Sie sind auf Seite 1von 11

Revisionismo Histórico e o Pós-Moderno:

Indícios de um Encontro Inusitado

Revisionismo Histórico e o Pós-Moderno: Indícios de um Encontro Inusitado

Resumo Este ensaio objetiva elaborar problematizações iniciais acerca


do sentido social e histórico do revisionismo do Holocausto. Apresenta
características do revisionismo histórico como uma tendência historio-
gráfica. Destaca como o revisionismo histórico expressa tendências so-
ciais que extrapolam o ambiente acadêmico europeu e se estende para
eventos além do Holocausto nazista. Por fim, considera o fato de que
os posicionamentos pós-modernos, se levados aos extremos de sua
argumentação, não têm oferecido resistência à disseminação das teses
revisionistas. Em outros termos, busca-se desvelar que, a despeito das Robson Loureiro
posições políticas de autores considerados pós-modernos, há a cumpli- Universidade Federal do Espírito
cidade a contragosto entre suas teses céticas e relativistas e a difusão do Santo (UFES)
robbsonn@uol.com.br
revisionismo do Holocausto. Representam, assim, o enfraquecimento
da memória. Conclui-se que, diante de tal problema, impõe-se a tarefa Sandra Soares Della Fonte
de não apenas denunciar essa cumplicidade, mas também apontar uma Universidade Federal do Espírito
alternativa crítica que ofereça resistência a ambas as perspectivas. Santo (UFES)
Palavras-chave revisionismo, Holocausto, pós-moderno sdellafonte@uol.com.br

Abstract The study calls into question the social and historical sense
of Holocaust revisionism. It points out elements of historical revi-
sionism as a historiographical trend. It highlights how historical re-
visionism expresses social trends that go beyond the European aca-
demic field and spread to events beyond the Nazi Holocaust. Finally, it
considers the fact that the postmodern positions, if taken to extremes,
have not offered resistance to the disseminations of revisionist views.
In other words, we intend to reveal that, despite political views of
postmodernist intellectuals, there is complicity between their skeptical
and relativist arguments and the dissemination of Holocaust revision-
ism. Both of them represent a weakening of memory. We conclude
that, faced with this problem, it is our task not only to denounce this
complicity, but also to point to a critical alternative that offers resis-
tance to both perspectives.
Keywords revisionism, Holocaust, postmodern
cegueira que impede o indivíduo de perceber o

U
Introdução
m rápido panorama sobre o século XX sofrimento no próprio passado. Para os autores,
oferece elementos suficientes para com- a dominação da natureza capta sua força dessa
preender sua dinâmica histórica. Como cegueira e apenas o esquecimento a torna possível.
enfatiza Hobsbawm (1998), a barbárie esteve em É como se a condição transcendental da ciência,
crescimento durante a maior parte do século pas- sob os auspícios de uma sociedade capitalista, re-
sado. Pode-se acrescentar que diversos episódios sidisse na perda da lembrança. Em outros termos,
de horror já maculam o início do século XXI. “Toda reificação é um esquecimento” (ADOR-
Além desses eventos de barbárie, não se pode es- NO; HORKHEIMER, 1985, p. 215). É nesse
quecer a catástrofe estrutural, endógena ao capita- sentido, também, que os autores afirmam que as
lismo, cujo registro é o sofrimento e a exploração trevas da história podem ser visualizadas nos cam-
incessante de seres humanos. pos de concentração engendrados pelos nazistas.
Dentre os episódios de terror do século No texto O que significa elaborar o passado,
XX, o Holocausto, que se abateu sobre os judeus, Adorno desconfia de que, em verdade, pairava
ciganos, pessoas com deficiências, homossexuais, na sociedade alemã logo após o término da Se-
dissidentes políticos, comunistas, socialistas, anar- gunda Guerra Mundial, um desejo de enterrar o
quistas, membros de agremiações religiosas con- passado, “[...] se possível inclusive riscando-o da
trários ao nazismo, foi um dos exemplos cabais memória” (ADORNO, 1995b, p. 29). Ele reco-
de como o esclarecimento científico, atrelado ao nhecia que, naquela época, imperava, na Alema-
poder de um estado deliberadamente nacionalista nha Ocidental, uma disposição geral em negar ou
e extremista de direita, foi usado para promover minimizar o ocorrido, por mais difícil que fosse
um dos genocídios mais bem qualificados e admi- compreender a existência de pessoas que não se
nistrados de que se tem notícia na história. envergonhavam de usar um argumento como o
De acordo com Mezan (1997), sob o regime de que teriam sido assassinados apenas cinco, e
nazista e em especial na Solução Final (Endlösung), não seis milhões de judeus.
o assassinato em escala industrial era um assunto Na visão adorniana, quem protesta contra
técnico discutido entre os experts da área econômi- as trevas que abalaram e abalam a história logo é
ca e da engenharia de produção comandada pelos taxado de obscurantista. Nesse sentido, Adorno
especialistas em administração, pois os “proble- (1995b) considera que a tentativa de destruição do
mas” deviam ser resolvidos de forma racional. passado foi uma tendência histórica e, como conse-
Ao refletir sobre a exacerbada racionalida- quência, implicava o desaparecimento da consci-
de técnico-instrumental, Adorno (1995a) entende ência da continuidade histórica na Alemanha.
que a razão, na sociedade capitalista administrada, Adorno (1995b) observa que a questão
tende a se instrumentalizar; nesse contexto, não se agravou quando, no pós-guerra, os Estados
apenas a ciência positivista, matematizada, mas Unidos impuseram a ojeriza à história, típica da
a técnica também passa a ocupar uma posição consciência pragmática estadunidense. Um em-
de destaque. Para ele, a fonte dessa exacerbação blema crasso dessa situação é exemplificado com
da racionalidade instrumental ocorre porque, de a citação de A história é uma charlatanice, de Henry
forma geral, os indivíduos tendem a considerar a Ford, livro que, segundo Adorno, representaria
ciência e a técnica por si mesmas, como se fossem “[...] a imagem terrível de uma humanidade sem
um fim nelas próprias. Daí porque, nesse processo memória” (ADORNO, 1995b, p. 32). Na acepção
de fetichização da técnica, esquece-se de que ela é adorniana, sem a memória, nenhum conhecimen-
a extensão do braço humano. Esse fenômeno, na to que valha a pena pode ser alcançado, pois a me-
acepção de Adorno (1995a), ilustra como a racio- mória não é uma síntese transcendental, fora do
nalidade sempre se transmuta em irracionalidade tempo, mas é algo que possui uma essência temporal
quando se volta para a destruição do humano. que deve ser encontrada nos gritos das vítimas
O recrudescimento desse processo conduz, da(s) catástrofe(s). Daí que a precondição para
na visão de Adorno e Horkheimer (1985), a uma toda verdade é permitir que o sofrimento se ma-

Impulso, Piracicaba • 20(49), 85-95, jan.-jun. 2010 • ISSN Impresso: 0103-7676 • ISSN Eletrônico: 2236-9767
86
nifeste (TIEDEMANN, 2003). A elaboração do O texto está dividido em três seções. Na pri-
passado consiste na incorporação desse sofrimen- meira parte, apresentamos algumas características
to de modo que ele não se repita; trata-se, portan- do revisionismo histórico como uma tendência
to, de uma incorporação por negação. historiográfica. Na segunda, destacamos como o
Segundo Adorno (1995b), o esquecimen- revisionismo histórico expressa tendências sociais
to de práticas nazifascistas deve ser explicado a que extrapolam o ambiente acadêmico europeu e
partir de uma situação social geral, e não apenas se estende para eventos além do Holocausto na-
por meio de uma psicopatologia do indivíduo. Ele zista. Na terceira seção, buscamos desvelar que, a
entende que a tentativa de matar a memória se- despeito das posições políticas de autores consi-
ria muito mais um resultado de uma consciência derados pós-modernos, há a cumplicidade a con-
alerta do que de sua fraqueza em face da superio- tragosto entre suas teses céticas e relativistas e a
ridade daquilo que não se controla: o inconscien- difusão do revisionismo histórico.
te. Assim, na Alemanha, após a Segunda Guerra
Mundial, o fato de a democracia ou mesmo a efe- Origens do Revisionismo Histórico
tiva elaboração do passado terem se apresentado A delimitação da origem do revisionismo
como insuficientes ou inadequadas foi entendido histórico contém alguns impasses. É comum en-
como um problema relacionado ao tempo neces- contrar a indicação de que o precursor ou mesmo
sário para que ambos se concretizassem. A ideia fundador do revisionismo é o historiador francês,
vigente foi: com o tempo, isso se resolverá. e também um militante de esquerda, Paul Rassi-
A perda da memória, na acepção de Adorno, nier (FAURISSON, 1999; GRINBAUM, 2006).
está diretamente relacionada ao recrudescimento A tentativa de atribuir o berço do revisio-
dos princípios burgueses, à atemporalidade das nismo à esquerda é problemática. É certo que
relações de troca e dos ciclos ritmados e idênticos Rassinier publicou, em 1964, o primeiro livro
da produção. Daí porque, “Quando a humanidade negacionista (antes havia alguns artigos) no qual
se aliena da memória, esgotando-se sem fôlego na questionou, por um caminho técnico, a existên-
adaptação ao existente, nisto reflete-se uma lei ob- cia de câmaras de gás com fins de extermínio. No
jetiva de desenvolvimento” (ADORNO, 1995b, p. entanto, como observa Milman (2000), naquele
33). É sob esse aspecto que, de acordo com Negt momento, Rassinier já se encontrava próximo de
(1999), quando a ênfase da produtividade se dis- líderes nazifascistas do pós-guerra, como Maurice
semina, o tempo da memória submete-se à rapi- Bardèche, e ao antissemitismo adicionava sua re-
dez do tempo econômico. Isso pode ser ilustrado pulsa à democracia liberal e ao comunismo. Nesse
com a frase Arbeit macht Frei (O trabalho liberta), sentido, não se perde de vista que a negação do
estampada no pórtico de entrada do campo de Holocausto já se delineia na década de 1950 a par-
concentração de Auschwitz durante a Segunda tir da extrema-direita.
Guerra Mundial. Entretanto, o revisionismo ganhou força
Diante dessas considerações, torna-se pre- somente décadas depois. No fim dos anos 1970,
ocupante a divulgação de tendências revisionistas Robert Faurisson, professor francês da Universi-
do Holocausto no campo historiográfico que, em dade de Lyon, iniciou a divulgação para o grande
face de uma forte onda cética e relativista que paira público de suas teses, consideradas uma forma ex-
sobre alguns setores universitários, ganham força trema de revisionismo. Isso aconteceu sob a tutela
e status acadêmico. Dessa forma, o presente ensaio não apenas da extrema-direita, mas também de
objetiva elaborar algumas problematizações iniciais setores da esquerda anarquista, com motivações
acerca do sentido social e histórico do revisionis- antissionistas, representados em especial pela edi-
mo, assim como chamar a atenção para o fato de tora Vielle Taupe:
que posicionamentos relativistas e céticos, caracte-
rísticos da atmosfera pós-moderna, se levados aos A Velha Toupeira cruza a linha da de-
extremos de sua argumentação, não têm oferecido núncia do antifascismo quando realiza
resistência à disseminação das teses revisionistas. a eliminação conceitual do genocídio.

Impulso, Piracicaba • 20(49), 85-95, jan.-jun. 2010 • ISSN Impresso: 0103-7676 • ISSN Eletrônico: 2236-9767
87
A existência das câmaras de gás passa a Saramago (2002) ao governo israelense são logo
ser descrita como um engodo fabricado nomeadas de antissemitas (GRINBAUM, 2006).
pelas oligarquias capitalistas que apóiam Longe de clarear as questões envolvidas, essas po-
econômica e ideologicamente o Estado sições geram obstáculos para um debate aberto
de Israel (MILMAN, 2000, p. 7), e rigoroso. O revisionismo entrelaça necessaria-
mente o antissemitismo e o antissionismo, mas
A aproximação de segmentos da esquerda críticas à intervenção político-militar do governo
antissionista com os revisionistas revela um pro- israelense não possuem uma relação direta com
blema que ainda perdura: estabeleceu-se, em mui- o preconceito étnico em relação ao povo judeu,
tos casos, uma equação equivocada que criticar a tampouco obriga, de modo absoluto, a adoção de
forma de estabelecimento do Estado de Israel ou teses revisionistas.
qualquer de suas ações implica necessariamente Outro marco do revisionismo histórico so-
abraçar teses revisionistas. Essa posição de gru- bre o Holocausto ocorreu nos anos de 1980 na
pos da esquerda política nada mais faz que abra- Alemanha Ocidental. Em 1983, os historiadores
çar uma das faces das motivações políticas dos Ernst Nolte, Andreas Hillgruber, Joachim Fest e
revisionistas: combater a chamada lenda do Holo- outros intelectuais publicaram o livro Para sempre
causto como via para se atacar conjuntamente os na sombra de Hitler? Documentos originais da querela
judeus e o Estado de Israel. Assim, são ilustrativos da história. A querela dos historiadores, ou seja, o de-
os pronunciamentos de Faurisson. Para ele, as or- bate em torno desse revisionismo histórico do
ganizações judaicas precisam da lenda do Holo- nazismo, se fortaleceu com um artigo publicado
causto e das câmaras de gás: em jornal alemão em 1986, pelo historiador Ernst
Nolte (TRAVERSO, 1995), ex-aluno do filósofo
Porque, se nós não tivermos as câma- Martin Heidegger.
ras de gás, o milagre das câmaras de Os revisionistas demandam uma revisão
gás, deixamos de ter o pilar central do da história da Segunda Guerra Mundial, em par-
‘Holocausto’. [...] E, se nós não tiver- ticular do movimento nazista na Alemanha. De
mos o gás, as câmaras de gás, não en- acordo com um de seus representantes, “Os re-
contraremos a justificação para os fan- visionistas reivindicam simplesmente o direito à
tásticos números de 6 milhões. Por isso dúvida e à pesquisa. Eles não pretendem respeitar
são necessárias [as câmaras de gás]. É um dogma ou tabu [...]”, mas “[...] propõem um
algo secreto. É uma espécie de tabu. É debate público e aberto” (FAURISSON, 1987, p. 16,
por isso que as organizações judaicas e grifo do autor). Que tipo de debate os revisionis-
o estado de Israel não querem que nin- tas propõem?
guém toque neste tabu. Estas câmaras Aqui é preciso se atentar para as diferentes
de gás justificam tudo (FAURISSON, perspectivas revisionistas. Há uma corrente revi-
1992, p. 10). sionista que expressa sua condenação moral em
relação aos crimes nazistas. Porém, como explica
Por isso, “A impostura do ‘Holocausto’ é a Traverso (1995), ela tende a minimizar e relativizar
espada e o escudo do Estado Judeu” (FAURIS- o significado histórico do nazismo, assim como
SON, 1982, p. 2). Se, por um lado, a extrema- seus feitos. Vários são os argumentos desses re-
-direita convence setores da esquerda política que visionistas, citamos apenas alguns: os campos
uma atitude crítica em relação ao Estado de Israel de concentração foram uma simples resposta ao
envolve obrigatoriamente o compromisso com “barbarismo asiático” do bolchevismo; os gulags
o revisionismo, de outro, essa confusão convive soviéticos precederam Auschwitz e, sem eles, os
com a sua contrapartida por parte de alguns se- campos de extermínio não teriam existido; a na-
tores judaicos: qualquer censura à ação do Estado tureza do nacional-socialismo não é sua tendência
de Israel é tida como expressão de antissemitis- destrutiva nem sua obsessão antissemítica, mas
mo. É ilustrativo observar como as críticas de José sua relação com o comunismo e, especialmente,

Impulso, Piracicaba • 20(49), 85-95, jan.-jun. 2010 • ISSN Impresso: 0103-7676 • ISSN Eletrônico: 2236-9767
88
com a Rússia bolchevista. A história da cultura Faurisson (1992, p. 3) chega a reconhecer
alemã é bem maior do que os doze anos do 3º Rei- que houve massacre dos judeus, mas considera
ch e, portanto, esse período pode ser considerado esse evento um fato normal e inerente a qualquer
um desvio da história ou mesmo uma era de tiranos período de guerra:
(TRAVERSO, 1995, p. 146-152).
Para Ernst Nolte (2001), Mussolini imitou Se eu tivesse que resumir, eu diria que
Lênin, mas apenas para subjugar e proibir o co- o que é verdade é: houve uma perse-
munismo na Itália. Nolte defende que a vitória do guição aos judeus. É realmente verda-
bolchevismo foi o Leitmotiv, para uma reação que de que existiram deportações, campos
desencadeou primeiro o fascismo italiano e, depois, de concentração. Até que existiram
o nazismo alemão. A tese sustentada por Nolte é a massacres. Até porque não conheço
de que ambos os movimentos surgiram como uma nenhuma guerra sem massacres. Pen-
resposta à ameaça comunista. Apesar de observar so que é verdade que existiram gue-
que o sistema liberal foi a base tanto do comunis- tos, campos de concentração, campos
mo bolchevista como do nazifascismo, ele conside- de trabalho, e por aí fora. Mas o que
ra que a vitória de Lênin na Revolução de Outubro contestamos é que tenha havido mais
desencadeou o movimento nazifascista. qualquer coisa e muito pior que isso.
Há, ainda, correntes revisionistas mais ex- Porque, lamentamos em dizer, campos
tremas, como é o caso dos pesquisadores nega- de concentração são uma coisa que
cionistas, que se empenham em declarar a não existe actualmente. Que sempre existi-
existência de câmaras de gás nos campos de con- ram. [...] Mas, o que nós contestamos é
centração nazistas para fins de extermínio. O mais o que é acrescentado a isto. E o que é
eminente representante dessa tendência é Robert acrescentado a isto foi um plano para
Faurisson (1987, p. 11), que afirma que “A religião exterminar os judeus. Que primeiro
do Holocausto repousa sobre uma mentira [...]”, existiu uma ordem de Hitler que dizia:
pois “[...] as câmaras de gás homicidas do 3º Reich matem todos os judeus. Que existiu um
jamais existiram”. plano, um plano específico, que exis-
A tese negacionista de Faurisson envolve tiram câmaras de gás, que foram uma
vários pontos: ele defende que o extermínio dos arma específica para um crime espe-
judeus não foi política oficial de Estado; alega que cífico. E que isso teve como resultado
as câmaras de gás foram usadas para desinfecção de todos estes 6 milhões de judeus mor-
roupas e objetos como medida preventiva contra o tos. Isto nós contestamos. Nós dize-
tifo e que o uso de Zyklon B (ácido cianídrico) era mos que isso não é verdade. Que não é
para fins de desinfecção; assevera que o número de exacto (FAURISSON, 1992, p. 3, grifo
6 milhões de vítimas é um exagero; garante que a do autor).
ideia da Solução Final foi mal interpretada, visto
que consistia apenas na deportação e expulsão dos Tal posição negligencia o esforço sistemá-
judeus, e não extermínio;1 afirma que a maior parte tico da burocracia nazista durante as últimas se-
das pessoas em campos de concentração morreu manas da guerra, para falsificar ou destruir docu-
devido à epidemia de tifo; e questiona a veracidade mentos sobre seus anos de assassinato sistemático
de relatos de sobreviventes.2 (ARENDT, 1999), intencionalmente ignora os
documentos sobre a Solução Final conhecidos do

1
“Porque em Wannsee [conferência dos subsecretários de
estado em 1942 cujo objetivo era coordenar os esforços do extermínio, considerando que esteve em Auschwitz, você
aparelho estatal do Reich para implementação da Solução não estaria vivo. Como é que existem tantos sobreviventes?
Final] nada sobre isso foi decidido. Foi decidido que os Muitos judeus morreram. Isso é certo, mas muito judeus
judeus deveriam ser expulsos, se possível da Europa. Mas sobreviveram. Sobrevivem em Auschwitz e noutros
nada sobre ‘extermínio’. Nenhuma ordem, nenhum plano, campos. Como é possível?” (FAURISSON, 1992, p. 7).
nenhum orçamento” (FAURISSON, 1992, p. 4). Faurisson (1992, p. 4, grifo do autor) acrescenta: “E a
2
“Se você é a prova viva de alguma coisa, essa coisa é minha conclusão é que não existe uma única testemunha
que não houve extermínio. Porque se tivesse havido um dos gaseamentos ou das câmaras de gás”.

Impulso, Piracicaba • 20(49), 85-95, jan.-jun. 2010 • ISSN Impresso: 0103-7676 • ISSN Eletrônico: 2236-9767
89
Julgamento de Nuremberg ou mesmo o discurso [...]. Segundo dados do Ministério do
de Himmler na Conferência de Wannsee em 1942 Interior, grupos neonazistas contam
(apud RHODES, 2003, p. 285): com cerca de 3.000 membros e come-
teram 65 atos violentos em 2004, mais
Quero mencionar outro assunto muito do que o dobro dos ocorridos em 2003.
difícil aqui diante dos senhores, numa
completa franqueza. Entre nós, dessa Também no mesmo ano, a revista alemã
vez, isso deve ser falado de modo to- Der Spiegel destaca uma matéria sobre a juventude
talmente aberto, mas em público nunca alemã, na qual os autores descrevem um cenário,
falaremos disso. [...] Refiro-me, eviden- no mínimo, preocupante:
te, à remoção dos judeus, ao extermí-
nio do povo judeu. Um número crescente de jovens ale-
mães, com pais liberais que são tole-
Registramos, no entanto, que não preten- rantes sobre sexo, drogas e rock-and-
demos aqui levantar argumentos historiográficos -roll, rebelam-se virando extremistas
contras os negacionistas, trabalho que já tem sido de direita. A moda, a música e a ideo-
feito de forma competente por alguns intelectu- logia neonazista tornaram-se uma par-
ais, tais como: Vidal-Naquet (1988); Zimmerman te importante da cultura jovem alemã
(2006); Milman (2000). Nosso intuito é refletir (CZIESCHE et al., 2005, s.p.).
sobre alguns aspectos que as teses revisionistas
suscitam. Um deles diz respeito à presença capilar Porém, esse não é um fenômeno de dimen-
e ao vigor de seus argumentos para além da Euro- sões restritas. A atuação de grupos neonazistas no
pa, da relação direta com os judeus e do próprio Rio Grande do Sul tem sido investigada pela po-
ambiente acadêmico. lícia gaúcha. O jornalista Gerchmann (2005) cita
o caso do estudante universitário que foi acusado
Neonazismo e Revisionismo Histó- de disseminar o antissemitismo e de usar o cargo
rico: para além de algumas fron- de presidente de um diretório acadêmico da Uni-
teiras versidade Federal do Rio Grande do Sul (UFR-
Na verdade, o revisionismo histórico do na- GS). Ele divulgou ideias antissemitas pela Inter-
zismo expressa, no campo acadêmico, tendências net, com o seguinte teor: “Peço a ajuda de vocês,
sociais que ainda vigoram atualmente. É o que se pessoas intrinsecamente envolvidas com a causa
pode concluir de diversas matérias publicadas em nacional-socialista no Brasil, para pensarmos, jun-
jornais e/ou revistas de circulação internacional, tos, uma maneira eficaz de deter esses odiosos
ou mesmo nacional. Em 2005, na França, vários vermes judeus” (GERCHMANN, 2005, s.p.). Há,
incidentes urbanos ocorridos em Paris tinham de acordo com Gerchmann, pelo menos quatro
como pano de fundo o crescimento do movimen- grupos de diferentes vertentes que fazem apologia
to neonazista. Em matéria publicada no jornal da discriminação étnica, religiosa e racial no Rio
International Harold Tribune, a jornalista Bennhold Grande do Sul.
(2005, s.p.) relata um desses acontecimentos: Os grupos neonazistas no Brasil têm come-
tido bárbaros atos contra negros, índios, homos-
Suásticas nas paredes de uma mesquita sexuais, crianças e adultos considerados “morado-
de Paris. Um ataque incendiário contra res de rua”, etc. As gangues neonazistas ameaçam,
um vagão de trem que homenageava os aplicam a tortura física e psicológica em suas ví-
judeus franceses que foram deportados timas. Cabe mencionar que já existe um número
para campos de concentração durante considerável de homicídios cometidos por eles.
a Segunda Guerra Mundial. [...] Uma No entanto, há de se chamar a atenção para
recente onda de incidentes racistas na uma outra dimensão do problema. As indagações
França abalou as instituições políticas principais aqui privilegiadas são: qual impacto

Impulso, Piracicaba • 20(49), 85-95, jan.-jun. 2010 • ISSN Impresso: 0103-7676 • ISSN Eletrônico: 2236-9767
90
teria se as teses revisionistas fossem aplicadas a habitaram aquela área?” (A ARACRUZ..., 2006, p.
outros eventos de genocídio que marcaram o sé- 28). É nesse sentido que talvez não seja exagero
culo XX? Quem garante que não surja, no meio concluir que a lógica inerente do revisionismo his-
acadêmico brasileiro, historiadores que iniciem tórico e do negacionismo assume novas versões
um movimento de negar que, no Brasil, tivemos no contexto brasileiro, com poderosos aliados.
mais de trezentos anos de escravidão negra, e que Contudo, o que chama a atenção é o fato de
os mais de 5 milhões de índios brasileiros foram que, no ambiente acadêmico, espaço por excelên-
exterminados, em princípio pelos colonizadores cia do exercício crítico e reflexivo, as disseminadas
portugueses e, em seguida, pelos imigrantes ale- teses pós-modernas acabam por sustentar que ar-
mães e italianos, como foi o caso no sul do país? gumentos dessa natureza sejam aceitos e, assim,
Infelizmente a possibilidade aventada por não impõem obstáculos sólidos para deslegitimar
essas indagações tem se concretizado. Ideias re- práticas neonazistas e, até mesmo, a tendência re-
visionistas e negacionistas com relação à história visionista no campo historiográfico. Mas como
dos índios e negros já circulam dentro e fora do isso acontece?
ambiente acadêmico no Brasil. Há vários exem-
plos nos quais essas etnias têm sido não apenas O pós-moderno e o revisionismo
excluídas de seus direitos, como também ameaça- histórico: a cumplicidade
das de terem seu passado, sua história revisada ou desvelada
mesmo negada. Um deles é a situação vivida pelos Historiadores negacionistas apelam para a
índios Tupiniquins e Guaranis, no município ca- exatidão científica, para a suposta objetividade dos
pixaba de Aracruz, com a Aracruz Celulose. Há fatos e dos documentos, enfim, para prerrogativas
alguns anos, essa empresa tem se contraposto aos refutadas por intelectuais pós-modernos. Contu-
direitos dos índios das referidas etnias, os quais do, a disseminação significativa do pensamento
disputam a posse de suas terras, ocupadas pela pós-moderno em diversos segmentos acadêmicos
empresa desde 1970. Segundo os representantes não tem imposto nenhum obstáculo aos estudos
indígenas, essas terras sempre lhes pertenceram e e às atitudes revisionistas. Pelo contrário, o pós-
lhes foram roubadas pela transnacional. De am- -moderno tem criado um fértil ambiente propício
bos os lados, ações judiciais já foram interpeladas. à disseminação não apenas das teses revisionistas,
Mas, afora o trâmite legal, a empresa tem realiza- mas ao comportamento de grupos antissemitas.
do ações inusitadas que beiram o absurdo, e uma Esclarecemos melhor essa afirmação.
delas acabou sendo objeto de uma denúncia fei- Propomos pensar o pós-moderno não
ta no Ministério Público. Em 19 de setembro de como um termo que qualifica uma época e con-
2006, o Fórum de Entidades Negras, com o apoio densa todas as transformações do capitalismo
do Conselho Estadual de Direitos Humanos, de- contemporâneo, mas como uma dessas trans-
nunciou no Ministério Público Federal do Espíri- formações, mais especificamente uma agenda
to Santo (MPF/ES) o uso de cartilhas, classifica- (WOOD, 1999). O termo “agenda pós-moderna”
das como racistas e discriminatórias, produzidas tem o mérito de ampliar o foco de análise, uma
e distribuídas pela empresa Aracruz Celulose em vez que ele não remete a uma doutrina homo-
escolas da rede pública do município de Aracruz gênea em termos de unidade conceitual. Desse
(FERNANDES, 2006). O material “paradidático” modo, a agenda pós-moderna não se reduz ao que
informa que, até a chegada a empresa, não havia, classicamente ficou conhecido como pensamento
no município de Aracruz, índios Tupiniquins ou pós-moderno: o pensamento de Lyotard e/ou a
Guaranis. Nele encontramos afirmações como: linhagem que articula as ideias lyotardianas do fim
a Aracruz “não ocupa e nunca ocupou terras dos anos 1970 às máximas de Baudrillard (1996),
indígenas” (A ARACRUZ..., 2006, p. 2, grifo do na década de 1990.
autor); “[...] como seria possível alguém ter tirado O termo em questão inclui a perspectiva des-
ou expulsado os índios Tupiniquins de suas terras ses autores, mas não se restringe a ela. Ele abarca
se os registros históricos indicam que eles nunca outras diferentes perspectivas (multiculturalismo,

Impulso, Piracicaba • 20(49), 85-95, jan.-jun. 2010 • ISSN Impresso: 0103-7676 • ISSN Eletrônico: 2236-9767
91
neopragmatismo, construcionismo social, etc.) de qualquer dizer” (CARDOSO, 2005, p. 86). Já a
que, apesar de suas diferenças (e aqui está a difi- crítica pós-moderna da unidade em favor da plurali-
culdade), são perpassadas por motivações e matri- dade implica, para Cardoso (2005, p. 87), o seguinte:
zes filosóficas convergentes e/ou aproximadas. O como tudo nesta ideia mantém relação com tudo,
desafio, então, é o de explicar como essa agenda “[...] um texto pode ser lido segundo uma infini-
aglutina diferentes teorias e, mais especificamente, dade de maneiras, nenhuma das quais provê o seu
explicitar onde se encontra a convergência e/ou a significado ‘verdadeiro’ ou completo”.
aproximação dessas teorias que nela se abrigam. Por sinal, essa é uma das tendências marcan-
Em linhas gerais, os principais preceitos da tes da historiografia pós-moderna. Ao alegar que as
agenda pós-moderna baseiam-se em um ceticis- evidências históricas não aludem ao passado, mas
mo na produção do conhecimento que se traduz às suas interpretações, a perspectiva historiográfica
pela máxima de que nossas representações e es- pós-moderna sugere que a história não reconstrói
quemas conceituais constituem o real. o que aconteceu, mas joga continuamente com a
São vários os argumentos dos partidários memória (ANKERSMIT, 2002), compreendida
desse ceticismo epistemológico. Em um extremo, aqui como a faculdade de reter e recriar impres-
Baudrillard (1996) assevera que há uma ilusão ra- sões, sentimentos, ideias ou informações adquiri-
dical na crença de que a realidade existe, de que há das previamente. Nesse caso, a memória refere-se
um referente para o conhecimento. Para ele, como à capacidade de produzir novas narrativas sobre o
não há real e não há vontade, o que resta é uma ocorrido, sem nenhum compromisso com o que
saída estetizante: “O que conta é a singularidade aconteceu propriamente dito, mas pelo simples
poética da análise. Só isso pode justificar escrever, prazer de compor novos relatos.
e não a miserável objectividade crítica das ideias” Como se percebe, o ceticismo epistemoló-
(BAUDRILLARD, 1996, p. 139). Rorty (1994) gico reinante sentencia o antirrealismo: a realida-
não chega a negar a existência da realidade, mas de é incognoscível, ou porque ela não existe ou
nega a possibilidade de a ela ter acesso fora do porque não se pode ter acesso a ela fora das des-
âmbito de descrições particular. crições ou convenções particulares de uma comu-
O historiador Joyce (1997, p. 347) destaca nidade. O relativismo e o ceticismo são posturas
que “[...] o que está em questão não é a existência que decorrem, inevitavelmente, do antirrealismo
do real, mas – dado que o real só pode ser apreen- pós-moderno. Quando se abre mão de qualquer
dido através de nossas categorias culturais – que referente objetivo (considerado inexistente ou in-
versão do real deve predominar”. Ao reagir à epis- cognoscível), perde-se qualquer critério para ava-
temologia realista, ele acrescenta: “Este referente, liação de nossas crenças e, assim, todas ganham
o ‘social’, é ele próprio um produto ‘discursivo’ igualmente legitimidade. Pela sua própria lógica,
da história” (JOYCE, 1997, p. 351). Por sua vez, o pensamento pós-moderno destitui da ciência
Braun (1997, p. 421) explicita um dos desdobra- qualquer possibilidade de crítica (por mais que
mentos mais diretos dessa discussão para a histo- eles sejam incoerentes e continuem a fazer crítica)
riografia: “Assim, a ‘realidade’ passada não existe; e, portanto, alimenta todo tipo de dogmatismo.
no seu lugar, há um infinito número de realidades Entrelaçam-se a isso problemas de ordem ética e
equivalentes aos vários julgamentos e pontos de política, haja vista que a relativização da verdade
vista que se pode encontrar no presente”. também envolve o relativismo da própria justiça.
Cardoso (2005) afirma que a crítica que o Como lembra Nanda (2002, p. 100), “Compreen-
pós-moderno faz à noção de presença e a defesa em dida inteiramente a partir de um dado ponto de
favor da representação às vezes é expressa pela frase: vista, e sem nenhum padrão exógeno de verdade,
não há nada fora do texto. Assim, “Isto não precisa sig- é difícil entender como qualquer opinião possa ser
nificar que o mundo real não exista; mas, sim, que errada ou qualquer prática, injusta”.
nós só encontramos referentes com que possamos Ao advogar o conhecimento e a verdade
lidar através de textos ou representações, ou seja, como construções consensuais de comunidades
mediados. Nunca podemos dizer o que independe particulares, o pós-moderno não acaba por legiti-

Impulso, Piracicaba • 20(49), 85-95, jan.-jun. 2010 • ISSN Impresso: 0103-7676 • ISSN Eletrônico: 2236-9767
92
mar a ação e as crenças de segmentos sociais neo- é verdade em relação à Auschwitz, escreve Evans
nazistas? Quando a agenda pós-moderna destitui (1997), então deve ser também, em alguma medi-
o status ontológico do passado, tratando-o como da, em relação a outros acontecimentos, eventos,
um simples texto, e define o cientista como aquele instituições, povos, etnias.
que “conta história” (LYOTARD, 2000, p.108), Devido ao seu relativismo e ceticismo, o
que tipo de resistência ele pode oferecer à disse- pensamento pós-moderno fomenta a dissemi-
minação de teses revisionistas? nação de várias tendências historiográficas que
Nesse sentido, é exemplar a argumentação trivializam a história de horror do nazismo. Em
dos advogados de defesa do empresário Siegfried termos mais precisos, a dinâmica identificada por
Ellwanger, proprietário da editora Revisão, no Adorno (1995b) de negação do passado nazista
Rio Grande do Sul, condenado pela justiça bra- pelos alemães que ocorreu, em especial após a
sileira por racismo em 2003 devido à publicação Segunda Guerra Mundial, ganha novas versões
de livros e revistas de cunho antissemita. A fim no revisionismo e negacionismo do Holocausto.
de pleitear um habeas corpus no Supremo Tribunal Contudo, a historiografia pós-moderna não so-
Federal, dentre os vários argumentos aventados, mente facilita a difusão dessas tendências, como
os advogados do empresário alegaram que a obra também compartilha, mesmo que por outra via,
de revisão histórica não passava de uma mera in- do mesmo desejo de enterrar a história à medida
terpretação de fatos passados, sob um viés ideo- que expulsa da memória a própria objetividade do
lógico de denúncia do sionismo. Como observa passado e nela coloca narrativas aleatórias.
Ferraz Jr. (2003, s.p.), “está aí presente a premissa Diante dessas duas perspectivas de enfra-
de considerar a verdade histórica como algo de- quecimento da memória, impõe-se a tarefa de
pendente da opinião subjetiva do intérprete, por- não apenas denunciar a cumplicidade entre as
tanto a própria história como um conjunto desco- teses pós-modernas e o revisionismo histórico,
nectado de fatos que adquirem um sentido a partir mas também apontar uma alternativa crítica que
da perspectiva de quem os descreve”. ofereça resistência a ambas as perspectivas. Acre-
Em seu livro intitulado In defence of history, o ditamos que essa alternativa não pode se desviar
historiador inglês Evans (1997) afirma que Aus- da noção de verdade, conhecimento objetivo e do
chwitz não pode ser encarado como um discur- projeto de resistir à onipotência da instrumentali-
so. Mais do que um texto, um pedaço de retórica zação da própria razão à medida que se zela pelo
textual, os campos de concentração, simbolizados seu potencial crítico contra quaisquer tentativas
por Auschwitz, são evidências históricas do assas- de seu aniquilamento. Mas discutir isso é uma ta-
sinato em massa cometido pelos nazistas. Se isso refa para outro momento.

Referências
A ARACRUZ e a questão indígena no ES. Serra: Aracruz Celulose S/A, 2006.
ADORNO, T. W; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 1985.
______. Educação após Auschwitz. In: ______. Educação e emancipação. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1995a. p. 119-138.
______. O que significa elaborar o passado. In: ______. Educação e emancipação. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1995b. p. 29-49.
ANKERSMIT, F. R. Historiography and postmodernism. In: JENKINS, Keith (Org.). The postmo-
dern history reader. London: Routledge, 2002. p. 277-298.
ARENDT, H. Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal. São Paulo: Compa-
nhia das Letras, 1999.

Impulso, Piracicaba • 20(49), 85-95, jan.-jun. 2010 • ISSN Impresso: 0103-7676 • ISSN Eletrônico: 2236-9767
93
BAUDRILLARD, J. O crime perfeito. Lisboa: Relógio D’Água Editores, 1996.
BENNHOLD, K. Incidentes racistas e anti-semitas abalam França. International Harold Tribu-
ne, 24/03/2005. Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/herald/2005/02/24/ul-
t2680u45.jhtm>. Acesso em: 25/março/2005.
BRAUN, R. The Holocaust and problems of representation. In: JENKINS, Keith (Org.). The post-
modern history reader. London/New York: Routledge, 1997. p. 418-425.
CARDOSO, C. F. Um historiador fala de teoria e metodologia da história: ensaios. Bauru: Edusc, 2005.
CZIESCHE, D. et al. Para chocar os pais, estudantes aderem ao nazismo. Der Spiegel. 2 jun. 2005.
Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/derspiegel/2005/06/02/ult2682u31.
jhtm>. Acesso em: 30/jul./2005.
EVANS, Richard J. In defence of history. London: Granta, 1997.
FAURISSON, R. Les révisionnistes proposent un débat public. 20 de dezembro de 1987. Dispo-
nível em: <http://www.vho.org/aaargh/fran/archFaur/1986-1990/RF871210.html>. Acesso em: 4/
jan./2005.
FAURISSON, R. O que é que nós, revisionistas, dizemos? Transcrição da gravação de uma con-
versa em Estocolmo em 4 de dezembro de 1992, transmitida pela Radio Islam (texto revisto
em setembro de 1999). Disponível em: <www.radioislam.org/faurisson/por/revisionismo.htm>.
Acesso em: 4/jan./2005.
______, R. Le mythe des “chambers a gaz” entre en agonie. Le monde juif, 3 nov. 1982. Dispo-
nível em: <http://www.vho.org/aaargh/fran/archFaur/1980-1985/RF821103.html>. Acesso em: 4/
jan./2005.
FERNANDES, F. Cartilhas da Aracruz que renegam índios capixabas são denunciadas ao MPF,
Século diário, 19 de setembro de 2006. Disponível em: <http://lists.mutualaid.org/pipermail/
anarkopagina/2006-September/000111.html>. Acesso em: 4/jan./2007.
FERRAZ JÚNIOR, T. S. Holocausto judeu ou alemão? Folha de São Paulo, 19 set. 2003. Opinião.
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz19009200309.htm>. Acesso em: 9/
jun./ 2005.
GERCHMANN, L. Faculdade investiga aluno por ofensa a judeu. Folha de São Paulo, São Paulo, 9
jun. 2005. Cotidiano. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0906200508.
htm>. Acesso em: 9/jun./ 2005.
GRINBAUM, V. As origens do “revisionismo histórico”. MídiaSemMascara.org, 5 de agosto
de 2006. Disponível em: < http://www.midiasemmascara.org/arquivos/5412-as-origens-do-
-%E2%80%9Crevisionismo-historico%E2%80%9D.html>. Acesso em: 4/jan./2005.
HOBSBAWM, E. A era dos extremos – o breve século XX: 1914-1991. São Paulo: Companhia das
Letras, 1998.
JOYCE, P. The end of social history? In: JENKINS, K. (Org.). The postmodern history reader. Lon-
don/New York: Routledge, 1997. p. 341-365.
LYOTARD, J. F. A condição pós-moderna. 6. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2000.
MEZAN, R. Os que não foram heróis: sobre a submissão dos judeus ao terror nazista. In: SLA-
VUTZKY, Abrão (Org.). O dever da memória: o levante do gueto de Varsóvia. Porto Alegre: AGE/
FIRGS, 1997. p. 83-105.

Impulso, Piracicaba • 20(49), 85-95, jan.-jun. 2010 • ISSN Impresso: 0103-7676 • ISSN Eletrônico: 2236-9767
94
MILMAN, L. Negacionismo: gênese e desenvolvimento do extermínio conceitual. Conferência
proferida em 10 de agosto de 2000. Disponível em: <www.derechos.org/nizkor/brazil/livros/ne-
onazis/cap9.html>. Acesso em: 4/jan./2005.
NANDA, M. Restaurando a realidade: repensando as teorias sociais construtivistas. Tradução
livre de Maria Célia M. de Moraes e Patrícia Torriglia. Florianópolis: PPGE/UFSC, 2002. 31p.
NEGT, O. Chagas chinesas: sobre o significado político do luto, da morte e do tempo. In: ______.;
KLUGE, Alexander. O que há de político na política: relações de medida em política – 15 propos-
tas sobre a capacidade de discernimento. São Paulo: Fundação Editora da UNESP (FEU), 1999.
p. 149-165.
NOLTE, E. From the Gulag to Auschwitz. In: FURET, F. & NOLTE, E. Fascism & Communism. Lin-
coln/ London: University of Nebraska Press, 2001. p. 23-30.
RHODES, R. Mestres da morte: a invenção do Holocausto pela SS nazista. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 2003.
RORTY, R. A filosofia e o espelho da natureza. Rio de Janeiro: Relume/Dumará, 1994.
SARAMAGO diz que Israel não quer uma paz justa. BBC Brasil.com¸ 28 de março de 2002. Dis-
ponível em: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2002/020328_saramagors.shtml>.
Acesso em: 4/jan./2005.
TIEDEMANN, R. Introduction. In: ______. (Org.) Theodor W. Adorno: Can One Live After Aus-
chwitz? Carolina: Standford University Press, 2003. p. xi-xxvii.
TRAVERSO, E. The Jews & Germany: from the Judeo-German symbiosis to the memory of Aus-
chwitz. Lincoln: University of Nebraska Press, 1995.
VIDAL-NAQUET, P. Os assassinos da memória. Campinas: Papirus, 1988.
ZIMMERMAN, J. Holocaust denial. Lanham/New York/Oxford: University Press of America, 2000.
Disponível em: <http://mossadist.by.ru/HD_p2_ch9.htm>. Acesso em: 20/out./2006.
WOOD, E. M. O que é a agenda “pós-moderna”? In: WOOD, E. M.; FOSTER, J. B. (Orgs.). Em de-
fesa da história: marxismo e pós-modernismo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999. p. 7-22.

Dados dos Autores:

Robson Loureiro
Doutor em Educação, graduado em Filosofia e Mestre em Filosofia da Educação.
Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFES/ES,
na linha de pesquisa Educação e Linguagens. Coordenador do Núcleo
de Estudos e Pesquisas em Educação e Filosofia (NEPEFIL/UFES).

Sandra Soares Della Fonte


Doutora em Educação, graduada em Filosofia e Mestre em Filosofia da
Educação. Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação Física.
Vice-Coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação
e Filosofia (NEPEFIL/UFES).

Recebido: 7/9/2011
Aprovado: 31/10/2011

Impulso, Piracicaba • 20(49), 85-95, jan.-jun. 2010 • ISSN Impresso: 0103-7676 • ISSN Eletrônico: 2236-9767
95

Das könnte Ihnen auch gefallen