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10/11/2015

Conceitualização Cognitiva A cama de Procusto

Heitor P. Hirata
Psicólogo (UFRJ) – CRP 05/37196
Especialista em Psicologia Clínica (CFP)
Mestre e Doutorando em Psicologia (UFRJ)
Terapeuta Cognitivo Certificado (FBTC)

O que é conceitualização cognitiva?


• Modelo de compreensão do paciente dentro
dos princípios da abordagem cognitivo-
comportamental (Beck, 2013).

• É a teoria sobre um caso específico (Persons &


Davidson, 2006).

• Mapa de orientação para o trabalho com o


paciente (Wright, Basco & Thase, 2008).

Conceitualização Cognitiva Conceitualização de Caso


• Reúne informações de sete domínios principais: Processo em que terapeuta e cliente
– Diagnóstico e sintomas trabalham em colaboração para primeiro
– Contribuições das experiências da infância e outras descrever e depois explicar os problemas que o
influências do desenvolvimento
– Questões situacionais e interpessoais cliente apresenta na terapia. A sua função
– Fatores biológicos, genéticos e médicos primária é guiar a terapia de modo a aliviar o
– Pontos fortes e qualidades sofrimento do cliente e a desenvolver a sua
– Padrões típicos de pensamentos automáticos, emoções resiliência.
e comportamentos
– Esquemas subjacentes
(Kuyken, Padesky & Dudley, 2010, p 21).

Wright, Basco & Thase (2008)

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Caldeirão da conceitualização de caso


P
Fatores predisponentes e protetores R
O
D
Fatores desencadeantes e de manutenção
U
Reação T
Problemas apresentados O
S

Experiência e pontos fortes do cliente


Teoria e pesquisa em TCC

Calor: Empirismo
Colaborativo
Terapeuta
Cliente

Kuyken, Padesky & Dudley (2010)

Diagnóstico e Sintomas Diagnóstico e Sintomas


• O paciente já vem com algum diagnóstico? • O paciente apresenta sintomas condizentes
• Quem deu esse diagnóstico? com o diagnóstico em questão?
– Psiquiatra
– Psicólogo • Avaliar a presença de sintomas de acordo com
– Outro profissional de saúde o conhecimento sobre o transtorno específico.
– Profissional fora da área de saúde
– O próprio paciente • Procurar saber porque o paciente acha que
– Familiares tem o transtorno, caso não tenha o
– Amigos diagnóstico oficialmente, sem invalidá-lo.
Kirk (1997)

Diagnóstico e Sintomas Desenvolvimento do Problema


• Procurar entender quais são os fatores que podem ter
• Rápida descrição dos problemas desencadeado o problema e como ele impacta na vida
– Permitir que o paciente expresse o motivo pelo atual do paciente
qual buscou a psicoterapia independentemente – Há quanto tempo dura o problema?
de diagnóstico – Quando aconteceu da última vez?
– Deixar o paciente a vontade e iniciar o – De que forma a vida mudou desde que começou a
estabelecimento de uma boa relação terapêutica acontecer?
– Ouvir o que o paciente tem a dizer sobre os – O que o problema impede o paciente de fazer?
problemas de forma atenta, transmitindo – O que o predispõe a ter o problema?
preocupação, cuidado e entendimento.

Kirk (1997) Kirk (1997)

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Descrição do comportamento-problema Exemplo Clínico


• Aspectos comportamentais Edna, 43 anos procurou a terapia relatando fortes
sintomas de ansiedade como sensação de
sufocamento, falta de ar, tonturas e taquicardia
• Aspectos cognitivos -Qual? (aspectos fisiológicos) em alta intensidade. Conta
-Quando? que sente tais sintomas principalmente na
-Onde?
-Com que frequência?
presença do marido. E isso ocorre desde quando
-Com quem? uma amiga descobriu que ela o traía e a ameaçou
• Aspectos afetivos -Qual o grau de desconforto? de contar tudo para ele. Sente-se desesperada e
-O quanto é perturbador?
amedrontada com a situação (aspectos afetivos)
e pensa que seu casamento irá acabar e ficará
• Aspectos fisiológicos arruinada (aspectos cognitivos). Tenta agradar o
marido ao máximo (aspectos comportamentais)
desde quando as ameaças iniciaram.
Kirk (1997)

Fatores Predisponentes Contextos e Variáveis Moduladoras


• Tudo aquilo do passado que, de alguma • Alguns contextos e variáveis influenciam a
forma, possa ter contribuído para o emissão de comportamentos - problema.
desenvolvimento do problema do paciente. – Quais situações estão associadas?
– Transtornos na família – Quais comportamentos são emitidos?
– Separação dos pais – Quais cognições estão envolvidas?
– Relacionamentos familiares conturbados – O que o paciente sente?
– Como se relaciona com as pessoas?
– Relacionamentos em geral na infância e idade
adulta – Quais reações fisiológicas se manifestam?
– História estudantil
• Uso do automonitoramento
Kirk (1997) Kirk (1997)

Exemplo Clínico Fatores Mantenedores


Eduardo, 34, tem pensamentos obsessivos toda • Tudo aquilo que, de alguma forma, contribui
vez que precisa digitar algo no computador. Teme
digitar palavras “satânicas” e que isso o faça para manter o problema
pecar. Assim sendo, reinicia o aparelho para • Importante levantar as consequências
“limpar” a situação. Enquanto ocorre o reinício
do computador, Eduardo reza um Pai Nosso e imediatas após o comportamento-problema.
uma Ave Maria. Sente-se bastante ansioso – Reforços
quando tem o pensamento, manifestando suor, – Ganhos secundários
rubor facial e respiração ofegante. Quando está
perto de outras pessoas, procura não reiniciar o – Alívio de emoções desagradáveis de se sentir
computador com tanta frequência.

Kirk (1997)

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Análise Funcional Impedimento do


envolvimento com O Modelo de Cinco Partes
o prazer

EVITAÇÃO DO DESCONFORTO

1.Sucessivos fracassos
em conseguir
• A análise funcional não inclui elementos
emprego. cognitivos.
2. Pai chamava de Nenhum
fracassado.

3. Necessidade de
Ficar deitado (supressão • O modelo de cinco partes se propõe a incluir
do responder)
aprovação. elementos cognitivos e influências ambientais
4. Bullying e baixo Remoção temporária do
que afetam as respostas do paciente.
rendimento escolar. desconforto (lidar com fadiga,
Quais comportamentos desesperança)

alternativos podem
maximizar a mudança?
Costa & Marinho (2002) Kuyken, Padesky & Dudley (2010)

AMBIENTE
Em casa, ao pegar água
Pontos Fortes
na geladeira, veio o
pensamento do símbolo
de veneno. • Explorar com o cliente habilidades e recursos
Pensamentos
“Vou envenenar a água”.
Humores importantes que possam auxiliar no
“Vou matar os meus pais”. Preocupado (10)
(8-9) Ansioso (9) enfrentamento do problema.

Comportamentos Reações físicas • Caso ele não se lembre de algo que configure
Tenso, inquieto,
Não beber água gelada.
mãos suadas, um ponto forte atualmente, perguntar sobre
Beber água do filtro. taquicardia
recursos utilizados antes do problema.

Kuyken, Padesky & Dudley (2010) Kuyken, Padesky & Dudley (2010)

Exemplo Clínico
• Marta, 42, chegou ao consultório com queixa de
fadiga, pensamentos negativos, falta de vontade
de fazer as coisas. No momento atual estava
passando por crise no trabalho e no casamento.
Em um primeiro momento não conseguiu
identificar um ponto forte que pudesse ajudá-la
mas, ao ser questionada sobre o que a fazia feliz
antes do problema contou que gostava muito do
coral do qual participava. As vezes encontrava
dificuldades para cantar de modo excelente, o
que demandava prática e dedicação, o que não
era um problema para ela.

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• Nome do paciente (iniciais):


• Diagnóstico/sintomas: Exercício 1:
• Influências no desenvolvimento:
• Questões situacionais:
• Fatores biológicos, genéticos e médicos:
Em duplas, escolham um paciente que estejam
• Pontos fortes/recursos:
• Objetivos de tratamento:
atendendo no momento e preencham o
Evento 1 Evento 2 Evento 3
formulário do slide anterior com as
Pensamentos automáticos Pensamentos automáticos Pensamentos automáticos informações correspondentes.
Emoções Emoções Emoções
Comportamentos Comportamentos Comportamentos

•Esquemas

•Hipótese de trabalho

O diagrama de conceitualização O diagrama de conceitualização


cognitiva de Beck cognitiva de Beck
• Leva em consideração o modelo cognitivo • Cada aspecto do modelo cognitivo deve ser
clássico: avaliado para a construção de um diagrama de
conceitualização.
– Situações
– Padrões cognitivos
– Padrões emocionais
– Padrões comportamentais
– Reações fisiológicas
– Crenças

Beck (2013) Beck (2013)

Dados relevantes do desenvolvimento Exemplo Clínico


• Tudo aquilo que, de algum modo, contribuiu Fernanda, 33, chegou à terapia com sintomas claros de
para o desenvolvimento da crença central do depressão. Seu BDI marcava 44 pontos. Apresentava-se
triste boa parte do tempo, cansada e com ideações
paciente: suicidas. No decorrer das sessões, falou de sua infância
e adolescência, apontando que os pais sempre a
– Dados da infância compararam com as irmãs, primas e colegas. Lembra
também que não era elogiado por conseguir fazer algo
bom e recorda-se da constante “sensação” de “não ser
– Dados da adolescência boa o suficiente” para os pais. Relata que odiava os
olhares de reprovação deles e que isso a fazia parecer
– Transição para idade adulta “a mais incompetente das criaturas”.

Beck (2013)

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As crenças no diagrama de
conceitualização
• Crenças são conteúdos presentes em
esquemas (estrutura cognitiva que filtra,
avalia e codifica a informação)

• Processamento da informação
– Percepção exacerbada de dados negativos
– Percepção prejudicada de dados positivos

• Manutenção da crença
Beck (2013) Beck (2013)

Exercício 2:

Em duplas, use um modelo de processamento


das informações em branco (conforme o slide
seguinte) utilizando dados de um paciente
que um de vocês esteja atendendo no
momento.

Avaliando crenças intermediárias


• Crenças intermediárias
– Atitudes (interpretação sobre atitudes)
– Regras
– Pressupostos (se..., então...)

• Guiam o comportamento e organizam a experiência de


forma coerente.

• Buscam a adaptação.

• É possível acessar crenças intermediárias via


questionamento socrático.

Beck (2013)

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Exercício 3:

Ainda se baseando no caso escolhido no


exercício anterior, montar um diagrama de
conceitualização nos moldes do slide anterior.
Levantar dúvidas e questões para a turma.

De Oliveira (2015)

De Oliveira (2015) De Oliveira (2015)

Organização de uma lista de problemas Hipótese de Trabalho


• Uma vez que o diagrama esteja preenchido, • Descreve as relações entre as dificuldades da lista
uma hipótese de trabalho e um plano de de problemas.
tratamento podem ser delineados.
• Não necessariamente um problema resulta da
• Inicialmente é importante organizar uma lista ativação de esquemas.
de problemas a serem trabalhados.
• Há a possibilidade de um problema gerar outro.
– Exemplo: Isolamento social pode ser uma
• A listagem deve ser objetiva e passível de ser consequência dos sintomas depressivos e não da
trabalhada em terapia. ativação de um esquema específico.
Kuyken, Padesky & Dudley (2010) Kuyken, Padesky & Dudley (2010)

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Exemplo Clínico Hipótese de Trabalho


Otávio, 53, é um empresário que procurou • Teoria da diátese cognitiva de Beck
psicoterapia apresentando sintomas depressivos – Eventos externos ativam esquemas para produzir
moderados. Atualmente está passando por uma
crise financeira grave em sua empresa, que está sintomas e problemas
devendo muito dinheiro. Essa conjuntura
resultou em uma queda drástica de seu padrão • Quais eventos externos e esquemas operam
de vida e uma expressiva piora nas relações no caso em questão?
familiares. A hipótese de trabalho foi mais focada
em possibilidades de reerguimento financeiro
(intervenções comportamentais e resolução de • Como eles se relacionam com a lista de
problemas) do que na ativação de esquemas
(embora eles estivessem presentes e tenham problemas do paciente?
recebido alguma atenção).
Kuyken, Padesky & Dudley (2010)

Plano de Tratamento Plano de Tratamento


• Parte da formulação, mas não é parte da mesma. • Objetivos:

• Importante ter consciência da natureza dos • Frequência:


problemas apresentados
– Há déficits comportamentais? • Intervenções iniciais:
– Há questões situacionais?
– Há ativação de esquemas? • Terapias auxiliares:

• Levantar objetivos e obstáculos. • Obstáculos:

Kuyken, Padesky & Dudley (2010)

Exercício 4: Formulação do caso na psicoterapia


• Auxílio no foco do tratamento.
Ainda utilizando o caso do exercício
anterior, criar um plano de • Entendimento, por parte do paciente, de seu
papel ativo no tratamento.
tratamento para o paciente de um
dos membros da dupla.
• Entendimento, por parte do terapeuta, das
dificuldades e reações negativas ao paciente.

Kuyken, Padesky & Dudley (2010)

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Alguns cuidados a serem adotados Alguns cuidados a serem adotados


• Não adequar o cliente à teoria negligenciando • Não produzir uma conceitualização muito
aspectos fundamentais de seu caso. complexa para o paciente entender.

• Não utilizar uma abordagem meramente • Não produzir uma conceitualização de acordo
descritiva, negligenciando o uso da teoria com a etapa do tratamento.
cognitivo-comportamental.
• Procurar conceitualizar colaborativamente.
• Não produzir diversas conceitualizações em casos
de comorbidade, sem uma conexão entre elas. • Buscar a concordância do cliente.
Kuyken, Padesky & Dudley (2010) Kuyken, Padesky & Dudley (2010)

Conectando as dificuldades do paciente Exemplo Clínico


• Indivíduos que apresentam múltiplas queixas • Gabriel, 26, tem pensamentos obsessivos
as vezes têm um tema em comum permeando relacionados à segurança de outras pessoas. Evita
chegar perto de facas ou se aproximar de alguém
todas elas que esteja relativamente próximo dos trilhos do
metrô. Evita chegar perto de veneno (para não
• É importante investigar qual é esse tema pensar nele mesmo envenenando as pessoas).
Todo esse cuidado limita muito a sua rotina, o
central para que ele seja um dos focos do que começou a produzir um quadro de
tratamento. depressão. Paralelamente, evita encontros, pois
teme a avaliação negativa que as pessoas irão
fazer de algumas de suas “manias”.
Kuyken, Padesky & Dudley (2010)

Análise do exemplo clínico Sistema Disfuncional


• No caso de Gabriel, podemos ter acesso a três • Tarrier e Calam (2002) sugeriram três pontos a
aspectos diferentes:
– Pensamentos obsessivos
serem adicionados na formulação de caso:
– Sintomas depressivos – A conceitualização do sistema disfuncional do
– Medo de avaliação negativa paciente;
– o contexto histórico em termos de vulnerabilidade
• Todos eles estão relacionados ao seu quadro de e fatores epidemiológicos;
TOC.
– o papel do comportamento interpessoal e
comportamento social dentro do contexto.
• Uma não conexão entre os três pontos poderia
gerar um plano de tratamento inadequado.

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Sistema Disfuncional Sistema Disfuncional


• Na vida de qualquer pessoa há tensões e
• O sistema disfuncional consiste em uma estressores internos e externos.
relação sistêmica e circular entre o problema,
em seu nível micro, antecedentes e • Processos homeostáticos regulam a atividade
consequências de um evento. de retorno a um nível de funcionamento
normal.

• O sistema disfuncional parte do princípio de


que há falha neste retorno à homeostase.
Kuyken, Padesky & Dudley (2010) Kuyken, Padesky & Dudley (2010)

Sistema Disfuncional
• Muitas pessoas não desenvolvem transtornos
quando não conseguem rapidamente retornar
à homeostase.

• A resiliência do indivíduo pode ser um ponto


chave para compreender modos de lidar com
a adversidade.

Kuyken, Padesky & Dudley (2010)

Exemplo Clínico Conceitualização Descritiva


• André, 23 anos, tem o diagnóstico de fobia social. • Nos momentos iniciais da terapia, os pacientes
Em situações de mais estresse percebe que fica podem apresentar múltiplas dificuldades.
mais vulnerável e seus pensamentos relacionados
à avaliação negativa por parte do outro ficam • Na TCC, costuma-se priorizar algumas questões.
mais frequentes. Consequentemente tende a
evitar mais situações sociais e sentir-se mais
ansioso. Ele se lembra de situações de fracasso • O primeiro passo para se priorizar dificuldades a
social e de momentos em que não foi hábil serem trabalhadas em terapia consiste em
socialmente. Tudo isso impacta fortemente no descrevê-las.
seu desempenho social futuro.
Kuyken, Padesky & Dudley (2010)

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Conceitualização Descritiva Conceitualização Descritiva


• Essa descrição por parte do paciente fornece
um panorama geral sobre as dificuldades (e • Diante de tantas dificuldades o paciente pode
não necessariamente problemas) dele/a. não saber o que priorizar na terapia.

• A partir dessa descrição, é possível fazer a • Uma forma de procurar estabelecer um foco é
separação entre as dificuldades e os perguntar o que o mais lhe afetou nos últimos
problemas atuais. dias/semanas.

Kuyken, Padesky & Dudley (2010) Kuyken, Padesky & Dudley (2010)

Exemplo Clínico Conceitualização das dificuldades de Andrea

Andrea, 33, chegou à psicoterapia trazendo


múltiplas dificuldades que incluem problemas no
casamento, insatisfação com o trabalho,
problemas financeiros, dificuldades com a
educação da filha, falta de tempo para os amigos
e problemas de saúde. Ao ser questionada sobre
quais problemas mais a vêm afetando, Andrea
disse que eram os problemas financeiros que, na
verdade, estavam na base para dificuldades em
outras áreas.

Exercício 5 Identificação da Esquiva


• Procure pensar em um caso que esteja • Algumas dificuldades dos pacientes podem estar
atendendo e tente listar as dificuldades desse mascaradas pela esquiva, sobretudo quando ela
minimiza o sofrimento.
paciente.
• Identificar quais tarefas o paciente está evitando
• Em seguida, destaque aqueles que mais é fundamental para destacar as dificuldades
incomodam o seu paciente. atuais.

• Alguns indivíduos podem nem se dar conta da


• Conecte esta dificuldade a outras dificuldades esquiva, pois já ocorre há muito tempo e está
de sua vida, como feito no caso de Andrea. naturalizada.
Kuyken, Padesky & Dudley (2010)

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Exemplo Clínico Incorporação de Pontos Fortes


Saulo, 22, relata ter dificuldades para fazer • Perguntar ao paciente também o que está
amigos. Conta que não costuma ter assunto com indo bem, nem que seja só uma área.
as pessoas quando as encontra por acaso. Por
conta dessa dificuldade, tende a atravessar a rua
quando avista um conhecido ou a inventar • Caso haja dificuldade, perguntar o que outra
compromissos quando é convidado para fazer pessoa entenderia como um ponto forte
algo. Ao ser questionado sobre o que aconteceria daquele paciente.
caso entrasse em contato com as pessoas, Saulo
disse que elas podem descobrir “o quanto ele é
• Pedir para o paciente explorar mais os pontos
chato e desinteressante”.
fortes levantados.
Kuyken, Padesky & Dudley (2010)

Exercício 6 Descrição do impacto das dificuldades atuais


O que posso colocar no meu caldeirão?
1. Liste os seus próprios pontos fortes e diga como eles podem • Os pacientes dão significados únicos para seus
favorecer o seu trabalho como terapeuta cognitivo-
comportamental. próprios problemas.
2. Pense em um paciente específico. Tente se lembrar dos pontos
fortes dele/a. Como essas características podem favorecer os ganhos
do tratamento? • É importante que o terapeuta investigue quais
são esses significados

• Algumas perguntas podem ser feitas.

Kuyken, Padesky & Dudley (2010)

Descrição do impacto das dificuldades atuais Classificando o impacto das dificuldades atuais
• De que forma _______________ lhe afeta?
• Após fazer um levantamento sobre o impacto,
• De que forma ____________ afeta as pessoas em sua
é importante classificar o quão aflitivo é cada
volta? dificuldade atual do paciente.

• O que as pessoas chave da sua vida diriam sobre como


____________________ lhe afeta? • Pedir para ele dar um escore de 0 (zero) a 10
(dez) para cada dificuldade.
• Quando não havia ______________ em que sua vida era – Escores baixos podem não ser prioritários
diferente? – Escores altos podem ser entendidos como mais
urgentes a serem trabalhados.
• O que você pensava e fazia de forma diferente quando
______________ não fazia parte da sua vida? Kuyken, Padesky & Dudley (2010)

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Dificuldades atuais no contexto Avaliação Biopsicossocial


• Qualquer dificuldade dos pacientes pode ser • Áreas a serem consideradas
entendida dentro de um contexto mais amplo. – Diagnóstico e cronicidade dos problemas
– Situação atual de vida
• Relação com parceiro
• Realizar uma avaliação biopsicossocial • Casa
abrangente. • Trabalho
• Prazer/relaxamento
• Apoio social e amigos
• Contextualizar o problema • Estressores/preocupações atuais
– Situação • Dificuldades financeiras/recursos
• Problemas de saúde
– Cultura • Questões espirituais/religiosas
– Momento da vida do paciente • Objetivos e aspirações

Kuyken, Padesky & Dudley (2010) Kuyken, Padesky & Dudley (2010)

Avaliação Biopsicossocial Avaliação Biopsicossocial


• Áreas a serem consideradas • Observações
– História – Apresentação da pessoa
• Familiar – Traços de personalidade significativos
• Background cultural – Funcionamento cognitivo
• Abusos na infância
– Nível intelectual
• Escolar
• Laboral – Facilidade com o rapport
• Relacionamentos – Impressões do terapeuta
• Dificuldades psicológicas passadas – Resposta da pessoa a perguntas e comentários do
• Habilidades para lidar com dificuldades passadas terapeuta
• Acontecimentos importantes ou traumas na vida – Motivação para a mudança

Kuyken, Padesky & Dudley (2010) Kuyken, Padesky & Dudley (2010)

Avaliação Biopsicossocial Colaboração durante a avaliação


• Áreas a serem consideradas • Equilibrar a necessidade de construir a relação
– Diagnóstico e cronicidade dos problemas
– Situação atual de vida terapêutica com a necessidade de reunir
• Relação com parceiro informações contextuais.
• Casa
• Trabalho
• Prazer/relaxamento
• Apoio social e amigos • Tensão potencial entre coleta de informações
• Estressores/preocupações atuais
• Dificuldades financeiras/recursos e desejo do paciente de obter ajuda para o
• Problemas de saúde seu problema.
• Questões espirituais/religiosas
• Objetivos e aspirações

Kuyken, Padesky & Dudley (2010)

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Exercício 7 Conceitualização Explanatória Transversal

• Alguns pacientes não conseguem ter remissão de


seus sintomas em virtude dos fatores de
Com a sua dupla, escolha um caso em manutenção.
atendimento e faça uma breve dramatização
aliando construção da relação terapêutica com • Algumas dificuldades são mantidas por fatores
coleta de informações. desencadeantes comuns.

• A conceitualização explanatória transversal


procura identificar esses elementos que ainda
sustentam os problemas.

Kuyken, Padesky & Dudley (2010)

Conceitualização Explanatória Transversal Conceitualização Explanatória Transversal

Quatro passos: • Reunir exemplos:


– Usar modelos para análise de situações,
1. Reunir exemplos. comportamentos, reações emocionais e cognições
• Análise funcional
2. Mapear os modelos apropriados identificando fatores
desencadeantes e de manutenção. • A-B-C (antecedentes, comportamentos, consequências)

3. Escolher e implementar intervenções. A B C


Na fila do supermercado Pensei em como Me senti mal e culpado.
pensei nas contas que gerencio mal o meu
4. Avaliar e revisar o modelo; considerar a sua ainda tinha a pagar e no dinheiro e que vou
aplicabilidade a outras dificuldades atuais. pouco dinheiro que ainda ficar atolado em
restava. dívidas. Larguei as
compras e fui embora.
Kuyken, Padesky & Dudley (2010)

Conceitualização Explanatória Transversal Conceitualização Explanatória Transversal

• Mapear os modelos apropriados identificando • Mapear os modelos apropriados identificando


fatores desencadeantes e de manutenção fatores desencadeantes e de manutenção
– Para fatores de manutenção, considerar os reforços
– Muitas vezes os antecedentes têm um tema em
comum. Por exemplo: trabalho, relacionamento, (positivos e negativos)
preocupações do cotidiano dentre outros.
– As vezes, um método empregado para lidar com o
– Assim sendo, o tema comum dos pensamentos pode problema, atua como fator de manutenção do
ser “pensamentos sobre erros no trabalho”,
“pensamentos sobre o fim do relacionamento”, mesmo. Exemplo: procrastinar.
“pensamentos sobre solidão”, “pensamentos sobre – Um processo cognitivo também pode ser um fator de
não ter dinheiro para me sentir seguro” dentre outros. manutenção. Exemplo: ruminação.
Kuyken, Padesky & Dudley (2010) Kuyken, Padesky & Dudley (2010)

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Pressuposto subjacente:
Conceitualização Explanatória Transversal
Se eu não fizer tudo perfeitamente,
então isso significa que sou uma Ruminação
fracassada. Preocupação • Desenvolvendo a resiliência na conceitualização
explanatória transversal
– Perguntar como o paciente lidou com situações
desafiadoras no passado
– Que pontos positivos, crenças ou estratégias foram úteis
Penso nos fracassos Triste Procrastino a redação da no passado
acadêmicos Ansiosa dissertação – Como essas experiências poderiam ajuda-lo a lidar com a
situação
– Quais habilidades são necessárias de se desenvolver
– Alguém pode ajudar?
– Quais oportunidades estão presentes na situação?
Os capítulos a escrever – Que lições pode-se aprender?
se acumulam – Quem você conhece que lidaria bem com essa situação?
Kuyken, Padesky & Dudley (2010)

Conceitualização Explanatória Transversal Conceitualização Explanatória Transversal

• Escolher intervenções com base na • Analisar e revisar a conceitualização do


conceitualização explanatória problema
– Os efeitos das intervenções darão informações
– A conceitualização em si não é suficiente para dar sobre o quanto a conceitualização foi útil.
conta dos problemas do paciente
– Caso as intervenções não tenham sido efetivas, é
– Escolher as estratégias que melhor se adequam ao necessário revisar a conceitualização.
problema em questão
– Propor novas intervenções caso haja necessidade.
Kuyken, Padesky & Dudley (2010) Kuyken, Padesky & Dudley (2010)

Conceitualizações Explanatórias Longitudinais Conceitualizações Explanatórias Longitudinais

• Empregada, sobretudo, para problemas • Explicam por que está havendo progresso limitado ou
de curta duração.
resistentes. Exemplo: transtornos de
personalidade e problemas altamente • Explicam por que os problemas persistem nas
vulneráveis à recaída. situações.

• Explicam como as experiências do desenvolvimento


• Foco no passado (construção das crenças) moldaram as crenças centrais.

• Predizem reações futuras similares e auxiliam no


manejo de recaídas.

Kuyken, Padesky & Dudley (2010) Kuyken, Padesky & Dudley (2010)

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Conceitualizações Explanatórias Longitudinais Conceitualizações Explanatórias Longitudinais

• Duas fases: • Vinculação da teoria cognitivo-comportamental


com a história do paciente.
• Levantar aspectos relevantes do desenvolvimento que
– Vinculação da teoria cognitivo-comportamental podem ter contribuído para a construção das crenças
com a história do paciente. centrais e pressupostos subjacentes dos pacientes.

– Definição de intervenções que possam ajudar a • Visão das crenças como tentativas de uso de estratégias
adaptativas ao momento.
romper as crenças impregnadas e os padrões
– Estímulo à autocompaixão.
comportamentais/ Desenvolvimento de novas
crenças e padrões comportamentais.
Kuyken, Padesky & Dudley (2010) Kuyken, Padesky & Dudley (2010)

Conceitualizações Explanatórias Longitudinais Exemplo Clínico


• Vinculação da teoria cognitivo-comportamental • Carlos, 25, lembra-se que teve um professor e
com a história do paciente. um tio que eram apoiadores e determinados e
• Incorporar pontos fortes por meio da análise da história do que serviram como modelos em sua infância.
indivíduo que contribuíram para o desenvolvimento da
resiliência e que atuam, no presente, como fatores de Lembra também que sempre gostou de ler e
proteção. de praticar esportes. Sempre teve apoio da
família nos estudos e, mesmo novo, é
• Conectar esses fatores de proteção ao desenvolvimento de considerado um profissional de referência na
crenças centrais positivas, pressupostos subjacentes
adaptativos e estratégias comportamentais funcionais. empresa onde trabalha.

Kuyken, Padesky & Dudley (2010) Kuyken, Padesky & Dudley (2010)

Exemplo Clínico Exemplo Clínico


• Crenças centrais positivas de Carlos desenvolvidas: Cartões de enfrentamento (ponto de escolha):

– Sou competente Dados relevantes do desenvolvimento


• Crença: Sou incompetente
que contribuíram para a formação das
crenças centrais positivas: • Estratégias: Procrastinar, não aceitar desafios,
– Sou digno de amor ficar mudo nas reuniões
- Professor e tio apoiadores
(reforçavam com frequência).
– Sou capaz - - Habilidades esportivas e
intelectuais.
• Crença: Sou competente
– Sou confiante - - Família apoiou sempre.
• Estratégias: Enfrentar os problemas, Aceitar
desafios, posicionar-se nas reuniões
Kuyken, Padesky & Dudley (2010) Kuyken, Padesky & Dudley (2010)

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10/11/2015

Conceitualização da vulnerabilidade x
Verificação da adequação da conceitualização
Conceitualização da resiliência
• Algumas perguntas úteis: • Podemos utilizar os dados relevantes do
– A conceitualização faz sentido? desenvolvimento para levantar tanto fatores
de predisposição aos problemas como fatores
– Ela é coerente e lógica?
de proteção.
– Paciente e terapeuta desenvolveram a
conceitualização de forma colaborativa?
– O paciente concorda integralmente com a • Essa experiência desenvolvimental dá origem
conceitualização? a crenças centrais negativas e positivas, a
pressupostos subjacentes correspondentes e a
– As diferentes fontes de informação batem?
estratégias disfuncionais ou funcionais.
– Algum consultor ou supervisor acha que faz sentido?
Kuyken, Padesky & Dudley (2010) Kuyken, Padesky & Dudley (2010)

Considerações Finais Referências


• A conceitualização de caso é uma etapa • Beck, J.S. (2013). Terapia Cognitivo-Comportamental: teoria e prática.
Porto Alegre: Artmed.
fundamental para o trabalho em TCC.
• Kuyken, W., Padesky, C.A., & Dudley, R. (2010). Conceitualização de Casos
Colaborativa: o trabalho em equipe com pacientes em terapia cognitivo-
• É importante levantar os dados de comportamental. Porto Alegre: Artmed.
vulnerabilidade e proteção com o intuito de se
• Kirk, J. (1997). Entrevista Cognitivo-Comportamental. In Hawton, K.,
entender a formação de crenças centrais Salkovskis, P., Kirk, J., & Clark, D.M. Terapia Cognitivo-Comportamental
negativas e positivas respectivamente. para Problemas Psiquiátricos: um guia prático. São Paulo: Martins Fontes.

• De Oliveira, I.R. (2015). Terapia Cognitiva Processual: manual para clínicos.


• É colaborativa e passível de diversas revisões ao Porto Alegre: Artmed.
longo do tratamento. • Wright, J., Basco, M.R., & Thase, M. (2008). Aprendendo a Terapia
Cognitivo-Comportamental: um guia ilustrado. Porto Alegre: Artmed.

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