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A cidade é um corpo complexo ela possibilita várias leituras através de

diferentes elementos e práticas sociais, ela se mostra por meios diversos e por
representações por vezes contraditórias. A cidade é um fenômeno de
cruzamentos, um tecido social repleto de “pontos”, “costuras” e “nós”. A cidade
é um verdadeiro mosaico, o tecido urbano é um tecido marcado por luta e por
interesses diversos esse processo cria “lugares” e “silêncios”.

Itabuna é uma cidade do interior da Bahia distante cerca de 400 km da


capital Salvador, cuja economia se pautou na exportação do cacau durante
parte considerável do século XX. Entre 1900 e 1930, o município teve a
chegada de diversos migrantes, oriundo do sertão da Bahia, de Sergipe e de
Alagoas, atraídos quase sempre pela oportunidade de trabalho ofertada pela
lavoura cacaueira. (CARVALHO, 2009). O fluxo de migrantes fez com que a
população do município fosse superior a vinte mil (20.000) habitantes em 1940
e oitenta mil (80.000) habitantes em 1980 1.

O crescimento urbano trouxe uma maior preocupação dos poderes


públicos com a imagem da cidade, elaborando entre as décadas de 1930 e
1940 as primeiras reformas urbanas que buscavam legitimar a cidade junto aos
valores de “progresso”, entre essas reformas se destacam a rede de esgoto, a
retificação e alinhamento de ruas e avenidas, embelezamentos de praças e das
margens do rio Cachoeira que corta o município. Neste mesmo período foi
instituído o primeiro código de posturas municipal e a guarda municipal,
instrumentos criados com a intenção de fiscalizar os munícipes e impor a
“ordem” às práticas populares, taxadas naquele momento como “selvagens” e
“Anti-higiênicas”.

Nas décadas anteriores o perímetro urbano vinha sendo formatado, com


o início da década de 1960, já se apresentava bem definido, dando fôlego a
reformas urbanas mais significativas. Durante as décadas de 1960, ano do
cinquentenário da cidade, foram inauguradas a Av. Cinquentenário e a Igreja
Matriz, o Fórum Rui Barbosa e a rodoviária, além do embelezamento de praças
como a Praça João Pessoa.

1 Banco de dados IBGE – Censo Demográfico 1940-2010


Na mesma Década foi criada a CURSITA Companhia Urbanizadora de
Itabuna eram objetivos desta empresa:

a) formular planos gerais para a construção e


higienização de habitações ou unidades vicinais; b) construir
habitações individuais e coletivas; c) eliminar gradativamente
das áreas urbanas as construções insalubres e habitações
perigosas; d) fomentar a construção, higienização, reparação
ou ampliação de habitações, bem como estimular a execução
de obras de urbanização, saneamento urbano e serviços
comunais necessários e promover a construção de obras
complementares em conjuntos urbanísticos que visem à saúde
pública, ao abastecimento, à educação e à recreação 2.

A maior preocupação da empresa foi com a questão da habitação, mas


suas ações se restringiram ao centro da cidade, assim a CURSITA somente
conjugava os anseios das elites locais em forjar uma cidade moderna,
civilizada e progressista, retirando os pobres do centro urbano, territorializando
o Centro como lugar do poder.

Com a valorização do perímetro central e as regras impostas pelo código


de posturas, resta à população de baixa renda e a população vinda do campo
construir suas moradias nos espaços mais afastados, buscando terrenos mais
próximos das “bordas da zona urbana”. Assim criam-se os primeiros bairros
periféricos da cidade, resultado de uma segregação espacial promovida, de
forma indireta, pela própria prefeitura, privando trabalhadores de baixa renda
aos espaços providos de infraestrutura. Segundo Rolnink:
Ao mesmo tempo em que a lei vai alinhando os territórios da riqueza,
vai também delimitando aqueles onde deverá se instalar a pobreza. O
movimento, desde seu nascimento é centrifugo, ou seja, delimitar as
bordas da zona urbana3.

Segundo RODRIGUES (2011) Itabuna possui quatro vetores de


expansão populacional, desprezando o vetor de crescimento do Centro. Isso
vem demonstrar as inúmeras “cidades” existentes em Itabuna, o locus da
pesquisa será o vetor três (3), mais especificamente os bairros Fátima,

2 APMIJD. Jornal Oficial. Ano XXX nº 1611, sábado, 10/08/1963, p.1. Lei nº 604.
3 “Para além da lei: legislação urbanística e cidadania (São Paulo 1886-1936)”. in: SOUZA,
Maria Adélia A. e outros. Metrópole e Globalização, conhecendo a cidade de São Paulo. São
Paulo, Cedesp, 1999.
Califórnia, João
Soares e Parque boa
Vista. Quase todos os
bairros desse vetor
nascem com alguma
irregularidade, seja
nos projetos, nas
áreas destinadas à
habitação ou no que
tange a posse da terra.

Mas a História
leva os atores a sério,
os personagens
citadinos muitas das
vezes são postos em esquemas explicativos complexos que pouco explora
suas “inventividades”, a proposta desta História é remontar um processo
urbano, a construção de uma “outra cidade” na periferia grapiúna dando ênfase
aos atores, isso não significa ignorar os processos geoeconômico, históricos e
sociais, pelo contrário todos esses processos tocam os atores sociais,
entretanto de formas diferentes, nossa preocupação será primariamente buscar
entender como esses processos tocam os atores e como eles lidam e tratam
isso no cotidiano.

A periferia acaba sendo o lugar de moradia, de convívio e o lugar dos


sonhos, para migrantes da zona rural, para classes menos abastadas,

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