Sie sind auf Seite 1von 6

A ARTE DA SEDUÇÃO: O CINEMA COMO PROPAGANDA DE TRANSMISSÃO

DA IDEOLOGIA NAZISTA.

Anderson Henrique Lopes Santos

Resumo: Quando se discute sobre regime totalitário é inevitável o pensamento sob quais
manejos levantaram a sua solidez durante anos, diante essa ótica trata-se a importância da arte
na propaganda nazista como um meio de construção do imaginário, fortalecimento de bases,
conquista da massa, o controle propriamente dito e dentro dessa grande caixa observa-se nesse
breve estudo a importância do cinema como um dos pilares de domínio no Terceiro Reich.

Palavras-chave: Cinema. Nazismo. Controle.

O século XX, em especial até a sua primeira metade foi berço de acontecimentos
marcantes de um nível macro, revoluções, o levante de guerras mundiais, crises na humanidade
e dentro desses contextos, engloba-se a ascensão e o processo da solidificação de regimes
totalitários e no mesmo período citado ocorre o florescimento das técnicas e da indústria
cinematográfica.
É de notoriedade observar o cinema como uma espécie de válvula de escape e formador
de opinião, especial em determinados contextos, como foi no caso da Primeira Guerra Mundial,
na mesma década a indústria cinematográfica ganhava importante desenvolvimento, em 1970
a historiografia passou enxergar o filme como um estreito respeitável que conseguia captar
testemunhos e a mentalidade social num determinado contexto, isso graças a “revolução
francesa da historiografia” denominada por Peter Burke.
A grande depressão econômica ocorrida em 1929 que afetou muitos países foi um
pontapé para a forte aceitação da ideologia nazifascista antes do seu alcance ao poder em 1933,
anteriormente a isso, a destruição da Alemanha na Primeira Guerra Mundial e as penalidades
dadas através do Tratado de Versalhes também ajudaram a fertilizar o campo para que as ideias
nazistas se cristalizassem.
Hitler antes de ascender ao seu triunfo, já demonstrava um fascínio pela arte
cinematográfica, além de fortemente deslumbrar-se na arte da Antiguidade Clássica,
curiosamente habitou em Viena com a finalidade de ingressar na Academia de Belas Artes da
mesma cidade, onde provavelmente teve seus contatos maiores com o antissemitismo e outras
visões que estavam se aprofundando na imaginação alemã.
Hannah Arendt afirma que em regimes totalitários “as massas têm de ser conquistadas
pela propaganda” para que as ideias sejam levadas com sucesso ao público, focando
principalmente quem ainda não é considerado um “simpatizante” daquela corrente que está em
grande posição de poder, é uma espécie de sedução em que mistura discursos e estratégias, o
cinema teve um papel fundamental na propaganda nazista.
A referência básica da propaganda é a sedução, elemento de ordem
emocional de grande eficácia na conquista de adesões políticas, adquire
uma força maior naqueles em que o Estado, graças à censura ou
monopólio dos meios de comunicação, exerce rigoroso controle sobre
o conteúdo das mensagens. (PEREIRA 2003, p.102)

Observa-se diante alguns estudos que na Alemanha ainda no período da Primeira Guerra
Mundial já visavam o uso do cinema para finalidades na esfera propagandista, analisou-se que
existia o financiamento direto de militares alemães sob instituições que tratassem da gama de
informações como a Universum Film Aktien Gesellschaft, mais conhecida como Ufa, logo a
“Ufa, foi um projeto estimulado e financiado pelo alto comando militar alemão para tentar
reequilibrar a guerra de informação/propaganda sustentada com a Tríplice Aliança”.
(KRAKAUER, 1988, p.50)
Quando Adolf Hitler chegou ao poder, o líder escolheu Joseph Goebbels para ser a
grande mente no campo da propaganda do governo nazista, o Ministério da Propaganda recebeu
tanto impulso durante o regime que nos primeiros anos da década de 40 passou “a assumir o
controle total da produção cinematográfica da Alemanha”, como descreve Pereira (2003,
p.111).
A Câmara do Cinema do Reich teve a sua fundação datada em 14 de julho de 1933, era
de importância para o chefe do Estado tanto que a mesma foi fundada antes de qualquer outro
departamento do corpo de seu governo. Gerd Albrecht em Nationalsozialistische Filmpolitk
estimou cerca de 1.350 longas-metragens que tinha como intuito enaltecer o nazismo, além de
trazer uma espécie de impulso aos alemães para adentrarem na atuação nazista.
O documentário “Arquitetura da Destruição” filme de Peter Cohen, estreita muito bem
alguns artifícios, traz à tona propagandas, cultos e discursos no Terceiro Reich, cenas que
montam uma abóboda de entretenimento dando um fermento à política baseada no ódio que
conseguiu embriagar e cativar grande parte da população alemã.
Os filmes no império de Hitler eram enriquecidos com teor político e partidário,
ajudando na montagem de uma imagem mais consistente ao regime e com enorme apelo
emocional, além de possuírem um ar escapista, era importante encantar o público e impulsionar
a escolha de qual lado iriam abraçar.
A articulação do Ministério da Propaganda do Terceiro Reich não nega-se que é
admirável, visto que a produção de filmes ajudou na formulação do imaginário alemão que já
estavam influenciados por outras variantes, como os discursos de Adolf Hitler, a necessidade
de vê-lo como um líder que guiasse o povo na finalidade de controlar as mazelas existentes que
assolavam o país pós Primeira Guerra, pós quebra da bolsa em 1929 e os demais indicadores
existentes no contexto em que a Alemanha vivenciava, as produções de cinema ajudaram a
moldar o bem e o mal, propagando com força as políticas antissemitistas, onde judeus foram
crucificados como os culpados do declínio da nação alemã, além das fabricações exaltarem
guerras, soldados, exalarem patriotismo e superioridade da raça ariana.
O entretenimento e produção de cultura no regime de Hitler também tinha como objetivo
aniquilar qualquer resquício da República de Weimar (1918-1933) o que era tratado pelo
representante como degeneração, algo que destruía qualquer forma de alcançar o modelo ariano,
Hitler denunciava a arte existente na Alemanha de Weimar como bolchevismo cultural, isto já
era feito antes mesmo da sua subida ao poder, após 1933 o modelo artístico antigo foi sendo
substituído pelo estilo que viabilizasse uma exaltação de caráter nacionalista e racial.
É importante citar que para uma eficaz propagação ideológica num comando totalitário,
é necessário que exista o monopólio midiático e forças para extinguir qualquer tipo de
propaganda contrária, unicamente na visão de que exista somente um tipo de produto
apropriado, é o jogo da propaganda integrante da “guerra psicológica”, como trata Hannah
Arendt.
Na medida do possível, estabelece-se, logo na fase anterior à tomada de
poder, a diferença entre a doutrina ideológica destinados aos iniciados
do movimento, que já não precisam de propaganda, e a propaganda para
o mundo exterior. A relação entre a propaganda e a doutrinação
depende do tamanho do movimento e da pressão externa. (ARENDT
1998, p.392)

A propaganda política se vale de ideias e conceitos, mas os transforma em imagens e


símbolos; os marcos da cultura são também incorporados ao imaginário, que é transmitido pelos
meios de comunicação. (CAMPELATO, 1998, p.201).
A produção intitulada como Triumph des Willens (O Triunfo da Vontade) foi um dos
marcos mais extraordinários já realizado durante os 12 anos do domínio nazifascista, uma obra
que trata diretamente a exaltação do grande condutor. Nesse filme a propaganda revelou-se
aplicada com tanta perfeição à realidade que, segundo Erwin Leiser, torna-se difícil distinguir
onde termina a realidade e começa a encenação. (PEREIRA 2003, p.113)
Como foi citado anteriormente sobre a estratégia dos filmes durante o III Reich de criar
uma ordem que impusesse a superioridade ariana e exaltação nacionalista, um dos exemplos
disso é a fabricação de Der Ewige Wald (A Floresta Eterna), o filme tinha como rede
interpretativa a definição da fonte de força do ideal da “raça superior”, baseada nas virtudes do
passado alemão, da raça ariana e do solo sagrado alemão. (PEREIRA 2003, p.113)
Dentro desse setor existia a cultura das películas que abordavam e reforçavam a
inferioridade de outras nações e demais etnias, os primeiros perseguidos nesse campo foram os
judeus, a cinematografia durante o III Reich foi um dos artifícios encontravam para fortificar o
antissemitismo alemão, já que diretamente movimentava e inebriava o emocional, deu abertura
não só para a caça aos semitas, mas para a propagação e consumação de crimes de ódio contra
outros que não “flertavam” com a política fascista.
Em Origens do Totalitarismo é exibido que os nazistas “matavam pequenos
funcionários socialistas ou membros influentes dos partidos inimigos, procurando mostrar à
população o perigo que podia acarretar o simples fato de pertencer a um partido” (ARENDT
1998, p.391), o domínio pela publicidade teve como produto uma carnificina de proporções
inimagináveis e a implantação de uma política movida pelo terror.
Se consumou a Segunda Guerra Mundial e era inevitável a derrota do exército nazista,
logo apelou-se para a fabricação de películas que trouxesse à tona um possível renascimento de
uma Alemanha gloriosa, um exemplo disso é o filme Kolberg de 1945. Hitler e Gobbels
investiram muito dinheiro e tentaram finalizar a “epopeia nazista” com uma colossal produção
cinematográfica, repleta de cenas espetaculares. (PEREIRA 2003, p.116)
Nesse breve estudo foi observado a importância da cultura cinemateca como pilar de
formação do imaginário alemão, além de ser um dos meios propagandísticos no domínio de
Adolf Hitler, o representante já tinha observado o cinema como um forte aliado, primeiramente
pelo seu desenvolvimento considerável nos primeiros anos do século XX, a maneira como
alcançou as massas e pela simbologia que era criada a partir do envolvimento com o público,
tudo era propositalmente arquitetado por Hitler e Joseph Gobbels.
O cinema tornou-se a baliza do princípio num momento onde prevalecerá os meios de
comunicação de massa, o governo nazifascista viu este mecanismo além de um canal de
promoção das ideias do Führer, era também um aparelho patriótico de incentivo à guerra que
era uma visão interessante ao governo fascista naquele contexto.
Já havia um espaço preparado para aceitação da experiência nazista, o desemprego, a
fome, a destruição da Alemanha na Primeira Guerra Mundial, os castigos do Tratado de
Versalhes, a perda da moral e honra nacional, a grande crise econômica de 1929 e demais
mazelas sociais fizeram com que o povo germânico depositassem em Hitler a esperança na
mudança, existia a necessidade do aparecimento de um líder que guiasse a nação em rumo ao
respeito novamente.
O cinema cumpre bem a sua função como um meio formador de opinião e manipulação,
era um instrumento importante para o nazismo e até hoje mantém a sua atividade em despertar
experiências extraordinárias dependendo do espectador, pelo que é observado era irresistível
não haver uma recepção massiva ao que era produzido no reino de Hitler, o trabalho do véu de
ilusão no alcance de um molde perfeito de sociedade e ser humano que soube definir o bem e o
mal foi minuciosamente pensado, alcançar as massas e manipular era a matriz e não importava
como.
O cinema é um veículo onde estão depositadas as ideologias, mentalidades, aspirações
e representações de uma determinada sociedade, meio sobre o qual os governos tentam
disseminar suas ideologias e exercer o seu poder político. (PEREIRA 2003, p.129), aflorando
a percepção de que nenhuma produção é realizada inocentemente, tem algo a mais seja no
campo consciente, inconsciente, confessado ou não.

Referências

ARENDT, H. Origens do Totalitarismo. São Paulo: Cia. das Letras, 1998.


BERTONHA, João Fábio. Fascismo, nazismo e integralismo. São Paulo: África, 2000.
KRACAUER, S. De caligari a Hitler: uma história psicológica do cinema alemão. Rio de Janeiro: J.
Zahar, 1998.
PEREIRA, W.P. “Cinema e propaganda política no fascismo, nazismo, salazarismo e franquismo.”
História: Questões & Debates (UFPR), 2003: 101 - 131. disponível em
https://revistas.ufpr.br/historia/article/view/2716/2253
SILVA, Priscila Aquino. “Cinema e História: o imaginário norte americano através de Hollywood.”
Cantareira, 2004: 1-18. disponível em
http://www.historia.uff.br/cantareira/novacantareira/artigos/edicao5/cinema.pdf
BURKE, Peter. A escola dos Anales 1929-1989. A Revolução Francesa da Historiografia. Editora
Unesp, São Paulo.1997.
ALBRETCH, G. Nationalsozialistische Filmpolitik. Stuttgart: Enke,1969.
LEISER, E. "Deutschland erwach!" Propaganda im Film des Dritten Reiches. Berlim: Rowohlt,1968.
PEREIRA, W.P. O Triunfo do Reich dos Mil Anos: cinema e propaganda política na Alemanha Nazista
(1927-1945); São Paulo, 2000. Monografia (Iniciação Científica) - FFLCH-USP/FAPESP.

Das könnte Ihnen auch gefallen