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(© Publeagdes Alfa, 2001 Direegi0 do volume 5 Carlos Reis CColaboradores do volume 5 Alvaro Manel Machado, Carls Reis, Cristina Mello, Isabel Pires de Lima, Jose Augusto Cardoto Bernardes, Maria Aparecida Ribeiro, aria Fewarda Santos, Maria Helona Santas, “Maia oto Simes, Maria José Sousa, Maria do Rosério Milheio, Maria Saraiva de jesus, José Lis Ptes Laraneira Editor Francisco Lyon de Castro Pablicagdes Alfa ‘Av. Antonio Augusto de Aguiar, 150, 5:° Esq 1050-022 LISBOA Realizagio grifica (Grafica Europam, Lda. — 2001 ‘Mem Martins — Portigal Depeisito legal n° 160105/01 ISBN: 972-625-256-9 (obra completa) ISBN: 972-626-260-7 (volume 3) Nenhuma parte desta publicasio pode ser ‘prods tans pr qualquer orma fod por qualquer processo — electronica, ‘edinio ou fotordico,intsind xeocpia ot {ravaclo — sem autorzagio préviae seta do itor Exceproasenaturaimente 9 traneeris0 ‘de pequenot textos ou passagen para presen. taclo cris dolivro: Esta excepto no deve dle modo neniwm sr interpretada como sendo feteniva 8 tanscrgsa textos em recohas Smtolgicas ou similares donde rule prejso prac nterense pela bra. Os tranegressres 80 passvels de procedimento judicial DEDALUS - Acervo - FFLCH 20900015093 Histéria da Literatura Portuguesa Plano Geral da Obra Volume 1 Das Origens ao Cancioneiro Geral Volume 2 Renascentismo e Maneirismo Volume 3 Da Epoca Barroca ao Pré-Romanismo Volume 4 O Romantismo Volume 5 (ORealismo eo Naturalismo Volume 6 Do Simbolismo ao Modernismo Volume 7 As Correntes Contemporaneas Por se tratar de um periodo mais préximo de nds, iniciémos a publicagio pelo volume 5, «O Realismo e o Naturalismo». A difusao do Realismo e do Naturalismo em Portugal MARIA SARAIVA DE JESUS ‘A difusto do Realismo e do Naturalismo em Portugal requer, antes de mais, a superago do legadoliterrio ultra-roruintico. Por outro lado, oadvento da Regeneragio ‘e uma crescente preocupagio com questées de ordem técnica e industrial favorecemt ‘atencao que comega a ser dada a problemas de natureza social ¢ econdmica. A tudo isto vem jutar-se uma extraordindria actividade ideolégica ecientificn que ocup a Europa e que, sobretudo através de Geragdo de 70, se reflectira em Portugal na divulgagio de nomes. teorias flosdfcase cientificas: Comte eo positivismo, Darwin e.odarwinismo, Proudhon ¢ 0 socialismo, Taine ¢ 0 determinism, ete. Do Ultra-Romantismo ao Realismo instauragio do Realismo e do Naturalismo em Portugal fez-se como reacgio ao estado de decadéncia e esgotamento a que chegara 0 romantismo, na sua forma excessiva e degradada a que Te6filo Braga chamou Ultra-Romantismo. Embora jé em 1836 Castilho empregasse pejorativamente o neologismo «aultra-roméntico», para criticar 0s elementos melodramaticos de certa literatura da época (cf. a sua carta de 1 de Maio de 1836 a José Vitorino Freire ‘Cardoso da Fonseca, em que Castilho reconhecia, alids, 0 excessivo carécter «declamatério» de alguns passos de A Noite do Castelo), a verdade & que préprio Castilho vai contribuir decididamente para a cristalizagao estereotipagao de temas e estruturas literdrias. Com a morte de Garrett em. 1854 e a auséncia de Herculano dos meios literdrios, em especial a partir de 1859, eriou-se um vazio na vida cultural do Pais que permitiu a uma figura convencional e pouco criativa como Castilho adquirir um brilho que o seu valor literdrio nao justifica. Agrupou-se a sua volta um conjunto de admiradores e jovens escritores que tinham de se submeter & sua protecca0 on HISTORIA DA LITERATURA PORTUGUESA, para ingressarem no mundo literério, formando aquilo a que Antero de Quental ‘chamou «a escola do elogio miituo», na polémica da Questio Coimbra. Por outro lado, também o contexto politico e sociocultural da Regeneracao favorecia 0 conservadorismo, o formatismo ea monotonia, instalados na vida nacional de uma forma praticamente institucionalizada, Oliberalismo parlamentar instaurado com o golpe de Estado do marechal Saldanha, em 1851, iniciou um periodo de estabilidade politica, com recurso a0 fenémeno do caciquismo e ao rotativismo partidario, a que correspondeu ‘um extenso programa de melhoramentos materiais que difundiu a impressio de que se estava a passar por um periodo de progresso que importava exaltar, dando origem a um patriotismo oco e convencional, que escondia no culto dda retdrica a falta de imaginagio e sentido critico. E um patriotismo deste tipo, cultivado por Tomés Ribeiro, Pinheiro Chagas e Castilho, por exemplo, que mais tarde Antero e a sua geracio vao meter a ridiculo, A estagnacao a que chegou a literatura ultra-romantica néo se pode dissociar da configuracdo do publico a que se dirigia e cujo gosto literério ajudou a formar. Os melhoramentos materiais, mormente no dominio dos transportes, permitiram um melhor escoamento da producao agricola euma maior expansio do comércio, o que, juntamente com a abolicao de certos privilégios da aristocracia e do clero, contribuiu para o desenvolvimento de classes médias rurais € urbanas com crescente poder politico e desejo de aculturacio. Assim, desenvolve-se cada vez maisa ansia de leitura originada com a ascensio da burguesia, para a qual a literatura é um passatempo de bbom-tom, invadindo 08 lares, os saldes, a vida social e politica da nacao. Como observa Tedfilo Braga, «o Ultra-Romantismo propagou-se das letras para as familias burguesas, dando-se na nacio o singular fenémeno da perda do senso de ridiculo» (As Modernas Ideias na Literatura Portuguesa, Porto, 1892). s folhetins levam a cada familia burguesa as aventuras mirabolantes que despertam a emogio ¢ a curiosidade do leitor, apesar das receitas de gosto duvidoso. A poesia da época liga-se estreitamente ao circunstancialismo mundano: as raparigas burguesas colhem nos seus dlbuns dedicatérias e versos dos seus galanteadores; recitam-se ao serio poemas de Soares de Passos, Luis Augusto Palmeirim e Joao de Lemos (0 Eusebiozinho, a recitar mecanicamente versos de «A lua de Londres», de Joao de Lemos, n’Os Maias, reproduz sugestivamente este costume); cantam-se ao piano as composigdes da moda; compéem-se poemas comemorativos ou hinos patridticos para saraus, festas de beneficéncia, festas religiosas, festas escolares, etc. Esta apeténcia do ptiblico provoca um surto de revistas e jornais posticos ‘em que, entre poucas figuras de algum valor, prolifera a mediocridade: O Novo Travador (criado em Coimbra, em 1851, por Soares de Passos, na senda de O Troondor, este iniciado em 1844, sob a égide de Castilho); a Harpa do Mondego (1855, Coimbra); A Lira da Mocidade (1849, Porto}; O Bardo (1852- 1854, Porto}; A Grinalda (1855-1869, Porto); ete. my ADIFUSAO DO REALISMO E DO NATURALISMO EM PORTUGAL Mas 0s novos tempos acabam por levar a uma mudanca progressiva nos costumes € no estilo de vida, que se processa sobretudo a partir de 1850 que nao deixa de influir na atitude de protesto da Geragio de 70. Com a construgdo de fabricas, a era da locomotiva, o impulso dado ao ensino in- dustrial e agricola et, o Pais moderniza-se ¢ os espfritos tornam-se a pouco « pouco mais priticos e menos propensos as paixdes violentas e desordenadas. Os jovens universitérios, os engenheiros, os tipégrafos e outros pprofissionais ligados As novas actividades seguem criticamente.0 que se pasea no Pais e no estrangeiro, léem Proudhon, Victor Hugo e outros escritores de ideologia humanitaria, cujas ideias orientaram as revolugdes europeias de 1848 e 0s protestos contra Napoledo III, a ocupacio estrangeira de Itdliae de outros paises. ‘A imprensa periddica operéria, apesar de Portugal se encontrar num estddio de industrializago apenas incipiente, exerce um papel importante nna difusio do descontentamento com o estado de coisas da Regeneragao: 0 Eco dos Operirios (1850-1851, Por'o), orientado por Sousa Brandao e Lopes de Mendonca; A Esmeralda (1850-1851, Porto); A Peninsula (1852-1853, Porto), em que se publicam importantes artigos de Amorim Viana; etc. Em 1852 cria-se a Sociedade Promotora do Melhoramento das Classes Laboriosas. Surgem os primeiros socialistas, precursores dos doutrindrios da Geracao de 70: Latino Coelho, Rolla, Casal Ribeiro, Henriques Nogueira, etc. Alliteratura comeca a dar sineis das novas preocupagées com a realidade, Na lirica, lado a lado com o contemplativismo lamartiniano, com os temas cemiteriais e funéreos, com o foleorismo convencional, comecam a aparecer temas humanitérios e progrestistas, influenciados pela fase de protesto libertario de Victor Hugo. Encontram-se estas duas facetas mesmo nalguns dos poetas atacados pelo grupo de Antero na Questo Coimbra, como Pinheiro Chagas, Tomas Ribeiro e Soares de Passos. A poesia panfletéria tem entio um grande impulso em peetas como Mendes Leal e Guilherme Braga. Por volta de 1860, surge no Porto, em torno de A Grinalda, um grupo de escritores mais preocupados com temas humanitérios e com a critica de cos- tumes, como Rodrigo Paganino, hilio Dinis e Ramalho Ortigao. No teatro, 0 dramalhao ultra-romantico e o drama hist6rico cedem o passo ao «drama da actualidade» voltado para a representacio dos costumes e dos problemas da sociedade burguesa e das classes trabalhadoras, embora muitas vezes esta

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