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CENTRO UNIVERSITÁRIO ANHANGUERA

UNIDADE DE LEME

ANTONIO CARLOS RODRIGUES

ASPECTOS DOS IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS


PELA CONSTRUÇÃO CIVIL

Leme/SP

2017
ANTONIO CARLOS RODRIGUES

ASPECTOS DOS IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS


PELA CONSTRUÇÃO CIVIL

Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso


de Engenharia Civil do Centro Universitário
Anhanguera de Leme.

Orientador:
Professor tutor EAD: Vitor Akio

Leme/SP

2017
ANTONIO CARLOS RODRIGUES

ASPECTOS DOS IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS


PELA CONSTRUÇÃO CIVIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Centro Universitário Anhanguera de Leme,
como requisito parcial para a obtenção do título
de graduado em Engenharia Civil.

BANCA EXAMINADORA

Prof(ª). Titulação Nome do Professor (a)

Prof(ª). Titulação Nome do Professor (a)

Prof(ª). Titulação Nome do Professor (a)

Leme/SP, 04 de dezembro de 2017.


“Dedico este trabalho à memoria de meus
avós paternos e padrinhos, Antonio
Rodrigues e Ignez Bessi Rodrigues e a
minha avó materna Balbina de Oliveira.
Por terem amparado com muito carinho,
dedicação, amor e pelo bem que me fez e
aos meus irmãos. Muito me honra por
tudo que vocês fizeram e representam em
nossas vidas.”
AGRADECIMENTOS

A minha filha Ercilia e ao meu genro Jeferson, que não mediram esforços
para auxiliar na realização deste trabalho, sem vocês seria muito mais difícil.
De forma muito especial a minha inigualável esposa Aurenir, por qual
carinhosamente chamamos de Nita, pelo incentivo, dedicação, compreensão e estar
sempre presente com muita disposição para ajudar, nos momentos que mais
precisei.
A meus filhos, Jacqueline e Claudio, por todo apoio, incentivo e compreensão.
A meus netos Matheus e Isabelle, que são a paixão da minha vida e
souberam ter paciência com o vovô nos momentos de tensões.
Aos meus tios Claiton e Fatima, “meus pais”, de tantas palavras amigas,
cobranças, desafios, carinho, ternura, amor, sempre presentes e por fazerem parte
da minha vida e de muito contribuírem para a realização de tudo isso.
Por fim, agradeço a todos vocês, com muita emoção e todo meu carinho.
Todos vocês são muito especiais na minha vida! Muito obrigado por tudo.
RODRIGUES, Antonio Carlos. Aspectos dos Impactos Ambientais Causados
Pela Construção Civil. 2017. 48 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso
Graduação em Engenharia Civil– Centro Universitário Anhanguera de Leme, Leme,
2017.

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo compreender a importância da Engenharia Civil para o
desenvolvimento da sociedade, realizando um breve histórico de seu
desenvolvimento no Brasil, identificado os principais danos que as atividades do
setor causam ao meio ambiente, meio social e econômico em que se inserem. Para
entendimento de tais impactos levaremos em consideração os conceitos de
ambiente, meio ambiente e impacto ambiental. Como ferramenta essencial para
evitar ou minimizar os impactos ambientais causados, os Sistemas de Gestão
Ambiental são utilizados para o planejamento e implementação das melhores
técnicas a serem utilizadas, sem comprometer a rentabilidade das empresas.

Palavras-chave: Engenharia Civil; Meio Ambiente; Impactos Ambientais;


Construção Civil; Sistemas de Gestão Ambiental.
RODRIGUES, Antonio Carlos. Aspectos dos Impactos Ambientais Causados
Pela Construção Civil. 2017. 48 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso
Graduação em Engenharia Civil– Centro Universitário Anhanguera de Leme, Leme,
2017.

ABSTRACT

This work intend to the importance of Civil engineering for the development of
society, performing a brief history of its development in Brazil, identified the major
damages that the activities of the sector cause the environment, social and
environmental Economic in which they are inserted. To understand such impacts we
will take into consideration the concepts of environment, environment and
environmental impact. As an essential tool to avoid or minimize the environmental
impacts caused, environmental management systems are used for the planning and
implementation of the best techniques to be used, without jeopardizing the
profitability of businesses.

Key words: Civil engineering; environment; Environmental impacts; Civil construction;


Environmental management systems.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... .9
1. A ENGENHARIA E SUA IMPORTÂNCIA PARA O DESENVOLVIMENTO
SOCIAL .................................................................................................................... .11
1.1 A ENGENHARIA CIVIL: UM BREVE HISTÓRICO DO SEU
DESENVOLVIMENTO NO BRASIL ..........................................................................12
2. ALGUMAS DEFINIÇÕES ACERCA DOS CONCEITOS DE AMBIENTE, MEIO
AMBIENTE E IMPACTO AMBIENTAL ..................................................................... 18
2.1 O CONCEITO DE AMBIENTE ............................................................................ 18
2.2 O CONCEITO DE MEIO AMBIENTE...................................................................20
2.3 O CONCEITO DE IMPACTO AMBIENTAL .........................................................23
3. IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELA CONSTRUÇÃO CIVIL................28
3.1 RESÍDUOS SÓLIDOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL...............................................31

3.2 EFLUENTES LÍQUIDOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL...........................................35

3.3 POLUIÇÃO SONORA NA CONSTRUÇÃO CIVIL................................................37


3.4 A GESTÃO AMBIENTAL COMO FERRAMENTA PARA DIMINUIR IMPACTOS
AMBIENTAIS .............................................................................................................37
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 41
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 43
9

INTRODUÇÃO

A dinâmica da construção civil vem se modificando constantemente com o


passar dos anos, sempre se adaptando as necessidades do ser humano. Devido à
grande influência do setor no desenvolvimento econômico e social do país, os
impactos ocasionados pelo mesmo também ganharam gradativa importância. A
presente pesquisa irá abordar a questão dos impactos causados ao meio ambiente
em detrimento da ação da construção civil, buscando abordar a possibilidade de se
praticar uma engenharia sustentável, capaz de reduzir os impactos gerados pela
mesma, tendo em vista a necessidade de preservação ambiental, analisando
também os aspectos sociais e econômicos, em contra partida buscando não
comprometer a lucratividade da obra.
No Brasil a preocupação com a degradação do meio ambiente surgiu de
forma tardia. Na construção civil não foi diferente, na busca de minimizar os
impactos ambientais gerados, além do aumento das oportunidades ambientais para
as futuras gerações, surge o paradigma da “construção sustentável”, resultante da
elaboração da Agenda 21 e de documentos da Rio 92. Os desafios no setor são
diversos, porém, é possível sintetizá-los na redução e potencialização do consumo
de materiais e energia, redução de resíduos gerados, além da preservação ou
melhora do ambiente natural ou social. Com um olhar mais atento e crítico é possível
perceber, prever, diminuir, ou até evitar essencialmente tais impactos. Cabe à
engenharia buscar soluções que minimizem esses impactos e atenuem os efeitos
decorrentes dos mesmos.
Os impactos ambientais causados pela indústria de construção civil envolvem
diversos fatores, o consumo indiscriminado de energia e de recursos, geração e
disposição de entulhos de forma inadequada, exploração de matérias-primas. A
realização de estudos e uma detalhada avaliação antes da realização do projeto
possibilitam que tais impactos ambientais sejam atenuados ou até mesmo
eliminados, além de possibilitar a redução de danos futuros, prevenindo assim
gastos futuros com as custas do projeto. Partindo desse pressuposto, essa pesquisa
apresenta como problema, a possibilidade de se praticar uma engenharia
sustentável, porém, sem o comprometimento da lucratividade.
O presente estudo objetiva entender um pouco mais da história da engenharia
civil e sua importância para o desenvolvimento social, identificar os aspectos
10

ambientais, sociais e/ou econômicos causados pela construção civil, realizando um


levantamento dos principais danos que as obras do setor civil causam no meio
ambiente, apresentando soluções para que a lucratividade da obra não seja
comprometida e tais impactos minimizados ou findados.
A pesquisa será estruturada em três capítulos, a priori buscar-se-á elaborar
terá um breve histórico e a importância da engenharia civil para o desenvolvimento
da sociedade. No segundo capítulo os conceitos de ambiente, meio ambiente,
impacto ambiental serão abordados, a fim de compreender as definições desses
termos e suas aplicações na construção civil. Por fim num terceiro momento será
realizado um levantamento dos principais impactos gerados pelo setor, além de uma
descrição de práticas utilizadas na área que atenuem a geração de aspectos
ambientais nas obras de construção civil.
Para o desenvolvimento deste tema são necessários alguns passos
metodológicos, a saber, utilizou-se revisão bibliográfica sobre o tema e área de
estudo, elaborado a partir de material já publicado, constituído principalmente de
livros, artigos e material disponibilizado na Internet.
11

1. A ENGENHARIA E SUA IMPORTÂNCIA PARA O DESENVOLVIMENTO


SOCIAL

A atividade da engenharia é tão antiga quanto à existência da humanidade e


sua evolução sempre esteve atrelada com a dos seres humanos. Ao longo do
tempo o homem foi desenvolvendo sua capacidade de dar forma a objetos e utilizá-
los para determinados fins, como por exemplo, utensílios domésticos e fabricação de
ferramentas. (BAZZO; PEREIRA, 2006).

É difícil estabelecer o início da atividade da construção civil no Brasil, mas


podemos afirmar que ela efetivamente começou com as primeiras casas
construídas pelos colonizadores que, naturalmente, hoje não seriam
classificadas como obras de engenharia. Em seguida, ainda de forma muito
rudimentar, vieram às primeiras obras de defesa, muros e fortins. Mas a
engenharia, tal como na época era entendida, parece ter entrado no Brasil
através das atividades dos oficiais-engenheiros e dos mestres construtores
de edificações civis e religiosas. (BAZZO; PEREIRA, 2006 p. 79).

Antigamente, dividia-se a engenharia em duas grandes áreas distintas: a


militar e civil. A primeira detinha o papel de criação e aprimoramento de técnicas
militares. A segunda, por sua vez, era responsável pelos demais aspectos, desde a
construção propriamente dita até a manutenção das máquinas utilizadas nessas
construções.
A engenharia que conhecemos hoje teve início nos exércitos, o rápido
desenvolvimento da pólvora e da artilharia desencadeou a transformação de
diversos aspectos na vida das pessoas. O foco das mudanças se deu nas obras de
fortificação, que a partir do século XVII, exigia a habilitação profissional para a
execução e elaboração dos projetos. (TELLES, 1984).
A sociedade moderna depende do profissional de engenharia pela sua
capacidade de resolver problemas sociais e técnicos. De acordo com BAZZO;
PEREIRA (2006), o engenheiro deve ser formado com a capacidade de resolver
inúmeros problemas da sociedade.
12

Engenharia é a arte de aplicar conhecimentos científicos e tecnológicos à


criação de estrutura, dispositivos, processos e informações, que possibilitam
converter recursos disponíveis na natureza em formas adequadas ao
atendimento das necessidades humanas. (BAZZO; PEREIRA, 2006. p.
156).

A engenharia no Brasil manteve seu desenvolvimento por muito tempo


atrasado. Isso se deu pelo fato da economia se basear na escravidão, o que
caracterizava uma mão de obra barata, não despertando interesse da monarquia a
instalação de indústrias na sua colônia. O ensino de engenharia no Brasil tem como
sua referência mais antiga, de acordo com Pedro C. da Silva que citou em seu livro
Histórias da Engenharia no Brasil, a contratação do holandês Miguel Timermans,
entre os anos de 1648 e 1650, para ensinar ciência e sua arte. (BAZZO; PEREIRA,
2006).

1.1 A Engenharia Civil: Um Breve Histórico do seu Desenvolvimento no


Brasil

Desde os primórdios a engenharia civil é um ramo de grande importância


dentro da engenharia, sempre desenvolvendo diversas atividades em benefício da
humanidade, e por esse motivo exerce significativa influência na organização da
sociedade.

A Construção Civil é caracterizada como atividades produtivas da


construção que envolve a instalação, reparação, equipamentos e
edificações de acordo com as obras a serem realizadas. O Código 45 da
Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) do IBGE
relacionam as atividades da construção civil como as atividades de
preparação do terreno, as obras de edificações e de engenharia civil, as
instalações de materiais e equipamentos necessários ao funcionamento dos
imóveis e as obras de acabamento, contemplando tanto as construções
novas, como as grandes reformas, as restaurações de imóveis e a
manutenção corrente. (OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2012, p. 2).
13

O engenheiro civil tem como função, realizar projetos, supervisionar


construções como pontes, estradas casas e edifícios. Esse profissional desenvolve
diferentes projetos que atingem diretamente a qualidade de vida da sociedade. A
engenharia civil está presente nas áreas de transporte, urbanização, ambiental,
estruturas, geotecnia, entre outras.

A engenharia civil tem amplo aspecto de atuação. O profissional desta área


pode projetar ou fiscalizar trabalhos relacionados à ponte, túneis, barragens,
estradas, irrigação, aeroporto, transportes, abastecimento de água e
saneamento etc. (BAZZO; PEREIRA, 2006, p. 234).

A indústria da construção civil apresentou espetacular desenvolvimento a


partir do início da década de 1920, o que tornou possível a realização de forma bem
sucedida de obras de grandes magnitudes. A engenharia brasileira era precária
antes de 1920, a construção de edifícios não exigia cálculos sofisticados para o
projeto e execução, pois os edifícios eram baixos. Pontes e viadutos eram escassos
e os existentes em sua maioria foram construídos por técnicos estrangeiros.
(SHOZO, 2004).
A partir da década de 1920 até os anos de 1960, a grande atividade das
industrias nacionais era a construção de arranha-céus em São Paulo e no Rio de
Janeiro, os projetos passaram a ser realizados por escritórios técnicos, com
renomados projetistas estruturais em seu comando.

A construção pesada incluindo estradas, ferrovias e aeroportos, usinas


hidrelétricas e nucleares e complexos industriais, empreendida a partir dos
anos de 1960, porém, foi o que fez surgir as grandes empreiteiras, como,
entre outras, a Camargo Correa, a Odebrecht, a Andrade Gutierrez, que, em
paralelo com também grandes empresas de projeto, como Hidroservice,
Engevix, Themag e Promon, encarregam-se do projeto, da execução e do
gerenciamento das grandes obras realizadas pelos governos militares.
(SHOZO, 2004, p. 365).

A construção de rodovias de grande magnitude caracterizou bastante essa


época. A malha rodoviária do Brasil, em 1985, ano que se caracterizou pelo término
do regime militar já contava com 1,5 milhão de quilômetros de estradas, dando
14

sempre prioridade para a construção e pavimentação das estradas que ligavam as


grandes capitais.
Nos últimos quarenta anos, de acordo com o Sistema FIRJAN (2014), a
economia brasileira sofreu diversas transformações e, sob determinadas condições
e em alguns períodos, conseguiu avançar consideravelmente em termos de
investimento e de produção.

O investimento, na perspectiva de seus resultados ao longo do tempo,


envolve inversões em máquinas e equipamentos, infraestrutura e habitação.
Em um país com as características do Brasil, no qual a infraestrutura
encontra limitações e a demanda habitacional é alta, a formação bruta de
capital fixo da Construção é parte essencial do investimento da economia.
Em outras palavras, o ciclo de investimento depende pronunciadamente dos
investimentos em construção. (SISTEMA FIRJAN, 2014).

A construção civil atua hoje como um dos mais importantes fatores da


economia brasileira, para Macedo e Martins (2011), o setor da construção civil
nacional encontra-se em processo contínuo de expansão, tornando-se um pilar na
geração de renda e emprego. Como é possível observar no gráfico 1, a geração de
emprego no setor cresceu consideravelmente de 2010 à 2014, proporcionando
consequentemente renda direta e indireta a diversas famílias, além de movimentar a
economia do país.

Gráfico 1: Número de empresas ativas na indústria da construção civil com 1


ou mais pessoas ocupadas- Brasil- 2010/2014.

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (2014, p.26).


15

O gráfico 2, demostra uma ligação direta da economia brasileira influenciando


no setor da construção civil. No decorrer dos anos 1970 ocorreu um processo de
expansão dos investimentos em construção, proposto pelo governo militar, com
participação efetiva de investimentos estatais. Com o cenário econômico dos anos
1980, esse modelo entrou em crise, o que ocasionou uma retração na oferta de
capital e um ajuste da economia da américa do norte. No Brasil, a aceleração da
inflação contribuiu para o estreitamento generalizado dos investimentos em
infraestrutura e moradia, a falência do Banco Nacional da Habitação (BNH) ocorreu
nesse período. Nos vinte anos seguintes a economia brasileira não conseguiu
manter um crescimento sustentado, influenciando na estabilidade da construção
civil. (SISTEMA FIRJAN, 2014).

Gráfico 2: Capital fixo- formação bruta- construção- R$ de 2011.

Fonte: SISTEMA FIRJAN (2014, p. 27).

Em 1994 com a estabilização do Plano Real, elemento crucial para o


estabelecimento e expansão da economia o setor de engenharia civil apresentou um
crescimento e aumento do capital fixo. Em meados dos anos 2000, uma importante
mudança para o setor da habitação, com a retomada de investimentos, começou a
alterar o quadro de instabilidade do setor.
16

Em 2007, os investimentos em infraestrutura são consolidados e ampliados


no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Em 2009, foi lançado o
programa “Minha Casa, Minha Vida”, que expandiu o acesso à moradia,
contemplando subsídios para as famílias de baixa renda, e estabelecendo
mecanismos que ampliam a concessão do crédito imobiliário. Nesse
contexto, a formação bruta de capital fixo em construção se desenvolve em
curva ascendente, robustecendo o crescimento brasileiro. (SISTEMA
FIRJAN, 2014).

Gráfico 3: Emprego com carteira assinada na Construção, Brasil

Fonte: SISTEMA FIRJAN (2014, p. 28).

Com o considerável crescimento do setor no Brasil ocorre um crescimento


consistente na contratação de mão de obra, essas contratações vêm aliadas com
uma melhora na qualidade do emprego. O número de trabalhadores com carteira
assinada teve um crescimento significativo de 170 % entre dezembro de 2003 e
dezembro de 2012. Com a expansão no número de contratações e garantias
trabalhistas, o mercado passa a exigir uma maior qualificação da mão de obra, já
que as empresas buscam elevar a produtividade.
A engenharia Civil sempre buscou atender as necessidades do homem, sem
se preocupar com as técnicas utilizadas, nem os impactos por ela gerados. Com o
desenvolvimento das técnicas e do ser humano, a mesma assume um importante
papel no ciclo de desenvolvimento, contribuindo ativamente para o crescimento da
economia brasileira, ocupando posição de destaque no Produto Interno Bruto (PIB)
nacional, além de geração direta e indireta de emprego. Tamanha influência, porém,
17

vem acompanhada da necessidade de se preservar o ambiente em que a atividade


de construção está inserida, tornando-se um grande desafio para a indústria da
construção civil, tendo em vista as dificuldades em termos de infraestrutura,
saneamento, atividades comerciais e industriais, abastecimento de agua,
infraestrutura para transporte (DEGANI, 2003). Tais impactos serão abordados no
próximo capítulo.
18

2. ALGUMAS DEFINIÇÕES ACERCA DOS CONCEITOS DE AMBIENTE, MEIO


AMBIENTE E IMPACTO AMBIENTAL

As transformações no meio ambiente causadas pelo homem são tão antigas


quanto sua própria existência. Porém, só a partir do final do século passado os
impactos ambientais se intensificaram em detrimento do ao elevado crescimento
demográfico e a grande evolução tecnológica. A partir da década de 1970, governo,
sociedade e organizações despertaram preocupação em se discutir e implementar
políticas voltadas para o planejamento e gestão dos recursos ambientais no Brasil e
no mundo.
O consumo desenfreado de recursos finitos gera inúmeros impactos
irreversíveis ao meio ambiente e para melhor entender essa questão se faz
necessário conhecer importantes conceitos como o de ambiente, meio ambiente e
impacto ambiental.

2.1 O CONCEITO DE AMBIENTE

DULLEY (2004), baseado em ART (1998) conceitua ambiente como o


conjunto de condições que sustentam e envolvem os seres vivos na biosfera,
fazendo parte ou como um todo, englobando elementos do clima, solo, água e de
organismos. Enquanto que meio ambiente sendo a soma total das condições
externas que circundam o interior das quais um organismo, uma comunidade ou um
objeto existe.
O meio ambiente não é um termo exclusivo, os organismos podem ser parte
do ambiente de outro organismo. “[...] poder-se-ia dizer que ambiente seria, portanto,
a natureza conhecida pelo sistema social humano (composto pelo meio ambiente
humano e o meio ambiente específico das demais espécies conhecidas)”, afirma o
autor (ibidem, p. 20).
SANTOS (1996), discutindo o conceito de sustentabilidade, considera que
ambiente compreende a base física e material da vida, a infraestrutura possibilita a
sua existência em toda e qualquer escala. Nesse sentido, HUMPHREY e BUTTEL
apud SANTOS (1996), consideram que o conceito de ambiente envolve a fina
19

camada que recobre a terra (biosfera), localizada entre a crosta terrestre e a


atmosfera, o que constitui as condições externas e influencia a vida ou a totalidade
dos organismos da sociedade.
RIBEIRO e CAVASSAN (2013) consideraram o conceito de ambiente:

Refere-se à natureza pensada ou representada pela mente humana, isto é,


à realidade apreendida, àquilo a que estamos cônscios através da
percepção. Pode ser entendido como o que da natureza é conhecido pelo
sistema social, o que está no horizonte perceptível humano. Uma
construção humana historicamente construída. Faz alusão ao conjunto dos
meios ambientes conhecidos pelo homem e é constituído de fenômenos
que podemos representar e que são capazes de entrar em reação com um
organismo, mas que ainda não foram chamados a fazer. Inclui aqueles
fenômenos que não são imediatamente utilizados, mas que estão em
condição de serem empregados operacionalmente pelo organismo. (2013,
p.71).

Consolidando as definições acerca do conceito de ambiente, o mesmo se


remete a natureza com o sendo portadora das condições de abrigar todas as
espécies do planeta. Enquanto o conceito de meio ambiente, menos abrangente, se
remete a natureza, que apresenta condições de abrigar o sistema social dos seres
humanos ou de qualquer outra espécie. Sendo no caso dos seres humanos, o meio
ambiente mais comum, as cidades, que são consideradas como a natureza
modificada pelo homem, não sendo considerada em consequência de tais
modificações como natureza, assumindo a característica de meio ambiente
construído. (DULLEY, 2004).
Sob o aspecto jurídico GIANINI (1973), apud PINTO (2006, p. 13), é possível
individualizar três sentidos para o conceito ambiente:

a) O ambiente como modo de ser global da realidade natural, baseada


num dado equilíbrio dos seus elementos – equilíbrio ecológicos, que se
retém necessário e indispensável em relação à fruição da parte do
homem, em particular à saúde e ao bem-estar físico; o ambiente
enquanto ponto de referência objetivo dos interesses e do direito
respeitante à repressão e prevenção de atividades humanas dirigidas a
20

perturbar o equilíbrio ecológico, convertendo-se o dano ao ambiente em


dano ao próprio homem;
b) O ambiente como uma ou mais zonas circunscritas do território,
consideradas pelo seu peculiar modo de ser e beleza, dignas de
conservação em função do seu gozo estético, da sua importância para a
investigação científica, ou ainda pela sua relevância histórica; isto é, o
ambiente enquanto soma de bens culturais, enquanto ponto de
referência dos interesses e do direito à cultura;
c) O ambiente como objeto de um dado território em relação aos
empreendimentos industriais, agrícolas e dos serviços; isto é, o
ambiente enquanto o ponto de referência objeto dos interesses e do
direito urbanístico respeitantes ao território como espaço, no qual se
desenvolvem a existência e a atividade do homem na sua dimensão
social.

O conceito de ambiente de modo geral é muito amplo, abrange a vida vegetal,


animal, incluindo o ser humano e o espaço onde se desenvolve. O ambiente inclui
também o processo histórico de sua ocupação e as transformações sofridas em
determinadas épocas, o que lhe dá um caráter dinâmico e mutável.

2.2 O CONCEITO DE MEIO AMBIENTE

Presente constantemente nos meios de comunicação, nos discursos de


ambientalistas e políticos, nos livros didáticos, o termo meio ambiente apresenta
inúmeras definições. Cada pessoa possui sua própria concepção do conceito de
meio ambiente, apresentando características relacionadas com seus interesses e
crenças individuais, sejam elas religiosas, políticas, profissionais, científicas ou
filosóficas. Sendo assim, ao debater questões acerca do meio ambiente, é
necessário à priori conhecer variadas concepções sobre o conceito.
De acordo com a resolução CONAMA 306 (2002): “Meio Ambiente é o
conjunto de condições, leis, influencia e interações de ordem física, química,
biológica, social, cultural e urbanística, que permite, abriga e rege a vida em todas as
suas formas”.
RIBEIRO e CAVASSAN (2013) consideraram que o conceito de meio
ambiente:
21

Diz respeito aos elementos que envolvem ou cercam uma espécie ou


indivíduo em particular, que são relevantes para o mesmo e que entram em
interação efetiva. É caracterizado por ser um espaço definido pelas
atividades do próprio ser; determinado em função de peculiaridades
morfofisiológicas e ontogenéticas, sendo uma propriedade inerente aos
seres vivos. (2013, p.71).

Portanto, faz referência aos fenômenos que entram efetivamente em relação


com um organismo particular, “[...] que são imediatos, operacionalmente diretos e
significativos”. (RIBEIRO; CAVASSAN,2013, p. 71).
Toda a sociedade é responsável pela manutenção e preservação do meio
ambiente, para que isso seja possível, é necessário realizar modificações que não
atuem de maneira negativa, pois implicará em consequências para a qualidade de
vida da sociedade e suas futuras gerações.

“O meio ambiente concebido, inicialmente, como as condições físicas e


químicas, juntamente com os ecossistemas do mundo natural, e que
constitui o habitat do homem, também é, por outro lado, uma realidade com
dimensão do tempo e espaço. Essa realidade pode ser tanto histórica do
ponto de vista do processo de transformação dos aspectos estruturais e
naturais desse meio pelo próprio homem, por causa de suas atividades
como social na medida em que o homem vive e se organiza em sociedade,
produzindo bens e serviços destinados a atender as necessidades e
sobrevivência de sua espécie”. (EMÍDIO, 2006, p.127).

No artigo 225 da Constituição Federal (2015) considera-se que: “Todos têm


direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
A definição de meio ambiente segundo PINTO (2006), pode ser visualizada
de duas perspectivas, uma estreita e outra ampla. Na ótica estreita, conservadora e
totalmente ultrapassada, por meio ambiente a mera representação jurídica dos
recursos naturais e suas relações com os seres vivos. Tal classificação apresenta
uma concepção empoeirada e não satisfaz a grandeza do tema, o que evidenciou a
necessidade prática de aprimorar a doutrina, atualmente atendida a boa técnica, que
22

considera que o conceito vai além da ecologia, abrangendo não apenas o natural,
mas com grande ênfase no artificial, decorrente da atuação do ser humano.
Sob a ótica moderna é possivél cogitar, como meio ambiente natural,
integrado por solo, água, ar, fauna e flora, e de meioambiente artificial, constituído
por edificações, cidades e equipamentos produzidos pelo homem, derivados de
valores históricos e culturais. Levando em consideração tal concepção é possível
afirmar que nem todos os ecossistemas são naturais.

Os organismos vivos e seu ambiente não-vivo (abióticos) estão


inseparavelmente inter-relacionados e interagem entre si. Chamamos de
sistema ecológico ou ecossistema qualquer unidade (biossistema) que
abranja todos os organismos que funcionam em conjunto (a comunidade
abiótica), numa dada área, interagindo com o ambiente físico de tal forma
que o fluxo de energia produza estruturas bióticas claramente definidas e
uma ciclagem de materiais entre as partes vivas e não-vivas. O ecossistema
é a unidade funcional básica na ecologia, pois inclui tanto os organismos
quanto o ambiente abióticos: cada um destes fatores influencia as
propriedades do outro e cada um é necessário para a manutenção da vida,
como a conhecemos na Terra. Este nível de organização deve ser nossa
primeira preocupação se quisermos que a nossa sociedade inicie a
implementação de soluções holísticas para os problemas que estão
aparecendo agora no nível do bioma e da biosfera. (ODUM 1998, apud
PINTO, 2006, p. 911).

A partir da noção de meio ambiente, a ideia de preservação surge como fruto


de uma conscientização internacional, à qual sociedade e poderes nacionionais
aderiram, porém, vale resaltar que tal noção não trata apenas dos aspectos relativos
ao meio ambiente natural, porque abriga também o artificial, entendendo-se este
como as variadas formas de expressão da sociedade, caracteristica formadora e
determinante do sentimento de cidadania.
O meio cultural obteve expressa referência na Constituição de 1988, que
definiu os elementos integrantes e estipulou mecanismos de sua proteção,
destacando:
Art. 216 – Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza
material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores da
23

referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos


formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
II – os modos de criar, fazer e viver;
III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços
destinados às manifestações artístico-culturais;
V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico,
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

Após a definição de ambiente e meio ambiente, se faz necessário entender


como a constante atuação do ser humano na esfera da vida modifica o meio
ambiente natural através dos impactos ambientais.

2.3 O CONCEITO DE IMPACTO AMBIENTAL

O meio ambiente sofre constantemente impactos de origem natural, quanto


aqueles geradas em razão da presença do ser humano, que, em consequência de
suas necessidades de habitação, alimentação, locomoção, trabalho,
inevitavelmente, atua direta ou indiretamente sobre o meio, acarretando
interferências que são chamadas de impactos ambientais. REIS (2002, p.44)
classifica Impactos Ambientais como aqueles que:

1. Resultem de uma emissão direta de substâncias tóxicas ou de difícil


degradação; 2. Resultem de mau ou deficiente gerenciamento dos recursos,
matérias primas ou resíduos; 3. Provoquem desperdiço de recursos que
poderiam ser evitados; 4. Sejam causadores de uma não-conformidade
legal; 5. Sejam significativos para as partes interessadas; 6. Impeçam o
desenvolvimento estratégico da empresa; 7. Sejam causadores de grave
prejuízo financeiro ou à imagem da empresa.

Estas atividades cotidianas e que ocasionam problemas ambientais são


tecnicamente chamadas de aspectos ambientais. O CONAMA através da resolução
306 de 2002 classificou: “Aspecto ambiental é o elemento das atividades, produtos
ou serviços de uma organização que pode interagir com o meio ambiente”.
24

Na IS0 14001 (2004) classifica-se aspecto ambiental como: “Elemento das


atividades ou produto de serviços de uma organização que pode interagir com o
meio ambiente”. Reforçanco o conceito utilizada na ISSO 14001 (2004), SÁNCHES
(2006, p. 33) considera: “Aspecto ambiental pode ser entendido como o mecanismo
através do qual uma ação humana causa impacto ambiental.”
SANTOS (2004, p.110) apresenta diversas definições para o conceito de
impacto ambiental conforme é possível observar através da Tabela 1.

Tabela 1: Algumas definições para o conceito de impacto ambiental.

Fonte: Adaptado de Santos (2004 p.110).

A resolução 306 de 2002 do CONAMA classifica ainda como impacto


ambiental sendo qualquer alteração das propriedades do meio ambiente, sejam elas
25

físicas, químicas ou biológicas, causadas de qualquer forma, resultante sempre das


atividades humanas, que podem afetar a saúde, segurança e o bem estar da
população, a economia, a biota, as condições estéticas ou sanitárias do meio
ambiente, além da qualidade dos recursos ambientais.
SÁNCHEZ (2006, p.31) listou que o impacto ambiental pode ser ocasionado
por uma ação humana que tenha como implicação:

1. Supressão de certos elementos do meio ambiente, a exemplo de:


Supressão de componentes do ecossistema, como a vegetação; Destruição
completa de hábitats (por exemplo, aterramento de um mangue); Destruição
de componentes físicos da paisagem (por exemplo, escavações);
Supressão de elementos significativos do ambiente construído; Supressão
de referências físicas à memória (por exemplo, dos locais sagrados, como
cemitérios, pontos de encontros de membros de uma comunidade).
Supressão de componentes ou elementos valorizados do ambiente (por
exemplo, cavernas, paisagens notáveis).
2. inserção de certos elementos no ambiente, a exemplo de: Introdução de
uma espécie exótica; Introdução de componentes construídos (por exemplo,
barragens, rodovias, edifícios, áreas urbanizadas).
3. Sobrecarga (introdução à fatores de estresse além da capacidade de
suporte do meio, gerando desequilibro), a exemplo de: Qualquer poluente;
Introdução de uma espécie exótica (por exemplo, coelhos na Austrália);
Redução dos hábitats ou da disponibilidade de recursos para uma dada
espécie (por exemplo, elefantes na África contemporânea); Aumento da
demanda de bens e serviços públicos (por exemplo, educação, saúde).

Nada vive isolado na natureza, fatores físicos e biológicos do ambiente se


relacionam, trocando matéria e energia, e quando unidos formam sistemas
organizados com vida própria, como um rio, um oceano ou uma floresta. Os
ecossistemas funcionam harmonicamente, baseados no equilíbrio das partes que os
compõe, e quando ocorrem alterações, pode correr o desequilíbrio. Quando o ser
humano influência de forma negativa o meio ambiente, ele de certa forma acaba
alterando o equilíbrio do ambiente, alterando também o seu próprio padrão de
qualidade de vida, ocasionando então um impacto ambiental.
SANTOS (2004, p.114) considera que os impactos ambientais podem ser
classificados da seguinte forma:
26

Tabela 2: Atributos para classificação dos impactos ambientais

Expressão Este atributo descreve o caráter positivo ou negativo (benéfico ou adverso) de


cada impacto: note-se que a maioria dos impactos tenha nitidamente o caráter
positivo ou negativo, alguns impactos podem ser ao mesmo tempo positivos e
negativos, ou seja, positivos para um determinado componente ou elementos
ambientais e negativos para outro.

Origem Trata-se da causa ou fonte do impacto, direto ou indireto; impactos diretos são
aqueles que decorrem das atividades ou ações realizadas pelo empreendedor,
por empresas por ele contratadas, ou que possam ser controladas; impactos
indiretos são aqueles que decorrem de um impacto direto causado pelo
projeto em análise, ou seja, são impactos de segunda ou terceira ordem; os
indiretos são mais difusos que os diretos e se manifestam em áreas
geográficas mais abrangentes onde os processos naturais ou sociais ou os
recursos afetados indiretamente pelo empreendimento também podem sofrer
grande influência de outros fatores.

Duração Impactos temporários são aqueles que só se manifestam durante uma ou mais
fases do projeto e que cessam na sua desativação. São impactos que cessam
quando acaba a ação que os causou, como a degradação da qualidade do ar
devido à emissão de poluentes atmosféricos; impactos permanentes
representam uma alteração definitiva de um componente do meio ambiente
ou, para efeitos práticos, uma alteração que tem duração indefinida, como a
degradação do solo causada pela impermeabilização devido à construção de
um centro comercial e de um estacionamento; são impactos que permanecem
depois que cessa a ação que os causou.

Escala temporal Impactos imediatos são aqueles que ocorrem simultaneamente à ação que os
gera; impactos a médio ou longo prazo são os que decorrem com certa
defasagem em relação à ação que os gera; uma escala arbitrária poderia
defini prazo médio, como da ordem de meses, e a longo, da ordem de anos.

Reversibilidade Esta característica é representada pela capacidade do sistema (ambiente


afetado) de retornar ao seu estado anterior caso cesse a solicitação externa,
ou seja, implantada uma ação corretiva. A reversibilidade de um impacto
depende de aspectos práticos; por exemplo, a alteração da topografia
causada por uma grande obra de engenharia civil ou uma mineração é
praticamente irreversível, pois, mesmo se tecnicamente exequível é na
maioria dos casos inviável economicamente recompor a conformação
topográfica original; a extinção de uma espécie é um impacto irreversível.

Cumulatividade Referem-se, respectivamente, à possibilidade de os impactos somarem ou se


e sinergismo multiplicarem; impactos cumulativos são aqueles que se acumulam no tempo
e no espaço, e resultam de uma combinação de efeitos de uma ou diversas
ações”.

Fonte: Elaborada pelo autor a partir de Santos (2004, p.114).


27

Qualquer alteração provocada pelo homem na natureza pode gerar impactos


negativos com consequências, não só em escala local, mas também global. A
natureza ultrapassa fronteiras, portanto, uma alteração que ocorre em determinado
ponto pode afetar outro local distante. Assim, todos se tornam responsáveis pela
conservação e qualidade de vida do planeta Terra.
O espaço ocupado pelo homem está a todo o momento sofrendo
modificações sendo elas relacionadas ou não pelo próprio homem, que podem
apresentar danos quando não administradas corretamente. Para que isso não ocorra
estudos e um sistema de gestão ambiental, são meios para evitar a ocorrência de
impactos ao meio ambiente. No próximo capítulo serão contextualizados os impactos
ambientais gerados pelo setor e as práticas utilizadas para diminuir tais impactos.
28

3. IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELA CONSTRUÇÃO CIVIL

As atividades da construção civil geram impactos ambientais, sociais e


econômicos no ambiente no qual estão inseridas. Para regularizar essas atividades
utiliza-se de leis para regularizar o zoneamento ambiental determinado no Plano
Diretor do município. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), em nível
nacional, tratam sobre a necessidade de controle dessas atividades por meio de
Estudos e Relatórios de Impacto Ambiental para que novos empreendimentos
recebam a licença para execução da obra.
O Plano Diretor de cada município e as demais leis que regem o
licenciamento ambiental tem por objetivo controlar e minimizar a implantação de
construções que possam trazer impactos negativos para o meio ambiente,
preservando sempre a sociedade e economia o local em que a obra está inserida,
garantindo que aspectos histórico-culturais permaneçam intactos.
Apontada como a grande vilã no que tange as questões ambientais mundiais
por gerar lixo nos canteiros de obra e seu entorno, poluição sonora, visual, a
preocupação como assunto relacionado a problemas relacionados com
sustentabilidade surgiram de forma tardia por parte dos movimentos ambientalistas e
dos órgãos governamentais. A versão da Agenda 21 de 1999 para países em
desenvolvimento apresenta como os principais desafios de uma construção
sustentável processo e gestão, execução, energia e água, consumo de materiais,
impactos no meio ambiente urbano e natural, questões sociais, culturais e
econômicas. (PIOVEZAN JUNIOR, 2007).
Por exigência do mercado e da legislação ambiental vigente, uma maior
atenção entre incorporadoras e suas edificações surgiu. A exigência por novas
construções que ofereçam um ambiente confortável, seguro e saudável também
aumentou. A legislação apresenta cada vez mais rigor, com aplicação de multas
tanto para as empreiteiras como para os responsáveis técnicos das obras. E para o
ponto de vista do mercado, obras sustentáveis, as tornam mais vendáveis.

As indústrias dos mais diversos setores passaram a assumir publicamente


compromissos com a melhoria de desempenho ambiental, essas iniciativas
ao mesmo tempo em que garantem uma maior eficiência nos processos
29

produtivos das empresas, proporcionam a oportunidade de diferenciação


dos seus respectivos produtos no mercado. (ANDRADE; CHIUVITE, 2004,
p. 62).

Por se tratarem de atividades que transformam o meio ambiente, as


atividades da construção civil são submetidas ao licenciamento ambiental. O
procedimento busca identificar e analisar os impactos, definir medidas preventivas e
corretivas, além de um plano de monitoramento dos impactos. O Decreto Federal n°
99.274, de 06/06/1990, atualiza a Política Nacional de Meio Ambiente e defini a
obrigatoriedade do licenciamento ambiental.
O licenciamento ambiental é um instrumento administrativo, onde o órgão
ambiental analisa se a implantação da obra é viável, as condições de instalação, a
operação dos empreendimentos e as atividades que potencialmente poderão causar
impactos ao meio ambiente. No Brasil a Resolução CONAMA nº 307/2002 instituiu
que os municípios devem proibir a destinação de resíduos da construção civil (RCC)
em aterros de resíduos sólidos urbanos (aterros sanitários), áreas de “bota fora”,
encostas, corpos d’água, lotes vagos e em áreas protegidas por Lei. (CÓRDOBA,
2014).
O impacto ambiental na construção civil não se limita apenas na fase de
execução da obra. A extração de matérias primas, a produção, o transporte de
materiais, a manutenção, a demolição e a destinação de resíduos são fatores
importantes que compõem a cadeia produtiva dessa atividade. Os recursos naturais
do planeta são consumidos gradativamente para fornecer insumos para a
construção civil. Aproximadamente 40% dos resíduos gerados são produzidos pelo
setor da construção civil, além do consumo de 2/3 da madeira natural extraída e,
20% a 50% do consumo dos recursos naturais totais extraídos do planeta.
(PIOVEZAN JUNIOR, 2007). Uma melhor ilustração dessa cadeia produtiva da
construção civil pode ser observada na Figura 1.
30

Figura 1: Esquema geral da cadeia produtiva da construção civil e os aspectos


ambientais

Fonte: PIOVEZAN JUNIOR (2007, Adaptado do Ministério das cidades, p.79).

Os impactos ambientais ocasionados pela atividade da construção civil não se


restringe apenas aos aspectos físicos, a fabricação do cimento, material muito
utilizado pela indústria é responsável por cerca de 5% das emissões mundiais de
gases estufa. O processo de fabricação do cimento é feito aquecendo o calcário e
argila até que eles se fundam em um material único, denominado de escória do
cimento, que por fim é misturada a diversos aditivos. O aquecimento desses
materiais provocam reações químicas que por sua vez liberam grandes quantidades
de dióxido de carbono na atmosfera, ocasionado então uma poluição atmosférica,
contribuindo para o aquecimento global.
Segundo a Resolução CONAMA n° 03 de 28 de junho de 1990, poluente
atmosférico é “qualquer forma de matéria ou energia com intensidade e em
quantidade, concentração, tempo ou característica em desacordo com os níveis
estabelecidos, e que tornem ou possam tornar o ar: impróprio, nocivo ou ofensivo à
saúde; inconveniente ao bem-estar público; danosos aos materiais, à fauna e flora;
prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade, e às atividades normais da
comunidade”.
Os poluentes podem ser classificados em primários quando são emitidos
diretamente pela fonte de emissão e em secundários quando se formam na
atmosfera através de reações químicas entre as substâncias existentes.
31

3.1 RESÍDUOS SÓLIDOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Os resíduos oriundos da construção civil são responsáveis por uma porção


significativa dos resíduos sólidos gerados no meio ambiente, e seu descarte
inadequado gera grandes transtornos e degradação ambiental. Com a grande
demando do setor, os resíduos de atividades formais e informais são descartados
em velocidade muitas vezes superior a capacidade de assimilação desses materiais
pelo meio ambiente.
Grande parcela dos resíduos da construção civil é depositado
clandestinamente em terrenos baldios, várzeas e taludes, provocando impactos
negativos ao meio ambiente. Muitos desses impactos são visíveis e comprometem a
paisagem urbana e transtornos ao transito de veículos e pedestres.

Figura 2: Resíduos da construção civil depositados clandestinamente

Fonte: Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMA) de Aracajú (2015).


32

Figura 3: Resíduos da construção civil às margens de rodovia

Fonte: SPAUTZ (2017).

Quando esses resíduos não são removidos pelo poder público, se tornam
chamativos para o descarte de outros tipos de lixo, como móveis velhos, pneus,
poda de árvores e resíduos domiciliares, o que possibilita a proliferação de insetos
como o Aedes Aegypit, além de quando levados pelas águas superficiais, obstruem
as canalizações de drenagem. Como a maioria dos municípios não possuem áreas
adequadas para a destinação desses resíduos, muitas vezes estes são depositados
em áreas de importantes cursos d’água, ocasionando enchentes e grandes prejuízos
para a sociedade. (KUSTER, 2007).
De acordo com a Resolução CONAMA n. 307 de 05 de julho de 2002, que
estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da
construção civil, tem-se as seguintes definições:

I – Resíduos da construção civil: são os provenientes de construções,


reforma, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes
da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos
cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas,
madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento
33

asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica, etc., comumente


chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha;
II – Geradores: são pessoas, físicas ou jurídicas, públicas ou privadas,
responsáveis por atividades ou empreendimentos que gerem os resíduos
definidos nesta Resolução;
III – Transportadores: são as pessoas, físicas ou jurídicas, encarregadas da
coleta e do transporte dos resíduos entre as fontes geradoras e as áreas de
destinação;
IV – Agregado reciclado: é o material granular proveniente do
beneficiamento de resíduos de construção que apresentem características
técnicas para a aplicação em obras de edificação, de infraestrutura, em
aterros sanitários ou outras obras de engenharia;
V – Gerenciamento de resíduos: é o sistema de gestão que visa reduzir,
reutilizar ou reciclar resíduos, incluindo planejamento, responsabilidades,
práticas, procedimentos e recursos para desenvolver e implementar as
ações necessárias ao cumprimento das etapas previstas em programas e
planos;
VI – Reutilização: é o processo de reaplicação de um resíduo, sem
transformação do mesmo;
VII – Reciclagem: é o processo de reaproveitamento de um resíduo, após
ter sido submetido à transformação;
VIII – Beneficiamento: é o ato de submeter um resíduo às operações e/ou
processos que tenham por objetivo dotá-los de condições que permitam que
sejam utilizados como matéria prima ou produto;
IX – Aterro de resíduos da construção civil: é a área onde serão
empregadas técnicas de disposição de resíduos da construção civil Classe
“A” no solo, visando a preservação de materiais segregados de forma a
possibilitar seu uso futuro e/ou futura utilização da área, utilizando princípios
de engenharia para confiná-los ao menor volume possível, sem causar
danos à saúde pública e ao meio ambiente;
X – Áreas de destinação de resíduos: são áreas destinadas ao
beneficiamento ou à disposição final de resíduos.

O Art. 3° desta Resolução traz a seguinte classificação dos resíduos de


construção civil:
34

Tabela 3: Classificação dos Resíduos conforme Resolução CONAMA n°


307/2002

Fonte: Resolução n° 307 do CONAMA (2002)

Uma ampla variedade de produtos constituem os resíduos sólidos da


construção civil, JOHN os classificou em:
• Solos;
• Materiais cerâmicos: rochas naturais, concreto, argamassas a base de
cimento e cal, resíduos de cerâmica vermelha como: tijolos e telhas;
cerâmica branca, especialmente a de revestimento, cimento-amianto,
gesso-pasta, placa e vidro;
• Materiais metálicos como: aço para concretos armados, latão, chapas de
aço galvanizado; e,
• Materiais orgânicos como madeira natural ou industrializada, plásticos
diversos, materiais betuminosos, tintas, adesivos, papel de embalagem,
restos de vegetais e outros produtos de limpeza de terrenos (JOHN, 2000,
p. 28).
Devido as suas características químicas e minerais serem semelhantes aos
agregados naturais do solo, uma parte dos resíduos da construção civil não
representa grandes riscos ambientais, porém, outros tipos de resíduos como, graxa
e óleos do maquinário, pinturas, aditivos e outros compostos químicos, se encontram
frequentemente nos efluentes líquidos e podem causar severos danos ao meio
ambiente.
35

3.2 EFLUENTES LÍQUIDOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Os corpos de água têm a capacidade de restaurar suas características


ambientais, principalmente por meio do processo de diluição. Entretanto, mudanças
significativas extrapolam esta capacidade e provocam ruptura do equilíbrio,
caracterizando a poluição do corpo receptor aquático (MOREIRA, 2006).
A contaminação ou poluição dos corpos d’água pela indústria da construção
civil ocorre pelo lançamento de efluentes líquidos e detritos. As águas subterrâneas
também podem ser poluídas ou contaminadas devido ao lançamento de efluente
e/ou a disposição inadequada de resíduos no solo, favorecendo os processos de
infiltração e percolação (MOREIRA, 2006).
Diversas etapas do processo de realização de uma obra possuem a entrada
de água e a consequente geração de efluente líquido para sua realização e por
consequência a geração de efluentes líquidos, conforme pode ser observado na
Tabela 4.

Tabela 4: Processos com utilização de água e geração de efluentes líquidos

Fonte: RODRIGUES et al. (2011).

Todos os processos possuem aspectos ambientais inerentes a sua existência,


que consequentemente, geram impactos, reais ou potenciais, ao meio ambiente,
conforme apresentado na Tabela 5.
36

Tabela 5: Processos por fase da obra com utilização de água e geração de


efluentes líquidos ou contaminação da água

Fonte: RODRIGUES et al. (2011).

Os resíduos líquidos se enquadram na Classe D da Resolução CONAMA n°


307/2002, sendo considerados altamente perigosos, podendo causar riscos à saúde
humana ou ao meio ambiente, se gerenciados de forma inadequada, portanto,
necessitam de um gerenciamento correto afim de evitar impactos ambientais.
Os resíduos que oferecem perigoso ambiental não podem ser reutilizados,
como restos de tinta, solventes, óleos e graxas, devem ser descartados, de acordo
com o seu tipo, em tambores com tampas e devem ser encaminhados para Áreas de
Transbordo e Triagem (ATTs) ou destinados a aterros industriais licenciados para
receber produtos deste tipo. É de suma importância que as empresas geradoras
desses resíduos garantam que eles terão o encaminhamento correto.
37

3.3 POLUIÇÃO SONORA NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Em consequência a grande urbanização nos grandes centros metropolitanos,


os ruídos da construção civil, tem cada vez mais, apresentado grande incomodo à
população.
De acordo com MAIA (1999), as atividades da construção civil são em sua
maioria geradoras de ruídos, que expõe os trabalhadores a níveis de pressão sonora
variável durante as diferentes fases da obra. E ao utilizar máquinas e ferramentas o
trabalhador adquiri uma facilidade em suas tarefas, contudo, os expõe a ambientes
de trabalho com um maior índice de ruídos. Nesses ambientes, o ruído pode resultar
em numerosos problemas de saúde, provocando modificações nas atividades
fisiológicas, tais como: stress, aceleração no ritmo cardíaco, variação de pressão
arterial, surdez e outros.
Os ruídos suportáveis por seres humanos e animais não ultrapassam 40 ou
50 decibéis. Sons acima de 85 decibéis podem provocar danos à saúde das
pessoas, sendo 120 decibéis o máximo que o ouvido humano pode suportar
(MOREIRA, 2006).
Os elevados níveis de ruído têm sido um grave problema nos ambientes de
trabalho da construção civil, ocasionado danos à saúde de inúmeros funcionários.
Em muitos casos, o controle destes níveis de ruído requer medidas de engenharia
complexas, com custos elevados e que demandam bom planejamento técnico e
financeiro.
A geração de ruído, portanto, é um importante fator de desequilíbrio ambiental
e deve merecer atenção tanto do ponto de vista da saúde ocupacional quanto do
bem-estar da comunidade vizinha. (MOREIRA, 2006).

3.4 A GESTÃO AMBIENTAL COMO FERRAMENTA PARA DIMINUIR


IMPACTOS AMBIENTAIS

No cenário atual, as questões ambientais vêm ganhando cada vez mais


presença em todas as agendas e negócios dos governos, organizações. A
discussão de temas como mudanças climáticas e poluição do ar água e solo está
38

presente de maneira ampla na sociedade e possui grande importância capital dentro


das empresas, seja por efeito dos custos de uma gestão pouco eficaz em relação ao
meio ambiente ou, seja pela cobrança do mercado em relação a produtos
ambientalmente corretos e socialmente responsáveis.
O conceito de sustentabilidade vem sendo aplicado rotineiramente nas
indústrias como forma de minimizar os impactos ambientais causados pela geração
de resíduos sólidos, líquidos ou de qualquer outro impacto de suas atividades e com
isto reduzir seus custos de produção e tornar suas atividades ambientalmente mais
sustentáveis.
A busca pelo desenvolvimento sustentável está intrinsecamente enraizada
entro dos Sistemas de Gestão Ambiental (SGA). De acordo com Souza (2000) a
gestão ambiental pode ser definida como a gestão administrativa a qual tem por um
escopo a gestão dos processos produtivos de acordo com requisitos ambientais de
uma localidade (cidade, estado, país), tendo como resultado, sua consonância com
elementos, como requisitos econômicos, legais, mercado e sociais.
O conceito de Gestão Ambiental é muito amplo, e é utilizado para determinar
as ações ambientais de determinado espaço. A gestão ambiental como ferramenta
para ordenar as atividades humanas para que elas causem o menor impacto
possível sobre o meio ambiente. Esta ação vai desde a escolha da melhor técnica
até o cumprimento da legislação e determinação correta de recursos. “O Sistema de
Gestão Ambiental é a parte de um sistema da gestão de uma organização utilizada
para desenvolver e implementar sua política ambiental e para gerenciar seus
aspectos ambientais”. (ABNT NBR ISO 14001: 2004, p. 2).
Ao implantar um sistema de gestão ambiental, a empresa ambiental adquire
uma visão estratégica em relação ao meio ambiente, deixando de agir em função
apenas dos riscos e passa a perceber também as oportunidades (MOREIRA, 2006).
REIS (2002, p.78) aponta alguns dos benefícios obtidos com a implantação do
sistema de gestão ambiental:

− Demonstrar aos clientes o comprometimento com a gestão ambiental; −


Manter e/ou melhorar as relações com a comunidade e o público em geral;
− Facilitar o acesso a novos investimentos; − Obter diminuição dos custos
de seguro; − Melhoria da imagem da empresa e aumento do “market share”;
39

− Melhoria do controle de custos; 16 − Diminuição de custos via redução de


desperdícios de fatores produtivos; − Redução e/ou eliminação dos
impactos negativos; − Cumprimento da legislação ambiental aplicável; −
Redução do número de auditorias dos clientes.

ANDREOLI (2002) classificou os principais estágios do SGA como:


Planejamento, Implementação, Avaliação e Revisão. O Sistema de Gestão
Ambiental deve ser simples, flexível e dinâmico, para auxiliar sua compreensão
pelas pessoas que trabalham na fase de implementação. A implementação do SGA
pode sofrer certa resistência por parte das organizações, por considerarem um
passo burocrático e gerar custos.

Para conseguir vencer esses obstáculos, é preciso ter certeza que todos
entendem por que a organização necessita do SGA efetivo e como ele pode
ajudar no controle dos impactos ambientais e consequentemente os custos.
Manter as pessoas envolvidas no projeto e implementação do SGA
demonstra o comprometimento da organização com o meio ambiente e
ajuda a verificar que ele é realista, prático e que agrega valor.
Implementando ou melhorando o SGA, a organização vai entender como
gerenciar os compromissos ambientais e como encontrar melhores
soluções. (ANDREOLI, 2002, p. 67).

Além de diminuir os impactos ambientais que podem ocorrer pelas obras da


construção civil, um bom Sistema de Gestão Ambiental também está relacionado
com a rentabilidade das empresas, conforme a Figura 4.
40

Figura 4: – Relação entre Gestão Ambiental e Rentabilidade da Empresa

Fonte: KLASSEN; MCLAUGHLIN (1996) apud MARCOVITH (2012, p. 20)

A identificação de aspectos ambientais é fundamental numa obra de


construção civil, pois conhecendo os aspectos, é possível atuar de forma a evitar ou
reduzir os impactos ambientais. Conhecendo os impactos que uma obra pode gerar,
é possível priorizá-los e, então, decidir quais ações tomar.
Através do SIG é possível definir as tecnologias e as ações gerenciais,
estabelecendo os recursos que precisam ser introduzidos (equipamentos a serem
comprados, profissionais a serem contratados e treinados, ferramentas a serem
implementadas, os prazos e custos envolvidos). São estas as informações que
interessam aos profissionais de obra preocupados com a questão da
sustentabilidade para garantir que a obra não gere impactos ambientais negativos
no ambiente.
41

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A sustentabilidade na Construção Civil é um grande desafio no Brasil e no


mundo. A cadeia de produção ao qual ela pertence ainda gera muitas influências
negativas ao meio ambiente. A forma de construir ainda precisa de melhorias e
grandes investimentos no setor tecnológico são necessários para que ocorra uma
significante mudança no panorama atual da construção civil. Os governos também
precisam se mobilizar e criar incentivos a pesquisa e investimentos para diversas
áreas de estudos, principalmente de novos materiais que minimizem os impactos
gerados pelas obras da construção civil.
A abordagem dos conceitos de ambiente, meio ambiente e impacto ambiental
possibilitou entender que toda e qualquer intervenção humana gera impactos, sejam
eles no meio ambiente, meio social, ou econômico do local em que eles acontecem,
esses impactos apresentam diferentes escalas. A geração de resíduos da
construção ainda é um grave problema, além de ser algo que compromete e causa
impactos hoje, ainda acomete futuramente o meio ambiente. Os desafios no setor
são diversos, porém é possível sintetizá-los na redução e potencialização do
consumo de materiais e energia, redução na geração de resíduos, além da
preservação ou melhora do ambiente. A legislação ambiental no Brasil é rica e
complexa. Teoricamente ela é muito bem elaborada, porém, esbarra nas implicações
judiciais dos diversos órgãos envolvidos e principalmente na falta de fiscalização
efetiva. A lei apenas no papel, por mais bem escrita que seja, acaba por não
contribuir para a preservação do meio ambiente.
Apesar de todo o conhecimento dos impactos as empresas ainda buscam
apenas o desenvolvimento econômico e são falhas no que diz respeito a questões
ambientais, já que essas questões podem elevar os custos de suas construções. Os
Sistemas de Gestão Ambiental apesentam excelentes possibilidades no que tange a
questão ambiental das obras civis, com o estudo e gerenciamento adequado é
possível a identificação dos aspectos e impactos ambientais, sendo assim, o ponto
de partida em busca da melhoria do desempenho ambiental das empresas.
Com um olhar mais atento e crítico é possível perceber, prever, diminuir, ou
até evitar essencialmente os mais diversos impactos que uma obra da construção
42

civil gera ao meio ambiente. Cabe à engenharia buscar soluções que minimizem e
atenuem os efeitos decorrentes dos mesmos.
43

REFERÊNCIAS

ANDRADE, T. C. S. de; CHIUVITE, T. B. S. Meio Ambiente: Um bom negócio


para a indústria: Práticas de Gestão Ambiental. São Paulo: Tocalino, 2004.

ANDREOLI, Cleverson V. Coleção Gestão Empresarial. 2002. Disponível em


http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/gestao/empresarial.pdf. Acesso em 13/10/2017.

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construção civil e resíduos volumosos – Áreas de transbordo e triagem –
Diretrizes para projeto, implantação e operação. Rio de Janeiro, 2004.

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). NBR ISO 14001: Sistemas da


gestão ambiental Requisitos com orientações para uso. Rio de Janeiro, 2004.
Disponível em http://www.madeira.ufpr.br/disciplinasghislaine/iso-14001-2004.pdf.
Acesso em 29/09/2017.

BAZZO, A. W.; PEREIRA, V. T. L. Introdução à Engenharia : Conceitos,


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Disponível em https://www.senado.gov.br/atividade/const/con1988/CON1988_
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