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CAPÍTULO III

CIRURGIA PLÁSTICA E PSICOLOGIA

"...Mire, veja, o mais


importante e bonito do
mundo é isto: que as
pessoas não são
sempre iguais, ainda
não foram terminadas
mas que elas vão
sempre mudando..."
Fragmento do romance de Guimarães Rosa,
Grande Sertão: Veredas.

Ser Inacabado

O
protagonista de Guimarães Rosa, Riobaldo Tatarana, colocou
com suas próprias palavras a percepção do fato de o ser
humano estar em constantes mudanças, como ser inacabado e
sua emoção valorativa ("...o mais importante e bonito..."). A
Psicologia Sensorial revelou que tanto o ser humano quanto os animais não
suportam a ausência de estímulos. É igualmente incômoda a não-variação do
mesmo estímulo por muito tempo, o que resulta em uma busca constante de
estímulos sensoriais diversos. (GOLDSTEIN, 1983; WERTHEIMER, 1976).
Na atualidade, o elemento mais constante parece ser a mudança.
Das diversas possibilidades de percebê-la, uma sempre pareceu ganhar mais
destaque: a mudança corporal. Desde que é gerado até chegar à velhice, o
homem passa por várias transformações, mudando não só sua aparência
física, mas também sua percepção e interpretação do mundo (BERGER,1972).
Em relação à Cirurgia Plástica, pode-se perceber seu caráter
modificador através da sua principal forma de divulgação: as fotos do pré-
cirúrgico comparadas com as do pós-cirúrgico. Podemos verificar em muitas
dessas fotos como existem alterações sutis, além da evidente modificação
plástica: as pessoas são fotografadas no pré-cirúrgico em preto-e-branco e,
em geral, suas feições não aparentam felicidade. No pós-cirúrgico as fotos são

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coloridas, as pessoas estão bronzeadas, mais magras e acentuadamente
“felizes”.
As modificações internas não possuem tanta evidência como as
externas. A impressão de que uma determinada pessoa mudou internamente
aparece quando observamos os seus comportamentos, principalmente os
ligados à face. Não podemos excluir dessa crença as verbalizações, emoções
e valores apresentados pela pessoa.
FLUGEL (1966) estudando a Psicologia das roupas, concluiu que o
homem se expressa também através de suas vestimentas. Além de as roupas
terem 3 funções básicas: enfeite (atrair a atenção), pudor (impedir o nu) e
proteção contra o frio e calor, elas ajudam a passar a primeira impressão e
permitem que os outros façam uma certa previsão de comportamentos, pois
qualquer roupa é indicadora de uma determinada classe social. O lado
ambíguo das roupas aparece quando tenta exibir atrativos e ocultar as
"vergonhas". De uma forma interessante, as roupas, principalmente dos
ocidentais, não cobrem o rosto e as mãos, uma vez que são as partes mais
expressivas de nossa anatomia. MORRIS (1977) enfatizou que as roupas
fazem parte de nossa linguagem, tanto quanto gestos, atitudes e expressões
faciais.
A clássica dicotomia corpo x alma fez com que o homem tentasse
estudar o corpo cientificamente, relegando a alma a segundo plano. Por não
ser considerada um ente concreto ou passível de análise científica, a alma
tornou-se objeto de estudo da Filosofia e da Psicologia (HEIDBREDER, 1981).
O existir, entretanto, só adquire significado quando o ser humano se
propõe a atingir estágios mais profundos de conhecimento de suas
experiências. Os comportamentos de classificação e de estabelecimento de
relações significativas entre os eventos pertencem ao estágio de reflexão da
ação. Assim, o homem não está mudando por inércia, mas movido por uma
permanente procura de aprimoramento de "estar-no-mundo". Ao atravessar
estes estágios, o homem está mudando internamente, ao mesmo tempo em
que, por pertencer ao mundo social, modifica as realidades.

Campo Novo de Trabalho

A inserção do profissional psicólogo nos setores de internação


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costuma, em um primeiro momento, causar estranheza (quando não
representa uma ameaça) junto aos profissionais que são considerados típicos
de hospital, tais como médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, etc. A imagem do
psicólogo que predomina, principalmente entre os leigos, é aquela do
psicólogo clínico que atende a seus pacientes nos consultórios particulares e
que analisa através dos inúmeros testes ou sabe dos comportamentos mais
secretos das pessoas. Tais estereótipos estão diretamente ligados à história
da Psicologia, uma vez que tradicionalmente a especialidade sempre esteve
vinculada às enfermidades psiquiátricas. (FERNANDES, 1986).
Essa vinculação está diretamente relacionada aos princípios
cartesianos estabelecidos no século XVII, de divisão entre corpo e mente.
Baseado nesse modelo biológico, a doença era concebida como disfunção
puramente somática. O resultado prático desse modelo eram pesquisas,
práticas e conhecimento médico na cura de uma parte corporal que se
acreditava responsável pela doença. (TUNDIS & COSTA, 1990).
A partir do século XIX, diversos cientistas tentaram romper essa
cisão corpo-mente e passaram a desenvolver estudos, buscando compreender
a inter-relação existente entre o somático e o psíquico. Assim, a concepção de
doença foi ampliada, na medida em que os cientistas começaram a perceber
que o ser humano, ao fazer uso da linguagem, ao pensar e ao ter
necessidades diversas, não é somente um corpo com funções pré-definidas,
mas um ser que é capaz de refletir sobre si mesmo e dar significado às suas
experiências. Estavam sendo considerados o lado humano, os aspectos
subjetivos da doença e o início da psicossomática. (CASTEL, 1978; MELLO-
FILHO, 1991).
Há muito tempo os psicólogos têm estado presentes em áreas não
tradicionais. A Ergonomia, a Psicologia do trânsito, a Tecnologia Social e a
Psicologia Hospitalar são alguns exemplos em que os psicólogos têm aplicado
suas técnicas e desenvolvido novos conhecimentos (RODRIGUES, 1972).
Os psicólogos podem usar seus conhecimentos teóricos e práticos
para tentar atingir os objetivos estabelecidos em consenso com os colegas.
Devem igualmente promover uma readaptação dos modelos clínicos usados
junto à equipe interdisciplinar ou à própria organização na qual trabalha. Todo
este esforço poderá resultar na criação de novos modelos de trabalho
(LAMOSA, 1991).
Por volta da década de 70, o paciente de CP que procurava os
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consultórios particulares não recebia a atenção psicológica especializada. Ele
era visto apenas no seu aspecto somático que estivesse em consonância com
as duas grandes correntes da CP: a reparadora e a estética. A indicação para
uma entrevista com o psicólogo, antes de aceitá-lo para o evento cirúrgico, era
considerada um procedimento delicado e arriscado. Primeiro, porque nem todo
cirurgião possuía habilidades para abordar aspectos psicológicos de seus
pacientes: lidar com a emoção, sentimentos ou fantasias, por exemplo, é
caminhar por outras áreas do conhecimento para as quais os cirurgiões podem
não ter tempo ou disposição. Segundo, que aumentando as tarefas do pré-
cirúrgico, o cirurgião estaria dificultando o acesso à cirurgia, sem contar que
seria muito provável que o paciente desistisse da operação com determinado
cirurgião e procurasse outro que fosse menos exigente (DEATON &
LANGMAN, 1981).
Hoje, após a grande evolução das técnicas cirúrgicas e também do
aumento dos critérios de triagem e seleção dos candidatos, alguns cirurgiões
plásticos, mais sensíveis aos aspectos psicológicos e dispostos a operar
pacientes que sejam beneficiados com o evento cirúrgico, encaminham tais
pacientes para o psicólogo. Também é possível que esses cirurgiões solicitem
uma consultoria psicológica ou que o psicólogo participe da discussão de um
caso em particular, na esperança de que recebam pareceres que os ajudem
sobre as expectativas, motivações e características psicológicas dos
candidatos que estejam diretamente ligados ao evento plástico.
É comum o psicólogo realizar algumas visitas em conjunto com a
equipe, a fim de revisar todos os casos em atendimento. Também poderá ser
solicitado a realizar atividades didáticas, que podem esclarecer o seu papel e
função junto à equipe. Todos esses recursos e práticas ao alcance do
psicólogo permitirão que a equipe atinja seu objetivo fundamental: que o
paciente tenha o melhor atendimento possível. (PITANGUY, 1990; SCHOR &
FREITAS, 1992).
O trabalho psicológico com pacientes encaminhados pelos
cirurgiões plásticos requer alguns cuidados básicos. Segundo ANGERAMI-
CAMON (1991), se o objeto do trabalho psicológico nos hospitais é a
humanização do atendimento, o psicólogo poderá ajudar se existir uma
preocupação com a qualidade do atendimento ao paciente e se a equipe
interdisciplinar valorizar os aspectos emocionais individuais e grupais.
É nítido que não basta o hospital se preocupar com a qualidade do
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atendimento e nem a equipe valorizar as emoções dos pacientes, se não
houver uma atuação psicológica que marque positivamente a inserção do
profissional na área. O trabalho psicológico, principalmente a entrevista
psicológica e o atendimento breve, poderá ajudar o paciente e a equipe, com
relação à grande demanda existente dentro do campo da CP. Assim, por
exemplo, o psicólogo poderá oferecer um espaço em que o candidato possa
trazer elementos de sua história de vida que não foram passíveis de uma
atenção por parte dos outros membros da equipe. Esse procedimento
proporcionará a precisão do diagnóstico, pois haverá dados adicionais do
candidato à CP. À medida que as emoções, necessidades e atitudes básicas
dos pacientes puderem ser acolhidas e, num momento posterior, discriminadas
para o paciente, no tocante ao seu pedido por cirurgia, isso resultará em um
melhor atendimento.
A CP pode ser muito beneficiada com os conhecimentos advindos
da Psicologia Social. A imagem facial que o indivíduo passa para os outros
influencia diretamente a primeira impressão e o tipo de relacionamento
interpessoal. Estudos sobre o desfiguramento facial mostram a importância
que a face possui nas interações de amizade ou casamento. (BERSCHEID &
WALSTER, 1973; BULL & RUMSEY, 1988).
A necessidade de possuir um corpo que esteja em consonância com
a auto-imagem e/ou padrões socialmente estabelecidos; o querer pertencer a
determinada classe social e ter características físicas semelhantes ou que
sejam representativas de elevação social ou de não despertar a atenção dos
outros (verdadeiros obstáculos nas relações interpessoais) são algumas
explicações teóricas que o psicólogo poderá usar.
A CP não é avaliada em termos de cura de uma disfunção física.
Seu trabalho é predominantemente superficial, sem prejuízo das funções e
sensibilidades táteis da área trabalhada. A CP também não visa, a priori, à
remoção de sintomas. Seu objetivo, nem sempre explicitado pelos cirurgiões, é
beneficiar o paciente, dando-lhe um suporte corporal e/ou facial. A avaliação
mais comum da CP ocorre em função do alívio de um desconforto do paciente
ou de uma aproximação de padrões estéticos (satisfações). A CP é comumente
avaliada por critérios subjetivos: aumento da auto-estima, melhora da auto-
imagem e/ou dos relacionamentos interpessoais e perda da atenção
indesejada (DEATON & LANGMAN, 1981).
Pode-se notar que todos os critérios comumente usados para a
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avaliação da CP são de relativa dificuldade quanto à quantificação,
qualificação e objetividade. A complicação continua: muitos dos motivos
ocultos (aqueles que não são explicitados pelos pacientes) de uma CP podem
ser atingidos através de um atendimento breve, de um aconselhamento, de
uma psicoterapia1 de grupo ou análise pessoal. Algumas intenções que não
estão diretamente ligadas à correção ou à melhoria estética, tais como um
aperfeiçoamento dos relacionamentos interpessoais, perda do sentimento de
identificação paterna (algum traço masculino no rosto de uma mulher), ou um
aumento das oportunidades sexuais e/ou profissionais são também passíveis
de trabalho psicológico. Pode-se dizer que há uma confluência de objetivos
nas áreas de trabalho das duas especialidades: ambas querem o bem-estar do
ser humano, só que por caminhos e estratégias diferentes.
Esse fim comum permite uma parceria de trabalho, mantendo-se as
devidas especificidades. Assim, o psicólogo terá possibilidade de trabalhar em
conjunto com o cirurgião plástico, desde as triagens e entrevistas iniciais
(recrutamento e seleção de pacientes), nas diversas etapas da cirurgia (pré,
intra e pós) e no follow-up de casos que requeiram acompanhamento a longo
prazo.
Em cada etapa ele terá funções ou propósitos específicos, de
acordo com as necessidades dos pacientes. Os diversos papéis que poderá
assumir deverão estar embasados teoricamente. Qualquer que seja a linha
teórica do psicólogo, não lhe será possível trabalhar sem que vise a um
aprimoramento da atenção ao paciente e à equipe. É igualmente verdade que
os objetivos deverão estar em sintonia com a equipe de trabalho.
Atualmente, a Psicologia Hospitalar discrimina a
multidisciplinaridade da interdisciplinaridade; na primeira, os elementos da
equipe têm funções e papéis definidos e qualquer tentativa de realocação é
vivenciada como uma invasão de área ou perda da especificidade. Já na
interdisciplinaridade, os papéis são intercambiáveis, o que significa que a
equipe será dinâmica para atingir seu principal objetivo: o atendimento integral
ao paciente e ao familiar participante (nos hospitais abertos), considerando os
aspectos bio-psico-sociais, sem estereotipia de papéis (MUCCHIELLI, 1980).
Alguns exemplos teóricos em cada fase:
Nas entrevistas iniciais - ajudar no recrutamento (triagem), na pré-
consulta e na seleção dos pacientes mais indicados para determinada cirurgia
1Estarei utilizando os conceitos de psicoterapia de WOLBERG (1956).
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tendo como base um perfil dinâmico elaborado em conjunto com o cirurgião
plástico ou a equipe. Poderá estabelecer critérios ou indicadores dos pontos
críticos para aceitação ou indicação cirúrgica e realizar palestras explicativas
aos candidatos;
No pré-cirúrgico - poder esclarecer comportamentos, emoções,
cognições ou motivações ocultas dos pacientes, a fim de melhorar a relação
com o cirurgião plástico (esta tarefa poderá ser oferecida a qualquer tempo
cirúrgico), com a equipe ou para um encaminhamento à outra especialidade;
poderá, não só esclarecer, mas também auxiliar os pacientes no tocante às
tarefas e proibições que antecedem o evento plástico;
No intra-cirúrgico - sua função é mais limitada, pois o paciente
estará sendo submetido ao procedimento operatório (imobilizado e
anestesiado). Mesmo assim, o psicólogo poderia acompanhar fisicamente os
pacientes que não estão com seus familiares ou amigos ou ajudar algum outro
profissional a fazê-lo. É importante que seja estabelecida uma base de apoio
emocional (suporte) para o paciente;
No pós-operatório - ter possibilidade de ajudar o paciente na
adaptação à nova imagem, no fornecimento de suporte para lidar com as
proibições temporárias ou no auxílio para aumento da adesão às
recomendações pós-cirúrgicas;
No follow-up - nos casos de mudança de sexo (transexualismo), a
presença do psicólogo é recomendável em todas as fases do empreendimento
cirúrgico, não só para contribuir com um diagnóstico mais preciso sobre a
identidade sexual, mas também nas fases posteriores da cirurgia, nas quais
será de fundamental importância uma boa adaptação à nova imagem corporal.
As fortes alterações cirúrgicas efetuadas (mutilações) no corpo do paciente
deverão ser integradas pela personalidade do mesmo, de forma harmônica. A
retirada do pênis pode ter conseqüências imprevisíveis na vida do ex-
transexual (reações de luto). O acompanhamento longitudinal do paciente é
condição necessária ao sucesso cirúrgico. (FARINA, 1982).

Muitas Semelhanças

A CP compartilha termos semelhantes com a Psicologia. O tipo de


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motivação é o primeiro elemento psicológico que o cirurgião costuma procurar
nos pacientes. Termos como "imagem do corpo", "auto-imagem", "percepção
corporal" e "imagem corporal" são igualmente usados pelos cirurgiões, com o
objetivo de melhor compreender a motivação e a percepção do corpo ou parte
dele que o paciente quer diferente, com a conotação de belo, ou igual, nos
casos de cirurgias reparadoras.
É possível dizer que alguns psicólogos poderão trabalhar
corporalmente com o paciente (a terapia reichiana é um exemplo), como o
cirurgião poderá ter uma atuação bem próxima da “psicológica”. Cirurgiões que
escutam atentamente a história de vida de seus pacientes antes de aceitação
cirúrgica ou que estabelecem uma relação de confiança durante todo o
processo da intervenção, estão tendo uma atitude psicológica para com eles.
Cirurgiões que tentam persuadir seu paciente a perder alguns quilos antes de
uma plástica no abdômen ou que solicitam uma melhora no relacionamento
conjugal, antes de uma cirurgia de rejuvenescimento, estão, igualmente,
atuando de forma psicológica. O resultado observado, nos casos
exemplificados, é a suspensão do evento cirúrgico (prática que é comum ao
profissional) e a atuação em outras áreas: mudança do hábito alimentar ou
alteração do plano de relacionamento conjugal.
Embora o trabalho em conjunto possa ser considerado ficção, não
se trata de invasão de áreas, mas de complementação de atividades, que
resulta em benefícios ao paciente. A ênfase é para o trabalho de equipe
interdisciplinar, na qual os profissionais têm suas especificidades, mas não se
sentem diminuídos quando precisam de profissionais de outras áreas. A
contribuição é vista como uma ajuda efetiva, como uma forma de enriquecer o
trabalho e de, efetivamente, oferecer o que existir de melhor e mais moderno
para o paciente.
Para tentar esclarecer que existem muitas semelhanças entre os
objetivos secundários de uma melhoria estética e outros da Psicologia Social,
é interessante escolher uma CPE e ver algumas possibilidades teóricas que
existem para atingir os objetivos com a cirurgia e sem ela. Na ausência da CP,
levaremos em conta as possibilidades de utilização dos recursos técnicos
psicológicos: aconselhamento, psicoterapia breve ou de mudança das forças
ambientais.
O rejuvenescimento facial (lifting), que é uma CPE por excelência,
pode ajudar os pacientes a ela submetidos nos seus relacionamentos
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interpessoais. ADLER (1961) citou um caso de uma senhora rejeitada
explicitamente pela neta, por causa de suas rugas faciais. Antes do
rejuvenescimento através da plástica, a senhora não se sentia nada bem em
procurar interação com sua neta, entristecendo-se só com o pensar na
possibilidade de uma nova rejeição. Após a cirurgia, segundo o cirurgião
plástico, essa rejeição desapareceu e a senhora pôde ficar satisfeita com o
novo relacionamento estabelecido.
Vê-se, através deste exemplo sintético, que a "solução" de um
problema de relacionamento com rejeição foi trazida pela operação plástica,
pois o sintoma desapareceu. Mas pode-se pensar, como exercício de
raciocínio, em algumas outras soluções não-cirúrgicas:
1) a senhora lidando de outra forma com a rejeição da neta: aqui,
diversas atitudes podem ser tentadas, desde o "não-ligar" , usar estratégias de
sedução, enfrentamento da rejeição, até uma maior assertividade;
2) lidar com os pensamentos, valores e crenças da neta diretamente
relacionados à velhice, o que implicaria aumentar a socialização, ou fazer com
que a menina passasse por uma ludoterapia;
3) inibir o sintoma: uma pressão dos pais para que a filha não
demonstrasse rejeição ou expressasse afeição (inversão de sentimentos); e
4) uma combinação de soluções que iria desde a pressão paterna
até a senhora tentar obter afeto da neta de outras formas.
Essas outras soluções teóricas apresentadas têm algo em comum:
estabelecem a mudança de algum elemento ou força (comportamento, atitude
ou valor), dentro do plano das relações interpessoais, área
predominantemente psicológica.
Pode-se pensar em atuação combinada: Tanto o cirurgião plástico
quanto o psicólogo estabeleceriam, em consenso, um plano de ação para o
caso. Assim, a paciente, além de um rosto mais suavizado, poderia tentar as
soluções descritas nos passos de 1 a 4. Uma aliança de trabalho psicólogo-
cirurgião poderá resultar em uma potencialização dos esforços de cada
profissional. Em primeiro lugar, porque a senhora poderá estar satisfeita em
função do rejuvenescimento: sentir que houve um ganho em sua aparência
facial e em sua auto-estima. Secundariamente, a senhora aprendeu, no
processo psicoterápico, a lidar com a rejeição, não apenas da neta, mas
também de outras pessoas, o que resulta em um acréscimo das funções
psíquicas.
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É extremamente apropriado que muitos cirurgiões estejam também
preocupados com as mudanças externas decorrentes das cirurgias. Apesar de
o objeto de pesquisa da CP e sua análise serem o corpo, sua silhueta, suas
linhas, sua esteticidade e harmonia, estas só fazem sentido se for considerada
a agradabilidade individual, fator muito subjetivo, portanto sujeito a diversidade
de opiniões. O indivíduo que a procura, pode-se acreditar, quer uma mudança
em alguma parte do corpo que é vivenciada como "negativa" ou quer a
manutenção do aspecto jovial ou sem rugas. O corpo é a base da explicação
consciente de sua procura.
A CP possibilita, nos casos onde existe indicação cirúrgica, a
modificação, por exemplo, da parte corporal vivênciada como negativa ou que
está sofrendo envelhecimento precoce. A aprendizagem comum que ocorre é,
nos casos de sucesso cirúrgico, de que valeu a pena ter procurado a CP e
efetuado a operação desejada. O grau de satisfação com os resultados e a
necessidade do reajuste na auto-imagem são considerados fatores
psicológicos decorrentes da cirurgia (ADLER, 1961).
A CP é beneficiária direta dos conhecimentos psicológicos. Algumas
dessas contribuições podem ser:
1) o reconhecimento, por parte da equipe, de que a atuação
interpessoal está fortemente ligada à aparência física;
2) a classificação das diversas motivações para a cirurgia nem
sempre baseada nas percepções corporais dos pacientes;
3) o desenvolvimento de habilidades interpessoais do cirurgião para
que este consiga realizar uma boa entrevista com seus pacientes e
4) os conhecimentos advindos dos conceitos de "auto-imagem",
"imagem-corporal" e "imagem do corpo", usados pelos pacientes e que têm
relação direta com as identidades pessoais, culturais e de classe social.
As técnicas cirúrgicas empregadas são cada vez mais sofisticadas,
fruto do grande desenvolvimento, mas a base principal de atuação de qualquer
cirurgião será sempre o corpo. Nos casos em que não há indicação cirúrgica
ou em que o cirurgião plástico não esteja atualizado, resta-lhe a função de
esclarecimento, confronto ou de encaminhamento para um outro profissional
mais competente ou de outra área. Essas funções são semelhantes às de um
psicólogo ou psicanalista, na medida em que o cirurgião adotou postura de
oferecer o melhor atendimento possível ao paciente e vê a possibilidade de
encaminhá-lo para outro profissional mais habilitado.
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DAVIDSON (1986) enfatiza que a opinião dos pacientes sobre os
benefícios da CP são animadores (a CP representou um marco em suas vidas)
e aconselha todos os médicos a ouvirem atentamente os pedidos de cirurgia
plástica de seus pacientes. A atitude de qualquer médico que esteja fora da
área não deve ser o desencorajamento ou o incentivo “cego” para a plástica,
mesmo porque o cirurgião plástico pode dar outro diagnóstico frente àquilo
que é esperado pelo paciente, o que poderia gerar um problema ético.
DAVIDSON (1986) também recomenda o encaminhamento ao cirurgião
plástico, embora a atitude que ainda predomina entre os médicos é que a CP é
fútil e representa uma perda de tempo e dinheiro.

Poucas Diferenças

É evidente que, tanto o cirurgião plástico quanto o psicólogo, têm


enfoques e condutas diferentes frente ao paciente plástico. Do primeiro é
esperada uma boa avaliação das possibilidades de correção ou melhoria de
uma determinada parte do corpo, inclusive a viabilidade cirúrgica e as
condições físicas do paciente (contrato de resultado). O segundo, por suas
próprias características profissionais, focaliza o aspecto emocional da procura
do paciente e procura avaliar o grau de aceitação da ajuda (fundamental para
o contrato psicológico) e comprometimento psicológico do candidato à CP.
Pelo fato de a CPE ser um evento escolhido pelo paciente, é esperado do
psicólogo que este esteja sensível em relação ao grau de conhecimento
racional sobre a cirurgia pretendida2.
O psicólogo pode tentar responder se é possível amenizar a
angústia e ansiedade provocadas pelo sentimento de desvantagem na
aparência, "defeito facial" ou pela parte do corpo vivenciada como defeituosa,

2É sabido que, em diversos casos, a informação racional costuma reduzir a ansiedade frente à
cirurgia e aumentar a colaboração aos eventos traumáticos e invasivos (cortes, injeções,
imobilizações e suturas). Saber sobre os passos de uma cirurgia pode representar uma
conquista importante por parte do paciente, logo, é algo que o mesmo queira saber. Dos vários
cirurgiões plásticos com que entrei em contato, o único que fornece um folheto explicativo é o
professor dr. Roberto Farina. O psicólogo que não se incomodar com o fornecimento de
instruções práticas para o candidato à CP, poderá fornecer, em muitos casos, informações
técnicas ou sugerir livros da especialidade para leigos.
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sem passar por uma intervenção plástica3.
Já foi abordado que a mudança externa é potencialmente desejada
pelo paciente plástico. Sua meta, pode-se inferir, é ter suporte externo, se a
primeira procura foi o cirurgião plástico. É na área corporal que ele (paciente)
localizou a fonte do desconforto, insatisfação ou dificuldades pessoais e busca
na CP a solução. Se esse paciente foi encaminhado ao psicólogo, com o
objetivo de um diagnóstico mais preciso (diferencial), é porque houve uma
atribuição "errônea", por parte do paciente, no tocante à localização real do
problema. Na visão desse cirurgião plástico que encaminhou o paciente, o
diagnóstico psicológico é um pré-requisito para uma provável cirurgia. Pode-se
inferir que o médico precise de informações mais minuciosas do paciente a fim
de tomar uma decisão cirúrgica mais acertada.
Esses fatos deverão ser trabalhados de imediato, pois são a base
de um bom trabalho psicológico: saber as causas do encaminhamento médico,
verificar o nível de compreensão racional e aceitação deste, por parte do
paciente, bem como a demanda que o cirurgião plástico impõe.
Existem casos em que será necessário o encaminhamento do
paciente ao cirurgião. A diferença fundamental que se espera que ocorra é que
o psicólogo, antes disso, tenha chegado a um consenso com seu paciente.
Independentemente do reconhecimento da necessidade ou da viabilidade
cirúrgica por parte do cirurgião, o psicólogo poderá trabalhar os aspectos
cognitivos, emocionais e as representações sociais da parte do corpo que foi
“eleita” para a alteração cirúrgica do seu paciente, fazendo, dessa forma, uma
preparação para uma boa consulta com o plástico.
Uma possível indicação do psicólogo para uma paciente que tivesse
um rosto masculinizado, por exemplo, seria uma plástica facial. Nessa cirurgia
os traços masculinos poderiam ser suavizados ou mesmo retirados. A
operação em muito ajudaria tal paciente que possui uma identidade sexual
comprometida por excesso de hormônios masculinos ou herança genética4.
A CP desenvolveu inúmeras técnicas de modificação corporal

3É importante considerar que existe, nos hospitais públicos ou hospitais-escola, uma fila de
espera de mais de 5 meses aproximadamente e que toda e qualquer cirurgia deve ser
criteriosamente avaliada por uma equipe, pois envolverá gastos com material, funcionários e
risco de complicações intra e pós-cirúrgica (infecção hospitalar). Logo, tal avaliação permitirá o
uso racional e adequado dos escassos recursos hospitalares em troca de um benefício real
para o paciente, ainda que a médio ou longo prazo.
4Do mesmo modo a eletrocoagulação tem ajudado muitas mulheres que possuem pêlos e/ou
barba em função de uma alteração genética ou disfunção hormonal, a ficarem livres desses
pêlos, sentindo-se mais femininas.
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efetiva, usando o modelo experimental e validando seus achados e conquistas.
Essas técnicas gozam de grande liberdade em função dos diversos tipos
anestésicos que protegem o paciente da dor em qualquer intervenção
cirúrgica. A abolição da consciência, nos casos de anestesia geral, pode
representar uma grande submissão ao cirurgião e constitui um elemento
psicológico a ser trabalhado na fase pré-cirúrgica.
No campo psicológico, o mesmo não ocorre: o psicólogo não possui,
até o momento, formas indolores de mudanças internas. Ao trabalhar com as
emoções, os comportamentos, as representações da face/corpo e fantasias de
alteração cirúrgica, não poderá lançar mão de "anestesia", tal como o
cirurgião. O uso da hipnose, que poderia ser considerado um “anestésico”
psíquico foi abandonado pelo próprio Sigmund Freud, que optou por tratar o
paciente acordado, consciente e colaborador com o processo terapêutico. A
fonte básica de trabalho psicoterapêutico é a mobilização de angústias,
crenças irracionais, dificuldades de realização, sofrimentos e emoções não
resolvidas, portanto mais um contrato de processo do que de resultado. Assim,
os psicólogos não têm o mesmo grau de liberdade que os cirurgiões plásticos,
no tocante às experimentações, intervenções curativas e divulgações
concretas dos resultados psicoterápicos.

Possibilidades de Atuação

Grandes avanços nas técnicas em CP têm solicitado, cada vez


mais, que o cirurgião plástico acompanhe esses desenvolvimentos e que seja
capaz de selecionar, com sofisticação e critérios cirúrgicos rigorosos, os
pacientes que mais se beneficiariam deles. Por tabela, o psicólogo motivado
em trabalhar na área deverá estar preparado para complementar sua
formação, se tiver como meta fornecer o melhor atendimento possível
(CORREIA & ZANI, 1977). Estando preocupado com essas questões, é
aconselhável que ele possua5:
1) um genuíno interesse em atuar no campo ou uma motivação para
a tarefa de ajudar pessoas que estão angustiadas ou padecendo por causa de
suas aparências, auto-imagens ou auto-conceitos ;

5Este perfil foi elaborado segundo pontos críticos que pude detectar enquanto realizava a
pesquisa.
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2) facilidade em estabelecer um rapport com os pacientes e não se
deixar influenciar pela primeira impressão, pois lidará com pacientes
desfigurados, queimados, acidentados ou que sofrem de rejeição social por
causa da aparência ;
3) uma boa capacidade de relacionamento interpessoal,
principalmente com a equipe. Para isso, deverá ter uma disponibilidade interna
para o outro e habilidade em trocar feedbacks;
4) um arsenal de técnicas de triagem, recrutamento, seleção,
entrevista, anamnese, aconselhamento individual e familiar e de psicoterapia
breve que possam ser oferecidas aos candidatos/pacientes a fim de que estes
tenham uma real visão de suas dificuldades, bem como formas de solucioná-
las;
5) habilidades para o estabelecimento de um espaço no qual o
paciente ou o grupo consigam expressar emoções, sentimentos e fantasias,
gerando um certo acolhimento;
6) conhecimentos mínimos sobre os procedimentos elementares da
CP. Os diversos tipos de anestesias, a terminologia específica, as exigências
pré, intra e pós-cirúrgicas, bem como os principais riscos operatórios são
informações importantes para uma boa atuação na área;
7) facilidade para expor assuntos psicológicos de forma didática,
pois poderá ser convidado pela equipe para esclarecer seu papel ou fornecer
palestras para outros profissionais;
8) curiosidade sobre os novos procedimentos cirúrgicos, pois os
mesmos são sempre divulgados pela mídia e alteram a demanda de
candidatos à CP ;
Os ítens de 5 em diante são facilitadores do trabalho interdisciplinar
e não podem constituir-se como impeditivos de atuação na área. Subjacente a
todos os critérios descritos, o psicólogo será beneficiado em seu trabalho se
tiver passado por algum processo psicoterápico na qualidade de paciente e
que esteja disponível para receber supervisão clínica de alguns atendimentos
realizados6.
6Uma boa capacidade de escrita e comunicação é adequada em qualquer profissão. No
hospital, o prontuário representa o "carro-chefe" do atendimento, é a base do controle
administrativo hospitalar e fonte de futuras pesquisas, tanto por parte da equipe, como por
outros profissionais interessados. O psicólogo, assim como outros profissionais, não pode estar
presente o tempo todo, logo, as anotações e recomendações à equipe deverão estar escritas
no prontuário em uma linguagem clara e, de preferência, com o mínimo de ambigüidades.
Ministrar palestras ou lecionar são atividades que, para uma adequada realização, requerem
certa habilidade didática e que envolvem, igualmente, facilidade expressiva. Escrever artigos
2/9/2008 14 407619.doc
- Fases Cirúrgicas
Não se trata aqui de invasão de campos ou de defesa da CPE em
detrimento da psicoterapia, mas sim que os psicólogos podem e devem
trabalhar em colaboração com os cirurgiões plásticos durante cada fase do
empreendimento cirúrgico.
Muitas pessoas poderão "escolher" o caminho da CPE para se
sentirem melhor. Segundo PITANGUY, citado por BIONDO (1990):

"Quem se sente feio deve procurar a ajuda do bisturi, pois o


bem-estar das pessoas está relacionado com sua própria
imagem." (BIONDO,1990, p. 6)

Nesta afimação pode-se perceber um certo incentivo à CPE, mas


também diz:

"É comum ser consultado por pessoas que são absolutamente


perfeitas do ponto de vista estético, e não se vêem com são
por algum motivo." (BIONDO,1990, p. 7)

Essa segunda assertiva revela, de forma evidente, que existem


fatores psicológicos permeando a consulta ("não se vêem como são por algum
motivo") e que se referem à auto-percepção. A atribuição não está clara para o
cirurgião, pois, pela assertiva, não conseguiu identificar a fonte de alteração
perceptiva.
Os psicólogos podem ajudar, não apenas clareando as razões
“ocultas” para a procura de plástica mas também no recrutamento e seleção de
candidatos à CPE (fase pré-cirúrgica). Nesta fase, seu trabalho poderá aliviar
de forma muito significativa a triagem, na medida em que uma boa divulgação
facilita uma auto-avaliação por parte dos futuros pacientes e, portanto, uma
auto-exclusão. Na época de seleção evitará perda de tempo com candidatos
que estejam fora dos fatores do perfil, que não puderam ser divulgados por
ocasião do recrutamento. Poderá fornecer pareceres negativos para aqueles
pacientes que, comprovadamente, não se beneficiariam com o evento cirúrgico
oferecido (uma nova imagem facial, por exemplo).

sobre as pesquisas realizadas é atividade muito bem vista no campo científico e, ainda mais,
quando uma nova área está por abrir-se (Psicologia Hospitalar).
2/9/2008 15 407619.doc
BELFER e Colaboradores (1979) sugeriram alguns critérios para a
autorização da CPE:
1) não possuir algum traço de psicopatologia significativa;
2) ausência de expectativas irreais em torno da CPE pretendida e
3) não possuir planos precipitados para mudança de vida após a
cirurgia, tais como arranjar um novo emprego ou divórcio.
Pode-se notar que todos esses critérios estão dentro da fase de
seleção de pacientes e no plano subjetivo. Apesar de significarem uma
preocupação com os aspectos psiquiátricos para a indicação cirúrgica, o
psicólogo deverá ir além dos critérios impeditivos e ter também indicadores
positivos7.
É importante colocar que um parecer negativo do psicólogo-
consultor para os candidatos fortemente motivados tem um peso de proibição,
logo, é necessário muito tato e habilidade. Mesmo quando a recusa em
realizar a CPE parte do cirurgião, o paciente vivencia o fato como um golpe em
sua necessidade, exigindo-lhe longas explicações do porquê da recusa.
Alguns pacientes, inconformados e/ou indignados pela recusa, procurarão
outros serviços ou cirurgiões para, não só invalidar os argumentos
apresentados pelo cirurgião anterior, mas também para provar a importância
de seus pedidos de cirurgia, entrando, assim, em equilíbrio com suas
cognições.
É evidente que toda cirurgia apresenta limitações e que nem todo
desejo do paciente terá indicações cirúrgicas. Esse aspecto deverá ser
trabalhado com informações racionais sobre o procedimento desejado:

"Os pacientes devem estar psicologicamente equilibrados. Eles


precisam entender o que será feito, o risco que correm e quais
os resultados que eles podem esperar". (DAVIDSON, 1986, p.
151)

O mesmo cirurgião, mais sensível aos aspectos psicológicos de


seus pacientes, preocupa-se com esses aspectos, em outro momento:

"O paciente precisa reconhecer estas limitações. Todavia, nós,

7 Segundo minha própria experiência na área, há mais pacientes com temores, falsas
expectativas e dúvidas do que com certezas, frente ao momento operatório.
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como médicos, podemos ajudar o paciente a cicatrizar seus
ferimentos psicológicos, assim como nós ajudamos a cicatrizar
seus ferimentos físicos". (DAVIDSON, 1986, p. 151)

Ao ser reconhecido pela equipe por seus conhecimentos e


habilidades, o psicólogo poderá dar pareceres negativos para alguns
pacientes. Ao propor um adiamento cirúrgico para uma paciente que está
pedindo rejuvenescimento facial, por exemplo, mas cujo objetivo oculto seja a
recuperação do marido, o psicólogo deverá ter muita habilidade e tato para
fazê-lo. Demonstrar à paciente que a psicoterapia é um procedimento
aconselhável poderá trazer resistências e dificuldades em relação ao marido
que ela pode não estar disposta a enfrentar. Um melhor esclarecimento das
razões “ocultas” da plástica poderá ser um tópico abordado no
aconselhamento. Um leque de possibilidades de atuação é possível, mas o
assunto da separação, neste caso, é primordial para desfazer-se a "falsa"
conexão cognitiva: de que a beleza, via CP, trará o marido de volta.
Dentro dessa fase (Entrevista/Consulta/Anamnese) os psicólogos
poderão encontrar pacientes pouco assertivos ou com graves problemas de
comunicação, fazendo com que o cirurgião plástico não saiba qual é a
verdadeira expectativa do paciente frente à CP. Aqui, qualquer técnica, que
esteja dentro dos princípios éticos, utilizada pelo psicólogo para que o
paciente expresse sua vontade operatória ou crenças é válida, dentro daquilo
que o paciente espera e dentro daquilo que a CP pode oferecer de melhor8.
Podem ainda os psicólogos aliviar ansiedades e temores frente à
CPE indicada, o que vai requerer um certo conhecimento dos diversos tipos de
CP, suas respectivas anestesias e procedimentos cirúrgicos aliados à
habilidade didática (informar ao paciente). É importante uma afinidade com o
cirurgião plástico, com o objetivo de trocar informações sobre todas as etapas
do ato cirúrgico e sobre qual seria a melhor maneira de lidar com os
comportamentos, crenças e emoções do paciente.
Na fase intra-cirúrgica, pode ser necessário que o psicólogo

8PITANGUY (1984) descobriu bem cedo que é muito importante o cirurgião plástico saber o
que efetivamente o paciente quer que mude em termos corporais. Parece que não basta saber
o tipo de cirurgia, mas detalhes extremamente pessoais. Para ilustrar essa importância, o
famoso cirurgião citou um caso de uma moça italiana que passou pela mamoplastia de
redução do volume dos seios. Após a retirada das ataduras, a paciente teve uma crise de
choro ao constatar que seus seios estavam menores do que eram antes da cirurgia. O que ela
efetivamente desejava era exatamente o contrário: que seus seios ficassem ainda maiores e
parecidos com os de sua mãe.
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acompanhe o paciente ao centro cirúrgico. Nos casos em que a anestesia
geral se faz necessária, sua atuação ficará reduzida em virtude de a maioria
das técnicas psicológicas de ajuda estarem concentradas no plano verbal e na
interação pessoal. Nos casos de anestesia local em que o paciente fica
consciente, mas não sedado, os psicólogos poderão atuar com mais facilidade,
desde que a cirurgia realizada não esteja mexendo com algum elemento facial.
Pacientes que fazem uma CP sem nenhum parente ou amigo
costumam solicitar a presença do psicólogo no ato cirúrgico, quando há um
bom rapport e estabelecimento de um vínculo de confiança. As crianças,
mesmo as que estão acompanhadas pelos pais, às vezes solicitam o
acompanhamento psicológico até o pré-anestésico ou até o sono chegar,
segurando na mão do profissional para tomar a injeção9.
Segundo PITANGUY (1992), foi John Davis quem fez a primeira
relação das alterações psicológicas no pós-cirúrgico e constatou que,
inicialmente, no pós-operatório de qualquer cirurgia, são comuns as reações
de apreensão, ansiedade ou depressão. O pormenor mais importante dessas
reações pós-cirúrgicas é que o paciente arriscou uma mudança em sua
identidade corporal ou facial para melhor. Assim, a necessidade de
comprovação dessa melhoria é imediata e os pacientes solicitam o espelho ou
querem ver a área operada. A apreensão vem do fato consciente de que
sempre existem riscos em qualquer evento cirúrgico, mesmo quando em
cirurgias eletivas.
Trabalhando na fase pós-cirúrgica, os psicólogos poderão lidar com
as emoções advindas do pós-anestésico - ausência temporária da
sensibilidade (bandagens, tampões, suturas e gesso que porventura existam),
objetivando dar suporte para que o paciente consiga lidar de forma
relativamente tranqüila com a natural depressão pós-cirúrgica.
Aqui também existe uma confluência de áreas de atuação. O
psicólogo facilita o trabalho da equipe de enfermagem, na medida em que
clarifica e “limpa” emoções dos pacientes em interação com o material de
curativos, bandagens ou injeções. As relações interpessoais com os
enfermeiros também merecerão atenção, pois os pacientes internados
interagem muito com eles.
Num momento posterior, os psicólogos poderão trabalhar alguns

9Em crianças, muitos cirurgiões optaram pela anestesia geral, ou a local com sonífero, pela
comodidade que traz ao evento cirúrgico. (RUZZANTE, 1986).
2/9/2008 18 407619.doc
dos inúmeros aspectos dos reajustes pós-operatórios que existem:
1) as restrições ou proibições temporárias em função do tipo de CP
feita. Ex.: Touca de gesso nas CP de correção de orelha de abano, dieta
líquida nos casos de redução da mandíbula e proibição de sol por três meses,
após peeling cirúrgico;
2) adaptação a uma nova imagem para si mesmo. Ex.: Abandono da
auto-imagem de mulher feia com seios assimétricos, com conotação de pouco
atraente, para uma auto-percepção de mulher sensual com possibilidade de
causar atração erótica;
3) a capacidade para lidar com as perguntas, comentários e atenção
dos outros. Ex.: O rejuvenescimento exigirá do paciente habilidade para lidar
com as perguntas que os outros farão para saber as causas e os
procedimentos do evento cirúrgico realizado (lifting);
4) o sentimento de despedida (luto) da parte considerada
envelhecida ou ruim. Ex.: A ambigüidade poderá aparecer nos casos de
mamoplastia redutora. A mulher poderá sentir que foi beneficiada com um
menor volume mamário mas que, em contrapartida, perdeu a atenção ou
comentários masculinos advindos de seu antigo formato dos seios;
5) a readaptação social. Exemplos: A orelha de abano, quando
resolvida cirurgicamente, não é garantia de que o paciente (a criança) queira
voltar a estudar e a estabelecer novos relacionamentos com os antigos amigos
de classe. Nos casos de desfiguramento facial, o fornecimento de uma base de
apoio será essencial para o paciente;
6) a insatisfação derivada do fato de a CP não ter correspondido às
reais expectativas do paciente10. Ex.: Existem pacientes que procuram uma
determinada característica de personalidade, como firmeza ou agressividade,
e acreditam que, por exemplo, um queixo mais proeminente ou um nariz com
ponta e dorso altos poderão trazer tais atributos.

- Dismorfofobia
Trata-se de um novo termo psiquiátrico que designa pessoas que
têm fobia a serem disformes, ou seja, elas têm um forte medo da assimetria
corporal (sobras de pele, posição atípica dos dentes, estrabismo, diferentes
tonalidades da pele etc). Para a CP, os pacientes que apresentam como
10São casos nos quais houve erro de diagnóstico ou falhas dos profissionais envolvidos com o
atendimento de tais pacientes. Outra hipótese é que eles próprios “ocultaram” seus reais
desejos com relação à cirurgia.
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sintoma a dismorfofobia são aqueles que se queixam de particularidades
mínimas superficiais e pedem uma plástica que as retirem ou consertem.
(CONNOLY & GIPSON, 1987).
BONALUME-NETO (1992) afirmou que a BDD - Body Dysmorphic
Disorder é uma preocupação exagerada com um "defeito" imaginário na
aparência de alguém, não sendo este defeito compartilhado com seus
semelhantes. Historicamente, a BDD é conhecida há um século, mas faz
apenas sete anos que entrou para o manual oficial da psiquiatria. Nas pessoas
que têm um defeito real mínimo ou quase imperceptível, a BDD se manifesta
como uma exagerada preocupação com ele, daí o uso freqüente de espelhos e
cosméticos que "escondem" o defeito e as comparações incessantes com os
"normais".
As novidades para o tratamento da BDD são: os pacientes podem
receber tratamento medicamentoso semelhante ao dos obsessivos-
compulsivos (uso do medicamento específico chamado de clomipramina);
abandono do uso de espelhos (ou sua limitação a níveis razoáveis); evitar
comparações inúteis com outras pessoas e (talvez a parte mais difícil)
aceitação de que o problema real é no plano psicológico (interno) e não tem
correlação positiva com as formas corporais. (BONALUME-NETO, 1992).
Já os pacientes que procuram fazer uma cirurgia plástica após
outra, evidenciando procura por uma "imagem ideal", um corpo escultural ou
uma certa fobia pelo envelhecimento, deveriam ser indicados para psicoterapia
a longo prazo ou reconstrutiva. Tal encaminhamento permitirá que os conceitos
de auto-imagem, imagem corporal e self sejam trabalhados com o objetivo de
retirar o desejo compulsivo de transformação corporal pela CP.

- Psicoterapia
A psicoterapia breve poderia ser indicada para pessoas que, por
exemplo, transformam problemas psíquicos em problemas corporais. Podem
ser aquelas que "resolveram" procurar a rinoplastia de uma hora para outra,
atribuindo a um novo nariz a responsabilidade de aliviar seus sintomas
psicológicos. Outro exemplo seria oferecer a psicoterapia suportiva para
pacientes que estão descompensados em função de uma grande mudança
ambiental e que "escolheram" uma plástica para equilibrar tal
descompensação.
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Nesses dois exemplos citados acima, depois de um diagnóstico
dinâmico, os pacientes poderão ser orientados em relação à plástica
pretendida. Ajudá-los a somatizar o mínimo possível ou voltar ao equilíbrio
homeostático anterior são tarefas que levariam a um questionamento da
necessidade de plástica. (DEATON & LANGMAN, 1986).
Não é de estranhar que algumas psicoterapias tenham, dentre os
vários objetivos, a função de compreensão e possível modificação de crenças,
valores, afetos e comportamentos. Claro que nenhuma linha psicoterápica
negará tal evidência: a de que o paciente procurou tratamento porque quer
resolver algum problema (quando não vários) e, ao resolvê-lo, estará em outro
momento e condição. Não se pode esquecer de que houve um aprendizado
cognitivo: descobriu um novo jeito de lidar com o problema e ampliou o
repertório de experiências. (KNOBEL, 1986).
Em alguns casos, a psicoterapia prévia será o melhor procedimento
a ser oferecido ao candidato à CPE (AMARO, 1985; ; PITANGUY, 1990). É
também verdade que, em alguns casos, a CPE poderá abreviar o tempo da
análise pessoal ou mesmo substituir a psicoterapia a longo prazo. Um exemplo
seriam as cirurgias corretivas em pessoas que tiveram alguma mutilação e que
sofrem pelo estigma ou rejeição social a que estão submetidas.
(MAISONNEUVE & BRUCHON-SCHWEITZER, 1981).
Existem inúmeros casos em que a CP beneficiaria ou tornaria mais
potentes os ganhos psicoterapêuticos. Para citar alguns: a obesidade, na qual
as estratégias de mudança alimentar ou apoio por psicoterapia de grupo
podem ganhar um reforço externo com a lipoaspiração ou lipoescultura. Casos
simples de fobia escolar, cuja origem esteja centrada na aparência (orelha de
abano ou lábio leporino) poderão ter uma solução adequada com a correção
da deformidade. A depressão motivada pela perda de características estéticas
ou eróticas (calvície ou barriga saliente) poderá ficar reduzida se o paciente
passar pelo processo cirúrgico especializado. Pessoas que apresentam como
sintoma a falta de desejo sexual, pelo fato de acharem pequenos ou
inestéticos seus genitais, poderão fazer plástica íntima e possivelmente retirar
a base biológica de suas crenças. (SCHOR & FREITAS, 1992).
A CP íntima, usada em crianças ou adolescentes que foram
estupradas ou que perderam a virgindade pode ajudar, e muito, no processo
de reparação da violência de que foram vítimas. Ao voltarem ao seu "estado
anterior", isto é, passarem (se for o caso) pela cirurgia de reconstrução do
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hímen ou ânus, terão mais suporte físico. Por outro lado, o psicólogo terá
maiores oportunidades de trabalhar com os pacientes as emoções derivadas
do delito e promover a reintegração social. Adolescentes, cuja fase é de
discussão da identidade sexual, ou obesos masculinos com super-
desenvolvimento mamário (ginecomastia) que causa a aparência de seios, um
atributo feminino, são também muito beneficiados com a redução dos "seios"
por lipoaspiração. (ASSUMPÇÃO, 1990; GALVÃO, 1978; SCHOR & FREITAS,
1992).
Outro exemplo em que a CP poderia acelerar o tempo da análise
e/ou psicoterapia, seria a lipoaspiração em pacientes que comprovadamente
não podem ou não conseguem emagrecer além do que o seu biótipo permite.
Queixo duplo, como resultado de excesso de gordura na papada, gorduras
resistentes a dietas e ginásticas localizadas e alguns casos de celulite
deixariam de ser “anexos” indesejados da pele. Nestes casos, a retirada
cirúrgica daquilo que "sobra" (barriga em avental) ou que constitui um "peso"
psicológico, pode abreviar todo o trabalho psicoterápico cujo objetivo fosse,
por exemplo, diminuir a resistência do paciente em iniciar ou manter uma dieta
hipocalórica. Outro objetivo seria a criação de uma auto-imagem mais
aceitável para si e dentro dos padrões de saúde esperados para o indivíduo.
(COTTINI, 1994; SCHOR & FREITAS, 1992).

- Consultoria
O trabalho de consultoria psicológica é relativamente recente e
igualmente delicado. A presença de um psicólogo dentro de um hospital
apresenta ambigüidades e particularidades que não podem ser desprezadas
de forma alguma pelo profissional, pois ele corre o risco de ser excluído da
equipe. Segundo FERNADES (1988), de um lado tem-se a idealização
(onipotência) do psicólogo, como se ele fosse capaz de tudo resolver no
tocante aos problemas de relacionamento com os pacientes, e, de outro, o
descrédito (desqualificação) das funções e tarefas do psicólogo. Mesmo assim,
é possível ter como objetivos:
1 - aumentar a discriminação de assuntos psicológicos, o que
implica discutir o caso nos seus aspectos de motivação, personalidade, grau
de maturidade, assertividade, nível de comunicação etc, a fim de esclarecer
pontos obscuros da entrevista e contribuir para a ampliação do conhecimento
do paciente por parte do cirurgião (FERNANDES, 1986);
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2 - acolher pacientes considerados pelos cirurgiões como difíceis,
resistentes ou pouco colaboradores. Quando não existe indicação cirúrgica,
mas a motivação do paciente é alta, é provável o aparecimento da recusa em
aceitar a proibição. Alguns pacientes recebem o "rótulo" de pouco
colaboradores quando tomam consciência das exigências do pré-cirúrgico
(LAMOSA, 1991);
3 - sensibilizar pacientes para um trabalho psicoterápico posterior,
quando a equipe interdisciplinar chegou a esse critério para aceitação
cirúrgica (KNOBEL, 1986);
4 - encaminhar pacientes para outros cirurgiões plásticos ou
instituições mais especializadas (DAVIDSON, 1986);
5- elaborar, em conjunto com a equipe ou apenas com o cirurgião
plástico, o perfil de pacientes para cada tipo de evento plástico, o que
resultaria num melhor recrutamento e seleção deles, já que o perfil é a base de
qualquer processo de comparação e inclui os requisitos mínimos exigidos para
a cirurgia plástica.

- Pesquisa
A CP é um campo vasto, cheio de sutilezas e minúcias. É uma área
fascinante para pesquisas psicológicas e sociais. É evidente que o psicólogo
poderá pesquisar em qualquer fase do atendimento ao paciente (pré, intra e
pós-cirúrgica), bem como em qualquer fase ou etapa psicológica do paciente.
Citaremos algumas, mas as possibilidades são muitas.
O psicólogo poderá realizar pesquisa no tocante à validação dos
processos de recrutamento, triagem e seleção de pacientes que são adotados
no hospital. Poderá descobrir o tipo de divulgação mais eficaz para conseguir
pacientes que, por hipótese, receberiam a indicação para determinado evento
cirúrgico. De outra forma, poderá pesquisar o perfil dinâmico para cada tipo de
CPR procurada, bem como quais os pacientes que efetivamente seriam
beneficiados com a cirurgia.
Um outro tipo de conhecimento que poderia ser conseguido refere-
se às intervenções planejadas e a algumas emergenciais (CPR). É sabido,
dentro da Psicologia Social, que a expectativa de um determinado
comportamento faz com que a probabilidade de ele ocorrer aumente muito
(profecia auto-realizadora) (GOLDSTEIN, 1983; KRÜGER, 1986). Será que os
pacientes que procuram a CP espontaneamente tendem a considerar os
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efeitos da intervenção mais favoravelmente do que aqueles que se sentem
pressionados a submeter-se à operação (vítimas de trânsito, por exemplo)?.
Os pacientes da CPR têm mais expectativas irreais (aquelas que escapam da
área da especialidade) do que os pacientes da CPE?, uma pesquisa
comparativa entre os grupos poderia estar comprovando a hipótese anterior.
Sendo pesquisador, o psicólogo poderá provar vários pormenores
da área:
1) que a melhor época para se corrigir a orelha de abano é a de
férias escolares, antes de a criança atingir a adolescência (RUZZANTE, 1986);
2) que o trabalho de entrevista prévia com o psicólogo facilita muito
a consulta com o cirurgião (DEATON & LANGMAN, 1986);
3) que os pacientes que recebem tratamento psicoterápico paralelo
à CPE são os que apresentam os melhores níveis de satisfação e de
adaptação à nova imagem, em comparação com o grupo de controle - os que
fizeram CPE e não receberam nenhum tratamento psicológico (GIDDON,
1983); e
4) que alguns sintomas psiquiátricos são impeditivos para a cirurgia.
O psicólogo poderá listar esses sintomas incompatíveis e correlacioná-los com
os eventos cirúrgicos, a fim de comprovar ou não esses impedimentos.
(BELFER e Colaboradores, 1979).
Pode-se também afirmar que a Psicologia se beneficiará das
alterações corporais advindas da CP, se acompanhar pacientes que sofreram
determinada intervenção plástica e observar, por exemplo, as fases de
readaptação cognitiva ao novo corpo/rosto alterado (FARINA, 1982). Trata-se
de uma possibilidade de discriminação de nuances da auto-imagem,
resultando no enriquecimento da informação sobre essa faceta da
personalidade. Os casos de arrependimento pós-cirúrgico deveriam receber
uma atenção especial, pois podem ser utilizados como retroalimentação ao
funcionamento da equipe que atendeu ao paciente. Poder-se-á saber se a
expectativa plástica foi correspondida em sua totalidade.

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