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O pensamento comunicacional
na contemporaneidade*
Bernard Miège
Doutor em Economia (Université Paris) e
em Humanidades (Université Bordeaux)
Professor catedrático da Université de Grenoble
não o que a mídia faz com as pessoas. Esse por peças de museu. A partir dos nos 1970
tipo de ligação em que a mídia tem uma re- e, principalmente, dos anos 1980, outras te-
lação de exterioridade aos grupos sociais, in- orias foram formuladas e inspiraram o tra-
clusive, continua, ainda, muito presente hoje. balho de autores, pensadores e pesquisadores
As pesquisas quantitativas têm uma relação da comunicação.
estreita com essa teoria. Em primeiro lugar, eu citaria os dois tipos
de pragmáticas que trazem a idéia funda-
2. Cibernética mental de que a comunicação não se limita à
A segunda corrente teórica, que é bem linguagem, mas a todas as nossas expressões
ativa, é a cibernética, à qual estão ligados au- corporais. Elas defendem, portanto, que nós
tores como Norbert Wiener, Shannon e We- não podemos não nos comunicar, isto é, a
aver. Na realidade, esse autores são ou mate- não-comunicação não existe, seja da forma
máticos ou cientistas que, após a II Guerra como estamos aqui, em comunicação direta,
Mundial, se propuseram a modalizar essa ou quando nos relacionamos à distância. Os
relação com a comunicação. Na verdade, eles autores pragmáticos chamavam esse modelo
decidiram colocar a comunicação no centro de modelo orquestral da comunicação.
das relações da sociedade. Uma parcela do Temos, então, a outra pragmática: a da
modelo emissor–receptor, de certa forma, semiótica ou semiopragmática. As primei-
fez-se graças a eles. ras observações vêm de alguns autores ame-
Mas o que realmente é devido a eles é o ricanos. Depois, todas as posições vêm dos
aperfeiçoamento que fizeram desse modelo, sociólogos, sobretudo daqueles que traba-
ou seja, as existências de canais entre o emis- lham com a interação social das micro-so-
sor e o receptor, além do feedback, efeito de ciedades. Só citarei o Golfmann, com a et-
retroação. Nós poderíamos falar mais sobre nometodologia, dentre todos os sociólogos
a cibernética – por exemplo, sobre a relação que posicionaram a comunicação na cons-
homem e máquina. Tudo isso remonta aos trução das ligações sociais.
modelos que citei. 3.2 Economia política de comunicação
3. Antropologia estrutural O terceiro tipo de relação dos anos 1970
é representado pela economia política de co-
A terceira corrente, bastante influente no municação. Até mais ou menos 1990, as re-
pensamento comunicacional, é a antropologia flexões econômicas estavam completamente
estrutural, particularmente em decorrência fora das reflexões da comunicação. Naquele
do que Lévi Strauss – meu compatriota, que período, houve um acontecimento impor-
tem mais de cem anos – propôs como sendo tante: a reunião da Organização Mundial da
a teoria estrutural, em que a comunicação é Ciência e da Cultura, na Unesco. Nela, a Co-
central. Dá-se, assim, a comunicação entre as missão, presidida por um diplomata irlan-
pessoas, a comunicação dos bens econômicos dês, identificou, pela primeira vez, as relações
e a comunicação das mulheres, isto é, das tro- econômicas com as relações de comunicação
cas familiares. Dessa teoria estrutural saíram – relação em nível mundial.
diversas teorias lingüísticas. Os teóricos da Foi isso que impulsionou os trabalhos, nas
lingüística, inclusive, são os terceiros maiores indústrias culturais, sobre a concentração das
fundadores dessa comunicação. mídias, sobre a desigualdade das trocas nas
3.1 Duas pragmáticas relações entre os países e, sobretudo, sobre a
dominação que as grandes empresas exercem
Se estamos aqui hoje é devido a essas sobre a mídia (foi essa comunicação que viu,
três correntes, que estão longe de ser pe- pela primeira vez, que a informação não se li-
ças de museu – aliás, tenho muito respeito mitava apenas à informação da imprensa).
se ainda não for praticada pela grande parte mica própria, mas essa dinâmica é reforçada
da população. pelo desenvolvimento das técnicas.
Além disso, essas técnicas estão em siner- Hoje, em vários países, tanto nos mais
gia umas com as outras como – por exemplo, desenvolvidos como no meu (que é um país
as que estão nas redes de comunicação téc- em declínio), em quase todos os campos so-
nica e se apóiam em muitas das ferramentas ciais do consumo individual, da administra-
que utilizamos hoje: o computador, o telefo- ção das grandes empresas, da vida política,
ne celular, todos os instrumentos de tomada da gestão do espaço público, em tudo isso,
de som. O conteúdo rede-ferramenta-conte- que já é bastante coisa, ações comunicacio-
údo representa as três categorias de técnicas nais são colocadas. Não são ações limitadas e
que hoje são acessíveis. minoritárias, como eram há trinta anos. São
Com elas, criam-se novas mídias que ações que requerem um know-how dos pro-
não substituem as mídias que já conhece- fissionais de comunicação.
mos, mas que têm seus lugares e funções.
O SMS, por exemplo, não é outra coisa que
não um meio de comunicação. Quando eu
É preciso tomar
utilizo um computador para digitar meu
texto, isso não tem nada a ver com uma mí- consciência de que
dia. Essas técnicas de comunicação e infor- a informação-
mação tornam-se, de certa forma, maduras comunicação deixa
e oferecem-nos numerosas potencialidades, espaços – infelizmente
apesar de estarmos longe de utilizá-las to- reduzidos – à comuni-
das. Particularmente, quando olhamos um
cação alternativa
site, incluindo a web 2.0, a criatividade é
fraca, limitando-se a um texto escrito acom-
panhado de imagens. Podemos dizer que é
uma mídia integrada, como é, por exemplo,
a história em quadrinhos. Há muita coisa 3. O espaço reduzido para a comunicação
para se fazer ainda, do ponto de vista da es- alternativa
crita dentro das mídias e do ponto de vista Isso mudou enormemente as coisas nas
da interatividade. mediações sociais. A informação–comuni-
2. Em que a comunicação–informação cação não é mais uma prática dentre outras.
consiste Ela é transversal a todos os campos sociais. E
uma das conseqüências disso que acabei de
Em segundo lugar, entre as questões dizer, é preciso tomar consciência, é que ela
maiores que se colocam em relação à comu- deixa espaços, infelizmente reduzidos, à co-
nicação–informação, sabe-se sempre mais e municação alternativa.
mais no que ela consiste. A comunicação–in- As técnicas conhecidas hoje oferecem
formação – insisto neste ponto – não come- possibilidades muito mais interessantes que
çou com as novas técnicas da informação e a comunicação de massa de trinta anos atrás
da comunicação. A comunicação–informa- – até mesmo a comunicação jornalística, na
ção é bem anterior, por exemplo, às estra- Europa, que tinha um panorama completo
tégias de relações públicas nas empresas e à da imprensa. Incontestavelmente, as técnicas
utilização da comunicação para desenvolver que conhecemos são mais interativas, elas
a educação à distância. No entanto, a infor- podem ser manuseadas por grande parte da
mação–comunicação utiliza, atualmente, as população, tendo um saber profissional es-
técnicas de informação. Ela tem sua dinâ- pecífico. Tudo isso é verdade. É a razão pela
qual grandes grupos sociais advêm dessas foi anunciado que um dos sites mais impor-
técnicas de informação e de comunicação. tantes, o Google News, já sentiu uma baixa
Isso pode ser verificado, mas o problema nos seus anúncios publicitários. Se o Google
é que as grandes organizações, ao mesmo está nesse ponto, o que será dos sites menos
tempo – partidos políticos, empresas, as au- poderosos? Eu tendo a pensar que o sistema
toridades públicas –, têm as mesmas possibi- fundado apenas no financiamento publicitá-
lidades, e elas também as utilizam. A questão rio é frágil e preocupante porque talvez não
é qual espaço elas deixam às formas alterna- deixe espaço para outros conteúdos nesse
tivas de comunicação – o que hoje é mono- universo das mídias.
polizado pelas grandes organizações. Não falarei em detalhes a forma como
todo esse sistema foi financiado – historica-
mente falando, de um lado pela publicidade
Juntar possibilida- e de outro, pelo consumidor. Entre os dois,
fórmulas intermediárias foram aplicadas. Se
des de comunicação
não estivesse em questão o futuro das mídias,
alternativa às grandes se, de uma certa maneira, os consumidores
instâncias da comu- não devessem pagar pelo conteúdo, o siste-
nicação é a única ma teria problemas rapidamente.
estratégia na qual O segundo desafio são as modalidades
podemos pensar de organização. As mídias, de uma maneira
ou de outra, em todos os países, conhecem
as regulamentações. As novas mídias são,
atualmente, pouco regulamentadas. Seria,
4. Transnacionalização inclusive, mais apropriado dizer que há uma
A quarta questão é a transnacionalização enorme concorrência entre dois sistemas de
das atividades comunicacionais. Já há alguns regulamentação. De um lado, há os direitos
anos, a informação, a cultura e a comunicação autorais e o copyright, que tem mais de dois
circulam, têm trocas, e tornaram-se produtos séculos de história, e cujo objetivo é remune-
que difundem as grandes empresas. Isso só rar os autores, os intérpretes, os profissionais
vai simplificar. Além disso, mesmo nos países da informação etc. – por meio, é claro, do pa-
governados por regimes autoritários, onde a gamento dos consumidores. Do outro lado,
população é controlada, as técnicas de infor- há a propriedade intelectual que foi, sobretu-
mação–comunicação estão disponíveis e os do, desenvolvida nas indústrias da informá-
controladores não podem impedir os jovens tica, em que o consumidor não paga direta-
e os múltiplos utilizadores de se comunicar mente, mas somente indiretamente. Ela está
com o resto do mundo. Isso pode apresentar associada, por exemplo, a todos os softwares
algum perigo, é claro, para as oposições polí- que utilizamos. Nada é gratuito. Os conte-
ticas. O primeiro desafio, portanto, é assegu- údos não são nunca produzidos a partir do
rar os recursos estáveis e diversificados para a nada. Entre esses dois sistemas, há uma bata-
produção dos conteúdos. lha feroz. A propriedade intelectual, mesmo
tendo a liberdade e o direito de comunicar
para fazer avançar os peões, convive com a
Desafios da comunicação
dúvida colocada no período atual, que con-
Olhem a internet, os sites, particularmen- tinuará presente daqui a dez anos: qual mo-
te os sites da web 2.0. Cada vez mais, esses si- delo de regulamentação vai imperar?
tes são patrocinados pela publicidade. Nesse O terceiro desafio é a questão da criativi-
período de crise mundial em que vivemos, já dade, da inovação. Eu já disse que o multimí-
dia é algo pouco criativo. Essa criatividade se aspecto particular dos produtos culturais
exerce, sobretudo nas relações, na interativi- informacionais, que não são mercadorias
dade, na maneira na qual pedimos essas tro- como as outras, mesmo que sejam vendidos.
cas. Os conteúdos são pobres. Em todo caso, No caso de uma negociação mundial, os pa-
são bem menos do que se esperava. É preciso íses mais poderosos do planeta tentaram co-
encontrar soluções, portanto, para garantir a locar todas as mercadorias no mesmo plano.
criatividade, como outros experimentos que Foi um desafio decisivo para a diversidade
atuam hoje. que continua a considerar os produtos cul-
O quarto desafio é limitar a hegemonia turais como mercadorias diferentes. Não dá
dos grupos que controlam os sistemas cultu- para negar que sejam mercadorias diferen-
rais e informacionais antigos e novos. Cada tes. Aqui estão algumas questões que pude
sistema é dominado por grandes empresas. detalhar. Passemos às questões.
O objetivo seria, então, que as expressões
independentes pudessem existir por uma Qual seria a solução para o problema da
longa duração – o que não se limita somen- criatividade? A formação acadêmica, talvez?
te à situação da viabilidade. Como pano de
Acredito que não exista apenas uma
fundo, o problema é político e societário. A
solução para o problema da criatividade.
animação parcial dos espaços públicos, que
Uma, com certeza, é a formação acadêmica.
pode ser encontrada em todos os aspectos
Os professores devem estar contentes de me
de nossas vidas, é um aspecto fundamental.
ouvir falar isso agora. Precisamos ter a idéia
Não podemos contar com as grandes empre-
de que todos nós podemos manusear todas
sas para darem conta sozinhas desse espaço
as ferramentas sem problemas. Não existe a
público. Para a comunicação alternativa, seu
história de práticas. Ter um som, pegar um
interesse não é nela mesma. Seu interesse é
som, montar um som, isso vem de longe. Ti-
movimentar o espaço público.
rar fotografias também é uma prática antiga
O quinto desafio é que, à medida que a
– o que coloca uma série de questões sobre
produção da informação transborda, hoje,
a imagem. A formação, de uma certa ma-
nos lugares legítimos, ela não é somente
neira, é indispensável. É uma resposta entre
um efeito das indústrias jornalísticas. Nes-
outras, mas é uma resposta importante ao
se sentido, é preciso colocar em aplicação
déficit de criatividade.
e definir normas deontológicas que se im-
ponham a toda a produção profissional e a Qual seria a web 2.0 ideal, já que, neste
conteúdos de informação. O problema não momento, em sua visão, ela não está sendo
é confiar toda a informação aos profissio- adequada?
nais do jornalismo (hoje, isso é difícil, é
fora de moda). O problema é que todas as A web 2.0 não é uma iniciativa que vem
novas mídias respeitam as normas deonto- de qualquer lugar, ela vem de uma base, algo
lógicas. As novas mídias podem ser as mí- que não teria relação com as indústrias cul-
dias poderosas e aquelas menos poderosas. turais atuais. A web 2.0 é uma nova indús-
Essa questão foi colocada pelos profissio- tria cultural em formação. É uma indústria
nais para o Google. que força o colaborativo e o participativo.
O último desafio é a questão da diversida- Possui uma maneira de fazer acordos com
de informacional e cultural. Hoje, a relação as indústrias culturais. Atrás dela, existem
cultural e informacional é muito assimétri- grandes pensadores, muitos deles ameri-
ca. Tem países que são poderosos, outros que canos, como, por exemplo, o MIT, assim
são menos. O objetivo é manter a diversida- como interesses financeiros importantes. É
de – em particular, conservar, garantir esse uma industrial cultural em formação que
aceita as propostas que vêm dos usuários. tenho muitas críticas a fazer – o que escrevi
É isso que a faz passar por uma matriz, em uma obra que será lançada sobre o es-
mas ela ainda está em fase de preparação. paço público.
Para aqueles que investem nela, o objetivo
Como o senhor descreveria as relações en-
é diminuir a contribuição desses autores e
tre a mídia de massa e a prática educacional?
construtores. Pode-se dizer que isso é uma
estratégia das grandes indústria culturais. É uma boa pergunta. Pode-se dizer que,
Por exemplo, em matéria de música, já faz há 40 anos, toda uma série de experimen-
algum tempo que as cinco mídias mundiais tação foi lançada para integrar as mídias de
negociam com os independentes ou com massa e a educação. Pode-se dizer, também,
novos autores. Mas, com a web 2.0, essa es- que essas experimentações não vingaram.
tratégia tornou-se central. Portanto, eu julgo o que se passou na Fran-
Então, agora vou responder as ques- ça, em que se evitou ligar as mídias de massa
tões da seguinte maneira. Eu diria que aos meios financeiros e ligou-se, sim, à edu-
estamos em uma fase de um processo no cação. As coisas, no entanto, estão mudan-
qual não podemos só ficar visando pro- do rapidamente. As TICs e as novas mídias,
messas, mas precisamos ver os objetivos e conseqüentemente, revelam-se mais plásti-
nos dar conta de que alguns sites já foram cos às práticas educacionais e às atividades
comprados, muito caros, por alguns gran- do sistema de educação. Acredito que uma
des grupos. Não sei se é preciso reforçar interação importante está acontecendo, que
a web 2.0, mas acredito que não se pode não se limita à educação à distância, mas que
ter ilusão. Recusar, de maneira alguma. penetra em todas as atividades educativas.
Isso cria possibilidade de conhecer outros Não discuto muito o papel dos professores,
criadores, dá possibilidade de troca, mas a atividade direta, no caso. Mas não vai pre-
o objetivo não deve ser esquecido. Não dá judicar essa relação direta, vai complementá-
para pensar em uma web 2.0 ideal, nem la. O que não se conseguiu com a mídia de
em uma web 3.0. A única estratégia na massa, tem chances, agora, de se realizar com
qual podemos pensar é nessa de juntar as novas mídias.
possibilidade de comunicação alternati-
va às grandes instâncias da comunicação, Como um olhar mais cuidadoso pelo
que estão passando dificuldades por cau- pensamento complexo poderia contribuir
sa da crise atual. para o pensamento comunicacional da con-
temporaneidade e para criatividade?
No livro O pensamento Comunicacio-
nal, o pensador alemão Nicholas Luman Meu ponto de vista é que essa proximida-
aparece como o último nome entre os cha- de da complexidade é elemento chave para
mados funcionalistas. Por que o senhor o entender a informação e a comunicação
coloca nesse grupo? – a complexidade e a interdisciplinaridade,
como já apontei. Já indiquei, há muito tem-
Confesso não ser um leitor freqüente e po, que as posições generalistas não me in-
apaixonado de Luman. Sou mais interessa- teressam e continuo a dizer que o que deve
do no Habermas, que enfrentou o Luman ser colocado na informação–comunicação
nas revistas alemãs e em suas obras. É ver- são as problemáticas transversais e parciais.
dade que não podemos classificá-lo como Transversais, como já disse, que atravessam
funcionalista, no seu sentido extremo, mas diferentes campos sociais. Parciais porque é
o seu pensamento me parece sistêmico. É, um erro querer ter um ponto de vista global
portanto, mais fechado e menos claro que o sobre comunicação. A complexidade é mui-
pensamento de Habermas, a quem também to importante.
nicacionais, outras mais informacionais. 1980 e 1990, mas não há certeza de que essa
Mas vocês viram que essas técnicas se li- influência tenha o mesmo peso hoje.
gam umas com as outras. Vocês perguntam quais são os pensado-
res mais influentes do pensamento contem-
Qual sua opinião sobre o pensamento de
porâneo. Notei que vocês não perguntaram
Michel Maffesoli? Quais os pensadores da
quem são os teóricos ou pesquisadores, mas
comunicação são os mais influentes na con-
os pensadores. Freqüentemente, tem-se a
temporaneidade?
idéia de que, na França, existam pensadores.
Eu sei que o Maffesoli é um professor de Eu diria que parece um progresso que hoje
sociologia e não um especialista da infor- haja menos pensadores do que pesquisado-
mação–comunicação. Ele é muito presente res. Essa pode ser a minha resposta: a minha
aqui no Brasil, mas não tem uma grande prioridade é a pesquisa. Existem filósofos
reputação na França. Numerosas práticas com quem discuto e com quem até concor-
acadêmicas dele são problemáticas na Fran- do, mas gosto da possibilidade de discutir. O
ça e ele é, de fato, muito contestado na co- Habermas é um filósofo político muito im-
munidade acadêmica. Pode-se dizer que o portante pra mim. Não concordo com ele
Maffesoli é um representante da pós-mo- em muitas coisas, mas reconheço o que ele
dernidade que tem uma visão de algo que traz. Eu sou mais do que cético com relação
teve uma influência real na Europa nos anos a Pierre Lévy ou a Michel Maffesoli.