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ANUÁRIO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA DOCENTE

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO


CIVIL NO MUNICÍPIO DE CARAGUATATUBA
Um estudo sobre as políticas públicas existentes

Waldmir Assis Freitas Ferreira - Faculdade Anhanguera de São José


Alberto Manoel Scherrer - Faculdade Anhanguera de São José
Monica Antoniny Mendes - Faculdade Anhanguera de São José
Renata Cristina Morgado - Faculdade Anhanguera de São José

RESUMO: No contexto da geração de resíduos sólidos da construção civil, a Palavras-chave:


responsabilidade expande-se enfaticamente ao setor privado, o segmento econômico Gestão ambiental; Poder público;
Construção civil; Resíduos.
da indústria da construção civil que, por suas especificidades, promovem crescimento
econômico, são geradores de resíduos sólidos e, face a isto, são, também, responsáveis
por apresentar soluções que viabilizem o sucesso econômico com uma gestão Keywords:
ambiental, que propicie a perenização dos recursos naturais, ou minimize os impactos Environmental management;
causados pelos resíduos gerados. No Município de Caraguatatuba, as constatações Branch Public Construction; Waste.
são de que o poder público, em seu arcabouço legal, contém normas reguladoras da
atividade empresarial, bem como determinações legais voltadas ao tratamento dos
resíduos sólidos da construção civil. A estrutura textual foi concebida por meio de
uma pesquisa de natureza descritiva, com abordagem qualitativa e delineamento
documental. O objetivo do trabalho é a constatação de políticas públicas, no enfoque
da gestão ambiental sustentável. A conclusão aponta a necessidade de um maior
aprofundamento nas questões relacionadas ao tratamento dos resíduos da construção
civil, assim como maior interação do poder público com o setor privado e o meio
acadêmico.

ABSTRACT: In the context of solid waste generation construction, responsibility


expands strongly to the private sector, the economic sector of the construction industry
which, by its specificities, promote economic growth, are generators of solid waste
and, from this, are also responsible for providing solutions that enable economic
success with environmental management, which is conducive to the perpetuation of
natural resources, and minimize the negative impacts of waste generated. In the city of
Caraguatatuba, the findings are that the government, in its legal framework, contains
standards regulating business activity, as well as legal requirements aimed at solid
waste treatment construction. The textual structure was designed by a descriptive
research with a qualita-tive approach and design documentation. The objective is
the realization of public policy, the focus of sustainable environmental management.
The conclusion highlights the need for further clarification on issues related to the
processing of construction waste, as well as greater interaction of the government with
the private sector and academia.
Informe Técnico
Recebido em: 12/11/2012
Avaliado em: 13/12/2012
Publicado em: 19/05/2014

Publicação
Anhanguera Educacional Ltda.

Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE

Correspondência
Sistema Anhanguera de
Revistas Eletrônicas - SARE
rc.ipade@anhanguera.com

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Gerenciamento de resíduos sólidos da construção civil no município de Caraguatatuba: um estudo sobre as políticas públicas existentes

1. Introdução
A gestão ambiental está na pauta de discussões dos setores públicos e privados. A importância
da preservação tem sido foco de debates acadêmicos e tem provocado ações no âmbito dos
governos, em todas suas instâncias. Todos os poderes constituídos, não só no Brasil, mas,
senão todos, a grande maioria dos países mostram-se envolvidos neste contexto.
No setor privado, mormente no segmento econômico em que atua a indústria da
construção civil, o cumprimento das normas que regulam essa atividade empresarial tem
sido alvo de atenção, haja vista que, por suas características próprias quanto ao uso do solo,
bem como gerador de uma diversidade de resíduos sólidos, essa atividade tem, de per si,
uma obrigação intensa de harmonizar o progresso econômico e social, com a preservação
ambiental.
No âmbito das legislação, tanto na esfera federal como nas esferas estadual e municipal,
a constatação é de que o gestor público tem elaborado normas pertinentes à gestão ambiental,
visando promover o desenvolvimento sustentável.
No contexto do Município de Caraguatatuba, objeto específico do presente trabalho,
as constatações são similares às verificadas junto ao executivo federal e estadual, o que
preceitua a crítica voltada às ações e consecução das metas estabelecidas pelo ente público.
Procurando demonstrar a necessidade de atitudes gerenciais mais intensas que
busquem alcançar as propostas contidas na legislação municipal, apresenta-se aqui
dados graficamente elaborados, cujos valores apontam o crescimento populacional de
Caraguatatuba e, como consequência, a necessidade de construção de unidades imobiliárias,
sejam para residências, comércio e/ou públicas, o que requer estudos preliminares, a fim
de que o meio ambiente não seja prejudicado, principalmente pelo motivo de o município
em apreço estar geograficamente inserido em área limítrofe àquelas definidas como área
de preservação, como é o caso do Parque Estadual da Serra do Mar que, por ser legalmente
delimitado, necessita de uma gestão competente, inclusive com um serviço de fiscalização e
orientação, visando sua perenidade

2. POLÍTICAS PÚBLICAS NO ÂMBITO DA GESTÃO AMBIENTAL:


CONCEITOS GERAIS E NORMAS EXISTENTES NO BRASIL E NO ESTADO
DE SÃO PAULO
O desenvolvimento regional, em seu sentido amplo, contempla uma série de enfoques nas
mais variadas áreas do conhecimento, abrangendo estudos que permeiam as atividades
sociais, econômicas, religiosas, coletivas e individuais, assim como aborda o setor público e
o privado.

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Entretanto, para que os estudos possam surtir os efeitos esperados, é necessário que
se realize pesquisas com focos objetivamente centrados em um determinado tema, a fim de
que, uma vez confirmado seu valor e assertividade, tal estudo possa ser inserido em um
contexto mais amplo, com parte integrante de uma determinada área do conhecimento ou
interesse coletivo, que vise o desenvolvimento harmônico e sustentável de uma região.
Ademais, no ambiente acadêmico, onde prolifera as discussões científicas, estudos
sobre desenvolvimento devem ser “segmentados” por área do conhecimento, haja vista sua
importância, abrangência e profundidade. Tal entendimento encontra abrigo nas palavras
de Santos e Carniello (2011, p.308) que, versando sobre o tema, diz que o desenvolvimento
constitui um campo de investigação fecundo e, mais adiante, cita disciplinas como a
economia e a sociologia, sobre a história do pensamento econômico. Expressamente,
são dizeres dos autores (2011, p.309) ao afirmarem que: “[...] Economistas, sociólogos,
antropólogos, administradores contribuem significativamente para a formação de um
campo de conhecimento relacionado ao desenvolvimento [...]”.Percebe-se, portanto, que o
caráter de transdisciplinaridade é perceptível no âmbito dos estudos sobre desenvolvimento
regional, seus conceitos fundamentais e as especificidades do tema aqui abordado.
É imprescindível que ao se dissertar sobre desenvolvimento de uma região, que se
torne evidente sob a abordagem denotativa e conotativa, que por “desenvolvimento” deve-
se entender que tal expressão não está adstrita exclusivamente às questões econômicas,
individuais e/ou coletivas, locais e/ou regionais.
Antes, a concepção de desenvolvimento está intrinsecamente atrelada ao entendimento
de que uma pessoa, um grupo, uma sociedade perceber-se-á em processo de desenvolvimento,
a partir da coexistência de vários aspectos em suas vidas, tais como: acesso a educação,
sistema de saúde, habitação condigna, sistema de transporte e saneamento condizentes com
as necessidades individuais e coletivas, pleno emprego e progresso profissional.
É mister para que qualquer desenvolvimento mostre-se consistente e contínuo, que
esse esteja embasado em um planejamento ordenado em seu aspecto de temporalidade e
prioridades, bem como harmonizando-se a realização de obras físicas, a fim de que os diversos
aspectos básicos do progresso (em sentido amplo) sejam contemplados na consecução dos
projetos idealizados. Em suma, trata-se de planejar o que será feito, como e quando isso
efetivamente ocorrerá.
O planejamento deve ser tratado e concebido como questão subjacente ao
desenvolvimento, uma vez que este não se configura de forma consistente sem aquele.
Ademais, é concludente a afirmação de Gurgel (2009, p. 58), ao citar que planejar é função
clássica da administração, o que se estende aos gestores públicos, responsáveis imediatos
por planejar e fomentar o desenvolvimento de uma região.

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Corrobora com este pensamento as menções de Perroux (1964) citadas por Tavares
(2011, p.55) que, ao comentar sobre as questões relativas ao planejamento como instrumento
imprescindível para que se concretize o desenvolvimento de uma região, enfatiza que não
haverá crescimento e desenvolvimento de um conjunto de territórios e de populações,
sem que se haja antes formulado um planejamento tão amplo quanto profundo. Nessa
citação, são relevantes as palavras de Tavares (2011, p.55), ao se expressar : “Administrar
esses processo a fim de minimizar os seus impactos é uma atribuição do Estado, através
do planejamento [...]”. Deixa assim o autor de forma clara que recai sobre o Estado (aqui
citado como o poder público, não importando seu status administrativo) a obrigação de
planejar as ações direcionadas ao crescimento e desenvolvimento, contemplando nesse
planejamento os aspectos próprios relacionados com as empresas e a população em geral,
visando sempre a convivência harmônica e profícua de todos os segmentos, no interesse de
promover o crescimento das empresas em geral garantindo sua continuidade e o bem estar
dos habitantes da região em apreço.
No sentido de planejar o desenvolvimento regional, deve-se observar atentamente
aqueles segmentos que, por sua própria natureza no âmbito da atividade econômica, além de
trazerem altas taxas de crescimento, exercem grande efeito em empresas sob sua influência.
Esse ideário encontra amparo nas palavras de Tavares (2011, p.53), ao comentar tal enfoque.
Ressalte-se, porém, que a indústria motriz não pode ser tratada com exclusividade
como embasamento único para o crescimento econômico de uma região. É necessário,
conforme menciona Souza (2009, p.76), que o Estado, ao planejar o desenvolvimento da
região sob sua responsabilidade político-administrativa, deve também observar atentamente
outros segmentos tradicionais, como aqueles vinculados à alimentação e vestuário, dentre
outros. Porém, a indústria motriz exerce função relevante, principalmente quando esta tem
a capacidade e característica funcional de atrair outras empresas para o ambiente geográfico
onde esteja instalada.
Neste contexto as empresas de menor porte têm sua sustentabilidade econômica
viabilizada, uma vez que os consumidores dos produtos ali comercializados estarão presentes
e potencialmente capacitados a adquirir as mercadorias ofertadas por tais empresas e, além
disso, considerando a globalização da economia, podem também participar do comércio
internacional, o que já de fato se observa no cenário das pequenas empresas. Tal afirmação
encontra abrigo nas palavras de Longenecker (2007, p.303), ao afirmar textualmente que
“[...] de fato, as pequenas empresas estão sendo formadas cada vez mais com a intenção de
participar do comércio internacional [...]”.
Neste sentido, o objetivo é que se conceba o desenvolvimento intimamente atrelado
às condições (qualidade) de vida. Esta preocupação não é uma “onda de modismo”. Já em
épocas anteriores, havia esta ênfase, o que é corroborado por Dallabrida (2011, p.285), ao

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expressamente mencionar: “Entre os economistas clássicos, já estava presente a preocupação


com a qualidade de vida da população [...]”. Tal citação corrobora ao ideário de que nas
discussões científicas sobre desenvolvimento impera seu caráter transdisciplinar, o que
enriquece os estudos pertinentes.
A gestão pública deve estar imbuída de um elevado grau de responsabilidade, no
que se refere às tratativas regulamentares e comportamentais voltadas à gestão ambiental.
Entretanto, essa demonstração de interesse deve estar intrinsecamente atrelado à competência
gerencial, sem o que as intenções não se transformarão em ações que tenham por resultado
a preservação do meio ambiente, em seu amplo sentido e alcance.
Esta afirmativa encontra amparo nas palavras de Abrucio (2007) ao assim se expressar:
[...] a profissionalização do alto escalão governamental é condição sine qua non
para o bom desempenho das políticas públicas [...] é interessante também trazer
profissionais do mercado e da academia para “oxigenar” a administração pública
e incorporar novas técnicas e conhecimentos [...] no bojo dessa transformação, é
preciso transferir algumas tarefas aos estados e municípios, que ainda continham
inadequadamente com o governo federal [...] grifos do autor (ABRUCIO, 2007, p.80).

No aspecto da gestão de empresas do setor privado, a inserção da matriz da gestão


ambiental nas organizações, subentende-se não simplesmente uma mudança estrutural.
Sim, alteração de rotinas e ações voltadas às questões ambientais, como esclarece Corazza
(2003, pg.11):”[...] Em outras palavras, a incorporação matricial da gestão ambiental envolve
a mudança de atividades e de rotinas preexistentes [...]”. A afirmação da autora corrobora
com a ideia de que um maior envolvimento dos setores empresariais demanda disposição
para enfrentar mudanças, compreendendo que as atitudes necessárias devem não somente
ter a “pura forma da lei”, mas, sobretudo, evidenciar a responsabilidade que é subjacente às
atitudes porventura propostas.
Pode-se afirmar convictamente que esse é o caso da indústria da construção civil, cuja
atividade propicia o surgimento de outras empresas, uma vez que a geração de empregos
por ela (a construção civil) promovida é ampla tanto no aspecto quantitativo como no
qualitativo e as especialidades de mão de obra exigidas para seu pleno funcionamento.
Além do que, a geração de empregos indiretos ensejam o crescimento econômico, que pode
promover melhorias no padrão de vida das pessoas, mas também impacta em grande escala
o meio ambiente, face a geração de resíduos sólidos, nos quais a diversidade merece atenção
especial.
No Brasil, de forma mais objetiva, as primeiras manifestações oficiais se configuraram
com o advento das normas de gestão de qualidade ISO na década de 80, que se tornaram
referência internacional, o que também ocorreu no Brasil, conforme observa Figueiredo (2006,
p. 18): “Introduzindo inovações administrativas e difundindo experiências e informações
que viriam consolidar a gestão da qualidade em nosso país, o Programa Brasileiro de
Qualidade e Produtividade [...] significou um ponto de convergência [...]”. Especialmente

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quanto à construção civil, relata o mesmo autor (2006, p. 19) que o Programa Brasileiro de
Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H) instituído ao final dos anos 90, veio em
direção ao apoio de um setor carente de qualidade, conforme são suas próprias palavras “[...]
O programa,abordando aspectos da gestão que envolvem processos, serviços e materiais
[...] foi um reflexo do que já vinha ocorrendo em outras áreas da industria”.
Esses fatores são e continuam sendo tratados como importantes pela sociedade,
que almeja que as construções sejam realizadas sob a égide da responsabilidade social e
ambiental, não se desprezando aqui as demais abordagens de sustentabilidade. No enfoque
social, corroboram as palavras de Vahan (2011, p. 27): “A demanda social por um ambiente
construído de melhor qualidade permanece importante em países em desenvolvimento,
como o Brasil”. Nota-se assim, que a demanda social aqui destacada deve ser contemplada,
uma vez que o engajamento da sociedade no enfoque da sustentabilidade se faz notar com
ênfase e em evolução em nosso país.
Dos órgãos públicos normativos, em cumprimento de seus objetivos, tem emanado
legislação própria relativa ao tratamento dos resíduos, procurando também orientar sobre
o seu manuseio sustentável, como é o caso da Resolução CONAMA nº 307, de 05 de julho
de 2002, que estabeleceu diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos
da construção civil. Esta Resolução foi modificada em seu art. 3º - inciso IV, por meio da
Resolução 348/04, que ampliou o alcance da classificação dos resíduos estabelecidos na
Resolução anterior. Especialmente o artigo 2º, inciso I, da Resolução CONAMA 307 (2002)
diz textualmente:
Resíduos da construção civil: são os provenientes de construções, reformas, reparos
e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da
escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos,
rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa,
gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc.,
comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha.

A ênfase do inciso aqui citado está em abranger em sua redação, o aspecto diverso dos
resíduos, haja vista que cada um deles deve merecer atenção específica quanto ao tratamento
eficaz que a sua própria natureza impõe.
Além da Resolução CONAMA 307, tem-se também, Brasil, as normas publicadas pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que tratam especificamente dos resíduos
sólidos da construção civil, quais sejam:
NBR 15.112:2004 – Resíduos da construção civil e resíduos volumosos – áreas de
transbordo e triagem – diretrizes para projeto, implantação e operação;
NBR 15.113:2004 – Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes – Aterros –
Diretrizes para projeto, implantação e operação;
NBR 15.114:2004 – Resíduos sólidos da construção civil – Áreas de reciclagem –
Diretrizes para projeto, implantação e operação;

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NBR 15.115:2004 – Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil –


Execução de camadas de pavimentação – Procedimentos; e
NBR 15.116:2004 – Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil –
Utilização em pavimentação e reparo de concreto sem função estrutural – Requisitos.
Tais normas são diretrizes claras e consistentes que objetivam fixar os requisitos
exigidos para a correta manipulação e tratamento correto dos resíduos que, em última
análise, orientam os responsáveis pelos empreendimentos imobiliários, com vistas ao reuso
dos resíduos, gerando ganho econômico e, acima de tudo, evitando maiores danos ao meio
ambiente, conferindo assim à indústria da construção civil o caráter de sustentabilidade em
suas ações.
Muito se tem comentado a respeito dos resíduos sólidos e seus impactos no meio
ambiente. O que se pode constatar é que a responsabilidade em respeitar e cuidar do meio
ambiente não é um “privilégio” de nenhuma área do conhecimento, isto ao se focar o meio
acadêmico, bem como o tratamento dos resíduos sólidos não pode ser entendido como
obrigação de um único setor. Em verdade, entende-se que a responsabilidade permeia o
indivíduo e a sociedade civil em suas ações mais diversas e o meio empresarial, notadamente
os segmentos econômicos que se utilizam da ocupação do solo para o desenvolvimento
de suas atividades, como é o caso da indústria da construção civil ao construir unidades
imobiliárias.
Em relação ao poder público, existe uma obrigatoriedade enfática de sua inserção na
gestão ambiental, até porque o artigo 4º da Lei 12.305, de 02 de agosto de 2010, ao legislar
sobre a política nacional dos resíduos sólidos, trata da aplicação conjunta de princípios e
objetivos, alcançando o Estados e Municípios da Federação, no âmbito do gerenciamento
ambientalmente adequado dos resíduos sólidos.
No âmbito do Estado de São Paulo, as primeiras propostas datam do final da década de
1990, que, em 2006, culminou com a promulgação da Lei Estadual 12.300, que foi atualizada
e regulamentada com o advento do Decreto Estadual nº 54.645, de 05 de agosto de 2009. A
Secretaria de Meio Ambiente (SMA), por meio da Resolução 38 de 10 de outubro de 2011,
buscou atender as exigências do artigo 19 do decreto estadual aqui mencionado, cujo inteiro
teor do “caput” e de seu parágrafo único, estão assim redigidos
Artigo 19 - Os fabricantes, distribuidores ou importadores de produtos que, por
suas características, venham a gerar resíduos sólidos de significativo impacto
ambiental, mesmo após o consumo desses produtos, ficam responsáveis, conforme
o disposto no artigo 53 da Lei nº 12.300, de 16 de março de 2006, pelo atendimento
das exigências estabelecidas pelos órgãos ambientais e de saúde, especialmente para
fins de eliminação, recolhimento, tratamento e disposição final desses resíduos, bem
como para a mitigação dos efeitos nocivos que causem ao meio ambiente ou à saúde
pública

Parágrafo único - A Secretaria do Meio Ambiente publicará, mediante resolução,


a relação dos produtos a que se refere o “caput” deste artigo. .(Decreto Estadual
54.645/2009, Art. 19)

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A concepção de gestão ambiental, sob o enfoque do Estado de São Paulo, está,


portanto, devidamente normatizada e, a percepção é de que a SMA, no cumprimento de
suas atribuições, emana instruções normativas orientadoras que visam o pleno cumprimento
de sua responsabilidade, enquanto órgão do governo estadual criado objetivamente para
implementar ações que tenham como objeto primordial a gestão ambiental.

3. Resíduos Sólidos da Construção Civil: aspecto


conceitual, natureza dos resíduos e o impacto no meio
ambiente
Não se pode e nem se deve desvincular o desenvolvimento, de um conjunto de atitudes
responsáveis e plenamente harmonizadas com todo o contexto onde se situa determinado
empreendimento econômico. O entendimento é de que a busca do lucro deve estar lastreada
em atitudes que demonstrem com a maior evidência possível, que a sustentabilidade, tratada
em seus vários aspectos e níveis, seja o embasamento dessa busca, sob pena de macular o
resultado, por meio de sacrifício alheio, como magistral e literalmente se expressa Sen (2000, p.
145): “[...] Os preços elevados ou a baixa qualidade dos produtos envolvidos nessa produção
artificialmente sustentada podem impor um sacrifício significativo à população[...]”. Tal
afirmativa não deixa dúvida quanto à necessidade de um comportamento sustentavelmente
responsável por parte dos gestores, haja vista que, em última análise, é a população que,
por meio da aquisição e consumo dos produtos ofertados pelas empresas em geral, que
garantem a continuidade de seus projetos empresariais.
Como já mencionado, a atividade imobiliária deve merecer atenção especial, dada sua
importância no contexto social em atender uma das necessidades básicas das pessoas, que
é a moradia. Neste sentido, tem-se a seguinte observação de Scherrer (2009, p. 89): “[...]
a atividade imobiliária, que passou por transformações no decorrer dos tempos, merece
atenção especial, pois trata-se de uma das necessidades básicas da sociedade como um todo:
a moradia”.
Entende-se assim que o segmento da construção civil está plenamente inserido no
âmbito do planejamento e desenvolvimento regional, por contemplar em seu escopo funções
sociais relevantes, tais como: geração de empregos em larga escala, construção de unidades
residenciais nos mais variados padrões, assim como tem a propriedade de atrair outras
empresas na região em que se instala, assim como acentuado aumento na arrecadação de
tributos, principalmente pelo erário municipal, que cobra o ISSQN das empresas prestadoras
de serviços às incorporadoras do ramo da construção civil.
Cabe apontar que a própria complexidade e alcance da cadeia produtiva da construção
civil arregimenta em seu teor mais amplo, uma gama de atividades e, portanto, segmentos

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econômicos diversos, cujas atuações específicas, na qualidade de um dos elos dessa cadeia
produtiva, demanda uma análise mais acurada, a fim de que o produto final seja sustentável
em seus mais diversos enfoques.
O gráfico 1 demonstra, em 2009, a composição da cadeia produtiva da construção civil,
delineando os diversos ramos empresariais envolvidos.

Gráfico 1 - Composição da Cadeia Produtiva da Construção Civil – 2009


Fonte: “Perfil da Cadeia Produtiva da Construção e da Indústria de Materiais - Setembro/2010”. ABRAMAT e FGV Projetos. Elaboração:
Banco de Dados-CBIC. Disponível em http://www.cbicdados.com.br

A análise do gráfico 1 denota que, além da atividade de construção propriamente


dita, que tem sua participação relativa em grande escala, a indústria de materiais, até pela
interpretação quantitativa, detém uma expressiva fatia de participação (18,0%), o que
permite interpretar que a utilização de materiais fabricados com aplicação de tecnologias
convergentes ao âmbito da sustentabilidade, propiciará um tratamento mais adequado dos
resíduos gerados.
A percepção evidente é da já citada diversidade e que, por conseqüência, a consecução
de um projeto de construção civil não pode estar desatrelada de um senso de responsabilidade
profunda e ampla, a fim de que a sustentabilidade seja contemplada em todas etapas da
construção, tanto nos serviços realizados, como nos materiais e equipamentos empregados.
Surge assim, a necessidade de se atender as normas próprias da construção civil, como
também torna-se necessário que os órgãos normativos estejam atentos ao cumprimento
dessas normas, por meio de uma fiscalização que ateste a eficácia e eficiência da cadeia
produtiva aqui tratada.
No contexto dos resíduos sólidos gerados pela construção civil, a ABNT, por meio
da NBR 10.004, de 1987, classifica os resíduos em três categorias, conforme estampado no
quadro a seguir.

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Quadro 1 – Classificação dos resíduos sólidos quanto à periculosidade.

TIPO CARACTERÍSTICAS

Apresentam: risco à saúde pública, provocando ou acentuando, de forma significativa, um au-


mento de mortalidade ou incidência de doenças; risco ao meio ambiente, quando o resíduo é
Classe I - perigosos
manuseado ou destinado de forma inadequada. Possuem uma ou mais das seguintes proprie-
dades: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade.

Classe II – não Podem ter propriedades como: combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade, porém
inertes não se enquadram como resíduo classe I ou III.

Não têm nenhum dos seus constituintes solubilizados em concentrações superiores aos
Classe III - inertes
padrões de potabilidade de águas.
Fonte: Adaptado da NBR 10.004 (1987) ABNT

Fica evidente que, em relação à questão ambiental, a destinação inadequada dos


resíduos traz uma série de malefícios, degradando não somente a área em que os resíduos
são depositados, bem como os entornos dessa área. Acrescente-se a isso o surgimento de
aves que são atraídas pelo e para o ambiente gerado e seu odor característico.
Ademais, a atenção dos gestores públicos deve estar também centrada na questão
dos custos inerentes à remoção de entulhos e resíduos sólidos em geral, haja vista a pouca
disponibilidade de área para depositá-los.
A solução mais adequada é a instalação de usinas de reciclagem dos resíduos da
construção civil, uma vez que, tratados adequadamente, podem (como já se nota acontecer)
ser reutilizados em outros segmentos (como pavimentação de ruas), cujo custo reduzido
não implica em qualidade inferior. É também necessário que a percepção dos gestores se
voltem para o aspecto de que, em curto espaço de tempo, os resultados financeiros positivos
havidos do tratamento dos resíduos sólidos da construção civil compensará o investimento
dantes realizado, quando da construção do empreendimento, até porque a frequência
e continuidade das obras no ramo da construção civil é perene, tanto em se tratando de
construção de novas unidades, assim como de reformas das construções já existentes.
Deduz-se assim que uma das grandes problemáticas enfrentadas pela indústria da
construção civil, é em relação ao tratamento dos resíduos por ela gerados. A natureza física
de tais resíduos é altamente dispersa, contemplando, dentre outros, restos de plásticos,
ferros, tintas, argamassas e equivalentes, madeiras, fiação elétrica, tudo isso para ficar nos
mais evidentes. A dimensão qualitativa e quantitativa deste quadro já é, por sua própria
constituição, um fator que merece destacada atenção ao tratamento desses materiais não
mais utilizáveis na construção. Sobre esta ênfase, corrobora Vahan (2011, p. 74): “Como
conseqüência da grande massa de materiais manejada pela Construção Civil, agravada
pelas elevadas perdas, o setor é um grande gerador de resíduos”.
Um dos fatores que ensejam a ocorrência de resíduos não tratados e, por conseqüência,
poluidores, é o nível de desenvolvimento cultural verificado em determinado local. Sobre

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isso, são esclarecedoras as palavras de Freitas (2009, p. 17): “Um fator de grande relevância
na geração de resíduos da construção e demolição é o nível de desenvolvimento econômico,
social e cultural de uma cidade [...]”. Daí, emerge a necessidade de que os responsáveis pela
gestão busquem alternativas de reuso e/ou destinação responsável dos materiais. É sabido
que os organismos, tanto do setor público quando do setor privado, têm debatido sobre
esta temática, com o fito de se propiciar à sociedade e ao ambiente (em seu sentido lato),
condições de sobrevivência plena.

4. Gestão dos Resíduos Sólidos no Município de


Caraguatatuba: Políticas Públicas existentes
Oportunizando uma discussão prévia do tema enfocado no presente trabalho, insere-se
alguns dados já tabulados, com o fito de gerar informações preliminares e fundamentais à
consecução dos objetivos propostos.
Primeiramente, apresenta-se uma informação do perfil geoeconômico básico do
Município de Caraguatatuba, a fim de situá-lo no âmbito da pesquisa.
Situada no Litoral Norte Paulista, Caraguatatuba desponta como a cidade de maior
densidade demográfica dessa região de governo, composta, além do município aqui
estudado, dos Municípios de Ubatuba, São Sebastião e Ilhabela. Tais informações são
essenciais ao interesse da análise, conforme disposto no quadro a seguir construído.
Considerando que o objeto do presente estudo, ainda que indiretamente, também se
insere no aspecto econômico promovido pela indústria da construção civil no Município de
Caraguatatuba, é importante que se conheça o perfil deste município, conforme informações
extraídas junto ao site da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE), aqui
consolidadas ao propósito específico do tema abordado.
QUADRO 2 – Informações geoeconômicas do Município de Caraguatatuba

ITENS DE ANÁLISE ANO MUNICÍPIO REGIÃO ESTADO


Área 2011 483,95 1.947,70 248.209,43

População 2011 103.148 287.778 41.692.668

Grau de Urbanização-em % 2010 95,87 97,48 95,94

Participação dos Vínculos Em- 2010 16,98 10,22 4,92


pregatícios na Construção Civil
no Total de Vínculos (em %)

Rendimento Médio nos


2010 2.163,50 1.911,03 1.501,97
Vínculos Empregatícios na
Construção Civil (Em reais
correntes)

Fonte: Adaptado da Fundação SEADE. Disponível em www.sead.gov.br

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Gerenciamento de resíduos sólidos da construção civil no município de Caraguatatuba: um estudo sobre as políticas públicas existentes

O perfil do Município de Caraguatatuba, consolidado por meio dos valores constantes


do quadro acima, indica que a remuneração média gerada no contexto da construção civil no
município, é superior à média da região em que Caraguatatuba está inserida, como também
é superior à média do Estado de São Paulo. Neste sentido, a geração de renda aponta valores
altamente positivos, influenciando assim nas condições básicas de vida dos empregados
desse setor.
Em relação aos vínculos empregatícios gerados no município, a construção civil
representa 16,98% sobre o total, porcentagem essa superior à mesma representação relativa
na região, bem como em todo o Estado de São Paulo, apontando convictamente que a
construção civil possibilitou, no ano de 2010, a inserção de um relevante contingente de
pessoas no exercício de suas profissões.
No quantitativo populacional do ano de 2011, até o momento da pesquisa dos dados,
realizada no transcurso do mês de outubro de 2011, percebe-se que, comparado com o ano
de 2010, houve um aumento de 2.514 pessoas, sendo essa informação um elemento adicional
ao trabalho, não analisada em sua natureza qualitativa.
A primeira variável retratada na tabela e gráfico abaixo, contempla os dados
censitários do Município de Caraguatatuba, em valores relativos, a partir do ano de 1991 e,
decenalmente até o ano de 2010, aponta as alterações ocorridas no meio urbano e rural em
seu aspecto quantitativo.
Tabela 1: Evolução decenal da população do município nos meios: urbano e rural.

Variáveis\períodos 1991 2000 2010


População Total do Município 52.616 78.628 100.634
População Urbana 52.460 74.972 96.476
População Rural 156 3.656 4.158
Fonte: Adaptado da Fundação SEADE. Disponível em www.sead.gov.br

120,00%
99,70% 95,35% 95,87%
100,00%

80,00%

60,00%

40,00%

20,00%
0,30% 4,65% 4,13%
0,00%
1991 2000 2010

População e Estatísticas Vitais - População Urbana


População e Estatísticas Vitais - População Rural

Gráfico 2: Representatividade proporcional da população nos meios: urbano e rural

Fonte: Adaptado da Fundação SEADE. Disponível em www.sead.gov.br

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As informações da tabela 1 e gráfico 2 atestam que no intervalo compreendido


entre os anos de 1991 a 2000, a população rural cresceu à razão de 2.343,59%, mais que
proporcionalmente, ao crescimento da população urbana que, no mesmo intervalo de
tempo registrou um acréscimo de 42,81%. Entretanto, na comparação do ano de 2010 com
o ano 2000, a constatação é de que a população rural cresceu à razão de 13,73%, enquanto
a população urbana obteve um acréscimo de 22,68%, comparado o mesmo intervalo de
tempo.
A segunda variável contempla a evolução da construção de domicílios particulares, no
período compreendido entre os anos de 1991, 2000 e 2010.
Em relação aos domicílios particulares no município, os dados abrangem três períodos
analisados, quais sejam os anos de 1991, 2000 e 2010, que retratam o crescimento das unidades
imobiliárias construídas, conforme as tabelas e gráficos aqui inseridos, distribuídos na área
urbana e rural.
Tabela 2: Total de domicílios e sua distribuição no meio urbano e meio rural
Variáveis/períodos 1991 2000 2010
Total de Domicílios no Município 13.075 22.164 31.934
Total de Domicílios Urbanos 13.034 21.215 30.696
Total de Domicílios Rurais 41 949 1.238
Fonte: Adaptado da Fundação SEADE. Disponível em www.sead.gov.br

120,00%
99,69%
100,00% 95,72% 96,12%

80,00%

60,00%

40,00%

20,00%
4,28% 3,88%
0,31%
0,00%
1991 2000 2010

Habitação - Domicílios Particulares Permanentes Urbanos


Habitação - Domicílios Particulares Permanentes Rurais

Gráfico 3: Proporção dos domicílios urbanos e rurais, ante o total do município.

Fonte: Adaptado da Fundação SEADE. Disponível em www.sead.gov.br

Percebe-se que o crescimento total de domicílios foi de 69,51% entre 1991 e 2000; e
de 44,69% entre 2000 e 2010. Comparados os anos de 1991 com 2010, o crescimento foi de
144,24% (base 1991), o que configura uma relevante marca na evolução. Como detalhamento,
a percepção é de que, em números relativos, comparados os anos de 1991 com 2010, o número
de domicílios na área urbana cresceu à razão de 135,51%, enquanto os domicílios na área
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Gerenciamento de resíduos sólidos da construção civil no município de Caraguatatuba: um estudo sobre as políticas públicas existentes

rural cresceram, comparados os mesmos períodos, na proporção de 2.919,51%. As prováveis


causas deste crescimento em nível altamente superior aos domicílios urbanos, não foram
aqui tratados, por não ser foco específico da pesquisa. Apesar dessa constatação, o gráfico 3
aponta cabalmente que, na composição do total de domicílios, o meio urbano registrou um
acréscimo proporcional de domicílios, superior ao verificado no meio rural.
Ainda no âmbito das comparações, cotejando a evolução do número de habitantes
rurais e urbanos (quadro e gráfico) com a evolução do número de domicílios (quadro e
gráfico 3) nos mesmos períodos, a constatação é de que em 2010 a relação de número de
habitantes por domicilio mostrou-se próxima entre o meio urbano e rural, pois o resultado
dessa comparação aponta que, no meio urbano, a relação foi de 3,14 habitantes por domicilio
e, no meio rural, essa relação foi de 3,36, o que atesta a afirmativa aqui evidenciada.
A terceira variável trata de demonstrar a participação proporcional dos estabelecimentos
do segmento da construção civil, ante o total de estabelecimentos de todos segmentos
econômicos existentes no Município de Caraguatatuba, conforme a tabela 3 e o gráfico 4
abaixo, contemplando a evolução nos anos de 1992 e 2000 e a série compreendida entre os
anos de 2004 a 2010, para fins de melhor consubstanciar a análise.

Tabela 3: Representação proporcional dos estabelecimentos da c.civil ante o total de estabelecimentos do Município de
Caraguatatuba

Variável\períodos 1992 2000 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Particip. Estabelec. C.Civil versus total estabelec. 3,17 3,68 2,46 2,91 3,43 3,47 3,33 3,93 4,22
Fonte: Adaptado da Fundação SEADE. Disponível em www.sead.gov.br

4,5 4,22
3,93
4 3,68
3,43 3,47
3,5 3,33
3,17
2,91
3
2,46
2,5
2
1,5
1
0,5
0
1992 2000 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Gráfico 4: Demonstração da evolução da participação dos estabelecimentos da C.Civil ante o total de estabelecimentos
do município.

Fonte: Adaptado da Fundação SEADE. Disponível em www.sead.gov.br

A evidenciação é de que o crescimento em número de estabelecimentos de construção


civil no município em apreço evoluiu à razão de 142.50%, na comparação do ano de 2004
com o ano de 2010, demonstrando que a tendência de crescimento se manteve, com exceção
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para o ano de 2008, que teve um decréscimo de 1,49%, comparado com o ano de 2007, cujas
causas não foram objeto de análise no presente trabalho.
Destaque-se que, comparados os anos de 2004 e 2010, o crescimento relativo foi à
ordem de 71,54%, configurando assim sua evolução consistente e relevante no âmbito das
empresas existentes no município em estudo.
A quarta variável a seguir apresentada demonstra, no âmbito do Municipio de
Caraguatatuba, no ano de 2009, a relação existente entre as despesas municipais, em sua
totalidade, com as despesas havidas com o meio ambiente, conforme demonstrado na tabela
e gráficos abaixo.
Tabela 4: Despesas municipais totais e despesas com gestão ambiental

Variável / Período 2009


Finanças Públicas Municipais - Despesas com Gestão Ambiental 6.562.513
Finanças Públicas Municipais - Total de Despesas Municipais 236.783.287
Fonte: Adaptado da Fundação SEADE. Disponível em www.sead.gov.br

120% 100%
100%
80%
60%
40%
20% 2,77%
0%
Finanças Públicas Finanças Públicas
Municipais - Total de Municipais - Total de
Despesas Municipais Despesas Municipais –
(Em reais de 2011) Gestão Ambiental (Em
reais de 2011)

2009


Gráfico 5: Demonstração da participação das despesas com a gestão ambiental, em comparação com as despesas
totais do município de Caraguatatuba - 2009

Fonte: Adaptado da Fundação SEADE. Disponível em www.sead.gov.br

A inferência que se pode estabelecer da porcentagem demonstrada no gráfico acima,


cuja informação disponível é somente do ano de 2009, a destinação de verbas voltadas
às questões ambientais mostra-se em um patamar baixo, considerando a importância da
gestão ambiental, principalmente pelas características econômco-sociais de Caraguatatuba,
como, principalmente, sua inserção geográfica limítrofe à área de preservação ambiental,
denominada “parque da serra do mar”, no ambiente físico da mata atlântica.
Relativamente às políticas públicas existentes no Município, a Lei Orgânica de
Caraguatatuba, datada de 05 de abril de 1990, atualizada até 27 de fevereiro de 2003,
apresenta em seus artigos 172 a 194, a regulamentação relativa à preservação ambiental.

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Especialmente quanto aos resíduos sólidos, a Lei nº 1.490 de 26 de novembro de 2007,


além de definir conceitualmente os resíduos da construção civil, normatiza as questões
relacionadas aos aterros, transbordo e coleta de pequenos volumes. A citada lei define
também a responsabilidade dos geradores dos resíduos, conforme o art. 3º e, no art. 4º
objetiva tal responsabilidade exclusivamente quanto as situações de geração volumosa sem,
todavia, definir quantitativamente tais volumes.
No que tange ao gerenciamento dos resíduos em quantidades volumosas, o art. 6º da
mesma lei institui o Plano de Gerenciamento dos Resíduos da Construção Civil e Resíduos
Volumosos, implementando ações de informações e educação ambiental aos munícipes.
Os diplomas legais citados são indutores de ações do poder público municipal, com
o objetivo de orientar, gerir e fiscalizar a manipulação dos resíduos sólidos, objetivando
harmonizar ações de natureza econômica com as questões ambientais.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Consideradas as questões da responsabilidade do ente público, em todas as esferas de
governo, conclui-se que as normas legais vigentes apresentam preocupação dos gestores
com as questões relacionadas ao meio ambiente.
No âmbito nacional, o Ministério do Meio Ambiente, por meio da CONAMA,
regulamente as atividades relativas ao tratamento dos resíduos da construção civil, fazendo-o
de maneira elucidativa e analítica. A crítica se faz notar na efetiva gestão, uma vez que,
pelas referências bibliográficas que sustentam tal afirmação, ainda existe uma ineficiência
operacional que, segundo alguns autores, poderia ser minimizada com a inserção de
profissionais da iniciativa privada, bem como com a presença de pesquisadores acadêmicos,
cujas ações poderiam, em larga escala, promover um melhor direcionamento de recursos
monetários e a efetiva gestão ambiental.
Relativamente ao Estado de São Paulo, a percepção é semelhante ao que se nota na
esfera do governo federal, o que também se aplica à gestão municipal, em especial ao
município objeto do presente estudo.
Destarte, não é exagero afirmar que, para uma consecução gerencial focada na questão
ambiental, as normas legais, uma vez implementadas integralmente, propiciariam um
resultado positivo e de grande relevância, gerando em consequência, uma convivência
harmônica, eficaz e eficiente entre o progresso econômico e social, conjugados com
as necessidades e potencialidades ambientais, que é a característica essencial de
desenvolvimento.

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