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O solo é um recurso finito, limitado e não renovável, face às suas taxas de degradação
potencialmente rápidas, que têm vindo a aumentar nas últimas décadas (pela pressão
crescente das actividades humanas) em relação às suas taxas de formação e regeneração
extremamente lentas. A formação de uma camada de solo de 30 cm leva 1000 a 10000
anos a estar completa (Haberli et al, 1991).
Nos últimos 40 anos, cerca de um terço dos solos agrícolas mundiais deixaram de ser
produtivos do ponto de vista agrícola, devido à erosão. Actualmente, cerca de 77% das
terras da União Europeia (UE) correspondem a áreas agrícolas e silvícolas, evidenciando a
importância da política agrícola no território. Na UE, calcula-se que 52 milhões de
hectares de solo, equivalendo a mais de 16% da superfície terrestre total, estão
afectados por processos de degradação; nos países candidatos à adesão esta
percentagem ronda os 35%, de acordo com o mapa mundial do estado de degradação do
solo induzida pelo Homem (Projecto GLASOD, 1992).
Por outro lado, os solos com melhor qualidade encontram-se dispersos e confinados
muitas vezes a áreas com grande pressão para o uso da terra, nomeadamente para
construção imobiliária. As zonas costeiras mediterrâneas completamente livres de
construção continuam a diminuir, representando, em 1996, apenas 29% das zonas
costeiras italianas. Evidencia-se assim a necessidade de planificar devidamente a
afectação dos solos e o ordenamento do território.
Efeitos
A intensidade com que os solos realizam cada uma das suas funções é extremamente
importante para a sua sustentabilidade. A degradação do solo reduz a sua
disponibilidade e viabilidade a longo prazo, reduzindo ou alterando a sua capacidade
para desempenhar funções a ele associadas. A perda de capacidade do solo para
realizar as suas funções, deixando de ser capaz de manter ou sustentar a vegetação, é
designada por desertificação.
A matéria orgânica do solo desempenha uma função essencial no ciclo global do carbono.
De acordo com Lal, R., 2000, são anualmente capturadas (sequestradas)
aproximadamente 2 gigatoneladas (Gt [2]) de carbono na matéria orgânica do solo,
evidenciando o seu papel importante em termos de alterações climáticas (anualmente
são emitidos 8 Gt de carbono para a atmosfera).
As práticas agrícolas e silvícolas têm assim um impacte importante sobre o solo agrícola,
podendo também ter impacte em solos adjacentes não agrícolas e águas subterrâneas,
nomeadamente em termos de emissão de substâncias contaminantes.
A contaminação local (ou pontual) está geralmente associada a fontes confinadas, tanto
em funcionamento como depois de encerradas: exploração mineira, instalações
industriais, aterros sanitários, entre outras, representando riscos para o solo e água,
caso os solos não estejam devidamente impermeabilizados e a descarga de
contaminantes não seja controlada.
A poluição difusa (causada por fontes difusas) está geralmente associada à deposição
atmosférica, a certas práticas agrícolas, reciclagem e tratamento inadequados de águas
residuais e resíduos, sendo o seu principal efeito o colapso do efeito tampão do solo.
Em 1992, eram produzidas 6.6 milhões de toneladas de lamas (matéria seca), por ano, na
UE. As lamas de depuração, produto final do tratamento de águas residuais, contêm
matéria orgânica e nutrientes valiosos para o solo, como o azoto, o fósforo e o potássio.
No entanto, também estão potencialmente contaminadas por organismos patogénicos
(vírus e bactérias) e poluentes, como metais pesados e compostos orgânicos pouco
biodegradáveis, podendo a sua aplicação no solo levar ao aumento das concentrações
destes compostos no solo, com riscos subsequentes para a fauna e flora.
A compactação do solo ocorre quando este é sujeito a uma pressão mecânica devido ao
uso de máquinas ou ao sobrepastoreio, em especial se o solo não apresentar boas
condições de operabilidade e de transitabilidade, sendo a compactação das camadas
mais profundas do solo muito difícil de inverter.
A redução da biodiversidade nos solos por deficientes prácticas agrícolas ou por outras
razões já apontadas, torna-os mais vulneráveis à degradação. Por isso, a biodiversidade
do solo é frequentemente utilizada como indicador geral do estado de saúde deste,
tendo-se evidenciado a eficácia dos sistemas de agricultura racionais na preservação e
aumento da biodiversidade. No entanto, a quantificação da biodiversidade do solo é
extremamente limitada, estando confinada a projectos ao nível da parcela.
Recolha de dados
O conhecimento dos problemas associados aos solos, apesar de escasso, tem vindo a
aumentar a nível mundial, graças a instrumentos como inquéritos sobre o solo e sistemas
de monitorização.
Situação em Portugal
Portugal apresenta os valores mais desfavoráveis entre os países do Sul da Europa, com
66% dos seus solos classificados de baixa qualidade, de acordo com a Carta de Solos de
Portugal. São poucos os solos em Portugal com boa aptidão agrícola, sendo a principal
causa da degradação do solo em Portugal Continental a erosão provocada pela
precipitação (o clima mediterrâneo é caracterizado por distribuição irregular de chuva e
ocorrência de secas, geralmente ocorrendo a precipitação mais intensa em períodos não
vegetativos).
Por outro lado, a erosão costeira ou recuo da faixa litoral assume aspectos preocupantes
numa percentagem significativa do litoral português, de acordo com o Programa
Finisterra.