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AUTOMOTIVOS
DE CICLO OTTO
SENAI-RJ • Automotiva
MOTORES
AUTOMOTIVOS
DE CICLO OTTO
Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro
Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira
Presidente
Diretoria de Educação
Andréa Marinho de Souza Franco
Diretora
MOTORES
AUTOMOTIVOS
DE CICLO OTTO
SENAI-RJ
Rio de Janeiro
2007
Motores Automotivos de Ciclo OTTO
© 2007
EQUIPE TÉCNICA
Quando você resolveu realizar um curso em nossa instituição, talvez não soubesse
que, desse momento em diante, estaria fazendo parte do maior sistema de educação
profissional do país: o SENAI. Há mais de 60 anos, estamos construindo uma história de
educação voltada para o desenvolvimento tecnológico da indústria brasileira e da
formação profissional de jovens e adultos.
Devido às mudanças ocorridas no modelo produtivo, o trabalhador não pode
continuar com uma visão restrita dos postos de trabalho. Hoje, o mercado exigirá de
você, além do domínio do conteúdo técnico de sua profissão, competências que lhe
permitam decidir com autonomia, proatividade, capacidade de análise, solução de
problemas, avaliação de resultados e propostas de mudanças no processo do trabalho.
Você deverá estar preparado para o exercício de papéis flexíveis e polivalentes, assim
como para a cooperação e a interação, o trabalho em equipe e o comprometimento com
os resultados.
Soma-se a isso o fato de que a produção constante de novos saberes e tecnologias
exigirá de você a atualização contínua de seus conhecimentos profissionais,
evidenciando-se a necessidade de uma formação consistente que lhe proporcione maior
adaptabilidade e instrumentos essenciais à auto-aprendizagem.
Essa nova dinâmica do mercado de trabalho vem requerendo que os sistemas de
educação se organizem de forma flexível e ágil, motivo esse que levou o SENAI a criar
uma nova estrutura educacional com o propósito de atender às atuais necessidades da
indústria, estabelecendo uma formação flexível e modularizada.
A formação flexível tornará possível a você, aluno do Sistema, voltar e dar
continuidade à sua educação, criando seu próprio percurso. Além de toda a infra-
estrutura necessária a seu desenvolvimento, você poderá contar com o apoio técnico-
pedagógico da equipe de educação dessa escola do SENAI para orientá-lo em seu trajeto.
Mais do que formar um profissional, estamos buscando formar cidadãos.
Seja bem-vindo!
INTRODUÇÃO ...................................... 17
Combustão ...................................................... 31
Cabeçote ........................................................ 47
CARACTERÍSTICAS DOS MOTORES ................... 59
Cilindrada ........................................................ 59
Torque ........................................................... 61
Potência ......................................................... 62
balanceamento ................................................ 71
Apresentação
A dinâmica social dos tempos de globalização exige dos profissionais atualização constante.
Em todas as áreas, técnicas e conhecimentos ficam obsoletos em ciclos cada vez mais curtos,
trazendo desafios renovados e tendo, como conseqüência para a educação, a necessidade de
encontrar novas formas e rápidas respostas.
Neste cenário, que exige educação contínua, ao longo de toda a vida, é preciso que as
instituições educacionais criem condições e estimulem novas formas de ensinar e de aprender.
Professores e alunos, por sua vez, também devem estar motivados para trilhar os caminhos da
pesquisa e da criatividade, favorecendo tanto a iniciativa individual quanto o trabalho de equipe.
Com essa perspectiva, é apresentado este material didático – Motores automotivos de
ciclo OTTO. Trata-se de um recurso de apoio para o aluno acompanhar e rever os assuntos
desenvolvidos nas salas, oficinas e laboratórios. Sugere-se que, além da sua leitura, o estudo dos
temas seja ampliado com outras fontes, possibilitando, sempre, a reconstrução de
conhecimentos.
Este material está estruturado em três blocos, que abordam os motores automotivos de
ciclo OTTO.
No primeiro bloco é abordada a classificação dos motores quanto ao tipo de combustão –
externa ou interna. É dada ênfase aos motores de combustão interna, apresentando suas
diferentes classificações.
O segundo bloco trata dos componenestes e características do motor. Dos componentes
do motor são destacados: bloco do motor, conjunto móvel e cabeçote. Com relação às
características do motor, são enfocadas: cilindrada, taxa de compressão, torque e potência.
Finalmente, no terceiro bloco, são vistos os diferentes sistemas dos motores: distribuição,
lubrificação, arrefecimento, alimentação, ignição e controle de emissões.
Esperamos que este material didático contribua para apoiar os processos da educação
profissional na área automotiva, sendo um recurso útil para estudo e consulta, colaborando,
assim, para a formação de profissionais cada vez mais capacitados a desempenharem suas
funções com desembaraço e competência.
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Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Uma palavra inicial
Meio ambiente...
Saúde e segurança no trabalho...
O que nós temos a ver com isso?
Antes de iniciarmos o estudo deste material, há dois pontos que merecem destaque: a
relação entre o processo produtivo e o meio ambiente e a questão da saúde e segurança no
trabalho.
As indústrias e os negócios são a base da economia moderna. Produzem os bens e serviços
necessários e dão acesso a emprego e renda, mas para atender a essas necessidades precisam
usar recursos e matérias-primas. Os impactos no meio ambiente muito freqüentemente
decorrem do tipo de indústria existente no local, do que ela produz e, principalmente, de como
produz.
Assim sendo, é preciso entender que todas as atividades humanas transformam o ambiente.
Estamos sempre retirando materiais da natureza, transformando-os e depois jogando o que
“sobra” de volta ao ambiente natural. Ao retirar do meio ambiente os materiais necessários à
produção de bens, altera-se o equilíbrio dos ecossistemas e arrisca-se o esgotamento de diversos
recursos naturais que não são renováveis ou, quando o são, têm sua renovação prejudicada pela
velocidade da extração, superior à capacidade da natureza de se recompor. Torna-se necessário,
portanto, traçar planos de curto, médio e longo prazos, a fim de diminuir os impactos que o
processo produtivo causa na natureza. Além disso, as indústrias precisam se preocupar com a
recomposição da paisagem e ter em mente a saúde, tanto de seus trabalhadores como da
população que vive ao redor delas.
Podemos concluir, então, que com o crescimento da industrialização e sua concentração
em determinadas áreas o problema da poluição aumentou demasiadamente. A questão da
poluição do ar e da água é bastante complexa, pois as emissões poluentes se espalham de um
ponto fixo para uma grande região, dependendo dos ventos, do curso da água e das demais
condições ambientais, tornando difícil a localização precisa da origem do problema. No entanto,
é importante repetir que, quando as indústrias depositam no solo os resíduos, quando lançam
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Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Uma palavra inicial
efluentes sem tratamento em rios, lagoas e demais corpos hídricos, causam danos às vezes
irreversíveis ao meio ambiente.
O uso indiscriminado dos recursos naturais e a contínua acumulação de lixo mostram uma
falha básica de nosso sistema produtivo: ele opera em linha reta. Extraem-se as matérias-primas
através de processos de produção desperdiçadores e que produzem subprodutos tóxicos.
Fabricam-se produtos de utilidade limitada que, finalmente, viram lixo, o qual se acumula nos
aterros. Produzir, consumir e dispensar bens dessa forma, obviamente, não são atitudes
condizentes com o desenvolvimento sustentável.
Enquanto os resíduos naturais (que não podem, propriamente, ser chamados de “lixo”)
são absorvidos e reaproveitados pela natureza, a maioria dos resíduos deixados pelas indústrias
não tem aproveitamento para qualquer espécie de organismo vivo e, para alguns, pode até ser
fatal. O meio ambiente pode absorver resíduos, redistribuí-los e transformá-los. Mas, da mesma
forma que a Terra possui uma capacidade limitada de produzir recursos renováveis, sua
capacidade de receber resíduos também é restrita, e a de receber resíduos tóxicos praticamente
não existe.
Ganha força, atualmente, a idéia de que as empresas devem ter procedimentos éticos que
considerem a preservação do ambiente como uma parte de sua missão. Isso quer dizer que se
devem adotar práticas que incluam tal preocupação, introduzindo-se processos que reduzam o
uso de matérias-primas e energia, diminuam os resíduos e impeçam a poluição.
Cada indústria tem suas próprias características. Mas já sabemos que a conservação de
recursos é importante. Deve haver, portanto, crescente preocupação acerca da qualidade,
durabilidade, possibilidade de conserto e vida útil dos produtos. As empresas precisam não só
continuar reduzindo a poluição, como também buscar novas formas de economizar energia,
melhorar os efluentes, reduzir a poluição, o lixo, o uso de matérias-primas. Reciclar e conservar
energia são atitudes essenciais no mundo contemporâneo.
É difícil, no entanto, ter uma visão única que seja útil para todas as empresas. Cada uma
enfrenta desafios diferentes e pode se beneficiar de sua própria visão de futuro. Ao olhar para o
amanhã, nós (o público, as empresas, as cidades e as nações) podemos decidir quais alternativas
são mais desejáveis e, a partir daí, passar a trabalhar com elas.
Infelizmente, tanto os indivíduos como as instituições só mudarão suas práticas quando
acreditarem que seu novo comportamento lhes trará benefícios – sejam estes financeiros, para
sua reputação ou para sua segurança. Apesar disso, a mudança nos hábitos não é algo que possa
ser imposto. Deve ser uma escolha de pessoas bem-informadas a favor de bens e serviços
sustentáveis. A tarefa é criar condições que melhorem a capacidade de as pessoas escolherem,
usarem e disporem de bens e serviços de forma sustentável.
Além dos impactos causados na natureza, diversos são os malefícios à saúde humana
provocados pela poluição do ar, dos rios e mares, assim como são inerentes aos processos
produtivos alguns riscos à saúde e segurança do trabalhador. Atualmente, os acidentes de trabalho
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Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Uma palavra inicial
SENAI-RJ 15
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Classificação e funcionamento dos motores
Introdução
O termo automóvel apareceu no final do século XIX e difundiu-se rapidamente para indicar
um novo meio que modificava substancialmente as condições de transporte e oferecia à
humanidade um sentido superior de civilização.
Com a invenção da máquina a vapor, foi possível substituir a tração animal e, também, o
esforço humano em muitos trabalhos.
No final de 1771, Cugnot construiu o primeiro veículo a vapor e percorreu as ruas de Paris
a 3km/h. Entretanto, a utilização do motor a vapor em veículos tornou-se complicada por
razões técnicas, tais como tamanho e baixo desempenho.
Em 1862, Nikolaus August Otto (1832-1891) inventou o motor de ciclo que leva o seu nome
e que necessita de centelha elétrica para inflamar a mistura de ar/combustível. Em 1897, o
também alemão Rudolph Diesel inventou o motor de ciclo, que inflama a mistura por meio da
compressão e que é conhecido como motor diesel.
Agora, um convite a você: faça uma reflexão sobre a importância dos motores no
desenvolvimento da sociedade e, principalmente, sobre a relação consumo de combustível/
poluição do meio ambiente. Lembre-se que a médio - ou talvez mesmo a curto prazo - a situação
pode melhorar ou piorar, dependendo da atuação do ser humano na preservação ambiental.
Pense nisso!
SENAI-RJ 17
Bloco 1
Classificação e
funcionamento
dos motores
Motores: do vapor à combustão
Combustão
Classificação e funcionamento
dos motores
Neste bloco, vamos estudar a evolução dos motores – do vapor à combustão –, a sua
classificação e o seu funcionamento.
Com a invenção da máquina a vapor, o motor passou a ser instalado nos veículos já
existentes: carruagens, triciclos e bicicletas.
O primeiro desses veículos, um triciclo a vapor, foi construído na França, em 1771. Esse
triciclo iniciou um processo que não se interrompeu mais: a produção de automóveis (veículos
que têm propulsão própria).
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Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Classificação e funcionamento dos motores
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Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Classificação e funcionamento dos motores
Legenda
1. Fornalha
2. Caldeira
3. Tubulação
4. Êmbolo
5. Cilindro
6. Roda motriz
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Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Classificação e funcionamento dos motores
Por esse processo, o motor de combustão interna tem um rendimento térmico maior que
o possibilitado pela combustão externa. O combustível é queimado em quantidades controladas,
resultando melhor aproveitamento da energia produzida na queima.
Quanto a Denominação
Policilíndricos
Em V
Horizontais opostos
Em VR
Ciclo diesel
4 tempos
continua ...
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Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Classificação e funcionamento dos motores
continuação
Quanto a Denominação
A álcool
A GNV
A diesel
Tipo de arrefecimento A ar
A água
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Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Classificação e funcionamento dos motores
• em linha;
• em V;
• horizontais opostos; e
• em VR.
É a disposição mais utilizada para motores de 4 cilindros e são usados na maioria dos
automóveis pequenos.
O motor em V comporta duas fileiras de cilindros dispostos em ângulo de 60º ou 90º. Esta
disposição reduz o volume do conjunto do motor. Confira na próxima ilustração.
Fig. 7 – Motor V8
O bloco com cilindro em oposição (boxer) permite um desenho mais baixo da carroceria,
dimensão reduzida do compartimento onde se localiza e baixo centro de gravidade.Veja na
figura a seguir.
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Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Classificação e funcionamento dos motores
Nesse tipo de motor os cilindros estão agrupados descentralizados, num bloco único. Os
cilindros estão dispostos em um ângulo de 15º e o cabeçote é comum aos cilindros.
Legenda
1. Fileira de cilindros 1 - 3 - 5
2. Fileira de cilindros 2 - 4 - 6
3. Lado do volante
2
Fig. 9 – Motor VR
SENAI-RJ 27
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Classificação e funcionamento dos motores
Ciclo diesel – a combustão se dá pela compressão do ar que gera alta temperatura e inicia
o processo de queima do combustível injetado sob pressão.
Com relação a esse parâmetro, os motores podem funcionar segundo um ciclo de:
• 2 tempos;
• 4 tempos.
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Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Classificação e funcionamento dos motores
• a gasolina;
• a álcool;
• a diesel;
• a GNV (gás natural veicular).
• a ar;
• a água.
O comando de válvulas é colocado ao lado dos cilindros no bloco do motor, com hastes e
balancins acionando as válvulas localizadas no cabeçote.
3
4 Legenda
1. Tucho
2. Haste
3. Balancim
4. Válvula
1 5. Árvore de comando
5
Fig. 12 – Válvula no cabeçote
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Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Classificação e funcionamento dos motores
Dispensa hastes de válvulas, pois o comando de válvulas não fica no bloco, mas no cabeçote.
Por isso, tal motor pode suportar um regime de rotação maior que o OHV.
Legenda
1 1. Válvulas
2. Tucho
3. Árvore de comando
DOHC (double over head camshaft - duplo comando de válvulas no cabeçote) ou TC (twin
camshaft - duplo comando)
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Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Classificação e funcionamento dos motores
Funcionamento do motor
Agora que já vimos as categorias dos motores de combustão interna, vamos estudar os
princípios físicos que proporcionam a transformação da energia em movimento.
Combustão
A combustão ou queima é um processo químico em que, necessariamente, três elementos
se combinam:
Os motores de ciclo OTTO, usados no automóvel, são chamados de motor de quatro tempos,
pois para completar um ciclo de funcionamento, necessitam de duas voltas da árvore de
manivelas e quatro movimentos do êmbolo, o que explica o termo motor de quatro tempos.
• 1º – admissão;
• 2º – compressão;
• 3º – combustão; e
• 4º – escapamento.
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Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Classificação e funcionamento dos motores
Vamos, então, analisar os quatro tempos do motor de ciclo OTTO, com o apoio de
ilustrações.
1º tempo - Admissão
Fig. 15 – Admissão
O êmbolo desloca-se do ponto morto superior (PMS) ao ponto morto inferior (PMI),
aspirando a mistura de ar/combustível para o interior do cilindro.
2º tempo - Compressão
Ambas as válvulas ficam fechadas. O êmbolo desloca-se para o ponto morto superior e a
mistura ar/combustível é comprimida. A árvore de manivelas efetua outra meia volta,
completando a primeira volta completa.
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Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Classificação e funcionamento dos motores
Fig. 16 – Compressão
3º tempo - Combustão
A árvore de manivelas efetua mais meia volta, completando uma volta e meia.
Fig. 17 – Combustão
4º tempo - Escapamento
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Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Classificação e funcionamento dos motores
A árvore de manivelas efetua mais meia volta, completando duas voltas e o ciclo total.
Fig. 18 – Escapamento
Pelo que foi visto anteriormente, conclui-se que, dos quatro tempos, apenas o terceiro
tempo (combustão) produz trabalho útil. Um volante, instalado no extremo da árvore de
manivelas, regulariza o funcionamento do motor.
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Bloco 2
Motor: componentes e
características
Componentes do motor
Bloco de motor
Conjunto móvel
Cabeçote
Cilindrada
Torque
Potência
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Motor: componentes e características
Motor: componentes
e características
No Bloco 2, o estudo sobre motores de ciclo OTTO aborda os seus principais componentes
e, também, as suas características.
A leitura, a seguir, possibilitará que você amplie seus conhecimentos sobre esses temas.
Componentes do motor
O motor de combustão interna produz movimentos de rotação por meio de combustão
dentro de cilindros fechados. Suas partes fundamentais são:
• bloco do motor;
• conjunto das bielas e árvore de manivelas (conjunto móvel); e
• cabeçote.
2
3
Nas próximas ilustrações,
4
com o apoio das legendas,
observe as partes externas e 5
OTTO.
Legenda
7
1. Polia da árvore de manivelas
2. Tampa do cabeçote
3. Cabeçote
4. Coletor de escape
5. Bloco do motor
8 6. Turbo
7. Junta do cabeçote
1 8. Cárter
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Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Motor: componentes e características
8
4 Legenda
1. Biela
2. Pino
3 9 3. Pistão
4. Válvulas
2 5. Tucho
6. Árvore do comando de
10
Fig. 2 – válvulas
1 7. Coletor de admissão
8. Volante
9. Anéis
10. Árvore de manivelas
Bloco de motor
O bloco do motor pode ser feito em ferro fundido cinzento ou liga leve.
Este recurso é utilizado em blocos de liga-leve ou em blocos cuja camisa trabalhe em contato
direto com líquido do sistema de arrefecimento.
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Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Motor: componentes e características
Conjunto móvel
Dentro do bloco do motor está montado o conjunto móvel, que é constiruído de:
• êmbolo (pistão);
• pinos de êmbolo;
• anéis de segmento;
• bielas;
• bronzinas (casquilhos);
• árvore de manivelas (virabrequim); e
• volante do motor.
7
Legenda
1 1. Polia da árvore de manivelas
2. Árvore de manivelas
3. Bloco do motor
4. Biela
5. Pino do pistão
6. Pistão
9 7. Anéis
8. Volante
9. Cárter
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Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Motor: componentes e características
Êmbolo (pistão)
2
Legenda
1. Pistão
3 2. Pino
3. Biela
Fig. 5 – Êmbolo
O êmbolo transmite a força de expansão dos gases no cilindro para a árvore de manivelas
por meio da biela.
Entre o êmbolo e o cilindro existe um pequeno jogo diametral indispensável para permitir
o livre movimento do êmbolo e a formação de uma camada de óleo. A ligação entre esses dois
componentes é feita por anéis.
A parte superior do êmbolo é chamada de cabeça, enquanto a que fica abaixo do alojamento
dos anéis que guiam o êmbolo no interior do cilindro, tem o nome de (saia). Muitos êmbolos
modernos têm uma capa (saia) menor na zona em que fica o pino, para diminuir o peso e
limitar o atrito com o interior do cilindro.
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Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Motor: componentes e características
2 3
Legenda
4 1. Alojamento do pino
2. Cabeça
3. Zona dos anéis
4. Saia (capa)
1
Êmbolo ou pistão
Cabeça: parte superior do êmbolo recebe a força de expansão dos
gases da combustão.
Zona dos anéis: parte lateral da cabeça é onde ficam os anéis.
Capa ou saia: zona do pistão que se apóia na parede do cilindro guia o
pistão no percurso entre o PMI e o PMS. O nível da saia forma a medida de
diâmetro do pistão.
Nas partes da saia do êmbolo, logo abaixo da canaleta de óleo, há dois mancais - um diante
do outro. Nesses mancais, aloja-se um pino, encaixado no pé da biela e que fica no interior do
êmbolo, podendo estar no centro do êmbolo ou ter posição descentralizada.
A descentralização do pino diminui, e até elimina, as batidas da saia do êmbolo nas paredes
do cilindro no início da combustão.
Mancal
Dispositivo sobre o qual se apóia em eixo que gira, desliza ou oscila, e que
lhe permite movimento com um mínimo de atrito.
SENAI-RJ 41
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Motor: componentes e características
Pino de êmbolo
Elemento tubular que liga o pistão à biela. Feito de aço dotado de elevada resistência
superficial, acompanha o seu respectivo êmbolo para garantir o ajuste adequado. Os pinos de
êmbolo são classificados em flutuantes, semi-flutuantes e fixos.
Flutuante
É o pino de êmbolo que desliza livre no êmbolo e na biela, limitado por anéis de travamento.
Semiflutuante
Fixo
Anéis de segmento
Os anéis de segmento são instalados em cavidades especiais (canaletas) na parte mais alta
do êmbolo, sobre o pino. Esses anéis possuem um entalhe que permite a sua inserção na cavidade,
conferindo-lhes, também, uma certa elasticidade, indispensável para que a superfície de trabalho
se conserve sempre aderida à parede do cilindro.
Anéis de compressão
Os anéis de compressão são encaixados nas duas primeiras canaletas da zona dos anéis.
Promovem a vedação entre os êmbolos e cilindros, o que garante a compressão da mistura.
42 SENAI-RJ
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Motor: componentes e características
Evitam, também, a passagem dos gases da câmara de combustão para o cárter, e do óleo do
cárter para as câmaras.
Os anéis de compressão são revestidos de cromo ou molibdênio, o que lhes confere maior
resistência ao atrito e à abrasão. Esta propriedade é muito importante, principalmente no
período de amaciamento do motor.
O anel raspador ou recolhedor de óleo tem como principal função raspar o excesso de óleo
da parede do cilindro e drená-lo em direção ao cárter do motor. Desta forma, assegura-se uma
película de óleo suficiente para lubrificar os anéis de compressão.
Biela
É a peça que se liga ao êmbolo por um pino e tem a finalidade de unir o êmbolo à árvore de
manivelas.
SENAI-RJ 43
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Motor: componentes e características
7
6
1 5
3
4
2
Legenda
1. Arruela
2. Porca de fixação
9 3. Capa da biela
4. Bronzinas
5. Lingüeta e ranhura
10 6. Parafuso
7. Bucha do pino do pistão
8. Orifícios de lubrificação
8 11 9. Pé de biela
10. Corpo de biela
11. Cabeça de biela
A cabeça da biela, dividida em duas partes - uma no próprio corpo da biela e outra separada
(chamada de capa) - , acopla-se ao moente da manivela da árvore de manivelas. Em ambas as
partes, são montadas bronzinas para o assentamento entre a biela e a árvore de manivelas.
Bronzina ou casquilho
Legenda
1. Entrada de óleo
2. Reservatório de óleo
3. Filme de óleo
4. Eixo de rotação
4 3
44 SENAI-RJ
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Motor: componentes e características
• ressalto de localização;
• canal de óleo;
• orifício de óleo.
1 2
Legenda
3 1. Ressalto de localização
2. Rebaixo
3. Alojamento do casquilho
Ressalto de localização
Legenda
1. Alojamento
2. Lingüeta de bloqueio
SENAI-RJ 45
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Motor: componentes e características
Canal de óleo
Orifício de óleo
Nesse canal, há um orifício – o orifício de óleo –, que coincide com o orifício da capa do
mancal, por onde penetra o óleo que lubrifica a bronzina e a árvore apoiada.
Para girar sem provocar vibrações, a árvore de manivelas deve ser balanceada, utilizando-
se alguns contra-pesos colocados junto aos braços das manivelas.
Legenda
1. Contrapesos
46 SENAI-RJ
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Motor: componentes e características
Em geral, a árvore de manivelas é atravessada por uma série de canais internos que têm a
função de levar o óleo, sob pressão, das bronzinas dos mancais fixos às bronzinas das bielas. As
bordas dos furos desses canais devem ser perfeitamente lisas.
As principais partes da árvore de manivelas são os munhões, ligados uns aos outros
formando as manivelas.
Os munhões giram alojados nos mancais, cujas capas são fixadas no bloco do motor. Entre
munhões e mancais são aplicadas bronzinas, da mesma forma que entre os moentes e as capas
das bielas.
Volante do motor
Cabeçote
O cabeçote realiza o fechamento superior dos cilindros. Nele estão instaladas uma ou duas
árvores de comando de válvulas, as válvulas de admissão e escape, as velas de ignição e as
válvulas injetoras.
A maioria dos motores modernos utiliza cabeçote de liga de alumínio, com ótima dissipação
térmica.
SENAI-RJ 47
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Motor: componentes e características
O cabeçote desempenha uma série de funções importantes. Ele serve de passagem para
diversas substâncias necessárias ao funcionamento do motor e, por isso, dispõe de dutos
apropriados, que permitem a:
Tipos de cabeçote
Componentes do cabeçote
• sede de válvulas;
• guia de válvulas;
• câmara de combustão;
• galerias ou dutos.
48 SENAI-RJ
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Motor: componentes e características
6
5
2 4
7
Legenda
3 1. Tampa do cabeçote
2. Cabeçote
3. Válvulas
4. Tucho
5. Coletor de escape
6. Junta do cabeçote
7. Árvore de comando de
válvulas
Fig. 13 – Cabeçote
Sede de válvulas
São buchas curtas com uma das extremidades de formato cônico. Encaixam-se nos
alojamentos do mesmo formato, situados nos rebaixos do cabeçote que formam as câmaras de
combustão. As sedes das válvulas são colocadas em seus alojamentos com interferência. Na sua
superfície, as válvulas apóiam-se para transferir calor e vedar o cilindro.
Guia de válvulas
SENAI-RJ 49
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Motor: componentes e características
As guias das válvulas têm forma cilíndrica e são colocadas, com interferência, em perfurações
existentes no cabeçote. Em geral, a extremidade superior da guia tem forma cônica, para evitar
o acúmulo de óleo lubrificante que poderia vazar para dentro das câmaras de combustão.
Câmara de combustão
Essas câmaras precisam ser hermeticamente fechadas, para não haver perda de compressão.
É por isso que há uma junta de vedação, instalada entre o cabeçote e o bloco.
A junta faz a vedação entre o cabeçote e o bloco do motor. Isola, também, uns dos outros,
os condutos, orifícios e câmaras, para que cada um cumpra suas funções, sem interferir nas dos
outros. Isso é possível porque as perfurações da junta, do cabeçote e do bloco são
correspondentes.
50 SENAI-RJ
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Motor: componentes e características
Galerias ou dutos
Válvulas
4
1
Legenda
1. Margem da válvula
2. Assento
3. Tulipa
4. Haste
5. Canaleta da chaveta
SENAI-RJ 51
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Motor: componentes e características
Cabeça
Margem
Face de assentamento
Quando em contato com a sede no cabeçote, esta face faz a vedação da câmara de
combustão e transfere calor. O ângulo da face de assentamento deve ser diferente do ângulo da
sede, para evitar que a válvula se agarre à sua própria sede.
Para dissipar o calor, as válvulas de descarga possuem a face de assentamento mais larga
que a de admissão, o que aumenta a área de contato da válvula com a sede no cabeçote. Veja na
figura a seguir.
Algumas válvulas de descarga possuem sódio metálico no interior da sua haste, para
melhorar essa dissipação do calor.
Alguns motores modernos utilizam mais de duas válvulas por cilindro, para melhorar,
ainda mais, a sua alimentação, o que resulta em aumento de rendimento volumétrico (motores
multi-válvulas). Como exemplo, veja a próxima ilustração.
52 SENAI-RJ
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Motor: componentes e características
Mola
Prato
Chavetas
As chavetas são pequenas peças de aço em forma semicircular e cônica. São encaixadas no
orifício central do prato, travando-o na canaleta da extremidade da haste da válvula, para que a
válvula fique submetida à ação de retorno da mola.
Vedador
SENAI-RJ 53
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Motor: componentes e características
De acordo com a concepção do motor, a árvore de comando das válvulas pode estar alojada
no bloco de cilindros, disposta sobre o virabrequim ou presa sobre o cabeçote.
A árvore de comando de válvulas pode ser acionada diretamente pela árvore de manivelas,
por engrenagens, corrente ou por correia dentada.
Se o motor tem duas válvulas por cilindro, isto quer dizer que há uma válvula de admissão
e uma de escape.
Os motores modernos muitas vezes apresentam mais de duas válvulas por cilindro, que
proporcionam maior eficiência de enchimento dos cilindros, resultando em melhor rendimento
do motor para uma mesma cilindrada.
Motores de três válvulas por cilindros têm duas válvulas de admissão e uma de escape.
Alguns motores possuem comando de válvulas variável. Este comando permite modificar
o diagrama de distribuição, ou seja, a antecipação da abertura e o atraso do fechamento das
válvulas durante o funcionamento do motor, graças a dispositivos chamados variadores de
fase.
54 SENAI-RJ
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Motor: componentes e características
Desse modo, é possível obter, além de uma potência específica elevada, um campo de
utilização muito amplo no que diz respeito aos médios e baixos regimes de rotação. Com o
sistema de distribuição variável, também se pode conseguir melhorias sensíveis na emissão de
poluentes.
As válvulas do motor são comandadas pelos ressaltos dos comandos de válvulas. Mas para
essa operação, ainda fazem parte desse sistema os mecanismos que estudaremos a seguir:
• o tucho;
• a vareta;
• o balancim;
• as engrenagens da distribuição.
Tucho
Legenda
1. Tucho
Fig. 18 – Tucho
Tipos de tucho
SENAI-RJ 55
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Motor: componentes e características
Tucho hidráulico
No interior do tucho há um êmbolo que trabalha com pressão de óleo, fornecido pelo
próprio sistema de lubrificação do veículo.
Legenda
1. Êmbolo
2. Furo de entrada de óleo
A eliminação da folga das válvulas garante o início de abertura de cada válvula exatamente
no instante programado de cada ciclo.
O óleo utilizado para o funcionamento dos tuchos provém da galeria principal do cabeçote,
por intermédio de canais de alimentação individualizados.
Vareta
56 SENAI-RJ
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Motor: componentes e características
Fig. 20 – Vareta
Balancim
Componente que funciona como alavanca articulada num eixo, recebendo a ação da vareta
ou do comando e transmitindo-a para a válvula. Na próxima ilustração você pode verificar a
imagem do balancim.
Legenda
1. Balancim
2. Árvore de comando
3. Válvula
Engrenagens da distribuição
São polias dentadas que estão presas às árvores de comando de válvulas do motor e a elas
transmitem o movimento recebido pela correia dentada ou pela corrente, ligadas ao virabrequim.
Observe na ilustração a seguir.
SENAI-RJ 57
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Motor: componentes e características
Legenda
1. Engrenagem do virabrequim
2. Engrenagem do comando
O acionamento da árvore de comando de válvulas pode ser feito por sistema direto ou
indireto. Confira esses tipos de acionamentos nas próximas figuras.
Legenda
2 1. Engrenagem do virabrequim
2. Engrenagem do comando
1
3
58 SENAI-RJ
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Motor: componentes e características
Características do motor
Vamos, agora, conhecer as características que permitem avaliar o desempenho do motor:
O motor pode ser descrito pelas suas diversas características de construção e desempenho.
Entre as características de desempenho, temos a cilindrada, a potência, o torque e a taxa de
compressão.
Cilindrada
SENAI-RJ 59
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Motor: componentes e características
Cálculo da cilindrada
π d2 x l x N
V=
4
Onde:
V = cilindrada (em cm3)
π = 3,1416
d = diâmetro do cilindro
l = curso do êmbolo em cm
N = número de cilindros do motor
Lembre-se que um litro = 1000 cm3,então um motor com capacidade volumétrica de 1,8
litros, corresponde a 1800 cm3 de volume nos cilindros, ou a 450 cm3 por cilindro em um motor
de 4 cilindros.
v v
P.M.S.
V
P.M.I.
60 SENAI-RJ
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Motor: componentes e características
A relação de compressão indica quantas vezes a mistura (ou o ar nos motores a diesel) é
comprimida, quando o êmbolo passa do PMI ao PMS. Quanto maior a RC, maior a potência do
motor.
Os motores a diesel têm uma relação de compressão maior que a dos moto-
res a gasolina ou a álcool. Da mesma forma, os motores a álcool têm uma
relação de compressão maior que a dos motores a gasolina.
Hoje, com os motores flex-fuel, a relação de compressão está em 12:1 para atender às
solicitações dos combustíveis utilizados.
Torque
A palavra torque quer dizer esforço de torção. O torque depende não só da força (F) aplicada
como também da distância (d) que funciona como braço de alavanca dessa força.
Fig. 27 – Torque
SENAI-RJ 61
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Motor: componentes e características
Cálculo do torque:
Torque = força (F) x distância (d)
então:
T= Fxd
Potência
Para calcular a potência do motor é necessário conhecer o valor do torque desse motor e o
valor da velocidade de rotação.
62 SENAI-RJ
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Motor: componentes e características
Fórmula da potência
P = T.ω
Onde:
P = potência em watts (W)
T = torque, em Newton x metro (N.m)
ω = velocidade de rotação do eixo, em rad/s.
A unidade de potência ( watt), é pequena para expressar a potência dos modernos motores;
por isso utiliza-se o quilowatt (kW).
Cálculo da potência
P (kW) = T (N.m) . n (rpm)
955
1 kW = 1000W
1 kW = 1,36hp
1hp = 0,735 kW
SENAI-RJ 63
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Motor: componentes e características
Torque (Nm)
Rotação do motor (rpm x 100)
64 SENAI-RJ
Bloco 3
Sistemas dos motores
Sistema de distribuição
Sistema de lubrificação
Sistema de arrefecimento
Sistema de alimentação
Sistema de ignição
• de distribuição;
• de lubrificação;
• de arrefecimento;
• de alimentação;
• de ignição; e
• de controle de emissões.
Sistema de distribuição
As válvulas de admissão e de escapamento de cada cilindro devem abrir-se e fechar-se de
forma sincronizada com os tempos do motor: admissão, compressão, combustão e
escapamento.
Tais movimentos das válvulas são feitos por meio da árvore de comando de válvulas,
acionada por intermédio da árvore de manivelas. Essas árvores têm, cada qual, uma engrenagem.
A posição da engrenagem da árvore de comando de válvulas, em relação à engrenagem da
árvore de manivelas, recebe o nome de ponto de referência da distribuição mecânica.
SENAI-RJ 67
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Sistemas de motores
• engrenamento direto;
• corrente;
• engrenagens intermediárias;
• correia dentada (caso mais comum).
A árvore de comando de válvulas é acionada pela árvore de manivelas por meio de corrente
ou engrenagem. Ao girar, os ressaltos do comando atuam contra os tuchos, movimentando-os.
Esse movimento é passado às hastes e daí aos balancins que irão acionar as válvulas, fazendo
68 SENAI-RJ
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Sistemas de motores
com que elas sejam afastadas das suas sedes. Ao passar a ação do ressalto, as molas das válvulas
fazem com que elas se fechem.
Fig. 1 – Árvore de comando no bloco com acionamento da válvula por vareta e balancim
Observe, nas ilustrações a seguir, diferentes tipos de distribuição com acionamento direto.
SENAI-RJ 69
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Sistemas de motores
Fig. 3 – Árvore de comando no cabeçote com acionamento da válvula com tucho hidráulico
Diagrama de válvulas
É a representação gráfica dos ângulos de abertura e fechamento das válvulas num ciclo
completo do funcionamento do motor. Você pode conferir na ilustração a seguir.
PMS
7º 6º
Legenda
1. Válvula de admisasão
2. Válvula de escape
47º 48º
PMI
70 SENAI-RJ
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Sistemas de motores
Nesse diagrama, indica-se, separadamente, o que ocorre com a válvula de admissão (traço
fino – 1) e com a de escapamento (traço cheio – 2).
Variador de fase
O veículo, quando está em uma subida, necessita um torque maior para que não perca
potência. Para isso, pode-se atuar nas válvulas de admissão, antecipando o movimento de sua
abertura.
O variador de fase tem o objetivo de, em função da carga e da rotação solicitadas pelo
motor, girar a árvore de comando de válvulas em relação à sua engrenagem, modificando o
diagrama e, conseqüentemente, o comportamento do motor.
O variador de fase é controlado pela central eletrônica, que comanda o seu acionamento a
partir do sinal recebido dos sensores. Em alguns motores, está localizado na extremidade da
árvore de comando de válvulas de admissão, ligado à sua engrenagem.
SENAI-RJ 71
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Sistemas de motores
Nos motores de combustão interna, além das forças que agem na cabeça dos pistões,
provocadas pelos gases em expansão, também agem:
O balanceamento do motor tem como objetivo eliminar as vibrações geradas pelas forças
centrífugas de inércia e pelas forças de inércia alternadas, durante seu funcionamento.
Sistema de lubrificação
Lubrificar consiste essencialmente em separar as superfícies de dois componentes em
movimento relativo por meio de uma película de óleo sob pressão, para minimizar o atrito e,
portanto, o desgaste.
72 SENAI-RJ
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Sistemas de motores
Possui um filtro, para reter as impurezas suspensas no óleo e uma bomba de óleo, para
transferi-lo, sob pressão, às partes do motor que necessitam de lubrificação.
Atrito
Entretanto, no interior do motor de combustão interna, o atrito tem uma ação indesejável:
desgasta os componentes, gera calor e tende a impedir o movimento. É por essas razões que se
usa o óleo lubrificante, que atua entre as partes em contato.
O atrito é uma força que se opõe, isto é, oferece resistência, ao movimento dos objetos que
estão em contato.
Mesmo as superfícies mais polidas têm irregularidades. Essas irregularidades, que podem
ser vistas ao microscópio, engancham-se umas nas outras, interferindo no movimento de uma
superfície em relação à outra.
Quanto maior a força com que as superfícies se comprimem uma contra a outra, mais
firmemente suas irregularidades ficam unidas, aumentando o atrito.
Além do acabamento das superfícies e da força de uma superfície contra a outra, o atrito
depende, também, do material de que são feitas. Assim, utilizam-se ligas antifricção (geralmente
SENAI-RJ 73
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Sistemas de motores
à base de bronze = bronzinas), para confeccionar os mancais que vão servir de apoio aos eixos
de aço, o que proporciona menor atrito entre eles.
Portanto, a força de atrito opõe-se à movimentação dos objetos cujas superfícies estão em
contato e depende dos seguintes fatores:
Óleo lubrificante
74 SENAI-RJ
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Sistemas de motores
Quanto à viscosidade, alguns óleos são identificados por uma letra W de winter que, em
inglês, significa inverno, e são ideais para trabalhar em baixas temperaturas.
Quando o óleo apresenta somente números, a sua viscosidade é ideal para trabalhar em
temperaturas mais elevadas.
O lubrificante que apresenta a letra W entre dois números (ex.: 20W-40) é um óleo
multiviscoso – apresenta viscosidade adequada às variações de temperatura, ou seja, ele é fino
no momento da partida do motor, e se comporta como um óleo de alta viscosidade (mais
grosso) em temperaturas de operação (altas temperaturas).
Consulte a tabela a seguir para conhecer mais sobre a viscosidade de diferentes tipos de
lubrificante e a sua adequação.
continua ...
SENAI-RJ 75
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Sistemas de motores
contiuação
Tipo de lubrificante Recomendação técnica
SAE 40 Convém melhor às temperaturas de verão e para
veículos que apresentam condições específicas,
rigorosas, como, por exemplo, com cargas pe-
sadas.
SAE 50 Usado em veículos que desenvolvem altas velo-
cidades e em longos trabalhos. Convém bem aos
veículos antigos, já que ele diminui o consumo
de óleo.
SAE 5W30, SAE 10W30 ou SAE 10W40, Óleos multiviscosos ou “toda estação”. Estes ti-
SAE 20W40 0 ou SAE 20W50 pos toleram uma grande variedade de tempera-
turas de funcionamento, permitindo assim pas-
sar de um clima extremo a um outro. eles possi-
bilitam um desempenho sem imprevistos ao
previnirem contra as mudanças repentinas de
temperatura. O manual do usuário indica o tipo
de óleo multiviscoso que deve ser empregado
de acordo com as mudanças de temperatura.
A sigla API (American Petroleum Institute) refere-se à instituição que define um conjunto
de testes em motores padrões, determinando a qualidade mínima que um óleo deve ter para
atender a uma classificação de serviço.
As classificações são simbolizadas pela série S, para motores a gasolina, álcool e GNV, e
série C, para motores diesel. As classificações S ou C são acrescidas de uma segunda letra, em
ordem crescente do alfabeto, indicando o grau de evolução do óleo.
76 SENAI-RJ
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Sistemas de motores
O óleo lubrificante do motor sofre uma perda gradativa de suas propriedades em razão da
oxidação e contaminação. Por isso, precisa ser trocado a intervalos regulares de quilometragem.
Para os veículos que rodam pouco é necessário substituí-lo a intervalos regulares de serviço,
mesmo que a quilometragem de uso não tenha sido atingida.
• salpique;
• lubrificante misturado com o combustível;
• circulação forçada por bomba a cárter seco; e
• sistema sob pressão convencional.
Legenda
1. Bomba de óleo
2. Gotejamento do óleo
3. Rebaixo captador de óleo
3 4. Pescador de óleo
4
Fig. 7 – Salpique
SENAI-RJ 77
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Sistemas de motores
Este processo é utilizado em motores de dois tempos, onde o óleo lubrificante é misturado
ao combustível em quantidade pré-estabelecida.
A adoção de um sistema a cárter seco evita o risco de, numa curva, após uma forte aceleração
transversal, a bomba de sucção não conseguir captar o óleo, o que resultaria na interrupção da
lubrificação do motor e conseqüente dando ao conjunto móvel.
Legenda
1. Bomba de óleo
2. Lubrificação dos cames e
mancais da árovre de
comando de válvulas e dos
3 tuchos
3. Retorno do óleo para o
cárter
2 4 4. Filtro do óleo
5. Lubrificação da árvore de
manivelas e dos injetores de
óleo
6. Cárter
5
78 SENAI-RJ
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Sistemas de motores
Cárter
O cárter é o depósito onde fica armazenado o óleo lubrificante do motor. Pode ser feito de
chapa de aço estampada, ou de liga leve, com aletas, para facilitar a dissipação do calor.
Legenda
1. Placa atenuadora
2. Sede da junta
3. Corpo (depósito)
2 4. Bujão de drenagem
Fig. 9 – Cárter
Bomba de óleo
A bomba de óleo mantém o óleo lubrificante em circulação forçada através das partes
móveis do motor. A pressão com que o óleo circula pode ser muito grande (sobrepressão),
principalmente quando o motor está frio, e o óleo, por esse motivo, fica mais denso. Para controlar
tal pressão, o sistema de lubrificação possui uma válvula reguladora de pressão.
A bomba transporta o óleo do cárter e o injeta, sob pressão, no filtro de óleo. O óleo deixa
suas impurezas no filtro e flui pelos canais de lubrificação até as partes móveis do motor.
O óleo atinge, também, as galerias superiores do motor, de onde retorna ao cárter por
gravidade. No cárter, o óleo é arrefecido e novamente colocado em circulação.
SENAI-RJ 79
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Sistemas de motores
• bomba de engrenagem; e
• bomba de rotor.
Bomba de engrenagem
A árvore da bomba forma um corpo único com a engrenagem condutora que aciona a
engrenagem conduzida. Esta última desliza em seu eixo, em movimento de rotação.
Pinhões
Bomba de rotor
A bomba de rotor tem um anel flutuante com cinco cavidades, e um rotor com quatro
dentes que gira no interior do anel, com o qual se engrena, arrastando-o com o seu movimento.
80 SENAI-RJ
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Sistemas de motores
rotor coincide com o orifício de entrada do óleo. O óleo é expulso da bomba sob pressão, quando
o espaço é reduzido pela rotação do conjunto.
Rotores
Filtro de óleo
O lubrificante que circula no interior do motor deve chegar aos vários componentes
absolutamente livre de partículas estranhas que, mesmo de dimensões reduzidas, podem causar
danos às superfícies de trabalho dos componentes e provocar um rápido desgaste. Para reter
impurezas, o circuito de lubrificação é dotado de um filtro de papel microporoso.
O óleo flui da periferia para o centro do filtro sob a ação da bomba de óleo. A pressão
fornecida pela bomba força o óleo a penetrar pelos furos da grade metálica, atingindo o elemento
filtrante, ao qual atravessa. Ao atravessar o elemento filtrante, o óleo tem suas impurezas retidas
e sai pela parte central do filtro, para fazer a lubrificação do motor.
SENAI-RJ 81
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Sistemas de motores
Legenda
2 1. Carcaça
2. Válvula de retenção
3 3. Grade metálica
4. Elemento filtrante
5. Válvula de segurança
4
Radiador de óleo
O radiador de óleo serve para resfriar o óleo lubrificante, por intermédio do fluxo de ar ou água
que passa através da sua colméia.
Sistema de arrefecimento
O motor de combustão interna é uma máquina térmica. Isso quer dizer que ele utiliza o calor da
queima de combustível para produzir movimento.
82 SENAI-RJ
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Sistemas de motores
Esta temperatura, porém, é instantânea, e é rapidamente diminuída com a saída dos gases
queimados e pela entrada da mistura fresca no tempo de admissão. Além da combustão, o atrito
das peças em movimento também gera calor, que, se não for mantido dentro de limites pré-
estabelecidos, provocará o travamento do motor em função da dilatação excessiva dos
componentes móveis.
Como toda máquina térmica, o motor de combustão interna trabalha dentro de uma faixa
de temperatura. Seu funcionamento não será normal, se estiver muito frio ou muito quente.
Por esse motivo, os veículos possuem um conjunto de peças que formam o sistema de
arrefecimento, cuja finalidade é manter a temperatura do motor dentro de determinados limites.
Conforme o elemento adotado para dissipar o calor, o sistema de arrefecimento pode ser
dividido em:
• a ar refrigeração direta;
Neste sistema, o excesso de calor é absorvido diretamente pelo ar que envolve o motor.
No caso de um sistema com circulação forçada de ar, coloca-se uma turbina e capas
encarregadas de direcionar o ar, como vemos na figura a seguir.
SENAI-RJ 83
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Sistemas de motores
1
2
3
Legenda
1. Turbina
2. Dutos de ar
3. Aletas de arrefecimento
4. Válvula termostática
Aletas de refrigeração
As aletas têm a função de aumentar a área de contato do motor, onde é gerado o calor, com
o ar passante, para diminuir a sua temperatura em menor tempo.
Condutos de ar
São formados pelas chapas que cobrem a estrutura do motor, e direcionam o ar para as
aletas de refrigeração.
Turbina
Termostato
Quando o motor está frio, ele impede a renovação do ar de refrigeração, fazendo com que o
motor atinja mais rapidamente a sua temperatura ideal de funcionamento. Quando o motor
alcança a temperatura ideal, o termostato permite a troca de ar interno, quente, pelo ar
atmosférico, na temperatura ambiente.
84 SENAI-RJ
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Sistemas de motores
A bomba d'água é acionada pelo motor, por meio de uma correia. Sua função é forçar o
líquido de arrefecimento a circular entre o radiador e o motor.
O líquido de arrefecimento circula no motor pelas câmaras de água ao redor dos cilindros
e pelo cabeçote.
1
2
3 Legenda
1. Bomba d’água
2. Radiador
3. Ventilador
Enquanto a válvula termostática fica fechada, o líquido não circula entre o radiador e o
motor. Nessa etapa, o motor é pouco arrefecido, aquecendo-se rapidamente. A válvula só se
abre, quando o líquido atinge a temperatura ideal para o funcionamento do motor. A abertura
da válvula permite que o líquido de arrefecimento entre no radiador para se resfriar e, novamente,
ser enviado ao motor pela ação da bomba de água.
SENAI-RJ 85
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Sistemas de motores
1 7
3 3
5
Legenda
1. Mangueiras
2. Bomba d’água
3. Válvula termostática
4 4. Eletroventilador
2 5. Interruptor térmico
6. Radiador de arrefecimento
6 7. Reservatório de expansão
7
5
Bomba d'água
1 2
Legenda
1. Cubo
2. Árvore e rolamento
3. Rotor
4. Carcaça
5. Gaxeta
3 4 5
Fig. 17 – Bomba d’água
Radiador
86 SENAI-RJ
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Sistemas de motores
Legenda
1. Reservatório de saída
2. Colméia do radiador
3. Reservatório de entrada
1 4. Torneira de sangria
2
4
Fig. 18 – Radiador
O núcleo do radiador possui pequenos canais ou canaletas, paralelos entre si, feitos de
material metálico não-ferroso (por exemplo, latão ou alumínio), resistentes à corrosão e bons
condutores de calor.
Legenda
2 1. Ar
2. Aleta
3. Canaleta
4. Líquido de arrefecimento
Em toda a extensão das canaletas, são fixadas chapas metálicas muito finas, formando as
aletas.
O líquido de arrefecimento entra nas caneletas, para ser resfriado pelo ar que passa entre as
aletas. Em parte, esse ar é forçado por um ventilador. Entretanto, o radiador já é colocado na
frente do veículo, para aproveitar o fluxo de ar originado com o movimento do veículo.
SENAI-RJ 87
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Sistemas de motores
Mangueiras
Válvula termostática
Também conhecida como termostato, a válvula termostática faz com que o motor atinja
mais rapidamente a temperatura ideal de funcionamento, e controla a temperatura mínima do
motor, impedindo ou dificultando a circulação do líquido de arrefecimento.
Ventilador
Legenda
1. Bomba d’água
2. Polia da árvore de manivelas
3. Ventilador
3
2
Fig. 20 – Ventilador
88 SENAI-RJ
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Sistemas de motores
O acionamento do ventilador também pode ser feito por meio de uma embreagem
eletromagnética, que permanece desacoplada até que o motor atinja uma determinada
temperatura, quando, então, o ventilador será acoplado, girando solidário com o motor. Observe
na próxima figura.
Legenda
1. Ventilador
2. Embreagem eletromagnética
Outra forma de acionamento do ventilador usada nos veículos, ocorre por intermédio de
um motor elétrico.
SENAI-RJ 89
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Sistemas de motores
Líquido refrigerante
O sistema de arrefecimento selado não libera o excesso de pressão para a atmosfera, como
ocorre no sistema aberto. No sistema de arrefecimento selado, o líquido de arrefecimento,
expandindo-se com o calor, vai para um depósito separado do radiador: o depósito ou reservatório
de expansão.
Reservatório de expansão
90 SENAI-RJ
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Sistemas de motores
Fig. 25 – Entrada de ar
SENAI-RJ 91
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Sistemas de motores
Vantagens
Desvantagens
Para essa queima de combustível ocorrer, é necessário que se reúnam três elementos básicos:
combustível, oxigênio e calor.
92 SENAI-RJ
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Sistemas de motores
A seguir, vamos conhecer melhor o combustível e a forma como ele é utilizado para
movimentar o motor do veículo.
Os combustíveis, líquidos ou gasosos, que se misturam finamente com o ar, são chamados
carburantes, queimam com muita rapidez, e produzem grande quantidade de calor.
Os carburantes usados em motores ciclo OTTO são: gasolina, álcool metílico, álcool etílico,
gás liqüefeito de petróleo (GLP) e gás natural veicular (GNV).
Não são considerados carburantes o óleo diesel e o óleo combustível, usados nos motores
diesel.
Gasolina
A gasolina, bem como o álcool, são compostos por moléculas de hidrogênio e carbono. Na
presença de oxigênio e uma centelha elétrica, o carbono e o hidrogênio reagem quimicamente
com o oxigênio, formando moléculas de dióxido de carbono e água (combustão completa).
Essas reações liberam grande quantidade de energia em forma de calor, que é transformado
em trabalho pelo motor.
SENAI-RJ 93
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Sistemas de motores
Álcool
No Brasil, o álcool é obtido a partir da cana-de-acúçar, mas ele também pode ser extraído
da beterraba, da mandioca e do milho.
É obtido por processo químico a partir do álcool etílico, com a retirada da água residual,
permanecendo apenas o álcool puro.
Este tipo de combustível não é produzido no Brasil, pois o álcool extraído da cana-de-
acúçar (etílico), além do seu caráter pioneiro, tem processo produtivo menos oneroso.
O metanol é produzido e utilizado nos EUA e Europa, a partir da madeira, carvão e gás
natural.
Gás natural
O gás natural é extraído do subsolo terrestre, como o petróleo e, muitas vezes, associado a
ele.
94 SENAI-RJ
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Sistemas de motores
O GNV é mais seguro do que os combustíveis líquidos, pois é mais leve que
o ar, dispersando-se rapidamente.
Mistura ar/combustível
SENAI-RJ 95
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Sistemas de motores
Dos gases resultantes do processo de combustão, 99% não são prejudiciais à saúde e ao
meio ambiente. Somente 1% deste volume é composto de produtos nocivos à qualidade de
vida e ao meio ambiente.
É isso que
interessa!
HC
18,1%
CO2 NO x
9,2%
H2 0
≅ 1%
71% CO
N2
96 SENAI-RJ
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Sistemas de motores
Sua presença nos gases de escape é medida em partes por milhão (ppm), ou seja, uma
leitura de 400ppm indica que em cada um milhão de partes do gás existem 400 de HC.
SENAI-RJ 97
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Sistemas de motores
Sistema de alimentação
É preciso entender, então, o que mudou com a injeção e a ignição eletrônica e porque isso
ocorreu.
Os motores do ciclo OTTO continuam sendo motores de quatro tempos, com ignição por
centelha. Isso significa que a termodinâmica do motor e seus órgãos móveis permanecem
inalterados, ou seja, o motor continua realizando a admissão, a compressão, a expansão e a
descarga. Os órgãos móveis e demais peças e/ou conjuntos continuam com a mesma finalidade
e princípio de funcionamento. Os sistemas de lubrificação e arrefecimento do motor também
não foram modificados.
98 SENAI-RJ
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Sistemas de motores
Do mesmo modo, a U.C.E. deve comandar a bobina (atuador) para se obter a centelha no
momento ideal. Além disso, todos os ajustes mecânicos, tais como rotação da marcha-lenta,
ajuste de CO2, afogador etc. são substituídos por elementos eletrônicos (sensores e atuadores),
de modo a garantir o perfeito funcionamento do motor, sem a ação corretiva do motorista.
O sistema MPFI possui uma válvula injetora para cada cilindro do motor. Cada um dos
injetores está localizado próximo à válvula de admissão. Assim, pelo coletor de admissão, só
passa ar.
4 3
1 Legenda
1. Galeria de distribuição
5 (entrada de combustível)
2. Ar
3. Borboleta de aceleração
4. Coletor de admissão
5. Válvulas de injeção
6. Motor
SENAI-RJ 99
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Sistemas de motores
Sistema de admissão de ar
Conjunto de filtragem do ar
100 SENAI-RJ
Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Sistemas de motores
Coletor de admissão
Assim, o ar pode passar por um caminho em baixas rotações (caminho mais longo) e por
outro caminho em altas rotações (caminho curto), tudo comandado a partir da U.C.E., com uso
de borboletas e atuadores.
2 Legenda
1. Borboleta do coletor
2. Duto curto
3 3. Duto longo
Corpo de borboleta
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2
Legenda
1. Pedal do acelerador
eletrônico
2. Corpo eletrônico de
1 borboleta
Medidor de massa de ar
Alimentação de combustível
Vimos, então, como o ar entra no motor. Agora, vamos estudar de que maneira o
combustível se junta ao ar, na proporção correta.
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3 4 5
Legenda
1. Bomba de combustível
2. Filtro de combustível
3. Tubo condutor
4. Válvula injetora
5. Regulador de pressão
2 1
O combustível que não é necessário para o motor retorna pela galeria de combustível, via
um tubo de retorno ligado ao regulador de pressão, de volta ao tanque de combustível. O
combustível realimentado é aquecido no caminho do motor para o tanque de combustível.
Com isso, ocorre uma elevação da temperatura do combustível no tanque. Em função dessa
temperatura, geram-se vapores de combustível. Para proteger o meio ambiente, esses vapores
são armazenados intermediariamente em um filtro de carvão ativado, por um sistema de
ventilação do tanque e conduzidos com o ar admitido para o motor, via coletor de admissão.
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Bomba de combustível
Pode estar instalada diretamente no tanque (in tank) ou fora dele, na tubulação de
combustível (in line).
As bombas (in tank), atualmente de uso mais freqüente, são integradas às unidades de
instalação e contêm um sensor de nível (bóia de combustível) e um recipiente para eliminação
das bolhas de ar do retorno do combustível.
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Em sistemas com retorno, a parte de combustível excedente retorna pelo tubo de retorno
ao tanque, após ser liberada uma passagem pelo regulador de pressão.
Filtro de combustível
Os sistemas de injeção para motores OTTO e diesel são sensíveis às menores impurezas
no combustível.
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O combustível flui dentro do tubo, sendo distribuído de modo uniforme para todas as
válvulas injetoras
Esse tempo é operado a partir da U.C.E. conforme os sinais recebidos dos sensores, que
indicam a vontade do motorista e a situação do motor.
Sistema de ignição
Princípios básicos
No motor de ciclo OTTO, uma ignição (faísca) inicia o processo de combustão da mistura.
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5 1
Legenda
1. Bateria
2. Chave de ignição
3. Bobina
4. Distribuidor
5. Velas
3 2
Uma bobina única pode atender às necessidades de um motor, mas hoje empregam-se
bobinas de dupla faísca, que atendem a dois cilindros do motor.
Os sistemas que possuem uma bobina única utilizam um sistema mecânico chamado
distribuidor, para direcionar a alta tensão, gerada na bobina, para a vela do cilindro
correspondente ao momento de ignição, por meio de cabos, chamados de cabos de vela.
Os veículos que estão equipados com a bobina de dupla faísca ou em bobinas individuais
por cilindro, possuem um sistema de ignição estática, comandado a partir dos sinais captados
pelos sensores no virabrequim (sensor de ponto) e na árvore de comando de válvulas (sensor de
fase) e processados pela U.C.E.
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Esse conjunto de fatores origina um fluxo de gás do cárter para o coletor de admissão
chamado de gases de respiro do cárter ou blow-by.
Sua principal função é ventilar a parte interna do motor, evitando pressões excessivas, o
que acarretaria danos a vedadores, juntas e anéis de segmentos.
Com apoio da legenda, veja, na ilustração a seguir, a localização dos elementos do sistema
de ventilação do cárter.
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Legenda
1. Tubo do respiro
4 2. Filtro separador de óleo
3. Tubo de vapor
3 4. Óleo condensado
Para evitar que esses vapores sejam liberados à atmosfera, o sistema antievaporativo acumula
os vapores de combustível no filtro de canister até serem queimados pelo motor, quando
condições favoráveis se apresentarem.
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Legenda
1. Linha de respiro do tanque
2 2. Filtro de canister
3. Entrada de ar
4. Eletroválvula
Na linha de sucção dos vapores do filtro de canister há uma eletroválvula comandada pela
U.C.E, que determina, segundo parâmetros definidos, o momento da liberação desses gases
para o coletor de admissão.
O sensor que informa à U.C.E. se a mistura ar/combustível está correta ou não denomina-
se sonda lambda.
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Sonda lambda
Catalisador
Conhecido também como conversor catalítico de três vias, é assim chamado porque reduz
em cerca de 70% os três principais poluentes produzidos pelos motores a álcool e a gasolina,
que são:
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Catalisador
Ao contrário do que muitos pensam, o catalisador não é um filtro, pois não
se trata de um processo físico de retenção de partículas, e sim, de um pro-
cesso químico, com reações entre as moléculas em meio gasoso. É, portan-
to, um dispositivo de alta tecnologia que, por meio de reações termoquímicas
e por intermédio de substâncias cataliticamente ativas, converte os gases
poluentes em substâncias inofensivas à saúde.
CO2
N2
H2O
CO
NOX
HC
Mesmo sendo tratados, esses gases não podem ser aspirados pelas pessoas.
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A catálise, sendo uma reação de superfície, requer uma grande área de contato, daí a
necessidade desses canais.
Legenda
1. Sonda lamba
2. Catalisador
1 2
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Motores Automotivos de Ciclo OTTO – Referências
Referências
BOSCH. Automotive eletric/eletronics sistems. 2.ed. Stuttgart/Alemanha : Department for
Thechnical Information, 1995.
BOSCH, Robert. Manual de Tecnologia Automotiva. São Paulo : Ed.Edgard Blücher, 2005.
SENAI-RJ. Motores automotivos de combustão interna. Rio de Janeiro : SENAI-RJ, 2001 (Série
Eletromecânica Automotiva).
Site
http:://www.Bosch.com.br
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