COMPARAÇÃO DOS RENDIMENTOS DOS MOTORES DA LINHA PADRÃO E
DE ALTO RENDIMENTO SOB O ENFOQUE DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Paula C. F. de Freitas*, Victor de P. e Silva*, Antonio G. M. Filho *, D. Bispo*, A. C. Delaiba*
paula_fadul@hotmail.com, vpaulasilva@gmail.com, antoniogmfilho@gmail.com, bispo@ufu.br, delaiba@ufu.br
*Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Engenharia Elétrica, Uberlândia – MG
Resumo-- Este artigo apresenta a aplicação do método
para determinação do rendimento de motores de indução
trifásicos, de forma indireta. A metodologia proposta
baseia-se na aplicação da norma brasileira NBR 5383-1,
Máquinas Elétricas Girantes, da ANBT. A partir desse
método, são calculados os rendimentos dos motores da
linha padrão e de alto rendimento para, em seguida,
serem feitas as devidas comparações. Para facilitar o
estudo, são desenvolvidos gráficos e tabelas comparativas
das perdas convencionais e suplementares desses dois
motores. Em complemento, são feitos alguns ensaios com
tensão de suprimento não ideal, para observar os efeitos
causados em cada motor. Estes estudos mostram que o
motor de alto rendimento, em comparação ao motor
convencional, possui as perdas reduzidas, acarretando
em menor custo de operação e maior vida útil, porém,
nem sempre representando a melhor alternativa em
certas aplicações.
1 energéticas é possível evitar cortes de energia no futuro [1].
Palavras-chave-- Distúrbios na Tensão de
Alimentação, Eficiência Energética, Motor Convencional,
Motor de Alto Rendimento, Rendimento de Motores.
A COMPARATIVE ANALYSIS OF
EARNINGS MOTOR LINE OF STANDARD
AND HIGH YIELD UNDER THE FOCUS OF
ENERGY EFFICIENCY
Summary - This article presents the application of the
method for determining the performance of three phase
engine induction, in an indirect way. The proposed
methodology is based on the application of standard
Brazilian NBR 5383-1, Rotating Electrical Machinery,
ABNT. From this method, are calculated the income of
drivers of the line standard and high income to then be
made the appropriate comparisons. To facilitate the
study, are developed comparative charts and tables of
conventional and additional losses of the two engines. In
addition, some tests are done with not ideal supply
voltage, to observe the effects caused by each engine.
These studies show that the engine of high-yield,
compared to the conventional engine, has reduced the
losses, resulting in lower cost of operation and greater
life, but not always represent the best alternative in
certain applications.
Keywords - disorders in Voltage Power, Energy
Efficiency, Conventional Motor, Motor High Income,
Income from engines.
I. INTRODUÇÃO
MEDIDA que o país se desenvolve, a demanda de
À energia elétrica aumenta, assim como a necessidade
de novos investimentos em sua geração e transmissão.
Em função das dificuldades encontradas no setor elétrico,
devido ao crescente custo e a escassez de energia que se
verifica não apenas no Brasil, mas também em outros países,
foram criados programas de conservação da energia elétrica,
afim de eficientizar seu consumo, reduzindo o crescimento
da demanda. Por meio da implantação destas políticas
O consumo de energia elétrica no Brasil mostra que o
setor industrial é o maior consumidor de toda a energia
elétrica produzida, consumindo 44% da energia elétrica do
país. Dentro do setor das indústrias, os motores são
responsáveis por aproximadamente 55% deste consumo.
Devido a essa parcela significativa no uso final de energia
elétrica e sabendo que economizar custa mais barato que
gerar a mesma quantidade de energia [2], estudos para
redução de consumo de energia de motores são de grande
importância.
Uma excelente forma de reduzir custos operacionais é
através da correta seleção do motor, que depende não só do
tipo de motor, mas também de suas características
construtivas, níveis de carregamento, qualidade da tensão de
alimentação e condições ambientais da instalação [3].
Os motores de alto rendimento são dados como uma
alternativa vantajosa para determinadas aplicações, devido a
suas características especiais que o permitem possuir um
rendimento maior que o de motores standard. São de 20% a
30% mais caros que os motores convencionais, contudo sua
utilização pode conduzir a vantagens econômicas
importantes que serão obtidas ao longo de sua vida útil [4].
Porém, motores de alto rendimento nem sempre trazem
vantagens econômicas. Por isso, é importante conhecer as
principais características dos motores de alto rendimento
comparadas às dos motores convencionais, visando fornecer
os subsídios necessários para que a análise econômica possa
ser feita corretamente para escolha da melhor opção.
 II. O MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO DE GAIOLA
O motor de indução com rotor tipo gaiola de esquilo é o
mais utilizado nas indústrias, para acionamento de bombas,
ventiladores e compressores, pois apresenta grandes
vantagens em relação aos outros motores elétricos. Podemos
destacar:
• Baixo custo inicial;
• Pouca exigência de manutenção;
• Boa aceitação a variações de carga;
• Não necessita de alimentação CC;
• Robusto;
• Adaptabilidade aos ambientes mais agressivos;
• Simplicidade de construção do rotor;
• Flexibilidade de controle.
Porém, os motores de indução de alto rendimento também
apresentam algumas desvantagens, sendo elas:
• Altos valores de corrente na partida, exigindo
dispositivos limitadores desta corrente;
• Baixos valores de rendimento para cargas inferiores
a 50% de sua potência nominal;
• Baixo fator de potência para acionamento com
pouca carga.
A. O Motor de Alto Rendimento
Os motores de alto rendimento são projetados para
possuir um rendimento superior ao do motor convencional,
porém fornecendo a mesma potência útil (na ponta do eixo).
Isso é possível devido às características construtivas deste
tipo de motor, que gera menos perdas, conseqüentemente
reduzindo a temperatura e aumentando sua vida útil.
As principais vantagens do motor AR (alto rendimento),
quando comparado com o motor LP (linha padrão), são:
• Economia no consumo de energia elétrica;
• Fator de potência maior, na maioria deles;
• Temperatura de operação mais baixa, devido à
redução de perdas em até 40%;
• Vida útil maior, devido ao menor stress térmico;
• Maior tolerância a condições anormais de
alimentação, por trabalharem magneticamente
menos saturados;
• Rendimento maior e mais constante, mesmo com
cargas abaixo da nominal;
• Menor necessidade de manutenção;
• Preserva o meio ambiente.
Resumidamente, esse tipo de motor tem um desempenho
superior ao motor da linha padrão, mas, como todo
equipamento, ele também apresenta desvantagens, como:
• Custo inicial mais elevado do que o do motor da
linha padrão;
• Geralmente são mais pesados e ocupam um espaço
maior;
• Só existe justificável economia de energia para o
fator de carga alto.
B. Fontes de Aquecimento (Perdas)
Para conhecer o rendimento do motor de indução através
de um método indireto, é necessário determinar as perdas
que ocorrem durante o funcionamento do motor.
A Figura 1 ilustra o balanço energético da máquina de
indução, representando as componentes de perdas, bem
como a potência de saída (Pmec) e de entrada (Pe) do motor.
Pjs PfeS Pjr PfeR
Patr
Psup Ps Pmec
Pe
EIXO
Psr
ROTOR
Pvent
ESTATOR
Fig. 1. Balanço energético no motor de indução trifásico.
1) Perdas “Joule” nos Condutores (Pjs e Pjr):
As perdas Joule, também chamadas de ôhmicas, ocorrem
devido à circulação da corrente do motor pelos condutores
do mesmo, no caso os enrolamentos do estator e as barras do
rotor, causando aquecimento.
Essas perdas dependem das resistências elétricas dos
condutores, sendo influenciadas pelos efeitos proximidade e
pelicular (skin effect).
2) Perdas no Núcleo Magnético (PfeS e PfeR):
São as perdas causadas pela variação da densidade de
fluxo em materiais ferromagnéticos. Essas perdas resultam
da soma das perdas por correntes parasitas e das perdas por
histerese.
3) Perdas Mecânicas (Patr e Pvent):
Dividem-se em duas parcelas, uma referente ao atrito dos
rolamentos e outra, associada à energia necessária para
acionamento do sistema de ventilação da máquina.
As perdas por atrito não dependem das condições
operacionais do motor, e sim da velocidade periférica do
eixo, da pressão e do coeficiente de atrito dos rolamentos.
As perdas por ventilação dependem da velocidade
periférica do rotor, diâmetro e comprimento do núcleo,
também não sendo influenciadas pela operação do motor.
4) Perdas Suplementares – “Stray-Losses” (Psup):
São as perdas adicionais na máquina de indução,
basicamente compostas por perdas adicionais no núcleo
magnético, perdas por correntes parasitas nos condutores do
enrolamento do estator e nas barras do rotor e perdas
ocasionadas nas demais estruturas metálicas do motor.
A distribuição não uniforme de corrente nos condutores,
assim como as distorções no fluxo magnético principal
devido às ranhuras do estator e rotor são as causas desses
efeitos. O fluxo de dispersão aumenta com o carregamento
do motor, agravando os problemas citados e contribuindo
para o aumento de perdas nas estruturas do motor. IV. PROCEDIMENTOS DE ENSAIO

III. DETERMINAÇÃO DO RENDIMENTO DO MOTOR A tabela II mostra os dados de placa dos motores usados,
DE INDUÇÃO TRIFÁSICO pertencentes ao Laboratório de Sistemas Motrizes da UFU.

O estudo do rendimento do motor está diretamente TABELA II

relacionado com a análise de sua eficiência operacional. Dados de Placa dos Motores Usados nos Ensaios
Existem diversos métodos para a determinação do Linha Padrão Alto Rendimento
Potência: 1,5 cv 1,1 HP Potência: 1,5 cv 1,1 HP
rendimento de motores de indução trifásicos, prescritos em Velocidade: 3370 rpm 60Hz Velocidade: 3400 rpm 60Hz
normas nacionais e internacionais. Estes métodos são FS 1,15 Cat N Reg S1 FS 1,15 Cat N Reg S1
divididos em Método Direto e Método Indireto. O método Ip/In 7,5 Isol B IP 55 Ip/In 7,5 Isol F IP 55
220/380 V 4,27/2,47 A 220/380 V 4,0/2,32 A
direto consiste em medir a potência elétrica de entrada e a
η 78,6% cosφ 0,86 η 83,0% cosφ 0,87
mecânica de saída. Já no método indireto, pelo menos uma
dessas potências é calculada indiretamente.
A. Medição da Resistência do Estator
No presente caso, usou-se o método indireto para calcular
Usando-se o método da ponte de Wheatstone e com os
o rendimento através de (1).
motores ligados em delta, foram feitas as medições de
Potência de entrada − Perdas resistência de linha e a temperatura de enrolamento foi
η(%) = × 100 (1)
Potência de entrada considerada a temperatura ambiente, pois os motores
estavam desligados. A tabela III mostra os valores
Onde η é o rendimento do motor.
encontrados para ambos os motores.
Algumas considerações importantes devem ser feitas ao
se determinar o rendimento do motor, como: TABELA III
• Tensão e frequência nominais; Medição da Resistência do Estator
• Não comparar valores do método direto e indireto; Resistências Medidas Linha Padrão Alto Rendimento

• Corrigir os valores de resistência para a Resistência por fase 4,04 Ω 3,95 Ω

temperatura de trabalho do motor; Temperatura Ambiente 24,8º C
• Sensores de temperatura instalados fora do caminho
de circulação do ar de resfriamento; As perdas no estator e no rotor devem ser corrigidas para
• Quando a elevação de temperatura não puder ser uma temperatura de operação com carga nominal. Assim, os
medida, corrigir a resistência dos enrolamentos de valores foram corrigidos de acordo com a tabela I.
acordo com a classe de isolação (tabela I).
B. Teste em Vazio
TABELA I A Figura 2 mostra, de forma esquemática, o arranjo
Temperatura Especificada experimental empregado.
Classificação térmica do isolamento Temperatura de referência ºC
A 75
B 95
F 115
H 130

A. O Método 2 da NBR-5383-1
O Método 2 foi o escolhido por ser indicado para motores
de indução de gaiola, trifásicos, horizontais, com potência
nominal entre 1 cv e 250 cv, encaixando-se perfeitamente
em todas as características do presente experimento. Além
disso, ele é recomendado para a determinação do rendimento
garantido a ser marcado na placa de identificação do motor.
Neste método, chamado “Ensaio dinamométrico com
medição indireta das perdas suplementares e medição direta
das perdas no estator (I²R), no rotor (I²R), no núcleo e por
atrito e ventilação”, a potência mecânica do motor de
indução é transferida a um freio mecânico ou dinamômetro.
No caso, o conjugado de reação é medido por uma célula de
carga.
Fig. 2. Esquema de conexão para realização dos experimentos.
Este ensaio é feito para a determinação das perdas por
atrito e ventilação e nos núcleos. É realizado girando o
motor a tensão e freqüência nominais sem carga acoplada no
eixo.
A tabela V mostra os valores obtidos para cada motor
neste ensaio.
A potência de entrada lida é o total de perdas no motor
em vazio. A diferença entre a potência de entrada e as
perdas I2R no estator resulta nas perdas em vazio, que se
tratam da soma das perdas por atrito e ventilação e nos
núcleos. Motor da Linha Padrão
250,00
232,34
TABELA V y = 0,0026x + 37,409
Ensaio em Vazio 200,00
197,22

Perdas em vazio [W]

Alto
Medições Linha padrão
Rendimento 150,00
144,94
Corrente [A] Média 2,118 1,896
Potência [W] Total 163,13 116,25 118,31
100,00
Fase A 219,49 219,49 75,47 86,88
99,48
Tensão [V] Fase B 220,01 219,99 65,35

Fase C 219,20 219,16 50,00

0,00
A perda em vazio é dada por Wvaz e as perdas por efeito 0,00 100,00 200,00 300,00 400,00 500,00 600,00 700,00 800,00
Joule no estator, na temperatura do teste, são chamadas de Tensao²
Centenas

W0. Fig. 3. Obtenção das perdas mecânicas no motor Standard

A tabela VI mostra os valores para os dois motores.
Motor de Alto Rendimento
TABELA VI 200,00

Perdas em Vazio e por Efeito Joule no Estator y = 0,0016x + 33,443

152,20

Perdas em vazio [W]

150,00
Linha Padrão Alto Rendimento
130,64
Potência entrada – P0 [W] 163,13 116,25
100,00
102,81
Perda Joule estator – W0 [W] 18,09 14,08 85,68
72,74
Perda a vazio – Wvaz [W] 145,04 102,07 62,84
50,00 54,28
47,17
41,98

A separação das perdas nos núcleos e das perdas por 0,00

atrito e ventilação deve ser realizada pela leitura da tensão, 0,00 100,00 200,00 300,00 400,00 500,00 600,00 700,00 800,00
Centenas
Tensão²
corrente e potência de entrada à frequência nominal, quando
Fig. 4. Obtenção das perdas mecânicas no motor de Alto Rendimento.
a tensão é variada desde 125% da tensão nominal, até o
ponto onde uma redução da tensão acarrete num aumento do TABELA VIII
valor da corrente. Perdas Mecânicas e nos Núcleos
Os valores do ensaio estão na tabela VII. Linha Padrão Alto Rendimento
Perdas Mecânicas – Wmec [W] 37,41 33,44
TABELA VII Perdas nos Núcleos – Wnuc [W] 107,63 68,63
Parâmetros do Ensaio de Perdas Mecânicas
Linha Padrão Alto Rendimento C. Teste em Carga
Vfase [V] P0 [W] Ifase [A] W0 [W] P0 [W] Ifase [A] W0 [W] O ensaio em carga foi feito acoplando-se o motor a um
258,85 278,00 1,941 45,66 183,50 1,625 31,30 dinamômetro do tipo freio e aplicando-se tensão e freqüência
247,18 231,00 1,670 33,78 154,50 1,419 23,86
219,57 163,00 1,221 18,06 117,00 1,094 14,19 nominais. Colocou-se carga em quatro pontos, aproximada-
191,93 129,50 0,961 11,19 95,00 0,887 9,32 mente em 25%, 50%, 75% e 100% do valor nominal, e em
164,26 107,00 0,788 7,52 79,00 0,727 6,26 dois pontos superiores a 100%, não excedendo 150%.
136,54 92,00 0,650 5,12 67,00 0,592 4,16
108,88 79,00 0,540 3,53 57,00 0,479 2,72 Primeiramente, foi feito um teste para determinar a
81,18 68,00 0,467 2,65 49,00 0,393 1,83 correção do conjugado do dinamômetro devido às perdas de
53,51 62,00 0,494 2,96 43,67 0,377 1,68 ventilação e dos mancais, acionando o motor acoplado ao
dinamômetro, porém sem requisitar esforços. O
O valor da potência de entrada menos as perdas I2R no procedimento foi chamado de Teste X e a correção é dada
estator são colocados em um gráfico versus o valor da pela expressão:
respectiva tensão, ao quadrado. A curva é estendida até a
tensão zero, onde a potência marcada são as perdas k (W X − WY )
σ= −C (2)
mecânicas. As Figuras 3 e 4 representam as curvas dos n
motores.
Onde:
Com tensão nominal, as perdas nos núcleos foram obtidas
σ - correção na leitura para o valor de conjugado;
subtraindo as perdas mecânicas da perda em vazio. Estas
k - igual a 9,549 para medições de conjugado, em
perdas são denominadas Wnuc e estão na tabela VIII.
N.m;
WX = (Px - W x - Wnuc ) (1 - s x ) (3)
Px - potência de entrada, em W, solicitada à rede.
Wx - perdas I2R no estator durante o teste X, em W;
 sx - escorregamento, em pu, durante o teste X; TABELA XII
WY = P0 - W0 - Wnuc (4) Perdas I2R no Rotor
Motor da Linha Padrão Motor de Alto Rendimento
n - velocidade de rotação, em rpm, durante o teste X;
C s [pu] s’ [pu] WI2R rot [W] s [pu] s’ [pu] WI2R rot [W]
C - conjugado medido durante o teste X. 3,5 0,0694 0,0822 125,1 0,0756 0,0935 131,8
3,0 0,0611 0,0713 88,7 0,0561 0,0683 82,2
TABELA IX 2,5 0,0511 0,0591 62,6 0,0500 0,0608 61,1
2,3 0,0500 0,0576 54,4 0,0417 0,0506 45,8
Correção para o Conjugado do Dinamômetro 1,5 0,0361 0,0416 26,6 0,0342 0,0417 24,9
Px Ix fase Wx nx sx WX WY C σ 0,8 0,0278 0,0322 11,3 0,0314 0,0384 12,6
[W] [A] [W] [rpm] [pu] [W] [W] [N.m] [N.m] Temp. de correção – 95 ºC Temp. de correção – 115 ºC
LP 282 1,21 17,8 3540 0,017 153,9 37,4 0,3 0,01
AR 231 0,98 11,4 3520 0,022 147,5 33,4 0,3 0,01
A perda suplementar, Wsup, para cada ponto de carga é
Os dados do ensaio em carga para os dois motores estão dada pela diferença entre a perda aparente total e o
na tabela X, a seguir. somatório das demais perdas, corrigidas para as
temperaturas especificadas.
TABELA X Em seguida, esses valores são ajustados pelo método da
Ensaio dos Motores nas Seis Condições de Carga regressão linear, e corrigidas de acordo com (5).
Motor Linha Padrão
C (N.m) C’ (N.m) Pent (W) I (A) U (V) n (rpm) Pmec (W) Wsup = AT2 (5)
3,64 3,65 1780 5,4 219,00 3350 1280,27
3,00 3,01 1460 4,6 219,00 3380 1065,00
2,55 2,56 1245 3,9 219,13 3416 915,21 Onde A é o coeficiente angular da reta e é T o conjugado.
2,26 2,27 1123 3,7 219,00 3420 812,77 A Figura 5 mostra o gráfico das perdas suplementares
1,50 1,51 790 2,9 219,44 3470 548,48 corrigidas.
0,75 0,76 485 2,3 219,60 3500 278,32
Motor Alto Rendimento
Tendo-se a potência de entrada e o valor das perdas
C (N.m) C' (N.m) Pent (W) I (A) U (V) n (rpm) Pmec (W) corrigidas, determinou-se por (1) o rendimento em cada
3,52 3,53 1601 4,8 218,83 3328 1230,07 condição de carga do motor. A tabela XIII mostra os valores
3,01 3,02 1365 4,2 219,10 3398 1074.46 de rendimento calculados.
2,51 2,52 1144 3,6 218,00 3420 902,34
2,25 2,26 1028 3,2 219,17 3450 816,32 A Figura 6 mostra o gráfico comparativo dos
1,45 1,46 698 2,5 219,17 3477 531,41 rendimentos.
0,75 0,76 415 1,9 220,03 3487 277,32 A tabela XIV mostra a distribuição típica de perdas.

Os valores da resistência corrigida, R’, assim como das

perdas por efeito Joule no estator, WI2R est, de cada motor e Perda Suplementar Corrigida
70,00
para cada ponto de carga, estão representados na tabela XI.
57,99
As perdas por efeito Joule no rotor são dadas pela 60,00
Perdas Suplementares

diferença da potência de entrada (Pent) dos valores de perda 50,00

joule do estator (WI2R est) e das perdas no núcleo (Wnuc), 40,00
39,39

multiplicada pelo valor do escorregamento, que também 28,44

30,00
deve ser corrigido para a temperatura especificada. 22,36
20,00
9,85 10,79
7,89
TABELA XI 10,00
2,46 4,42 5,50
1,84
0,50
Perdas I2R no Estator 0,00
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00
Motor da Linha Padrão Motor de Alto Rendimento Motor Padrão Motor Alto Rendimento Torque²
C R’ [Ω] If [A] WI2R est [W] R’ [Ω] If [A] WI2R est [W]
3,5 5,13 3,12 149,7 5,32 2,77 122,7 Fig. 5. Perdas suplementares corrigidas.
3,0 5,13 2,66 108,6 5,32 2,42 93,9
2,5 5,13 2,25 78,1 5,32 2,08 69,0
2,3 5,13 2,14 70,3 5,32 1,85 54,5
1,5 5,13 1,67 43,2 5,32 1,44 33,3 TABELA XIII
0,8 5,13 1,33 27,2 5,32 1,10 19,2 Rendimento Calculado para os Motores de Indução
Temp. de correção – 95 ºC Temp. de correção – 115 ºC Rendimento (%)
Carga (%) Motor da Linha Padrão Motor de Alto Rendimento
Os valores de cada motor para cada ponto de carga estão 121 73,15 77,06
100 73,85 79,04
na tabela XII. 85 74,77 79,22
Para cada condição de carga a potência mecânica de saída 75 73,99 79,88
é subtraída da potência de entrada. Este valor é conhecido 50 71,56 76,78
25 61,66 67,62
por perda aparente total, dado por Wap.
 Comparativo de Rendimentos etc.
90
80 Mesmo que os motores representem mais da metade do
70 consumo de energia industrial, eles não podem ser vistos
Rendimento (%)

60
50 como “vilões”, pois mesmo os motores convencionais
40 possuem rendimento relativamente alto comparado a outros
30
20 equipamentos mecânicos em processos industriais.
10 Deve-se considerar a economia até agora alcançada com
0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1 1,2 1,3
os motores elétricos de alta eficiência como a ponta do
Rendimento LP Rendimento AR Percentual de Carga “iceberg”, pois existem problemas muito mais sérios para
serem corrigidos nas plantas da maioria das indústrias.
Fig. 6. Rendimento dos motores em função do percentual de carga.

AGRADECIMENTOS
TABELA XIV
Distribuição Típica de Perdas para os Motores de
Agradecimento à Eletrobrás – Procel Indústria – pelo
Indução
suporte financeiro para a capacitação do Laboratório de
Motor Motor de Alto Redução
Standard Rendimento de Sistemas Motrizes da UFU, fornecendo também as bolsas de
Perdas W % W % Perda (W) Iniciação Científica.
Nos Núcleos 107,63 28,2 68,63 24,0 39,0
Mecânicas 37,41 9,8 33,44 11,7 4,0
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Efeito Joule no Estator 108,63 28,5 93,92 32,8 14,7
Efeito Joule no Rotor 88,67 23,2 82,18 28,7 6,5
Suplementares 39,39 10,3 7,89 2,8 31,5 [1] M. C. do E. S Ramos, Implementação de motores de
TOTAL 381,73 100 286,06 100 95,7 alto rendimento em uma indústria de alimentos: Estudo
de caso. Dissertação (Instituto de Eletrotécnica e
V. CONCLUSÕES Energia) – Universidade Federal de São Paulo, São
Paulo. 2005.
Foi possível comprovar, pela determinação das perdas [2] Disciplina de Tecnologias de Uso Final I –
internas, que o motor de alto rendimento realmente consegue Equipamentos Elétricos. Seleção e aplicação de
produzir a mesma potência de saída com menor potência motores de indução standard e de alto rendimento. In:
elétrica absorvida, ou seja, tem um rendimento superior ao PUCRS. Disponível: http://www.ee.pucrs.br/~lpereira.
do motor convencional. Acesso 7 mar. 2007.
Verificaram-se nos ensaios reduções de perdas mais [3] Heloi J. F. Moreira. Guia operacional de motores
significativas nas perdas suplementares e nas perdas nos elétricos. 2000. Rio de Janeiro: ELETROBRÁS, 2000.
núcleos do motor de alto rendimento. [4] Disciplina de Tecnologias de Uso Final I –
O método indireto é muito interessante, pois possibilita Equipamentos Elétricos. Análise econômica da
conhecer quantitativamente as perdas que ocorrem no aplicação de motores de alto rendimento. In: PUCRS.
interior do equipamento, durante sua operação. Disponível: http://www.ee.pucrs.br/~lpereira. Acesso 7
Foi visto que a má qualidade da energia de suprimento mar. 2007.
proporciona problemas para ambos os motores [5] ABNT - NBR 5383-1 - Fevereiro/2002: Máquinas
(convencional e de alto rendimento). Porém, como as perdas elétricas girantes Parte 1: Motores de indução
no motor de alto rendimento são menores, possuindo assim trifásicos – Ensaios.
maior margem térmica, ele suporta melhor a esses efeitos. [6] Conservação de Energia. Eficiência Energética de
No entanto, deve-se lembrar que quando o motor gira a Instalações e Equipamentos. Itajubá. Editora EFEI,
velocidades muito baixas, sua ventilação fica comprometida. 2001.
Assim, a combinação deste fato com as perdas provocadas [7] Olivio C. N. Souto. Modelagem e análise do
por uma alimentação não ideal pode trazer problemas até desempenho térmico de motores de indução sob
para o motor de alto rendimento, sendo recomendada a condições não ideais de alimentação. Tese de
limitação da potência disponibilizada em seu eixo. Doutorado, Universidade Federal de Uberlândia,
O motor de indução trifásico de alto rendimento pode Uberlândia. 2001.
trazer muitos benefícios, tanto para a empresa que o
emprega, quanto para o país. Mas, cada caso deve ser Este artigo foi apresentado anteriormente no Simpósio
estudado especificamente, pois a eficiência do sistema deve Brasileiro de Sistemas Elétricos 2008, de 27 a 30 de abril de
ser considerada e analisada com um todo, incluindo outros 2008, em Belo Horizonte, Minas Gerais.
equipamentos como bombas, ventiladores, compressores e