Sie sind auf Seite 1von 39

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Escola de Música
Licenciatura em Música

O Ensino de Contrabaixo Elétrico Baseado em Levadas de Forró

Jefferson Alan Soares de Oliveira

Natal/RN
Nov/2018
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Escola de Música
Licenciatura em Música

O Ensino de Contrabaixo Elétrico Baseado em Levadas de Forró

Monografia apresentada ao Curso de


Licenciatura em Música da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte – UFRN –
como requisito parcial para a obtenção do
Grau de Licenciada em Música.

Jefferson Alan Soares de Oliveira

Orientador: Ms Edibergon Varela

Natal/RN
Nov/2018
JEFFERSON ALAN SOARES DE OLIVEIRA

O Ensino de Contrabaixo Elétrico Baseado em Levadas de Forró

Monografia apresentada ao Curso de


Licenciatura em Música da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte – UFRN, como requisito parcial
para a obtenção do título de Licenciado
em Música.

Aprovado em: de dezembro de 2018

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________
Prof. Ms. EDIBERGON VARELA BEZERRA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
ORIENTADOR

_____________________________________________
Prof. Ms. MÁRIO LUCIO CAVALCANTE JUNIOR
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
MEMBRO DA BANCA

___________________________________________________
Prof. Ms. JOSÉ SIMIÃO SEVERO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
MEMBRO DA BANCA
AGRADECIMENTOS

Quero agradecer primeiramente a Deus pelas bênçãos que me concedeu


e por me fazer chegar até aqui, também quero agradecer aos meus familiares
por me apoiarem na minha carreira acadêmica e profissional em especial a
minha avó pela paciência, dedicação e carinho, a minha mãe, meus tios Fred e
Marcelo por me terem me ajudado desde o começo na minha jornada musical e
minha noiva e futura esposa Meyrielly por estar sempre me apoiando.
Agradeço aos professores que tive durante minha jornada acadêmica e
em especial ao meu orientador Edibergon Varela por toda paciência e dedicação,
meu professor do curso técnico em baixo elétrico, Junior Primata pela paciência
e orientação.
Por fim quero agradecer a todos aqueles que de alguma forma
contribuíram e torceram para que eu chegasse até aqui, em especial meus
colegas da turma da Licenciatura em música 2015.1 pela amizade e ajuda que
me deram durante o curso e agora juntos dividindo esse momento de alegria em
estar concluído mais uma etapa na minha vida.
RESUMO

Este trabalho tem por objetivo apresentar e discutir o ensino do


contrabaixo elétrico através da utilização dos ritmos de forró. Como metodologia,
foi realizado um levantamento dos materiais didáticos que abordam essa
temática, a realização de uma entrevista com um aluno de contrabaixo elétrico,
bem como por meio do conhecimento empírico procurou-se responder os
questionamentos da pesquisa. Portanto, como resultado podemos concluir que
o método utilizado no ensino do baixo elétrico contribuiu para a aprendizagem
do aluno, bem como no desenvolvimento das levadas de forró e nas técnicas
baixisticas necessárias para a sua formação inicial. Sendo assim, esse trabalho
pretende contribuir de maneira significativa no ensino do baixo elétrico, assim
como para a área da Educação Musical como um todo.

Palavras chaves: Contrabaixo elétrico; Forró; Levadas; Metodologia.


ABSTRACT

This work aims to present and discuss the teaching of electric bass guitar
through the use of the northeastern rhythms. As a methodology, we conducted a
survey of educational materials that address this subject, conducting an interview
with a student of electric bass, as well as through the empirical knowledge sought
to answer the questions of the research. So as a result we can conclude that the
method used in the teaching of electric bass contributed to student learning, as
well as in the development of the levadas of forró and bass man techniques
necessary for your initial training. Thus, this work aims to contribute significantly
in the teaching of electric bass, as well as to the field of music education as a
whole.

Key words: Electric bass; Forró; Taken; Methodology.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - celula ritmica do baião.................................................................. 18


Figura 2 - levada basica do baião ................................................................. 18
Figura 3 - levada com a 5ª ............................................................................. 19
Figura 4 – levada da zabumba....................................................................... 19
Figura 5 – levada acrescentando a 5ª ........................................................... 19
Figura 6 – levada com a sétima..................................................................... 20
Figura 7 - “Baião” de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira .......................... 20
Figura 8 – levada com ghost notes ............................................................... 20
Figura 9 – levada com variações .................................................................. 21
Figura 10 – levada básica do xote ................................................................ 21
Figura 11 – levda com ghost notes ............................................................... 21
Figura 12 – levada com frases ...................................................................... 22
Figura 13 – levada mais elaborada ............................................................... 22
Figura 14 – levada com tríades ..................................................................... 23
Figura 15 – levada com a quinta e a oitava .................................................. 23
Figura 16 – levada com ghost notes ............................................................. 24
Figura 17 – levada de vaneirão ..................................................................... 24
Foto 1 – Jaco Pastorius ................................................................................. 25
Figura 18 – levada de vaneirão elaborada.................................................... 25
Figura 19 – slap no forró................................................................................ 26
Figura 20 – slap mais elaborado ................................................................... 26
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 8
2 ORIGEM DO FORRÓ ................................................................................... 11
2.1 Baião ...................................................................................................... 12
2.2 Xote ........................................................................................................ 13
2.3 Xaxado ................................................................................................... 14
2.4 Forró Eletrônico .................................................................................... 15
3 DESENVOLVIMENTO DA CONDUÇÃO DO BAIXO NO ESTILO DO FORRÓ
......................................................................................................................... 17
4 AS LEVADAS DE FORRÓ NO BAIXO ......................................................... 18
4.1 A criação de linhas de baixo ................................................................ 18
5 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA NAS AULAS DE CONTRABAIXO
ELÉTRICO. ...................................................................................................... 27
6 COLETA DE DADOS .................................................................................... 30
6.1 Conclusão da Análise dos dados ........................................................ 32
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 35
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 37
8

1 INTRODUÇÃO

De acordo com a história, o contrabaixo elétrico é um instrumento


relativamente recente, surgiu por volta da década de 1950 inspirado no baixo
acústico. Com o surgimento da guitarra elétrica, o baixo acústico em meio aos
instrumentos amplificados não tinha projeção e volume de som o suficiente para
competir com o volume de som da guitarra, da bateria e de outros instrumentos
da banda. Outro problema foi o seu tamanho, pois era muito difícil o seu
transporte.
Pensando na dificuldade dessa logística, o criador da guitarra elétrica Léo
Fender e dono da marca de instrumentos musicais que carrega seu nome
“Fender”, criou o primeiro baixo elétrico chamado de Precision Bass, trazendo
características do baixo acústico como a afinação e timbre bem semelhantes e
características a guitarra elétrica como os trastes, captação que permitiu que o
baixo elétrico pudesse ser tocado plugado em caixas amplificadas, no entanto
com seu corpo bem menor que o do baixo acústico. Leo Fender transformou o
baixo elétrico em algo semelhante a guitarra elétrica, mais simples para a
realização do seu transporte, bem como na maneira de tocar.
O contrabaixo elétrico desde então se popularizou e está cada vez mais
presente nas formações de bandas de variados estilos, como, pop, rock e outros
estilos da música popular. Sendo assim, substituiu o baixo acústico em diversos
espaços, que passou a ser mais presente nas músicas de concerto e
eventualmente nos grupos de jazz. Portanto, hoje o contrabaixo elétrico é um
dos instrumentos mais comuns na formação de bandas no contexto da música
popular.
Contudo, ainda há lacunas no que diz respeito ao ensino do baixo elétrico,
devido à dificuldade ao acesso de materiais didáticos que possam contribuir na
formação dos estudantes no estudo desse instrumento. E quando focamos nos
materiais que utilizam Gêneros musicais brasileiros para o estudo do baixo
elétrico, podemos perceber uma escassez ainda maior.
Por conta dessa necessidade de encontrar materiais para o estudo do
contrabaixo elétrico, esse trabalho abordará gêneros nordestinos mais
especificamente o forró.
9

Sendo assim, além da carência de material didático sobre o contrabaixo


elétrico apresentado anteriormente, também pode-se notar uma lacuna ainda
maior quando direcionamos o olhar para artigos científicos e pesquisas sobre o
ensino do contrabaixo elétrico.
Pensando na situação atual relacionada aos materiais no ensino do
contrabaixo elétrico, esse trabalho visa discutir o ensino desse instrumento
através de ritmos de forró, bem como contribuir com sua valorização e o da
música nordestina.
Buscando alcançar esse objetivo, levantaremos materiais didático que
promovam o ensino de baixo através dos ritmos do forró. Para melhor
compreendermos, discutiremos sobre o processo de aprendizagem do
contrabaixo elétrico utilizando as levadas1 do forró, sendo assim precisamos
analisar as particularidades das levadas do contrabaixo elétrico em cada gênero
musical do forró.
Objetivando contribuir com a área da Educação Musical, esse trabalho de
pesquisa procura enfatizar a importância da valorização de estudos voltados à
música brasileira, em especial a nordestina, pois vemos que com a grande
influência de músicas estrangeiras principalmente músicas americanas como
blues, jazz, pop e rock surgi vários métodos didáticos estrangeiros e matérias
relacionados a esse tipo de música, facilitando o acesso desses métodos ao
estudante de contrabaixo elétrico.
Os métodos estrangeiros também são adotados por professores e muitas
escolas de música no Brasil por serem métodos eficientes, apesar de existirem
ótimos métodos brasileiros para contrabaixo elétrico, ainda assim o estudante
que procura se aprimorar nos estudos de música brasileira encontra dificuldades
em achar métodos que abordem os gêneros brasileiros, pois o acesso é limitado
e possivelmente tem poucos métodos que falem da música brasileira como
afirma Oliveira quando diz que “[...] existe uma lacuna na história do baixo
elétrico, no que se refere ao ensino do instrumento, também pouco se fala sobre
métodos e materiais científicos a respeito do tema.” (OLIVEIRA, 2015, p.11).
Se para o aluno iniciante no contrabaixo elétrico já existe um acervo
pequeno de métodos que falam sobre a música brasileira, ainda mais raro são

1
As levadas são um padrão rítmico para se executar um determinado gênero musical no instrumento com
o uso de um motivo ou frase musical, comumente tocada em ostinato.
10

métodos que abordem especificamente os gêneros nordestinos, e para o aluno


que deseja estudar sobre esses gêneros uma possibilidade é aprender de
maneira independente e autodidata, utilizando “tirar”2 linhas de baixo de
gravações, ou vivenciando em lugares onde há músicas nordestinas como em
festas juninas, quadrilhas e dentre outras.
Para compreendermos melhor o que é o forró, a primeira parte deste
trabalho nos traz uma abordagem do contexto histórico sobre o forró e alguns de
seus principais estilos, desde a origem do termo forró e suas características
como dança e musicais até chegar no forró eletrônico e vaneirão que são mais
atuais.
Em seguida o trabalho apresenta a evolução das levadas do contrabaixo
elétrico no forró, mostrando um panorama histórico das linhas de baixo no forró,
desde a execução dos baixos originalmente feita pela sanfona, seu
desenvolvimento até chegar na levada feita pelo contrabaixo elétrico que com o
surgimento de outros estilos de forró junto a aplicação de novas técnicas do
instrumento e as levadas ficaram cada vez mais elaboradas. O surgimento de
grandes baixistas do gênero também influenciaram as levadas com seus estilos
de tocar.
Para alcançarmos no objetivo de levantar material didático sobre as
levadas de forró em seguida falaremos sobre a execução dos estilos do forró no
contrabaixo elétrico, desde as simples levadas do baião até as elaboradas
levadas do vaneirão, apresentado os principais elementos que caracterizam as
levadas de cada estilo musical do forró como a rítmica e as técnicas.
Para realizar este trabalho foi feito uma pesquisa bibliográfica de métodos
didáticos, artigos e teses sobre o ensino de instrumento e sobre os ritmos do
forró para fundamentar este trabalho.

2
O termo “tirar” é uma expressão comum entre os músicos e significa: ouvir e reproduzir aquilo que foi
tocado por outro musico.
11

2 ORIGEM DO FORRÓ

Existe algumas teorias para a origem do termo “forró”, uma delas e talvez
a mais famosa é que o termo forró teria surgido no final do século XIX, com as
construções das estradas de ferro Great Western no nordeste pelos ingleses,
durante esse período os ingleses realizavam festas que eram abertas para toda
a população e na entrada dessas festa estava escrito “For All” que significa “para
todos” e com a variação da pronuncia teria surgido o termo “forró”. Existe
também outra teoria muito parecida com essa, só que em vez de ser durante a
construção da estrada de ferro Great Western seria durante o período da 2°
Guerra mundial e os saldados que dariam essas festas. Outra teoria e a mais
aceita pelos estudiosos seria à que o termo “forró” teria surgido da contração da
palavra forrobodó, ou seja, a palavra forrobodó sofre uma apócope que segundo
o “novo dicionário da língua portuguesa” de Candido de Figueiredo é a
“supressão de uma letra ou silaba no final da palavra” (FIGUEIREDO, 1913,
p.162). Segundo Luiz da Câmara Cascudo forrobodó é uma expressão de origem
africana que significa “algazarra”, “festa para a ralé” (CASCUDO, p.413), por sua
vez o termo seria derivado do francês faux-bourdon.
O termo forrobodó se tem registro desde o século XIX, um dos registros
mais antigos da palavra vem de 1833, onde o jornal carioca chamado de
Mefistófeles traz em seu número 15: “O ator Guilherme na noite do seu
forrobodó”, que segundo Edinha Diniz seria uma alusão a uma forma de teatro
popular da época. E para reforçar a hipótese da pesquisadora, há uma nota da
revista América Ilustrada de 1822: “Um arremedo de folhetim, cheirando a
forrobodó”.
Por volta de 1883 a 1884 o termo forrobodó aparece pela primeira vez no
dicionário de língua portuguesa, o Henrique Pedro Carlos de Beaurepaire-Rohan
publica na Gazeta Literária um glossário da língua brasileira que se torna livro
em 1889 com o título de Dicionário da língua brasileira. Dez anos depois o termo
entre em outro dicionário por Antônio Cândido de Figueiredo que documenta o
termo no famoso Novo Dicionário da Língua Portuguesa, a palavra forrobodó
tinha sido registrada como: “baile rales”. Com isso o termo é difundido
definitivamente na língua. Luís da Câmara Cascudo apresenta registros do
termo forrobodó em jornais cariocas no início do século XX, a nota chega a
12

mencionar instrumentos musicais como: violão, sanfona e reco-reco, e se refere


aos participantes como “a ralé”. E no mesmo período o termo forró é inserido
pela primeira vez em um dicionário, na segunda edição do Novo Dicionário da
Língua Portuguesa de Antônio Cândido de Figueiredo.
O termo Forró pode ser designado a uma festa, dança, estilo musical ou
um local, é originário da região do nordeste brasileiro, fenômeno muito popular
do folclore nordestino principalmente nas festas juninas, e com sua
popularização o forró é hoje praticado também em outras regiões do país. O
termo forró também pode se remeter a um conjunto de gêneros musicais como
xote, baião, xaxado, coco e arrasta-pé, esses gêneros muitas vezes confundidos
como um único gênero, esses geralmente são acompanhados por um trio
formado tradicionalmente de sanfona (acordeom), zabumba e triangulo.

2.1 Baião

Vimos que o forró é um termo que se refere à gêneros musicais e danças,


talvez o mais antigo seja o Baião, que é um gênero musical e dança popular que
deriva de um tipo de lundu chamado de “Baiano”, o nome Baião também é uma
corruptela do termo “Baiano” e por sua vez deriva do verbo baiar ou também
conhecido como bailar. O baiano é dançado aos pares sendo homem e mulher,
é uma dança cantada com o uso de palmas, sapateado, umbigada, castanholas
e também podem ser substituídas por estalar de dedos. A umbigada era um
movimento em que os pare batiam a barriga para que outro par o substituísse
“Em outras descrições, a umbigada aparece substituída por uma mesura ou pelo
estalar castanholado de dedos diante do sucessor escolhido”
(DANCASFOLCLORICAS.BLOGSPOT.COM).
Segundo Luiz da Câmara Cascudo o baião tornou-se bastante popular
durante o século XIX, e emergiu como estilo musical nos anos 40 através de
Humberto Teixeira e do sanfoneiro pernambucano Luiz Gonzaga que divulgou o
baião pelas estações de rádio do Rio de Janeiro, que foi sendo influenciado
inconscientemente pelos sambas locais e as congas cubanas. Originalmente o
baião executado por sanfona, mas com a influência da chula portuguesa ganha
outros instrumentos como triangulo e zabumba. As primeiras músicas do gênero
a fazer sucesso foram "Eu vou mostrar pra vocês”, “Como se dança o baião”, “E
13

quem quiser aprender”, “É favor prestar atenção”, “o baião tem um quê”, “Que
as outras danças não têm" composições de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira.
Luiz Gonzaga passa a dominar o gosto popular e fica conhecido como “rei do
baião”.
Na década de 50 o gênero do baião começa a ser gravado por diversos
artista como Marlene, Emilinha Borba, Ivon Curi, Carolina Cardoso de Menezes,
Carmem Miranda, Isaura Garcia, Ademilde Fonseca, Dircinha Batista, Jamelão
e entre outros. Na mesma época o baião começou a ser o gênero mais influente
no exterior até a década de 60 onde o mesmo começa a perder espaço para a
bossa-nova e o rock. O baião ainda serviu de influência para o gênero musical
chamado de tropicália. “Mesmo com o seu relativo esquecimento, o baião
continuou sendo cultivado por inúmeros artistas e músicos nacionais, como
Dominguinhos, Zito Borborema, João do Vale, Quinteto Violado, Jorge de
Altinho” (GASPAR, 2006).
O baião é caracterizado por geralmente utiliza os modos mixolídio ou lídio
b7, Geralmente é em 2/4, mas que pode ser encontrado em 2/2 e 4/4. O baião
utiliza de melodias e harmonias bem simples, com o uso de notas pedias no
baixo.

2.2 Xote

O xote (também escrito xótis, chóte ou chótis) é um ritmo dançado aos


pares com mais tranquilidade, lento executado em compasso quaternário ou
binário e mistura passos de valsa e polca e também utiliza o trio de sanfona,
zabumba e triangulo. O xote tem origem Alemã e é originalmente chamado de
Schottisch, esse termo traduzido significa escocesa, que faz referência a polca
escocesa.
O Schottisch foi levado para o Brasil por José Maria Toussaint, em 1851,
inicialmente difundia pela sociedade da elite no período do segundo reinado, mas
pouco depois os escravos aprendem alguns passos através de observações e
adaptam a sua própria maneira de dançar logo o Schottisch se popularizou e
com a contração da palavra o termo passou a ser chamado de "xótis" ou
simplesmente "xote".
14

O xote apresenta uma grande diversidade rítmica, podemos encontrar


diversas variações do xote pelo Brasil desde o nordeste até o sul do país como
o xote-carreirinho, xote-duas-damas, xote-bragantino e entre outros, isso se
deve a influência sofrida de ritmos latino-americanos, o xote “incorporado
também diversos passos de dança e elementos da música latino-americana,
como, por exemplo, alguns passos de salsa, de rumba e mambo” (WIKIPEDIA).
Assim como o baião na década de 40 o xote se populariza através da voz
de Luiz Gonzaga que cantava nas rádios do Rio de Janeiro. Posteriormente
outros artistas também fizeram e fazem sucesso com o gênero como
Dominguinhos, Jackson do Pandeiro, Dorgival Dantas, Falamansa e entre
outros.

2.3 Xaxado

O xaxado é uma dança originada do sertão/agreste do interior das regiões


do Pajeú e Moxotóde em Pernambuco. O xaxado era dançado exclusivamente
por homens, segundo Luís da Câmara Cascudo (Dicionário do Folclore
Brasileiro) “divulgada até regiões da Bahia pelo cangaceiro Lampião e pelos
integrantes do seu bando” (CASCUDO, 1972, p.920). A palavra xaxado é uma
onomatopeia do barulho xa-xa-xa, que era o som produzido pelos dançarinos ao
arrastar as alpercatas3 pelo chão durante a dança.
Há também uma versão que a palavra xaxado teria derivado da palavra
“xaxar”, e esse termo seria uma corruptela da palavra sachar, esse é um termo
usado na agricultura que significa cavar, capinar ou preparar o roçado para a
plantação, esses movimentos seriam semelhantes aos de quem está dançado o
xaxado.
Os primeiros registros sobre o xaxado apareceram em 1922 na região de
Pernambuco. O xaxado foi difundido pelos cangaceiros no início da década de
1920, o xaxado era usado como seu grito de guerra e canto de vitória. Na época
os grupos de cangaceiros não tinha a participação de mulheres, por isso o
xaxado era uma dança exclusivamente masculina, os cangaceiros usavam o rifle

3
Alpercatas são sandálias que se prende ao pé por tiras de couro ou de pano.
15

em substituição da mulher a dança, mas essa situação vem a mudar a entrada


de Maria Bonita para o grupo de Lampião, com o tempo as mulheres acabam
encontrando seu espaço também na dança. O xaxado era dança em fila indiana
segundo Cascudo:

“[...] um atrás do outro, sem volteio, avançando o pé direito em


três ou quatro movimentos laterais e puxando o esquerdo, num
rápido e deslizado sapateado. Os cangaceiros executavam o
Xaxado marcado a queda da dominante com uma pancada no
coice do fuzil.” (CASCUDO, 1972, p. 920).

O da frente sempre era o líder do bando, o líder puxava os versos que


eram respondidos pelo grupo com um coro, com letras que insultavam os
inimigos, engrandeciam seus feitos e falavam de mortes de seus companheiros.
Os passos têm relação com os gestos das guerras, são graciosos porem firmes.
Assim com o baião e o xote o xaxado foi muito difundido por Luiz Gonzaga e
também tem instrumentação bem semelhante com o uso de instrumentos de
pífano, sanfona, zabumba e triangulo.

2.4 Forró Eletrônico

O forró eletrônico tem vários nomes, por exemplo, forró romântico, forró
reggae, forró estilizado e hoje em dia também é popularmente conhecido como
forró das antigas. O forró eletrônico é um subgênero do forró tradicional, surgiu
no nordeste do Brasil na década de 1990, período que o forró sofre a sua maior
transformação com a banda Mastruz com Leite que transformou a maneira de
tocar o forró acrescentando ao estilo do forró tradicional instrumentos como
guitarra, teclados, bateria (substituindo a zabumba), instrumentos de metais e é
claro o contrabaixo elétrico, além de elementos visuais como bailarinas e roupas
coloridas. Junto a banda Mastruz com Leite também surgiram as bandas
Magníficos e Limão com Mel que ajudaram a consolidar e promover o estilo.
O forró eletrônico sofreu varias influencias de outros estilos como a
música sertaneja, lambada, rock, pop, romântica, brega e até do axé. Em
entrevista ao site de notícias G1 o cantor da banda Magníficos José Inacio, o
Jotinha disse: “É como se pegássemos uma música de Roberto Carlos, por
exemplo, e tocássemos em ritmo de forró” (G1.GLOBO.COM).
16

O forró eletrônico ganha uma característica mais romântica e dançante,


os passos da dança também são mais rápidos e mais sensuais. Além de todas
essas mudanças também houve uma mudança nas letras das músicas, as letras
fazem apelo a sexualidade e a bebidas alcoólicas e por isso o forró eletrônico
tem sido alvo de muitas críticas inclusive de artistas do forró tradicional. Tempo
depois das bandas Mastruz com Leite, Magníficos e Limão com Mel surgirão
também as bandas Calcinha Preta e Aviões do Forró que fizeram muito sucesso
no Brasil chegando a ter músicas como trilha sonora de novelas.
17

3 DESENVOLVIMENTO DA CONDUÇÃO DO BAIXO NO ESTILO DO FORRÓ

Inicialmente era o acordeom (sanfona) que fazia as linhas de baixo


através das chaves da mão esquerda, o acordeom juntamente com o triangulo e
a zabumba, animava as festas nas fazendas e nos pequenos povoados do
nordeste brasileiro e era conhecido como forró pé de serra, mas com a
modernização do estilo por volta dos anos 1990, além do contrabaixo elétrico,
outros instrumentos foram agregados ao estilo como a guitarra elétrica, bateria
e teclado elétrico.
Nas primeiras gravações de forró o contrabaixo geralmente executava
somente as tríades, que são as notas que formam um acorde simples sendo elas
a tônica, terça e a quinta. Essas notas eram tocadas com bastante cuidado para
não embolar com os outros instrumentos, além disso era usado timbre com
pouco grave e um pouco de médio para que se pudesse escutar a condução do
instrumento, e como todo estilo musical sofre mudanças com o forró não foi
diferente, começou então o surgimento do forró moderno com influência de
outros estilos musicais como samba, funk entre outros, fazendo assim com que
o baixista inserisse mais recursos na condução como ghost notes, cromatismos,
notas de aproximação, Slap e entre outras técnicas.
Em relação aos baixistas que se destacaram tocando esse estilo,
podemos destacar alguns como Adriano Giffoni, Luizão Maia, Jamil Joanes,
Toninho Alves, Arthur Maia e entre tantos outros. No que diz respeito ao modo
de tocar esse estilo, o baixista deve ter o mínimo de conhecimento sobre a
rítmica, pois o baixo cria a condução com base nos ritmos dos instrumentos de
percussão imitando o ritmo do bumbo e caixa da bateria ou do zabumba que é
tocada usando duas baquetas, uma que toca a pele superior simulando o bumbo
e a outra baqueta chamada de bacalhau toca na pele inferior que simula o som
da caixa. Nesse sentido vemos que o baixo e os instrumentos de percussão
andam lado a lado na execução e esse princípio se aplica na execução de todos
os subgêneros do forró.
18

4 AS LEVADAS DE FORRÓ NO BAIXO

Este capítulo apresenta material transcrito e criado que exemplifica


levadas de forró e suas ou variantes no contrabaixo elétrico, com intenção de
criar linhas de acompanhamento no contrabaixo elétrico.

4.1 A criação de linhas de baixo

Como o estilo do forró abrange uma vasta variedade de gêneros musicais,


focaremos aqui nos mais comuns do forró. Vamos começar com o que talvez
seja o gênero mais simples, o baião.
Como mostrado anteriormente, quando o contrabaixo elétrico cria levadas
no forró, ele imita a levada de instrumentos de percussão, geralmente se baseia
em instrumentos mais graves como surdos, bumbos, tantas, atabaques entre
outros. O baião possui uma célula rítmica bem simples “[...] este estilo é
executado no compasso 2/4 e sua principal característica é a acentuação
presente entre o final do primeiro tempo e o início do segundo, que acaba sendo
apenas prolongamento.” (GIFFONI, p.34).
Na figurar a baixo podemos ver a célula rítmica básica do baião utilizada
geralmente pela zabumba:

Figura 1 - celula ritmica do baião

Fonte: dados do autor.

Através dessa célula rítmica, podemos dar seguimento a levada básica do


baião no contrabaixo elétrico, como podemos observar na imagem abaixo:

Figura 2 - levada basica do baião

Fonte: dados do autor.


19

O baixo utiliza essa mesma intenção rítmica para imitar os instrumentos


mais graves de percussão, no exemplo a cima se utiliza apenas a tônica do
acorde, essa é a levada mais básica do baixo no baião.
Também podemos usar a tônica e a quinta dessa maneira:

Figura 3 - levada com a 5ª

Fonte: dados do autor

Podemos observar na próxima imagem a levada da zabumba no baião:

Figura 4 – levada da zabumba

Fonte: dados do autor

Observamos que a zabumba acrescenta mais uma nota na segunda


colcheia do segundo tempo com a batida do bacalhau que simula a caixa da
bateria, variado a célula rítmica que vimos anteriormente. Pensado nisso
podemos também basear a levada do baixo acrescentando essa nota:

Figura 5 – levada acrescentando a 5ª

Fonte: dados do autor

Além da quinta também podemos acrescentar a sétima na levada:


20

Figura 6 – levada com a sétima

Fonte: dados do autor

No exemplo acima foi utilizado uma levada sobre o acorde de Dó com


sétima. pois no baião os acordes com sétima menor são característicos do estilo
por isso esses acordes com sétima menor são mais comuns de se tocar,
inclusive os modos característicos do baião são o Mixolidio que possui a b7
(sétima menor) e o Lídio b7 que possui a 4# (quarta aumentada) e a b7 (sétima
menor) como característica principais. Podemos ver na melódia a baixo a
presença da sétima menor:

Figura 7 - “Baião” de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira

Fonte: Faria, (1995, p 120).

Até agora vimos a criação de levadas com base nas notas do arpejo do
acorde, mas também podemos enriquecer nossas linhas de condução do baixo
com certas técnicas, como a utilização de notas mortas, mais conhecida como
“Ghost Notes”, que dão uma intenção mais percussiva e balanço a levada como
no exemplo a baixo:

Figura 8 – levada com ghost notes

Fonte: dados do autor

Também pode-se usar de notas de passagem, ligaduras e entre outras


técnicas podendo mistura-las resultando em novas sonoridades como no
exemplo a abaixo:
21

Figura 9 – levada com variações

Fonte: dados do autor

O xote é um ritmo que assim como o baião tem a formação instrumental


originalmente formada por sanfona, triangulo e zabumba. Esse estilo é
executado no compasso 4/4, o contrabaixo executa a mesma célula rítmica que
a zabumba:

Figura 10 – levada básica do xote

Fonte: dados do autor

Essa é a levada básica do xote no contrabaixo, podemos observar a


utilização da tônica juntamente com a quinta sobre a célula rítmica da zabumba.
Podemos adicionar notas mortas a levada como uma nota de preparação
simulando o caixa da bateria além de dar mais balanço a levada:

Figura 11 – levda com ghost notes

Fonte: dados do autor

Também é muito comum a utilização de frases de preparação com


colcheias, essas freses antecedem o próximo acorde:
22

Figura 12 – levada com frases

Fonte: dados do autor

Assim como no baião no xote a mistura de diferentes recursos técnicos


trazem diferentes sonoridades a levada, mas para isso primeiro devemos
entender os conceitos básicos do estilo, no xote segundo Giffoni:

A interpretação deve ser suave e bem marcada, de forma


a fornecer a base para os instrumentos de harmonia e
percussão. As quintas, as notas de tensão e cromatismos
fazem parte das características do xote. (GIFFONI, p. 41).

Um exemplo com esses recursos:

Figura 13 – levada mais elaborada

Fonte: GIFFONI, (1997, p.41).

O forró romântico ou forró reggae que também é popularmente chamado


de forró das antigas é um estilo de forró que surgiu na década de 90, esse foi o
período onde o forró sofreu mais transformações por decorrência da influência
de diversos outros estilos musicais como a música sertaneja, romântica, brega
e até do axé, e essas transformações também se refletiram nas levadas de baixo
no forró.
Apesar dessas influencias e transformações na maneira de tocar a levada
do baixo mantém a característica de imitar a célula rítmica da zabumba ou do
bumbo da bateria, a princípio as levadas podem usar as tríades dos acordes,
23

que são um conjunto de três notas que formam um acorde simples, essas são a
tônica, a terça e a quinta.

As tríades aplicadas na levada do forró romântico:

Figura 14 – levada com tríades

Fonte: dados do autor

Percebemos que houve algumas mudanças em relação as levadas de


baião e xote, agora além das quintas também utilizamos as terças nas levadas
dando uma sonoridade diferente. Também há uma pequena mudança na
harmonia, pois agora a pesar de serem usados acordes com sétima menor não
há predominância desses acordes deixando a harmonia um pouco mais simples.
Também podemos utilizar somente a tônica e a quinta na levada:

Figura 15 – levada com a quinta e a oitava

Fonte: dados do autor

Essa levada é bem parecida com as levadas do xote, mas como uma
variação da célula rítmica básica que vimos anteriormente, essa levada talvez
seja a maneira mais comum de se tocar o forró eletrônico, se escutarmos
gravações desse estilo podemos perceber esse padrão em quase todas as
levadas de baixo.
Podemos usar esse mesmo padrão com tônica e quinta e varia-lo
agregado as notas mortas para dar uma intenção mais percussiva e balaço a
levada:
24

Figura 16 – levada com ghost notes

Fonte: dados do autor

Embora essa levada derive da levada tradicional de forró podemos


perceber a grande transformação que o forró sofreu vendo que a levada do baixo
está cada vez mais distante da levada do forró tradicional e bem mais parecida
com a levada do forró vaneirão moderno.
O vaneirão é um estilo musical e dança que surgiu por volta do fim dos
anos de 1990 e inícios dos anos 2000 de origem do estado do Rio Grande do
Sul, esse estilo tem influência da Habaneira cubana e geralmente feito para ser
tocado por grupo instrumental. Foi trazido para o nordeste por artistas como
Gaúcho da fronteira, e dessa junção do forró surgiu um estilo de vaneirão que
era mais rápido que o ritmo original.
A levada do baixo no vaneirão é bem parecida com a levada do forró
eletrônico, mas no vaneirão as levadas são um pouco mais rápidas e mais
elaboradas:

Figura 17 – levada de vaneirão

Fonte: dados do autor

Podemos perceber a enorme diferença da levada do vaneirão para os


estilos anteriores. Na atualidade, as levadas são tocadas em andamentos mais
rápidos e com mais notas, uma das características mais marcantes na levada do
baixo são as notas mortas que quase sempre estão presentes tornado a levada
muito mais percussiva e elaborada. O timbre característico do baixo nesse estilo
é uma sonoridade mais voltada para as frequências de médio, usando
geralmente o captador da ponte aberto e o captador do braço fechado, pois esse
captador próximo a ponte naturalmente soa mais médio, para extrair melhor esse
25

timbre devemos tocar com a mão direita próxima a ponte, semelhante ao modo
como Jaco Pastorius (1951- 1987) tocava:

Foto 1 – Jaco Pastorius

Fonte: BBC.CO.UK, [20--?].

No vaneirão os baixistas começaram a aplicar novas técnicas a levada


agregado a maneira como tocava o forró tradicional como notas de aproximação,
cromatismos, tapping e dentre outras.

Figura 18 – levada de vaneirão elaborada

Fonte: dados do autor

No exemplo acima podemos ver o uso de cromatismos como passagem


e uma ligadura de expressão do primeiro para o segundo compasso, além das
técnicas que já tínhamos usado anteriormente como as notas mortas deixando
a levada mais elaborada.
Também é muito comum o uso de outras técnicas agregadas a levada
como slap. O slap ou slapping é uma técnica que segundo Pixinga “significa
golpear o ar ou as cordas com a mão”(PIXINGA, 199?, p.5), essa técnica
consiste em golpear as cordas com o polegar simulando o bumbo e puxar as
26

cordas com o indicador simulando o caixa da bateria, geralmente é usado a


tônica do acorde com sua oitava, no caso do forró vamos imitar o som da
zabumba. O slap aplicado ao vaneirão:

Figura 19 – slap no forró

Fonte: dados do autor

Outro exemplo de forró com o slap criado por Giffoni:

Figura 20 – slap mais elaborado

Fonte: Giffoni, (199?, p. 38).

A levada do baixo no vaineirão agrega novos elementos de outros estilos


como elementos da Swingeira, a rocha, sertanejo e dentre outros estilos.
Esses foram alguns exemplos de possibilidades para a criação de levadas
do contrabaixo, no entanto o campo da criação é ilimitado, sendo assim podemos
criar um número infinito de levadas.
27

5 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA NAS AULAS DE CONTRABAIXO


ELÉTRICO.

Para melhor contribuir com o objetivo do trabalho apresento aqui a


estrutura das aulas de contrabaixo de maneira simplificada para entendermos
como as mesmas funcionam e em seguida uma análise de entrevista com um
ex-aluno de contrabaixo elétrico. Essa proposta de ensino serve para todos os
níveis de estudantes de contrabaixo elétrico, mas a progressão das aulas e dos
conteúdos vão variariam de aluno para aluno pois cada docente possui o
desenvolvimento próprio de aprendizagem.
A estrutura das aulas está baseada na ordem cronológica dos subgêneros
do forró, sendo assim as aulas iniciais são baseadas no gênero do baião, pois
esse gênero tem uma execução mais simples com poucas notas, como mostrado
nos exemplos do tópico anterior. Antes de mostrar a levada, é apresentados
exercícios e técnicas para adquirir a habilidade necessária para execução da
levada que será estudada em seguida, como exercícios para a mão direita para
executarmos melhor a técnica do pizzicato, exercícios para a mão esquerda que
estimulam a agilidade e independência dos dedos, também no decorrer das
aulas em paralelo aos exercícios é incentivado que o alunos ouçam músicas do
gênero estudado para que se familiarize com as características do estilo, pois a
imitação e criação são aspectos muito importantes para a formação de um
musico competente e musical, assim como faziam professores de escola
especializadas na metade do século XIX “Os alunos iniciantes aprendiam as
passagens frequentemente “de ouvido” procurando imitar o professor nas peças
desconhecidas e a reconstruir no instrumento peças e canções já familiares.”
(HARDER, 2008 p. 133).
Depois de amadurecer os exercícios propostos, é passado as primeiras
ideias de levadas, primeiramente entendendo a célula rítmica utilizada no gênero
através de solfejo e em seguida executando essa célula rítmica no instrumento
sobre uma nota indicada pelo professor, quando essa célula rítmica é
internalizada pelo aluno é passado um exemplo musical, no caso do baião,
geralmente é usada a música “Asa Branca” de Luiz Gonzaga como exemplo,
pois essa música tem harmonia e melodia muito simples facilitando a
aprendizagem do aluno, a medida em que o aluno aprende certas técnicas e
28

músicas o professor gradativamente passa algo mais desafiador, como a


execução da melodia, uma nova música com uma harmonia mais elaborada ou
com novos elementos na condução do baixo, e aproveitando esse momento o
professor aborda novos assuntos como escalas naturais e o uso de intervalos de
5° e 8° justa. Após apresentar esses assuntos, o professor começa a apresentar
os elementos de leitura de partituras, inicialmente leitura de cordas soltas, e
gradativamente chegar a leituras de ritmos de baião.
Tendo em vista os conteúdos estudados anteriormente após o assunto do
baião o professor aborda o gênero do xote, como mostrado no capítulo anterior,
assim como o baião é um gênero bem simples de se tocar no contrabaixo
elétrico, mas utiliza alguns novos elementos na condução, de maneira
semelhante a abordagem do baião apresentamos a célula rítmica do xote para
o aluno com solfejo e em seguida um exemplo de execução da célula rítmica
sobre um único acorde em seguida a aplicação da condução sobre uma
harmonia simples, em seguida a utilização de exemplos com músicas do gênero,
estimulando sempre que o aluno escute músicas do gênero pra se familiarizar
com as características do estilo, utilizado também exemplos em partitura para
estimular o abito da leitura, essa abordagem inicial é aplicada sempre que o
professor apresenta um novo gênero musical, a intenção é que os elementos da
execução sejam apresentados gradativamente para o aluno compreender todos
os detalhes da execução e ficar ciente daquilo que está fazendo. Depois de
compreender a execução do ritmo o professor pode apresentar novos elementos
como a técnica das Ghost notes ou notas mortas, além de notas de passagem,
cromatismos assim como mostrado no exemplo de capitulo anterior.
De maneira semelhante à abordagem utilizada nos gêneros do baião e do
xote, também no forró eletrônico abordaremos inicialmente apresentando a
célula rítmica do forró eletrônico abordado para o aluno com solfejo e em seguida
um exemplo de execução da célula rítmica sobre um único acorde em seguida a
aplicação da condução sobre uma harmonia simples, depois a utilização de
exemplos com músicas do gênero, utilizado também exemplos em partitura para
estimular o abito da leitura, estimulando sempre que o aluno escute músicas do
gênero para se familiarizar com as características do estilo, depois dessa
abordagem inicial apresentamos algumas possíveis variação da condução com
29

elementos apresentados anteriormente e também novos elementos como


ligaduras, tríades, tétrades e entre outros assuntos relacionados.
Utilizando a mesma forma como foi abordado os gêneros apresentados
anteriormente, também é utilizado no gênero do vaneirão apresentando a célula
rítmica do vaneirão com solfejo, e em seguida, um exemplo de execução da
célula rítmica sobre dois acordes, em seguida, a aplicação da condução sobre
uma harmonia simples, depois a utilização de exemplos com músicas do gênero,
utilizado também exemplos em partitura para estimular o abito da leitura,
estimulando sempre que o aluno escute músicas do gênero pra se familiarizar
com as características do estilo. Esse gênero permite a utilização de vários tipos
de variações e novas técnicas como slap, elementos de outros gêneros musicais
assim como mostrado no capítulo anterior.
O professor deve aproveitar as deixas em quanto apresenta os gêneros
para mostrar os elementos musicais, como a utilização de escalas, leitura de
partituras, campo harmônico, formação de acordes, técnicas do contrabaixo
como pizzicato, slap, ghost notes, ligaduras, notas de aproximação, cromatismos
e entre outros. O professor pode apresentar as ferramentas necessárias para o
estudante poder executar as levadas, mas a parte da criação deve ser
estimulada para que o aluno possa faze-las independentemente.
30

6 COLETA DE DADOS

Para podermos compreender melhor o processo de ensino foi feito uma


entrevista estruturada com um ex-aluno de contrabaixo elétrico, através de
algumas questões foi possível extrair algumas informações que contribuíram
para essa pesquisa. A entrevista estruturada tem questões previamente
formuladas e tenta-se não fugir delas, e em seguida refletir sobre as respostas.
(BONI e QUARESMA, 2005, p.73).
A entrevista estruturada foi escolhida para essa pesquisa pois o aluno
escolhido para participar se mudou para outra cidade o que dificulta o encontro
com o mesmo para uma conversa mais aberta. Entretanto isso permiti que a
entrevista seja mais focada no tema que cerca essa pesquisa.
O questionário elaborado para essa pesquisa foi pensado para podermos
compreender como ocorrem as aulas de contrabaixo elétrico utilizando a
metodologia proposta no capítulo anterior, para isso foi selecionado um aluno
que teve aulas somente com esse tipo de abordagem. Nas perguntas elaboradas
o aluno teve a oportunidade de falar sobre como as aulas contribuíram para a
sua formação musical, além permitir que discorra sobre aquilo que ele gostaria
que tivesse sido diferente ou que gostou, para a colaboração no
desenvolvimento dessa metodologia de ensino.
Foi elaborado cinco questões para o entrevistado responder, também foi
pedido para o aluno entrevistado a autorização para a publicação da entrevista,
mas para preservar o anonimato do entrevistado vamos chamá-lo de Aluno X.

Questão 1 - O que te motivou a estudar música? Porque a escolha


do baixo elétrico?

Procurando entender como iniciou seus estudos, pergunto ao Aluno X


sobre o que o motivou a iniciar seus estudos musicais e ele responde: “influência
dos pais, com o conhecimento da música acabei gostando bastante do baixo
elétrico, principalmente os grooves e levadas”. (Aluno X, 08/11/2018).
Com esse relato, o Aluno X mostra a grande importância que sua família
teve para que ele iniciasse seus estudos musicais, pois desde pequeno
observava as atividades musicais que seus pais e familiares praticavam, também
31

inspirado nisso seu irmão começa a estudar a sanfona. Escutando e apreciando


a música que ouvia com frequência no meio familiar o Aluno X começa a estudar
música, mas apesar de seus familiares tocarem instrumentos diferentes ele
acaba optando por estudar o contrabaixo elétrico.

Questão 2 - Entre os diversos gêneros musicais, você aprecia o


forró?

Em busca de entender o motivo para começar a estudar os ritmos de forró


em especifico, pergunto para ele se ele aprecia o forró e ele reponde: “Sim”
(Aluno X, 08/11/2018).
Como respondeu na primeira questão a influência familiar foi o que mais
o estimulou a gostar de música e consequentemente do contrabaixo elétrico, e
no caso do forró não foi diferente, como professor percebi que uma das
influências para ele era o irmão que toca acordeom e por estimulo do irmão o
Aluno X começa a apreciar o gênero do forró. Com isso busca estudar as levadas
do baixo no forró para acompanha seu irmão nas apresentações.

Questão 3 - Como as aulas contribuíram para seu desenvolvimento


no instrumento?

Continuando a pesquisa, agora busco compreender melhor sobre o


resultado das aulas e pergunto como as aulas o ajudaram na sua jornada de
estudos do instrumento e ele responde: “bastante, pois baixo elétrico no forró
ainda é um estilo pouco divulgado na internet, ou outros meios, então as aulas
me serviram bastante para o desenvolvimento” (Aluno X, 08/11/2018).
Podemos analisar na resposta do Aluno X que antes de iniciar os estudos
de contrabaixo elétrico com professor ele decide buscar estudar por conta
própria e por isso procura materiais didáticos sobre as levadas de baixo no forró
e acaba se deparando com a dificuldade de ter acesso materiais sobre o tema o
que pode ter o deixado frustrado, com isso ele procura o auxílio de um professor
de contrabaixo elétrico, o que provavelmente o estimulou a continuar os estudos
do instrumento.
32

Questão 4 - Quais as maiores dificuldades encontradas nas aulas?

Continuando com a análise da metodologia, buscando encontrar pontos


negativos para que possam ser melhorados, pergunto ao Aluno X quais os
maiores desafios que que encontrou durante as aulas e ele respondeu: “como
não sou uma pessoa do meio do forró (minha formação musical é rock) senti
bastante dificuldade na levada.” (Aluno X, 08/11/2018).
Podemos perceber o comentário do Aluno X que a maior dificuldade que
encontrou foi se familiarizar com estilo musical, pois o forró era um estilo
diferente do que ele já tinha estudado anteriormente, como ele mesmo falou a
sua principal base de estudos era o rock que é um gênero musical americano
com característica distintas das do forró, por esse motivo durante as aulas foi
orientado que ele escuta-se mais músicas do repertorio do forró com maior
frequência para que o ritmo se torna-se algo mais natural ao tocar as levadas no
baixo.

Questão 5 - Você gostou das aulas? Porque?

Por fim para compreendermos quais os possíveis resultados da


metodologia aplicada as aulas, perguntei para ele se gostou das aulas e ele
respondeu: “sim, aulas bastante práticas, mostrando toda a base que
necessitamos para desenvolver o instrumento.” (Aluno X, 08/11/2018).
Na fala do Aluno X podemos perceber alguns resultados positivos da
metodologia, pois apesar de ter aulas com caráter teórico as aulas em geral
tiveram uma abordagem mais prática o que tornou as aulas mais prazerosas,
além disso para ele foi possível adquirir as ferramentas que deram a base
necessária a execução e criação das levadas de forró no baixo elétrico.

6.1 Conclusão da Análise dos dados

Ao analisarmos as respostas do candidato entrevistado percebemos nas


primeiras questões que o Aluno X teve muitas influências dos seus familiares e
por esse motivo escolheu estudar o contrabaixo elétrico.
33

Inicialmente o mesmo aprendeu a tocar baixo com as linhas de rock, mas


por influência do irmão que tocava acordeão e musico de forró, o Aluno X
procurou aprender as levadas do mesmo estilo de seu irmão para acompanha-
lo nas apresentações.
Ao iniciar os estudos do forró, inicialmente procurou-se materiais
didáticos para aprender por conta própria, mas encontrou muitas dificuldades ao
tentar acessar esses matérias, pois são de difícil acesso quando aplicado ao
estudo do contrabaixo elétrico, dificuldades que não encontramos quando
compararmos com métodos relacionados a rock, jazz e blues.
Pensando nessa necessidade, o Aluno X procurou um professor de
contrabaixo elétrico para aprender como executar as levadas de forró. Ao iniciar
as aulas de contrabaixo elétrico ele teve a oportunidade de vivenciar a
metodologia proposta nesse trabalho.
Com isso podemos perceber na fala do Aluno X alguns pontos positivos
na metodologia aplicada como:

 Abordagem prática com maior utilização de exercícios e músicas


na prática do que conteúdos teóricos;
 A qualidade dos matérias apresentados como relatado pelo aluno
foi de grande contribuição para os estudos do instrumento;
 A exposição a um novo estilo musical, o aluno tinha uma base de
estudos voltada para o rock e agora teve a oportunidade de ampliar
seu campo de estudos com novos estilos musicais.

Mas mesmo com esses pontos positivos na metodologia, também


podemos perceber alguns pontos em que se pode melhorar como:

 A falta de uma estratégia de avaliação para que o aluno possa ser


melhor acompanhado pelo professor além de criar novos desafios
para estimular o aluno;
 A ausência de aulas com abordagem focadas em improvisação e
criação de levadas para estimular a criatividade do aluno.
34

Após essa analise podemos concluir que a metodologia aqui proposta tem
resultados positivos e aquilo que vem sendo feito pode ser melhorado, mas
também vimos alguns pontos falhos na abordagem e com isso vemos que é
necessário revê-los e melhora-los visando a melhor aplicação dessa
metodologia.
35

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O ensino de instrumento vem ganhando espaço e com a chegada de


recursos como a internet o acesso a informação ficou muito mais fácil e rápido,
isso ajuda não só o estudante, mas também o professor para acessar e
compartilhar materiais didáticos. Apesar do surgimento de métodos para
contrabaixo elétrico ainda são poucos os materiais sobre música brasileira se
comparamos a métodos de gêneros como rock, blues e jazz, pensando nisso
escrevo este trabalho sobre os gêneros do forró para contribuir com a formação
de estudantes de contrabaixo elétrico que procuram estudar sobre esses ritmos.
Vimos que além dos métodos também são escassos artigos científicos
sobre o contrabaixo elétrico, provavelmente por que os professores fazem mais
trabalhos voltados para a performance do que para o ensino, o que deixa uma
grande lacuna na área do ensino de instrumento. Com isso temos uma grande
lacuna para o suporte teórico de trabalhos como este.
Nesse trabalho perceber a riqueza da música nordestina e o potencial
didático dos ritmos do forró, pois vemos que na evolução das levadas do baixo
no forró as levas inicialmente no baião são bem simplórias até chegar nas
levadas atuais do vaneirão que são mais elaboradas, com isso o professor ao
longo das aulas apresenta novas técnicas e conteúdos agregados as levadas.
Esse trabalho também é uma forma de avaliarmos essa metodologia, onde agora
com os dados até aqui apresentados podemos perceber os pontos em que
funciona e também onde precisa-se melhorar para chegarmos a abordagem
ideal.
Claro que a metodologia apresentada neste trabalho está focada nas
levadas de forró apenas, mas o estudante de contrabaixo elétrico não deve se
acomodar somente com esses ritmos se quiser se tornar um músico preparado
para as diversas situações musicais, essa metodologia se aplica aos estudantes
de contrabaixo elétrico que querem se introduzir nos estudos dos ritmos de forró.
Com tudo isso, esse trabalho pretende contribuir para que os estudantes
de contrabaixo elétrico que queiram iniciar os estudos sobre o forró tenham uma
nova motivação e um material que possa contribuir na sua formação, bem como
pode ajudar a outros professores de instrumento contribuindo tanto na didática
36

como na pesquisa. Portanto, esse trabalho representa o resultado da minha


formação.
37

REFERÊNCIAS

BONI, Valdete; QUARESMA, Silvia Jurema. Aprendendo a entrevistar: como


fazer entrevistas em Ciências Sociais. Revista Eletrônica dos Pós-Graduandos
em Sociologia Política da UFSC Vol. 2 nº 1 (3), janeiro-julho/2005, p. 68-80.
CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. 10ª ed., Ediouro,
Rio de Janeiro, s/d.
CASCUDO, L. C. Dicionário do folclore brasileiro. 3. ed. Rio de Janeiro:
Tecnoprint, 1972.
DANCASFOLCLORICAS.BLOGSPOT.COM. Disponível em <
https://dancasfolcloricas.blogspot.com/2011/03/baiano.html >. Acesso em 22 de
set de 2018.
FIGUEIREDO, Candido de. Novo Diccionário da Língua Portuguesa. 1913.
Disponível em < dicionário-aberto.net/direct.pdf >. Acesso em 09 de set de
2018.
G1.GLOBO.COM. Disponível em < http://g1.globo.com/pop-
arte/noticia/2011/06/conheca-origens-e-evolucao-do-forro-o-ritmo-da-festa-de-
sao-joao.html >. Acesso em 22 de set de 2018.
GASPAR, Lúcia. Baião. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco,
Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/undefined/pesquisaescolar>.
Acesso em: 27 de set de 2018.
GIFFONI, Adriano. Música brasileira para contrabaixo: demonstrações e
exercícios com ritmos brasileiros / Adriano Giffoni; coordenação de Luciano
Alves. São Paulo: Irmãos Vitale, 1997.
HARDER, Rejane. Algumas considerações a respeito do ensino de
instrumento: trajetória e realidade. Opus, Goiânia, v. 14, n. 1, p. 127-142, jun.
2008.
OLIVEIRA, Simara Sídia Souza de. Curso de Baixo Elétrico na EMUSC: uma
experiência de ensino em uma escola especializada / Simara Sídia Souza de
Oliveira. – Natal, 2015.
PIXINGA, Celso. Slap / Celso Pixinga; coordenação de Deivid Miranda. Brasil:
Editora hmp. 199?
WIKIPEDIA. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Xote >. Acesso em
29 de set de 2018.

Das könnte Ihnen auch gefallen