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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Processo Nº. : 0003009-12.2015.8.05.0201

Classe : RECURSO INOMINADO


Recorrente(s) : JOSEILTON SILVA DOS SANTOS

Recorrido(s) : PORTO SEGURO COMPANHIA DE SEGUROS


GERAIS

Origem : 1ª VARA DOS SISTEMAS DOS JUIZADOS PORTO


SEGURO
Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

EMENTA
RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. SEGURADORA. TRANSFERÊNCIA DE
PROPRIEDADE DE VEÍCULO COM PERDA TOTAL. LAPSO TEMPORAL EXCESSIVO PARA
QUE A SEGURADORA PROVIDENCIASSE A BAIXA DO VEÍCULO NO DETRAN, BEM COMO
A TRANSFERÊNCIA DA PROPRIEDADE. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. QUANTUM
ARBITRADO DE ACORDO COM OS PARÂMETROS DA RAZOABILIDADE E
PROPORCIONALIDADE. SENTENÇA MANTIDA.
ACÓRDÃO
Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais
Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, MARIA AUXILIADORA
SOBRAL LEITE – Presidente e Relatora, CELIA MARIA CARDOZO DOS REIS
QUEIROZ e ISABELA KRUSCHEWSKY PEDREIRA DA SILVA em proferir a seguinte
decisão: RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO . UNÂNIME, de acordo com a ata do
julgamento. Sem custas processuais e honorários advocatícios, por ser a parte
beneficiária da justiça gratuita.
Salvador, Sala das Sessões, 09 de Junho de 2016.

BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE


Juíza Relatora
BELA. ISABELA KRUSCHEWSKY PEDREIRA DA SILVA
Juíza Presidente
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA
2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Processo Nº. : 0003009-12.2015.8.05.0201

Classe : RECURSO INOMINADO


Recorrente(s) : JOSEILTON SILVA DOS SANTOS

Recorrido(s) : PORTO SEGURO COMPANHIA DE SEGUROS


GERAIS

Origem : 1ª VARA DOS SISTEMAS DOS JUIZADOS PORTO


SEGURO
Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. SEGURADORA.


TRANSFERÊNCIA DE PROPRIEDADE DE VEÍCULO COM PERDA
TOTAL. LAPSO TEMPORAL EXCESSIVO PARA QUE A
SEGURADORA PROVIDENCIASSE A BAIXA DO VEÍCULO NO
DETRAN, BEM COMO A TRANSFERÊNCIA DA PROPRIEDADE.
FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. RESPONSABILIDADE
OBJETIVA. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. QUANTUM
ARBITRADO DE ACORDO COM OS PARÂMETROS DA
RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. SENTENÇA
MANTIDA.

RELATÓRIO

Trata-se de recurso manejado por JOSEÍLTON SILVA SANTOS, contra


sentença proferida pelo Juízo de 1º grau que julgou parcialmente procedente os pedidos,
e condenou a parte ré ao pagamento de R$ 6.000,00 ( seis mil reais), a título de danos
morais, reconhecendo a falha na prestação dos serviços cometido pela empresa
seguradora, consistente na demora na baixa do gravame do veículo que fora sinistrado
com perda total.
O autor recorrente insurge-se no que tange ao quantum condenatório fixado a
título de danos morais, que considera insuficiente para recompor o dano causado.

Em contrarrazões, o recorrido pugna pela manutenção do decisium,.

Presentes as condições de admissibilidade do recurso, conheço-o,


apresentando voto com a fundamentação aqui expressa, o qual submeto aos
demais membros desta Egrégia Turma.

VOTO

Conforme se verifica dos fatos narrados na exordial e dos documentos


trazidos aos autos, bem como da contestação, a sentença recorrida bem analisou os fatos
postos sob sua apreciação, devendo portanto ser mantida.
A demonstração do fato básico para o acolhimento da pretensão é ônus do
autor, segundo o entendimento do art. 333, I, do CPC, partindo daí a análise dos
pressupostos da ocorrência de indenização por danos morais, recaindo sobre o réu o
ônus da prova negativa do fato, segundo o inciso II do mesmo artigo supracitado.

No caso em tela, verifica-se que o magistrado sentenciante reconheceu a


demora incorrida pela empresa seguradora em proceder à transferência da propriedade
do veiculo para a seguradora, em virtude do sinistro ocorrido, consistente na perda total
do veículo, aduzindo ter ocorrido na hipótese negligência na regularização da
documentação que por certo causara prejuízos à parte autora.

Restara plenamente configurada a falha na prestação dos serviços por parte


do réu, na medida em que descumpriu obrigação de fazer consistente na baixa do veículo
sinistrado , com evento perda total , e não procedera à alteração da propriedade do
veículo, o que por certo ocasionou danos ao consumidor.

O art. 14 do CDC, dispondo sobre a responsabilização do fornecedor pelo


fato do produto ou serviço, preleciona que:
“Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da
existência de culpa pela reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.”
Discutindo-se a prestação defeituosa de serviço, incide a responsabilidade
civil objetiva inerente ao próprio risco da atividade econômica, consagrada no art. 14,
caput, do CDC, que impõe ao fornecedor o ônus de provar causa legal excludente (§ 3º
do art. 14), algo que o recorrente não se desincumbiu.
Neste sentido tem sido pacifico o entendimento de nossos tribunais:
“A simplificação de procedimentos para agilização da atividade
econômica, em prejuízo da segurança, é risco assumido pela
empresa para bem exercer sua atividade de fins lucrativos. Se houve
falha nesse procedimento, advindo dano à vítima, esta não pode ser
responsabilizada, mas a própria empresa, que assumiu o risco de
sua ocorrência ao exercer a atividade econômica”. (TAPR – AC
0244359-0 – (209920) – Foz do Iguaçu – 6ª C.Cív. – Rel. Juiz Luiz
Carlos Gabardo – DJPR 20.08.2004).

Resta pacificado na jurisprudência que incumbe à seguradora que paga a


indenização decorrente do evento perda total a obrigação de proceder à alteração da
propriedade do veículo para o seu nome junto ao Detran, sob pena de responder pelos
danos causados aos consumidores. Nesse sentido:

AÇÃO COMINATÓRIA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER


-TRANSFERÊNCIA DA PROPRIEDADE DE VEÍCULO COM PERDA
TOTAL JUNTO AO DETRAN - RESPONSABILIDADE DA
SEGURADORA - EXPEDIÇÃO DE ALVARÁ AO DETRAN -
POSSIBILIDADE - SENTENÇA REFORMADA PARCIALMENTE. -A
seguradora que indeniza o segurado pelo valor da perda total do veículo
sub-roga-se na propriedade do veículo salvado, e, como decorrência, é sua a
responsabilidade de transferência de propriedade ou de baixa junto ao
Detran, ainda que a Lei 5.108/66, vigente à época dos fatos, não dispusesse,
expressamente, a quem competiria a responsabilidade pela comunicação e
transferência da documentação. -Diante do extenso lapso temporal entre a
ocorrência do sinistro e a transferência do bem, pode ser determinado ao
Detran que proceda a transferência do bem, ocorrendo as despesas a cargo
da seguradora. (TJ-MG - AC: 10024133096529001 MG, Relator:
Wanderley Paiva, Data de Julgamento: 29/04/2015, Câmaras Cíveis / 11ª
CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 04/05/2015)

Restara configurado no caso em tela os danos morais, tendo em vista toda a


situação gerada pela inércia da ré no tocante à obrigação descumprida, o que por certo,
causara sofrimentos e angústias que ultrapassam o mero aborrecimento, máxime
levando-se em consideração o extenso lapso temporal que teve a parte ré para solucionar
o impasse, que durou quatro anos para que houvesse uma solução satisfatória.

Para a caracterização do dano moral, valor imaterial indenizável por disposição


constitucional, mister a ofensa que repercuta na esfera subjetiva da vítima, causando dor
íntima, sentimento negativo, merecendo uma reparação que se faz através de uma
compensação e não propriamente em um ressarcimento como ocorre no dano
patrimonial. Perseguindo a lição da Prof°. Maria Helena Diniz, ao tratar do assunto ora
em julgamento, interessante se faz anotar que quando se reclama a reparação pecuniária
em virtude do dano moral, que recai, sobre a imagem, a honra, e o nome profissional
dentre outros, o ofendido não esta pedindo um preço da dor sentida, mas apenas que se
lhe outorgue um meio de atenuar, em parte, as consequências do prejuízo, melhorando
seu futuro, superando o deficit acarretado pelo dano, abrandando a dor ao propiciar
alguma sensação de bem estar, pois, injusto e imoral seria deixar impune o ofensor ante
as graves conseqüências provocadas pela sua falta. (vide Indenização Por Dano Moral,
Revista Consultemo nº 03).
Nesse diapasão, transcrevo a decisão do STJ, que por sua 4ª Turma assim
decidiu:
“A indenização pelos danos morais guarda proporcionalidade com a
gravidade da ofensa, o grau de culpa e o porte econômico do
causador do dano.” (Resp. Nº 999.989-PR-Rel. Marcia Roberta de
Souza Dutra Moraes- j.26/08/2008)
Resta patente, ante o conteúdo probatório enxertado nos autos, a
caracterização de todos os elementos formadores do ato ilícito, desaguando na
configuração da responsabilidade civil e consequente dever de indenizar.

Na lição de Roberto de Rugiero, citado no voto proferido no RE 109233 do


Maranhão, relatado pelo Ministro Octávio Galotti:
Para ser o dano indenizável, basta a perturbação feita pelo ato
ilícito nas relações psíquicas, na tranquilidade, nos sentidos, nos
afetos de uma pessoa para produzir diminuição no gozo do
respectivo direito (“Jurisprudência Brasileira”, vol.157/86, Ed.
Juruá).
Reconhecida a existência dos danos morais por parte da ré contra o autor,
esses devem ser fixados com equilibrada reflexão, examinando a questão relativa à
fixação do valor da respectiva indenização.
No particular, o prudente arbítrio do magistrado exige não deva ser
considerada, apenas, a situação econômica do causador do dano, porque, se tal for o
critério, resvalar-se-á para o extremo oposto, com amplas possibilidades de propiciar ao
ofendido o enriquecimento sem causa. Há que se atender, porém, e também com
moderação, ao efeito inibidor da atitude repugnada.
O valor da indenização fixado pelo juiz sentenciante, a título de danos
morais, guarda compatibilidade com o comportamento do recorrente e com a repercussão
do fato na esfera pessoal da vítima e, ainda, está em harmonia com os princípios da
razoabilidade e proporcionalidade, devendo ser mantida.
Assim sendo, ante ao exposto, voto no sentido de CONHECER DO RECURSO
E NEGAR-LHE PROVIMENTO, MANTENDO A SENTENÇA OBJURGADA PELOS
PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. Sem custas processuais e honorários advocatícios,
por ser a parte beneficiária da justiça gratuita.

Salvador, Sala das Sessões, 09 de Junho de 2016.


BEL. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza Relatora

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