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TÓPICO ESPECIAL – ARTE ERÓTICA

PROFESSOR: CARLOS TERRA

ALUNO: WILLIAN GOMES

SOBRE “ENTRE INGÊNUA E INSACIÁVEL: A MULHER NOS FABLIAUX ERÓTICOS


MEDIEVAIS”

(Marta Pragana Dantas)

A Idade Média foi um período emblemático da história do mundo ocidental. Em


decorrência da acepção ao Cristianismo e das investidas dos povos bárbaros ao território do
Império Romano, vimos a cultura clássica da antiguidade ceder em grandes saltos àquilo que
se tornaria a base da formação das nações europeias: a cultura cristã católica e suas
resoluções sociais e organizacionais. A sexualidade e o erotismo naturalistas típicos das
culturas helênicas e romanos deu lugar a um recato pudico e moralizante dos cristãos. Mas o
período medieval não foi, de todo, um momento de repressão aos instintos sexuais. Na vida
íntima, o prazer era celebrado e nas esferas do privado havia espaço para a sátira, o cômico, o
debochado e até mesmo o blasfemo, desde que com moderação e discrição. Talvez seja esse
comportamento mais perpetuado, em matéria de sexo, pela moralidade cristã: o de relegar ao
estritamente íntimo o prazer e a conjunção carnal. O cristianismo catolicista e o mesmo o
protestante da Era Moderna não negam a necessidade e o papel do sexo na vida do homem,
visto que todas as seitas (cristãs ou não) que pregavam uma castidade incorruptível e absoluta
em espectro amplo eram duramente combatidas pelos preceitos cristãos, como avessas aos
propósitos da criação. O sexo, porém, estava longe de ser vivido de forma franca e libertadora.

Os fabliaux, espécie de folhetim discorrido em fábulas, típicos da época, vêm então dar
a tônica desse exercício de sobrevivência clandestina do erótico no Medievo. De um modo
geral, a sexualidade virtuosa dos povos cristãos se alcançava através da sadia execução do
sacramento matrimonial, com respeito mútuo entre os cônjuges. No entanto, no imaginário
ocidental, a subjugação e/ou a fetichização da mulher nunca deixou de povoar a mentalidade
masculina dominante, herança das culturas clássicas para a cultura medieval e as seguintes.
Nessa espécie de folheto, com fórmulas alegóricas, eventualmente escrachadas, de
linguagem predominantemente poética, apesar de pornográfica e até mesmo vulgar, que
circulava entre as mais diversas camadas, mas principalmente entre a elite letrada das cortes,
sobrevivia o divertimento dos nobres e o erótico. A mulher nesse âmbito transitava
basicamente entre dois extremos, ambos com viés cômico: a ingênua, fácil de manipular,
inexperiente, curiosa, casta, pronta para ser dominada pela conversa ágil de rapazes mordazes
e espertos; e a insaciável, oposto da imagem pura que as mulheres deveriam se empenhar em
manter, experiente, perspicaz, lasciva e incapaz de ser satisfeita, sempre pronta para atacar e
tentar os homens que estivessem ao redor. Tal construção sexista e misógina era bastante
popular na mentalidade social da época. Mesmo entre a plebe, à qual não sobrava muito além
da vigília constante das classes dominantes, embora de maneira mais atenuada.

A existência dos fabliaux denota que, doravante a Idade Média tenha sido um período
de conhecida repressão e moralismo, o erótico pôde sobreviver, dentro do escopo da vida
privada, em meio à arte, ao fantástico e à fantasia.

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