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Fichamento do texto: “Pensamento e Palavra”1

Vygotsky, Lev. Pensamento e palavra. In:_____. Pensamento e linguagem. São


Paulo: Martins Fontes, 2009.

Luís Paulo Sousa da Silva2

“O pensamento e a palavra não são ligados por um elo primário. Ao longo da


evolução do pensamento e da fala, tem início uma conexão entre ambos, que depois
se modifica e se desenvolve.” (p. 149)

Logo de início, Vygostky demonstra a tese que procura desenvolver ao longo


de todo o capítulo, onde busca explicitar que o pensamento e a palavra
estabelecem relações entre si, porém de forma fluída e corrente, envolvendo
diversos fenômenos para que tal articulação se faça possível.

“Uma palavra sem significado é um som vazio; o significado, portanto, é um critério


da ‘palavra’, seu componente indispensável.” (p. 150)

“Se os significados das palavras se alteram em sua natureza intrínseca, então a


relação entre o pensamento e a palavra também se modifica.” (p. 156)

O lugar do significado é essencial tanto para a palavra quanto para o


pensamento, isto porque ele reflete a maneira em que a realidade é vista e
por consequência tem o “poder” de alterar a maneira que as palavras e os
pensamentos se relacionam. Dessa forma, fica claro que essa relação não é
estática, estando em constante movimento; um movimento atravessado pelo
significado.

“A relação entre o pensamento e a palavra não pode ser compreendida em toda a


sua complexidade sem uma clara compreensão da natureza psicológica a fala
interior.” (p. 162)

“Para se obter um quadro real da fala interior, deve-se partir do pressuposto de que
se trata de uma formação específica, com suas leis próprias, que mantém relações
complexas com as outras formas de atividade de fala” (p. 163)

Vygotsky teoriza que a falar interior não só é a fala para si mesmo como é a
interiorização da fala em pensamento. Para confirmar sua tese, o autor faz
uma comparação entre a fala interior e a fala egocêntrica e afirma que esta se
desenvolve em direção àquela, quando a criança adquire a capacidade de
“pensar as palavras”.

1 Fichamento apresentado à disciplina Psicolinguística, ministrada pela professora doutora Júlia


Maciel no curso de Psicologia pela Universidade Federal do Maranhão.
2 Acadêmico do curso de Psicologia pela Universidade Federal do Maranhão.
“[…] à medida que a fala egocêntrica se desenvolver, revela uma tendência para
uma forma de abreviação totalmente específica, isto é, omite o sujeito de uma frase
e todas as palavras com ele relacionadas, enquanto mantém o predicado.” (p. 172)

A tendência para a predicação, aqui destacada, é uma característica


essencial da fala interior e ocorre porque sabemos o que estamos pensando,
incluindo o sujeito e a situação. Vygotsky observa que essa propriedade
também ocorre na comunicação entre duas pessoas quando ambas possuem
contato estreito e apreendem significados diversos por meio de uma
comunicação com uso mínimo de palavras; isto é, essas pessoas conseguem
interpretar as falas por pensarem de maneira parecida em determinado
contexto.

“Nossa investigação estabeleceu três peculiaridades semânticas principais da fala


interior. […] A primeira, que é fundamental, é o predomínio do sentido de uma
palavra sobre o seu significado […].” (p. 180)

Ao afirmar isso, Vygotsky abre espaço para a polissemia, isto é, para um


enriquecimento das palavras que podem ter diversas denotações, imprimindo
uma relação independente entre a palavra e sentido.

“Isso nos leva às outras peculiaridades semânticas da fala interior. Ambas dizem
respeito à combinação das palavras. Uma delas é muito semelhante à aglutinação
[…]. À medida que a fala egocêntrica se aproxima da fala interior, a criança passa a
utilizar cada vez mais a aglutinação, como uma maneira de formar palavras
compostas para expressar ideias complexas.” (p. 182)

“A terceira peculiaridade semântica fundamental da fala interior é o modo pelo qual


os sentidos das palavras se combinam e se unificam – um processo regido por leis
diferentes daquelas que regem a combinação de significados.” (p. 183)

Nessas duas particularidades da fala interior está contida a fluidez entre os


sentidos das palavras, demonstrando o quão imbricados uns aos outros eles
estão. Isto quer dizer que uma única palavra pode estar carregada de
diversos sentidos que precisariam de frases completas para serem exprimidos
por uma fala exterior.

“O fluxo do pensamento não é acompanhado por uma manifestação simultânea da


fala. Os dois processos não são idênticos, e não há nenhuma correspondência
rígida entre as unidades do pensamento e da fala.” (p. 185)

Dessa forma, fica claro que o pensamento tem uma estrutura própria e faz
sua transição para fala a partir de um mecanismo particular. O pensamento
subjaz às palavras, servindo-lhe sempre como uma espécie de subtexto. Isto
quer dizer que um pensamento não possui equivalência imediata com as
palavras e precisa ser expresso por uma sequência temporal a partir do
significado. Dessa maneira sempre há uma perda entre a expressão do
pensamento e o pensamento em si, existe uma inexpressibilidade no
pensamento.

“O pensamento propriamente dito é gerado pela motivação, isto é, por nossos


desejos e necessidades, nossos interesses e emoções. Por trás de cada
pensamento há uma tendência afetivo-volitiva, que traz em sai a resposta ao último
‘por que’ de nossa análise de pensamento.” (p. 187)

Vygotsky demonstra que o pensamento verbal deve ser analisado a partir de


uma fonte afetiva, quer dizer, apesar do buraco que existe entre o que é
pensado e o que é dito, seria possível compreender plenamente o
pensamento de um outro a partir do entendimento dos afetos e volições do
mesmo.

“A relação entre o pensamento e a palavra é um processo vivo; o pensamento nasce


através das palavras. Uma palavra desprovida de pensamento é uma coisa morta, e
um pensamento não expresso por palavras permanece uma sombra. A relação entre
eles não é, no entanto, algo já formado e constante; surge ao longo do
desenvolvimento e também se modifica.” (p. 190)

Podemos admitir então que pensamento e palavra são fenômenos


interdependentes, cada um com suas particularidades e processos diferentes,
mas que estão imbricados e se configuram como relação necessária e
constante.

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