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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO JUIZ DE FORA


CURSO DE PSICOLOGIA

RAFAELA ALVES FERNANDES SILVA


RENATA GONÇALVES LOURES
EVANILZA GORETE PINTO
ADRIANO POGGIANELLA
MONTSERRAT GASULL SANGLAS

CRÍTICA À NORMA TÉCNICA Nº 11/2019- DGMAD/DAPES/SAS/MS

Juiz de Fora
Março de 2019

CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO JUIZ DE FORA


CURSO DE PSICOLOGIA
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RAFAELA ALVES FERNANDES SILVA


RENATA GONÇALVES LOURES
EVANILZA GORETE PINTO
ADRIANO POGGIANELLA
MONTSERRAT GASULL SANGLAS

CRÍTICA À NORMA TÉCNICA Nº 11/2019- DGMAD/DAPES/SAS/MS

Trabalho apresentado ao Centro Universitário


Estácio Juiz de Fora, como requisito parcial
para a conclusão da disciplina Psicopatologia.
Profa. Me. Taisa de Araújo Serpa

Juiz de Fora
Março de 2019
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Ao fazer uma crítica o autor tem que apresentar conhecimento sobre o que será

criticado e apresentar uma síntese de ideia fundamentais. Portanto iremos iniciar com dados

históricos sobre a reforma psiquiátrica, transcorrendo pela reforma psiquiátrica, lei 10.216 de

2001, princípios do SUS para chegar a nota técnica nº 11/2019.

A história da psiquiatria se inicia de maneira negativa, pois assim como o Brasil vários

países tinham a igreja como possuidora de todos os saberes, um deles seria que a loucura era

possessão demoníaca, o que levou várias pessoas a óbito devido exorcismos praticados

naquela época. Mas também foram as igrejas que deram inícios aos projetos das Santas Casas

de Misericórdia, onde pessoas que não podiam pagar os custos de atendimentos de saúde

procuravam por ajuda de alguma forma.

Michael Foucault, um filosofo do século XX, chamou de “A grande internação” um

período onde se internavas pessoas sem motivos aparente de alguma patologia, essa

internação era realizada de forma compulsória, apenas para a retirada de pessoas indesejadas

socialmente.

Pinel, considerado o Pai da Psiquiatria, trabalhava em um hospital e via que havia

pacientes ali que não eram portadores de nenhuma patologia descrita naquela época, mas, por

outro lado, havia pessoas que viviam amarradas e acorrentadas e ninguém conseguia

identificar qual era aquela patologia; iniciou-se, então, um processo de catalogação.

Foi então que Pinel teve a ideia de realocar esses pacientes, que estavam presos de

alguma forma, para que pudessem de fatos serem cuidados e estudados, criando assim o

primeiro hospital psiquiátrico da história. Os médicos que cuidavam desses pacientes eram

chamados na época de Alienistas, e acreditavam que o melhor tratamento que esses

indivíduos pudessem receber seria o isolamento e a redução de sintomas. Com o decorrer do

tempo introduziram outros tipos de tratamentos como a indução a convulsão, a lobotomia e já


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na década de 40 os primeiros remédios sintéticos, como a Carbamazepina e o Haloperidol, o

que potencializou o início da reforma psiquiátrica.

Com o final da 2º grande guerra mundial, conhecida como o conflito mais letal da

história da humanidade, deu-se início a um movimento de rompimento manicomial como um

ato de amor aos humanos que eram segregados.

Na Inglaterra, os hospitais propuseram melhoria em suas alas psiquiátricas. A França,

muito influenciada pela psicanálise de Freud, fechou todos seus hospitais e a cada ala fechada,

era criado o que conhecemos hoje como Residência Terapêutica. Este processo no território

francês deu início aos serviços comunitários e ao conceito de territorialização, que é hoje, um

dos princípios básicos do SUS, e a psicologia de setor.

Perante todo o ocorrido até aquele momento, criou-se a primeira versão o DSM na

década de 50 em uma versão bem menor do que a que conhecemos atualmente.

Os Estados Unidos e a Itália tiveram suas reformas na década de 60 e um movimento

italiano chamado movimento anti-psiquiatria ganhou alguns olhares, já Portugal e Brasil

tiveram suas reformas na década de 70. O Brasil foi marcado pela visita de um médico

italiano, chamado Franco Basaglia, que dizia que a ciência não tinha autonomia de escolher

quem podia ou não andar pelas ruas de forma livre. Basaglia acreditava também que a própria

doença e a institucionalização causavam sintomas nos pacientes, que o trabalho era

terapêutico e deu importância a descentralização dos serviços, que é mais um principio básico

do SUS.

Em sua vinda ao Brasil, visitou o Hospital Colônia localizado em Barbacena, Minas

Gerais, no qual ficou tão marcado pelo que viu que comparou aquele lugar a um campo de

concentração nazista e chamou de hipócritas os médicos que discutiam sobre o futuro da

psiquiatria brasileira, pois enquanto eles discutiam em ambientes luxuosos pessoas morriam a
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todo instante e tinham seus corpos comercializados para universidades de medicina em todo o

país.

Já na década de 70, influenciada por mudanças políticas, houve contribuição para o

início de uma reforma psiquiátrica brasileira. O decaimento da ditadura, o início da

redemocratização, a caminhada para a universalização da saúde, a criação de movimentos de

estudantes e de pacientes foram talvez, o marco para o início da criação de leis para a

legislação da saúde mental brasileira.

Um importante acontecimento foi a VIII Conferência Nacional de Saúde (CNS),

realizada no ano de 1986, que contou com a participação de técnicos do setor saúde, de

gestores e da sociedade organizada, propondo um modelo de proteção social com a garantia

do direito à saúde integral. Em seu relatório final, a saúde passa a ser definida como o

resultado, não apenas das condições de alimentação, habitação, educação, trabalho, lazer e

acesso aos serviços de saúde, mas, sobretudo, da forma de organização da produção na

sociedade e das desigualdades nela existentes. O SUS é uma Política de Estado, quer dizer,

que não está associada a um governo específico ou a uma ideologia política, e ficaram

estipulados princípios básicos no qual o SUS é regido:

1 – Universalidade: Todo cidadão brasileiro tem direito à saúde garantida na Constituição.

2 – Integralidade: Cuidado integral ao usuário do SUS

3 – Equidade: Combate à desigualdade. Significa tratar desigualmente os desiguais,

investindo mais onde a carência é maior.

4 – Regionalização e hierarquização: Os serviços devem ser organizados em níveis crescentes

de complexidade, circunscritos a uma determinada área geográfica, planejados a partir de

critérios epidemiológicos, e com definição e conhecimento da população a ser atendida


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5 – Descentralização: Poder distribuídos nas três esferas de governo. (Auxilia o controle

social)

6 – Controle Social: Povo tem direito de participar do SUS. Para isto, existem os Conselhos e

as Conferências de Saúde, que visam formular estratégias, controlar e avaliar a execução da

política de saúde.

O processo de Reforma Psiquiátrica começou a ser pensado nos diversos encontros de

trabalhadores de saúde mental que se realizaram, principalmente, em cidades da região

Sudeste. Eles também realizaram uma auto avaliação sobre o papel que vinha sendo realizado

nessa assistência que era de baixa qualidade, desrespeitosa e segregadora.

Foi entendida a necessidade de lutar pelo resgate da cidadania dos doentes mentais

durante a 1º Conferência Nacional de Saúde Mental, quando foram traçadas estratégias para

processar modificações na legislação psiquiátrica, (onde foram definidos os pontos principais

do novo modelo de assistência em saúde mental) sanitária, trabalhista, civil e penal,

modificações essas que dariam suporte ao novo enfoque de cidadania que se queria constituir.

Embora o movimento dos trabalhadores de saúde mental tenha desenvolvido uma

abrangência crescente, em seu processo sempre contou com adversários poderosos, como os

proprietários dos hospitais psiquiátricos privados que pretendiam continuar tendo

deslumbrantes lucros, bem como entidades médicas conservadoras.

Culturalmente, as famílias haviam sido preparadas para entender que o tratamento do

doente mental só era possível e aceitável no interior dos hospitais psiquiátricos. Além do

mais, os trabalhadores de saúde mental, sem exceção, haviam sido treinados para desenvolver

suas atividades profissionais na área, no interior de asilos ou de hospitais psiquiátricos,

havendo todo tipo de dificuldade de se lançar a desenvolver práticas terapêuticas, acolhedoras

e cidadãs.
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A Declaração de Caracas indicou que fossem implantadas reformas da assistência em

saúde mental em toda a América Latina, baseadas na atenção primária de saúde, dando ênfase

ao atendimento extra-hospitalar e assegurando o respeito aos direitos humanos e civis do

doente mental, que constituem os eixos fundamentais da reforma que já estava em curso no

Brasil.

No Brasil, no campo legislativo foi de fundamental importância o Projeto de Lei Nº

08/91, do Deputado Federal Paulo Delgado, que incorporava as proposições do movimento

dos trabalhadores de saúde mental com o propósito de formalizar a Reforma Psiquiátrica

como lei nacional.

O Referido projeto enfrentou os mais diversos obstáculos, mas causou inúmeras

discussões, e através da imprensa, houve a crescente conscientização da sociedade sobre as

propostas da Reforma Psiquiátrica. Com isso, antes que houvesse regulamentação por lei

nacional, em muitas regiões do país foram promulgadas leis estaduais proibindo a internação

psiquiátrica involuntária, promovendo a criação e ampliação de hospitais psiquiátricos e

definindo a criação de recursos extra hospitalares de atenção em saúde mental.

Só em 2001 é que foi aprovada a Lei n. º 10.216, cujo texto final incorporou outras

proposições, perdeu algo do texto original, mas pode ser considerado que, atribuí ainda assim,

à lei um caráter progressista.

Pode-se dizer então que com essa Lei, a Reforma Psiquiátrica se guia para um novo

modelo assistencial no campo da saúde mental e trata sobre os direitos das pessoas portadoras

de transtornos mentais.

Ressalta-se a necessidade de estar informando aos usuários ou familiares sobre os

direitos, garantindo sempre a informação sobre o tratamento, o direito a médico e ao sigilo das

informações dadas. Lista a procurar um tratamento de forma mais humana, e não


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simplesmente a eliminação dos sintomas do transtorno, tratando os usuários,

preferencialmente, em serviços comunitários e pelos meios menos invasivos.

Para isso ser possível o Estado se compromete a desenvolver uma política de saúde

mental com a participação da sociedade e da família, a qual será ofertada nos

estabelecimentos especializados, deixando as internações somente para casos em que os

recursos extra hospitalares se mostraram insuficientes.

A finalidade de qualquer internação será a reinserção do paciente no seu meio, por isso

será oferecido uma assistência integral, sendo vedada a internação em instituições que não

ofereçam este tipo de assistência.

Também foi previsto o desenvolvimento de uma política específica de alta, planejada e

a reabilitação social para aqueles pacientes de longa internação ou com grave dependência

institucional.

As internações se darão somente mediante laudo médico. No caso das internações

involuntárias elas devem ser comunicadas ao ministério público dentro e 72 horas.

Cabe ressaltar, que ao longo dos dez anos em que o projeto de lei tramitou sem ser

aprovado houve avanços importantes do processo de reforma. São exemplos grandiosos desse

período duas experiências, que representam iniciativas institucionais bem-sucedidas na

formatação de um novo tipo de atenção em saúde mental. São elas: o Centro de Atenção

Psicossocial Luiz Cerqueira da cidade de São Paulo e a intervenção da Casa de Saúde

Anchieta.

Advindo de todo descrito e estudo até aqui, temos bases para fazer críticas, mas

também para fazer elogios que no que foi descrito e publicado pelo Ministério da saúde

através da nota técnica n° 11/2019


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As abordagens usadas, perante a nova norma técnica, dizem que serão baseadas em

evidencias cientificas, porém compactuam para o retorno da eletroconvulsoterapia, na qual

não existe um estudo abrangente sobre seus efeitos nocivos a longo tempo.

Ampliação dos serviços das Residências Terapêuticas, com equipes multidisciplinares,

atendimentos em CAPS 24 horas, 7 dias por semana e feriados, mas compactuam para que

moradores de rua sejam acolhidos e tratados como se fossem portadores de algum tipo de

patologia, o que nem sempre se instala a eles, gerando assim um processo de

institucionalização.

Financiamento de comunidades terapêuticas ligadas a grupos religiosos alegando

redução de riscos sociais, nem todos que apresentam problemas com drogas oferecem risco ao

terceiro e ainda querem que o “desmame” de substancias sejam feitas de forma radical e não

de forma gradual, o que pode potencializar algum efeito negativo oriundo desse desmame

imposto.

Diz que nessa Norma Técnica não perderia a essência da lei nº 10.216, mas alegam a

necessidade de abertura de hospitais psiquiátricos, justificando a falta de leitos para

portadores de transtornos mentais. Mas em hospitais gerais existem leitos, que suportam a

demanda, e nos CAPS também existem leitos.

O valor de leito para um hospital psiquiátrico é de R$82,40 para tipo I, que comporta

até 160 leitos, a justificativa desse aumento é que o serviço é ineficiente. A renda aos

hospitais gerais com leitos psiquiátricos era feita de modo mensal, com as novas diretrizes

será paga por internação.

Criação de novos serviços com equipes multidisciplinares para os mais variados tipos

de atendimentos, como pessoas com TOC, transtornos mentais moderados e etc.


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Valorização de uma rede de atenção aos pacientes, com equipe mínima e revisão de

internação, priorizando casos mais extremos – será que essa revisão de internação na qual

prioriza casos mais extremos não seria caracterizada como falta de equidade e até de

profissionalismo? Pois a equidade diz que é necessário tratar de forma desigual mais haver

igualdade, mas a partir do momento em que uma pessoa da área da saúde não acredita na dor

do paciente como tratá-lo?

Querem se espelhar em Países de primeiro mundo, com uma realidade totalmente

distinta da nossa para justificar tais mudanças na saúde mental brasileira que é um País de

terceiro mundo.

Ideia de que hospitais psiquiátricos não devem mais abrigar moradores, mas querem

que os moradores de rua sejam institucionalizados fazendo assim mais uma limpeza social,

não fazendo assim jus aos direitos humanos que eles repetem tantas vezes que estão em

defesa.

Em relação aos novos componentes da rede de atenção psicossocial: desnecessário por

questões humanitárias, conforme já dito, a abertura de hospitais psiquiátricos e que 20% dos

hospitais gerais tenham leitos voltados à psiquiatria. Mas o ponto positivo e que além dos

serviços de pontos de atenção já existentes passam a contar com ambulatórios e hospitais dia.

Relacionado às definições gerais dos CAPS AD IV: Pontos bastantes positivos, mas

será que apenas um CAPS com uma equipe multidisciplinar da conta de uma população de

500.000, por mais que tenha uma equipe bem montado o atendimento não ficaria defasado

devido a quantidade de pessoas que o território abrange? E apenas uma equipe não daria conta

de atender 24 horas por dia 7 dias por semana, 365 dias por ano. Bem associados aos direitos

trabalhistas que não temos mais ne?


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Unidade de referência especializada em hospitais gerais: para que destinar 20% de

todo hospital para a psiquiatria? Tem outras áreas que demandam muito mais como o trauma,

por exemplo, e são deixados de lado, pois não geram lucro e nem fazem uma limpeza social.

Unidades ambulatoriais especializadas - AMENT: equipes multidisciplinares, só

atende transtornos mentais moderados, mas o nosso parâmetro de moderados não é o mesmo

para outras pessoas, então se inicia aí uma violação do direito humano e princípio do SUS que

seria o direito a cuidado integral e de forma igualitária.

Hospitais psiquiátricos: incentiva sua volta, início de uma limpeza social, internação

de crianças e adolescentes, não é necessário dissertar muito sobre as consequências de ato tão

retrogrado quanto. Sabemos que existem casos em que é necessária uma conduta mais firme,

mas também sabemos que essa conduta mais severa causa danos irreparáveis a longo prazo

para o desenvolvimento desses indivíduos.

Serviço residencial terapêutico: Dividir uma casa, tanto o espaço físico como as

funções que surgem da convivência, com 10 pessoas é um desafio que demanda de recursos

emocionais e habilidades sociais para qualquer um. Fica sem justificativa o motivo pelo qual

se tem que abrigar moradores de rua (de forma bem geral e ampla) em RT’s, pois seria

considerar que todos os moradores de rua são portadores de doenças mentais.

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