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EMISSÕES ATMOSFÉRICAS NA
INDÚSTRIA DO CIMENTO
PELOTAS
2018
Sumário
1. Introdução ...................................................................................... 3
2. Avaliações das emissões na indústria do cimento ................... 4
3. Legislação aplicável ...................................................................... 6
4. Formas de controle ..................................................................... 11
5. Referências bibliográficas .......................................................... 13
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1. INTRODUÇÃO
O cimento é obtido a partir da moagem do clínquer com outros materiais,
denominados genericamente de adições. O clínquer é produzido basicamente a partir
de calcário e argila, que são britados, moídos e misturados em proporções definidas.
Esse material é levado a altas temperaturas em fornos especiais. O processo
produtivo do clínquer é, portanto, de forma simplificada, uma combinação de
exploração e beneficiamento de substâncias minerais, transformadas por meio do
calor (ABDI, 2012).
Em termos mundiais, a maior parte das emissões de carbono da produção de
cimento, cerca de 90%, é resultante da geração de energia térmica e da
descarbonatação do calcário, etapa do processo industrial em que o calcário, por meio
de uma reação química, libera carbono para produção de clínquer. Desse total,
estima-se que a geração de energia térmica e a descarbonatação do calcário sejam
responsáveis, respectivamente, por 40% e 50% das emissões. Os 10% restantes
distribuem-se entre transporte e consumo de energia elétrica na fábrica (ABDI, 2012).
O cimento tem grande importância para a sociedade, por imprimir na civilização
atual e em suas cidades uma espécie de “face” comum. As obras e construções
contemporâneas, especialmente nos grandes centros, fazem amplo uso do cimento
como elemento de ligação, concretagem e elementos estruturais, entre muitos outros
usos (MAURY et. al., 2012).
O processo produtivo do cimento tem sido apontado como gerador de impactos
tanto ambientais, como sociais. Impactos relacionados com as comunidades no
entorno das fábricas eram corriqueiros e alguns deles causavam conflitos com seus
habitantes, tanto por gerarem problemas no meio natural como por questões
relacionadas à saúde humana, tais como: contaminações no ar, na água ou no solo.
Atualmente, nem todas as fábricas de cimento são problemáticas, já que parte delas
vem cada vez mais se comportando de forma a atender legislações, buscando uma
maior responsabilidade socioambiental. Entretanto, ainda há casos de impactos a
populações que vivem nas proximidades de algumas plantas industriais e, mais
recentemente, com a questão do aquecimento global e das mudanças climáticas em
foco, o setor passou a ser visado por emitir gases de efeito-estufa, causando impactos
em escala mundial (IPCC, apud MCT, 2006).
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3. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
A indústria de cimento é regulamentada por legislação visando à proteção ao
meio ambiente, saúde e segurança, além da qualidade do produto. As principais
regulamentações ambientais aplicadas ao setor referem-se ao controle das emissões
e ao coprocessamento.
Em relação ao controle de emissões, passou a vigorar, a partir de 26 de
dezembro de 2006, a Resolução Nº 382 do Conselho Nacional de Meio Ambiente
(CONAMA), que estabelece os limites máximos de emissão de poluentes atmosféricos
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de fontes fixas, cuja licença de instalação tenha sido solicitada após 02/01/2007, data
de publicação da resolução.
Em seu Anexo XI, a Resolução CONAMA Nº 382/2006 define os limites de
emissão de poluentes atmosféricos gerados na indústria do cimento Portland,
estabelecidos em termos de material particulado e óxidos de nitrogênio. Para
aplicação deste Anexo, são consideradas as seguintes definições dos termos:
a) cimento Portland: aglomerante hidráulico obtido pela moagem de clínquer ao
qual se adiciona, durante a operação, a quantidade necessária de uma ou mais formas
de sulfato de cálcio, permitindo ainda adições de calcário, escória de alto forno ou
pozolanas, de acordo com o tipo a ser produzido;
b) clínquer Portland: componente básico do cimento, constituído em sua maior
parte por silicatos de cálcio com propriedades hidráulicas;
c) ensacadeiras: equipamentos utilizados para acondicionamento do cimento
em sacos; d) escória de alto forno: subproduto resultante da produção de ferro gusa.
Quando granulada possui propriedades aglomerantes. Quimicamente é constituída de
minerais formados por cálcio, sílica e alumínio, ou seja, os mesmos óxidos que
constituem o cimento Portland, mas não nas mesmas proporções. É utilizada como
aditivo na fabricação de cimento;
e) farinha: matéria-prima finamente moída para a produção de clínquer,
composta basicamente de carbonato de cálcio (CaCO3), sílica (SiO2), alumina (Al2O3)
e óxido de ferro (Fe2O3) obtidos a partir de minerais e outros materiais ricos nestes
componentes, como o calcário, argila e minério de ferro;
f) forno de clínquer: equipamento revestido internamente de material refratário,
com chama interna, utilizado para a sinterização da farinha e produção de clínquer
Portland; g) moinhos de cimento: equipamentos onde se processa a moagem e
mistura de clínquer, gesso, escória e eventuais adições para obtenção do cimento;
h) resfriadores de clínquer: equipamentos integrados aos fornos de clínquer
que têm o objetivo principal de recuperar o máximo de calor possível, retornando-o ao
processo;
i) secadores: equipamentos que utilizam energia térmica para reduzir o teor de
umidade de materiais como escória e areia.
Levando em conta as considerações prévias, o Anexo XI estabelece os
seguintes limites de emissão para poluentes atmosféricos provenientes de processos
de produção de cimento.
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4. FORMAS DE CONTROLE
O valor da redução voluntária das emissões definida pelo Plano Indústria para
2020, se aplicado à indústria do cimento, representava, em 2013, um desafio para o
setor. A meta de emissão foi determinada para a indústria como um todo, pela redução
em 5% do valor estimado de emissões para 2020, obtido a partir da aplicação de uma
taxa de crescimento de 5% ao ano às emissões anuais a partir de 2005 (BRASIL,
2013).
Os meios mais utilizados para reduzir as emissões de carbono nesse segmento
são a produção de cimentos compostos com menor composição de clínquer e o uso
de combustíveis alternativos para geração de energia térmica. Entre os combustíveis
alternativos, destacam-se o coprocessamento de resíduos, o uso de biomassa e o gás
natural (ABDI, 2012).
No que diz respeito às tecnologias mais eficientes disponíveis, a alternativa
mais favorável seria a difusão do processo via seca, que representa a maior parte da
capacidade instalada no Brasil e, portanto, não teria como provocar uma redução
significativa da intensidade de carbono desse segmento da indústria. De acordo com
o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), o Brasil possui um parque
industrial moderno, com instalações eficientes no que diz respeito ao consumo
energético, e predomínio dos fornos via seca, que respondem por 99% da produção
de cimento no país (SNIC, 2008).
Avalia-se que é possível ampliar o coprocessamento de resíduos no Brasil, que
ainda se encontra em níveis inferiores aos observados em países europeus, Estados
Unidos e Japão (ABDI, 2012). O seu crescimento pode ser facilitado, uma vez que
75% das unidades produtoras de cimento integradas no Brasil, responsáveis por 80%
da produção de clínquer, possuem licença ambiental e capacidade tecnológica para
coprocessar resíduos (PINHO, 2012).
Além disso, é possível ampliar o uso de biomassa e de gás natural. É
importante destacar, entretanto, que a oferta de combustíveis alternativos pode ser
escassa ou de difícil acesso e que o poder calorífico do combustível pode não ser alto
o suficiente se comparado ao seu custo (ABDI, 2012).
Apesar do bom desempenho da indústria do cimento no Brasil no que diz
respeito à intensidade de carbono, acredita-se que ainda haja algum espaço para
redução adicional, mesmo que incremental, por meio das medidas mencionadas, em
especial da ampliação do coprocessamento de resíduos. A Tabela 3, a seguir,
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sumariza essas ações, bem como apresenta alternativas promissoras que devem se
tornar viáveis a longo prazo.
emissões de carbono no longo prazo. Os cimentos que não utilizam clínquer devem
inicialmente ocupar nichos de mercado e, caso se mostrem viáveis, ter seu uso
difundido (WBCSD, 2010). O estabelecimento de um custo para as emissões pode
incentivar a adoção de inovações que resultem em menor intensidade carbônica no
setor. O custo das emissões pode ser definido com o estabelecimento de um imposto
ou por um mecanismo de mercado, como o Sistema de Comercialização de Emissões
Europeu (European Union Emissions Trading System – EU ETS).
5. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
AGÊNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL – ABDI.
Subsídios para a elaboração de uma estratégia industrial brasileira para a
economia de baixo carbono: caderno 3: nota técnica cimento. São Paulo, 2012.