Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
1
AULA 01
TRIBUTOS EM GERAL
TRIBUTOS EM GERAL ............................................................................................................................. 5
CONCEITO DE TRIBUTO DESTRINCHADO .................................................................................................. 5
Prestação pecuniária, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir ............................................... 6
Prestação compulsória ....................................................................................................................... 10
Que não constitua sanção de ato ilícito ............................................................................................. 11
Instituída em lei .................................................................................................................................. 12
Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada ................................................. 14
TEORIA PENTAPARTIDA E DEFINIÇÃO DA NATUREZA JURÍDICA DO TRIBUTO ....................................... 26
CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS .............................................................................................................. 16
Quanto à competência ....................................................................................................................... 17
Quanto à finalidade: tributos fiscais, extrafiscais e parafiscais.......................................................... 19
Quanto à atuação do Estado e quanto ao destino da arrecadação: vinculação (ou não) dos tributos
e vinculação (ou não) da arrecadação dos tributos ........................................................................... 20
Quanto ao repasse do ônus financeiro: diretos e indiretos ................................................................ 23
Quanto à hipótese de incidência: reais e pessoais ............................................................................. 25
ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS ........................................................................................................................... 28
Empréstimos compulsórios ................................................................................................................. 28
Contribuições de melhoria .................................................................................................................. 33
Taxas................................................................................................................................................... 39
Impostos ............................................................................................................................................. 53
2
Página
E aí, meus amigos do RevisãoPGE, tudo certo?
Além das aulas em PDF, trarei também conteúdo em vídeo aula. Atenção: o
conteúdo do vídeo é completo também, então, em alguns momentos, a abordagem será
realmente redundante! É nosso objetivo! Em cada tema, você assistirá aula em vídeo,
lerá conteúdo em PDF e reforçará ainda com a leitura da lei seca correspondente. Se
houvesse uma fórmula para aprovação, eu diria que seria essa!
Para finalizar, você sabe que nossa plataforma tem um fórum tira dúvidas? Se
tiver qualquer sugestão, dúvida, reclamação, apontamento, fale lá comigo! Eu mesmo
responderei! Meus canais de comunicação também estão abertos pelo meu perfil do
Instagram @leovieso, pelo perfil do @revisaopge e pelo e-mail
“leonardo@revisaopge.com.br”!
Aproveite curso e saiba que foi feito com muito carinho. Espero contribuir para
a realização de seu sonho.
Saiba que nosso objetivo é sempre oferecer o melhor produto possível e que
realmente faça a diferença na sua caminhada rumo à aprovação. Mas, para que nós
consigamos atingir essa meta, sua ajuda é imprescindível.
Então, sempre que algum amigo ou conhecido falar “será que você passa para
mim aquele material do RevisãoPGE que você tem?”, lembre desta nossa conversa.
Mais: lembre que o Preparação Total (assim como todos os nossos produtos) são
tutelados pela legislação civil (como a Lei 9.610/98 e o Código Civil) e pela legislação
penal (especialmente pelo art. 184 do Código Penal).
Para que não reste dúvida: este curso se destina ao uso exclusivo do aluno que
o adquirir em nosso site, e sua aquisição não autoriza sua reprodução. Ok?
Sabemos que falar isso parece pouco amigável, mas só estamos tendo este “papo
reto” porque queremos de você justamente um ato de amizade: não participar, de
forma alguma, da pirataria deste curso. Se isso acontecer, o fornecimento das aulas a
você será interrompido e nenhum valor pago será restituído, sem prejuízo,
evidentemente, de toda a responsabilização cabível nos âmbitos civil e penal.
Bem, o recado era esse. Agora podemos voltar às boas e meter a cara nos livros!
Ops... nos PDFs!
Bons estudos!
4
Página
Vamos começar o estudo do Direito Tributário. Esta aula foi preparada,
basicamente, com auxílio dos livros do Leandro Paulsen, do Ricardo Alexandre e do
Eduardo Sabbag. Indico para vocês estudarem, caso queiram complementar, o livro do
Ricardo Alexandre, que, na minha opinião, é o melhor livro para concursos –
comparando todas as matérias – em razão de ser o mais objetivo, sucinto e didático.
Sempre iniciarei nossas aulas com algumas orientações para você ter um melhor
aproveitamento do conteúdo. O tema de hoje – fique atento(a) – DISPENSA o estudo
por qualquer outro material. Você não precisará, em relação ao conteúdo desta aula,
estudar nada além dela mesma, que somente precisa ser complementada com a
atualização jurisprudencial (informativos) correlata, releitura da legislação tratada ao
longo do PDF e, se curtir vídeo aula, minhas aulas que estão na sua área do aluno.
TRIBUTOS EM GERAL
1
Paulsen, Leandro. Curso de direito tributário completo – 8.ed. – São Paulo: Saraiva, 2017.
Esse é um bom conceito doutrinário, que vai te ajudar a entender, inclusive,
algumas situações relativas à classificação dos tributos, como a caracterização dos
empréstimos compulsórios (restituíveis que são) como uma espécie tributária.
Tributo exige prestação pecuniária. Isso significa que não se pode pagar um
tributo com uma prestação in natura ou in labore: o particular não pode pagar IPTU
promovendo o calçamento das ruas da cidade ou laborando gratuitamente em uma
instituição de ensino municipal.
Uma conclusão diverge da outra, né? Por que dação em pagamento de bem
móvel ofende a regra de licitação, mas a dação em pagamento de imóveis (cujo
procedimento licitatório é mais rígido até) não? Minha dica para ti é a seguinte: pegue
todas as conclusões, entenda-as e leve-as consigo na sequência que coloquei. Em provas
objetivas, isso não deve ser cobrado sem uma blindagem no enunciado e em subjetivas
e orais ficará lindo falar sobre todos esses pontos!
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 146. Cabe à lei complementar:
I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria
tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios;
II - regular as limitações constitucionais ao poder de
tributar;
8
Página
Você não leu esse quadro inteiro? Se não leu, leia! No nosso curso, sempre que
coloco as citações de letra de lei, é uma oportunidade para que você faça isso de forma
concentrada e atenta. É um momento para você se familiarizar com os dispositivos,
decorá-los, enfim, fazer o que for preciso para converter isso em acertos em prova.
Muitas vezes nós separamos tanto o nosso tempo de estudo que o fazemos de forma
absoluta: “nesse momento estou estudando ‘doutrina’, então não leio lei seca; lei seca
estudarei mais tarde, segundo meu horário de estudo”. NÃO FAÇA ISSO! Ao menos aqui
no meu material, faço esse pedido, leia todos os quadros com atenção...eu sempre
retiro o que não importa e deixo as partes realmente relevantes. Faça isso e tudo fluirá
melhor nos seus estudos!
Confie em mim! =)
Prestação compulsória
Isso até dispensa maiores comentários: tributo é prestação compulsória porque
é submetido ao regime jurídico de direito público, porque representa o poder de império
10
do Estado, porque representa a forma em que a sociedade financia o Estado para que o
Página
O tributo não pode representar sanção por ato ilícito, até mesmo porque, para
isso, existe a multa. E essa ressalva existe no conceito de tributo justamente para
diferenciar o tributo da multa.
Para provas, uma dica para quando for perguntado o conceito de MULTA: utilizar
o art. 3º do CTN, que conceitua tributo, e, a partir dele, conceituar multa. Assim, multa
é prestação pecuniária, compulsória, diversa de tributo, instituída por lei (art. 97, V, do
CTN) e cobrada por lançamento (art. 142, caput, do CTN).
Instituída em lei
12
Página
Tributo somente pode ser criado por lei (ordinária ou complementar) ou ato
normativo correlato.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da
República poderá adotar medidas provisórias, com força de
lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso
Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32,
de 2001)
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre
matéria: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de
2001)
I – relativa a: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32,
de 2001)
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos
políticos e direito eleitoral; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)
b) direito penal, processual penal e processual civil;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público,
a carreira e a garantia de seus membros; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento
e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto
no art. 167, § 3º; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
32, de 2001)
13
O ponto mais importante aqui é esse: cabe medida provisória para instituir
tributo. Isso é o que pode cair na sua prova! Falaremos mais sobre esse assunto quando
tratarmos dos princípios tributários, especificamente no que tange ao princípio da
legalidade.
Antes de estudarmos os tributos em si, veremos como eles são classificados pela
doutrina. Isso é muito importante, pois cai em prova e também te ajudará a entender
as características de cada tributo. Com isso, você conseguirá compreender melhor a
parte mais importante dessa aula, que são as distinções e problemas advindos das
espécies tributárias, sua aplicação pelo Fisco e as decisões proferidas pelos tribunais
superiores.
Vou te dar dois exemplos para animar essa parte da aula, que até agora está
bastante conceitual.
SÚMULA VINCULANTE Nº 41
O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado
mediante taxa.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Página
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá
instituir empréstimos compulsórios:
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de
calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência;
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de
relevante interesse nacional, observado o disposto no art.
150, III, "b".
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de
empréstimo compulsório será vinculada à despesa que
fundamentou sua instituição.
Quanto à competência
Quanto a competência para instituição dos tributos, eles podem ser:
a) federais;
b) estaduais;
c) municipais;
d) distritais.
17
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Página
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios poderão instituir os seguintes tributos:
I - impostos;
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela
utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos
específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos
a sua disposição;
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
Vamos, agora, a uma pergunta maravilhosa de prova oral: assim como o DF, a
União pode ter competência cumulativa e cobrar tributos estaduais e municipais?
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Página
Art. 147. Competem à União, em Território Federal, os
impostos estaduais e, se o Território não for dividido em
Municípios, cumulativamente, os impostos municipais; ao
Distrito Federal cabem os impostos municipais.
caracteriza-se como extrafiscal, pois de certo modo serve para regular a economia,
promovendo seu aquecimento ou resfriamento. São exemplos o IPI, IOF, II e IE. Esses
quatro impostos servem, respectivamente, para fomentar a indústria, as operações
financeiras, as importações e as exportações. É por isso, inclusive, que não estão
submetidos ao princípio da legalidade, como veremos adiante, afinal, para que exerçam
seu papel de extrafiscalidade, precisam ser instrumento de formação menos rígida do
Poder Executivo, para que se adaptem às mais diversas situações pontuais que podem
surgir na economia.
A finalidade parafiscal acontece nas situações em que a lei define sujeito ativo
diverso da pessoa que a expediu, atribuindo-lhe a disponibilidade dos recursos
arrecadados para o implemento de seus objetivos. Como exemplo, podem ser citadas
as contribuições previdenciárias que, antes da criação da Secretaria da Receita
Previdenciária, eram cobradas pelo INSS (autarquia federal), que passava a ter, também,
a disponibilidade dos recursos auferidos. Tem-se aí a finalidade parafiscal da tributação.
Vamos entender melhor, para nunca mais errar nem confundir as classificações?
Assim como não dependem de qualquer atuação do Estado para que sejam
cobrados, os impostos têm outra característica que vai no mesmo sentido: a sua
arrecadação não pode ser vinculada a nenhuma atividade específica, devendo servir de
uma forma geral às necessidades sociais. No caso dos impostos, a situação é mais
marcante que nos demais tributos de arrecadação não vinculada, pois há impeditivo
constitucional:
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 167. São vedados:
(...)
IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou
despesa, ressalvadas a repartição do produto da
arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e
159, a destinação de recursos para as ações e serviços
públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do
ensino e para realização de atividades da administração
tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts.
198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às
operações de crédito por antecipação de receita, previstas
no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003)
22
Há uma taxa que sempre será de arrecadação vinculada por expressa disposição
Página
constitucional:
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os
Estados criarão:
(...)
§ 2º As custas e emolumentos serão destinados
exclusivamente ao custeio dos serviços afetos às
atividades específicas da Justiça. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
JURISPRUDÊNCIA
As custas, a taxa judiciária e os emolumentos constituem espécie tributária, são
taxas, segundo a jurisprudência iterativa do STF. (...) Impossibilidade da destinação
do produto da arrecadação, ou de parte deste, a instituições privadas, entidades de
classe e Caixa de Assistência dos Advogados. Permiti-lo importaria ofensa ao
princípio da igualdade. Precedentes do STF. [ADI 1.145, rel. min. Carlos Velloso, j. 3-
10-2002, P, DJ de 8-11-2002.] Vide MS 28.141, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 10-
2-2011, P, DJE de 1º-7-2011 Vide RE 233.843, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 1º-12-2009,
2ª T, DJE de 18-12-2009.
São diretos os tributos que não permitem tal translação, de forma que a pessoa
definida em lei como sujeito passivo é a mesma que sofre o impacto econômico-
financeiro do tributo. Ao contrário, são indiretos os tributos que permitem translação
23
JURISPRUDÊNCIA
TRIBUTÁRIO. ADICIONAL DE IMPOSTO DE RENDA. ART. 166, DO CTN. REPETIÇÃO DE
INDÉBITO. JUROS DE MORA. CORREÇÃO MONETÁRIA.
1- A PROVA DE AUSÊNCIA DA TRANSLAÇÃO COGITADA NO ART. 166 DO CTN SÓ SE
RELACIONA COM TRIBUTOS QUE COMPORTAM A INCORPORAÇÃO DIRETA AO PREÇO,
O QUE NÃO É O CASO DO ADICIONAL DE IMPOSTO DE RENDA JULGADO
INCONSTITUCIONAL PELO COLENDO STF.
2- NEM TODOS OS TRIBUTOS, POR SUA PRÓPRIA NATUREZA, COMPORTAM
TRANSFERÊNCIA DO RESPECTIVO ENCARGO FINANCEIRO.
3- A IDENTIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS QUE NÃO COMPORTAM TRANSFERÊNCIA DO
RESPECTIVO ENCARGO FINANCEIRO DAR-SE-Á COM BASE EM CRITÉRIOS
NORMATIVOS HAURIDOS DO ORDENAMENTO POSTO E NÃO EM RAZÕES DE
CIÊNCIA ECONÔMICA.
4- A TRANSFERÊNCIA A QUE SE REFERE O ART. 166 DO CTN É A TRANSFERÊNCIA
24
Página
2
Alexandre, Ricardo. Direito tributário - 11. ed. Ver. atual. e amp1. – Salvador: Ed. JusPodivm, 2017.
JURÍDICA DO ENCARGO FINANCEIRO POR AGREGAÇÃO A RELAÇÃO SUBJACENTE DE
NATUREZA CIVIL, COMERCIAL OU SEMELHANTE, VINCULANDO AS PARTES
(TRANSFERIDOR E DESTINATÁRIO DA TRANSFERÊNCIA).
(...)
6- COMPORTAM TRANSFERÊNCIA: 6.1 TRIBUTOS CUJO FATO GERADOR ENVOLVE
UMA DUALIDADE DE SUJEITOS, OU SEJA, O FATO GERADOR É UMA OPERAÇÃO, E
6.2 CUJO CONTRIBUINTE É PESSOA QUE IMPULSIONA O CICLO ECONÔMICO
PODENDO TRANSFERIR O ENCARGO PARA O OUTRO PARTÍCIPE DO MESMO FATO
GERADOR. (MARCO AURELIO GRECO, IN "REPETIÇÃO DE INDEBITO TRIBUTARIO - O
IOF OPERAÇÕES DE CAMBIO OU IMPORTAÇÃO DE BENS", CITADO POR LINDEMBERG
DA MOTA SILVEIRA, PG. 77, CADERNO DE PESQUISAS TRIBUTARIAS, VOL. 8, EDITORA
RESENHA TRIBUTARIA).
(...)
(REsp 118.488/RS, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em
04/09/1997, DJ 06/10/1997, p. 49888)
Fica ligado(a), então, que numa prova a banca pode ser maldosa e pedir a teoria
adotada pelo CTN. Se isso acontecer, você já sabe: o CTN adotou a teoria tripartida, mas
o STF adota a teoria pentapartida, por fazer uma análise constitucional da matéria. Isso
é interessante até como uma perguntinha de prova oral. “E cai esse tipo de coisa fácil
em prova oral, Leo?” Cai sim, e muito! Muitas vezes, em provas orais, são cobrados
vários conceitinhos básicos e coisas simples que nós achamos que sabemos, mas, na
hora “H”, nem sempre conseguimos reproduzir em palavras com fluidez e segurança.
3
Paulsen, Leandro. Curso de direito tributário completo – 8.ed. – São Paulo: Saraiva, 2017.
Atenção! O inciso II, do art. 4º, do CTN, não foi recepcionado pela CF/88. Com
a incorporação formal das contribuições especiais e empréstimos compulsórios ao
Sistema Tributário Nacional e o entendimento já pacificado de que assumiram natureza
tributária, o dispositivo está superado. Embora sirva para os impostos, taxas e
contribuições de melhoria, não se presta à identificação das contribuições especiais e
dos empréstimos compulsórios, que de fato são identificados a partir da sua finalidade,
como veremos quando do estudo desses tributos ainda nesta aula.
ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS
Empréstimos compulsórios
Galera, seguinte: você não pode errar nenhuma questão que trate de
empréstimo compulsório. Eu sempre errava, só porque eu era abestalhado. Não seja!
Sabe qual o macete? Leitura da CF. Como tem pouco assunto em jurisprudência, já que
todo mundo só estuda o tributo porque está na CF, mas ninguém nunca viu na prática,
ele fica fácil. Na maioria dos casos, cobrar-se-á letra da lei.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
28
Página
4
Alexandre, Ricardo. Direito tributário - 11. ed. Ver. atual. e amp1. – Salvador: Ed. JusPodivm, 2017.
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá
instituir empréstimos compulsórios:
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de
calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência;
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de
relevante interesse nacional, observado o disposto no art.
150, III, "b".
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de
empréstimo compulsório será vinculada à despesa que
fundamentou sua instituição.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da
República poderá adotar medidas provisórias, com força de
lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso
Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32,
de 2001)
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre
matéria: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de
2001)
29
(...)
Página
III – reservada a lei complementar; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)
ATENÇÃO: O ART. 15, III, DO CTN NÃO FOI RECEPCIONADO PELA CF/88, POIS
NÃO SE ADEQUA À DEFINIÇÃO DO ART. 148 DA CF.
por força do princípio explícito do art. 110 do CTN, seja porque a identidade do objeto
Página
CUIDADO! Não quer dizer que os outros tributos não possam ser restituídos (por
exemplo, um imposto pago indevidamente pode ser restituído), mas o empréstimo
compulsório já nasce com a cláusula de restituição (a União cobra o tributo, mas já
sabendo que irá restituí-lo).
Os dois incisos do art. 148 da CF não hospedam “fatos geradores”, mas simples
pressupostos fáticos (situações deflagrantes):
Quanto à guerra externa (iminente ou eclodida), veja que tal contexto pode
ensejar dois tributos no Brasil: o empréstimo compulsório e o imposto extraordinário
(art. 154, II, da CF).
lei que cria ou aumenta o tributo para 90 após a publicação da referida lei). A
anterioridade tributária, portanto, confere segurança jurídica, impede a tributação de
surpresa.
JURISPRUDÊNCIA
O depósito judicial, sendo uma faculdade do contribuinte a ser exercida ou não,
dependendo de sua vontade, não tem característica de empréstimo compulsório nem
índole confiscatória (CF, art. 150, IV), pois o mesmo valor corrigido monetariamente
lhe será restituído se vencedor na ação, rendendo juros com taxa de melhor
aproveitamento do que à época anterior à vigência da norma. [ADI 2.214 MC, rel. min.
32
Maurício Corrêa, j. 6-2-2002, P, DJ de 19-4-2002.] = ADI 1.933, rel. min. Eros Grau, j.
Página
Pronto! Agora você não pode mais errar nenhuma questão sobre empréstimo
compulsório. Estamos combinados?
Contribuições de melhoria
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios poderão instituir os seguintes tributos:
(...)
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
Se o tributo somente pode ser cobrado em razão de obra pública da qual decorra
valorização imobiliária, não pode ser cobrado antes da obra pública, para financiá-la.
Isso porque a valorização somente poderá ser aferida após a finalização da obra pública.
Ricardo Alexandre diz que, excepcionalmente, porém, o tributo poderá ser cobrado
em face de realização de parte da obra, desde que a parcela realizada tenha
inequivocamente resultado em valorização dos imóveis localizados na área de
influência.
JURISPRUDÊNCIA
Sem valorização imobiliária, decorrente de obra pública, não há contribuição de
melhoria, porque a hipótese de incidência desta é a valorização e a sua base é a
diferença entre dois momentos: o anterior e o posterior à obra pública, vale dizer, o
quantum da valorização imobiliária. [RE 114.069, rel. min. Carlos Velloso, j. 15-4-1994,
2ª T, DJ de 30-9-1994.]
Esta Corte consolidou o entendimento no sentido de que a contribuição de melhoria
incide sobre o quantum da valorização imobiliária. [AI 694.836 AgR, rel. min. Ellen
Gracie, j. 24-11-2009, 2ª T, DJE de 18-12-2009.]
JURISPRUDÊNCIA
TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL - AGRAVO REGIMENTAL - CONTRIBUIÇÃO DE
35
Página
5
Alexandre, Ricardo. Direito tributário - 11. ed. Ver. atual. e amp1. – Salvador: Ed. JusPodivm, 2017.
MELHORIA - BASE DE CÁLCULO - VALORIZAÇÃO PRESUMIDA DO IMÓVEL -
PRESUNÇÃO JURIS TANTUM A CARGO DO PARTICULAR - CONFRONTO ENTRE LEI
FEDERAL E LEI LOCAL - ANÁLISE - IMPOSSIBILIDADE - SÚMULA 280/STF.
(...)
2. Com efeito, a valorização presumida do imóvel, diante da ocorrência da obra
pública, é estipulada pelo Poder Público competente quando efetua o lançamento
da contribuição de melhoria, podendo o contribuinte discordar desse valor
presumido. 3. A valorização presumida do imóvel não é o fato gerador da
contribuição de melhoria mas, tão-somente, o critério de quantificação do tributo
(base de cálculo), que pode ser elidido pela prova em sentido contrário da
apresentada pelo contribuinte. (...) Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp
613.244/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em
20/05/2008, DJe 02/06/2008)
Vejamos, agora, quem paga esse tributo. É óbvio que é o proprietário do bem
imóvel que receber os efeitos da valorização imobiliária. É a chamada zona de influência.
Detalhe quanto à chamada zona de influência (ou área de benefício): obra feita
na zona norte de Recife não pode gerar o tributo para o proprietário de bem imóvel da
36
FICA LIGADO(A): Se eu fosse apostar num tema que o CESPE cobrará em 2019,
acerca das contribuições de melhoria, apostaria nesse julgado acima mencionado. Vai
ser lindo e só aluno RevisãoPGE acertará! =)
imobiliária causada pela realização de uma obra pública, cabendo ao ente público o
ônus da sua comprovação, a fim de justificar o tributo estipulado. (AgRg no AREsp
417.697/PR, Rel. Min. Eliana Calmon, DJe 18/12/2013; REsp 1.326.502/RS, Rel. Min. Ari
Pargendler, DJe 25/04/2013; AgRg no REsp 1.304.925/RS, Rel. Min. Napoleão Nunes
Maia Filho, DJe 20/04/2012; AgRg no Ag 1.237.654/SP, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima,
DJe 13/10/2011; AgRg no Ag 1.159.433/RS, deste Relator, DJe 05/11/2010.)
Agora fechamos! Curtiu? Vamos seguir que tem mais matéria por hoje! Se está
cansado(a), continua assim mesmo, rapaz. Toda vez que você pensar em desistir o seu
concorrente verá nisso a chance dele de progredir! Força!
Taxas
Esse é o tema mais importante desta aula e o mais cobrado hodiernamente em
concursos públicos, especialmente em provas objetivas. A “confusão” será resolvida
39
sempre com alguns conceitos básicos da taxa e característica de sua base de cálculo. A
Página
grande quantidade de julgados envolvendo o tema é que faz com que haja cobrança
constante em provas. Sabendo o macete desde a base, por mais que eventualmente
você não conheça a jurisprudência específica cobrada, você acertará as questões. Então,
fique atento(a)!
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios poderão instituir os seguintes tributos:
I - impostos;
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela
utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos
específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou
postos a sua disposição;
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
(...)
§ 2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de
impostos.
Como se extrai do dispositivo legal acima cotejado, existem dois tipos de taxas
no Brasil: as taxas de polícia (ou de fiscalização), decorrentes do exercício do poder de
polícia do Estado, e as taxas de serviço (ou de utilização), decorrentes da prestação
(efetiva ou potencial) de serviço público específico e divisível.
40
Antes de tratar das duas espécies de taxas, vamos estudar um aspecto comum
de ambas, que é a definição da base de cálculo. Isso tem gerado muitos julgados
importantes, recentes e que têm sido cobrados em prova.
Pode ser criada uma taxa com a mesma base de cálculo do IPTU, ou seja, valor
venal do bem imóvel? NÃO. A base de cálculo do imposto é o valor do bem, enquanto a
base de cálculo da taxa é o custo da ação estatal (serviço público ou poder de polícia).
Desse modo, não podemos ter uma taxa com base de cálculo de imposto (art. 145, § 2º,
CF). É inconstitucional, portanto, uma taxa de coleta de lixo que traga como base de
cálculo o valor venal do bem imóvel (base de cálculo do IPTU). Nesse caso, a taxa é
inconstitucional, não por decorrer da coleta de lixo (pois isso é possível), mas sim por
ter base de cálculo de imposto.
SÚMULA VINCULANTE Nº 29
É constitucional a adoção, no cálculo do valor da taxa, de
um ou mais elementos da base de cálculo própria de
determinado imposto, desde que não haja identidade entre
uma base e outra.
Isso significa que a taxa de coleta de lixo pode ter como base de cálculo, por
exemplo, a área do imóvel ou sua metragem. Isso porque, apesar de isso ser um dos
42
elementos da base de cálculo do IPTU, não há integral identidade entre uma e outra.
Ademais, o tamanho do imóvel guarda relação direta com o custo da atividade estatal
Página
de fiscalização, pois é indubitável que imóveis maiores tem maior capacidade de
produção de lixo, sendo razoável que a metragem do imóvel influencie na base de
cálculo de tais taxas.
Disso já pulamos para outro ponto importantíssimo das taxas, que é o fato de
deverem guardar relação com o custo da atividade estatal exercida. Isso, aliás, é mais
um reflexo da caracterização do tributo como retributivo ou que goza de referibilidade.
Sobre isso, há três importantes e recentes julgados do STF que você precisa
conhecer:
JURISPRUDÊNCIA
Taxa de Licença para Localização, Funcionamento e Instalação. Base de cálculo.
Número de empregados. Dado insuficiente para aferir o efetivo poder de polícia. Art.
6º da Lei 9.670/1983. Inconstitucionalidade. Jurisprudência pacífica da Corte. A taxa
é um tributo contraprestacional (vinculado) usado na remuneração de uma atividade
específica, seja serviço ou exercício do poder de polícia e, por isso, não se atém a
signos presuntivos de riqueza. As taxas comprometem-se tão somente com o custo
do serviço específico e divisível que as motiva, ou com a atividade de polícia
desenvolvida. A base de cálculo proposta no art. 6º da Lei 9.670/1983 atinente à taxa
de polícia se desvincula do maior ou menor trabalho ou atividade que o poder público
se vê obrigado a desempenhar em decorrência da força econômica do contribuinte.
O que se leva em conta, pois, não é a efetiva atividade do poder público, mas,
43
Taxa de Polícia
44
Por essa razão, sempre se concluiu que a cobrança da taxa de polícia exigia que
houvesse alguma atividade in loco, efetiva e concreta no estabelecimento ou atividade
do contribuinte. Mas, atenção, isso está superado!
Hoje, admite-se a tributação por taxa de polícia mesmo que não haja a efetiva
fiscalização in loco pelo Poder Público. A existência de órgão administrativo
estruturado e competente para exercício da fiscalização já permite a cobrança da taxa,
por mais que não tenha havido específica atuação em relação àquele contribuinte.
Esse entendimento tem sido adotado pelo STF nos últimos anos e parece ser pacífico na
Suprema Corte:
E em que situação uma taxa dessa seria inconstitucional? Basta pensar numa
hipótese em que o fato gerador da taxa fosse a mera transposição dos limites do
46
município (ou do Estado), ou seja, o fato gerador seria a intermunicipalidade, o que não
Página
se admite, por ferir frontalmente a Constituição, mais precisamente, o princípio da
liberdade ao tráfego de pessoas e bens.
Taxa de Serviço
Somente os serviços públicos específicos e divisíveis é que podem ser tributados
por meio de taxas. Isso significa que o serviço público não pode ser prestado de forma
generalizada, a grupo indistinto de particulares beneficiários, como acontece, por
exemplo, com os serviços de segurança e iluminação pública. São serviços prestados uti
singuli.
Sabendo esses conceitos, você não erra mais nada sobre taxas de serviço.
Para os serviços públicos que não preenchem tais atributos, são pagos impostos.
O serviço público geral, universal ou uti universi não poderá ensejar taxa, pois é aquele
prestado indistintamente à sociedade.
Segurança pública: não pode haver taxa de segurança pública no Brasil (o Estado
do Pará já criou). É curioso notar que alguns Estados brasileiros tenham conseguido
47
JURISPRUDÊNCIA
Em face do art. 144, caput, V e § 5º, da Constituição, sendo a segurança pública, dever
do Estado e direito de todos, exercida para a preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do patrimônio, através, entre outras, da polícia militar,
essa atividade do Estado só pode ser sustentada pelos impostos, e não por taxa, se
for solicitada por particular para a sua segurança ou para a de terceiros, a título
preventivo, ainda quando essa necessidade decorra de evento aberto ao público.
(...) [ADI 1.942 MC, rel. min. Moreira Alves, j. 5-5-1999, P, DJ de 22-10-1999.] = RE
536.639 AgR, rel. min. Cezar Peluso, j. 7-8-2012, 2ª T, DJE de 29-8-2012
SÚMULA VINCULANTE Nº 19
A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços
públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de
lixo ou resíduos provenientes de imóveis não viola o artigo
48
SÚMULA VINCULANTE Nº 41
O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado
mediante taxa.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão
instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o
custeio do serviço de iluminação pública, observado o
disposto no art. 150, I e III. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 39, de 2002)
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a
que se refere o caput, na fatura de consumo de energia
elétrica.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 39, de
2002)
JURISPRUDÊNCIA
49
O STF, nesse caso, julgou lei municipal de São Paulo e é possível extrair duas
conclusões importantes:
COBRANÇA. SERVIÇO.
Página
Impostos
Nos termos do art. 16 do CTN, o imposto é um tributo não vinculado à atividade
estatal:
53
Página
............................................................................................................................................
Temos um tema que está “faltando” nessa aula, que são as CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS.
Elas serão vistas na parte especial, junto aos impostos em espécie, pois é um tema bem
específico que comporta estudo apartado e também porque é bem mais cobrado em provas de
Advocacia Pública Federal, sendo pertinente que a gente as veja quando estivermos mais
avançados. As demais espécies tributárias foram vistas nesta aula, que dispensa a leitura de
qualquer outro material doutrinário.
Minha dica de hoje é que vocês leiam, agora, os arts. 145 a 149-A da CF e revisem esta
aula no intervalo máximo de 24 horas, dando especial atenção aos quadros de letra de lei e de
jurisprudência, sem prejuízo, é claro, de nova leitura completa (mais rápida) ou só das partes
grifadas por ti na primeira leitura.
Leonardo Vieira
Página