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Material Teórico
A linguística e outras ciências
Revisão Textual:
Profa. Ms. Silvia Augusta Barros Albert
A linguística e outras ciências
• A Sociolinguística
• A Geolinguística
• A Etnolinguística
• A Psicolinguística
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Unidade: A linguística e outras ciências
Contextualização
Antes de iniciar esta unidade assista ao vídeo disponível no link abaixo. Nele, o humorista
Marcelo Adnet, entrevistado por Jô Soares, comenta a respeito de alguns sotaques paulistas.
Certamente, esta será uma boa introdução para esta unidade. Preste atenção ao que se diz
nessa entrevista e depois relacione aos conteúdos desta unidade!
Acesse o link: http://www.youtube.com/watch?v=Vp0pMLsTSk0
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A linguística e outras ciências
Ao chegarmos a esta última unidade, podemos refletir e sintetizar alguma das inúmeras
ramificações dos estudos linguísticos.
Inicialmente, observamos o surgimento da Linguística enquanto ciência nos estudos
estruturalistas de Saussure. Percebemos que, naquele momento, optou-se pela análise da língua
(langue), por esta ser considerada menos variável que a fala (parole).
Em seguida, surgiram os estudos gerativistas de Chomsky que consideraram como objeto de
estudo as sentenças e a competência linguística dos falantes, e também não almejaram analisar
as sentenças reais, proferidas por falantes em situações de comunicação. Para essa corrente
linguística, tanto a língua analisada quanto suas sentenças eram idealizadas.
Somente a partir da segunda metade do século XX, as correntes linguísticas passam a dedicar-
se aos estudos de situações reais de comunicação, incluindo em seus estudos tanto os falantes
envolvidos nos atos interativos como os contextos histórico e sociocultural em que ocorrem.
Estudamos, assim, algumas correntes Funcionalistas, a Pragmática, a Análise da Conversação,
e, na unidade anterior, a Análise do Discurso e a Teoria da Enunciação.
Com o desenvolvimento dos estudos da linguagem durante muitas décadas, os estudos
linguísticos tornaram-se cada vez mais associados a outras ciências como a antropologia, a
sociologia, a psicologia etc. Tal fato, conforme observaremos nesta unidade, gerou e tem gerado,
ainda, muita confusão terminológica, pois nem sempre é fácil distinguir os objetos de estudo de
uma ou de outra corrente linguística, como se, em muitas ocasiões houvesse o encadeamento
ou a justaposição de várias ciências em uma só.
Tentaremos, portanto, observadas as restrições acima, delimitar o que se entende por
Sociolinguística, Geolinguística, Etnolinguística e Psicolinguística.
A Sociolinguística
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Unidade: A linguística e outras ciências
Com isso se entende que, para Bright, o objeto de estudo da Sociolinguística é a diversidade
linguística e, para tanto, ele associa a diversidade a certos fatores sociais como a identidade
social do falante e do ouvinte, o contexto social etc.
Segundo Alkmim, a Sociolinguística pode, portanto, ser definida como:
Veja o exemplo a seguir para uma melhor compreensão dos termos apresentados:
Se considerarmos a comunidade linguística da cidade de São Paulo, observaremos que
seu repertório verbal se constitui de muitas variedades linguísticas distintas, pois essas serão
influenciadas pelas regiões da cidade, pelas classes sociais dos falantes, por suas ocupações, por
sua escolaridade dentre tantos outros fatores.
Assim, um morador típico do bairro da Mooca provavelmente utilizará expressões próprias,
bem como falará de modo muito mais “cantado” que os moradores de outras regiões da cidade.
Esse falar foi reproduzido por Adoniran Barbosa em muitas de suas obras.
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Acesse o link abaixo e observe essa variante na letra e música da canção “Samba do Arnesto”, de
Adoniran Barbosa. http://letras.terra.com.br/adoniran-barbosa/43968/
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Unidade: A linguística e outras ciências
Um outro exemplo, bastante claro, é considerar os modos distintos de falar das pessoas
que vêm dos vários estados do nordeste brasileiro. Apesar de serem tratados genericamente
como “nordestinos” os paraibanos, baianos, cearenses, sergipanos, maranhenses, entre outros,
possuem características linguísticas que os distinguem.
Por outro lado, há variações linguísticas que não dependem apenas da situação geográfica
dos falantes. Conforme postula Alkimim (2003):
Idade
• O uso de gírias está geralmente vinculado a grupos pertencentes a faixas etárias mais
jovens;
• A pronúncia fechada da vogal tônica da palavra “senhora” (/senhôura/ ao invés de /
senhóra/) é característica de alguns falantes mais velhos.
Sexo
• Mulheres tendem a alongar algumas vogais como em “maaravilhoso”;
• O uso de diminutivos como bonitinho, camisinha, sapatinho é característico do universo
feminino.
Situação ou Contexto Social – cada falante costuma adequar sua fala de acordo com o
ambiente em que se encontra e também de acordo com seus interlocutores. Assim, um
estudante universitário utilizará determinadas expressões e vocabulário com seus colegas
diferentes das que escolherá para se dirigir a um professor.
Alkmim (2003) postula, no entanto, que “As variedades lingüísticas utilizadas pelos participantes
das situações devem corresponder às expectativas sociais convencionais” (Ibid., p.37).
Com isso, ela evidencia que, caso não adequemos nossa linguagem ao que é esperado em
cada situação, provavelmente seremos “punidos”, o que pode representar desde um simples
franzir de sobrancelhas até a perda de uma vaga de emprego.
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Disponível em: http://blog.educacional.com.br/glaucegram/files/2010/02/capoliglota.jpg Acesso: 10/04/10
Observamos, assim, como surgem as chamadas variedades padrão dos idiomas que,
em geral, coincidem com a variedade linguística utilizada pelas classes dominantes em
determinado período.
Por essa razão também é possível inferir que, uma variedade tida como padrão numa
determinada época, pode deixar de sê-lo em outra. Um exemplo clássico disso são formas como
“frauta”, “escuitar” e “intonce” que atualmente não pertencem à língua padrão, mas que são
encontradas em Os Lusíadas, de Camões.
Um dos objetivos dos estudos sociolinguísticos com relação a este assunto é demonstrar
que não há línguas superiores ou inferiores, antes, cada língua é adequada à comunidade que
a utiliza, assim como as variações que existem dentro de uma mesma língua. Dessa forma,
se uma língua não possui determinados vocábulos é porque estes não são necessários para a
comunicação naquela comunidade de fala.
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Unidade: A linguística e outras ciências
A Geolinguística
No tópico sobre a Sociolinguística, observamos que um
dos parâmetros para se estudar as variedades linguísticas diz
respeito às diferenças geográficas, espaciais, ou, utilizando a
terminologia técnica, diatópicas.
Muitos pesquisadores de orientação sociolinguística
passaram a estudar as variedades dos falares com relação
aos locais geográficos de onde os falantes são oriundos,
dessa forma, originou-se uma corrente específica de estudos
denominada Geolinguística, ou Geografia Linguística.
A Geolinguística relaciona-se, ainda, com outra área de estudos denominada Dialectologia,
ou seja, uma ciência que se dedica à observação dos vários dialetos existentes dentro de uma
determinada região geográfica. Para alguns estudiosos, portanto, a Geolinguística passa a ser
considerada como um “método por excelência da Dialectologia e vai se incumbir de recolher
de forma sistemática o testemunho das diferentes realidades dialetais refletidas nos espaços
considerados” (CARDOSO, 2002, p. 2).
Uma das técnicas mais utilizadas para se estudar as variedades dialetais é por meio dos
denominados Atlas Linguísticos que mapeiam os falares de determinadas regiões. Temos,
portanto, o Atlas Linguístico da Paraíba, do Paraná, do Rio de Janeiro etc.
Para se organizar um Atlas Linguístico, é necessário haver não só uma metodologia a ser
seguida como também a seleção de alguns itens a ser observados, que podem variar de acordo
com os objetivos da pesquisa. A maioria dos Atlas Linguísticos apresenta, principalmente,
diferenças observadas no léxico de determinada região, enquanto outros estudos dedicam-
se a verificar aspectos fonéticos relacionados à língua, ou seja, as formas como as pessoas
pronunciam os sons em determinadas regiões.
Veja na imagem ao lado, um
exemplo de estudo sobre os vários
nomes pelos quais é conhecida
a brincadeira “cabra-cega” em
diversas regiões do Brasil.
Observe no mapa que essa
brincadeira é muito mais conhecida
por “pata-cega” (em verde) na
região Norte do país; e por cobra-
cega (vermelho), na região Sudeste.
Disponibilizamos no item
“Material Complementar” alguns
links sobre este estudo e outros
artigos que abordam diferentes
estudos geolinguísticos brasileiros.
http://www.faccar.com.br/desletras/hist/2007_g/textos/18_arquivos/image010.jpg
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O objetivo de tais estudos não é certamente homogeneizar os falares de determinadas regiões,
mas delimitar o uso de certas variedades geograficamente, para, a partir daí, observar questões
sociais e culturais associadas a tais variedades linguísticas, muitas vezes estigmatizadas.
Desse modo, a Geolinguística compartilha muitos pontos de contato com a Sociolinguística,
bem como com a Etnolinguística que é nosso próximo tópico. Vejamos por que.
A Etnolinguística
Assim como a Geolinguística, que possui fronteiras muito próximas com as da Sociolinguística,
a Etnolinguística, por vezes também se ocupa de questões estudadas por essas outras correntes.
Segundo Lyons a Etnolinguística pode ser definida como:
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Unidade: A linguística e outras ciências
A Psicolinguística
O nome Psicolinguística surge pela primeira vez em um artigo intitulado Language and
Psycolinguistics (Linguagem e Psicolinguística), de autoria de N.H. Proncko, em 1946.
Neste artigo, tenta-se alinhar os estudos da Psicologia aos da Linguística a fim de observar o
relacionamento existente entre o pensamento (ou o comportamento) e a linguagem (BALIEIRO
JR, 2001, p.172).
Observa-se, neste primeiro momento da Psicolinguística, a existência de dois movimentos
opostos: um que parte da Psicologia para a Linguística e outro que opera em movimento inverso,
da Linguística para a Psicologia.
Os psicólogos buscavam compreender o funcionamento da linguagem para, a partir daí,
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entender como funcionava a mente humana, pois, para muitos estudiosos da área, a mente se
estruturava de forma análoga à linguagem, ou mesmo por meio dela.
Na Linguística, por seu lado, desde o início do século XX, se buscava encontrar elementos na
Psicologia que pudessem embasar as teorias sobre as mudanças linguísticas.
Foi com o surgimento das Teorias Estruturalistas, tendo a frente Saussure, que pode ser
estabelecido um contato maior entre a Linguística e a Psicologia; isso porque a língua passou a ser
analisada de forma sincrônica, isto é, a partir de um determinado estado, como que “congelada”.
Outra corrente linguística que muito influenciou a Psicolinguística foi o Gerativismo de Noam
Chomsky, pois, dentre outras coisas, essa corrente propõe que:
a) Há uma gramática interiorizada pelo indivíduo (Gramática Universal) que lhe possibilita
transformar as estruturas profundas da língua (sintaxe) em estruturas superficiais (as
sentenças produzidas).
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Material Complementar
Lembre-se de que uma atitude proativa é fundamental para o melhor aproveitamento
da disciplina. Por isso, o material complementar não é opcional. Para retomar os conceitos
apresentados e apara aprofundá-los, deixamos aqui as seguintes sugestões:
• Ler o livro A Língua de Eulália: novela sociolinguística, escrito por Marcos Bagno,
Editora Contexto, e-book. Esse é um excelente material para conhecer mais a respeito
dos estudos sociolinguísticos, apresentados aqui de forma romanceada. Esse livro está
disponível na Biblioteca Virtual da Universidade, acessível por meio do link: http://sites.
cruzeirodosulvirtual.com.br/biblioteca. Depois de acessar o sistema com seu login, clique
em “E-books da Pearson (em português)”.
• Acessar os seguintes links para aprofundar-se nos estudos nas áreas da Geolinguística e
da Etnolinguística.
http://www.faccar.com.br/desletras/hist/2007_g/textos/18.htm : Designações para “cabra-
cega: um estudo geolinguístico.
http://www.usp.br/revistausp/56/21-vicentina.pdf: Aspectos de Etnolinguística – a
toponímia carioca e paulista – contrastes e confrontos.
Lembre-se de fazer anotações a respeito de suas leituras, para que possa sempre consultá-las,
sem precisar retomar o texto integralmente.
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Unidade: A linguística e outras ciências
Referências
BORBA, F.S. Introdução aos Estudos Lingüísticos. 12 ed. Campinas: Pontes, 1998.
CAMACHO, R.G. Sociolingüística: Parte II. In. MUSSALIM, F. BENTES, A.C. Introdução à
Lingüística: domínios e fronteiras. 3 ed. São Paulo: Cortez, 2003. v.1. p.49-75.
DIAS, L. S.; Gomes, M. L.C. Estudos Linguísticos: dos problemas estruturais aos novos
campos de pesquisa. 1ª ed., Curitiba: Editora IBPEX, 2008. ebook
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Anotações
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www.cruzeirodosulvirtual.com.br
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