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abertura e a promessa de um Epílogo. a estes o Espírito indica o caminho; é
As pranchas desenhadas e manuscritas necessário orar e freqüentar o
são assinadas por Paullus von der laboratório até atingir pela prática
Doort Antverp, e a última traz a manual da físico-química e medicina
inscrição “HF Vriese pinxit”. física o grau de expertus, amator
Destas, destacamos a quarta Theosophia, isto é, Filósofo; seus frutos
prancha, denominada a “Rosa são para aqueles pacientes que não
Cósmica” e que é considerada por abandonam a obra, mesmo sob a
Stanislas de Guaita uma síntese e adversidade; não devem fazer segredo
emblema da Rosa Cruz. O mesmo, em do que deve ser público, embora
sua obra Au Seuil du Mystère, primeiro Harpocrates admoeste ao sigilo das
tomo Essais de Sciences Maudites, na coisas que se deve ocultar. Pensadores
edição de 1890, apresenta um Epílogo como Khunrath são responsáveis pela
em que faz uma análise cabalística da ligação esotérica entre a visão judaica e
referida prancha de Khunrath. Trata-se a cristã, em uma síntese que fora
de um conjunto de alusões, como é conhecida como cabalá cristã, e que vê
comum aos estudiosos desta tradição, Jesus Cristo, “como salvador de todo o
que culmina em uma síntese gênero humano” (p. 213) e, portanto,
extremamente rica e esclarecedora dos como Maschiah, a quem chama
mistérios judaicos, gnósticos e cristãos também Pedra Filosofal, akrogoniaios
que ambas as ordens, Martinista e lithon (Is. 28: 16): Et dicit Dominus Deus
Kabbalística da Rosa+Cruz, se “Vejam. Eis que estabeleço em Sião por
dedicaram e se dedicam a conhecer e fundamento uma pedra, uma pedra
preservar. provada, uma preciosa pedra angular,
Uma noção que revela o caráter uma fundação segura: aquele que crê
que Khunrath atribui a suas pesquisas é não será abalado”.
retomada à p. 212, do longo Epílogo É a proposta deste Grupo
que ele nos lega: o título Theosophus Independente de Estudos Esotéricos -
(não confundir com conotação moderna (G. I. D. E. E.) investigar, ler e
do termo). Trata-se da pesquisa sobre compreender teoricamente uma
as obras da Sabedoria e que deve ser literatura específica que não emerge a
realizada por uma “mente sã em um luz do dia senão a partir do século IX,
corpo são”, por aqueles a quem o que é como foi o caso das escolas cabalísticas
mundano não oprime. Ele aconselha-se que emergiram nas terras a que hoje
fugir aos sofistas; e afirma que os chamamos Espanha, Portugal e França,
semitas instituíram o culto da sobretudo ao sul, juntamente a linha
Sabedoria Eterna. É necessário para ser dos Filósofos do Fogo hermético, os
compatível com a investigação fugir a mesmos alquimistas que insuflaram
vaidade e a fantasia provenientes do vida às correntes rosacruciana,
comércio com as coisas temporais; maçônica e martinista. Legaram ao
meditar a Sabedoria Eterna dia e noite, ocidente um labirinto de véus através
pois aos amigos de IHVH, zelosos e da literatura profana, cujo seu rastro
constantes, que com o Fogo investigam, adensa até romper caminho pelas
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veredas visíveis do séc. XVIII. Para concepções são de todo alheias e surdas
pensarmos o seu conceito, contudo, à teodisséia e insensíveis a qualquer
regressamos ao século X a. C., ou até narrativa poética. Afinal, o documento,
antes, para observarmos os primeiros esse monumento da barbárie, silencia
registros de textos escritos segundo o ante aquele que não participou da ação
paradigma alfabético, particularmente, que o origina. Assim, muitos irmãos
em hebraico, grego e latim, línguas maçons chegam a negar qualquer coisa
particulares que nos fornecem os que não se possa afirmar em
primeiros conceitos observáveis pela conformidade com uma ata, e acham
crítica histórica. A arte é longa e a vida, nisso ter encontrado o palpável da
breve; portanto, esperamos que a soma história.
das capacidades deste grupo de Dá-se o caso de precaver-se e
pesquisadores associados contribua cogitar em nosso íntimo, meditar diante
para elaborar convenientemente esta dos caminhos, intuir diríamos (com o
herança imemorial da humanidade na perdão da palavra equívoca), até dar-se
prática possível e à luz do diálogo conta que os conhecimentos ainda que
franco e aberto entre companheiros de frutos de paradigmas dedutivos e
vida e pesquisa. Estes oferecem uns aos aparentemente confirmados pela
outros as pérolas que conseguiram indução acompanhada das estatísticas
resgatar dos abismos da incompreensão do caso, nada aproveitam para a
e comungam o que pode esclarecer e compreensão do invisível reino daquilo
iluminar seu dia a dia e o de seus que ainda nos é ocultado. É como
próximos. recomenda o catecismo budista: não ter
Como recomenda o Mutus Liber: artigos de fé, e a fiar-se menos em que o
Ora, labora et invenies. Quando falamos ouvido simplesmente captou, a não ser
em história, não é o historicismo de que ouça ressoar em nós de acordo com
supostos fatos, pois o que nela uma experiência íntima. Isto para que
desejamos encontrar é, antes de tudo, o não se dê o caso de termos de justificar
relato singular, não as linhas gerais do dogmas com outros erros. Em torno de
movimento, nem aquela vaga abstração nosso centro judicativo ergueu-se uma
que quando muito chega à elaboração densa e vasta Floresta de Erros, diz o
de clichês que ainda hoje dominam a Filósofo Desconhecido, uma grande
mentalidade ocidental. Como em massa amorfa de escombros constituída
Heródoto a historie narra o que ouviu pelas humanas opiniões.
ou leu, ou viu, se possível foi, e se Retornamos, então, ao cerne da
concentra no que acontece a cada vez, questão da R+C. Deixemos que teólogos
mesmo que isso se repita: o evento em e exegetas da Escola disputem se
sua vigência é sempre único. A não Cristo, sendo lapis é a pedra da
compreensão deste princípio causa a fundação ou a pedra angular, chave do
cegueira do “positivismo”, bem como a arco. Para o que tem ouvidos para
inadequação da visão de mundo ouvir são uma e a mesma coisa: alfa e
progressista que é própria ao ômega, o Princípio e o Fim. Apenas no
“iluminismo” francês. Ambas as símbolo residem os contrários sem se
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contradizer, por isso a recusa dos Crucis oder Die Bruderschaft des Ordens
teósofos cristãos à lógica formal der Rosenkreuzer é publicado em 1614
escolástica, decisiva para sabermos se como um anexo a obra Allgemeine und
chove ou não chove, e que nada são diz Reformation, der gantzen weiten Welt que
acerca do mistério, pois não só de outra é atribuída a Trajano Boccalini. A
língua, mas de outra linguagem que se confraria é ainda necessária exatamente
trata. O símbolo privilegia a reunião de porque seu projeto não se concretizou.
tudo quanto é pertinente no mesmo. A Os poderes temporais foram muito
alegoria elabora as imagens em novo e eficientes: governantes parecem ter
amplo quadro, diz sempre outra coisa e dado ouvidos, já os sacerdotes comuns
apenas alude ao mesmo, para que cada tremeram em seus tronos e como
pessoa, em cada situação peculiar e profetizou Adam Haslmayr: os jesuítas
correspondente possa tirar as suas caçarão alguém por isso. Por isso, em
próprias conclusões. A analogia é a França os panfletos do Colégio Invisível
chave do método comparativo e atua na foram logo soterrados pela poeira que
formação da linguagem verbal e no inundou a Sala dos Passos Perdidos, em
símbolo. As metáforas nos deslocam e uma azáfama sem fim. Apenas um
transportam a cima e baixo e assim século depois, com a instituição dos
como a parábola, seu sentido explícito é Altos Graus da Maçonaria Escocesa se
um disfarce, para que as vivenciem pode ouvir novamente na superfície
apenas os entendidos e se possa algo nítido a respeito do movimento.
distinguir os profanos cuja mente Este volume, contudo, se dedica a
enjaulada se atém ao sentido literal. terceira aparição da R+C a luz do dia, e
A linha de ação geral da R+C é o se atém a Paris das últimas décadas do
projeto de reforma total de tudo. Embora século XIX, cidade oculta, um palco em
se fale em cópias anteriores, o primeiro ruínas a beira do colapso da civilização.
manifesto: Fama Fraternitatis Roseae Saudações fraternas e boa leitura.
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AMPHITHEATRUM SAPIENTIAE AETERNAE SOLIUS VERAE,
CHRISTIANO-KABALISTICUM, DIVINO-MAGICUM
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Anfiteatro da Sabedoria Eterna, prancha quatro, intitulada a “Rosa
Cósmica”
II
III
IV
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As inscrições contidas na imagem estão em negrito,
Em caracteres normais o comentário.
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Do centro para as circunferências exteriores
יהשוה
A posição de KHRISTOS no Centro, como Rosa Cósmica e
Mística, é unida a síntese cabalística, operada pelos Filósofos
cristãos, não os da Escola, mas os do Fogo, que trouxeram o Fogo,
simbolizado pelo SHIN ( )שao centro do Nome (SHEM) de Quatro
Letras, ou Tetragramaton, para formar o Nome de Cinco Letras, ou
Pentagramaton.
Ainda inscrito no primeiro círculo exterior, como um coroa de
glória, estão os Nomes Divinos:
EHEIEH
IAH
IHVH
EL
ELOHIM GIBOR
ELOHA
IHVH TSABAOTH
ELOHIM TSABAOTH
SHADDAI
ADONAI MELECH
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No segundo círculo exterior vemos As Nuvens em que
refulgem as Sephiroth, acima e abaixo vemos dois Círculos Escuros
entre as nuvens, com as letras Aleph e Tau, acima da primeira, e de
cada lado a expressão:
AIN SOPH
EMET
“Verdade”
KETHER [Coroa]
HOCHMAH [Sabedoria]
BINAH [Inteligência]
CHESED [Misericórdia]
GEBURAH [Severidade]
TIPHERETH [Beleza]
NETZACH [Vitória]
HOD [Glória]
IESOD [Fundação]
MALKUTH [Reino]
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No próximo círculo exterior que parece prefigurar o
firmamento, estão as 22 Letras do Alfabeto Hebraico – lidas em
sentido horário, e acima delas a seguinte divisa:
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“Não pronunciarás o Nome do Senhor Deus em vão…”
(Ex 20: 7)
Aralim
“Santificarás o Sábado…”
(Ex 20: 8)
Hashmalim
“Não furtarás”
(Ex 20: 15)
Bené-Elohim
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firmamento, e finalmente, as nuvens mais escuras, onde são
iluminadas os caracteres do Decálogo pela luz de sóis poentes,
emanada pelos nomes dos seres da hierarquia divina, fecha o
primeiro grande círculo. Outro é aberto agora com inscrições de
caráter introdutório, em que se coloca o leitor com reverência ante
uma obra divina, cuja autoria é Daquele que a fez, embora seja esta a
leitura que Khunrath da obra faz.
“Santo, Santo, Santo, Senhor Sabaó, Que Era, Que É, Que Será; Da
Glória de Sua Majestade cheios estão os céus, plena toda a terra,
Aleluia, Aleluia, Aleluia”
II
III
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“Senhor criador de tudo; de todos os poderes, seus são os
ministros. A Ele primeiro dirige a prece os hinos dos que estão
abaixo”
IV
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Análise da Rosa-Cruz, segundo Henry Khunrath
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luminosos), e aquela de Deus, o Espírito Santo, Rûach Hakkadôsh
( רוה־הקדושa esfera luminosa de baixo onde o hieróglifo Æmeth אמת
divisa em caracteres pretos).
Estas duas esferas aparecem como perdidas nas nuvens de
Atziluth אצילות, para indicar a natureza oculta da primeira e da
terceira pessoas da Santíssima-Trindade: a palavra hebraica que as
exprime se destaca em vigor, luminosa aqui sobre o fundo de
sombra, as trevas sobre o fundo de luz, para fazer entender que
nosso espírito, inapto a penetrar estes Princípios em sua essência,
pode somente entrever suas relações antitéticas, em virtude da
analogia dos contrários.
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Reserva-se aos iniciados a inteligência desta aproximação
misteriosa.
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Uma cruz inscrita na estrela flamejante. É o quaternário que
encontra a sua expansão no quinário.
É a pura essência que se multiplica ao descer à cloaca da
matéria onde ela se atolará por um tempo; mas seu destino é de
encontrar mesmo em seu aviltamento a revelação de sua
personalidade e aí - presságio de saúde - ela sente, ao último estágio
de seu declínio, surgir nela, de modo instintivo, a grande força
redentora da Vontade.
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do caminho que nos havíamos traçado. Nós temos, algures (Lotus,
tomo II, n. 12, p. 327-328), detalhado copiosamente e demonstrado
pelo cálculo da kabbalah numérica, que 9 é como que o número
analítico do homem. Nós recomendamos ao leitor esta exposição... 1
O HIEROGRAMA DE ADÃO
א
ד
ם
[em sua forma final]
1Os exemplares de Lotus têm se tornado raro, o que nos excusará de reproduzir aqui
esta importante demonstração.
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Análise ternária do Princípio que Iod manifesta em sua
inacessibilidade e sintética unidade, Adão é, no fundo, mui análogo
ao hierograma Aum, tão famoso nos santuários da Índia.
Nós temos, então, o direito (ao notar que Adão difere de Iod
ou de Wodh como todos os submúltiplos diferem da Unidade), nós
temos o direito de dizer, prosseguindo em nossas analogias:
Se Adão é igual a I,
Adam-ah = I-ah, e Adão-êvê= I-êvê
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Hê representa a Vida universal, a Natureza-naturante [ativa];
Iod-Hê representa assim Iod unido à vida, e ADMAH, Adão unido à
vida. - Em dois graus diferentes (leve-se em conta a indistinção
notada acima) estão [situadas] a união do Espírito e da Alma
universais.
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então resolvido pela letra hebraica shin. Ou, IHVH exprime aqui o
Adão-Kadmon, o Homem em sua síntese integral, em uma palavra,
a divindade manifesta por seu Verbo e indica a união fecunda do
Espírito e da Alma universais. Cindir esta palavra é emblematizar a
desintegração de sua unidade e a multiplicação por divisão
resultante da geração dos submúltiplos. O schin que reúne as duas
partes, representa (Arcano 21 ou 0 do Tarô) o fogo diferenciados, o
Mediador plástico universal cujo papel é o de efetuar as
encarnações, quando permite ao Espírito descer à matéria, a
penetrar, a esforçar-se, a elaborar a sua guisa, enfim. O schin ao
tratar da união das duas partes do tetragrama mutilado é assim o
símbolo da queda e da fixação, no mundo elementar e material, de
IHVH desintegrado de sua unidade.
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Antes de apresentar a nossos leitores as mais luminosas
classificações das Sephiroth kabbalísticas, nós traçaremos um
pequeno quadro de correspondências tradicionais entre as dez
sephiroth e os dez principais nomes dados à divindade pelos
teólogos hebreus: estes nomes, que Khunrath gravou em círculo nos
florescimento da rosa flamejante, correpondentes a cada uma das
dez Sephiroth (ver página 115 do original, reproduzida abaixo).
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Arcano do Verbo (Copulation des Principes mâle et femelle, qui
engendrent éternellement l’Univers-vivant. Grand Arcane du Verbe.)
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movimento de troca perpétua, cada vez que ente qualquer torna-se
objetivo [ou seja, nasce ou torna-se um certo ente] (La Mort
maternelle, grosse de la vie : loi fatale se déployant dans tout l’Univers, et
qui interrompt avec une force soudaine son mouvement de perpétuel
échange, chaque fois qu’un être quel conque s’objective) [4].
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doutrina do Livro da Formação, Sepher Yetzirah ( ?)ספר יצירהEstes
emblemas, com efeito, cada um por seu turno, radiantes e lúgubres,
misteriosas figuras que simbolizam, bem entendido, o Fas e o Nefas
[a afirmação e a negação] do Destino eterno; Henry Khunrath os faz
nascer da cópula fecunda de Sombra e Claridade, de Erro e de
Verdade, do Mal e do Bem, do Ser e do Não-Ser! Então, repentinos,
surgem ao horizonte imprevistos fantasmas, cujo avistamento
sorridente ou lúgubre, esplêndido ou ameaçador, quando sobre o
acúmulo de escuras núvens densas, Febo, uma vez mais vence
Python, dardejantes flechas de ouro.
AS SEPHIROTH DE CORRESPONDEM A
Kether A Providência equilibrante Haioth Hakkadosh As Inteligências providentes
Hochmah A Sabedoria divina Ophanim Os Motores das rodas estreladas
Binah A Inteligência sempre ativa Aralim Os Poderosos
Chesed A Misericórdia infinita Hashmalim Os Lúcidos
Geburah A Justiça absoluta Seraphim Os Anjos ardentes de zelo
Tiphereth A Beleza imarcescível Malachim Os Reis do esplendor
Netzach A Vitória da Vida sobre a Morte Elohim Os deuses (enviados de Deus)
Hod A Eternidade do Ser Bené-Elohim Os filhos dos deuses
Yesod A geração, pedra angular da estabilidade Kheroubim Os ministros do fogo astral
Malkuth O Princípio das Formas Ischim As Almas glorificadas
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Para completar as noções elementares que nós pudemos
apresentar no tocante ao sistema sephirótico, nós concluiremos esse
trabalho pela figura (schéma) bem conhecida do tríplice ternário; essa
classificação é a mais luminosa, para nós, e a mais fecunda em
preciosos corolários (v. página 122 do original, abaixo).
[Representação dos três ternários, segundo Rosenroth]
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equilíbrio dos dois pratos da Balança na ordem divina: a Sabedoria e
a Inteligência.
Os dois ternários inferiores não são senão os reflexos do
primeiro, nos meios mais densos dos mundos moral e astral. Deste
modo, são eles invertidos, como a imagem de um objeto que se
reflete na superfície de um líquido.
No mundo moral, a Beleza (ou a Harmonia ou a Retidão)
equilibra os pratos da balança: a Misericórdia e a Justiça.
No mundo astral, a Geração, instrumento da estabilidade dos
seres, assegura a Vitória sobre a morte e o nada, ao alimentar a
Eternidade pela inesgotável sucessão de coisas efêmeras.
Enfim, Malkuth, o Reino nas formas, realiza embaixo a síntese
totalizada, florescente e perfeita das Sephiroth, das quais Kether no
alto, a Providência (ou a Coroa) contém a síntese germinal e
potencial.
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Uma Academia Hermética em Paris
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vociferantes contra os panfletos voadores R+C que deixaram Paris
em polvorosa. Os jesuítas instilaram em suas missões comissionadas
um veneno sutil como a retórica, e seus relatórios se intitulavam “a
verdade sobre os Irmãos da Rosa Cruz”. Isto apenas aumentou a
confusão, e a França, não fosse o seu legado celta, tardaria inda mais
a conhecer a alvorada do novo hermetismo europeu que seguia os
passos de Paracelso e que muito devia a sua chama ao período pré-
Reforma e àquele intercâmbio cultural existente entre o Sacro
Império germânico e a renascença italiana. Na Inglaterra Vaughan
recepcionou prontamente o movimento e ali se conheceram seus
principais apologistas.
Foram, posteriormente, os ventos de Heredon e algumas
tradições escocesas, os responsáveis pelo florescimento da rosa nas
terras de França. Muito cedo, ainda na segunda e terceira décadas
do XVIII, um contingente considerável de Lojas inglesas e escocesas
passara a operar nas costas norte e leste da França, no início, logo
em Paris e outras províncias. Muito cedo, também neste século,
Swedenborg institui o rito que leva seu nome. A partir da terceira
década do XVIII, as oficinas escocesas, seus capítulos e areópagos,
coabitaram a Franco-Maçonaria ao lado de certos laboratórios e
academias herméticas, como os círculos de Dom Pernety e do Barão
de Tschoudy. Ouvimos falar ainda na maçonaria egípcia do
“Grande Copto”. A obra Estrela Flamejante torna público o antigo
estatuto de uma sociedade alquímica e hermética, a Sociedade dos
Filósofos Desconhecidos. Poucos anos antes da Revolução Francesa,
a Ordem dos Cavaleiros Maçons Elus Cohen do Universo, recruta
altos quadros nos altos graus da maçonaria francesa, muitos deles
com histórico militar, como é o caso de Louis-Claude de Saint-
Martin.
Testemunha ocular de um processo que beirava um lustro, foi
o Filósofo Desconhecido alvo da desconfiança das autoridades
constituídas às sociedades iniciáticas. O Caridoso viu-se isolado. O
terreno institucional havia sido corrompido por um humor
malfazejo e pela discórdia, por empresas profanas de jesuítas e ateus
que visavam monopolizar a opinião geral e definir os limites da
maçonaria francesa. Os sectários gostariam de erguer sobre os
batimentos maçônicos uma nova ordem política. Obviamente, isto
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limitava o raio da ação dos adeptos e iniciados, uma névoa estranha
parecia querer abafar aquela chama que antes brilhara em ágapes
fraternais dos Cavaleiros da Rosa e da Cruz, essa legião de médicos e
alquimistas. Preferiu o filósofo, calculando tantos perigos e a aridez e
os espinhos dos solos institucionais, enfim, tantos obstáculos, o
perfume dos salões e o convívio com os Íntimos em uma sociedade
de desejo. Em seu Cenáculo se lia o evangelho e as letras do Filósofo
Teutônico.
Seu companheiro de Ordem, também Reau Croix, Willermoz
ficara responsável pela herança maçônica de Martinez, junto a
alguns Grãos-Mestres franceses, até que os Templos Cohen se
metamorfosearam em Lion, e fossem enxertados na árvore alemã da
Estrita Observância Templária.
Aos fins do século, salvo o caso tardio do ritual de emulação
inglês que é de 1813-15, os ritos maçônicos estão já estabelecidos e as
grandes sínteses literárias como a de Fabre d’Olivet, responsável por
insuflar espírito ao ressurgimento da filosofia pitagórica, atestam a
vivacidade de uma tradição que irrompe a luz do dia.
Éliphas Lévi recorda aos maçons os contos talmúdicos e
cabalísticos a respeito da época do Rei versado na Sabedoria e de
seu Mestre Arquiteto.
Saint-Yves oferece aos seus discípulos uma chave lingüística
capaz de decifrar o emaranhado de símbolos que a tradição oral e
escrita sedimentou.
Essa herança somada a obras daqueles que consideramos
Mestres do Passado, somou-se uma gigantesca fauna literária.
Temerário seria enumerar-lhes as suas fichas zoológicas.
Aos fins do XIX, o magnetismo, a hipnose e as mesas voadoras
foram responsáveis por fomentar uma segunda ou terceira vaga de
fenômenos invisíveis e de um novo afã por compreender o
inexplicável. Como em um encontro prognosticado pelas artes
astrológicas, uma plêiade de irmãos e irmãs se unia solidários em
torno de alguns eixos espaço temporais, um dos quais era conhecido
pelos amigos como doutor Gérard Encausse.
No círculo místico e aos seus leitores era conhecido por Papus,
médico da primeira hora. Vasto é o fôlego de sua obra, assinada pelo
seu cognome, e que é generosa em todos os campos da ciência
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oculta acessíveis até então. Notório, o seu trabalho como médico e
teórico. O círculo literário já havia florescido, e como um anel
circundava a Iniciação, nome que mais tarde passaria a designar sua
revista, L’Initiation, porta-voz da corrente martinista.
Como quem aciona uma corrente elétrica, o rastro deste
movimento se enraizou no céu como um relâmpago e logo projetou
uma aura magnética na densa noite, para profetizar-lhe que ela,
enfim, poderia ceder seu turno à aurora. Como um dínamo para
estes elos, era o taumaturgo mestre Philippe, Nizier Anthelme.
O órgão diretor deste movimento se constituiu como Supremo
Conselho da Ordem Kabalística da Rosa Cruz, fundado em 1888. É
na prática o mesmo para a Sociedade dos Filósofos Desconhecidos,
ou Ordem dos Superiores Incógnitos (Silencieux Inconnus de l’Ordre),
ou simplesmente Ordem Martinista que se consolida entre os anos
de 1882 a 1891. Seus primeiros membros eram Guaita (Grão-Mestre
da OKRC), doutor Gérard Encausse (Papus, Grão-Mestre da OM),
Barlet, Burger, LeJay, Montière, Yvon Le Loup (Sédir), Adam,
Chamuel, Chaboseau, Barrès e Péladan; com a saída de Péladan e
Barrès, são admitidos o doutor Marc Haven e Michelet. Muitas
histórias interessantes podem ser contadas sobre estas personagens.
Entre elas, conta-se que Éliphas Lévi, após certas viagens a
Inglaterra, transmitiu uma iniciação R+C ao abade Lacuria, que
iniciara, por sua vez, Adrien Péladan, e ele a seu irmão Josephin
Péladan e Stanislas de Guaita.
“Por meu pai, o cavaleiro [Louis-] Adrien Péladan, afiliado desde
1840 ao círculo dos novos templários de Genoude, des
Lourdoueix – que cinqüenta anos tingem a pluma às claras para a
Igreja contra les parpaillots [literalmente: borboletas, alcunha
pejorativa por que ficariam conhecidos os protestantes em
França, infiéis para os católicos], pelo Rei contra a canalha - eu
pertenço à sucessão de Hugues des Païens [primeiro Grão-Mestre
Templário]. Por meu irmão, o doutor Péladan, que esteve como
Simon Brugal, do último ramo dos Rose + Croix, ditos de
Toulouse, como les Aroux, os d’Oriente, o visconde de Lapasse –
e que pratica a medicina oculta, sem remuneração – eu procedo
de Rosencreuz.” (Josephin Péladan, Comment on devient Mage
(1892), citado por Laurent, Les Péladan, p. 43)
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da ordem. É possível que cenáculos como estes estivessem ligados
ainda, de uma maneira ou outra à herança primitiva pertinente aos
colégios e às fraternidades místicas de cunho rosacruciano do século
XVII. Ou permanecessem, por outro lado, como sucessões da Gold-
und Rosenkreuzer do XVIII.
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Papus e, em seguida, em companhia de mestre Philippe
reforçariam as proezas diplomáticas de Saint-Martin, que inicia em
Londres, na Itália e na Rússia, uma linhagem de SS. II, puderam eles
não apenas entrar nas graças do tzar Nicolau II e de seus familiares,
como encontrar várias Lojas maçônicas de há muito estabelecidas. A
Loja “Cruz e Estrelas”, presidida pelo czar, funcionava no Palácio
Imperial. Em São Petersburgo, Papus foi introduzido por Mebes, no
Capítulo Apolônio de Thiana, em 1901, à linhagem russa dos SS. II.
E fundou Lojas martinistas modernas que ainda hoje estão em
atividade. O doutor detinha também documentos de Martinez e
divulgou a parte inteligível dos mesmos em duas obras pertinentes
à história do martinismo. Os arquivos da biblioteca pública de Lyon,
dos fundos Willermoz e seus documentos da ordem maçônica
primitiva, lançam, enfim, luz definitiva sobre a questão martinista.
Por sua vez, a OKR+C chamou a atenção do estudioso Waite,
no início do século XX e a ela se referiu em suas obras sobre a R+C;
elas consistem no primeiro grande esforço de tratamento das
evidencias documentais e tradições correlatas, combinada a crítica
dos autores que antes se pronunciaram a respeito, ainda que de
maneira mais apologética ou polêmica que guiada pelo bom senso e
metodologicamente orientada.
A Irmã Amélie de Boisse-Montmartre e o Irmão Henri Delaage
são os últimos elos da antiga corrente de iniciados e ligam, sem que
o soubessem, o Martinismo primitivo ao moderno. Essa pode ser
chamada a terceira vaga ou a herança dos Invisíveis e dos Filósofos
Desconhecidos, pois sua história parece estar inextricavelmente
vinculada.
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Acima, imagem do templo, Quartel general da Ordem Martinista, em que se
pode ver a divisa: À La Gloire de YHShVH, G. A. D. U., e abaixo o Pantáculo da ordem
Martinista, as esfinges alusivas a sua localização no Kadosh Kadoshim (S. S.)
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Nesse meio tempo a Primeira Grande Guerra foi deflagrada.
Após anos de atividades e do reticente silêncio dos Irmãos franceses,
Cedaior envia seu filho Jehel a Europa no período entre guerras, em
busca de restabelecer a comunicação com os centros europeus,
muitos deles dispersos e inoperantes, em virtude das baixas sofridas
em seus quadros.
Corriam os iniciados, de fato, muitos riscos em se reunirem,
pela eterna suspeita por parte dos estados nacionais de que se
tratasse de grupos conspiratórios. Os rituais foram simplificados e
adaptados para que os paramentos fossem vestidos como parte do
próprio rito em locais reservados.
Diante deste quadro, de volta a América do Sul, os Irmãos,
fazendo uso de suas prerrogativas, estabeleceram em 1924 a
autonomia da Ordem, agora independente de sua matriz na Europa.
Ainda que posteriormente tenham sido retomados os contatos com
as fraternidades européias, assim ela permaneceu, como uma
Academia hermética, e foi uma das principais vias de acesso ao
pensamento oriental, como se pode perceber pelos programas de
estudo da Ordem Martinista que aqui floresceu.
A OKR+C se faz acessível àqueles que atingiram o terceiro
grau da Ordem Martinista, e assim continua a espargir sua Luz de
forma ininterrupta por gerações de Iniciados no Brasil e na América
Latina.
O Programa de Estudos da Orem e seu Regulamentos de
Admissão e foi publicado por Papus, em Almanaque do Magista que
circulou entre 1895-1896.
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Acima Diploma de Bacharel expedido pela Ordem Rosa+Cruz Kabalística
pertencente a Leo Costet de Mascheville, nome místico Jehel (posteriormente ele
adotará Sri Sevãnanda Swami), assinado por seu pai, Albert Costet, Cedaior,
assinalando-lhe, ainda, as datas de recepção nos três graus; abaixo Estola russa,
debruada de azul da Rússia, mais escuro que o prussiano, com o Pantáculo que traz no
verso o a imagem de São Miguel Arcanjo arrostando o dragão no abismo.
37
Salão da Rosa+Cruz em Paris
38
forma perfeita, uma alma virá e a habitará” (p. 33), escreve
Péladan em L’art idéaliste et mystique, doctrine de l’Ordre et du
salon annuel des Rose+Croix, obra publicada em Paris por
Chamuel, em 1894.
39
Cartaz de Carlos Schwabe para o primeiro Salão de 92
A imagem tornou-se uma das grandes referências estéticas a R+C
40
Pintura de Jan Toorop, intitulado “As almas em torno da Esfinge” (1897)
41
Notas para Publicação
Atenciosamente,
Do Conselho Editorial
João Pessoa,
Outubro de 2017
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