Escritura, mas não um retorno parcial ou
apenas reinterpretado: teria que ser um retorno que restaurasse à Escritura o seu
papel e sua função original, da qual jamais deveria ter sido retirada. Teria que ser
um retorno de tal forma que toda a fé se baseasse exclusivamente e somente na
Escritura. Por essa razão temos a máxima da Reforma: Sola Scriptura, uma
expressão latina que quer dizer “somente a Escritura”.

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AULA 03 - Sola Scriptura

É exatamente nesse ponto que nosso interesse vem à tona. A


plataforma da Reforma – Sola Scriptura – continua, mais do que nunca, atual
e necessária para enfrentarmos os desaos desta era. E as palavras do profeta
Oséias foram aplicadas a seu tempo, ao tempo da Reforma e ao nosso
também: “o meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento”
(Oséias 4.6).

Desenvolvimento 9:15-9:40h | 25’

Em nossos dias estamos diante de padrões diferentes daqueles da


Escritura, e a sociedade que nos cerca, que insiste em se chamar de laica, é, em
verdade, uma sociedade de oposição a praticamente tudo que a Escritura arma
como sendo verdadeiro. Como lhos de Deus e herdeiros da Reforma, armamos
que somente a Escritura nos traz a absoluta verdade de Deus e que tudo de que
precisamos para a nossa vida cristã está contido de forma expressa ou de
imediata interpretação nas páginas da Bíblia.

Como aprendemos em nossos símbolos de fé: “Todo o conselho de Deus


concernente a todas as coisas necessárias para a glória dele e para a salvação, fé
e vida do homem, ou é expressamente declarado na Escritura ou pode ser lógica e
claramente deduzido dela. À Escritura nada se acrescentará em tempo algum,
nem por novas revelações do Espírito, nem por tradições dos homens;
reconhecemos, entretanto, ser necessária a íntima iluminação do Espírito de Deus
para a salvadora compreensão das coisas reveladas na palavra, e que há
algumas circunstâncias, quanto ao culto de Deus e ao governo da Igreja, comuns
às ações e sociedades humanas, as quais têm de ser ordenadas pela luz da
natureza e pela prudência cristã, segundo as regras gerais da palavra, que
sempre devem ser observadas.” (1)

Mas como poderemos compreender e responder a todas as oposições


que nos trazem de fora do ambiente da comunidade de fé, aquelas que
minimizam ou eliminam o valor e a veracidade da Escritura? Para isso, é
necessário que compreendamos que a Escritura é a nossa maior autoridade, e
que somente as coisas ali contidas serão nosso guia seguro até o nal de nossas
vidas. É esse o contexto em que armamos que a Escritura Sagrada é a nossa
única regra de fé e prática.

Com isso queremos dizer que não há meios alternativos para chegarmos
à verdade: somente a Bíblia expressa tudo que precisamos para nossa
caminhada. É preciso entender que as normas culturais e sociais, as tradições de
conduta pública e até algumas performances de moralidade são importantes,
mas absolutamente nada se compara às Escrituras Sagradas.

14
Desenvolvimento

Devemos submeter os nossos julgamentos diante de novidades, como


questões de gênero, aborto, eutanásia, e tantas outras questões complexas
que dia a dia surgem diante de nós às Escrituras. Portanto, foi exatamente
para nos educar na verdade e nos resguardar do mundo que Deus concedeu
os ministérios docentes à Igreja, como disse Paulo à Igreja de Éfeso. (2)

Diante destas armações introdutórias, devemos estudar algumas


características que fazem a Escritura tão singular e especial:

1. A Escritura é suprema e incontestável – Salmo 119.89


A fé reformada arma que a Escritura é a regra de fé e prática porque
todos os escritos, todas as teologias, todos os Credos e Conssões estão
submissos a Ela. Numa das edições da Revista Ultimato de 2013, lemos que “O
ato de crer envolve regras; ele sempre nos coloca, por exemplo, em uma relação
de dependência emocional em relação àquilo em que cremos, de modo que,
quando as expectativas de conança são frustradas, a sensação de desamparo é
profunda.” E completa seu pensamento dizendo que (3):

As Escrituras Cristãs são a “regra de fé e prática” para os Cristãos


protestantes porque literalmente regulam o modo como a nossa
conança em Deus deve se expressar. Os cristãos entendem que a
revelação de Deus deve governar o nosso modo de nos aproximar dele
por uma razão óbvia: nossa conança em qualquer pessoa (e isso
inclui a pessoa de Deus) se fundamenta naquilo que conhecemos sobre
essa pessoa, e na palavra que ela nos dá. A conança é uma resposta
que ocorre dentro de um ato de comunicação pessoal, no qual o que
ouvimos do outro passa a representar de forma suciente tudo aquilo
que não sabemos mas não temos como vericar. A face e a voz do outro
se tornam para nós a evidência suciente do que precisamos saber. (4)

Nós, presbiterianos, damos tanto valor à supremacia das Escrituras que


nossa Constituição declara ser dever do membro da igreja “obedecer às
autoridades da Igreja enquanto estas permanecerem éis às Sagradas
Escrituras.” (5)

2. A Escritura é completa e inspirada por Deus – 2 Timóteo 3.16


Portanto, cabe-nos olhar em direção à Escritura Sagrada sob dois
aspectos imediatos: ela é a verdade expressa de Deus revelada por meio da
inspiração aos autores sagrados e somente a esse texto devemos seguir como
regra de fé e prática, como lemos que sob “o nome de Escritura Sagrada, ou
Palavra de Deus escrita, incluem-se agora todos os livros do Velho e do Novo

15
Desenvolvimento | Conclusão

Testamento, que são os seguintes, todos dados por inspiração de Deus


para serem a regra de fé e de prática” (6), ao que segue a relação dos 66
livros canônicos do Antigo e do Novo Testamento conforme reconhecidos pela
tradição reformada e evangélica. Veja a lista dos livros canônicos ao nal
deste estudo.

3. A Escritura é clara e inerrante – 2 Pedro 1.21


O princípio fundamental é que “a Bíblia interpreta a própria Bíblia” e que
“um texto obscuro é compreendido à luz de outros textos claros.” Partindo deste
princípio vamos encontrar os Antigo e Novo Testamentos interpretando-se
mutuamente.

Vejamos alguns textos que se esclarecem entre si:


A semente da mulher e a semente da serpente - Gênesis 3:15 / Romanos 16:20
A concepção virginal de Maria – Isaias 7:14 e Mateus 1:22
Adão e Cristo – Gênesis 2:7 e 1Coríntios 15:45

4. A Escritura é poderosa para transformar vidas – Romanos 10.14-15


A conversão, ou novo nascimento, é uma experiência espiritual
promovida pelo Espírito Santo através da Palavra de Deus. Em Lucas 24:45 e Atos
16:14 encontramos a verdade do Senhor em abrir o entendimento da pessoa
para compreender a Palavra de Deus. Não há conversão sem uma experiência
com a Palavra de Deus. Ela é mais cortante do que qualquer espada de dois
gumes e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração. (Hebreus
4:12).

Estas maravilhosas características das Sagradas Escrituras são ainda


mais detalhadas por Wayne Grudem (7). Devemos ainda fazer duas armações
conclusivas sobre estas características: A primeira é que elas se referem à forma
escrita da Palavra de Deus, pois somente assim estaremos prevenidos de desvios
feitos por palavras trazidas a nós em nome de Deus. A Escritura em sua forma
escrita é a nossa autoridade nal em todos os assuntos. Em segundo lugar, após o
fechamento do cânon encerrou-se a inspiração dos escritores Bíblicos. A partir
dali começou a iluminação do Espírito sobre os seus leitores. Ou seja, sob a
inspiração os autores escreveram de forma inerrante, mas sob a iluminação, nós,
os leitores, somos passíveis de erro.

Conclusão 9:40-9:50h | 10’

Cristãos de todos os tempos têm lutado contra as ameaças e ataques à fé


genuinamente cristã. Ao longo dos tempos, no entanto, Deus tem levantado seus
lhos eis para nos educarem e guiarem no caminho da Escritura Sagrada. Mais

16
Conclusão

cuidados que a igreja da atualidade precisa ter, além de nos alertar e


endereçar novamente para o caminho da Bíblia. Nesses documentos, Deus
usou particularmente os pastores James Montgomery Boice e Michael Horton,
ambos ministros reformados, a m de deixarem o alerta à posteridade.

Não podemos descuidar de nossa fé. A maior preciosidade que temos em


nossa peregrinação é o conjunto de convicções que a Escritura nos deixa como
legado, o que deve ser preservado com todo vigor, sabendo que o Senhor mesmo
nos dá as condições necessárias para a observação de sua lei, aquilo que está nas
páginas da Escritura. Por isso, deixemos em nosso coração as palavras do
salmista: “Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo o dia! Os teus
mandamentos me fazem mais sábio que os meus inimigos; porque, aqueles, eu
os tenho sempre comigo. Compreendo mais do que todos os meus mestres,
porque medito nos teus testemunhos. Sou mais prudente que os idosos, porque
guardo os teus preceitos.” (Salmo 119:97-100)

Excerto da Declaração de Cambridge sobre o Sola Scriptura (8)

SOLA SCRIPTURA: A Erosão da Autoridade


Só a Escritura é a regra inerrante da vida da igreja, mas a igreja
evangélica atual fez separação entre a Escritura e sua função ocial. Na prática, a
igreja é guiada, por vezes demais, pela cultura. Técnicas terapêuticas, estratégias
de marketing, e o ritmo do mundo de entretenimento muitas vezes têm mais voz
naquilo que a igreja quer, em como funciona, e no que oferece, do que a Palavra
de Deus. Os pastores negligenciam a supervisão do culto, que lhes compete,
inclusive o conteúdo doutrinário da música. À medida que a autoridade bíblica foi
abandonada na prática, que suas verdades se enfraqueceram na consciência
cristã, e que suas doutrinas perderam sua proeminência, a igreja foi cada vez
mais esvaziada de sua integridade, autoridade moral e discernimento.

Em lugar de adaptar a fé cristã para satisfazer às necessidades sentidas


dos consumidores, devemos proclamar a Lei como medida única da justiça
verdadeira, e o evangelho como a única proclamação da verdade salvadora. A
verdade bíblica é indispensável para a compreensão, o desvelo e a disciplina da
igreja.

A Escritura deve nos levar além de nossas necessidades percebidas para


nossas necessidades reais, e libertar-nos do hábito de nos enxergar por meio das
imagens sedutoras, clichês, promessas e prioridades da cultura massicada. É só
à luz da verdade de Deus que nós nos entendemos corretamente e abrimos os
olhos para a provisão de Deus para a nossa sociedade. A Bíblia, portanto, precisa
ser ensinada e pregada na igreja. Os sermões precisam ser exposições da Bíblia e

17
Conclusão

de seus ensino, não a expressão de opinião ou de idéias da época. Não


devemos aceitar menos do que aquilo que Deus nos tem dado.

A obra do Espírito Santo na experiência pessoal não pode ser


desvinculada da Escritura. O Espírito não fala em formas que independem da
Escritura. À parte da Escritura nunca teríamos conhecido a graça de Deus em
Cristo. A Palavra bíblica, e não a experiência espiritual, é o teste da verdade.

Tese 1: Sola Scriptura


Rearmamos a Escritura inerrante como fonte única de revelação
divina escrita, única para constranger a consciência. A Bíblia sozinha
ensina tudo o que é necessário para nossa salvação do pecado, e é o
padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser avaliado.

Negamos que qualquer credo, concílio ou indivíduo possa constranger


a consciência de um crente, que o Espírito Santo fale
independentemente de, ou contrariando, o que está exposto na Bíblia,
ou que a experiência pessoal possa ser veículo de revelação.

Anexo: Relação de livros canônicos da Bíblia (9)


“Sob o nome de Escritura Sagrada, ou Palavra de Deus escrita, incluem-
se agora todos os livros do Velho e do Novo Testamento, que são os seguintes,
todos dados por inspiração de Deus para serem a regra de fé e de prática:”
O VELHO TESTAMENTO
Gênesis Eclesiastes
Êxodo Cântico dos Cânticos
Levítico Isaías
Números Jeremias
Deuteronômio Lamentações de Jeremias
Josué Ezequiel
Juízes Daniel
Rute Oseias
I Samuel Joel
II Samuel Amós
I Reis Obadias
II Reis Jonas
I Crônicas Miqueias
II Crônicas Naum
Esdras Habacuque
Neemias Sofonias
Ester Ageu
Jó Zacarias
Salmos Malaquias
Provérbios

18
Conclusão | Notas

O NOVO TESTAMENTO
Mateus I Timóteo
Marcos II Timóteo
Lucas Tito
João Filemon
Atos Hebreus
Romanos Tiago
I Coríntios I Pedro
II Coríntios II Pedro
Gálatas I João
Efésios II João
Filipenses III João
Colossenses Judas
I Tessalonicenses Apocalipse
II Tessalonicenses

Notas

1. Conssão de Fé de Westminster, I, VI.


2. E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e
outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu
serviço, para a edicação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno
conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo,
para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo
vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro. Ef 4.11-14
3. Disponível em http://ultimato.com.br/sites/guilhermedecarvalho/2013/03/20/a-regra-
da-fe
4. Idem
5. Constituição da Igreja Presbiteriana do Brasil, Art. 14, alínea “d”
6. Ibidem, I,II
7. GRUDEM, W. A. Teologia Sistemática. pp. 21-94.
8. http://www.monergismo.com/textos/credos/declaracao_cambridge.htm e
http://www.alliancenet.org/cambridge-declaration.
9. Conssão de Fé de Westminster, I, II

19
AULA 04
Solus Christus
Somente por Cristo

“Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes
últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o
universo. Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela
palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da
Majestade, nas alturas.” (Hebreus 1:1-3

“Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo;
logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela
fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim.” (Gálatas)

“Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso
Senhor Jesus Cristo.” (Romanos 5.1)

“Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem


ao Pai senão por mim.” (João 14.6)

Introdução 9:10-9:15h | 5’

Em 7 de dezembro de 2016 foi noticiado no National Post que uma


professora de escola particular de classe média alta em British Columbia,
Canadá, foi sumariamente demitida porque, ao dar aula de ética e moral, citou o
caso do aborto e disse que, mesmo sendo legal, ela pessoalmente discordava das
leis pró-aborto do Canadá. Os próprios alunos a denunciaram à direção. (1)

Esta reportagem nos mostra que nossos dias são tomados por uma forte
sensação de independência, fruto de uma construção amplamente divulgada.
Somos levados a crer numa sociedade em que todos parecem livres e capazes de
fazer o que quiserem de suas vidas, a ponto de termos ao nosso redor as mais
absurdas disparidades sob a tutela do “politicamente correto”. Bom senso,
família, respeito aos limites de terceiros, integralização de conceitos: tudo isso
entra numa listagem de elementos restritos ou proibidos. Quanto à questão
religiosa, o mesmo se dá: para que todas as respostas sejam politicamente
corretas, é preciso que não haja religião ou algum tipo de deus que se entenda
por exclusivo. Isso se direciona claramente contra o Deus cristão.

20
AULA 04 - Solus Christus

A história do povo de Deus ao longo do Antigo Testamento nos mostra


uma triste realidade, em que o povo de Deus mui frequentemente fazia como os
povos pagãos e adorava ao Deus de Israel juntamente com outras coisas e
deuses, o que obviamente era condenado pelo Senhor.

Ao longo da história da Igreja Cristã, infelizmente, isso também ocorre.


Por muitas vezes e de diversas maneiras Jesus Cristo tem sido adorado
juntamente com outras divindades e ídolos, o que, a exemplo do Antigo
Testamento, é condenado pela Palavra de Deus.

No tempo em que se deu a Reforma Protestante, esse tipo de prática tinha


se instalado quase que permanentemente na Igreja da época, o que se vê até
hoje. Práticas sutis, como forte dedicação às boas práticas, ou mesmo práticas
mais abertas, como estabelecer culto paralelo a anjos e personagens bíblicos,
além de personagens do passado da própria Igreja, podem se constituir em
formas veladas de colocar outros deuses e ídolos ao lado de Jesus Cristo. Diante
disto, os Reformadores Protestantes se levantaram para resgatar o papel de Cristo
na salvação dos eleitos e a consciência de que somente através de Cristo (Solus
Christus) é possível termos paz com Deus, sem que nada mais possa colaborar
com esse ato regenerador, passa a aliviar as almas que viviam sob forte jugo de
uma escravidão religiosa sem paralelo com a verdadeira revelação da Escritura.

Desenvolvimento 9:15-9:40h | 25’

Um dos ideais básicos da Reforma foi recuperar a centralidade da obra


de Cristo na vida da Igreja e em tudo aquilo que fazemos. Vida, testemunho, culto
público e privado, trabalho, estudo: tudo deve ter Cristo como centro e tudo
precisa dar glória ao Senhor Jesus. Além disso, há a recuperação da ideia central
da salvação feita exclusivamente pelo ato vicário de Cristo na cruz sem que nada,
além disso, seja acrescentado como coadjuvante ao processo de redenção.

A Confissão de Fé de Westminster afirma:


“Aprouve a Deus em seu eterno propósito, escolher e ordenar o Senhor
Jesus, seu Filho Unigênito, para ser o Mediador entre Deus e o homem,
o Profeta, Sacerdote e Rei, o Cabeça e Salvador de sua Igreja, o
Herdeiro de todas as coisas e o Juiz do Mundo; e deu-lhe desde toda a
eternidade um povo para ser sua semente e para, no tempo devido, ser
por ele remido, chamado, justicado, santicado e gloricado.” (2)

21
Desenvolvimento

Essa conrmação de nosso símbolo de fé demonstra claramente a


centralidade da pessoa de Cristo e o seu preponderante papel na redenção do
povo escolhido por Deus desde “antes da fundação do mundo” (3), pelo que
somos dependentes exclusivamente de sua obra de salvação. Na sequência, a
mesma Conssão encerra o capítulo dizendo:

“Cristo, com toda a certeza e ecazmente aplica e comunica a salvação


a todos aqueles para os quais ele a adquiriu. Isto ele consegue, fazendo
intercessão por eles e revelando-lhes na palavra e pela palavra os
mistérios da salvação, persuadindo-os ecazmente pelo seu Espírito a
crer e a obedecer, dirigindo os corações deles pela sua palavra e pelo
seu onipotente poder e sabedoria, da maneira e pelos meios mais
conformes com a sua admirável e inescrutável dispensação.” (4)

Com o passar dos tempos, e lá se vão 500 anos desde a Reforma, temos
uma pergunta que não quer calar diante das intensas mudanças de nossa
sociedade com tantos e visíveis reexos na igreja: se somente Cristo pode nos
salvar, qual é o Cristo que temos pregado? O Cristo revelado nas Escrituras é
Deus, Verbo eterno, Logos encarnado, totalmente Deus e totalmente homem,
Senhor absoluto de todo o universo, único salvador possível, cujo amor e
longanimidade são perfeitos, e cuja justiça e ira contra o pecado são terríveis.
Nossa resposta precisa ser alinhada com a Escritura Sagrada, uma vez que ela é a
nossa única regra de fé e prática.

Ora, a centralidade de Cristo e seu papel único e exclusivo estão na base,


na raiz do pensamento protestante. Uma vez que nos lançamos de volta à
Escritura (Sola Scriptura), ali encontramos a razão de nossa base de fé, sem que
nenhum magistério eclesiástico possa dispor de interpretação particular (cf. 2
Pedro 1.20). (5)

Pontuemos algumas marcas inefáveis sobre a pessoa e obra de Cristo:

1. Jesus Cristo é Deus encarnado – João 1.14; Isaías 7.14; Mateus 1.23
Ele não veio à terra como um anjo, diretamente dos céus. Ele também
não é um espírito, como os agnósticos armavam. Jesus Cristo, o lho de Deus,
aquele que estava com Deus como o Verbo eterno (João 1.1-5), esvaziou-se, foi
gerado no útero de Maria por obra do Espírito Santo.

2. Jesus Cristo é o segundo Adão, espírito vivificante – 1Coríntios 16.45


Somente se encarnando e se tornando homem Jesus pôde experimentar
todas as dores humanas, com exceção do pecado (1Pedro 2.21-23) e ser real
representante do homem.

22
Desenvolvimento

3. Jesus Cristo é o perfeito homem e o perfeito Deus.


Convém ressaltar que Jesus não é metade Deus nem metade homem. Ele
é o perfeito homem Jesus Cristo (1Timóteo 2.5) e o perfeito Deus, em toda a
plenitude “porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade”
(Colossenses 2.9).

4. Jesus Cristo é o único Salvador – João 14.6, 1Timóteo 2.5


Além dos textos supracitados, citamos ainda Atos 4.12 que faz toda a
diferença para a retomada desse conceito em referência a supremacia de Cristo:
“E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum
outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos.” (6)

5. Jesus Cristo exerce os ofícios perfeitos de Profeta, Sacerdote e Rei


Os ofícios exercidos completa e perfeitamente por Cristo, de Rei, Profeta e
Sacerdote, foram um duro golpe na hegemonia do Papa, que teve sua autoridade
absolutista minada nos lugares em que a Reforma se estabelecia. Isso fez também
com que se abrisse o caminho para a conrmação de que todos os crentes são
responsáveis por ministrar uns aos outros, o que passou a ser conhecido como
Sacerdócio Universal do Crente. Na prática, essas duas revisões deram origem a
sociedades livres do jugo do absolutismo de governo quer tivesse ele aspectos
civis ou religiosos, além de contribuir abertamente para o desaparecimento do
peso que havia pela separação de uma classe sacerdotal em oposição aos
“leigos” da Igreja. Adquirir bênçãos a partir de orações e unções especiais pelo
clero, receber ordens temporais e até familiares da Igreja, ter nos governos civis
ou religiosos uma espécie de “deus intocável”, ter uma religiosidade mística:
nada disso faz sentido numa comunidade de fé cristã autêntica. Infelizmente, em
muitas igrejas ditas evangélicas de nossos dias, por causa da enorme inuência
que o mundo externo exerce sobre a Igreja, muitos têm retornado a práticas
condenadas pela Reforma e voltam a colocar jugos pesados com respeito a
nanças (o crente se vê forçado a contribuir para alcançar o favor de Deus), culto
a personalidades (líderes que se projetam de tal forma e com tamanha inuência
que ele, e não Deus, passa a ser o centro daquela comunidade), misticismo e
sincretismo (unção de objetos, casas, animais e comércios; importação de
elementos de outras religiões, como água abençoada, ores ungidas, etc.), além
de muitas outras práticas que afastam essas comunidades da centralidade de
Cristo.

Assim, os reformadores nos deixaram um legado de recuperação da


verdade bíblica que tinha sido obscurecida pelas tradições de uma religiosidade
que, ao longo de séculos, foi se distanciando daquilo que os apóstolos tinham
ensinado à Igreja em seu início.A Bíblia e, consequentemente, a tradição
reformada nos ensina que não há meio alternativo de chegar a Deus e à

23
Conclusão

transformação de vidas a não ser Jesus Cristo. A impossibilidade de salvação fora


de Cristo é expressa de forma muito clara em várias passagens bíblicas, como
Mateus 10.32-33 (7), Marcos 16.15-16 (8), João 3.35-36 (9), João 14.6 (10), Atos
4.11-12 (11).Qualquer outro meio pelo qual se queira chegar a Deus e à salvação
que não seja Cristo é meio pecaminoso e odioso a Deus, uma vez que isso
representaria uma rejeição ao que Cristo fez em favor exclusivamente dos que
seriam salvos.

Conclusão 9:40-9:50h | 10’


O povo de Deus é composto por gente única, lavada e remida no sangue
de Cristo Jesus. A Igreja segue exclusivamente Jesus Cristo, centro de sua fé, cujo
nome carrega ao ser chamado de “cristão”.
Assim como aquela professora canadense foi inquirida e punida por
manter sua opinião particular a respeito de algo como o aborto, estejamos certos
que o mundo ao nosso redor vê com olhos de espanto pessoas em pleno século XXI
declararem sua opinião particular em favor de Cristo. Mais ainda se essa opinião
for exclusiva, ou seja, não é Cristo mais alguma coisa, mas é somente Cristo!

O mundo e a sociedade de hoje querem ser inclusivos, desde que seja


para temas de interesse, e entendem que tudo o que for diferente daquilo que eles
ditam deve ser rejeitado e tachado de fundamentalista, radical e coisas dessa
natureza.

A Palavra de Deus que nos ensina que somente podemos chegar a Deus
através de Cristo, também nos ensina a termos opinião certa e rme: quando
Tiago fala sobre a manutenção da palavra do crente, ele diz que não precisa jurar
por nada, nem mesmo por coisas celestiais, a m de que creiam em nós. Antes,
devemos nos conscientizar a dizer a verdade e a manter nossa palavra (cf. Tiago
5.12) (12). Ao mesmo tempo, entendemos que Cristo é o centro de nossa fé e
existência. Somente por Cristo. Somente Cristo. A ele toda honra e glória!

Excerto da Declaração de Cambridge sobre o Solus Christus (13)


SOLUS CHRISTUS: A Erosão da Fé Centrada em Cristo
À medida que a fé evangélica se secularizou, seus interesses se
confundiram com os da cultura. O resultado é uma perda de valores absolutos,
um individualismo permissivo, a substituição da santidade pela integridade, do
arrependimento pela recuperação, da verdade pela intuição, da fé pelo
sentimento, da providência pelo acaso e da esperança duradoura pela
graticação imediata. Cristo e sua cruz se deslocaram do centro de nossa visão.

24
Conclusão | Notas

Tese 2: Solus Christus


Rearmamos que nossa salvação é realizada unicamente pela obra
mediatória do Cristo histórico. Sua vida sem pecado e sua expiação por
si só são sucientes para nossa justicação e reconciliação com o Pai.

Negamos que o evangelho esteja sendo pregado se a obra substitutiva


de Cristo não estiver sendo declarada e a fé em Cristo e sua obra não
estiver sendo invocada.

Notas

1. http://news.nationalpost.com/full-comment/christie-blatchford-b-c-teacher-red-for-
having-the-wrong-opinion
2. Conssão de Fé de Westminster, VIII,I
3. “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de
bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, assim como nos escolheu nele antes da fundação do
mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele” (Efésios 1.3-4a).
4. Conssão de Fé de Westminster, VIII,VIII.
5. “Sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profecia da Escritura provém de particular
elucidação”.
6. Atos 4.12
7. Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante
de meu Pai, que está nos céus; mas aquele que me negar diante dos homens, também eu o negarei
diante de meu Pai, que está nos céus.
8. E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for
batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado.
9. O Pai ama ao Filho, e todas as coisas tem conado às suas mãos. Por isso, quem crê no Filho
tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele
permanece a ira de Deus.
10. Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão
por mim.
11. Este Jesus é pedra rejeitada por vós, os construtores, a qual se tornou a pedra angular. E não
há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os
homens, pelo qual importa que sejamos salvos.
12. Acima de tudo, porém, meus irmãos, não jureis nem pelo céu, nem pela terra, nem por
qualquer outro voto; antes, seja o vosso sim sim, e o vosso não não, para não cairdes em juízo.
13. http://www.monergismo.com/textos/credos/declaracao_cambridge. htm |
http://www.alliancenet.org/cambridge-declaration.

25
AULA 05
Sola Gratia

Somente a Graça
“Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós
mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos, e, juntamente
com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; para mostrar, nos séculos
vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus. Porque pela graça
sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se
glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão
preparou para que andássemos nelas.” (Efésios 2.4-10)

Introdução 9:10-9:15h | 5’

A Revista Progress Magazine, em sua edição de dezembro de 1992, conta


que o evangelista Billy Graham certa vez cruzou dirigindo uma pequena vila ao
sul do país, quando foi parado por um policial por excesso de velocidade. Foi
conduzido até a presença de um juiz, que lhe perguntou se ele se declarava
culpado ou não pela infração. Graham respondeu que sim, era culpado, e ouviu
a sentença: U$10, sendo U$1 para cada milha acima do limite permitido. Foi
quando o juiz reconheceu o famoso pregador e lhe disse que a multa estava de
pé, mas que ele próprio, o juiz, a pagaria. O magistrado pegou a carteira, tirou
uma nota de U$10 e a anexou ao boleto de pagamento. Em seguida, convidou
Billy Graham para almoçar com ele. Depois de tudo, o pregador disse “é assim
que Deus trata pecadores arrependidos”. É assim que opera a graça de Deus:
somos culpados, o juiz declara a penalidade, mas ele resolve pagar a dívida por
nós.

Aí está uma das grandes diculdades que o homem tem: exatamente a de


aceitar que alguém pode fazer algo de muito bom sem interesses secundários.
Fazer o bem simplesmente por fazer o bem. Todos camos naturalmente
desconados quando vemos “bondade demais”, e lá no fundo achamos que há
alguma coisa por detrás de demonstrações de boas ações sem aparente
interesse. Isso se espelha em Deus: quando começamos a entender que a
salvação é algo efetuado pela graça – e somente por ela – isso nos causa um
espanto e uma incredulidade natural e, não fosse a iluminação do Espírito Santo,
ninguém conseguiria acreditar na salvação como é proposta na Escritura.

26
AULA 05 - Sola Gratia

Desenvolvimento 9:15-9:40h | 25’

Todas as expressões de fé pensam na salvação de algum modo. Sempre


se pensa no que vem depois da morte, o que faz com que as pessoas tenham se
voltado geração após geração a buscar as respostas transcendentes para a vida e
a morte. Nesse ponto entra a questão do porvir, o que se relaciona diretamente
com a salvação em algum grau e forma.

As religiões pensam nisso por dois caminhos: a pessoa pode ser salva por
seus próprios méritos ou pela graça. Isso quer dizer que os méritos para a
salvação ou são pessoais ou de Deus. O cristianismo entende que a salvação
depende exclusivamente de Deus.

Os cristãos reformados, como nós, presbiterianos, creem que a salvação é


algo tão exclusivo de Deus que ele nos salva pelos atos dele, sem a nossa ajuda, o
que chamamos de monergismo. Há irmãos que creem numa parcela de ajuda do
ser humano, embora a salvação seja sempre efetuada por Deus, ao que chamamos
de sinergismo. Mas o que está na base de todo o pensamento cristão, seja
monergista ou sinergista, é que a salvação ocorre por graça, ou seja, é algo que não
fazia parte dos merecimentos humanos e que Deus o faz porque quer fazê-lo,
dando-nos gratuitamente o dom que conduz à redenção e isso tem uma razão: para
que a glória permaneça para Deus e não a ponhamos sobre nós (cf. Efésios 2.8).

Vejamos algumas declarações preponderantes:

1. A salvação é pela graça somente e não por obras – Efésios 2.8-9 e Romanos 11.6
A causa eciente pela qual somos salvos é unicamente a graça de Deus, o
que tira a possibilidade de salvação por outros meios ou outras divindades.
Menos ainda as obras que possamos produzir, por boas e lícitas que sejam. Em
outras palavras, entendemos pela Escritura que as obras que agradam a Deus
são a consequência de sermos salvos e transformados, de tal sorte que as nossas
ações e atitudes gloriquem a Deus.

Aqueles que creem que as obras podem salvar ou mesmo colaborar com
a salvação estão, em alguma medida, mesmo que sem querer, considerando
comprar o favor de Deus.

2. A própria eleição é pela graça – Romanos 11.5


De fato, a graça perpassa todo o processo de nossa salvação. Vejamos
que a própria eleição é pela graça. Apocalipse 13.8 (1) arma que o Cordeiro foi
morto antes da fundação do mundo, demonstrando assim a completa soberania
e poder gracioso de Deus no processo da salvação do homem.

27
Desenvolvimento

O que está confirmado pela Confissão de Fé de Westminster:


Segundo o seu eterno e imutável propósito e segundo o santo conselho
e beneplácito da sua vontade, Deus antes que fosse o mundo criado,
escolheu em Cristo para a glória eterna os homens que são
predestinados para a vida; para o louvor da sua gloriosa graça, ele os
escolheu de sua mera e livre graça e amor, e não por previsão de fé, ou
de boas obras e perseverança nelas, ou de qualquer outra coisa na
criatura que a isso o movesse, como condição ou causa. (2)

3. No processo da salvação, a justificação e o perdão dos pecados são frutos da graça de Deus –
Romanos 3.24 e Efésios 1.7
É nessa graça maravilhosa que estamos rmes até o nal (cf. Romanos
5.2) (3). A Conssão de Fé de Westminster continua nos dizendo muito:

Todos aqueles que Deus predestinou para a vida, e só esses, é ele servido,
no tempo por ele determinado e aceito, chamar ecazmente pela sua
palavra e pelo seu Espírito, tirando-os por Jesus Cristo daquele estado de
pecado e morte em que estão por natureza, e transpondo-os para a graça
e salvação. Isto ele o faz, iluminando os seus entendimentos
espiritualmente a m de compreenderem as coisas de Deus para a
salvação, tirando-lhes os seus corações de pedra e dando lhes corações de
carne, renovando as suas vontades e determinando-as pela sua
onipotência para aquilo que é bom e atraindo-os ecazmente a Jesus
Cristo, mas de maneira que eles vêm mui livremente, sendo para isso
dispostos pela sua graça. (4)

4. A perseverança e santificação são possíveis pela graça de Deus – Filipenses 2.3


Por causa dela somos conduzidos a perseverar até aquele dia em que
estaremos diante do Senhor para todo o sempre. Para tal, a nossa caminhada
deve ser uma jornada de crescimento. É verdade que esta perseverança e
santicação precisam ser desenvolvidas pelo cristão. Paulo arma: “Desenvolvei
a vossa salvação com temor e tremor.” (5) Mas é igualmente verdade o fato de que
só podemos fazer isso envoltos na graça de Deus, como Pedro nos diz: “crescei na
graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”e é por causa
dessa mesma graça que seremos conduzidos em segurança até a revelação
plena de nossa salvação. (7) Aqui também temos a conrmação da Conssão de
Fé de Westminster:

Os que Deus aceitou em seu Bem-amado, os que ele chamou


ecazmente e santicou pelo seu Espírito, não podem decair do estado
da graça, nem total, nem nalmente; mas, com toda a certeza hão de
perseverar nesse estado até o m e serão eternamente salvos. (8)

28
Conclusão

Ora, pela graça Deus nos elegeu, chamou, salvou, nos faz perseverar
e nos fará chegar até ao nal de nossa caminhada, preservados no Senhor
para honra e glória de seu próprio nome.

Conclusão 9:40-9:50h | 10’

O que diremos então? Podemos fazer alguma coisa de nós mesmos que
nos permita ser salvos? Não! E o perseverar, santicar, crescer e chegar à glória
eterna? Única e tão somente na dependência do Senhor. Tudo está pautado na
graça imerecida, naquele favor que vem de Deus e nos abraça a ponto de sermos
cheios da certeza plena de nossa pequenez por um lado e, por outro, da
imensidão do Deus todo-poderoso que nos escolheu e nos salvou. Sola Gratia é
uma das mais preciosas doutrinas da fé cristã na forma como os cristãos
reformados a entendem. A graça de Deus como único elemento que nos conduz a
Cristo e nos abre os olhos para que vejamos a luz sem que nada possamos fazer
está na base do amor de Deus pelos eleitos, e isso nos comove o coração. Na
leitura da Escritura, mesmo que sejamos novos na fé, perceberemos todo o tempo
a graça de Deus trabalhando em favor de seus lhos, mostrando-nos claramente
qual é o lugar que a graça ocupa em nossa jornada espiritual.

Há um cântico que já foi muito cantado nas igrejas. Podemos recuperá-


lo, pois sua letra nos anima a lembrar sempre de nossa circunstância, bem como
daquilo que a graça operou em nosso favor.

Quando terminar esta vida e lá no céu eu chegar,


Haverá uma multidão de irmãos
Esperando pra me abraçar, e perguntarão a uma voz,
Voltados para mim: Oh! conta-nos como você, irmão,
Venceu e chegou aqui!

E falarei, e contarei de Jesus que me salvou,


Que por este pecador a si mesmo se entregou.
Foi graça, graça, superabundante graça.
Graça, graça, preciosa e doce graça.

Foi graça, irmão; graça, irmão


Eu vos digo que foi assim;
Foi só pela graça de Jesus
Que eu venci e cheguei aqui.

29
Conclusão | Notas

Excerto da Declaração de Cambridge sobre o Sola Gratia


SOLA GRATIA: A Erosão do Evangelho
A Conança desmerecida na capacidade humana é um produto da
natureza humana decaída. Esta falsa conança enche hoje o mundo evangélico –
desde o evangelho da auto-estima até o evangelho da saúde e da prosperidade,
desde aqueles que já transformaram o evangelho num produto vendável e os
pecadores em consumidores e aqueles que tratam a fé cristã como verdadeira
simplesmente porque funciona. Isso faz calar a doutrina da justicação, a
despeito dos compromissos ociais de nossas igrejas.

A graça de Deus em Cristo não só é necessária como é a única causa


ecaz da salvação. Confessamos que os seres humanos nascem espiritualmente
mortos e nem mesmo são capazes de cooperar com a graça regeneradora.

Tese 3: Sola Gratia


Rearmamos que na salvação somos resgatados da ira de Deus
unicamente pela sua graça. A obra sobrenatural do Espírito Santo é que
nos leva a Cristo, soltando-nos de nossa servidão ao pecado e erguendo-
nos da morte espiritual à vida espiritual.

Negamos que a salvação seja em qualquer sentido obra humana. Os


métodos, técnicas ou estratégias humanas por si só não podem realizar
essa transformação. A fé não é produzida pela nossa natureza não-
regenerada.

Notas

1. E adorá-la-ão todos os que habitam sobre a terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no
Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.
2. Conssão de Fé de Westminster, III,V
3. Por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos
rmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus.
4. Conssão de Fé de Westminster, X,I
5. Filipenses 2:3
6. 2 Pedro 3.18, trecho
7. Por isso, cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça
que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo. 1 Pedro 1.13.
8. Conssão de Fé de Westminster, XVII,I
9. http://www.monergismo.com/textos/credos/declaracao_cambridge.htm
http://www.alliancenet.org/cambridge-declaration.

30
AULA 06
Sola Fide

Somente pela Fé
“Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a
vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida. Santifica-os na verdade; a tua
palavra é a verdade. Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito:
O justo viverá por fé.” (João 5.24, 17.17; Romanos 1.17)

Introdução 9:10-9:15h | 5’

“Tão logo a moeda no cofre tilinte, a alma sai do Purgatório.” Esta frase
curta e direta era a propagada ocial de Johann Tetzel (1465-1519), um frade
dominicano e pregador que tinha sido autorizado a conseguir dinheiro para
construir uma nova basílica em Roma. Ele cou conhecido como o grande
pregador de indulgências; em troca de dinheiro oferecia o perdão do pecado.

Muito daquilo que estimulou Lutero ao redigir as 95 teses tem a ver com
as ações de Tetzel. Na de número 27, Lutero o combate frontalmente ao dizer:
“Pregam doutrina mundana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada
na caixa, a alma sairá voando [do purgatório para o céu]”. A de número 28, por
exemplo, dá a resposta e diz: “Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, pode
aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apenas da
vontade de Deus.” Até o momento estudamos sobre três bases da Reforma: Sola
Scriptura, Solus Christus e Sola Gratia. Nesta lição estudaremos o quarto
fundamento, Sola Fide.

A teologia medieval e, por conseguinte a igreja institucional do século


XVI, pregava que juntamente com a fé o homem deveria apresentar as obras para
a salvação. Ora, os reformadores foram pessoas comuns, pecadores
regenerados que Deus usou na história com o propósito de depurar a igreja que
estava adoecida. E eles podem nos inspirar, pois, vivendo sob risco de morte, não
abriram mão de manter rme seu testemunho. Eles resgataram o fundamento
básico Bíblico e da teologia dos Pais da Igreja de que a única coisa necessária
para a salvação é a fé.

Desenvolvimento 9:15-9:40h | 25’

Eram tempos difíceis para a vida cristã comum. Os eis eram enredados
em um sem-m de elementos que os tornavam prisioneiros de um sistema que
guardava certa distância daquilo que a Escritura nos mostra como sendo a sã

31
AULA 06 - Sola Fide

doutrina e a vida em comunhão na igreja. Mencionando Louis Berkhof,


ele entende que duas coisas foram as de maior inuência para o início da
obra de reforma encabeçada por Martinho Lutero: tanto o sistema de
penitências quanto o forte tráco de indulgências teriam causado tamanha
repulsa no reformador que ele deagrou a sua caminhada em direção à
Reforma. (1)

Desde muito cedo, ainda em 1513, Lutero teve contato com o texto de
Paulo aos Romanos, e as convicções do então religioso católico estavam
balançadas. Nesse período, registra-se que Lutero tenha passado por tempos de
agitação e tenha nutrido verdadeiro asco pelos poderes eclesiásticos que ele
passou a conhecer mais de perto, particularmente quando viu o comércio da
salvação e a exploração de gente muito pobre com ns a enriquecer cada vez
mais o sistema clerical e a executar seus projetos grandiosos, dentre os quais a
Basílica de São Pedro, no Vaticano. A essa altura, mesmo inconformado com as
questões ao seu redor, Lutero podia pregar livremente, e a pregação pautada nas
Escrituras começou a atrair multidões para ouvi-lo na Capela de Wittenberg. Em
1517, a pregação bíblica de Lutero já ecoava em muitos corações que passaram
a entender mais da verdade bíblica e ansiar por mudanças profundas.

Berkhof registra a respeito do apego de Lutero ao texto de Romanos 1.17:


Mesmo profundamente imerso em obras penitenciais quando com
base em Romanos 1.17, raiou-lhe verdade que o homem é justicado
exclusivamente pela fé, e ele pôde entender que o arrependimento,
exigido em Mateus 4.17, nada tem em comum com as obras de
preparação postuladas pelo romanismo; antes, o arrependimento
consiste de real contrição íntima do coração, como o fruto da graça de
Deus com exclusividade. (2)

Os textos acima são muito emblemáticos e nos dizem “visto que a justiça
de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por
fé.” (Romanos 1.17) e “Daí por diante, passou Jesus a pregar e a dizer:
Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus.” (Mateus 4.17). Joel Beeke
arma que a “frase ‘justicação pela fé somente’ foi a chave que abriu a Bíblia
para Lutero. Ele veio a entender cada uma dessas quatro palavras em relação às
outras à luz da Escritura e do Espírito”. Assim, temos o início do processo pelo qual
várias algemas começavam a ser abertas e os crentes podiam experimentar uma
vida cristã verdadeiramente livre de elementos de religiosidade que nada mais
tinham a ver com a expressão da Escritura.

Como diz Timothy George, a justicação somente pela fé em Cristo foi


um divisor de águas entre Igreja a Católica Romana e a Igreja Protestante que se

32
Desenvolvimento

justicação pela fé somente. Para Lutero, essa não era apenas mais uma
doutrina entre tantas outras, mas o “resumo da toda doutrina cristã”, o artigo
pelo qual a igreja se mantém de pé ou cai. (3) Começa a trajetória da Reforma
como a conhecemos, sabendo que antes de Lutero vieram outros heróis da fé
que deram a vida pela liberdade de louvar a Deus com inteireza de alma sem
a prisão da religiosidade papal da Idade Média. Lutero, no entanto,
permanece como aquele que sistematizou os conceitos de justicação pela fé
somente, o que seguimos até os dias de hoje.

Diante do exposto, devemos fazer as seguintes considerações:


1. A fé é um dom de Deus para a salvação – Efésios 2.8
Segundo o Apóstolo Paulo, nós estávamos mortos em nossos delitos e
pecados (4), mas Deus sendo rico em misericórdia com que nos amou, Ele mesmo
derramou a sua graça implantada pela fé que é dom de Deus. Isso signica que o
homem não pode ser salvo por obras, ou pela fé dos pais, ou ainda pela
intercessão dos santos: quer quando está aqui, quer quando partir para a
eternidade. A fé é um requisito sine qua non (5) para a salvação.

2. A fé exige confissão – Romanos 10.9-10


É estranho à doutrina reformada qualquer tipo de salvação que não
tenha uma conssão pessoal. A Igreja Católica pratica a missa de corpo presente
e a missa de sétimo dia para as pessoas que já morreram na esperança de
“oferecer algum sacrifício para que a alma alcance a puricação...” (6) Mas a
Bíblia diz que “ao homem está ordenado morrer uma só vez e depois disto o juízo”
(Hebreus 9.27) e que não há comunicação entre mortos e vivos (Lucas 16.30-31).
Arma também que tudo precisa ser feito aqui e agora, enquanto estamos vivos
(Salmo 115.17-18). Portanto, Sola Fide é uma doutrina que arma que o ato de
crer é pessoal e intransferível: “Quem crer e for batizado será salvo. Quem,
porém, não crer será condenado.” (Marcos 16.16)

3. Fé e Boas Obras - Efésios 1.3-14


Este ponto é o coronário do estudo. O fundamento principal de Sola de é
que as obras não salvam. No entanto, elas são importantes porque são resultado
direto da salvação. Cristo nos escolheu “para as boas obras.” Tiago chega a
armar que as obras seguem naturalmente a fé e que a fé sem obras é morta
(Tiago 2.14-26). É preciso armar ainda que as “Boas obras” só podem ser
consideradas “boas” após a aplicação da graça e a operação do Espírito Santo
que produz fruto na vida do cristão. A Bíblia arma que as nossas obras feitas à
parte da obra salvadora de Cristo e santicadora do Espírito não passam de
“trapos de imundícia” (Isaías 64.6). E ainda: “Muito mais o sangue de Cristo, que,
pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, puricará a nossa
consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!” (Hebreus 9.14).

33
Desenvolvimento | Conclusão

4. Justificação e Santificação não são a mesma coisa – Romanos 8.30


Depois da Reforma, a doutrina da justicação pela fé somente (Sola Fide)
torna-se o grande princípio material, tendo sido o elemento fundamental para a
correção do que passou a ser crido com o tempo, de que justicação e
santicação se confundiam e eram praticamente a mesma coisa. Em outras
palavras, a teologia vigente entendia que a salvação era constante e progressiva,
ao mesmo tempo em que sobre ela havia garantias dadas pelo pertencimento à
Igreja Católica. Algum tempo após o início da Reforma, no Concílio de Trento
(1547), Roma responde aos “solas” da Reforma e, particularmente quanto ao
Sola Fide, apresenta que os pecadores são justicados pelo seu batismo, que a
justicação é pela fé em Cristo e pelas boas obras de uma pessoa, que os
pecadores não são justicados unicamente pela justiça imputada de Jesus Cristo.
Além disso, diz que uma pessoa pode perder sua salvação (ou seja, os efeitos da
justicação).

No entanto, a Reforma diferencia justicação de santicação, crendo que


a “justicação é um ato judicial de Deus, no qual ele declara, com base na justiça
de Jesus Cristo, que todas as reivindicações da lei são satisfeitas com vistas ao
pecador” (7), isso porque é nesse ponto que entendemos o perdão dos pecados e
o favor divino que vem sobre a vida daquele que antes era inimigo de Deus,
tornando-o seu lho. Conrmando tudo isso, a pergunta 33 do Breve Catecismo
de Westminster interpela: “Que é justicação?”, ao que se segue a resposta:
“Justicação é um ato da livre graça de Deus, no qual Ele perdoa todos os nossos
pecados, e nos aceita como justos diante de Si, somente por causa da justiça de
Cristo a nós imputada, e recebida só pela fé.” Berkhof resume que a justicação
remove a culpa do pecado e restaura o pecador ao seu estágio e privilégios de
lho de Deus, que ela acontece por um ato jurídico de Deus em nosso favor, que
acontece uma vez por todas, sem que possamos dela decair e que todo o mérito
repousa sobre Cristo e sua obra vicária. Assim, conclui ele, enquanto Deus, o
Filho, promove a obra da justicação, “em termos de economia, Deus, o Pai,
declara justo o pecador, e Deus, o Espírito Santo, o santica.” (8)

Conclusão 9:40-9:50h | 10’

O conceito reformado de “somente pela fé” tem inúmeras aplicações


práticas. Nós cremos que tudo o que somos em nossa relação com Deus depende
exclusivamente dele, sem que tenhamos qualquer modo de participação que nos
integre a Deus por nossos gestos, obras, ou quaisquer outras coisas que não
sejam ele próprio. A única coisa que devemos fazer é crer e confessar e mesmo
estas coisas vêm de Deus (Efésios 2.8 e Filipenses 2.13). Nenhum de nós pode
chegar a Deus através de outra pessoa senão Cristo e de outro método senão
“pela fé.”

34
Conclusão

A nossa fé é livre de amarras, presa somente à graça de nosso Senhor e


Salvador Jesus Cristo. Somos servos, não de religiosidades ou sistemas, mas
de Deus. Nesse sentido, torna-se mais fácil entender como George Wishart,
por exemplo, perdeu a vida em defesa de sua liberdade de fé: o sangue dos
mártires da Igreja Primitiva e dos mais de 2 mil anos de história da igreja não
pode ser esquecido. Que Deus nos ajude e que nós façamos a nossa parte
sem jamais nos esquecermos que a justicação é somente pela fé.

Grandes Reformadores:
Martinho Lutero (1483 – 1546) e Philip Melanchthon (1497 – 1560) –
Alemanha
João Calvino (1509 – 1564) e Guilherme Farel (1489 – 1565) – Genebra
Ulrico Zuinglio (1484 – 1531) e Johann Henrich Bullinger (1504 – 1575) –
Zurique
George Wishart (1513 – 1546) e John Knox (1514 – 1572) – Escócia

Excerto da Declaração de Cambridge sobre o Sola Fide (9)

SOLA FIDE: A Erosão do Artigo Primordial


A justicação é somente pela graça, somente por intermédio da fé,
somente por causa de Cristo. Este é o artigo pelo qual a igreja se sustenta ou cai. É
um artigo muitas vezes ignorado, distorcido, ou por vezes até negado por líderes,
estudiosos e pastores que professam ser evangélicos. Embora a natureza humana
decaída sempre tenha recuado de professar sua necessidade da justiça imputada
de Cristo, a modernidade alimenta as chamas desse descontentamento com o
Evangelho bíblico. Já permitimos que esse descontentamento dite a natureza de
nosso ministério e o conteúdo de nossa pregação.

Muitas pessoas ligadas ao movimento do crescimento da igreja acreditam


que um entendimento sociológico daqueles que vêm assistir aos cultos é tão
importante para o êxito do evangelho como o é a verdade bíblica proclamada.
Como resultado, as convicções teológicas frequentemente desaparecem,
divorciadas do trabalho do ministério. A orientação publicitária de marketing em
muitas igrejas leva isso mais adiante, apegando a distinção entre a Palavra
bíblica e o mundo, roubando da cruz de Cristo a sua ofensa e reduzindo a fé cristã
aos princípios e métodos que oferecem sucesso às empresas seculares.

Embora possam crer na teologia da cruz, esses movimentos na verdade a


estão esvaziando de seu conteúdo. Não existe evangelho a não ser o da
substituição de Cristo em nosso lugar, pela qual Deus lhe imputou o nosso pecado
e nos imputou a sua justiça. Por ele Ter levado sobre si a punição de nossa culpa,
nós agora andamos na sua graça como aqueles que são para sempre

35
Conclusão | Notas

perdoados, aceitos e adotados como lhos de Deus. Não há base para


nossa aceitação diante de Deus a não ser na obra salvíca de Cristo; a base
não é nosso patriotismo, devoção à igreja, ou probidade moral. O evangelho
declara o que Deus fez por nós em Cristo. Não é sobre o que nós podemos
fazer para alcançar Deus.

Tese 4: Sola Fide


Rearmamos que a justicação é somente pela graça somente por
intermédio da fé somente por causa de Cristo. Na justicação a retidão
de Cristo nos é imputada como o único meio possível de satisfazer a
perfeita justiça de Deus.

Negamos que a justicação se baseie em qualquer mérito que em nós


possa ser achado, ou com base numa infusão da justiça de Cristo em
nós; ou que uma instituição que reivindique ser igreja mas negue ou
condene sola de possa ser reconhecida como igreja legítima.

Notas
1. Cf. BERKHOF, L. A história das doutrinas cristãs. São Paulo: PES, 1992. P. 195
2. Idem
3. GEORGE, T. Teologia dos reformadores.São Paulo : Vida Nova, 1993. P. 64
4. Cf. Efésios 2.1
5. Sine qua non é uma locução adjetiva, do latim, que signica “sem a qual não”. É uma
expressão frequentemente usada no nosso vocabulário e faz referência a uma ação ou condição que
é indispensável, que é imprescindível ou que é essencial.
6. Esta declaração foi tirada de um documento católico que se encontra em
http://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/por-que-celebrar-missa-de-setimo-dia/
7. BERKHOF, L. Teologia Sistemática. São Paulo : Cultura Cristã, 2012. P. 473
8. Idem, p. 474
9. http://www.monergismo.com/textos/credos/declaracao_cambridge.htm
http://www.alliancenet.org/cambridge-declaration.

36
AULA 07
Soli Deo Gloria

Glória Somente a Deus


“Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os
seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi
o seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque dele, e por
meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém! Portanto, quer comais
quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.”
(Romanos 11.33-36; 1Coríntios 10.31)

Introdução 9:10-9:15h | 5’

Em 1520, após três anos da xação das 95 Teses na porta da Capela de


Wittenberg, Martinho Lutero escreveu o livro “O Cativeiro Babilônico da Igreja.”
Após ter chamado de “abusos eclesiásticos” o excessivo número de cardeais, os
impostos da Igreja e o celibato, Lutero colocou em xeque os sacramentos, em
especial a transubstanciação da hóstia na missa. Sustentou que o batismo só tem
sentido quando conjugado à fé e descartou a extrema-unção. Neste livro Lutero
arma que “a Babilônia está para Israel como Roma está para a Igreja.”

Naquele tempo, a Igreja instituída que vinha da teologia medieval, havia


criado tantos co-mediadores que muita gente estava recebendo a glória que era
devida somente a Deus.

Este é o contexto da construção deste quinto fundamento da Reforma –


Soli Deo Gloria. Tanto os santos no céu como os líderes da Igreja na terra
recebiam uma parcela de veneração que acabava obscurecendo a salvação pela
fé e desviando a supremacia do culto com a glória dada somente a Deus.

Ora, os quatro primeiros solas parecem ter um apelo concreto ou objetivo


para a mentalidade cristã, enquanto armar que “glória somente a Deus” parece
se manter como uma declaração subjetiva para muita gente. Ou seja, a qualquer
pessoa religiosa que se perguntar, ela vai armar que devota toda glória a Deus.
Mas como veremos nesta lição, muitas vezes as declarações vêm desassociadas
da prática. Talvez isso tenha mais a ver com nossa forma de pensar como seres
humanos e nem tanto como cristãos propriamente ditos, mas percebemos os
quatro primeiros com uma denição mais objetiva.

37
AULA 07 - Soli Deo Gloria

Desenvolvimento 9:15-9:40h | 25’

Quando pensamos em glória de Deus, e exclusivamente dada a ele,


pensamos de forma bíblica. Precisamos nos lembrar, no entanto, que nossa
natureza tentará nos carregar para longe disso, no que seremos muito auxiliados
por uma vida de santidade que nos conduza dia após dia a uma transformação
constante.

Conta-se que o grande musicista e compositor Johann Sebastian Bach


(1685-1750) teria dito que “o único m, o único objetivo de toda música é o
louvor a Deus e a recreação da alma. Quando isso se perde de vista, não pode
haver mais verdadeira música, restam somente ruídos e cantarolados infernais”.
Mais adiante, ele teria ainda armado: “sempre mantive uma nalidade à vista,
quer dizer, com toda boa vontade para conduzir uma música de igreja bem
regulada para a honra de Deus”. Sua biograa e sua musicograa nos mostram
que ele levou a sério o que falava. Ao nal de suas composições, costumava
assinar com as iniciais “J.J”, (do latim Iesus Iuva, que quer dizer “Jesus, ajude-me”)
e encerrava com “S.D.G” (Soli Deo Gloria).

Assim como Bach, e tendo o triste exemplo de Nabucodonosor como


pano de fundo da existência humana, devemos entender que a obra de nossa
vida precisa carregar assinaturas que nos identiquem como pessoas que vivem
de forma exclusiva para a glória de Deus.

Para isso, logo de início, precisamos fazer uma espécie de autoexame


com respeito às coisas mais simples de nossa vida cristã; ou seja, desde os
momentos de culto que passamos com a Igreja até a vida de culto que oferecemos
a Deus, tudo deve ser oferecido com o coração totalmente voltado para o louvor
de Sua glória.

Outra coisa que geralmente fazemos é nos cobrar de forma errada, como
se nós tivéssemos que fazer a obra de Deus por nossa própria força e, quando
não conseguimos, camos frustrados: fazer a obra de Deus é algo sob a
conança de que apenas somos instrumentos e Ele mesmo fará os resultados
brotarem, redundando assim glórias ao Seu nome. Vamos também prestar
atenção: a nossa alegria está amparada no Senhor ou de alguma maneira
buscamos alegria por nossos próprios esforços? Quando reconhecemos que a
alegria real vem de Deus, também gloricamos a Ele.

Por m, devemos identicar bíblica e confessionalmente a compreensão


correta dos termos.

38
Desenvolvimento

1. Significado da Palavra “glória” nas Escrituras Sagradas


Tanto no Antigo Testamento (Shekinah e Kadosh) como no Novo
Testamento (Doxa), a palavra glória tem basicamente dois sentidos:

(1) Glória signica presença de Deus. Por exemplo: Êxodo 40.35: “Moisés
não pôde entrar na tenda da reunião, porque a nuvem tinha pousado sobre ela e
a glória de Javé enchia o santuário” e João 1.14 “E o Verbo se fez carne, e habitou
entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça
e de verdade.”;

(2) Glória signica honra e louvor a Deus. Por exemplo: Salmo 115.1:
“Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por amor da tua
benignidade e da tua verdade” e 1Coríntios 10.3 "Portanto, quer comais quer
bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus."

2. A minha glória eu não a darei a outrem – Isaías 42:8


Deus é exclusivista e não divide a sua glória com ninguém. A Bíblia chega
a ponto de dizer que Ele tem “ciúmes” de nós (Tiago 4:5). Obviamente o ciúme de
Deus é diferente do ciúme humano. O ciúme do homem é sinônimo de
insegurança, possessividade e obseção. O ciúme de Deus é sinônimo de zelo. Há
dois textos que falam do tratamento severo de Deus para com aqueles que
rejeitaram dar a glória a Deus:

O primeiro é o exemplo do rei Nabucodonosor (Daniel 4.30-37) que


passeando em seus jardins deixou subir em seu coração o orgulho e declarou:
“Não é esta a grande Babilônia que eu ediquei para a casa real, com o meu
grandioso poder e para glória da minha majestade?” Diante dessa arrogância,
Nabucodonosor foi expulso e viveu entre os animais até que viesse sobre ele o
arrependimento.

O segundo é o exemplo de Herodes que buscou para si a glória (Atos


12.21-23): “Em dia designado, Herodes, vestido de trajo real, assentado no
trono, dirigiu-lhes a palavra; e o povo clamava: É voz de um deus, e não de
homem!No mesmo instante, um anjo do Senhor o feriu, por ele não haver dado
glória a Deus; e, comido de vermes, expirou.

3. O que significa a nossa fala quando nos referimos à glória de Deus?


Para alguns irmãos, basta atribuir toda honra a Deus pelos fatos
ocorridos, como costumamos ouvir com o “z isso ou aquilo para a glória de
Deus” quando alguém é elogiado por algo que fez. Isso é certo e lícito, mas é um
gesto incompleto. O Rev. Ricardo Barbosa fala num artigo de todas essas
questões, e complementa dizendo que a “glória de Deus não é um conceito

39
Desenvolvimento

abstrato, tampouco podemos limitá-la a algo que ofertamos a ele. Deus


revela sua glória na beleza, harmonia e exuberância da sua perfeita e boa
criação” e cita em seguida o Salmo 19.1que diz: “Os céus proclamam a glória
de Deus, e o rmamento anuncia as obras das suas mãos.” Ele encerra
lembrando que “homem e mulher criados à imagem e semelhança de Deus
são a coroa da criação e expressam a glória” de Deus, fazendo menção ao
trecho de Salmo 8.3-5: “Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos,
e a lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem, que dele te lembres E
o lho do homem, que o visites? Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor
do que Deus e de glória e de honra o coroaste.” (1)

4. Nosso autoexame - I Co 11:28 e Sl 51:3


Quando fazemos um criterioso autoexame com respeito às coisas mais
simples de nossa vida cristã, podemos honestamente perceber se estamos
mesmo prestando culto de vida a Deus ou tentando nos colocar como alvo do
louvor que é devido somente a ele. Em outras palavras, a pergunta que está por
detrás dessa consulta que precisamos sempre fazer é “quem deve ser realmente
gloricado?” Ora, como crentes, não teremos dúvida em responder com nossos
lábios que somente Deus deve e pode ser gloricado. Mas nossa natureza caída
por vezes nos prega peças e nós podemos falar com os lábios palavras que ainda
precisam de conrmação de nossa vida e nosso testemunho.

Lembro-me uma história verídica contara pelo Missionário Ronaldo


Lidório. Certa vez, ele foi convidado para pregar a Palavra de Deus no culto de
aniversário de uma certa Igreja. Na primeira la estava sentada uma mulher de
certa idade que parecia se agitar durante todo o culto. Tratava-se de uma mulher
muito respeitada na Igreja que já por muitos anos era responsável por preparar o
bolo que era servido na referida ocasião. Por um descuido do pastor local e
mesmo do pastor convidado, não foi mencionado absolutamente nada sobre o
bolo de três andares que enfeitava a mesa principal do salão de festas da Igreja.
Ao nal das comemorações a mulher solicitou a palavra e, indignada, avisou à
Igreja que aquela seria a última vez que ela preparava o bolo, porque na hora do
culto seu nome não fora mencionado. Esta história parece surreal, mas é verídica,
e tem acontecido em várias localidades. Muitos de nós fazemos a obra de Deus,
que realmente deve ser gloricado, esperando receber o reconhecimento dos
nossos esforços.

A resposta à pergunta é “o Deus soberano”, Comentando a Carta de


Paulo aos Romanos, James Montgomery Boice diz que “na maioria das vezes,
começamos com o homem e suas necessidades, ao passo que Paulo sempre
começa com Deus e termina com Ele também.” (2) Talvez esse seja o nosso
dilema, por causa de nossa realidade de criaturas caídas: primeiro nós mesmos

40
Desenvolvimento

e, em seguida, o resto (incluindo Deus). Não é à toa que temos o adágio


muito popular que diz “farinha pouca, meu pirão primeiro”, que explica
adequadamente a nossa natureza. Que Deus nos livre.

5. Cobrança indevida
Se por um lado podemos nos colocar em certa displicência com respeito a
nossa vida espiritual, por outro, podemos exagerar para o extremo contrário,
agitando o nosso coração como se fôssemos capazes de fazer a obra de Deus por
nossos próprios meios e esforços. Isso ocorre quando nos lançamos num ativismo
nas coisas de Deus e da igreja em que estamos, sendo que isso geralmente é
impensado e parte de nossa boa intenção de ser gratos a Deus por tudo que ele
tem feito por nós. Mas o fato é que se a obra é feita por nós e queremos manter
sobre nós a operosidade dela, um dia nosso coração poderá se tornar
jactancioso e se ensoberbecer pelo simples fato de vermos a obra de nossas mãos
prosperando. Podemos começar a contar as vezes em que fomos motivo de
bênção, quando socorremos o próximo, quando auxiliamos na igreja, quando
pregamos e vimos as pessoas respondendo: vejamos que tudo isso é bom e lícito,
desde que saibamos o nosso lugar em tudo, ou seja, fomos o meio, apenas o
instrumento, mas a obra e a ação no coração do outro é do Espírito Santo. Nosso
coração nos engana (3) todo o tempo e precisamos estar atentos ao que ele quer
nos induzir. Precisamos descansar no Senhor, aquele Deus que temos aprendido
a honrar e gloricar. E por qual razão o faríamos dessa maneira? Paulo nos
lembra mais uma vez em Romanos 11.36: “Porque dele, e por meio dele, e para
ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!”

6. Em quem está nossa alegria?


“A alegria do Senhor a nossa força é.” (Neemias 8.10)
A nossa alegria está pautada no Senhor, mas somente temos plena
consciência disso conforme andamos com ele e nos habituamos a perceber sua
boa mão nos conduzindo através da jornada. E a nossa alegria, que procede do
Senhor, precisa estar no reconhecimento de nossa dependência dele e de seus
atributos perfeitos e eternos. Quanto mais e mais corretamente adoramos a
Deus, mais seremos alegres, porque a nossa alegria não se pauta nas coisas
desta vida, mas naquelas que procedem do Senhor. Antes de tudo, lembremos
que a alegria é parte do fruto do Espírito Santo em nossa vida (4), o que nos deixa
em posição mais que privilegiada em relação às pessoas que nos cercam e que
ainda não conhecem o Senhor como Salvador pessoal: diante das agruras da
vida, elas tendem ao desespero, enquanto nós tendemos à esperança nas ações
de Deus e em seu livramento. Essa mesma alegria que procede de Deus nos
fortalece (5) e não nos deixa sucumbir diante das diculdades da vida. Ao nal de
tudo, somente aqueles que se tornam lhos de Deus e nele são alegres podem
honrar e gloricar a Deus de tal forma que ele aceite a adoração, o que

41
Desenvolvimento | Conclusão

redundará em glória ao seu santo e bendito nome. Por isso nalizamos


este trecho com a resposta dada pela Escritura: “Bendito o Deus e Pai de nosso
Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção
espiritual nas regiões celestiais em Cristo, assim como nos escolheu nele antes
da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e
em amor nos predestinou para ele, para a adoção de lhos, por meio de
Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da glória de
sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado.” (Efésios 1.3-6).

7. Nossos Símbolos de Fé
O Breve Catecismo de Westminster nos lembra que o “primeiro
mandamento é: ‘Não terás outros deuses além de mim’”. Logo em seguida, na
resposta à pergunta 46, vemos que o primeiro mandamento nos comanda a
“conhecer e reconhecer a Deus como o único Deus verdadeiro, e nosso Deus; e
como tal adorá-lo”, e em seguida o tema é encerrado dizendo o que nos proíbe o
primeiro mandamento: “... negar, ou deixar de adorar ou gloricar ao verdadeiro
Deus, como Deus, e nosso Deus; e dar a qualquer outro a adoração e a glória que
só a Ele são devidas” (6). Aliás, a primeira pergunta do Breve Catecismo nos
interroga “Qual é o m principal do homem?”, ao que temos a resposta “o m
principal do homem é gloricar a Deus, e gozá-lo para sempre”, ou, numa
linguagem um pouco mais contemporânea, “a verdadeira nalidade de existir do
ser humano é gloricar a Deus e nele ter alegria para sempre”. Ao fazermos
nosso autoexame em contraste com a Escritura e com nossos Símbolos de Fé,
poderemos objetiva e conscientemente responder que apenas o Senhor Deus
deve ser gloricado e os nossos esforços, bem como o auxílio do Espírito Santo,
nos direcionam a isso.

Conclusão 9:40-9:50h | 10’

“Um homem não pode diminuir a glória de Deus recusando-se a adorá-Lo


mais do que um lunático pode apagar o sol escrevendo a palavra escuridão nas
paredes de sua cela.” (C.S. Lewis). Assim éramos nós, insistindo em nossas
iniciativas tortuosas, até que a luz de Cristo raiou sobre nossa vida. Não mais
loucos para Deus, somos agora loucos para este mundo, mas somos habilitados
agora a prestar culto verdadeiro ao Senhor, seja privado, seja público, sempre
gloricando ao nosso Deus.

Deo Gloria nunc et semper, amen!’ (7)

42
Conclusão | Notas

Excerto da Declaração de Cambridge sobre o SoliDeo Gloria (8)

SOLI DEO GLORIA: A Erosão do Culto Centrado em Deus


Onde quer que, na igreja, se tenha perdido a autoridade da Bíblia, onde Cristo
tenha sido colocado de lado, o evangelho tenha sido distorcido ou a fé pervertida,
sempre foi por uma mesma razão. Nossos interesses substituíram os de Deus e
nós estamos fazendo o trabalho dele a nosso modo. A perda da centralidade de
Deus na vida da igreja de hoje é comum e lamentável. É essa perda que nos
permite transformar o culto em entretenimento, a pregação do evangelho em
marketing, o crer em técnica, o ser bom em sentir-nos bem e a delidade em ser
bem-sucedido. Como resultado, Deus, Cristo e a Bíblia têm signicando muito
pouco para nós e têm um peso irrelevante sobre nós.

Deus não existe para satisfazer as ambições humanas, os desejos, os apetites


de consumo, ou nossos interesses espirituais particulares. Precisamos nos
focalizar em Deus em nossa adoração, e não em satisfazer nossas próprias
necessidades. Deus é soberano no culto, não nós. Nossa preocupação precisa
estar no reino de Deus, não em nossos próprios impérios, popularidade ou êxito.

Tese 5: Soli Deo Gloria


Rearmamos que, como a salvação é de Deus e realizada por Deus, ela é
para a glória de Deus e devemos gloricá-lo sempre. Devemos viver nossa
vida inteira perante a face de Deus, sob a autoridade de Deus, e para sua
glória somente.

Negamos que possamos apropriadamente gloricar a Deus se nosso culto


for confundido com entretenimento, se negligenciarmos ou a Lei ou o
Evangelho em nossa pregação, ou se permitirmos que o afeiçoamento
próprio, a autoestima e a autorrealização se tornem opções alternativas ao
evangelho.

Notas

1. Conra artigo completo em http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/334/so-a-deus-


gloria
2. https://www.monergism.com/god%E2%80%99s-glory-alone-%E2%80%93-soli-deo-gloria
3. Cf. Jeremias 17.9: Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente
corrupto; quem o conhecerá?
4. Cf. Gálatas 5.22-23: Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade,
benignidade, bondade, delidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei.
5. Cf. Neemias 8.10b: não vos entristeçais, porque a alegria do SENHOR é a vossa força
6. Breve Catecismo de Westminster,perguntas 45 a 47
7. Frase em latim que signica “Glória somente a Deus, agora e sempre, amém!”
8. http://www.monergismo.com/textos/credos/declaracao_cambridge.htm
http://www.alliancenet.org/cambridge-declaration.

43
AULA 08
Calvinismo, Igreja Reformada
e Igreja Presbiteriana

“Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a
vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida. Santifica-os na verdade; a tua
palavra é a verdade.” (João 5.24, 17.17)

Introdução 9:10-9:15h | 5’

Chegando ao nal de nossas aulas de verão onde tivemos a grande


alegria de estudar os cinco fundamentos da Reforma Protestante do Século XVI,
concluímos com as considerações nais a respeito da Igreja Presbiteriana e sua
teologia.

Há muita dúvida sobre os termos usados de algumas tradições


Protestantes e juntamente com estas dúvidas vem o perigo das inserções de
nuances teológicas não existentes nelas. Neste estudo nal iremos pontuar alguns
títulos confessionais.

Desenvolvimento 9:15-9:40h | 25’

Certo dia quando falava a alguém que a Igreja Presbiteriana é de


tradição reformada, a pessoa retrucou: Mas todos que vieram da Reforma
Protestante são de tradições reformadas.

Talvez seja também esta a sua dúvida também e, por isso, este estudo
nal ganha ainda mais signicado.

1. As Denominações da Reforma Protestante -


Um mês após Martinho Lutero xar as 95 Teses na porta da Capela de
Wittenberg, praticamente a Europa já conhecia os seus argumentos. Cidades
inteiras e lideranças locais abraçaram a sua proposta e muitos clérigos e
humanistas se converteram. Em 1521, quatro anos depois, Lutero compareceu
na Dieta de Worms diante da liderança Católica sendo excomungado e
considerado fora da Lei. A partir daquele episódio o grupo que tinha abraçado a
nova teologia realmente tomou consciência de que o mundo cristão havia
mudado.

44
AULA 01 - Calvinismo, Igreja Reformada e Igreja Presbiteriana

1.1. Igreja Luterana –


A Alemanha foi transformada. Bernd Moeler arma que entre sessenta e
cinco cidades consideradas cidades imperiais, cinquenta delas aceitaram
ocialmente a Reforma Protestante. (1) Cidades inteiras aceitaram a nova fé e
vários príncipes locais começaram a fundar universidades e a ensinar a nova
teologia. Esta Igreja que surgiu na Alemanha passou a ser chamada de Igreja
Luterana. Os maiores expoentes foram Martinho Lutero e Phillip Melachthon.

1.2. Igreja Reformada –


Enquanto as 95 Teses viajavam a Europa, elas encontraram solo fértil na
Suíça e as suas fronteiras com a Alemanha. Os líderes e lugares mais importantes
neste processo foram: Martin Bucer em Estrasburgo (lado alemão), Ulrico
Zuinglio e seu sucessor Henrich Bullinger em Zurique (no lado alemão) e
Guilherme Farel e João Calvino em Genebra (na Suíça). Estes pastores realmente
se converteram a partir dos movimento Alemão e reconheceram em vida o débito
que tinham com Martinho Lutero. Mas todos eles que eram ex-humanistas
começaram a diferenciar-se em alguns pontos teológicos de Wittenberg. Por
causa disso, eles passaram a ser chamados de “Reformados” enquanto a ala
Protestante da Alemanha passou a ser chamada de “Luteranos.”

1.3. Igrejas Anabatistas –


Além do movimento da Alemanha e da Suíça, apareceu no mesmo tempo
o movimento chamado de anabatista. Inicialmente o anabatismo foi um
movimento religioso protestante radical do período da Reforma Protestante do
século XVI na Europa, caracterizado pela discordância das reformas realizadas
por Lutero e Zuínglio. Essencialmente, os anabatistas protestaram contra as
reformas que não realizavam aprofundamentos e mudanças como idealizavam.
Tal movimento, então, opôs-se a católicos e reformadores. Houve, porém, uma
vertente do movimento anabatista mais pacista. Seu expoente foi Menno
Simons, um sacerdote católico do povoado de Witmarsum, no norte da Holanda.
Em 1536 ele já tinha cortado todos os laços com a igreja Católica Romana e
passou a ser perseguido. Em 1542, o imperador romano Carlos V prometeu 100
orins como recompensa pela captura de Menno. Ainda assim, ele conseguiu
formar algumas congregações compostas de anabatistas, e não demorou muito
para eles serem chamados de menonitas. Com as traduções e impressões de
Bíblias nas línguas comuns da Europa do século 16, estimulou-se de novo o
interesse no estudo da Bíblia que resultariam na Reforma e no Anabatismo. O
movimento pregava que uma pessoa tem de tomar uma decisão consciente antes
de ser batizada para se tornar membro da congregação cristã o que resultou no
ato de rebatizar os adultos.

45
Desenvolvimento

Logo, ca claro que todos aqueles que saíram da Reforma Protestante do
Século XVI, são chamados reformados mas na ruptura com a Igreja Católica, o
movimento se diviviu em três grupos: Luteranos, Reformados e Anabatistas.

2. Calvinismo, Reformados e Presbiterianos: Similaridades e Diferenças de Termos -


De certa forma os três nomes podem ser considerados sinônimos a
medida que todos eles nasceram a partir do ministério de João Calvino. Mas há
ao mesmo tempo algumas diferenças que passamos a acentuar:

2.1. Igrejas Reformadas - (2)


John Leith arma: “A tradição reformada não pode ser denida com
precisão. Aqui ela é entendida, de modo geral, como o padrão do cristianismo
protestante que tem suas raízes na reforma do século XVI, na Suíça e em
Estrasburgo” (2) Ela envolve no mínimo três componentes: teologia, liturgia do
culto e forma de governo da igreja. No século XVI a tradição reformada é
representada, teologicamente, pela obra de João Calvino e Teodoro Beza, em
Genebra, Ulrico Zuínglio, em Zurique, e Martinho Bucer, em Estrasburgo. A maior
associação reformada no mundo é a Comunhão Mundial das Igrejas
Reformadas com mais de 80 milhões de membros em 220 denominações em
todo o mundo. As Igrejas Reformadas dos séculos 16 e 17 produziram várias
coleções de conssões reformadas. Há ao menos três grupos principais:

A família suíça - Conssão Helvética (1536 e 1566) e Fórmula Helvética (1675).

A família anglo-escocesa – Conssão da Escócia (1560), Trinta e Nove


Artigos (1563), Conssão de Fé de Westminster (1646-1647), Catecismos Maior
e Breve de Westminster (1647).

A família germânico-holandesa – Conssão Belga (1561), o Catecismo


de Heidelberg (1563) e os Cânones de Dort (1618-1619)

2.2. Calvinismo –
O calvinismo (também chamado de Tradição Reformada, Fé Reformada
ou Teologia Reformada) é tanto um movimento religioso protestante quanto um
sistema teológico bíblico com raízes na Reforma Protestante, iniciado por João
Calvino. A Fé Reformada costuma levar o nome de Calvino, por ter sido ele seu
grande expoente. Atualmente, o termo também se refere às doutrinas e práticas
das Igrejas Reformadas. O sistema costuma ser sumarizado através dos cinco
pontos do calvinismo. Os Calvinistas romperam com a Igreja Católica Romana
mas diferiam dos luteranos na doutrina sobre a presença real de Cristo na
Eucaristia, princípio regulador do culto, e o uso da lei de Deus para os crentes,
entre outras coisas.

46
Desenvolvimento | Conclusão | Notas

2.3. Igreja Presbiteriana -


O presbiterianismo refere-se às igrejas cristãs protestantes que aderem à
tradição teológica reformada (calvinismo) e cuja forma de organização
eclesiástica se caracteriza pelo governo de uma assembleia de presbíteros, ou
anciãos. Há muitas entidades autônomas em países por todo o mundo que
subscrevem igualmente o presbiterianismo. Para além de distinções traçadas entre
fronteiras nacionais, os presbiterianos também se dividiram em alguns países por
razões doutrinais, como o liberalismo teológico, evangelicalismo, ordenação
feminina, práticas litúrgicas, entre outras razões, fazendo assim com que existam
várias denominações presbiterianas diferentes em alguns países, mas todas com o
mesmo sistema de governo eclesiástico. As igrejas presbiterianas são oriundas da
Reforma Protestante do século XVI, e mantém o caráter de Igreja Católica (o termo
"católico", derivado da palavra grega: καθολικός (katholikos), signica "universal"
ou "geral"), como declarado no Credo dos Apóstolos. É uma família
denominacional cristã comprometida com valores éticos e morais. Sua atuação no
contexto social brasileiro, por exemplo, é marcante, através de instituições de
ensino desde o infantil até o superior, que têm alcançado excelência e
reconhecimento internacional, como por exemplo, Universidade Presbiteriana
Mackenzie, Instituto Presbiteriano Gammon entre outras.

Conclusão 9:40-9:50h | 10’

Chegamos ao nal deste estudo concluindo que a Reforma Protestante do


Século XVI foi um movimento de libertação da hegemonia e do cativeiro da Igreja
medieval. Mas ao promover esta libertação o movimento se fragmentou em ao
menos três vertentes: Luterana, Reformada e Anabatista. A vertente Reformada
teve João Calvino como o seu maior expoente e por isso passou a ser chamada
também de calvinista e posteriormente presbiterianismo. São iguais e ao mesmo
tempo são diferentes. O fato é que a Reforma Protestante abriu as portas para a
compreensão doutrinária como tendo doutrinas essenciais da fé cristã (Por
exemplo, as cinco Solas da Reforma) e doutrinas secundárias (Por exemplo, a
compreensão da Santa Ceia, a forma de batismo etc). Sendo assim, estas três
correntes, mesmo tendo algumas doutrinas diferentes, podem ser consideradas
oriundas da Reforma Protestante.

Notas

1. Moeller, Bernd, Imperial Cities and the Reformation, The Labyrinth Press, North Carolina,
1972, p. 41
2. https://theological.space/2015/09/14/a-tradicao-reformada-01-o-conceito/
3. John H. Leith, no seu livro A Tradição Reformada: Uma Maneira de Ser a Comunidade
Cristã (Editora Pendão Real, São Paulo, [1980], 1997), pag. 8

47
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http://casadehistoria.com.br/conteudo/historia-geral/transicao -feudal-
capitalista/crises-seculos-xiv-xv

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EBD verão 2017 Anotações

Aula 01
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Europa do Século XVI
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Aula 02
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A Reforma Protestante
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Anotações EBD verão 2017

Aula 03
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Sola Scriptura
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Aula 04
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Solus Christus
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EBD verão 2017 Anotações

Aula 05
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Sola_____________________________________________________________________
Gratia
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Anotações
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Aula 06
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Sola Fide
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Anotações EBD verão 2017

Aula 07
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Soli Deo Gloria
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Aula 08
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Calvinismo, Igreja Reformada
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e Igreja Presbiteriana
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ESCOLA
BÍBLICA DOMINICAL

EBD
verão 2017

MINISTÉRIO DE EDUCAÇÃO CRISTÃ


MINISTRO
Rev. Jorge Luiz Patrocínio

VICE-MINISTRO
Pb. Roberto Corrêa

MEMBROS:
Pb. Paulo Raposo Correia
Pb. Guilherme Beda de Amorim Sayão
Pb. Maurício Buraseska
Carla Andréa Freitas de Oliveira Sayão
Lidiane Albino Bastos Mattos dos Santos
Priscila Alves de Almeida Lima de Aquino
Virginia Sathler Figueiredo
Shirley Dias Domingues Coelho
Gerbe Gomes de Barros
Marlucia Nery
EBD
verão 2017
EBD
verão 2017

CATEDRAL PRESBITERIANA DO RIO


Uma Igreja Evangélica de Portas Abertas

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