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Teresina - PI
Abril de 2019.
Introdução
Durkheim ao escrever “As formas elementares da vida religiosa”, preocupou-se
em escrever sobre o fenômeno da religião sistematicamente e sociologicamente. Para
isso, ele trata da religião como um fato social e a toma como coisa, e a frase mais
célebre da obra é que “não existem religiões falsas, todas são verdadeiras a seu modo:
todas correspondem ainda que de maneiras diferentes, a condições dadas da existência
humana” (p.7). Ele vê que a religião é uma instituição social e que serve para manter
coesão no grupo social da qual se fazem por compartilhar, e que assegura o equilíbrio
da sociedade, a tarefa de Durkheim foi então sistematizar que o sociólogo para
compreender o fenômeno religioso precisaria despir-se dos seus conceitos pré-
estabelecidos sobre o assunto e observar de fora o fenômeno a ser analisado, assim
como averiguar, as forças sociais que se estendem no indivíduo diante do sentimento de
coletividade, por isso a sua proposta é a de examinar o que existe na coletividade para
assim entender o fenômeno religioso em sua forma mais elementar.
Capítulo I
No primeiro capítulo da obra, o autor se propõe a definir o fenômeno religioso e
a Religião. Para isso ele faz um trajeto com alguns outros estudiosos sobre o assunto,
como Fraser e Spencer. Propõe também que não façamos nenhum tipo de juízo de valor
diante do assunto, caso contrário, não estaríamos cumprindo com o método correto para
o entendimento dessa questão. Primeiramente, ele diz que religião é atrelado ao que é
sobrenatural, ou seja, uma ordem de coisa que ultrapassa nosso entendimento, de forma
que diante d e uma “história da religião”, a explicação dava-se pelas causas
extraordinárias, aquelas que não faziam parte do convencional, Durkheim diz que o
objeto de tais concepções religiosas não é explicar o que existe de anormal ou
excepcional, e sim o que existe nela de regular e de constante. Para Durkheim, só é
possível entender o fenômeno da religião se explorarmos as culturas primitivas, ou seja,
é apenas analisando as sociedades ditas não complexas que conseguiremos compreender
veemente o fenômeno religioso em sua essência. Nisso, o autor nos leva a alguns
conceitos baseados em pressupostos, como por exemplo, o que constitui uma religião?
É possível chegar a conceito sobre o que é a religião? Ao final do capítulo primeiro da
obra o autor responde suas questões, e diz que religião é um sistema solidário de
crenças e práticas relativas as coisas sagradas(p.32), desmistifica a ideia de magia
atrelada a igreja, já que para ele não existe igreja mágica, e se para Durkheim não existe
sociedade sem indivíduo, com a religião não é diferente, pois são os indivíduos que
partilham de uma coletividade e sentido-se ligados a ela por uma fé comum.
Capítulo IV
Durkheim aponta que para além que fora chamado de animismo ou naturismo,
deve haver um outro culto mais fundamental e mais primitivo, do qual os primeiros são
apenas formas derivadas ou aspectos particulares. O totemismo aparece então pela
primeira vez na literatura etnográfica no livro de J. Long, reconhecido como uma
instituição exclusivamente americana. Mais tarde, em 1841, Grey apontou a existência
de práticas totêmicas na Austrália.
LIVRO II
Capítulo I
No primeiro capítulo deste livro, Émile Durkheim aponta que para estudar uma
religião é necessário perceber o que há de geral e externo á ela, e é justamente o que ele
faz no capítulo do segundo livro. Sendo assim, Durkheim ao tentar entender como
funcionam as religiões totêmicas, busca estudar crenças e ritos, pois são componentes-
base das religiões. Deste modo, Durkheim tem como um primeiro campo de pesquisas
sociedades australianas, onde começa a descrever que estas são constituídas em clãs,
onde observa que o totem é um elemento fundamental que expressa não só a
religiosidade, mas toda uma organização social.
Conclusão
Durkheim elabora a conclusão de sua obra dividindo-a em 4 tópicos. No
primeiro, o autor deposita seu olhar na distinção entre a promoção que os indivíduos
fazem das divindades, e por muito a “ciência” o tomou por base fundante da observação
dos fenômenos religiosos, e as principais atitudes ritualísticas, nas quais ele caracteriza
a distinção entre o sagrado e o profano, e estes, como os mais elementais (essenciais)
para a formulação de conceitos científicos para com as religiões.
Também elucida que a verdadeira função da religião não é nos fazer pensar ou
enriquecer o conhecimento individual, mas sim o de acrescentar as representações
coletivas “motivações” para manter a coesão social, ou seja, estabelecer laços entre os
indivíduos, auxiliando a consciência coletiva. Pois as forças religiosas são forças
humanas, surgem da consciência coletiva a fim de manter a saúde das relações
coletivas, e para tal, a elaboração entre sagrado e profano, estabelece-se como
elementos da coesão e coercitividade das sociedades.
No tópico II, Durkheim debruça-se sobre a importância da avaliação histórica do
objeto estudado, pois estes, assim como o próprio disse, “é da própria vida e não de um
passado morto que pode sair um culto vivo”, e, - o sagrado e o profano -, estão voltados
a regulação e organização da vida social. Também explicita-se neste tópico, o embate
ideológico entre ciência e religião, no qual Durkheim atribui o método científico como
elemento validativo, e para a religião, a análise dedutiva.
No tópico III, Durkheim argumenta sobre os usos de generalizações nos quais a
ciência e as religiões, atribuíram de forma errônea aos objetos observados, para tal, o
autor dialoga sobre a etimologia da palavra conceito, atentando a importância de
considerar não somente o que se remete a origem, mas também sua variação de acordo
com o tempo e o espaço, e desta forma, poderia-se extrair a essência do objeto
observado, e sua significação coletiva, e não meras abstrações individuais.
No tópico IV, Durkheim continua a estabelecer o diálogo sobre a importância
dos conceitos na observação científica, porém, também aprofunda o debate,
apresentando a importância da observação dos símbolos (linguísticos, religiosos, etc.)
para a avaliação científica, além de observar a totalidade do objeto, segundo ela se
manifesta na consciência coletiva da sociedade.
Durkheim finaliza argumentando que a consciência coletiva, assim como os
elementos religiosos mais elementais (sagrado e profano), promovem os limites da
moral e da ética da sociedade, garantindo a estado de normalidade desta.