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Contribuição de melhorias

Aspectos gerais segundo o código Tributário Nacional


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Publicado por Rejane Ramos

há 3 anos

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Autores:
Arthur Ferreira Ramos, Flavio Matos Petroli, Ivan Ribeiro da
Rocha. Leandro Romeo Peccequillo Freire, Marcio Pereira e
Rejane Maria da Silva

Introdução
O presente trabalho tem como objetivo verificar as questões
mais importantes da Contribuição de Melhoria de modo a
agregar nota à disciplina de Direito Tributário I da
Universidade Presbiteriana Mackenzie, sob o magistério da
Professora Ms. Fúlvia Helena de Gioia. Este tributo possui
características especificas e não pode ser interpretado apenas
juridicamente, mesmo sendo este o objeto do trabalho aqui
realizado. Existem muitas controvérsias sobre sua utilização e
questões políticas sociais que impedem de ter um uso mais
extensivo pelo legislador.

O entendimento no Brasil da função do Estado leva a


compreensão de que ele deve fazer benefícios aos cidadãos.
Vivemos em um país em que público e privado se confundem e
um vive em razão do outro. A agregação de valor aos bens do
particular e quase que uma obrigação dos gestores públicos e
políticos, que afinal, em uma perspectiva histórica, foi sempre
uma de suas funções primordiais impostas pela elite que
comandou os pais.

De tal modo este conceito se estende se analisarmos através da


visão sociológica, a cultura da população em geral, que desde o
sem teto desabrigado que pede ao Estado a concessão de
terreno público invadido, passando pelo processo de
especulação imobiliária, até os grandes condomínios fechados
que se erguem e demandam do poder público estrutura de
asfalto, iluminação, internet, serviços em geral.

Sem maiores pretensões ante um trabalho acadêmico de meio


de curso o grupo se atém ao roteiro apresentado, seguindo este
liame. Busca, para tanto, a caracterização do objeto de estudo,
a definição de sua natureza, seus alicerces em princípios
constitucionais e suas exceções, as questões de imunidade, e
identificação de aspectos jurídicos, tais como: competência,
materialidade, fato gerador, aspectos temporais, quantitativos,
espaciais.

Por fim, debruçamo-nos a análise de jurisprudência em um


caso de Tribunais Superiores decorrente do tipo de tributo aqui
estudado bem como da instalação de asfalto em via pública.

1. O Direito Tributário e a introdução ao


estudo do tributo Contribuição de
Melhoria
O Direito Tributário possui sua denominação para designar a
disciplina jurídica dos tributos, conforme ensina Luciano
Amaro, além de regular a atividade financeira do Estado, no
tocante a tributação.

Este mesmo autor define que “tributo é toda prestação


pecuniária compulsória, em moeda ou nela se possa exprimir,
que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e
cobrada mediante atividade administrativa plenamente
vinculada”.

No final do século XIX e começo do século XX, compreendia-se


o direito tributário como um mero “ramo” do direito
financeiro, assim explica Vinícius Casalino. Na segunda
metade do século XX, ocorreram profundas alterações na
economia capitalista, logo as normas jurídicas que versavam
sobre a instituição, arrecadação e fiscalização dos tributos,
adquiriram grande importância, na medida em que afetavam
diretamente a propriedade privada. Este mesmo mestre
menciona que houve um “deslocamento” das normas
“tributárias”, com relação às normas que disciplinavam o
ingresso de dinheiro nos cofres públicos-direito financeiro.

Em razão dessa modificação, o direito tributário ganhou certa


autonomia e passou a ser denominado “direito fiscal” ou
“direito tributário”, porém o problema da primeira
denominação é que direito “fiscal”, se refere apenas a uma das
partes da relação tributária: o fisco, a Fazenda Pública, ou seja,
o Estado. Já a denominação, direito “tributário” é mais
adequada e acabou prevalecendo, porque não remete a
qualquer das partes, pelo contrário, afirma Casalino, designa o
conjunto de normas jurídicas que disciplina a atividade de
tributação.

O professor Eduardo Sabbag nos ensina que:

“O Estado necessita, em sua atividade financeira, captar


recursos materiais para manter sua estrutura,
disponibilizando ao cidadão-contribuinte os serviços que lhe
compete, como autêntico provedor das necessidades
coletivas.”

Diante do exposto é válido mencionar que a obrigação


tributária origina-se quando verificado, no mundo em que
vivemos o fato lícito de incidência da norma jurídica tributária,
sendo assim a origem da obrigação coincide com a origem do
tributo, isto é, trata-se da ocorrência do fato que confere ao
fisco o direito de cobrar o tributo do contribuinte, restando, a
este, o dever de pagamento.

O Professor Sabbag cita Pontes Miranda que preconiza a ideia


da legalidade de tributar significa o povo tributando a si
mesmo, pois sendo a lei uma vontade coletiva, não se possa
imaginar que o povo possa oprimir a si mesmo.

Dentro do ordenamento tributário, temos no


art. 145 da Constituição Federalde 1988 e no art. 5º do Código
Tributário Nacional apenas três espécies de tributos: os
impostos, as taxas e as contribuições de melhoria, porém é
válido mencionar que segundo Sabbag as principais correntes
doutrinárias elencam outras formas de tributos. Este mesmo
autor cita Rubens Gomes de Souza, o qual apresenta a mesma
classificação, porém estando compreendidas, neste último
grupo, todas as receitas tributárias que não fossem impostos
nem taxas.
Já Luciano Amaro entende como espécies tributárias os
impostos, as taxas (de serviço, de utilização de via pública e,
ainda a contribuição de melhoria), as contribuições (sociais,
econômicas e corporativas) e empréstimos compulsórios, logo
para este mesmo autor a contribuição de melhoria não
constituíra uma espécie tributária autônoma, mas uma
modalidade da categoria taxa.

O autor Sabbag menciona que para Aliomar Baleeiro, um dos


primeiros doutrinadores tributaristas no Brasil, admite a
possibilidade de existência de cinco espécies tributárias, sendo
elas: impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos
compulsórios e as contribuições.

Tomaremos como base a classificação tripartite a qual refere


impostos, taxas e contribuições de melhorias como formas de
tributos.

De acordo com o art. 16 do CTN, “imposto é o tributo cuja


obrigação tem por fato gerador uma situação independente de
qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte”.
Segundo Casalino, a característica essencial do imposto
consiste em que a obrigação de pagá-lo e decorre de prática de
um fato que não tem qualquer vínculo com uma atividade
estatal específica relacionada diretamente com o contribuinte,
ou seja, o sujeito passivo da relação obrigacional nada recebe
do Estado.

Os impostos são tributos “desvinculados”, isto é, não se


vinculam a uma contraprestação estatal especifica referida ao
contribuinte, enquanto que as taxas, segundo David Torres,
sejam elas federais, estaduais ou municipais, são tributos ditos
vinculados, ou seja, o seu pagamento implica vinculação à
prestação de qualquer serviço específico por parte do Poder
Público. Para este mesmo autor, as taxas, ao serem pagas pelo
contribuinte representam o exercício regular do poder de
polícia, ou a utilização efetiva ou potencial de serviço público
específico e indivisível, prestada ao contribuinte ou posto à sua
disposição. Em suma, para o David Torres taxa é tributo
cobrado de contribuinte referente à prestação de serviço estatal
que, caso não seja usufruído diretamente pelo contribuinte,
terá sido posto à sua disposição.

Finalmente chegamos ao tributo fonte do nosso estudo, a


contribuição de melhoria que segundo Geraldo Ataliba é um
tributo que não se confunde, quer com imposto, quer com a
taxa, integrando uma terceira espécie, a das contribuições,
também chamadas de tributos especiais. Para este mesmo
autor a contribuição de melhoria é um instrumento jurídico
pelo qual se transfere aos cofres públicos a valorização
imobiliária, causada por obras publicas, cuja expressão
financeira (valorização) é atribuída pela ordem jurídica ao
estado.

2. Contribuição de Melhoria – Histórico


Existe muita controvérsia a respeito da origem real da
contribuição de melhoria entre os historiadores e
Doutrinadores, que se dedicaram ao estudo do tema.
O Doutrinador Sérgio Pinto Martins ao se aprofundar sobre o
tema cita o Doutrinador J. H. Meirelles Teixeira o qual afirma
que “a contribuição de melhoria surge na Inglaterra quando a
drenagem dos pântanos de Romney ficou a cargo dos
proprietários adjacentes, que ficaram responsáveis pelo custo
da obra, sua manutenção e reparação”.

Continua Sergio Pinto Martins afirmando a respeito da


divergência que para outros a contribuição de melhoria teria
surgido em Florença, na Itália, em 1296, quando foram feitos
melhoramentos para a construção de uma praça onde se
encontra a Igreja de Santa Maria dei Fiori. As obras
produziram valorização das propriedades e foram custeadas
por seus proprietários. Faz referência ainda a João Baptista
Moreira o qual assevera que a lei francesa de 31 de Dezembro
de 1672 foi o primeiro diploma legal sobre o tema, pois era
exigida uma taxe dos proprietários que tinham aumentado de
valor seu imóvel em razão dos trabalhos públicos.

No Brasil, a contribuição de melhoria passou a ser cobrada por


fintas na época do Império. No período da República, eram
cobradas taxas de execução de calçamento.

A Constituição de 1934 estabeleceu que, provada a


valorização do imóvel por motivos de obras públicas, a
administração, que as tiver efetuado, poderá cobrar dos
beneficiados contribuição de melhoria (artigo 124).

A Constituição de 1937 não tratou da contribuição de melhoria,


como a lei anterior. O Decreto nº 2.416, de 17 de Junho de
1940, adotou a divisão tributária em apenas taxas e impostos,
pois a Constituição não versava sobre contribuição de
melhoria. Dispunha o inciso I do artigo 30 da Constituição de
1946 que era de competência da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios cobrar a contribuição de
melhoria, quando se verificava valorização do imóvel, em
consequência de obras públicas.
A Emenda Constitucional nº 18/1965 estabeleceu estabeleceu
que competia a União, aos Estados, Distrito Federal e aos
Municípios, nos âmbitos de suas respectivas atribuições,
cobrar contribuição de melhoria para fazer frente ao custo de
obras públicas de que decorra valorização imobiliária, que tem
como limite total a despesa realizada e como limite individual o
acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel
beneficiado (artigo 19).

O CTN ao complementar a Constituição, determina no


artigo 81 que contribuição de melhoria, cobrada pela União,
Estados, Distrito Federal e aos Municípios, no âmbito de suas
respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de
obras públicas que decorra valorização imobiliária, que tem
como limite total a despesa realizada e como limite individual o
acréscimo de valor da obra resultar para o beneficiado. Houve,
portanto, reprodução da determinação da Emenda
Constitucional nº 18.
O Decreto-Lei nº 195, de 24 de Fevereiro de 1967, dispõe sobre
a cobrança de contribuição de melhoria. Trata-se de norma
geral que teve por fundamento o § 2º do artigo 9º do Ato
Institucional nº 4, de 7 de Dezembro de 1966.
A Constituição de 1967 determinou a competência da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios para
arrecadar a contribuição de melhoria dos proprietários de
imóveis valorizados por obras públicas que os beneficiaram
(artigo 19, III). A lei fixaria os critérios, os limites e a forma de
cobrança da contribuição de melhoria a ser exigida sobre cada
imóvel. O total de sua arrecadação não poderia exceder o custo
da obra pública que lhe der causa (§ 3º).
A emenda Constitucional de 1/1969 determinou que a
contribuição de melhoria era de competência comum da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, sendo
arrecadada dos proprietários de imóveis valorizados por obras
públicas, e que tenha como limite total a despesa realizada e
como limite individual o acréscimo de valor de obra resultar
para cada imóvel beneficiado (artigo 18, II).

A Emenda Constitucional nº 23, de 1º de Dezembro de 1983,


suprimiu o limite individual da redação constitucional
anterior. O inciso II do artigo 18 passou a ter a seguinte
redação: “ contribuição de melhoria, arrecadada dos
proprietários de imóveis beneficiados por obras públicas, que
terá como limite total a despesa realizada”.
Prevê o inciso III do artigo 145 da Constituição a contribuição
de melhoria decorrente de obras públicas. Não mais se fez
referência á valorização imobiliária ou a qualquer limite para
cobrança.
Explica Geraldo Ataliba: A Contribuição de Melhoria é
instrumento puro e simples de realização do princípio
constitucional e legal que atribui ao poder pública a valorização
imobiliária causada por obra pública. A Contribuição de
Melhoria, nem mesmo para a ciência das finanças, é
remuneratória ou ressarcitória.

3. Contribuição de Melhorias – Natureza


do Tributo
Podemos verificar que as denominadas Contribuições de
Melhorias, por serem de caráter vinculados a uma obrigação de
atuação estatal, e com essa obrigação sendo quantificável e
identificada unitariamente e cobrada através do uso de
determinado serviço, que pode concomitantemente identificar-
se por taxas, deve-se observar ass peculiaridades desse tipo de
contribuição para fins de analise.

A natureza da Contribuição de melhoria diferencia de imediato


da taxa. Nela a conforme prega Martin Fernandes a “atuação
estatal é indiretamente referida ao obrigado” e deve haver
“necessária valorização do imóvel” (pg. 56) em decorrência de
um obra pública. Sua natureza com prenuncia Sabbag, diz
respeito ao “critério da valorização” cumulada com “o
pagamento deve ser feito ao término da obra” (pg. 76) tal
afirmativa é consubstanciada em análise jurisprudencial.
Valorização imobiliária do contribuinte que tem benéfices em
valores reais acrescidos no seu imóvel que pertence as
proximidades da obra pública.

Por isso, a discussão existente a cerca deste tipo de tributo,


indaga sobree sua incidência quanto ao critério da valorização
ou do benefício agregado. Apenas a valorização deve ser
considerada critério, pois é seu requisito essencial, sua
natureza. Sabiamente, Amaro verifica que, portanto, resta ao
termo “melhoria” ser o substantivo que dá incidência ao
tributo e com isso o individualiza.

Sua natureza, traz como consequência as outras diversas


características do tributas melhor elencadas adiante, mas que
valem a pena serem citadas. De inicio, sua cobrança, que
segundo pacificado pelo STF deve ser feita ao término da obra,
em seguida temos um específica base de cálculo limitada ao
custo da obra, da região atingida pelo aumento do valor
imobiliário, e pelo próprio aumento no imóvel, todos com
previsão legal.

4. Princípios Constitucionais tributários


aplicáveis a Contribuição de Melhoria
Os princípios inerentes à Contribuição de Melhoria são aqueles
que regem os Tributos em geral, devendo, o legislador ser
atento, ao formatar lei que a imponha, sob pena de
inconstitucionalidade.

No que tange a contribuição em tela temos os seguinte


dispostos na CF que merecem melhor atenção: estrita
legalidade (art. 150, I), irretroatividade e anterioridade (art.
150, III, a, e b), vedação ao efeito de confisco e capacidade
contributiva, isonomia tributária (art. 150, II).

A estrita legalidade prevê que o não poderá haver cobrança de


tributo sem lei que a preveja e que designe um serie de
elementos normativos essenciais ao tributo, tais como o fato
gerador, alíquota, base da calculo, isenções e agente
contributivo e arrecadador. Em especial na contribuição de
melhoria deve haver a previsão do produto arrecadado para
cobrir o investido na melhoria nos termos do art. 81 do CTN e
um lista taxativa de obrigações constante no art. 82 do mesmo
diploma.
Como irretroatividade a Contribuição de melhoria não pode de
terminar que o a aplicação da contribuição ou sua majoração
seja aplicado a fato gerador retroativo. Na mesma índole, a lei
que institui deve ter sua vigência e eficácia postergada ao
exercício posterior. Verifica-se tal norma na CF art. 150 III.
Deve, portanto, constar na lei de criação da contribuição de
melhoria a vigência da cobrança ser somente após o termino da
obra. Tal fato vem sendo afirmado jurisprudencialmente.
Como todo tributo a contribuição não pode ter efeito de
confisco, e em termos semelhantes observa-se o principio da
capacidade contributiva. No primeiro verifica-se as limitações
dadas pelo legislador no CTN arts. 81 e 82 não podendo
ultrapassar o limite de valorização do imóvel, bem como o
valor total da obra. Enquanto no segundo o modo de
pagamento devendo ter fuá forma de pagamento com
possibilidade de parcelamento.
Já no Principio de Isonomia tributária a contribuição e
melhoria segue seus preceito qual seja, o de tratar igualmente o
que estão nas mesmas condições, podendo prever isenções
para casos específicos. Portento em determinada área prevista
em lei, pode-se incidir o tributo, pois aqueles imóveis detém as
mesmas condições.

3. Exceções de Princípios Tributário em


relação a contribuição de Melhoria.
Contudo, sua especificidade dá margem a questionamentos
quando falamos de princípios constitucionais. Não devemos
confundir os princípios que tangem a Contribuição de
Melhoria, e que neles são visíveis diretamente, daqueles que
não tocam de imediato Por versar de modos de tributar
diversos, se aplicam de forma indireta ao sistema da
Contribuição de Melhoria, talvez ate do forma esporádica
dependendo do caso concreto. Quais sejam: liberdade de
trafego de pessoas e bens, não discriminação de serviços, e
uniformidade geográfica.
Quando falamos de liberdade de trafego de pessoas e bens,
instaurado pelo art. 150, IV da CF, verificamos que o legislador
teve a coerência em reafirmar o principio federativo, clausula
pétrea da Carta Magna. Tal principio não se aplica ao tema
tratado. Do mesmo modo, a Não Discriminação de Serviços
vem na mesma orbita pois mantém a unidade econômica do
pais.
Quanto ao Principio Uniformidade Geográfica tem a função
semelhante pois preserva a igualdade entre os entes reforçando
o o pacto federativo. Neste caso os incentivos fiscais regionais
em nada contrariam tal ordem, pois os efeitos pretendidos
buscam o equilíbrio sócio econômico dos entes.

4. Identificação em relação ao Tributo:


a) Competência e veículo para criação
A competência tributária é definida como sendo a atribuição
dada pela Constituição Federal as Pessoas Politicas (União,
Estados, Municípios e Distrito Federal) da prerrogativa de
instituir os tributos e de tributar.
A atribuição da competência tributária às pessoas jurídicas de
Direito Público está prevista nos
artigos 153 a 156 da Constituição Federal dividindo-se assim, o
poder de instituir e cobrar os tributos entre as Fazendas
Públicas (artigo 209do Código Tributário Nacional). Desta
forma, cada entidade impostora está obrigada a comportar-se
nos limites das parcelas de poder impositivo que lhe foi
atribuída pela constituição.
A competência tributária é indelegável, intransferível e
irrenunciável, uma vez que admitir a delegação de competência
para instituir um tributo é admitir que seja
a Constituição alterada por normas infraconstitucionais.
No entanto, é razoável admitir a delegação da capacidade
tributária ativa, ou seja, transferir as funções de arrecadar ou
fiscalizar tributos a outra pessoa jurídica de direito público
(artigo 7º e seguintes do Código Tributário Nacional).
Vale lembrar que apesar da competência ser comum aos entes
federados em instituir a contribuição de melhorias, e vedado
que os entes tributantes invadam a competência em relação à
cobrança uns dos outros impunemente. Desta forma, não há
que se falar em cobrança de contribuição de melhoria de um
ente tributário pela obra pública realizada por outro ente,
considerando se que de nenhuma maneira contribuiu para a
execução da mesma.

É importante mencionar que a Contribuição de Melhoria é


tributo afeto à competência comum da União dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, assim descrito no
artigo 145 inciso III da Constituição Federal:
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios poderão instituir os seguintes tributos:

I impostos;

II taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela


utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos
específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a
sua disposição;

III contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.

§ 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e


serão graduados segundo a capacidade econômica do
contribuinte, facultado à administração tributária,
especialmente para conferir efetividade a esses objetivos,
identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da
lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas
do contribuinte.

§ 2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de


impostos.

Instituição da Contribuição de Melhoria.


Como fonte de instituição da Contribuição de Melhoria temos a
figura da Lei Ordinária, que são as leis comuns de formulação
cotidiana do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas,
e das Câmaras Municipais.

Exige a Lei ordinária, no processo de votação, a maioria


simples, significando que abrange apenas os parlamentares
presentes à votação, e não o número total de parlamentares.

Em face do princípio da Legalidade tributária a lei ordinária é


o instrumento originário, por excelência do fenômeno de
tributar.

b). Local da ocorrência do fato gerador


A contribuição de melhoria tem a função de ser fiscal, além de
uma importante função redistributiva, pois um dos objetivos é
a arrecadação de recursos financeiros para cobrir os custos da
obra pública, além da função fiscal existe a função específica
que é o restabelecimento da equidade em termos de aplicação
dos recursos públicos.

Sendo assim, o fator gerador da contribuição de melhoria é a


valorização do imóvel do qual o contribuinte é proprietário,
desde que essa valorização seja decorrente de obra pública, ou
seja, somente a realização de obra pública não gera o direito da
cobrança deste imposto, o individuo deve ter tido a valorização
de seu imóvel decorrido da obra pública.

Conforme prescreve o Art. 81 da CTN:


. Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União,
pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no
âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer
face ao custo de obras públicas de que decorra valorização
imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e
como limite individual o acréscimo de valor que da obra
resultar para cada imóvel beneficiado.

Podemos elencar que existem três formas que incidem sobre o


fator gerador: a realização da obra deve estar finalizada para
que o tributo possa ser cobrado; deve haver valorização do
imóvel decorrente da obra e a valorização deve ocorrer sobre os
bens imóveis.

O núcleo da hipótese de incidência é a valorização imobiliária,


desta forma é ilegal a conduta de determinados entes federados
ao lançar a contribuição de melhoria apenas com base no custo
da obra.

Assim, o Decreto - Lei n.195, de 24 de fevereiro de 1967 nos


fala em seus artigos que:
Art. 1- A contribuição de melhoria prevista na CF, tem como
fato gerador o acréscimo do valor do imóvel localizado nas
áreas beneficiadas direta ou indiretamente por obras
públicas:
Art. 2 - Será devida a Contribuição de Melhoria, no caso de
valorização de imóveis de propriedade privada, em virtude de
qualquer das seguintes obras públicas: I – abertura,
alargamento, pavimentação, iluminação, arborização,
esgotos pluviais e outros melhoramentos de praças e vias
públicas; II – construção e ampliação de parques, campos de
desporto, pontes, túneis e viadutos; III – construções e
ampliação de sistemas de trânsito rápido inclusive todas as
obras edificações necessárias ao funcionamento do sistema;
IV – serviços e obras de abastecimentos de água potável,
esgotos, instalações de redes elétricas, telefonias, transportes
e comunicações em geral ou de suprimentos de gás,
funiculares, ascensores e instalações de comodidade pública;
V proteção contra secas, inundações, erosão, ressacas, e de
saneamento de drenagem em geral, diques, cais, desobstrução
de barras, portos e canais, retificação e regularização de
curso d`água e irrigação; VI – construção de estradas de
ferro e construção, pavimentação e melhoria de estradas de
rodagem; VII – construção de aeródromos e aeroportos e
seus acessos; VIII – aterros e realizações de embelezamento
em geral, inclusive desapropriações em desenvolvimento de
plano de aspecto paisagístico.
Vale ressaltar que esse rol enumerado pelos incisos do artigo 2
da Lei são taxativos, sendo assim, dificilmente se poderá ter
uma obra pública que não esteja contido nela.

c) Sujeitos na relação tributária de contribuição de


melhorias
Os artigos da CTN abaixo definem sujeitos na relação
tributária como:
Art. 119. Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de
direito público, titular da competência para exigir o seu
cumprimento.

Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa


obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária.
Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-
se: I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta
com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II -
responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte,
sua obrigação decorra de disposição expressa de lei.

O sujeito tributário consiste em uma relação na qual existem


dois polos obrigacionais de um lado o sujeito ativo, que é o no
caso da contribuição de melhorias os entes federativos e do
outro lado temos a existência do sujeito passivo que é aquele
que tem o encargo de pagar o tributo (contribuinte ou
responsável conforme os artigos acima) Sendo eles:
contribuinte: aquele encarregado da obrigação de pagar ou
tributo devido a sua relação direita com o mesmo; responsável:
qualquer pessoa desde que não tenha nenhuma relação direta
com a respectiva situação que gerou o fato gerador. Abaixo
alguns exemplos de sujeito passivos responsáveis transcritos
da CTN:
Art. 131. São pessoalmente responsáveis I - o adquirente ou
remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou
remidos com inobservância do disposto no artigo 191;(Decreto
Lei nº 28, de 1966) II - o sucessor a qualquer título e o cônjuge
meeiro, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da
partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao
montante do quinhão do legado ou da meação; III - o espólio,
pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da
sucessão.
Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de
fusão, transformação ou incorporação de outra ou em outra é
responsável pelos tributos devidos até à data do ato pelas
pessoas jurídicas de direito privado fusionadas,
transformadas ou incorporadas. Parágrafo único. O disposto
neste artigo aplica-se aos casos de extinção de pessoas
jurídicas de direito privado, quando a exploração da
respectiva atividade seja continuada por qualquer sócio
remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão
social, ou sob forma individual.

Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que


adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou
estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e
continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra
razão social ou sob forma ou nome individual, responde pelos
tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido,
devidos até à data do ato: I - integralmente, se o alienante
cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade; II -
subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na
exploração ou iniciar dentro de seis meses a contar da data
da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de
comércio, indústria ou profissão. § 1o O disposto no caput
deste artigo não se aplica na hipótese de alienação judicial:
(Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) I - em processo de
falência; (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) II - de filial ou
unidade produtiva isolada, em processo de recuperação
judicial. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005)§ 2o Não se aplica
o disposto no § 1o deste artigo quando o adquirente for:
(Incluído pela Lcpnº 118, de 2005) I - sócio da sociedade
falida ou em recuperação judicial, ou sociedade controlada
pelo devedor falido ou em recuperação judicial;(Incluído
pela Lcp nº 118, de 2005) II - parente, em linha reta ou
colateral até o 4o (quarto) grau, consanguíneo ou afim, do
devedor falido ou em recuperação judicial ou de qualquer de
seus sócios; ou (Incluído pela Lcpnº 118, de 2005) III -
identificado como agente do falido ou do devedor em
recuperação judicial com o objetivo de fraudar a sucessão
tributária.(Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) § 3o Em
processo da falência, o produto da alienação judicial de
empresa, filial ou unidade produtiva isolada permanecerá em
conta de depósito à disposição do juízo de falência pelo prazo
de 1 (um) ano, contado da data de alienação, somente
podendo ser utilizado para o pagamento de créditos extra
concursais ou de créditos que preferem ao tributário.

Assim, esse vínculo que surge entre os sujeitos é de natureza


obrigacional e prevista em lei conforme Eduardo Maciel
Ferreira Jardim que diz: “vínculo abstrato pelo qual a Fazenda
Pública, ou quem lhe faça às vezes, na condição de sujeito
ativo, fica investida do direito subjetivo de exigir uma
prestação de índole tributária do sujeito passivo, comumente
designado contribuinte, sobre o qual recai o dever jurídico de
efetivar o cumprimento da obrigação”.

Significa que ocorrendo um fato gerador, surge o direito


subjetivo do Estado (sujeito ativo) de cobrar do sujeito passivo
(contribuinte) uma prestação em pecúnia no caso do tributo de
contribuição de melhorias o fato gerador é a obra que irá
valorizar o imóvel do particular.

Conforme o Art. 114 do CTN fato gerador se configura como “a


obrigação tributária é principal ou acessória. Em seu § 1º
temos que a obrigação principal surge com a ocorrência do fato
gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade
pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela
decorrente”. Ainda elencado nesta artigo temos que o fato
gerador da obrigação principal é a situação definida em lei
como necessária e suficiente à sua ocorrência.
Assim, sendo, a contribuição de melhorias uma obrigação que s
urge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o
pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se
juntamente com o crédito dela decorrente sendo assim a
relação tributária é denominada principal, conforme o Art. 113
caput e parágrafo 1º. Sendo o fato gerador a obra pública como
especificado acima.
Diante de todo o exposto, verifica-se que a obrigação tributária
é o vínculo jurídico que envolve duas ou mais pessoas
obrigadas entre si – de um lado o sujeito ativo, que é o credor
da obrigação, e de outro, o sujeito passivo, figurando no pólo
passivo e ocupando o lugar do contribuinte, caso tenha relação
direta com o fato gerador, ou de responsável, se a lei assim
dispor e se este terceiro estiver vinculado à situação.

d) Base de cálculo da Contribuição de Melhoria


Segundo Sabbag a base cálculo da contribuição de melhoria é
o quantum de valorização experimentada pelo imóvel, ou seja,
o beneficio real que a obra pública adicionou ao bem imóvel da
zona valorizada.
Já no artigo 82 parágrafo 1º do CTN pode-se vislumbrar que a
contribuição de melhoria relativa a cada imóvel privado esta de
acordo com os respectivos valores individuais de valorização
dos imóveis localizados nas zonas beneficiadas, além disso,
deve-se tomar a parcela do custo da obra para assim poder se
chegar ao valor pecuniário da prestação.
Ainda assim, o valor de contribuição não deve ser superior ao
acréscimo de valor do imóvel respectivo e nem o total
arrecadado poderá ser superior ao valor total da obra conforme
o artigo 81 da CTN.
Porém, o artigo 148 do CTN a autoridade administrativa
poderá fazer um arbitramento deste valor feito pelos
contribuintes através do rateio, porém caso os contribuintes
não concordem eles poderão impugná-lo:
Art. 148 - Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome
em consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, serviços
ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo
regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam
omissos ou não mereçam fé as declarações ou os
esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo
sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado,
ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória,
administrativa ou judicial.

Entretanto, como a contribuição de melhoria é um instrumento


que visa retirar do proprietário do imóvel beneficiado a
vantagem que ele obteve com a obra pública, se o beneficio
obtido for maior do que o custo da obra prevalece este como
limite global, sendo os contribuintes neste caso beneficiados
proporcionalmente.

A forma que se chega a base de cálculo é a seguinte: segundo


parte da doutrina (quantum): imaginemos um imóvel privado
no valor de R$ 10.000 e este mesmo imóvel foi valorizado em
10 % desse valor devido a obra pública, o contribuinte deverá
pagar uma alíquota (%) sobre R$ 1.000 (10 % de 10.000),
correspondente a valorização do imóvel á titulo de
Contribuição de Melhoria.
Ao estabelecer como teto o custo da obra, a intenção do
legislador foi fazer com que a contribuição de melhoria seja
instrumento de ressarcimento dos cofres públicos, evitando
que o Estado arrecada quantia superior ao dispêndio efetuado.

Conclui-se que no limite global (custo da obra) é voltado tanto


ao sujeito ativo (União, Estados, Distrito Federal e Município,
tento em vista a natureza concursal para legislar sobre o tema),
com limite de arrecadação, como o sujeito passivo
(contribuinte), sendo instrumento fiscalizador de que o Estado
não excederá tal limite, da mesma forma é o limite individual,
pois voltado tanto ao Estado, como limite de cobrança do
contribuinte, quanto ao próprio sujeito passivo, pois na
hipótese do custo da obra ser menor que o somatório das
Contribuições de cada um, o limite individual deverá ser
reduzido, ou seja, para o Estado os limite significam restrições
ao poder de cobrança, ao passo que para o contribuinte são
instrumentos de fiscalização do valor cobrado.

Requisitos para cobrança da


Contribuição de Melhoria
Os requisitos para cobrança da contribuição de melhoria estão
expostos no artigo 82 do CTN são os seguintes:
Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os
seguintes requisitos mínimos:
I - publicação prévia dos seguintes elementos: a) memorial
descritivo do projeto; b) orçamento do custo da obra; c)
determinação da parcela do custo da obra a ser financiada
pela contribuição; d) delimitação da zona beneficiada; e)
determinação do fator de absorção do benefício da
valorização para toda a zona ou para cada uma das áreas
diferenciadas, nela contidas; II - fixação de prazo não inferior
a 30 (trinta) dias, para impugnação pelos interessados, de
qualquer dos elementos referidos no inciso anterior; III -
regulamentação do processo administrativo de instrução e
julgamento da impugnação a que se refere o inciso anterior,
sem prejuízo da sua apreciação judicial. § 1º A contribuição
relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da
parcela do custo da obra a que se refere a alínea c, do inciso I,
pelos imóveis situados na zona beneficiada em função dos
respectivos fatores individuais de valorização. § 2º Por
ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá
ser notificado do montante da contribuição, da forma e dos
prazos de seu pagamento e dos elementos que integram o
respectivo cálculo.

Existem ainda três sistemas de cobranças da Contribuição de


Melhoria: o sistema de valoração (mais valia) em que o tributo
se dá de acordo com a valorização da obra, sendo que por este
sistema o Estado não esta sujeito ao limite global, sendo
possível que o somatório das Contribuições individuais supere
o custo da obra. (este sistema é utilizado na Inglaterra e
Estados Unidos); b) sistema de custo, em que o custo é cobrado
em cima do total da obra, reatado (dividido) entre os
contribuintes beneficiários, senão que aqui o valor pago é dado
por simples rateio entre custo da obra e o número de
beneficiados.(sistema usado na Alemanha); c) sistema misto
(heterogêneo ou mitigado) equivale ao sistema de valorização,
com a única diferença de que neste sistema o Estado está
sujeito a um limite global, o custo da obra, assim sendo, o
somatório das contribuições individuais não poderá ser
superior ao custo da obra. ( sistema usado no Brasil e Peru )
Lançamento da Contribuição de
Melhoria
O artigo 142 do CTN elenca que “compete privativamente à
autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo
lançamento, assim entendido o procedimento administrativo
tente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação
correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o
montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e,
sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.
Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é
vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade
funcional”.
Assim, a doutrina não consegue chegar a uma conclusão
quanto a lançamento de modo uniforme. Ora o lançamento é
tido como um procedimento, ou seja, é considerado como uma
sequência de atos regrados tendentes à realização de um fim,
ora é tido um ato administrativo (ora até mesmo como uma
norma jurídica individual e concreta). Dentre os tipos de
lançamentos do tributo a contribuição de melhoria se faz
mediante lançamento de Oficio, direto, e devem ser
respeitados os requisitos do art. 82 do CTN. Vale mencionar
ainda que de acordo com a redação do art. 9 do Decreto Lei
n. 195, o lançamento só será possível depois de executada a
obra, embora seja admitido com a conclusão parcial desta para
justificar a cobrança da contribuição relativamente aos imóveis
em relação aos quais a obra se possa considerar concluída
Ainda sobre o lançamento da contribuição de melhoria, dispõe
o artigo 149 do CTN:
Art. 149- o lançamento é efetuado e revisto de ofício pela
autoridade administrativa nos seguintes casos: I - quando a
lei assim o determine; II - quando a declaração não seja
prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da
legislação tributária; III - quando a pessoa legalmente
obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do
inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da
legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado
pela autoridade administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não
o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade; IV -
quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a
qualquer elemento definido na legislação tributária como
sendo de declaração obrigatória; V - quando se comprove
omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente
obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo
seguinte; VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito
passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à
aplicação de penalidade pecuniária; VII - quando se
comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício
daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; VIII - quando
deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por
ocasião do lançamento anterior; IX - quando se comprove
que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta
funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela
mesma autoridade, de ato ou formalidade especial.

Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada


enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública.

Hugo Brito Machado leciona que o lançamento de ofício é feito


por iniciativa da autoridade administrativa,
independentemente de qualquer colaboração do sujeito
passivo, desta forma podemos afirmar que lançamento por
oficio se manifesta quando ocorre para a cobrança de tributo
um fato gerador, ou seja, uma condição de permanência, como
ocorre por exemplo no tributo de Contribuição de Melhoria,
em que o proprietário teve seu imóvel valorizado pela obra
pública e esse mesmo imóvel continuará sendo valorizado por
tempo indeterminado, sendo o fato gerador a obra pública.

Análise de jurisprudência do Superior


Tribunal de Justiça
Nesta etapa do trabalho acadêmico, procede-se à análise de
julgado do Superior Tribunal de Justiça (STJ) quanto à
temática da Contribuição de Melhoria como tributo
constitucionalizada nos Arts. 81 e 82 do Código Tributário
Nacional e do Decreto Lei 195/1967. Por meio de pesquisa no
site do STJ, obteve-se acesso a decisão da 17ª Câmara de
Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo nº
9088722-52.2003.8.26.0000, em que foi recorrente o Juízo de
Ofício e a Apelante a Prefeitura Municipal de Santos e sendo o
apelado a Agência Marítima Sinarius Ltda.
O Desembargador Alberto Gentil foi o relator do acórdão de 25
de outubro de 2011, em que se manifesta pelo Recurso oficial e
voluntário da Prefeitura de Santos em cobrar o tributo de
Contribuição de Melhorias da Agência Marítima Sinarius Ltda

A ementa a seguir já enseja parte da argumentação utilizada


pelo excelentíssimo ministro do STJ. A íntegra do acórdão, o
relatório, o voto e a certidão de julgamento encontram-se na
parte de anexos deste trabalho acadêmico. Diz a ementa:

CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA Respeito aos


artigos 81 e 82, ambos do Código Tributário Nacional, para
instituição e cobrança de tal tributo Necessidade
Entendimento do C. Superior Tribunal de Justiça e das C.
Câmaras Especializadas deste E. Tribunal de Justiça -
Desrespeito ao comando legal no caso em exame Ausência de
finalização da obra pública na qual se funda a contribuição
de melhoria ora discutida, bem como de valorização do
imóvel da embargante Sentença mantida Recursos oficial e
voluntário da Prefeitura Municipal de Santos improvidos.

Nos vistos o Desembargador explica que na sentença de fls.


375/3779 julgou procedentes os embargos à execução opostos a
Agência Marítima Sinarius Ltda. Em face da Prefeitura
Municipal de Santos, decretando a extinção da execução fiscal
e tornando insubsistente a penhora realizada. Condenou,
ainda, a embargada ao pagamento das despesas processuais e
dos honorários advocatícios fixados em R$ 800,00 (oitocentos
reais), conforme art. 20, § 4º, do Código de Processo Civil,
submetendo-se ao reexame necessário. Porém a Prefeitura de
Santos apelou solicitando a reforma do julgado insistindo na
tese lançada em sua contestação requereu então a inversão dos
ônus e da sucumbência.
No relatório o Desembargador e Presidente, Alberto Gentil
elucida que o Artigo 81 do Código Tributário Nacional traz a
seguinte explicação:
“A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos
Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito
de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao
custo de obras públicas de que decorra valorização
imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e
como limite individual o acréscimo de valor que da obra
resultar para cada imóvel beneficiado”.

Ainda acrescenta o relator que o Artigo 82 do mesmo Código


prevê os requisitos mínimos a serem observados pela lei
relativa à contribuição de melhoria, desta forma se faz
necessário observar os dispositivos legais dos respectivos
artigos mencionados anteriormente para que assim seja
possível a cobrança da Contribuição de Melhoriapois neste
sentido já se pronunciou o Superior Tribunal de Justiça:

“PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO


REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO.
CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA. PLENO VIGOR DOS
ARTS. 81 E 82 DO CTN E DL 195/1967. VALORIZAÇÃ DO
IMÓVEL. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. 1. Cuidam os
autos de cobrança de contribuição de melhoria com base no
custo da obra e não na valorização do imóvel, onde o
agravante, ao argumento de que os arts. 81e 82 do CTN e os
arts. 1º e 2º do DL 195/67 teriam sido revogados por
legislações supervenientes, sustenta que o legislador optara
por substituir o critério valorização pelo critério custo. 2. A
jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que: i) os
artigos 81 e 82 do CTN estão em pleno vigor; ii) a
contribuição de melhoria é tributo cujo fato imponível decorre
da valorização imobiliária causada pela realização de uma
obra pública, cabendo ao ente público o ônus da sua
comprovação a fim de justificar o tributo estipulado.
Precedentes. 3. Agravo regimental não provido. (AgRg no Ag
1159433/RS, AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE
INSTRUMENTO 2009/0034648-0; Ministro BENEDITO
GONÇALVES; PRIMEIRA TURMA, DJ 26/10/2010).
O juízo argumentou ainda que o perito ao realizar a vistoria
local destacou que o imóvel da empresa N. G. L Terminais de
Carga Ltda, tributado sob o lançamento da contribuição de
melhoria n. 21.006.002.002, constituído pelo lote n. 36 da
Planta do Parque Industrial da Alemoa está situado na Rua Dr.
Albert Schweitzer n. 1.175 e que apesar de ter sido relacionada
no Plano de Melhoria da Alemoa, a Rua Dr. Albert Schweitzer
não recebeu nenhuma obra de urbanização, drenagem e
pavimentação, sendo assim não foi possível averiguar
nenhuma obra para que pudesse ensejar a cobrança de
melhoria, pois esta nem se quer fora iniciada.

De outro lado, no tocante à necessária valorização do imóvel


em razão de referida obra pública, inacabada, concluiu-se que
as obras públicas realizadas no Parque Industrial da Alemoa
não valorizaram o imóvel da Embargante tributado sob o
lançamento de contribuição de melhoria.

Sendo assim conclui-se que houve um desrespeito aso


Artigos 81, 82 e 114 do Código Tributário Nacional, sendo
mantida a condenação fixada em Primeiro Grau, negando
provimento ao recurso oficial e voluntário da Prefeitura de
Santos.
Antes de entrar no contexto analítico do voto do relator,
posteriormente abordado, faz-se necessário ressaltar que
alguns pontos aqui avaliados a luz do caso concreto.

A contribuição de melhoria é um tributo vinculado, assim só


poderá ser cobrando mediante a realização de uma obra
pública a qual traga valorização aos imóveis particulares como
ensina Vinícius Casalino, assim, acrescenta o mesmo autor, é
preciso o acréscimo de valor do imóvel privado para que o
contribuinte possa ser constrangido ao pagamento do tributo
elencado.

Geraldo Ataliba elucida que o critério da contribuição de


melhoria é a valorização imobiliária causada por obra pública,
portanto não é a obra, mas uma consequência ou efeito
especial no imóvel dos contribuintes.
Duas características essenciais desse tributo, menciona
Vinicius Casalino, são: a obra pública, ou seja, a obra feita pelo
poder público e a valorização dos imóveis privados vizinhos,
isto é, um acréscimo de valor que provém justamente da obra
realizada.

No Acórdão acima do STJ, observa-se que nem se quer houve


obra pública iniciada ou em andamento para que possa ser
ensejada a cobrança do tributo de cobrança de melhoria. Não
houve, nesta decisão, a preocupação do apelante em averiguar,
através de fiscalização, se ocorrera à obra pública para assim
ensejar a cobrança do tributo em face do apelado ou se a obra
realizada estava elencada nos Artigos 81 e 82 do Código
Tributário Nacional.
Ainda, apesar de ferir a lei, a cobrança ensejada pela Prefeitura
Municipal de Santos, desrespeita não apenas o elencado nos
Artigos 81 e 82 do Código Tributário Nacional, mas também o
Decreto Lei 195/1967, sendo que o próprio STJ firmou
entendimento que ambos os artigos como o Decreto
mencionado permanecem em vigor em conjunto.
É válido mencionar que o Decreto Lei 295/1967 dispõe sobre
normas gerais atinentes à contribuição de melhoria, conforme
reza Casalino sobre o parecer de Leandro Pulsen, pois estas se
inserem no âmbito das normas gerais do direito tributário,
para as quais as constituições de 1967 e 1977 passaram a exigir
lei complementar.

Em fase conclusiva da análise do acórdão em questão é


importante mencionar que o Artigo 9º do Decreto Lei 195/1967
indica que executada a obra em sua totalidade ou em parte,
suficiente para beneficiar determinados imóveis enseja o inicio
da cobrança do tributo contribuição de melhoria, porém sabe-
se que este só poderá ser aplicado quanto provado a melhoria e
esta poderá ser averiguada nestes imóveis, todavia é claro que
neste provou-se através de laudo do assistente técnico da
embargada, em que ficou elucidado a não valoração do imóvel
da apelada.
CONTRIBUÇÃO DE MELHORIA –
Análise de jurisprudência sobre a
Contribuição de Melhorias decorrente de
asfalto em via pública
Análise Resp - 2008/0163605-5
Trata-se de Acórdão que julgou o Recurso Especial de nº
0163605-5, fundado nas alíneas ''a'' e''c'' do
artigo 105, III da Constituição Federal, em face de acórdão
prolatado pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.
Segundo o quê se extrai dos autos, o recorrente interpôs ação
intentando a anulação do lançamento e a repetição do indébito
tributário referente à contribuição de melhoria, sob o
argumento de ser a base de cálculo da exação a efetiva
valorização do imóvel e não o custo da obra. Sobreveio
sentença de improcedência do pedido e, posteriormente, o
Tribunal Regional negou provimento ao Recurso de Apelação.
Foi dado provimento ao mencionado Recurso Especial, sob o
fundamento de quê o acórdão recorrido teria entendido que o
custo da obra seria elemento suficiente a representar a base de
cálculo do tributo, cabendo ao proprietário do imóvel
demonstrar o inverso. Confrontando-se com o entendimento
da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.

A Constituição Federal prevê que a União, os Estados


Membros, o Distrito Federal e os Municípios podem instituir a
Contribuição de Melhoria decorrente de obras públicas, sendo
que referido tributo atrela-se à realização de uma obra pública
que implica, aos proprietários dos imóveis adjacentes, uma
valorização de suas propriedades. A melhoria no imóvel
decorre da obra pública, sendo que a valorização das
propriedades adjacentes é diretamente proporcional à
melhoria advinda da obra.
Têm-se necessidade aqui de quê haja mais-valia no imóvel do
contribuinte, devendo referida valorização decorrer da obra
pública realizada. Deve-se atentar ao fato de quê não é a
contribuição que decorre da obra pública, mas sim a melhoria,
sendo esta que lastreia a contribuição.
A Contribuição de Melhoria fundamenta-se na idéia de quê a
atuação estatal referível a um contribuinte, ou a um grupo de
contribuintes, deve ser financiada por tributos específicos, e
não por tributos arrecadados de toda a coletividade. Referido
tributo é vinculado a uma atuação estatal, esta se relaciona
com o contribuinte através da valorização de sua propriedade.

Vale ressaltar que a Contribuição de Melhoria não se legitima


pela simples realização da obra e tem como limite total a
despesa realizada.

Manifesto-me em concordância com o voto prolatado pelo


Exmo. Sr. Ministro Luiz Fux, uma vez que a cobrança da
contribuição no caso em análise pautou-se tão somente pelo
valor da obra, que foi calculado de acordo com a proporção da
área beneficiada. A cobrança do mencionado tributo não
atentou-se, contudo, à valorização imobiliária. Sendo assim,
cumpre ressaltar novamente que a atividade do Poder Público,
embora necessária, não mostra-se suficiente para ensejar a
obrigação tributária, tendo como fato gerador a valorização
atribuída ao imóvel do contribuinte.

Cabe ao Poder Tributante comprovar a valorização nos imóveis


adjacentes, o que não ocorreu no caso em análise, cabendo,
portanto, reforma o acórdão recorrido, uma vez que
distanciou-se da jurisprudência firmada pelo Superior Tribunal
de Justiça.

Conclusão
A solidariedade pode ser entendida como a comunhão dos
indivíduos, que abrem mão da sua liberdade individual,
amplamente discutida por Hobbes, Rosseau, e Locke, para
proporcionar a vida em sociedade, e considerado por muitos
como fundamento do Direito Natural que embasa a formação
do Estado.

No Direito Tributário nenhum outro Tributo representa mais


fielmente este principio do que a Contribuição de Melhoria,
decorrência lógica do investimento Estatal. Por outro lado, o
beneficio e a agregação de valor, trazido por este investimento,
e de certo modo anulado pela sua cobrança e anulado pela sua
cobrança. Mas a questão que fica e: o beneficio trazido pelo
asfaltamento, pelo metro, e por outra benéficas por si só não
bastaria para satisfazer o cidadão.

Vemos, no caso concreto analisado pelo Supremo Tribunal


Federal, a reafirmação deste sentido de Estado. Um ente que
pode agregar valor ao particular, e deve melhorar, como
objetivo da coletividade, a vida de seus cidadãos.

Talvez o poder mais político que e o poder legislativo, a Casa


do Povo, não tenha o entendimento necessário, refletindo a
opinião popular, qual seja, de que o Estado deva ser planejado
estrategicamente e organizado sobre de políticas de Estado,
entendida como contradição das políticas eleitorais. Daí o
esquecimento do Tributo estudado.

Assim, logicamente, o Tributo, como afirma Fux esta dentro da


legalidade. Legalidade instituída pela Carta Maior. A forma de
aplicação pratica seria facilmente resolvida pelas Ciências
Atuariais, Contábeis, por técnicos do Estado. Sua não aplicação
decorre de questões sociológicas e culturais desaguando na
política e, portanto, fadada ao desuso.
Referências bibliográficas
· AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 14 Ed. São
Paulo. Saraiva, 2008

· ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária. 6ª Ed.


São Paulo: Melhoramentos, 2011

· CASALINO, Vinicius. Teoria Geral do Direito Tributário e


Processo Tributário. Volume, 1ª ed. São Paulo: Revistas dos
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· JARDIM, Eduardo Maciel Ferreira. Curso de Direito


Tributário. Nosoes. 2011
· MACHADO, Hugo de Brito, Curso de Direito Tributário. 26ª
ed., São Paulo, Malheiros, 2015

· MARTINS, Sergio Pinto, Manual de Direito Tributário, 5ª ed.


São Paulo, ed. Atlas, 2006

· SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. 2ª Tiragem.


4ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2012

· SABBAG, Eduardo de Moraes, Elementos do Direito, Direito


Tributário, 5ª ed. São Paulo, ed. DPJ, 2004

· TORRES, David. Revelando o Sistema Tributário Brasileiro.


Edições SINAFRESP. São Paulo, 2003

· FERNANDEZ, GErman Alejandro San Martin. Introdução ao


Direito Tributário. São Paulo, Editora MP, 2008.
· Acórdão disponível no Superior Tribunal de Justiça,

· < http://esaj.tjsp.jus.br/cjsg/resultadoCompleta.do>,
acessado em 27/04/2014

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