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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ HE 892 - CULTURA E ENSINO DE LEM

SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES NA ESCOLA


a
DEPARTAMENTO DE LETRAS ESTRANGEIRAS MODERNAS Prof . Clarissa Menezes Jordão

Perspectivas e conhecimento - discurso

Leia os textos abaixo e pense sobre quais são os pressupostos de cada um sobre o que
constitui “conhecimento” e sobre quem é a pessoa que tem conhecimento.

“Não acredite porque está escrito nos livros


Não acredite porque os homens sábios disseram
Não acredite porque é doutrina religiosa
Só acredite porque você sabe que é verdade.”

"De um lado, a necessidade de resistir o poder do conhecimento fechado me predispõe a


uma atitude sempre aberta aos demais, aos dados da realidade. Por outro lado ela gera em
mim uma desconfiança metódica que me defende de tornar-me absolutamente certo das
certezas. Para me resguardar das artimanhas da ideologia não posso nem devo me fechar
aos outros, nem tampouco me enclausurar no ciclo da minha verdade. Pelo contrário, o
melhor caminho para guardar viva e desperta a minha capacidade de pensar certo, de ver
com acuidade e de ouvir com respeito, por isso de forma exigente, é me deixar exposto às
diferenças, é recusar posições dogmáticas, em que me admita como proprietário da
verdade. No fundo a atitude correta de quem não se sente dono da verdade nem tampouco
objeto acomodado do discurso alheio é a de se encontrar em permanente disponibilidade a
tocar e ser tocado, a perguntar e responder, a concordar e discordar."

Você concorda com os textos acima? É possível concordar com todos eles? Como suas
respostas afetam a maneira como você atua como professor, aprendiz e colega?

Veja na página seguinte quem são os autores desses textos e quando cada texto foi escrito.
Pense se essa informação mudará as interpretações que você fez dos textos e por quê ela
faz ou não faz diferença.

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Os autores dos textos da página anterior são, respectivamente


- Quino, cartunista argentino (1997)
- Siddharta Gautama Buddha (573-483 B.C.)
- Paulo Freire (1998)

O que você entende por “língua como discurso”? Qual a perspectiva de (pressuposto sobre)
conhecimento que pode ser depreendida desse entendimento de língua?

Leia o próximo texto, que apresenta mais algumas perspectivas sobre a natureza do
conhecimento. Onde se situaria o conceito de língua como discurso de acordo com esse
texto?

Na academia, algumas pessoas dizem que o conhecimento é objetivo e neutro. Estas pessoas são
geralmente chamadas de ‘positivistas’ e costumam acreditar que tudo pode ser conhecido e testado
cientificamente para produzir uma verdade universal que é completa em si mesma (algo que qualquer
pessoa pudesse ver da mesma forma). Esta é a abordagem mais comum nas ciências naturais e esta
relacionada a idéia de que progresso e desenvolvimento podem ser atingidos através do uso da
ciência e da tecnologia para controlar a natureza com o objetivo de construir a sociedade perfeita.

Outras pessoas acham que esta idéia de controle não pode e não deve ser aplicada às pessoas. Elas
acreditam que os seres humanos são diferentes entre si e extremamente complexos, portanto, não
podem ser tratados como objetos. Além disso, eles acreditam que o conhecimento não é objetivo (a
neutralidade completa não existe) pois o que é observado (até mesmo atraves de experimentos
científicos) depende da interpretação da pessoa que vê. Elas acreditam que cada pessoa tem lentes
diferentes para olhar para o mundo. Estas lentes determinam o que nós vemos como real, ideal,
verdadeiro, bom ou ruim. Elas são construídas socialmente em interações sociais (envolvendo a
família, a educação, a mídia, a religião, etc...). Essas pessoas são geralmente identificadas como
construtivistas ou teóricos críticos (dentre outras denominações) que tem interesse em examinar
como nossos conhecimentos afetam a maneira como nós vemos e nos relacionamos com outras
pessoas, como outras pessoas vêem e se relacionam conosco, como este conhecimento se relaciona
com relações de poder e como ele afeta a maneira como a riqueza e o trabalho são distribuídos nas
sociedades.

Ver a língua como discurso significa perceber o conhecimento como subjetivo, socialmente construído,
parcial, móvel e relacional, ou seja, constituído nas interações sociais e nas relações de poder que
existem nas sociedades. Desse modo, a segunda perspectiva apresentada no texto acima é mais
condizente com a visão social que percebe discursos como procedimentos interpretativos construídos
culturalmente, e portanto sempre em transformação, embora regidos por estruturas de poder que
tentam limitar as possibilidades de outro modo infinitas de significação.

A partir do conceito de língua como discurso, podemos inferir que:


- cada pessoa tem conhecimento e este conhecimento é legítimo (todos nós somos “poços de
conhecimento”!)

- que esse conhecimento de mundo é construído em cada contexto e é parte de nossa


identidade (a nossa história de vida constrói nossas lentes e não temos como ver o mundo sem elas
- mas temos como transformá-las!)

- que todo conhecimento é parcial e incompleto (nós vemos o mundo por lentes diferentes e não
existem lentes transparentes)

Assim, para que o conhecimento possa ser construído democraticamente, de maneira a


contemplar as diferenças entre as pessoas, é preciso respeitar os seguintes princípios:

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- que o conhecimento de cada um merece respeito (todos nós teremos o direito de nos expressar
sem medo de sermos silenciados ou inferiorizados pelos outros e portanto devemos nos comprometer
a escutar com respeito também).
- que todo conhecimento pode e deve ser questionado (posicionar-se criticamente com as ações,
pensamentos e crenças de nós mesmos e dos outros é uma necessidade (e não uma falta de
respeito), pois precisamos de lentes diferentes – outras perspectivas – para transformar as nossas
próprias lentes.)

- que (acrescente outros princípios aqui)...

Reflexão pessoal:
1. O que faz você pensar da maneira que você pensa?
2. Quão certo você está das suas certezas? De onde vêm essas certezas?
3. As suas idéias do que é bom ou verdadeiro são as mesmas de outras pessoas ou isso difere em
contextos diferentes? Por que você acha que isso acontece?
4. Há diferenças entre a forma como você vê o mundo e a forma que seus pais ou sua família vêem o
mundo? Por que você acha que isso acontece?

Reflexão coletiva:
Escolha uma das perguntas abaixo para comentar no nosso site, ou apresente no site alguma
pergunta importante relacionada ao tópico mas que esteja faltando dentre as listadas abaixo.

1. De onde vem seu conhecimento de mundo? Por exemplo, pense como você construiu seu
entendimento de pobre e rico, respeito e medo, poder e subordinação.
2. Quem ou o que forma seu entendimento do que é real? Por exemplo, você diria que a mídia
apresenta as informações de uma maneira neutra e objetiva?
3. Você acha que pessoas em diferentes partes do mundo vêem a realidade da mesma
maneira? Você acha que há algo fundamentalmente verdadeiro para qualquer pessoa
– independente de onde elas vêm ou de sua história?
4. Alguém controla as fontes do seu conhecimento ou informação? Quais os riscos dessa
situação?
5. Você acha que um determinado grupo (de ‘especialistas’ por exemplo) deve ter o
poder de decidir para outras pessoas (ou para todos nós) como a sociedade deve
ser?
6. Algumas pessoas acreditam que existe uma maneira de ver o mundo mais
‘desenvolvida’ (uma cultura mais ‘civilizada’) – como existem maneiras de ser mais
atrasadas ou inferiores também. Como você vê o sua maneira de ver o mundo em
relação a outras? Quais as implicações de se estabelecerem hierarquias culturais?
7. (outros questionamentos)

Quais as implicações desses


questionamentos para a sua (atual ou
futura) prática pedagógica?
Partilhe suas idéias em nosso site.

Refereê ncias: www.osdemethodology.org.uk

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