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Um terror estratégico, não tático – um terror sustentável, pensado a longo prazo –, eis
o que diferenciou a 2ª Revolução Francesa de 1789. Em linhas gerais, e principalmente
no que se refere aos estágios iniciais, tudo se deu de modo similar à primeira revolução:
queda da Bastilha, massacre nas ruas, invasão e destruição de propriedades rurais, rei e
rainha decapitados etc. A inovação da segunda foi compreender que era preciso dispor
uma sazonalidade revolucionária, uma reincidência – metódica – da revolta.
A solução é elegante em sua simplicidade: nem tantos ricos seriam mortos, nem todos
os privilégios classistas seriam extirpados, porém a sociedade se estruturaria de maneira
a se purgar das cúpulas do poder dentro de períodos pré-definidos. Desde modo, a cada
229 anos as “guilhotinas” (por assim dizer, pois a tecnologia de expurgo se alterou, claro,
com o tempo) foram destinadas a voltar a operar. Aplicada em escala mundial, a medida
significa uma desestabilização fundamental das estruturas que controlam a sociedade.
Apesar das polêmicas em torno das políticas públicas de cronologia, o Liberté Revisée é
considerado um sucesso. A consistência dos seus resultados tem levado à proposição de
outros projetos de reengenharia, por exemplo da Revolução Russa de 1917 (sobre o qual
há inúmeras dúvidas: que desdobramentos mudar? Devemos ampliar o remodelamento
a quais procedimentos da União Soviética?). Dentro dessa polêmica, a reforma de 1789
recebeu o título “a verdadeira revolução permanente”.