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ENTREVISTAS
KENNETh Rogoff,
EcoNomISTA
LuIzA hELENA
TRAjANo,
SupERINTENdENTE do
mAgAzINE LuIzA
º Congresso de Campos do Jordão:
o País frente à
economia global
ENSAIo
pÉRSIo ARIdA SugERE
REAVALIAÇÃo
do fgTS E do fAT
coNTRApoNTo
o TEATRo muNIcIpAL
RENoVAdo
carta ao leitor
5
mento da crise global, só em parte revertidos, em outubro. Este é o tema central des-
o País frente à
economia global
ta edição, que retrata com fidelidade os desafios postos para os gestores de política
econômica e para os mercados.
Personagens como o Prêmio Nobel de Economia, Robert Engle, economistas
das áreas pública e privada como Ilan Goldfajn, Michael Pettis, Marcelo Neri, Robert
ENTREVISTAS
KENNETh Rogoff,
EcoNomISTA
Skidelski, Marcio Holland e Luiz Awazu Pereira, a presidente da CVM, Maria Helena
LuIzA hELENA
TRAjANo,
Santana, e o megaempresário Eike Batista, entre outros, dão aqui seus depoimentos.
Felizmente, o Brasil está em posição mais favorável, com elevadas reservas cam-
SupERINTENdENTE do
mAgAzINE LuIzA
ENSAIo
pÉRSIo ARIdA SugERE
REAVALIAÇÃo
do fgTS E do fAT
biais e crescimento econômico, relativamente à maioria dos desenvolvidos, notou o
coNTRApoNTo
o TEATRo muNIcIpAL
economista Kenneth Rogoff, entrevistado com exclusividade. “Em comparação com
os países ricos, o Brasil ainda parece ótimo”, disse à Revista da Nova Bolsa. Destaca-se,
RENoVAdo
2011 nº12 ainda, a entrevista de Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza, em que se mostra a
face moderna do empresário brasileiro, disposto a abrir o capital, investir e ampliar
seus negócios, sabendo que as crises, por maiores que sejam, passam. E as opiniões
do economista Pérsio Arida, um dos formuladores do Plano Real, sobre a necessida-
de de reavaliar os fundos para-fiscais, como o FGTS e o FAT, que alimentam o crédito
direcionado.
Também são abordados, nesta edição, iniciativas de longo prazo, como o acordo
de cross-listing de Johanesburgo, concluído entre Brasil, China, Rússia, Índia e África
do Sul; ensaio do professor Fabio Gallo, sobre o pequeno investidor; e a revolução
proporcionada pelo programa de popularização da BM&FBOVESPA. Na seção Con-
traponto, a reabertura do Teatro Municipal.
Boa leitura!
R E V I S T A D A
U M A P U B L I C A Ç Ã O D A B M & F B O V E S P A
Jornalista responsável: Alcides Ferreira edição de arte e diagramação: GB8 Design e Editoração Ltda.
coordenação editorial: Fábio Pahim Jr.
Fotos da capa: AGêNCIA Luz
editores: José Roberto Nassar, Jorge Wahl, Patrícia Brighenti
e Theo Carnier A Revista da Nova Bolsa é uma publicação trimestral da BM&FBOVESPA.
edição final: Rose Jordão O conteúdo desta publicação não representa a opinião da Bolsa,
colaboraram nesta edição: Fabio Gallo Garcia, Gilson Andrade, nem deve ser interpretado como recomendação de compra ou venda
Paola Cossermelli Messina, Paulo Trevisani e Silvia Penteado de ativos. Os artigos assinados expressam a opinião de seus autores.
revisão: Daniela De Piccoli e Rosangela Kirst É proibida a reprodução parcial ou integral de textos contidos
criação: Rogerio Guerra e Ronald Capristo Trapino nesta publicação.
ISSN 1983-8182
assinaturas: tel. (11) 2565-7581 – fax (11) 2565-7423
As correspondências à Revista da Nova Bolsa devem ser enviadas para:
Rua XV de Novembro, 275 – 5º andar, São Paulo/SP – CEP 01013-001
www.bmfbovespa.com.br/revista – e-mail: revista@bvmf.com.br
índice
18 64
p gista
Anderson Oliveira galchin, 39 anos, paisa-
(São Paulo – SP)
Morei por seis anos fora do Brasil e lá tinha
notícias de que, economicamente, o País es-
tava crescendo bastante. Quando voltei, há
oito meses, comecei a pesquisar sobre algu-
mas atividades e, depois de procurar informa-
ções sobre o mercado pela internet, cheguei
à BM&fBoVEsPA. No primeiro contato, soube
p Herton leandro, 37 anos, professor (Jaraguá
do Sul – Sc)
que a Bolsa oferecia cursos e visita monitorada Há um projeto da escola, única em santa Cata-
ao Espaço. Não sei se antigamente existia um rina que trabalha com educação financeira. to-
espaço de visitação como este, aberto ao públi- dos os anos, fazemos um passeio para são Paulo
co, mas achei interessante esta iniciativa. Desta- com os alunos e sempre aproveitamos para dar
co também o carinho e a atenção com que os uma passada na BM&fBoVEsPA. Eu gosto mui-
monitores nos receberam. No momento, não to da simulação de uma negociação e também
invisto em ações; primeiro, estou procurando do espaço do café. Quem sabe não surge uma
conhecimento para, depois, no longo prazo, oportunidade, através da visita, para que eu pos-
deixar um dinheirinho investido. sa investir em ações um dia?
q
Poliana Santiago da Silva,
21 anos, auxiliar de pro-
dução (cachoeira do ita-
pemirim – ES)
Gostei bastante da visita,
foi bem interativa e o lugar
é lindo. Recebi atenção es-
pecial dos monitores e con-
segui esclarecer algumas
dúvidas. Um dia, pretendo
investir em ações, mas, por
enquanto, não invisto. Eu
adorei a palestra e conhe-
cia um pouco sobre a Bolsa,
pois, na faculdade, tive ma-
térias sobre investimento
em ações.
Em meio a uma trajetória de sucesso, o Ma- a trabalhar, nas férias, na loja dos tios, em Franca.
gazine Luiza estreou, em abril no pregão da O ensinamento seguinte veio da tia Luiza, funda-
BM&FBOVESPA, depois de anos de preparação. dora do Magazine Luiza: “Se o cliente achou que
Enquanto aguardava o momento certo, a em- está errado, devolva o dinheiro. Não venda aqui-
presa manteve, por mais de dez anos, auditores lo que ele não gosta”.
internacionais controlando seus balanços. Com Na época da faculdade, dividia seu tempo
os R$926 milhões obtidos na operação, preten- entre a escola, à noite, e o trabalho durante o dia.
de acelerar o ritmo de crescimento da empresa Passou por todos os cargos na empresa até que,
em São Paulo – a rede entrou no mercado pau- em 1991, assumiu a superintendência. E, desde
listano, em 2008, com a abertura simultânea de lá, tem se dedicado a fazer a empresa crescer
50 lojas – e a consolidação do grupo na região cada vez mais.
Nordeste. A primeira aquisição foi feita em 1976, com a
Como tudo o que acontece no Magazine Lui- incorporação das Lojas Mercantil, no interior de
za, mesmo antes de assumir a superintendência São Paulo. Depois, vieram muitas outras: as redes
da empresa, em 1991, Luiza Helena Trajano esta- Talarico, Presidente, Tamoios, Felipe, Wanel, Líder,
va pessoalmente no comando do IPO, monito- Arno, Madol, Killar, Base foram sendo incorpora-
rando cada passo, cada informação. Casada, mãe das uma após outra. Em 2010, para compensar
de três filhos, natural de Franca, interior paulista, a perda do Ponto Frio e das Casas Bahia para o
formada em Direito e em Administração, ela vive maior concorrente, o Grupo Pão de Açúcar, um
a empresa 24 horas por dia. Está sempre dispo- passo importante foi dado com a compra das
nível para clientes e funcionários, com seu jeito Lojas Maia, que marcou a entrada da rede no
simples de falar sobre assuntos complexos. Ca- Nordeste. Em 2011, já com os recursos obtidos
racterística que, somada ao seu carisma pessoal, no IPO, adquiriu as Lojas do Baú, recuperando o
a torna imbatível na comunicação e na motiva- posto de segunda maior rede varejista de eletrô-
ção de funcionários e clientes. nicos e eletrodomésticos do País, que havia per-
De família de vendedores orgulhosos da dido no ano anterior para a Ricardo Eletro – que
profissão, como gosta de contar, Luiza começou comprou a rede Insinuante.
cedo, aos 12 anos, e foi acumulando ensinamen- Nos últimos dois anos, com recursos pró-
tos importantes. O primeiro veio de sua mãe: prios e seguindo ao pé da letra o plano estraté-
“Quer gastar? Vá ganhar”, disse ela à menina que gico traçado por Luiza, a rede pulou de 456 lojas
adorava dar presentes. Lição registrada, começou para 613, sendo 543 convencionais, 69 virtuais e
divulgaçãO
lojas das Lojas do Baú.
Apenas no segundo trimestre de 2011, foram
9 novas lojas, sendo 4 na Grande São Paulo, 2 no
Nordeste, 2 lojas virtuais no interior de São Paulo
e 1 no Mato Grosso do Sul. O resultado é que,
embora os números do segundo trimestre não
tenham sido tão bons quanto os do primeiro, o
faturamento deve fechar 2011 em torno de R$6
bilhões, mantendo-se a expectativa de chegar
aos R$15 bilhões até 2015.
O segredo do sucesso? Segundo Luiza, pro-
fissionalismo, velocidade, qualidade e agilidade,
mantendo o cliente, sempre, como centro do
negócio. Mas, principalmente, pela motivação
de seus funcionários, inspirados pela própria Lui-
za. Ela mantém sua equipe atenta e sempre dis-
posta a quebrar paradigmas. Uma postura que
levou o Magazine Luiza a crescer rápida e consis-
tentemente, até agora, “sem perder a alma”.
A seguir, algumas das respostas de Luiza He-
lena Trajano para a Revista Nova Bolsa:
que está crescendo R.N.B. – O que afeta mais o consumidor? As más notícias, que atu-
am sobre o psicológico, ou a redução do crédito?
ainda mais graças às L.T. – Os dois são ruins, mas tenho confiança de que, como socieda-
políticas de inclusão de, todos nós podemos nos mobilizar pelo sucesso da nossa econo-
mia. E por enquanto, o Brasil não está enfrentando problemas de falta
de crédito.
KENNETH ROGOFF
Economista e professor da Universidade Harvard
UM ENXADRISTA DESTRINCHA
OS DADOS DA CRISE GLOBAL
POR pAULO TREvISANI *
Foi preciso um enxadrista da era da internet, cos para análise de ciclos de bolhas e estouros.
reconhecido pela Federação Internacional de Com Carmen M. Reinhart, escreveu This Time Is
Xadrez (Fide) como grande mestre, para ajudar a Different (ver resenha na seção Livros), um puxão
enxergar a economia global através de enormes de orelhas de quase 500 páginas em luminares
conjuntos de dados. Esse enxadrista é o econo- da economia e autoridades que teimam em
mista Kenneth S. Rogoff, que na infância preferia acreditar que períodos prolongados de prospe-
jogar basquete a estudar e titubeou entre fazer ridade não são, necessariamente, bolhas; que,
mestrado no Massachusetts Institute of Techno- apesar de altas extraordinárias nos preços de
logy (MIT) ou ser jogador profissional de xadrez. ativos (especialmente imobiliários) e níveis de
Nesta entrevista à Revista da Nova Bolsa, Ro- endividamento acima do normal, alguma pecu-
goff disse que os países emergentes não estão liaridade moderna – por exemplo, alta produti-
imunes aos riscos de crise, mas que, em primeiro vidade, nova categoria de credores, crença não
lugar, esses riscos estão na China, por conta da muito fundamentada de que a nova geração é
excessiva oferta de crédito, acrescentando sobre mais esperta – torna o ciclo econômico presente
o Brasil: “Se estamos pensando no Brasil, é claro impermeável a crises.
que há riscos. Eles são óbvios, particularmente o Claro que a bolha imobiliária norte-america-
boom do crédito ao consumidor, a grande fatia na da década passada logo vem à mente, mas
de investimentos do governo. Mas provavel- Rogoff e Reinhart foram muito além – e desfru-
mente não seriam os maiores riscos no momen- tando da oferta sem precedentes de dados via
to, porque, em comparação com os países ricos, internet, cumpriram a tarefa de traçar modelos
o Brasil ainda parece estar ótimo”. usando dados de oito séculos e de 66 países, co-
O economista sabe bem do que fala, pon- brindo crises bancárias, crises de dívida, bolhas
derando sobre a necessidade de a Europa re- de ativos, inflação e câmbio.
conhecer a gravidade da crise não só na Grécia, Na entrevista feita por telefone em 7 de ou-
mas em países como Portugal e, talvez, Irlanda, tubro, em seu escritório na Universidade Har-
sem falar no problema das dívidas privadas na vard, Rogoff falou sobre a formação de bolhas e
Espanha. Há dois anos, contribuiu para um dos a gestão das crises subsequentes. Além de dar
mais abrangentes estudos de dados econômi- aulas, ele ainda joga xadrez.
divulgaçãO
odos de prosperidade, alguns longos, frequentemen-
te terminam em lágrimas. Eles devem ser evitados?
Kenneth Rogoff – Claro que você não quer evitar
prosperidade e não dá para evitar ciclos, e o melhor que
se pode é tentar fazer que o período de alta seja o me-
lhor possível e que o de baixa seja o mais curto possível.
Mas, ao esticar os anos de prosperidade, você tem de
tomar cuidado para não o fazer por meio de um boom
de crédito como os Estados Unidos fizeram no início
dos anos 2000, quando você tem, talvez, uns dois anos
de alta pela frente e, depois, um período de baixa muito
ruim. Mas, é claro, se nunca tivéssemos tido a Revolu-
ção Industrial, jamais teríamos recessões tão ruins, mas
isso não seria uma coisa boa.
NO CONGRESSO DE
CAMPOS, O BRASIL
FRENTE À CRISE GLOBAL
A segunda rodada da crise global e o fortalecimento da posição
brasileira dominaram os debates do 5º Congresso de Mercados
Financeiro e de Capitais, realizado no final de agosto, com a
presença de participantes de todo o mundo
tos. A China “vai ter de passar por um Getulio Vargas. Os avanços sociais e meus negócios e transformar planos
forte ajuste”, que reduzirá para 3% ao a expansão da classe média “são mais em realidade”. E, como enfatizou Pau-
ano, dentro de uma década, sua atual sustentáveis do que se imagina”, disse lo de Souza Oliveira Jr., diretor geral
taxa de crescimento, com consequên- Néri. Patrice Etlin, sócio e responsá- da BRAiN, o Brasil prepara novos
cias para todo o mundo. vel pelos investimentos no Brasil do passos rumo à integração no mercado
Mas, no Brasil, o secretário de fundo Advent International, mostrou global. A BRAiN trabalha para “coor-
Política Econômica do Ministério da que o mercado de capitais precisará denar as mudanças necessárias para
Fazenda, Márcio Holland, acredita ser ainda mais importante para for- que o Brasil se torne o centro finan-
que “desta vez foi diferente” (para- talecer o crescimento econômico, ceiro de investimentos e negócios na
fraseando o título do livro de Rogoff destacando outros trunfos do País – América Latina”.
e Reinhardt, ver resenha nesta edi- os investimentos que serão puxados Ao encerrar o 5º Congresso de
ção). Ao contrário dos países desen- pela Copa do Mundo e pelas com- Campos do Jordão, o diretor presi-
volvidos, disse ele, que cometeram modities, como o petróleo. Com o dente da BM&FBOVESPA, Edemir
muitos erros (lassidão monetária, pré-sal, o País passará do 17º para o Pinto, destacou a importância das
juros baixos, desregulamentação fi- 5º lugar entre os maiores produtores discussões para as tomadas de deci-
nanceira), o Brasil passou bem pela de óleo bruto do mundo, previu. Em são dos empresários brasileiros e das
crise de 2008 e está preparado para petróleo também investe o empresá- instituições financeiras. “Nossos mer-
enfrentar a severa desaceleração que rio Eike Batista, do grupo EBX, tam- cados estão preparados para receber
se avizinha. Isso será mais fácil graças bém presente em Campos do Jordão. os investidores”, assinalou.
à mobilidade social e à ascensão da “O mercado de capitais foi a mola ini-
classe média, apresentada pelo pro- cial para mim”, disse Eike. “Foi lá que *FÁBIO pAhIM É COORDENADOR EDITORIAL DA
fessor Marcelo Neri, da Fundação consegui os recursos para investir em REVISTA DA NOVA BOLSA.
A VOLATILIDADE É A MARCA
DOS TEMPOS
Mercados mais voláteis, como os de Ele afirmou também que a volatilidade é uma respos-
ta natural dos mercados financeiros a novas informações.
ações e de moedas, significam que Essas notícias, em períodos de crise, costumam vir rapida-
mente e em quantidade acima da média, aumentando as
muitas e novas informações surgiram incertezas dos investidores.
para os investidores e, num quadro Estudos realizados em 50 países entre 1990-2005
deram respostas interessantes, disse o economista, às
como o atual, em que os mercados dúvidas sobre a volatilidade. Ficou claro nesses estudos,
sofrem tantas influências, não seria por exemplo, que os mercados ficam mais voláteis quan-
do a inflação é alta e também quando a produção cresce
razoável pensar que os preços não em ritmo lento, além de períodos em que os juros de cur-
to prazo são elevados.
mudariam rapidamente, no mundo Para Engle, não se deve considerar a volatilidade como
todo, inclusive no Brasil vilã dos mercados: “Mercados mais voláteis significam que
muitas e novas informações surgiram para os investidores.
Não seria razoável pensar que os preços não mudariam em
POR THEO CARNIER* FOTOS AGÊNCIA LUZ
um quadro como esse. E se os novos eventos requerem mui-
tas mudanças, é melhor responder a eles agindo com rapidez”.
então uma armadilha de liquidez (que ocorre quando os Para lidar com esse quadro de oscilações, Engle reco-
juros estão baixos, mas a economia não se sente estimula- menda que se reconheça, em primeiro lugar, que não há
da a crescer). E o governo dos Estados Unidos optou pelo mercados sem volatilidade: “Os mercados andam muito
estímulo, adotando as ideias de (John Maynard) Keynes”. juntos atualmente”, avalia. Ele também considera inútil ten-
Essa receita deveria ser repetida agora? Engle considera tar controlar a volatilidade: “Deve-se fazer o gerenciamento
que a situação é diferente e requer outro tipo de medidas: do risco para tomar a decisão mais correta de investir”.
“Hoje precisamos de estímulos de curto prazo e de poupan- Com base nessas constatações, ele recomenda uma
ça do governo no longo prazo. Não é fácil para os políticos análise realista dos mercados: “Os preços vão continuar
fazer essa opção. Mas quando lares e empresas reduzem in- a oscilar bastante. E o custo de transações, que está em
vestimentos o governo deveria preencher esse vazio”. queda, vai continuar a cair, o que é uma ameaça para os
De olho nesse quadro, o especialista acredita que a ganhos. É preciso fazer um balanço entre custo baixo e a
volatilidade dos mercados tem três causas principais: a situação dos mercados para evitar perdas maiores. É uma
situação da economia global; a incerteza em relação ao situação que prevalece em todos os mercados do mundo –
sistema político dos Estados Unidos; e as dúvidas em re- o que significa que o Brasil também terá de operar dentro
lação à Europa, que parece incapaz de adotar uma política dessa nova realidade”.
racional para resolver seus graves problemas econômicos.
“Por isso, não estamos prevendo o fim da alta volatilidade”. *THEO CARNIER É JORNALISTA ECONÔMICO.
F oi na condição de um dos
mais qualificados economis-
tas brasileiros que o ex-dire-
tor do Banco Central e, atualmente,
economista-chefe do Itaú-Unibanco,
necessário para que se conclua o perí-
odo de desalavancagem). Resolver o
imbróglio seria mais fácil se existisse
consenso entre os democratas e os re-
publicanos, que compartilham o po-
Desfaz-se, assim, explicou, “a fan-
tasia” criada com a adoção do euro,
na década passada, de que uma moe-
da comum conduziria, naturalmente,
“à convergência dos juros”. Isso só se-
Ilan Goldfajn, impressionou os parti- der no Legislativo, sobre como agir. ria possível com a união fiscal, “o que
cipantes do 5º Congresso de Mercados O economista declarou-se preo- não é o caso”.
Financeiro e de Capitais, em Campos cupado com a Grécia, e com Portugal A possibilidade de reestruturação
de Jordão, ao afirmar que “os dados e a Irlanda, mas, muito “mais impor- de dívidas nacionais (ou seja, um ca-
macroeconômicos são mais sombrios tante”, com a Espanha e com a Itália. lote parcial, por assim dizer, controla-
do que os microeconômicos”, dando “Com juros baixos, esses países são do) foi considerada. “Numa reestru-
uma ideia das dimensões da nova crise solventes. Mas, com os juros atuais, turação ordenada, é preciso blindar
global – ou, como preferem explicar não são solventes”. os bancos, ante a impossibilidade de
outros economistas, da continuidade Para complicar as coisas, surgem transferências suficientes de recursos”.
da crise de 2008, pois de lá para cá o fatos novos – caso da defesa da pari- Mas se houver uma reestruturação de-
mundo não retomou o ritmo de cres- dade de moedas como o franco suí- sordenada, sem acordo, há o risco de
cimento anterior. ço (a Suíça, em setembro, anunciou uma crise bancária – “e esse cenário
Não há como pensar no Brasil, que sustentará a moeda na paridade não está descartado”. E o foco está na
alertou Goldfajn, sem olhar para o de um franco suíço para 1,2 euro) e o Europa, “onde se pode ter a ruptura”.
que ocorre nos Estados Unidos e na iene. “Isso muda o cenário”, alertou O problema é diferente nos Es-
União Europeia. E, num cenário de o economista. tados Unidos, centrando-se na hipó-
redução de dívidas, a começar daque- tese de um crescimento econômico
las dos consumidores norte-america- O quE SERIA umA RupTuRA inferior a 2% ao ano – e, possivelmen-
nos, “o esforço é para evitar recessão”. O cenário de ruptura, segundo te, de apenas 1,5%, neste ano. Mas,
O risco, disse o economista, não o ex-diretor do BC, “é de corrida aos admitiu, “não há consenso sobre o
se limita à piora do cenário, mas é de bancos”. Na União Europeia, enfa- ajuste fiscal – e os países costumam
uma “ruptura” – ainda mais na Euro- tizou, “estamos chegando a um mix demorar anos para decidir como vão
pa do que nos Estados Unidos, onde próximo ao da quebra do Lehman apertar os custos”.
o maior problema é o crescimento Brothers, mais perto, portanto, do ce- Como resultado das dificulda-
insuficiente para favorecer uma di- nário de ruptura”. Um sinal de piora des no mundo desenvolvido, haverá
nâmica melhor das dívidas (quanto da crise foi o aumento do risco dos “uma década perdida na União Euro-
menos o país cresce, maior é o tempo empréstimos interbancários. peia e nos Estados Unidos”.
a aLTa FREQUÊNcIa
VEIO paRa FIcaR
Os negócios de alta frequência conviverão, a partir de
agora, com a intermediação tradicional, explica o pre-
sidente da Rosenblatt Securities, Joe Gawronski: “Os es-
paços estão sendo compartilhados, embora a negocia-
ção eletrônica de alta frequência esteja crescendo”
POR THEO CARNIER* FOTOS AGÊNCIA LUZ
Apesar dessa atuação lucrativa, os HFTs tam- seguirão em busca de novas fronteiras de negociação,
bém perderam dinheiro após a crise de 2008. Ga- com a “commoditização” das negociações tornando os
wronski calculou que o lucro desses intermediá- mercados mais eficientes e mais líquidos. Além disso,
rios foi de US$1,2 bilhão, no ano passado, menos da as bolsas deverão buscar mais ganhos em atividades
metade do que ganharam em 2008. “A perda deles não relacionadas às transações, como serviços de tec-
também foi significativa”, disse. “A crise atingiu a to- nologia e inteligência de mercado. “Não acho que as
dos. Mas também se verifica que os negociadores corretoras tradicionais deixarão de existir”, enfatizou.
de alta frequência estão ficando mais maduros. Os “Elas vão assimilar as mudanças e descobrir novas ma-
grandes desse segmento estão se profissionalizando”. neiras de encontrar valor. Haverá mais fusões nessa
Para o presidente da Rosenblatt Securities, os modelos área. E as transações de elevada escala e baixa margem
híbridos – que incluem HFTs e intermediários tradi- vão se solidificar e serão cada vez mais comuns.”
cionais – deverão se expandir, no futuro, ganhando
espaço nas bolsas. Os negociadores dos dois modelos *ThEO CARNIER É JORNALISTA ECONÔMICO.
nal (em vigor de 2001 a 2014) acena com estímulos ao Dar um tranco dessas proporções no apetite dos
consumo e restrições a investimentos, sempre sob contro- chineses provocaria tremendas repercussões internas e
le, à moda chinesa. “Eles podem não querer, mas serão for- externas. Os beneficiários do atual quadro (a começar
çados a aumentar o ritmo”, disse Pettis. Se isso acontecer, por estatais, exportadores e bancos chineses) reagiriam
será uma nova revolução, só que não maoísta desta vez. com agudeza, pressionariam duramente e poderiam
colocar em risco até mesmo a estabilidade política do
TEmpERANçA E BAIxA RENDA regime – não é sem razão que o governo deseja man-
Os chineses (como, de resto, os asiáticos) são natural- ter as rédeas sob controle. Ampliação do consumo e do
mente poupadores, por temperança de caráter e baixa ren- mercado interno exigiria elevação dos padrões salariais
da. No ano passado, o consumo representava 40% do PIB (o que vem ocorrendo muito lentamente); alguma for-
(a taxa de investimento superava essa marca). Países como ma de proteção social (os chineses não têm previdência
Estados Unidos consomem 70% do PIB e a média mun- social nem seguro-saúde); valorização da moeda (que
dial é de 65% – até no Japão esse indicador é baixo (55%). também vem ocorrendo muito lentamente); e aumento
O plano governamental pretende elevar moderadamente dos juros para os depositantes.
o consumo, a 50% do PIB, mas Pettis, cético, desconfia Questões espinhosas, como se vê. As aplicações pes-
dessas intenções. “Nos últimos anos, a taxa vem caindo e soais dos chineses só podem ser feitas via bancos. É daí
este ano deve baixar a 35%”. Até para alcançar a modesta que, em grande parte, sai o dinheiro que financia os vul-
meta governamental (50%), há imensas dificuldades. “Na tosos investimentos (muitos dos quais comprovadamente
década passada, o consumo das famílias cresceu de 7% a sem viabilidade, inclusive na área imobiliária, ou meros
8% anualmente, enquanto o PIB avançava 10/11%. Para desperdícios). “O sistema de investimentos chinês ba-
obter crescimento moderado, de 6%/7%, por exemplo, o seou-se numa profunda transferência de renda das famí-
consumo das famílias teria de avançar 10%/11%, pois é lias para empresas estatais e bancos”, afirmou Pettis. Nesse
necessário que caminhe quatro pontos de percentagem quadro de endividamento, o financiamento barato elevou
mais rápido que o PIB”. as margens de lucro dos bancos (por força do spread entre
MODELOS DE
taxas de depósito e empréstimo) e lhes permitiu, até ago-
ra, administrar os créditos podres com alguma facilidade
(calcula-se que representem 7% do total). Além disso, o
governo está atento à saúde do sistema financeiro e vem
promovendo uma limpeza com o perdão de dívidas a ju- DERIVATIVOS QUE
ATENDAM AOS
ros baixos ou negativos. Mas uma retransferência de ren-
da acoplada a mudanças no padrão de crescimento pode
produzir abalos na aparente higidez do sistema bancário,
obrigando até mesmo a uma recapitalização.
ImuNIDADE ALImENTAR
INVESTIDORES
As consequências da mudança no modelo chinês são Nos últimos 100 anos, oito das dez maiores
evidentes e nem sempre para o mal – mais importações chi-
nesas representam, por exemplo, algum alívio para o déficit variações nos preços das ações do índice
comercial norte-americano. Serão mais ou menos impac-
tantes conforme o cenário de desaceleração gradual (como S&P500 negociadas em Nova York foram
quer o governo chinês), atualmente majoritário – mínimo para cima, ao contrário da crença comum
de 7% de crescimento –, ou o cenário pessimista traçado
por Pettis, de 3% de crescimento. O que muda é a natureza dos aplicadores que as oscilações são prin-
e o volume dos bens transacionados. Exportadores de com-
modities, como Brasil e Austrália, parecem ficar na berlinda.
cipalmente para baixo, segundo Bruno
Mas os sinais são mistos. No caso brasileiro, as exportações Dupire, da Bloomberg
de ferro, aço e outras commodities metálicas serão afetadas
– um pouco mais, um pouco menos. Alimentos (e talvez
petróleo/energia) podem até sair ganhando: o aumento do POR THEO CARNIER* FOTOS AGÊNCIA LUZ
poder de compra chinês não só eleva a demanda por comi-
da em geral como também a demanda por comida “mais
N
nobre”, como carnes e produtos lácteos. E ainda pode haver ão há um modelo ideal para negociar derivati-
um consolo: teremos dez anos para, se formos espertos (o vos, afirmou Bruno Dupire, chefe de Pesquisa
que inclui a Vale e siderúrgicas), readequar nossa economia Quantitativa na Bloomberg LP, no 5º Congres-
paralelamente ao processo de ajuste chinês. so Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais.
Como o processo está em pleno andamento, é cedo Os modelos têm de estar em linha com dados estatísticos
para apontar os números que a nova revolução chinesa e incluir não apenas o preço, mas o risco residual e a exis-
produzirá. Só se pode afirmar com firmeza, e com alguma tência de hedge.
responsabilidade, que a China terá de promover mudan- Os preços de derivativos, enfatizou, “contêm informa-
ças estruturais para corrigir seus desequilíbrios. “Prova- ções preciosas” para o investidor, que devem ser detectadas
velmente, tudo o que se ouve no Ocidente sobre a China pelos modelos de negociação. Os modelos devem ser ado-
está errado; não acreditem quando se fala que o modelo tados em consonância com a necessidade ou a visão do in-
chinês é magnífico, um milagre”, afirmou Michael Pettis vestidor, dependendo de uma avaliação independente.
aos participantes do 5º Congresso, reforçando sua visão O mercado, lembrou, adota vários modelos, como o
pessimista. Ele escapa da armadilha das metas. “Quando Black-Scholes, que leva em conta uma volatilidade cons-
a economia chinesa vai se ajustar? Quais os limites para a tante, e o Local V Model, que determina uma volatilidade.
dívida? Não sei. Só sei que será dramático”, disse. Todos eles têm prós e contras. Mas, além de terem com-
Tudo vai depender da capacidade dos (novos) go- provada eficiência, não se pode ignorar as características e
vernantes de reunir força política e promover consensos, os planos dos investidores.
blindando o regime. Se isso ocorrer, talvez a inevitável de- Nesse cenário, entra o gerenciamento de risco, que
saceleração não leve aos 3% do pior cenário. também é volátil. “Deve-se levar em conta premissas
como a que diz que se a volatilidade é representada por
*JOSÉ ROBERTO NASSAR É JORNALISTA EcONÔmIcO. um número, o risco também poderá ser”, explicou. “Da
mesma forma, se a volatilidade for representada por uma foram para cima. Se restringimos o período para 10 anos,
curva, o risco também deve ser mostrado dessa maneira”. 6 em 10 oscilações bruscas foram de alta”.
Acima de tudo, “cada ativo é um ‘animal’ diferente, com Em sua palestra, Dupire disse também que na nego-
diferentes graus de volatilidade e de risco”. ciação dos derivativos o mercado deve dar igualdade de
Dupire assinalou que é preciso fazer algumas mudan- condições a compradores e vendedores, “que devem ter
ças em relação à modelagem de derivativos. Os modelos o risco distribuído na mesma proporção”. Na avaliação do
atuais são pouco dinâmicos, dando prioridade a transa- especialista, o que motiva a maioria das transações nas
ções matemáticas, em detrimento de uma visão realista bolsas é a diferença entre a visão do mercado e as opiniões
sobre os negócios. “Existe também um uso equivocado subjetivas dos participantes. Ele considera importante ter
de modelos em situações de mudanças abruptas de mer- ferramentas “que revelem as afirmações que os mercados
cado”, analisou. “O erro decorre principalmente de uma implicitamente fazem sobre o futuro” e que os modelos
visão largamente adotada pelo mercado que, no entanto, é podem ser importantes nesse processo, “desde que ade-
incorreta: a de que as variações dos preços, principalmen- quados a necessidades específicas e em linha com os mer-
te das ações, são principalmente para baixo”. Essa visão é cados a que se aplicarão”.
desmentida pelos fatos: “Estudando as variações de mer-
cados em 100 anos do índice S&P500, da Bolsa de Nova
York, verificamos que 8 dos 10 maiores saltos das cotações *THEO cARNIER É JORNALISTA EcONÔmIcO.
IMPORTÂNCIA DA EXECUÇÃO
CORRETA DE UMA ORDEM
Tantas são as estratégias disponíveis para executar uma operação
que os operadores chegam a hesitar na hora de escolher entre
elas, analisa o especialista Jim Gatheral, lembrando que a fórmula
da raiz quadrada empregada para avaliar o preço dos ativos e o
impacto de cada investidor no mercado tornou-se inadequada
POR THEO CARNIER* FOTOS AGÊNCIA LUZ
Escolhida a estratégia
adequada, a economia
de custos do investidor
na execução de uma
ordem pode ser reduzida
em 25%, em média
paulo de sousa oliveira junior, diretor presidente da brain – brasil investimentos e negócios
Um dos grupos de trabalho concentra-se no “doing setores privado e público. “O BID está cooperando”, infor-
business”, ou seja, na busca de condições que facilitem os mou Paulo Oliveira, e tem havido “boa receptividade” dos
negócios e o empreendedorismo, analisando a burocracia bancos centrais e das autoridades reguladoras (as “CVMs”
(é conhecida a lentidão com que se aprova a entrada e a de cada país). A BRAiN pretende, além disso, “inserir suas
criação de novas empresas no Brasil, como demonstram propostas nas discussões bilaterais de que o governo bra-
estudos feitos anualmente pelo Banco Mundial) ou escru- sileiro participa”.
tinando o sistema tributário. Outro GT, criado adequada- Todas essas ações foram desenhadas para dar suporte
mente sob a rubrica “Talentos”, atenta para um ponto-cha- ao plano original que levou à criação da entidade. O traba-
ve: a educação. Radiografa os avanços e os pontos críticos lho, mesmo que de longo prazo, já está em andamento. E,
da formação do capital humano, incluindo os apagões de além de os ventos soprarem a favor, “está chovendo bas-
mão de obra que já afetam alguns setores. tante na nossa horta”, afirmou Paulo Oliveira. Neste caso,
No plano da conectividade com outros países, a o próprio nome da entidade é revelador, disse ele, sem te-
BRAiN prepara estudo comparativo da regulação do sis- mer o trocadilho: B – rain.
tema financeiro. Evidentemente, a integração financeira
da AL “depende de um longo trabalho”, que envolverá os *JOSÉ ROBERTO NASSAR É JORNALISTA ECONÔMICO.
Na opinião de Arida, também são modernizaria, propiciando mais efi- nossa taxa de crescimento”. Todos,
três as “óbvias” distorções, “claramen- ciência à economia. de certa forma, remetem à questão
te disfuncionais”: o Fundo de Garan- O sistema FAT segue a trilha do do crédito direcionado, que segue
tia do Tempo de Serviço (FGTS), o FGTS, embora seja ainda “mais es- suscitando debates candentes – e
Fundo de Amparo ao Trabalhador tranho”. Híbrido, nem aparece como eles surgiram ao final das palestras
(FAT) e a caderneta de poupança. poupança. É um imposto que as no evento do iFHC. Seus defenso-
São arranjos feitos em períodos de empresas pagam e que também não res, dentro e fora do governo, argu-
alta inflação, polêmicos, politicamen- passa pelo orçamento. Em ambos os mentam que o crédito direcionado é
te indigestos, e não estão na agenda casos, os recursos são emprestados a um instrumento que garante recur-
do governo. O FGTS é algo entre se- taxas abaixo das do mercado, o que sos para políticas públicas voltadas a
guro-desemprego [foi concedido em tem “consequência óbvia”: a Selic, objetivos especialmente prioritários
1964 como compensação para a ex- taxa geral de juro, tem de ser mais ou sensíveis – como habitação, sa-
tinção da estabilidade no emprego] e alta do que precisaria ser. “Beneficia- neamento, outras áreas sociais (e até
aposentadoria e como tal colide com se um grupo de empresários às ex- produção de alimentos). Sem ele, o
esses dois. Tem garantia da União, pensas de todo o resto da sociedade. dinheiro cairia na vala comum e po-
mas é antes de mais nada um enorme Se não tivéssemos esses mecanismos deria procurar outros destinos. Arida
imposto, regressivo, se for compara- artificiais de precificação, haveria não concorda. Lembra que, quando
da a rentabilidade que ele oferece à certamente uma Selic mais baixa, foi diretor do Banco Central, nos
do mercado financeiro – “mistura de tudo o mais constante”. anos 1980, havia um imposto que
poupança compulsória com taxação A caderneta de poupança, por os bancos pagavam toda vez que al-
sobre os trabalhadores”. sua vez, é mais um arranjo institu- guém dava um cheque sem fundo (o
cional herdado dos tempos inflacio- Funcheque) – o que naturalmente
TUTELA ANTICIDADÃ nários, quando havia correção mo- repassavam para a taxa de juro – e o
A quem beneficia esse imposto? netária mais os 6% atuais. Embora dinheiro era repassado para a educa-
– indaga Arida, se ele não passa pelo voluntária, tem garantia do Tesouro, ção. “Zerei a alíquota e caiu o mun-
orçamento da União, pois vai direto o que justifica rendimento menor do do”. As pessoas diziam que educação
para os empresários que usam esses que os juros de mercado, e destina- era um problema crítico e que aquilo
recursos. “Justifica-se essa taxação e se a oferecer um crédito direcionado, custeava livros para o Nordeste. É
essa transferência entre classes para como o FGTS e o FAT. “Coisa óbvia certo, o dinheiro ia para algum lugar,
usar um termo marxista? A resposta de uma economia eficiente é deixar pelo menos em parte. Mas “vale
é não”. Será que o trabalhador, que a poupança escoar livremente para a pena esse tipo de arranjo? Não”.
elege presidentes e é responsabiliza- o investimento. Se você canaliza, Sem essas limitações, o dinheiro se-
do até criminalmente por seus atos, segrega, cria mercados cativos, você ria mais bem canalizado se passasse
não tem capacidade de administrar está criando distorções”, argumen- pelo orçamento. Governo e parla-
seu próprio dinheiro? “Existe um ta Arida. Poupança, segundo ele, é mentares decidiriam em conjunto o
pressuposto de tutela estatal sobre o que menos distorce entre os três, seu destino, o mercado diminuiria a
a poupança que vai contra qualquer mas cria potencialmente um piso taxa de juro dos empréstimos, a ar-
ideia moderna de cidadania”. Manei- para a taxa de juro. Se algum dia a recadação de impostos e a atividade
ras de reformar o sistema existem, taxa nominal de juro brasileira che- econômica cresceriam. “Sempre ha-
segundo Arida, e passam pelo mer- gar perto de 7%/7,5% e a poupança verá alguém para dizer: esse dinheiro
cado: os trabalhadores poderiam continuar rendendo 6%, com garan- vai sumir, não vai para os livros do
aumentar a remuneração de seu tia do Tesouro, “em algum momento Nordeste. Não é necessariamente
FGTS, escolhendo que instituição fi- será preciso mexer nisso”. verdade. Quando se elimina uma
nanceira vai administrar os recursos, distorção, há um ganho de eficiência
num ambiente de competição, re- CRÉDITO DIRECIONADO que quase sempre, como regra bási-
gulação e moderação no sentido do Uma reforma nesses três pontos ca, mais do que compensa”.
risco – vários países do mundo têm da agenda “certamente tornaria a
coisa parecida no caso de poupança economia mais eficiente, aumentaria *JOSÉ ROBERTO NASSAR É JORNALISTA
compulsória. Com isso, o sistema se a poupança privada e se refletiria em ECONÔMICO.
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ensaio
pequeno investidor
Entre os mais amplos e variados textos encon-
trados na web estão os que tratam do pequeno
investidor e de como ensiná-lo a aplicar a sua
poupança. Existem as mais variadas dicas sobre
como investidores com esse perfil podem ganhar
dinheiro no mercado financeiro
POR FABIO GALLO GARCIA*
desde o início: risco e retorno. As- mos com a impressão de que basta investido, ou seja, a importância
sim, é essencial mostrar que investir correr mais risco, que iremos ganhar do investimento em relação ao or-
significa aplicar os recursos acumu- mais. Na verdade, o correto é dizer: çamento do investidor.
lados (poupança) em algum ativo fi- “quanto maior o risco, maior o retor- Naturalmente, uma pessoa com
nanceiro, na expectativa de um retor- no esperado”. Note que a diferença mais idade e com patrimônio pesso-
no, no futuro. Neste aspecto, quando entre as frases é a palavra “esperado”, al mais elevado não está, em geral,
falamos do futuro estamos no campo porque quanto maior o risco, menos disposta a correr riscos altos. De
da incerteza. Quando medimos a in- certeza teremos do retorno. Mas, sim, maneira diferente, um jovem solteiro
certeza, estamos calculando o risco esperamos obter um retorno maior. que possua uma quantia substancial
associado àquele retorno. Em outros Justamente no aspecto risco en- de dinheiro no banco e que não te-
termos, quando se fala da incerteza contramos uma das dificuldades de nha utilidade para esses recursos, no
está se falando do risco associado a mercado. Como avaliar corretamen- curto prazo, pode se atrever a correr
perda ou prejuízo. Ou seja, trata-se te o grau de risco dos investimentos? riscos bem mais altos.
da possibilidade de ocorrência de Uma classificação geral e relativa Para ajudar no processo de deci-
evento desfavorável. Qualquer tipo entre os diversos ativos financeiros são sobre o grau de risco mais indica-
de aplicação apresenta algum grau pode ser vista na Tabela 1. do para o investidor, veja a Tabela 2.
Tabela 1
Tabela 2
IMpORtânCIA DO InvestIMentO
curto 0 1 3
p
R
A médio 1 2 4
z
O
longo 2 3 5
A Tabela 2 mostra a graduação CDB, outra parte, em fundo de ren- que possamos ter uma visão mais ade-
de riscos de 0 a 5, considerando as da fixa e outra, em fundo de ações. quada sobre investimentos, particular-
duas variáveis (prazo e importância A diversificação é algo que deve mente acerca do pequeno investidor.
do investimento). O nível 0 signifi- ser buscado sempre. No entanto, te- Economia tem origem grega no
ca que o investidor não pode correr mos de considerar os custos da diver- termo Oikonomia, que, por sua vez,
risco e o nível 5 indica que ele pode sificação. Devemos lembrar que toda é composto de oikos e da raiz nem.
correr risco muito alto, investindo aplicação traz taxas de corretagem, Oikos significa casa, propriedade, lar.
em ativos muito arriscados. tributos e outros gastos que podem E a raiz nem assume o sentido de re-
Por outro lado, quem nunca ou- reduzir muito o retorno esperado das gular, organizar, administrar. Assim,
viu aquele velho conselho da vovó: nossas aplicações. Assim, também te- economia é, em essência, adminis-
“Filhinho, não coloque todos os mos de entender que a diversificação tração da casa, cuja condução deve
ovos na mesma cesta porque, se ela não é para todos os bolsos. No caso ter como princípios a garantia de sua
cair todos, os ovos irão quebrar”. do pequeno investidor, muitas vezes, perenidade e bem-estar. Extraímos
O mundo de finanças considera a diversificação não é aplicável em seu assim de Xenofontes e Aristóteles
esse conselho uma de suas máximas. sentido mais amplo. Mas, podem ser uma importante lição de que qual-
O que está por trás dessa frase é o indicados produtos financeiros que quer que seja a condução de nosso
conceito da diversificação. Diversifi- contenham naturalmente ativos di- dinheiro, ele deve ter em vista a ma-
car é aplicar o dinheiro em vários ati- versificados em sua concepção, como nutenção de nosso bem-estar.
vos financeiros. Assim, manteremos fundos de ações, fundos imobiliários,
o retorno médio esperado e teremos índices de ações etc. *FABIO GALLO É PROFESSOR DE FINANÇAS DA
PUC-SP E FGV-EAESP, RESPONSÁVEL PELA CO-
o risco total reduzido. Por exemplo: Finalmente, devemos lembrar o LUNA “SEU DINHEIRO” NO JORNAL O ESTADO
parte do dinheiro é aplicada em significado da palavra economia para DE S. PAULO E RÁDIO ESTADÃO ESPN.
rts Group
Tem infraestrutura de negocia-
ção e liquidação integrada e
fornece serviços de alta quali-
dade e é considerada uma das
mais importantes operadoras
de derivativos. Seu mercado
de derivativos FORTS está en-
tre os dez mais importantes do
mundo. RTS também opera a
RTS Standard, um mercado de
ações a vista, em que negócios
são realizados com depósito
parcial de garantias com liqui-
dação em D+4.
FOtOS: DIVULgAçãO
Nse
A National Stock Exchange of
India foi fundada por algumas
das instituições financeiras
mais importantes da Índia e
começou a operar em junho
de 1994. Em um ano, tornou-
se a maior bolsa de valores
da Índia. Tem destaque no
ranking mundial, ocupando o
4° lugar em volume de nego-
ciações com ações, o 2° lugar
em opções sobre ações, e o
3° lugar tanto em futuros de
ações, como em futuros de
índices de ações.
FOLhAPRESS
HKex
Opera no mercado de títulos e de derivativos
em Hong Kong, além das clearings desses
mercados. Abriu o capital em 2000 e hoje
é uma das maiores operadoras de bolsa do
mundo, na capitalização das suas ações.
micex Group
É uma bolsa integrada, com um con-
junto completo de serviços competi-
tivos voltada a participantes dos mer-
cados financeiros, incluindo nego-
ciação, compensação e liquidação, e
serviços de depositária e de informa-
ção. A Micex está entre as 20 maio-
Jse
res bolsas do mundo em volume de
única bolsa de títulos de África do Sul, conecta compra- ações negociadas, e está negociando
dores e vendedores dos mercados de ações, de deriva- uma fusão com a RTS – outra bolsa
tivos sobre ações, derivativos de câmbio, derivativos de russa de grande escala.
commodities e derivativos de juros. Está entre as 20 maio-
res bolsas de valores do mundo em capitalização bursátil. *THEO CARNIER É JORNALISTA ECONÔMICO.
o BM&FBoVESpa Vai
ao CaMpo CHEGa ÀS CiDaDES-
CHaVE Do aGroNEGÓCio
Em quatro anos, o módulo rural do programa de popularização
atendeu mais de 15 mil pessoas das 31 cidades mais importan-
tes para o agronegócio – ou seja, para o setor que mais contribui
para o equilíbrio do balanço de pagamentos
POR SÍLVIA PENTEADO* FOTO AgêNcIA Luz
conQUisTa inÉdiTa de
Fabiana MUrer no
MUndial de aTleTisMo
Mais do que um sonho, a conquista da medalha
de ouro na Coreia do Sul foi possível graças ao
treinamento proporcionado pela BM&FBOVESPA
e pelo técnico, Elson Miranda, que se formou
com os maiores especialistas do mundo
POR SÍLVIA PENTEADO* FOTO AgêNcIA Luz
Fabiana quer agora ajudar a para a formação de novos atletas, Passados os Jogos Pan-America-
formar novos campeões. Paralela- que receberá crianças a partir de nos de Guadalajara, Fabiana ganha
mente aos duros treinos – seis ho- seis anos. “A gente precisa apoiar os um mês de férias mais do que me-
ras diárias em dois períodos, cinco jovens que estão começando, para recidas. Na volta, começa a pensar
vezes por semana, quando não está conseguir melhores resultados e au- na Olimpíada de Londres. “Não me
em competição; de três a quatro mentar o nível do atletismo no País. sinto hoje preparada para esse novo
horas por dia, seis dias por semana, Eu tive esta sorte desde que come- desafio.” Mas não são os mesmos
em época de competição –, ela vai cei, então acho que logo poderemos atletas que venceu na Coreia? “Sim,
se dedicar ao Projeto Categoria de ter mais gente conquistando meda- mas o clima é outro. Todos os atletas
Base, da BM&FBOVESPA, voltado lhas”, avalia. encaram a Olimpíada como o maior
desafio de sua carreira e tentam se
superar.” Além do mais, Fabiana che-
CluBE dE ATlETiSMO ga a Londres na condição de atual
Não é coincidência que os princi- de, que atenderá 80 crianças de 6 a 11 campeã mundial, ou seja, a compe-
pais destaques do atletismo brasileiro, anos. E pela Formação, para 90 crianças
tidora a quem todos querem vencer.
como Vanderlei Cordeiro de Lima, Maur- e adolescentes de 12 a 18 anos, que
ren Higa Maggi, Jadel Gregório, Maríl- visa ao desenvolvimento de polos que Mas tanto a atleta quanto seu
son Gomes dos Santos e Fabiana Murer, já atuam com atletismo, com aporte técnico estão otimistas, pois acredi-
tenham seus nomes ligados à história financeiro para infraestrutura, bolsas, tam que são muitas as possibilidades
do Clube de Atletismo BM&FBOVESPA. capacitação e coordenação técnica. A de ela saltar 5 metros. “Esse vai ser o
Já em 1990, a então BM&F iniciava sua princípio, serão três polos-piloto: Cam- nosso objetivo.” Nessa busca, a cola-
ligação com o esporte, escolhido não pinas, São Caetano do Sul e São José
só por sua tradição em Jogos Olímpi- do Rio Preto, com 30 participantes em
boração do técnico Petrov é consi-
cos, mas também por ser o que poderia cada um. Vanderlei Cordeiro de Lima, derada fundamental. “Aprendi com
proporcionar maior inclusão social de medalhista olímpico em Atenas, em Vitaly que sempre é possível evoluir.
jovens carentes, que sempre foi o foco 2004, é o padrinho do projeto. Ele tenta coisas com Fabiana que
do projeto social da Bolsa. Como afirma o coordenador téc- nunca tentou com Yelena ou Bubka.
O Clube de Atletismo nasceu em nico do projeto, Ricardo D’Angelo:
O trabalho vem dando certo e não
2002 para dar continuidade ao patro- “Basicamente, vamos colocar todo o
cínio do esporte, já com mais de 25 expertise de 20 anos do Clube, nos só com Fabiana. Fábio (Gomes da
atletas. Com a fusão das bolsas e a re- trabalhos de formação. Nós, técni- Silva) foi oitavo no Mundial, Thiago
formulação da estrutura da instituição, cos, nunca perdemos contato com (Braz) foi prata na Olimpíada da Ju-
em 2010, passou a integrar o Instituto potenciais atletas. Agora vamos for- ventude”, lembra Elson.
BM&FBOVESPA, comandado por Sonia malizar isso, com todo o percurso da Para Fabiana, a Olimpíada é um
Favaretto, que também é diretora de formação”. Ele ressalta que o objetivo
Sustentabilidade da Bolsa. “A decisão é a formação de atletas e cidadãos. desafio ainda mais importante que
de integrar o Clube de Atletismo ao Para Edemir Pinto, a conquista de Fa- para os demais, pois foi na anterior,
Instituto mostra que o compromisso da biana no Mundial comprova que o em Pequim, que passou por um dos
Bolsa com o esporte é de longo prazo.” Clube está no caminho certo. “Nossa piores momentos de sua carreira:
De 2002 a 2010, o Clube conquis- intenção, agora, é torná-lo ainda mais uma de suas varas sumiu. “Desta vez,
tou o título do Troféu Brasil de Atletis- completo, ampliar seu impacto no
estamos cercando tudo o que pode
mo nove vezes consecutivas. Chegou desenvolvimento do atletismo nacio-
então a hora de ampliar o trabalho. nal e promover a inclusão social por dar errado, incluindo a escolha da
Em setembro, durante a homenagem meio do esporte.” companhia aérea que vai transportar
pela conquista da medalha de ouro A nova fase já começa bem. Me- as varas”, garante Elson.
em Daegu, o diretor presidente da Bol- nos de um mês após sua criação, foi O Clube de Atletismo
sa, Edemir Pinto, anunciou o Projeto identificado pelo menos um grande BM&FBOVESPA tem patrocínio do
Categoria de Base, cujo objetivo é o talento no Clubinho de Paraisópolis,
desenvolvimento integral no esporte. Everton Moreira Gonçalves. Ele pas- Pão de Açúcar, Nike e Prefeitura de
É integrado pelo Clubinho, instalado sou na avaliação e já foi integrado à São Caetano. Fabiana ainda tem pa-
em Paraisópolis, no Espaço Esportivo e equipe que treina no polo de São Ca- trocínio individual do Pão de Açúcar
Cultural BM&FBOVESPA, com aulas vol- etano do Sul, cidade parceira histórica e da UCS.
tadas para a Iniciação no atletismo, de do clube, onde a Bolsa está investin-
forma lúdica, com professores treina- do R$15 milhões em um novo centro
dos e equipamentos adequados à ida- de treinamento. *SÍLVIA PENTEADO É JORNALISTA.
Há mais de 25 anos no mercado, a Futura está entre as mais sólidas e respeitadas corretoras do País.
Sócia-fundadora da BM&F, a Futura possui grande atuação nos segmentos de derivativos financeiros e agropecuários,
além de forte presença em renda variável, home broker e mercado de balcão.
A qualificação técnica e experiência de seus profissionais, aliadas ao atendimento personalizado aos seus clientes,
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em revista
DIA DA EMPRESA
A Hrt Participações em Petróleo realizou, em
24 de outubro, o Dia da Empresa, marcando
o primeiro aniversário de sua listagem na
BM&FBOVESPA. A HRT convidou membros da
trOFÉU
traNsParÊNCia
Pelo terceiro ano consecutivo, a BM&FBOVESPA
recebeu o Troféu Transparência da Associação Nacional
dos Executivos de Finanças, Administração e Contabi-
QUER SER SÓCIO? lidade (Anefac), Fundação Instituto de Pesquisas Con-
TEM 1 MILHÃO DE tábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) e Serasa Expe-
rian. A Bolsa é uma das cinco companhias premiadas na
ACESSOS categoria “Empresas de capital aberto com faturamento
de até R$ 8 bilhões por ano”. Criado em 1997, o prêmio
Em outubro, o portal Quer ser Só- incentiva a transparência e a boa governança corporati-
cio? da BM&FBOVESPA ultrapassou a vas no mercado. “Receber este prêmio é ter um selo de
marca de 1 milhão de acessos desde qualidade nas nossas demonstrações financeiras, é uma
o lançamento, em agosto de 2010, forte demonstração ao mercado de que praticamos valo-
com a média diária de 2.416 aces- res que defendemos”, disse o diretor Financeiro da Bol-
sos. No site da campanha educativa sa, Marco Túlio Padilha.
da Bolsa, www.quersersocio.com.br,
Marco Tulio Padilha,
o público encontra vídeos didáticos
DIVULgAçÃO
diretor financeiro
sobre o mercado, acesso a cursos da BM&FBOVESPA
presenciais e on-line, dicas para co- (ao centro) e Paulo
Claver, gerente de
nhecer seu perfil e começar a investir, contabilidade da
informações que ajudam na escolha Bolsa, (à direita)
da corretora e esclarecimentos sobre durante a entrega do
Troféu Transparência
os riscos do mercado de capitais. 2011
74 REVISTA
REVISTA DADA
NOVA BOLSA
NOVA BOLSA
MAIS SERVIçOS NO SMARTPHONE GIGANTES
A BM&FBOVESPA passou a disponibilizar em outubro mais uma no-
vidade aos usuários de smartphones e tablets de 7 polegadas com sistema
GLOBAIS
Android 2.0. Uma atualização da versão que era usada permite acompanhar NA BOLSA
as cotações dos índices negociados na Bolsa, das ações listadas, dos contra-
tos futuros e de commodities e das notícias do mercado em tempo real ago- BRASILEIRA
ra com recursos gráficos interativos. O novo aplicativo para smartphones e
tablets com sistema Android está disponível para download gratuitamente Desde 17 de outu-
no Android Market. bro é possível negociar
na BM&FBOVESPA dez
programas de BDR Ní-
vel I Não Patrocinado,
de grandes corpora-
ções mundiais, emiti-
dos pelo Banco Brades-
co no Mercado de Bal-
cão Organizado. O Bra-
desco foi o vencedor
do terceiro processo de
concorrência entre ins-
tituições depositárias.
Os programas compre-
enderão os certificados
das seguintes compa-
nhias: American Ex-
press Company; AT&T;
NAS PISTAS DE gUADALAJARA Bristol-Myers Squibb;
O Clube de Atletismo BM&FBOVESPA participou da equipe bra- IBM (International Bu-
sileira que disputou os Jogos Pan-americanos de Guadalajara, no Méxi- siness Machines Cor-
co, em outubro, com 28 atletas (12 homens e 16 mulheres). Entre os poration); Johnson &
destaques, Marílson Gomes dos Santos, recordista sul-americano dos Johnson; Kraft Foods;
10.000m, Ana Cláudia Lemos Silva, recordista do continente nos 100m Pepsico; Visa; Boeing; e
e nos 200m rasos e Fabiana Murer, campeã mundial do salto com vara. O Walt Disney Company.
Clube de Atletismo integra o Instituto BM&FBOVESPA e tem parceria Os BDRs (Brazilian De-
com a Nike, o Pão de Açúcar e a Prefeitura de São Caetano. positary Receipts) são
certificados de depósi-
Ouro (4) to emitidos e negocia-
• Ana Cláudia Lemos Silva, nos 200m e no revezamento 4x100m dos no Brasil com lastro
• Marílson Gomes dos Santos, nos 10 mil metros em valores imobiliários
• Aílson Feitosa e Nilson André, no revezamento 4x100m emitidos por empre-
Prata (5) sas estrangeiras. Os
• Cruz Nonata, nos 5 mil m e nos 10 mil metros certificados não patro-
• Fabiana Murer, no salto com vara cinados são emitidos
• Joelma Neves Souza, Bárbara Farias de Oliveira, Geisa Coutinho por uma instituição
e Jailma Sales de Lima, no revezamento 4x400m depositária sem envol-
• Hudson Santos de Souza, nos 3 mil metros com obstáculos vimento da companhia
estrangeira emissora.
Bronze (3)
• Joílson Bernardo da Silva, nos 5 mil metros
• Ronald Julião, no lançamento do disco
• Geisa Coutinho, nos 400m REVISTA
REVISTA DADA BOLSA 75
NOVABOLSA
NOVA
em revista
BOVESPA MAIS
Em 3 de outubro, o toque de
campainha que simboliza o iní-
cio do pregão da BM&FBOVESPA
marcou o ingresso da Desenvix
Energias Renováveis S.A. no Bo-
vespa Mais, segmento de acesso
voltado para empresas que dese-
jam entrar no mercado de forma
gradual. Dedicada ao desenvolvi-
mento, implantação e operação
de projetos de geração de energia
elétrica a partir de fontes renová-
veis, a Desenvix é a segunda com-
panhia listada neste segmento
considerado de grande potencial
de atratividade principalmente
para as empresas de pequeno e
médio portes que buscam uma
estratégia diferenciada de ingres-
so no mercado de ações.
76 REVISTA
REVISTA DADA
NOVA BOLSA
NOVA BOLSA
EXPOSIçÃO CELEBRA 25 ANOS
DE RODA VIVA
O Espaço Cultural BM&FBOVESPA e a Fundação Padre An-
chieta apresentam ao público a partir de 23/9 a exposição “Roda Viva
25 anos, o Brasil passa por aqui”, com 25 desenhos produzidos pelo
cartunista Paulo Caruso no decorrer da história do programa.
As charges foram escolhidas pelo próprio artista, que também as-
sina a curadoria, dentre as mais marcantes nos 25 anos do programa.
O ex-governador do Rio Leonel Brizola, o médico americano Patch
Adams, o rapper Mano Brown e o cineasta José Padilha são alguns
dos entrevistados no programa que tiveram o registro eternizado em EM BUSCA DO
poucos minutos nas tintas do cartunista. Essas são algumas das char-
ges que estarão em exposição no Espaço, acompanhadas de legenda INVESTIDOR-
relacionando o contexto. Respostas, posturas ou pequenos gestos ex-
pressados pelos entrevistados durante as sabatinas serviram de inspi-
ANJO
ração para os desenhos. Um grupo de 16 empre-
Durante as duas décadas e meia de Roda Viva, Caruso produziu sas do Rio de Janeiro en-
mais de 1.200 charges, que adicionaram humor e dinamismo aos as- controu-se, em outubro,
suntos abordados pelos convidados. com um grupo de investi-
A mostra também oferece ao visitante a possibilidade de assumir o dores-anjo – profissionais
papel de entrevistado em um cenário interativo, desenhado por Caruso experientes que investem
para a comemoração. O público pode tirar fotos no centro da Roda, ao recursos em empresas ini-
lado dos desenhos de todos os apresentadores que passaram pelo pro- ciantes com potencial de
grama e personalidades brasileiras e estrangeiras entrevistadas. crescimento. O grupo tam-
A exposição fica em cartaz até 30/12 no Espaço Cultural. bém dialogou com fundos
O Espaço Cultural BM&FBOVESPA está localizado na Praça de “capital semente”, que
Antonio Prado, 48, no Centro de São Paulo, e fica aberto à visitação investem em empresas nas-
pública de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h. A entrada é franca. centes. O encontro foi pro-
movido pelo Instituto Edu-
cacional BM&FBOVESPA,
em parceria com a Financia-
dora de Estudos e Projetos
(Finep), como parte do 11º
Seed Forum Finep, no Cen-
tro de Convenções da Bolsa
do Rio. As empresas, que
poderão receber aportes
de até R$2 milhões, estão
associadas a incubadoras
e foram previamente sele-
cionadas pela Finep pelos
seguintes critérios: etapa
de desenvolvimento pré-
operacional ou operacional,
faturamento de até R$16
milhões por ano e sede no
Estado do Rio de Janeiro. Os
empresários passaram por
dois meses de treinamen-
to no Instituto Educacional
BM&FBOVESPA e na Finep.
REVISTA
REVISTA DADA BOLSA 77
NOVABOLSA
NOVA
ON-LINE
hormônios
Pesquisa realizada pelo neu-
rocientista e ex-trader John Co-
ates, da Universidade de Cam-
bridge, concluiu que a ação dos
hormônios é muito mais respon-
sável pelas decisões de investi-
mento do que se imagina. Quan-
do os operadores estão com sor-
te, seus níveis de testosterona
aumentam, ativando tamanha OPORTUNIDADES
euforia que os leva a subestimar A Bolsa da Coreia (KRX) discute com o CME Group a extensão do
os riscos. Já quando estão mui- acordo que ambas mantêm, com o propósito de operar, nos Estados Uni-
to estressados, o córtex adrenal dos, os mais populares derivativos de moedas negociados na Coreia do
produz volume excessivo de cor- Sul. O principal objeto é o contrato futuro de won sul-coreano contra o
tisol, hormônio que pode torná- dólar norte-americano, que negocia cerca de 200 mil contratos por dia. A
los extremamente temerosos e KRX também trabalha em outras frentes, com vistas a fornecer tecnologia
avessos ao risco. o objetivo do e expertise a mercados da Ásia Central. Os novos alvos da KRX são os
especialista com o estudo sobre mercados de ações de Uzbequistão, Cazaquistão e Mongólia, a partir de
processos biomecânicos foi ten- sua experiência no Laos e no Camboja, onde inaugurou bolsas de valores
tar entender as fortes emoções em joint venture com os respectivos governos locais.
que regem os operadores em
seu dia a dia. Em experimentos E tem mais i: a opção sobre o índice do mercado de ações da Coreia
anteriores, conduzidos no pre- do Sul, o Kospi 200, é o derivativo mais transacionado no mundo – 1,7
gão da Bolsa de Valores de Lon- bilhão de contratos trocaram de mãos em 2010.
dres (LsE), os níveis de cortisol E tem mais ii: o CME Group também estendeu sua parceria com
presentes na saliva dos traders a Bolsa de Valores de Osaka (OSE), com a finalidade de buscar coope-
chegavam a subir 500% em um ração no desenvolvimento de novos produtos, em marketing e em pro-
único dia. Para o neurocientis- moções, oferecendo produtos denominados em iene – como os índices
ta, nem tudo está perdido. Uma Dow Jones e Nikkei 225 – já no início de 2012.
forma de reduzir o caos que es- (BBR, 28/7, e Wall Street Journal/ Dow Jones Newswires, 11/10/2011)
ses hormônios podem provocar
seria a contratação de mulheres
pelas mesas de operações, em
estratégia de “diversificação hor-
monal”. o organismo feminino
SEM GRAÇA, MAS FUNDAMENTAL
tem apenas 10% da testostero- Há anos, a indústria de ações, derivativos e câmbio procura mo-
na produzida pelo masculino, dernizar as atividades pouco glamorosas de back office, ou retaguarda,
tornando-as menos propensas que ocorrem depois que um negócio é fechado. Mas os escândalos en-
à “exuberância irracional”. Já as volvendo operadores desonestos mostram a distância que existe entre a
situações competitivas não ati- sofisticada mesa de operações e as funções tanto de middle quanto de
vam o cortisol feminino com back office, sem as quais nenhuma transação pode existir. Ao contrário
tanta intensidade, com a desor- da imagem de alta sofisticação e precisão de frações de segundo das me-
dem vigente no mercado tendo sas, os setores que concentram a confirmação de negócios e a liquidação
menos probabilidade de preju- são, em geral, caracterizados por ineficiência, sobreposições e, por vezes,
dicar seu discernimento. práticas obsoletas. Segundo especialistas, o fenômeno parece localizado
(The Economist, 14/9/2011) nas instituições do mercado de balcão, pois, nos mercados organizados,
os processos de pós-negociação estão embutidos no emaranhado de me-
didas exigidas pelas bolsas para autorizar a conexão com seus sistemas.
7878REVISTA
REVISTA
DADA
NOVA
NOVA
BOLSA
BOLSA (FT.com, 22/9/2011)
foTos: DiVULGAção
BArriGA DE
PorCo
Depois de 50 anos de opera-
ções, o mercado futuro de barri-
ga de porco congelada foi des-
continuado pela Bolsa mercantil
de Chicago (CmE), em 15 de ju-
lho. o fim já era esperado: após a
integração da indústria e do uso
de barriga fresca, em vez de con-
gelada, na produção de bacon, MOinhO De VentO
a negociação com o contrato foi
A falta de política federal para a negociação de reduções de emissão
praticamente inexistente nos últi- de carbono nos Estados Unidos levou a Bolsa Intercontinental (ICE)
mos anos. o futuro de barriga de a optar pelo encerramento, no final do primeiro trimestre de 2012, das
porco começou a ser negociado atividades da Bolsa de Futuros de Clima de Chicago (CCFE) – platafor-
em 1961 e teve seu apogeu nas ma de derivativos sobre emissões de carbono –, pouco mais de um ano
décadas de 1960 e 1970, quando depois de adquiri-la da Climate Exchange PLC. A operação, que custou
cerca de US$ 600 milhões, envolveu tanto a Bolsa de Futuros quanto a
alcançou grande popularidade Bolsa de Clima de Chicago (CCX) e a Bolsa de Clima Europeia (ECX).
nos Estados Unidos. A CCX foi fechada pela ICE no fim do ano passado.
E tem mais: alvo de muitas E tem mais i: contratos semelhantes aos oferecidos pela CCFE serão
piadas no cinema e em progra- negociados em balcão pela Bolsa Intercontinental.
mas de televisão, o contrato foi
destaque no filme “Trocando as
E tem mais ii: a ECX continua a funcionar, sendo a maior platafor-
ma de negociação para reduções de emissão de carbono sob o esquema
Bolas”, de 1983, e na fala memo- europeu.
rável de Eddie murphy: “Pois é, os (SustainableBusiness.com, 8/8/2011)
preços da barriga de porco estão
em queda desde cedo, o que sig-
nifica que todo o mundo espera
que ele bata no fundo do poço INICIATIVAS
para comprá-lo bem barato. o A hKEx, entidade que reúne as bolsas e as ativida-
que significa que o pessoal que des de clearing em hong Kong, entrou em discussões
detém os contratos está dizendo: com as bolsas de valores de Xangai e shenzhen para
‘Estamos perdendo todo o nosso
estabelecer joint venture em hong Kong, com vistas
dinheiro e o natal está chegando.
na elaboração de produtos derivativos financeiros e
não vamos ter como comprar os
de novos índices.
bonequinhos do Comandos em
Já o acordo celebrado entre o Grupo AsX e a Cle-
Ação para nossos filhos!’”
arstream, que faz parte do Grupo Deutsche Börse, pre-
(Reuters, 15/7/2011)
vê o desenvolvimento de novo serviço de gestão de
garantias para o mercado australiano, a ser automati-
zado e centralizado.
A partir da assinatura de protocolo de intenções,
as bolsas de valores de Teerã (TsE) e Cazaquistão (Kase)
pretendem estimular a cooperação entre as duas enti-
dades em diversas áreas – como produtos, divulgação,
formação de mercado, troca de informações –, assim
como explorar oportunidades de investimento.
(Mondo Visione, 18/8, 29/8 e 4/10/2011)
8080REVISTA
REVISTA
DADA
NOVA
NOVA
BOLSA
BOLSA
BoDE EXPiATÓrio
SOMANDO A coalizão “Reaja Chicago”, que
A Bolsa de Valores protesta contra a desigualdade eco-
CBoE (CBsX) anunciou nômica, pleiteia a incidência de im-
acordo definitivo para ad- posto sobre as operações realizadas
quirir a Bolsa de Valores nas bolsas locais para financiar um
nacional (nsX), sistema programa de empregos. Segundo a
eletrônico de propriedade coalizão, o CME Group e a CBOE
Comissão de Valores mo-
de corretores e distribuido- Holdings são “cassinos gigantes” que
biliários (sEC) local.
res de valores dos Estados estimulam o tipo de “tomada exces-
Unidos. A nsX continuará E tem mais: a CBsX siva de riscos” que teria motivado
a operar separadamente, transferiu suas operações a atual crise financeira. O imposto
mas com a combinação de Chicago para a Costa teria alíquota de 25% e poderia pro-
dos sistemas de dados e Leste, com o intuito de porcionar US$1,4 bilhão em receitas
das operações. A proposta incrementar a velocidade anuais, além de ajudar a gerar 40 mil
já foi aprovada pelos con- de execução dos negócios novos empregos.
selhos de administração para seus clientes.
(Mondo Visione,
E tem mais i: é de longa data a
das duas entidades, mas
ideia de se introduzir imposto sobre
aguarda o sinal verde da 29/9/2011)
transações na indústria de derivati-
vos (a chamada taxa Tobin, proposta
pelo Nobel de Economia James To-
fUsÕEs bin), mas as bolsas sempre a com-
bateram, com o argumento de que
As bolsas de valores de quidação, centros de dados e causaria a migração dos negócios
Osaka (OSE) e Tóquio (TSE) outros setores operacionais. para outros mercados, acabando por
estudam os detalhes da aquisi- Em seguida, a prioridade será a resultar em perda líquida de empre-
ção parcial da primeira pela se- oferta pública inicial de ações, gos e menos receitas.
gunda, de modo a transformá- programada para 2013. Pos-
la em subsidiária. As tratativas teriormente, pretende lançar E tem mais ii: os executivos do
começaram em 10 de março, projetos voltados à área de tec- CME Group e da CBOE Holdings
véspera do dia em que o nor- nologia, sem descartar a venda estudam a realocação das respectivas
deste do Japão foi sacudido por de participação societária a bolsas para outros Estados, visando
forte terremoto e tsunami. outras empresas. A fusão das evitar a elevação de impostos – de
Na Rússia, a entidade ori- bolsas foi aprovada pelos res- 4,8% para 7% – implementada pelo
ginária da fusão do Grupo pectivos acionistas, em junho, Estado de Illinois no início deste ano.
Micex e da RTS, no valor de e pelas autoridades locais, em
E tem mais iii: para o prefeito de
US$4,8 bilhões, estará focada setembro.
Chicago, que não quer ver as bolsas
na integração de plataformas (MarketWatch, 13/8
fora do município, não faz sentido a
de negociação, sistemas de li- e 20/9/2011)
magnitude dos impostos estaduais a
que estão sujeitas. Em 2010, o CME
Group, sozinho, teria sido responsável
por 6% das receitas estaduais totais.
(Reuters, 10/10, e Chicago Business,
12/10/2011)
Desta vez, não é diferente – é as crises, por mais previsíveis que amplas e, acima de tudo, as mais
este o título oculto do livro This sejam, repetiram-se na história. confiáveis que se pode ter, como
time is different (na versão em por- Há várias maneiras de avaliar Fundo Monetário Internacional,
tuguês, Oito séculos de delírios finan- este livro fundamental. Global Financial Data, Oxford La-
ceiros – Desta vez é diferente – Edi- Primeira, por seu valor científi- tin American History Database,
tora Campus, 457 páginas.), escrito co. Trata-se de uma pesquisa histó- estudiosos da Universidade da Ca-
pelos economistas Kenneth Rogoff rica monumental, que escarafuncha lifórnia e do Dutch International
e Carmen Reinhart. Há, de fato, um as mais diversas economias, do sé- Institute of Social History, Histo-
padrão para as crises, “que transpas- culo 13 até hoje – cobre desde episó- rical Statistics of the United States
sa regiões e épocas distintas”, nota dios como o deslastre (redução do e The United States and the New
Arminio Fraga, sócio-fundador da conteúdo de prata nas moedas) do World, Pick’s Currency Yearbooks,
Gávea Investimentos e presidente penny inglês e da lira florentina ini- Relatórios Anuais da Liga das Na-
do Conselho da BM&FBOVESPA, ciados, respectivamente, em 1261 e ções, Course of the Exchange, de
no prefácio. 1289; o calote da Grã-Bretanha sob John Castaing, os estudos de An-
O clima de “invencibilidade o reinado de Eduardo III, em 1340; gus Maddison e o Total Economy
econômica”, diz Arminio, “levou a até chegar à crise das hipotecas sub- Database do Groningen Growth
uma avaliação otimista e arrogante prime nos Estados Unidos iniciada and Development Center. Só em
da situação”, num “padrão constru- em 2007-2008, exposta com a que- episódios de crise da dívida externa
ído há séculos”. Sobre o Brasil, a re- bra do Lehman Brothers e retoma- foram analisadas 250 situações.
comendação de que “não podemos da em 2010-2011, com a crise das Segunda, porque mostra como
nos embebedar com o sucesso”. dívidas soberanas na União Euro- são destruídos ativos, empobrecen-
Rogoff e Reinhart produziram peia e a repercussão crescente sobre do milhões de empresas e cidadãos,
uma das obras mais completas e os bancos que tomaram os papéis que se iludem com práticas cuja ori-
atuais sobre a história das crises emitidos por instituições ou países gem mais parece estar nos delírios de
financeiras – bancárias, de dívida fragilizados, da Islândia e da Grécia, mandatários políticos e econômicos
interna e externa, além das decor- passando pela Irlanda e Portugal e do que na avaliação fria da realidade.
rentes de inflação ou de forte des- chegando, pelas beiras, à Espanha e Terceira, pela fragilidade pre-
valorização cambial (ver entrevista à Itália. Foram analisados 66 países sente nas sociedades que embarca-
de Rogoff nesta edição). E de como e utilizadas fontes de informações ram na ilusão de que poderiam ser
adiados os deveres de casa – equilí- Foi mais fácil iludir-se com as ex- existem – tanto em sociedades na
brio orçamentário do Estado, polí- plicações do Fed, no período Alan plena vigência da liberdade política,
ticas macroeconômicas convencio- Greenspan, de que seria possível como naquelas de cunho autoritário
nais, prudência nos dispêndios com liberar o mercado até limites inima- ou totalitário. Não há data exata para
aposentados e servidores públicos, gináveis, do que ouvir as advertên- a eclosão das bolhas, reconhecem.
endividamento contido e baseado cias de personagens como Nouriel Acrescente-se que, em países
na capacidade real de geração de Roubini, o “doutor catástrofe”, bem onde a imprensa é livre, a discussão
rendas, entre outros aspectos. Por antes da eclosão dos problemas, so- sobre os erros e os acertos das po-
que a ilusão? Porque o presente tra- bre a iminência de uma crise. líticas econômicas tende a facilitar
zia a prosperidade, e essa prospe- Desvaneceu-se, assim, a hipó- as tomadas de decisão das famílias
ridade parecia sustentável. Líderes tese de imunidade às crises decor- e das empresas. Parte da população
de governos populistas contribuí- rente da confiança ilimitada em se afasta, assim, dos riscos de políti-
ram muito para conduzir os países, líderes políticos não apenas em pa- cas temerárias. Na China, um texto
em todos os tempos, até o desmon- íses desenvolvidos como Alemanha do economista Michael Pettis foi
te – e o risco continua. ou Suíça, mas em emergentes como censurado não no conteúdo econô-
Mesmo idolatrados quadros China e Brasil, por mais que estes mico, mas na menção de que havia
públicos, alguns dos quais com pareçam preparados para uma nova grupos com ideias divergentes so-
enorme bagagem teórica, levaram torção no parafuso econômico. bre a condução da economia, rela-
as sociedades a confiar que agora se- tou no 5º Congresso Internacional
ria diferente, tal o domínio que jul- ALÉM DOS GOVERNOS de Mercados de Capitais e Deri-
gavam ter de ferramentas econômi- Os autores dissecam as crises, vativos, em Campos do Jordão. O
cas e tecnológicas que estenderiam sem relacioná-las aos governos da regime chinês não pode sequer ad-
por muito tempo a prosperidade. hora. De fato, crises existiram – e mitir que há divergências.
Identificar a iminência de uma só obtiveram crédito fornecendo Um dos capítulos finais (o 16)
crise não é fácil para a maioria das dados falsos sobre renda e ativida- é especialmente interessante ao
pessoas físicas e jurídicas com afli- des profissionais. tratar da primeira crise financeira
ções bem mais chãs, como o crédito As crises, ademais, “podem se global do século 21, qualificada por
tomado no dia a dia para consumir reforçar e imbricar entre si”, dizem, Rogoff como a Segunda Grande
ou investir. Se as pessoas mal têm citando o exemplo da Argentina em Contração. Esta é, “sem dúvida, a
tempo para cumprir tarefas rotinei- 2001-2002: “O governo deu o calo- única crise financeira global que
ras, menos tempo têm para sopesar te de todas as suas dívidas, interna e ocorreu depois da Segunda Guerra
análises de médio e longo prazos externa; os bancos ficaram paralisa- Mundial”, diz ele. E, “mesmo que
e avaliar tendências. Acompanhar dos num ‘feriado bancário’, quando a Segunda Grande Contração não
os fundamentos econômicos é os depósitos foram congelados in- degenere em Segunda Grande De-
mais uma tarefa de economistas e definidamente; a taxa de câmbio pressão” – hipótese não descartada
críticos, mas a de observá-los, mi- peso-dólar norte-americano passou – “ela superará outros episódios de
nimamente, vale para famílias que de um para mais de três, pratica- turbulência, inclusive a ruptura de
gostariam de gastar acima dos ren- mente da noite para o dia; e os pre- Bretton Woods, o primeiro cho-
dimentos e para governos que se ços passaram de deflação de mais que do petróleo, a crise da dívida
endividam demais, contando com ou menos 1% ao ano para inflação da década de 1980 no mundo em
um futuro promissor. em torno de 30% ao ano, segundo desenvolvimento e a hoje famosa
estimativas oficiais conservadoras”. crise asiática de 1997-1998”. Como
UM ÍNDICE INOVADOR explica Rogoff: “A Segunda Grande
Rogoff e Reinhart desenvolve- OS EMERGENTES Contração já envolve extraordiná-
ram um índice denominado BCDI O contágio das turbulências ria crise bancária global e espetacu-
(sigla para as crises bancária, cam- globais sobre os emergentes ocor- lar volatilidade mundial da taxa de
bial, de dívida e de inflação). Mos- re, sobretudo, pelas dívidas sobera- câmbio. A sincronia dos colapsos
tram que essas coisas andam juntas, nas, mais difíceis de tomar. Já nas nos mercados habitacionais e nos
com frequência. E que uma grande economias avançadas, a origem das níveis de emprego também pare-
inflação (superior a 20% ao ano) crises globais são as crises bancá- ce sem precedentes desde a Gran-
tem efeito semelhante ao de um rias – hoje na pauta –, que reduzem de Depressão”. Pior, “sair de crise
calote. O Brasil sabe disso, pois o crescimento; afetam os preços global é, por natureza, mais difícil
mesmo a inflação atual de 7% ao das commodities; provocam “para- que escapar de crise regional envol-
ano, 2,5 pontos percentuais acima da súbita” dos empréstimos aos pa- vendo vários países (como a crise
do centro da meta, já gera gordo íses periféricos após as crises ban- financeira da Ásia, de 1997-1998).
“imposto inflacionário” que ajuda cárias; estimulam os investidores a A lentidão do crescimento no res-
o Tesouro e onera os contribuin- reduzir sua disposição de assumir to do mundo exclui a possibilidade
tes. Apura-se o Índice BCDI pela riscos, pois a riqueza deles dimi- de a demanda externa compensar o
soma de tipos de crises que um país nuiu. Além disso, uma crise bancá- colapso da demanda interna”.
enfrenta num determinado ano. ria num país pode provocar “falta O Brasil pode estar, em relação
Quando possível, adicionam-se à de confiança nos países vizinhos ao mundo, em condições melhores
conta os crashes no mercado acio- ou semelhantes, à medida que os para enfrentar a crise global. Mas, à
nário – assim entendidas quedas de credores se empenham na identi- luz da história, convém evitar mais dí-
25% ou mais nos preços das ações. ficação dos problemas comuns”. vida para oferecer crédito barato. As-
Faltou incluir, reconhecem Rogoff Quando o ministro da Fazenda, sim será mais fácil sair da crise mun-
e Reinhart, os calotes das famílias Guido Mantega, admite que “se- dial – que, provavelmente, será longa
e das empresas – lembrando que caram” os empréstimos, como de- –, em condições invejáveis.
a crise subprime norte-americana clarou na segunda semana de outu-
teve por origem as hipotecas tóxi- bro, vê-se que as análises de Rogoff * FÁBIO PAHIM JR. É COORDENADOR EDITO-
cas contratadas por indivíduos que e Reinhart nada têm de teóricas. RIAL DA REVISTA DA NOVA BOLSA.
PRODUTOS
Operações na BM&FBOVESPA Câmbio
Carteira de Ações Cartão Rendimento Visa TravelMoney
Clubes de Investimento Comércio Exterior
Home Broker Títulos Públicos
Fundos de Investimento Imposto Territorial Rural - ITR
I
naugurado em 12 de se-
tembro de 1911, o Teatro
Municipal foi restaurado
nos últimos três anos e reaber-
to ao público em 12 de junho
de 2011, com apresentações da
Orquestra Sinfônica Municipal,
do Ensemble Café Zimmerman,
do Quarteto de Cordas da Cida-
de de São Paulo, da Orquestra
Experimental de Repertório,
do Coral Paulistano e do Coral
Lírico –programação exclusi-
vamente musical seguida, em
julho, pela exibição de grupos
como Ballet da Cidade de São
Paulo, Ballet Stagium, Compa-
nhia TeatroDança Ivaldo Berta-
zzo, Compagnie Philippe Gen-
ty e São Paulo Companhia de
Dança. Em 12 de setembro, com
a entrada da nova montagem
da ópera Rigoletto, de Giuseppe
Verdi, dirigida por Felipe Hirsch,
da Sutil Companhia de Teatro,
a casa mostrou, mais uma vez,
sua vocação para abrigar as mais
diversas modalidades de espe-
táculos. Sucederam-se novas
apresentações vistas por um
público ávido por bons progra-
mas, que lotou plateia, balcões,
anfiteatro, foyer, galerias, frisas
e camarotes renovados.
Não é a primeira reforma do
Teatro Municipal – houve uma,
em 1954, e outra, mais comple-
ta, iniciada em 1986 e concluída
em 1991. Ou seja: de tempos
em tempos os paulistanos têm
de conviver com a face escondi-
da do gigante. Mas, desta vez, a
promessa é de que a restaura-
ção terá vida mais longa, de até
cinco décadas, prevê a arquite-
ta Rafaela Calil Bernardes, que
acompanhou todos os traba-
lhos até a reabertura gloriosa.
MEta aMBIcIoSa
A primeira reforma, em
1954, teve escopo menos am-
plo. Na época, foram modifi-
cadas a sala de espetáculos e
os camarins. Já a restauração
dos anos 1980 foi mais pesada,
envolvendo a correção de pro-
blemas de estrutura elétrica e
eliminação de cupins. Na mé-
dia, cada projeto teve vida útil
inferior a 30 anos. “O ideal é que
o prazo seja mais extenso”, ob-
serva Rafaela. O Teatro Munici-
pal foi vítima de um problema
comum às obras públicas: falta
de manutenção. Com o passar
dos anos, acelera-se o processo
de deterioração da pedra e de
outros materiais mais sensíveis.
Para evitar que isso volte a se
repetir, um manual de conser-
vação foi entregue à direção do
teatro após o término das obras.
“Se o manual de conservação e
manutenção for seguido, a gen-
te consegue estender esse pra-
zo para cerca de 50 anos”, acre-
dita Rafaela.
Mas, depois de assistir a
vários espetáculos no teatro
restaurado, a arquiteta filosofa:
“Sem as apresentações artísti-
cas, ele seria (apenas) mais um
edifício. O importante é que o
público possa usufruir”.
Não há, de fato, do que re-
clamar – da reforma e do seu
objetivo, que é permitir apre-
sentações de nível mundial.
Na pauta do Teatro Municipal,
por exemplo, está The Infernal
Comedy, dirigido por Michael
Sturminger e protagonizado
por um dos maiores nomes da
dramaturgia, o americano John
Malkovich. O ator faz o papel de
um assassino que apresenta sua
autobiografia ao público. O es-