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Ano IX                                                                                                       Sáb, 18 de Junho de 2016                                                                                                      Numero 227

Diplomacia de sonâmbulos
ESC R I T O  POR   OLAVO  D E  C ARVALH O  |  31  M AI O  2010 
ART I GOS  ­  R ELI GI ÃO

O elemento durável e decisivo na História são as religiões: o Estado, a
Navegação nação e, no fim das contas, tudo o que hoje se denomina "política" são
Aborto apenas a espuma na superfície de uma corrente que se constitui, em
essência, da história das religiões.
Ambientalismo

Ciência Pergunto­me se alguém, no nosso governo, tem alguma compreensão do
pano­de­fundo religioso, místico e esotérico das manobras do presidente
Conservadorismo
iraniano Mahmud Ahmadinejad. A resposta é evidentemente "Não". A
Cultura simples idéia de que em política a religião possa ser algo mais que um
Desarmamento adorno ­­ ou disfarce ­­ publicitário é absolutamente inalcançável para os
brucutus do Palácio do Planalto e para os galináceos engomados do Itamaraty. Toda vez que essa gente toma
Desinformação
decisões em assuntos que pairam infinitamente acima de seus neurônios e arrastam o povo na direção de um destino
Direito que este compreende menos ainda, a liderança intelectual, política, empresarial e militar deste país deveria bater no
peito e, genuflexa, recitar: Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa. O Brasil está se transformando no instrumento
Economia
mais passivo, bocó e inconseqüente de políticas internacionais desastrosas que, nas presentes condições, não
Educação podem sequer ser objeto de um debate público sério por absoluta falta de debatedores informados.
Eleições 2010
A ideologia dominante no mundo moderno apregoa que a sociedade política é uma realidade auto­subsistente,
Entrevistas
dentro da qual, e como parte subordinada da qual, existe um fenômeno chamado "crenças", cujo exercício o Estado,
Globalismo conforme lhe dê na telha, protege ou reprime.

Governo do PT
Essa visão das coisas, hoje tida como dogma do senso comum, é diretamente contraditada pela realidade histórica.
Humor Não existe no universo um só Estado ou nação que não tenha surgido desde dentro das religiões, como capítulo
Internacional fugaz da história dos seus antagonismos internos e externos. O elemento durável e decisivo na História são as
religiões: o Estado, a nação e, no fim das contas, tudo o que hoje se denomina "política" são apenas a espuma na
América Latina
superfície de uma corrente que se constitui, em essência, da história das religiões, tomado o termo num sentido amplo
China que abrange os movimentos ocultistas e esotéricos, incluindo os que se travestem de materialistas e agnósticos (o

Estados Unidos marxismo é o exemplo mais nítido: leiam Marx and Satan, do pastor Richard Wurmbrand, e To Eliminate the Opiate, do

rabino Marvin Antelman, e entenderão do que estou falando). 
Europa

Oriente Médio Obscurecido pela ilusão da "política", o predomínio absoluto do fator religioso na História mostrou uma vez mais sua

força no instante em que o projeto de governo global, muito antes de se traduzir em medidas políticas concretas, teve
Rússia
de se constituir, já desde os anos 50, numa engenhoca espiritual que acabaria por tomar o nome de United Religions
Movimento Revolucionário Initiative (cito uma vez mais Lee Penn, False Dawn: The United Religions Initiative, Globalism and the Quest for a One­
Religião World Religion, leitura obrigatória para quem quer que deseje entender o mundo de hoje).

Terrorismo
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Mas, se as lideranças globalistas estão bem cientes desse fator, ele continua ignorado pela massa dos analistas
políticos, comentaristas de mídia e "formadores de opinião" em geral, apegados, por força da sua formação
universitária, ao mito do "Estado leigo", como se a razão de ser deste último não fosse, precisamente, o advento final
de algo como a United Religions Initiative.
O único lugar do planeta onde a consciência do poder da religião como força modeladora da História está viva não só
entre os intelectuais como até entre a população em geral, é o Islam. Por isso é que milhões e milhões de
muçulmanos têm um senso de participação consciente em planos estratégicos de longuíssima escala ­­ em escala de
séculos ­­ para a instauração do império islâmico mundial. Esse senso, aliado à completa invisibilidade dessa escala
no horizonte histórico estreito dos políticos ocidentais, basta para explicar que o Islam tenha hoje a maior militância
organizada que já se viu no mundo ­ um poder avassalador a cuja marcha triunfante os países mais ricos e
supostamente mais fortes não sabem nem podem oferecer senão uma resistência verbal perfeitamente inútil.
Habituados a raciocinar em termos de poderes estatais, militares, econômicos e burocráticos, os estrategistas do
Ocidente perdem freqüentemente de vista a unidade profunda do projeto islâmico ao longo do tempo, nublada, a seus
olhos, por divergências momentâneas de interesses nacionais que, para eles, constituem a única realidade efetiva. E
nisso refiro­me aos estrategistas das grandes potências, não a seus macaqueadores de segunda mão que hoje

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constituem a "zé­lite" da diplomacia luliana. Estes não têm sequer a noção de que exista, para além dos lances do
momento, um projeto islâmico de longo prazo, ao qual servem sem atinar com o sentido daquilo que fazem ou dizem.
Movem­se na cena do mundo como sonâmbulos errando entre sombras, imitando o soneto célebre de Fernando
Pessoa:
| globalismo | governo do PT | história | "Emissário de um rei desconhecido,
holocausto | homeschooling | ideologia | Eu cumpro informes instruções de além,
islamismo | liberalismo | marxismo | media Watch E as bruscas frases que aos meus lábios vêm
| media watch | movimento gay | Soam­me a um outro e anômalo sentido."
movimento revolucionário |
 
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Tags: religião | Ahmadinejad | islamismo | globalismo | história

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