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N.

o 89 — 16 de Abril de 2002 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 3703

2 — Para os efeitos previstos no número anterior, os importância de clarificar que os bens alimentares, ainda
referidos docentes consideram-se vinculados ao Minis- que produzidos no quadro da actividade artesanal defi-
tério da Educação quando comprovem encontrar-se em nida no Decreto-Lei n.o 41/2001, de 9 de Fevereiro,
qualquer das seguintes situações: estão sujeitos a regras específicas, designadamente às
a) Ter obtido colocação e exercido ininterrupta- normas nacionais e comunitárias em vigor no domínio
mente funções em estabelecimento oficial dos da higiene, segurança e qualidade alimentar, às relativas
ensinos básico e secundário desde o ano escolar aos direitos dos consumidores e às aplicáveis em matéria
de 1978-1979 até à data da entrada em vigor de protecção do nome ou do modo de produção.
do presente diploma; Também as actividades artesanais ligadas ao sector
b) Contar, à data da entrada em vigor do presente do restauro dos bens que constituem o chamado patri-
diploma, pelo menos 20 anos de serviço efectivo mónio cultural, móvel e integrado, aconselham um ajus-
no ensino básico e secundário oficial, e ter con- tamento de algumas disposições do mesmo diploma, por
corrido aos concursos para colocação de pro- forma que, considerando as suas especificidades e sal-
fessores nos referidos níveis de ensino nos últi- vaguardando os princípios consagrados no quadro legal
mos três anos lectivos, ainda que sem obter já existente para estas actividades, seja enquadrado o
colocação. conjunto de oficinas e de artesãos que, por todo o país,
laboram neste sector, alguns implantados no mercado
3 — Para efeitos do disposto nos n.os 4 e 5 do artigo 4.o há décadas.
do Decreto-Lei n.o 210/97, de 13 de Agosto, com as Por outro lado, e desde logo, tem-se como ponto
alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.o 66/2000, assente que a intervenção do artesão no restauro de
de 26 de Abril: património cultural carece da supervisão das entidades
competentes na matéria, pelo que se previu o envol-
a) A conclusão do curso deve ocorrer no prazo vimento do Instituto Português de Conservação e Res-
de cinco anos a contar da sua oferta pela Uni- tauro no processo de reconhecimento do estatuto de
versidade Aberta; artesão e de unidade produtiva artesanal neste domínio
b) O preenchimento dos requisitos de idade e específico.
tempo de serviço reporta-se à data de 1 de Da mesma forma se considerou importante a inclusão,
Setembro de 2001. neste diploma base, do regime de suspensão e revogação
a aplicar nos casos de uso indevido das cartas de artesão
Artigo 2.o e de unidade produtiva artesanal, ou de quaisquer direi-
Entrada em vigor e produção de efeitos
tos ou vantagens decorrentes da titularidade das mes-
mas.
1 — O presente diploma entra em vigor no dia Finalmente, foi definido o quadro de representati-
seguinte ao da sua publicação, produzindo os seus efei- vidade deste sector perante o Estado, num claro reforço
tos, excepto os de natureza remuneratória, a partir de da importância estruturante que ao movimento asso-
1 de Setembro de 2001. ciativo de artesãos se reconhece.
2 — Para efeitos remuneratórios, os docentes abran- Assinala-se, ainda, que na elaboração do presente
gidos pelo presente diploma consideram-se integrados diploma participou a Comissão Nacional para a Pro-
no quadro à data da sua entrada em vigor. moção dos Ofícios e das Microempresas Artesanais.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 21 Foram ouvidos os órgãos de governo próprios das
de Março de 2002. — António Manuel de Oliveira Guter- Regiões Autónomas.
res — Júlio Domingos Pedrosa da Luz de Jesus. Assim:
Nos termos da alínea a) do n.o 1 do artigo 198.o da
Promulgado em 3 de Abril de 2002. Constituição, o Governo decreta, para valer como lei
geral da República, o seguinte:
Publique-se.
O Presidente da República, JORGE SAMPAIO. Artigo 1.o

Referendado em 4 de Abril de 2002. São alterados os artigos 1.o, 2.o, 3.o, 4.o, 6.o, 9.o, 10.o,
11.o, 13.o, 14.o, 16.o, 17.o, 18.o e 19.o do Decreto-Lei
O Primeiro-Ministro, António Manuel de Oliveira n.o 41/2001, de 9 de Fevereiro, que passam a ter a
Guterres. seguinte redacção:

«Artigo 1.o
MINISTÉRIO DO TRABALHO E DA SOLIDARIEDADE [. . .]

O presente diploma aprova o estatuto do artesão e


Decreto-Lei n.o 110/2002 da unidade produtiva artesanal e define o respectivo
de 16 de Abril processo de reconhecimento.
o
O Decreto-Lei n. 41/2001, de 9 de Fevereiro, diploma
que aprova o estatuto do artesão e da unidade produtiva Artigo 2.o
artesanal, é um instrumento jurídico fundamental para [. . .]
a concretização da política pública de fomento às artes,
ofícios e unidades produtivas artesanais. .............................................
Constata-se, no entanto, a necessidade de introduzir a) Identificar os artesãos, as unidades produtivas
alterações ao diploma, resultantes não da actividade pro- artesanais e as actividades artesanais, conferin-
dutiva artesanal, em si mesma, mas decorrentes da do-lhes maior visibilidade e valorização social
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e contribuindo, também, para a dignificação das Artigo 10.o


profissões ligadas ao artesanato, nomeadamente Carta de artesão
junto dos mais jovens;
b) ......................................... 1 — O estatuto de artesão é reconhecido através da
c) ......................................... emissão do título «carta de artesão».
d) ......................................... 2 — A carta de artesão é emitida para os artesãos
e) Reforçar o papel das associações, bem como que a requeiram, relativamente a uma ou mais acti-
das federações ou outras estruturas represen- vidades artesanais, desde que, para cada uma delas,
tativas dos artesãos ou das unidades produtivas preencham os requisitos exigidos no presente diploma.
artesanais, na divulgação e promoção das artes 3 — A carta de artesão é válida por períodos a definir
e ofícios. na portaria conjunta a que se refere o n.o 3 do artigo 9.o,
em função do tempo de exercício da actividade.

Artigo 3.o Artigo 11.o


[. . .] Requisitos para o reconhecimento
1 — (Anterior corpo do artigo.) 1 — A atribuição da carta de artesão supõe o exercício
2 — As disposições contidas neste diploma são apli- da actividade artesanal, nos seguintes termos:
cáveis às actividades artesanais relativas à produção e
a) A actividade em causa deve constar do reper-
preparação de bens alimentares e ao restauro de bens tório das actividades artesanais a que se refere
patrimoniais, sem prejuízo das normas específicas apli- o artigo 17.o-A e cumprir as normas constantes
cáveis a estes sectores de actividade. do presente diploma;
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Artigo 4.o c) Tratando-se da produção e preparação artesa-
nal de bens alimentares, o artesão tem de exer-
[. . .] cer a sua actividade em local devidamente licen-
ciado para o efeito e cumprir as normas apli-
Designa-se por actividade artesanal a actividade eco- cáveis, nomeadamente as relativas a higiene,
nómica, de reconhecido valor cultural e social, que segurança e qualidade alimentar;
assenta na produção, restauro ou reparação de bens d) Tratando-se do restauro de património cultural,
de valor artístico ou utilitário, de raiz tradicional ou móvel e integrado, o artesão tem de exercer
contemporânea, e na prestação de serviços de igual natu- a sua actividade no cumprimento das normas
reza, bem como na produção e preparação de bens específicas constantes da legislação em vigor
alimentares. para este sector de actividade.
Artigo 6.o
2 — Excepcionalmente, e mediante fundamentação
[. . .] adequada, pode ser atribuída a carta de artesão de
mérito a quem, embora não cumprindo o requisito pre-
A fidelidade aos processos tradicionais referida no visto na alínea b) do número anterior, seja detentor
n.o 1 do artigo anterior pode ser compatibilizada com de saberes cuja preservação ou transmissão se considere
a inovação, desde que sejam respeitadas as exigências importante promover.
ambientais e de saúde pública e os direitos dos con- 3 — Os artesãos que beneficiem da excepção referida
sumidores, nos seguintes domínios e condições: no número anterior devem disponibilizar-se para trans-
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . mitir os seus conhecimentos, designadamente colabo-
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . rando em projectos ou acções de formação de novos
c) Utilização de novas matérias-primas por razões artesãos.
de maior adequação ao resultado final preten- Artigo 13.o
dido, desde que, no caso da produção de bens Carta de unidade produtiva artesanal
de raiz tradicional, tal substituição não desca-
racterize o produto e não seja feita na produção 1 — O estatuto de unidade produtiva artesanal é reco-
e preparação de bens alimentares. nhecido através da emissão do título «carta de unidade
produtiva artesanal».
2 — A carta de unidade produtiva artesanal é emitida
Artigo 9.o para as unidades produtivas que a requeiram, relati-
vamente a uma ou mais actividades artesanais, desde
[. . .]
que, para cada uma delas, preencham os requisitos exi-
1 — Para efeitos do presente diploma, entende-se por gidos no presente diploma.
artesão o trabalhador que exerce uma actividade arte- 3 — A carta de unidade produtiva artesanal é válida
sanal, por conta própria ou por conta de outrem, inserido por períodos a definir na portaria conjunta a que se
em unidade produtiva artesanal reconhecida. refere o n.o 3 do artigo 9.o, em função do tempo de
2 — O exercício da actividade artesanal nos termos exercício da actividade.
do número anterior supõe o domínio dos saberes e téc-
nicas que lhe são inerentes, bem como um apurado sen- Artigo 14.o
tido estético e perícia manual. Requisitos para o reconhecimento
3 — A comprovação do domínio dos saberes e téc-
nicas inerentes ao exercício da actividade artesanal é 1—..........................................
definida por portaria conjunta dos Ministros do Tra- a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
balho e da Solidariedade, da Economia, do Planea- b) Ter, no máximo, nove trabalhadores para o total
mento, da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das das actividades desenvolvidas, salvo o disposto
Pescas, da Educação e da Cultura. no número seguinte;
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c) Tratando-se da produção e preparação artesa- Artigo 2.o


nal de bens alimentares, a unidade produtiva
artesanal tem de estar previamente licenciada São aditados ao Decreto-Lei n.o 41/2001, de 9 de
e cumprir as normas aplicáveis, nomeadamente Fevereiro, a secção III-A, com os artigos 15.o-A e 15.o-B,
as relativas a higiene, segurança e qualidade os artigos 17.o-A, 20.o-A, o capítulo III-A, com os arti-
alimentar; gos 20.o-B, 20.o-C e 20.o-D, e o capítulo III-B, com o
d) Tratando-se do restauro de património cultural, artigo 20.o-E, com a seguinte redacção:
móvel e integrado, a unidade produtiva arte-
sanal tem de exercer a sua actividade cumprindo «SECÇÃO III-A
as normas específicas constantes da legislação
em vigor para este sector de actividade. Publicitação do reconhecimento

Artigo 15.o-A
2—..........................................
3 — A obtenção da carta não isenta as unidades pro- Símbolo
dutivas artesanais do cumprimento das obrigações legais 1 — Os artesãos e as unidades produtivas artesanais
a que estejam sujeitas, designadamente em matéria de podem mencionar o reconhecimento na rotulagem,
licenciamento das actividades desenvolvidas. publicidade e demais documentos comerciais de acom-
panhamento dos seus produtos, através da utilização
Artigo 16.o de símbolo do qual constem as expressões: «Produzido
[. . .] por artesão reconhecido» ou «Produzido em unidade
produtiva artesanal reconhecida», sem prejuízo da apli-
1 — O reconhecimento do estatuto de artesão e do cação das regras gerais sobre rotulagem, apresentação
estatuto de unidade produtiva artesanal é da compe- e publicidade.
tência da Comissão Nacional para a Promoção dos Ofí- 2 — O modelo de símbolo referido no número ante-
cios e das Microempresas Artesanais. rior é aprovado por portaria conjunta dos Ministros do
2 — O reconhecimento do estatuto de artesão e de Trabalho e da Solidariedade, da Economia, do Planea-
unidade produtiva artesanal para a produção e prepa- mento, da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das
ração artesanal de bens alimentares está sujeito a pare- Pescas, da Educação e da Cultura.
cer vinculativo dos serviços competentes do Ministério
da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas Artigo 15.o-B
que, quando esteja em causa o reconhecimento de arte-
sãos e de unidades produtivas artesanais que laborem Uso indevido
produtos cujo nome é uma denominação de origem pro- 1 — A utilização do símbolo ou das expressões refe-
tegida, uma indicação geográfica protegida ou produtos ridas no n.o 1 do artigo anterior, por pessoas singulares
abrangidos por modos de produção particulares, pro- ou colectivas não reconhecidas nos termos do presente
cedem à audição dos respectivos agrupamentos gestores diploma, ou de expressões ou termos passíveis de induzir
ou equiparados. em erro quanto ao verdadeiro modo de produção, pro-
3 — O reconhecimento do estatuto de artesão e de cesso ou serviço ou que explorem a reputação dos pro-
unidade produtiva artesanal para o restauro de patri- dutos ou modos de produção artesanais, bem como as
mónio cultural, móvel e integrado, está sujeito a parecer práticas que constituam actos de concorrência desleal,
vinculativo do Instituto Português de Conservação e é sancionada nos termos da lei geral.
Restauro. 2 — As marcas comerciais e as denominações sociais
4 — (Anterior n.o 2.) que ostentem as indicações referidas no número anterior
podem continuar a ser utilizadas até 31 de Dezembro
Artigo 17.o de 2004, desde que sejam sempre acompanhadas de uma
indicação, no mesmo campo visual e com caracteres
Organização da mesma dimensão, que informe claramente que, con-
O Registo Nacional do Artesanato é organizado pela soante o caso:
Comissão Nacional para a Promoção dos Ofícios e das a) Não se trata de um produto ou serviço pro-
Microempresas Artesanais e integra as seguintes sec- duzido por artesão reconhecido ou por uma uni-
ções: dade produtiva artesanal reconhecida; ou
a) Secção I — Repertório das Actividades Arte- b) Não se trata de uma empresa reconhecida como
sanais; unidade produtiva artesanal.
b) Secção II — Artesãos;
c) Secção III — Unidades Produtivas Artesanais. Artigo 17.o-A
Repertório de actividades artesanais
Artigo 18.o
1 — O repertório de actividades artesanais é cons-
[. . .] tituído pela lista de actividades desenvolvidas de acordo
com as condições previstas no presente diploma e é
A inscrição no Registo é da competência da Comissão aprovado pela portaria a que se refere o n.o 3 do
Nacional para a Promoção dos Ofícios e das Microem- artigo 9.o
presas Artesanais. 2 — O repertório tem um carácter dinâmico e é actua-
lizado periodicamente de acordo com a evolução do
Artigo 19.o sector, por portaria conjunta do Ministro do Trabalho
Inscrição e da Solidariedade e dos ministros competentes em
razão da matéria, sob proposta da Comissão Nacional
A inscrição dos artesãos e das unidades produtivas para a Promoção dos Ofícios e das Microempresas
artesanais no Registo é gratuita.» Artesanais.
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3 — Até cada nova actualização do repertório, pode competentes, de outras sanções, ser revogadas a todo
a Comissão, mediante fundamentação adequada, e para o tempo, desde que se verifique uma das seguintes
efeitos de reconhecimento de artesãos e de unidades situações:
produtivas artesanais, reconhecer actividades ainda não
constantes do mesmo. a) Utilização abusiva ou fraudulenta das cartas ou
de benefícios decorrentes da sua titularidade;
b) Não seja, no prazo previsto no artigo anterior,
Artigo 20.o-A sanada a situação que levou à suspensão das
Comunicação de alterações cartas.
1 — Todas as alterações das circunstâncias e dos ele- 2 — A revogação das cartas é notificada por carta
mentos constantes dos processos de reconhecimento de registada com aviso de recepção e é precedida de inqué-
artesãos e de unidades produtivas artesanais devem ser rito, com a audição do titular da carta, o qual disporá
comunicadas à Comissão Nacional para a Promoção dos de um período mínimo de 15 dias para a realização
Ofícios e das Microempresas Artesanais no prazo das verificações ou exames que solicitar.
máximo de 30 dias contados da sua verificação. 3 — A aplicação da revogação das cartas é da com-
2 — As alterações comunicadas nos termos do petência da Comissão Nacional para a Promoção dos
número anterior implicam a reavaliação dos processos, Ofícios e das Microempresas Artesanais.
sempre que se verifiquem em relação aos requisitos que 4 — A revogação da carta implica a exclusão do
determinaram o reconhecimento. Registo Nacional do Artesanato.
3 — Ponderadas as alterações e os resultados da even- 5 — Da decisão da Comissão cabe recurso para o
tual reavaliação dos processos, a Comissão procede à
correspondente actualização do Registo. Ministro do Trabalho e da Solidariedade.

CAPÍTULO III-B
CAPÍTULO III-A
Estruturas representativas
Suspensão e revogação das cartas de artesão
e de unidade produtiva artesanal Artigo 20.o-E
Das estruturas representativas de artesãos
Artigo 20.o-B e de unidades produtivas artesanais
Iniciativa dos titulares
1 — São consideradas representativas do sector, para
As cartas de artesão e de unidade produtiva artesanal efeitos do presente diploma, as pessoas colectivas de
podem ser suspensas ou revogadas a pedido dos res- direito privado, constituídas nos termos da lei geral, que
pectivos titulares, sem prejuízo do disposto nos artigos não tenham fins lucrativos, sejam constituídas maiori-
seguintes. tariamente por artesãos ou unidades produtivas arte-
sanais e tenham por objecto a defesa dos direitos e
Artigo 20.o-C interesses dos artesãos e das unidades produtivas arte-
sanais, bem como as suas uniões, federações ou con-
Suspensão das cartas federações.
1 — As cartas de artesão e de unidade produtiva arte- 2 — O Estado deve promover a participação das
sanal podem, sem prejuízo da aplicação, pelas entidades estruturas representativas dos artesãos e das unidades
competentes, de outras sanções, ser suspensas a todo produtivas artesanais na definição e implementação das
o tempo, desde que se verifique uma das seguintes políticas de incremento do artesanato, assegurando,
situações: designadamente, a sua participação em comissões e gru-
pos de trabalho com atribuições no sector.
a) Incumprimento de algum dos requisitos de reco- 3 — As entidades referidas nos números anteriores
nhecimento previstos nos artigos 11.o e 14.o; colaboram com o Estado e as autarquias locais na divul-
b) Incumprimento do dever de comunicar altera- gação e promoção das artes e ofícios.
ções das circunstâncias e dos elementos cons- 4 — Para assegurar a divulgação da informação e a
tantes dos processos de reconhecimento, nos prestação de apoio aos artesãos e às unidades produtivas
termos do artigo 20.o-A. artesanais no processo de reconhecimento, a Comissão
pode estabelecer protocolos com as estruturas repre-
2 — A suspensão aplica-se por um período máximo sentativas do sector.
de 45 dias durante o qual a situação de irregularidade 5 — As estruturas representativas do sector podem,
deve ser corrigida. nos termos de protocolos a celebrar com as entidades
3 — A suspensão das cartas é notificada por carta competentes e dentro das disponibilidades orçamentais
registada com aviso de recepção e é precedida de inqué- destas, beneficiar de apoios financeiros, de carácter téc-
rito, com a audição do titular da carta, o qual disporá nico ou logístico.»
de um período mínimo de 15 dias para a realização
das verificações ou exames que solicitar.
4 — A aplicação da suspensão das cartas é da com- Artigo 3.o
petência da Comissão Nacional para a Promoção dos São revogados os artigos 7.o, 8.o, 20.o e 21.o do Decre-
Ofícios e das Microempresas Artesanais. to-Lei n.o 41/2001, de 9 de Fevereiro.

Artigo 20.o-D Artigo 4.o


Revogação das cartas
É republicado em anexo o texto do Decreto-Lei
1 — As cartas de artesão e de unidade produtiva arte- n.o 41/2001, de 9 de Fevereiro, com as alterações intro-
sanal podem, sem prejuízo da aplicação, pelas entidades duzidas pelo presente diploma.
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Artigo 5.o e a todas as unidades produtivas artesanais que pre-


tendam ser reconhecidos como tal, sem prejuízo das
O presente diploma entra em vigor no dia seguinte eventuais adaptações às especificidades regionais e do
ao da sua publicação. desenvolvimento dos princípios gerais nele contidos que
Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 28 nas Regiões Autónomas venham a ser introduzidas atra-
de Fevereiro de 2002. — António Manuel de Oliveira vés de decreto legislativo regional.
Guterres — Luís Garcia Braga da Cruz — António 2 — As disposições contidas neste diploma são apli-
Ricardo Rocha de Magalhães — Luís Medeiros Vieira — cáveis às actividades artesanais relativas à produção e
Júlio Domingos Pedrosa da Luz de Jesus — Paulo José preparação de bens alimentares e ao restauro de bens
Fernandes Pedroso — José Manuel Conde Rodrigues. patrimoniais, sem prejuízo das normas específicas apli-
cáveis a estes sectores de actividade.
Promulgado em 22 de Março de 2002.
Publique-se. CAPÍTULO II
O Presidente da República, JORGE SAMPAIO. Da actividade artesanal, do artesão e da unidade
produtiva artesanal
Referendado em 28 de Março de 2002.
O Primeiro-Ministro, António Manuel de Oliveira SECÇÃO I
Guterres. Da actividade artesanal
ANEXO
Artigo 4.o
(a que se refere o artigo 4.o)
Conceito
Republicação do texto integral do Decreto-Lei n.o 41/2001, de
9 de Fevereiro, relativo ao estatuto do artesão e da unidade Designa-se por actividade artesanal a actividade eco-
produtiva artesanal. nómica, de reconhecido valor cultural e social, que
CAPÍTULO I assenta na produção, restauro ou reparação de bens
de valor artístico ou utilitário, de raiz tradicional ou
Disposições gerais contemporânea, e na prestação de serviços de igual natu-
reza, bem como na produção e preparação de bens
Artigo 1.o alimentares.
Objecto Artigo 5.o
O presente diploma aprova o estatuto do artesão e Requisitos
da unidade produtiva artesanal e define o respectivo
processo de reconhecimento. 1 — A actividade artesanal deve caracterizar-se pela
fidelidade aos processos tradicionais, em que a inter-
venção pessoal constitui um factor predominante e o
Artigo 2.o
produto final é de fabrico individualizado e genuíno,
Objectivos sem prejuízo da abertura à inovação consagrada no
O presente diploma, ao aprovar o estatuto do artesão artigo seguinte.
e da unidade produtiva artesanal, tem por objectivos: 2 — A predominância da intervenção pessoal é ava-
liada em relação às fases do processo produtivo em que
a) Identificar os artesãos, as unidades produtivas se influencie ou determine a qualidade e a natureza
artesanais e as actividades artesanais, conferin- do produto ou serviço final, em obediência aos requisitos
do-lhes maior visibilidade e valorização social referidos no número anterior.
e contribuindo, também, para a dignificação das
profissões ligadas ao artesanato, nomeadamente
junto dos mais jovens; Artigo 6.o
b) Contribuir para uma adequada definição e ajus- Abertura à inovação
tamento das políticas de incentivo e de discri-
minação positiva para o sector; A fidelidade aos processos tradicionais referida no
c) Reforçar a consciência social da importância das n.o 1 do artigo anterior pode ser compatibilizada com
artes e ofícios como meio privilegiado de pre- a inovação, desde que sejam respeitadas as exigências
servação dos valores da identidade cultural do ambientais e de saúde pública e os direitos dos con-
País e como instrumento de dinamização da eco- sumidores, nos seguintes domínios e condições:
nomia e do emprego a nível local;
d) Assegurar a produção de dados estatísticos que a) Adequação do produto final às tendências do
permitam obter informação rigorosa e actua- mercado e a novas funcionalidades, desde que
lizada sobre o sector, através do registo dos arte- conserve um carácter diferenciado relativa-
sãos e das unidades produtivas artesanais; mente à produção industrial;
e) Reforçar o papel das associações, bem como b) Adaptação dos processos produtivos, equipa-
das federações ou outras estruturas represen- mentos e tecnologias de produção, por impe-
tativas dos artesãos ou das unidades produtivas rativos de ordem ambiental e de higiene e segu-
artesanais, na divulgação e promoção das artes rança no local de trabalho e por forma a dimi-
e ofícios. nuir a penosidade do processo produtivo ou a
rentabilizar a produção, desde que, em qualquer
Artigo 3.o caso, seja salvaguardada a natureza e a qua-
lidade do produto ou serviço final;
Âmbito
c) Utilização de novas matérias-primas por razões
1 — As disposições contidas neste diploma são apli- de maior adequação ao resultado final preten-
cáveis a todo o território nacional, a todos os artesãos dido, desde que, no caso da produção de bens
3708 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 89 — 16 de Abril de 2002

de raiz tradicional, tal substituição não desca- a sua actividade no cumprimento das normas
racterize o produto e não seja feita na produção específicas constantes da legislação em vigor
e preparação de bens alimentares. para este sector de actividade.

Artigo 7.o 2 — Excepcionalmente, e mediante fundamentação


adequada, pode ser atribuída a carta de artesão de
Tipologia das actividades artesanais mérito a quem, embora não cumprindo o requisito pre-
(Revogado.) visto na alínea b) do número anterior, seja detentor
de saberes cuja preservação ou transmissão se considere
Artigo 8.o importante promover.
Repertório de actividades artesanais 3 — Os artesãos que beneficiem da excepção referida
no número anterior devem disponibilizar-se para trans-
(Revogado.) mitir os seus conhecimentos, designadamente colabo-
SECÇÃO II rando em projectos ou acções de formação de novos
artesãos.
Do artesão
SECÇÃO III
Artigo 9.o Da unidade produtiva artesanal
Conceito
Artigo 12.o
1 — Para efeitos do presente diploma, entende-se por
artesão o trabalhador que exerce uma actividade arte- Conceito
sanal, por conta própria ou por conta de outrem, inserido Para efeitos do presente diploma, considera-se uni-
em unidade produtiva artesanal reconhecida. dade produtiva artesanal toda e qualquer unidade eco-
2 — O exercício da actividade artesanal nos termos nómica legalmente constituída e devidamente registada,
do número anterior supõe o domínio dos saberes e téc- designadamente sob as formas de empresário em nome
nicas que lhe são inerentes, bem como um apurado sen- individual, estabelecimento individual de responsabili-
tido estético e perícia manual. dade limitada, cooperativa, sociedade unipessoal ou
3 — A comprovação do domínio dos saberes e téc- sociedade comercial, que desenvolva uma actividade
nicas inerentes ao exercício da actividade artesanal é artesanal, nos termos previstos na secção I do presente
definida por portaria conjunta dos Ministros do Tra- diploma.
balho e da Solidariedade, da Economia, do Planea-
mento, da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Artigo 13.o
Pescas, da Educação e da Cultura. Carta de unidade produtiva artesanal

1 — O estatuto de unidade produtiva artesanal é reco-


Artigo 10.o nhecido através da emissão do título «carta de unidade
Carta de artesão produtiva artesanal».
2 — A carta de unidade produtiva artesanal é emitida
1 — O estatuto de artesão é reconhecido através da para as unidades produtivas que a requeiram, relati-
emissão do título «carta de artesão». vamente a uma ou mais actividades artesanais, desde
2 — A carta de artesão é emitida para os artesãos que, para cada uma delas, preencham os requisitos exi-
que a requeiram, relativamente a uma ou mais acti- gidos no presente diploma.
vidades artesanais, desde que, para cada uma delas, 3 — A carta de unidade produtiva artesanal é válida
preencham os requisitos exigidos no presente diploma. por períodos a definir na portaria conjunta a que se refere
3 — A carta de artesão é válida por períodos a definir o n.o 3 do artigo 9.o, em função do tempo de exercício
na portaria conjunta a que se refere o n.o 3 do artigo 9.o, da actividade.
em função do tempo de exercício da actividade. Artigo 14.o
Requisitos para o reconhecimento
Artigo 11.o
Requisitos para o reconhecimento 1 — As unidades produtivas artesanais podem obter
a carta de unidade produtiva artesanal desde que reú-
1 — A atribuição da carta de artesão supõe o exercício nam, cumulativamente, as seguintes condições:
da actividade artesanal, nos seguintes termos:
a) Ter como responsável pela produção um arte-
a) A actividade em causa deve constar do reper- são, possuidor do título referido no artigo 10.o,
tório das actividades artesanais a que se refere que a dirija e nela participe;
o artigo 17.o-A e cumprir as normas constantes b) Ter, no máximo, nove trabalhadores para o total
do presente diploma; das actividades desenvolvidas, salvo o disposto
b) O artesão deve exercer a sua actividade a título no número seguinte;
profissional; c) Tratando-se da produção e preparação artesa-
c) Tratando-se da produção e preparação artesa- nal de bens alimentares, a unidade produtiva
nal de bens alimentares, o artesão tem de exer- artesanal tem de estar previamente licenciada
cer a sua actividade em local devidamente licen- e cumprir as normas aplicáveis, nomeadamente
ciado para o efeito e cumprir as normas apli- as relativas a higiene, segurança e qualidade
cáveis, nomeadamente as relativas a higiene, alimentar;
segurança e qualidade alimentar; d) Tratando-se do restauro de património cultural,
d) Tratando-se do restauro de património cultural, móvel e integrado, a unidade produtiva arte-
móvel e integrado, o artesão tem de exercer sanal tem de exercer a sua actividade cumprindo
N.o 89 — 16 de Abril de 2002 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 3709

as normas específicas constantes da legislação SECÇÃO IV


em vigor para este sector de actividade.
Processo de reconhecimento
2 — Excepcionalmente, tendo em conta a natureza
da actividade desenvolvida, e mediante uma análise Artigo 16.o
casuística fundamentada, poderão ser consideradas uni- Competência
dades produtivas artesanais as empresas que, embora
excedendo o número de trabalhadores fixado na alí- 1 — O reconhecimento do estatuto de artesão e do
nea b) do número anterior, salvaguardem os princípios estatuto de unidade produtiva artesanal é da compe-
que caracterizam os processos produtivos artesanais. tência da Comissão Nacional para a Promoção dos Ofí-
3 — A obtenção da carta não isenta as unidades pro- cios e das Microempresas Artesanais.
dutivas artesanais do cumprimento das obrigações legais 2 — O reconhecimento do estatuto de artesão e de
a que estejam sujeitas, designadamente em matéria de unidade produtiva artesanal para a produção e prepa-
licenciamento das actividades desenvolvidas. ração artesanal de bens alimentares está sujeito a pare-
cer vinculativo dos serviços competentes do Ministério
Artigo 15.o da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas
que, quando esteja em causa o reconhecimento de arte-
Efeitos sãos e de unidades produtivas artesanais que laborem
O reconhecimento do estatuto de unidade produtiva produtos cujo nome é uma denominação de origem pro-
artesanal, nos termos do artigo 13.o, é condição neces- tegida, uma indicação geográfica protegida ou produtos
sária para o acesso a quaisquer apoios e benefícios que abrangidos por modos de produção particulares, pro-
o Estado atribua ao artesanato. cedem à audição dos respectivos agrupamentos gestores
ou equiparados.
3 — O reconhecimento do estatuto de artesão e de
SECÇÃO III-A unidade produtiva artesanal para o restauro de patri-
Publicitação do reconhecimento mónio cultural, móvel e integrado, está sujeito a parecer
vinculativo do Instituto Português de Conservação e
Artigo 15.o-A Restauro.
4 — Da decisão da Comissão cabe recurso para o
Símbolo
Ministro do Trabalho e da Solidariedade.
1 — Os artesãos e as unidades produtivas artesanais
podem mencionar o reconhecimento na rotulagem,
publicidade e demais documentos comerciais de acom- CAPÍTULO III
panhamento dos seus produtos, através da utilização Registo Nacional do Artesanato
de símbolo do qual constem as expressões: «Produzido
por artesão reconhecido» ou «Produzido em unidade Artigo 17.o
produtiva artesanal reconhecida», sem prejuízo da apli-
cação das regras gerais sobre rotulagem, apresentação Organização
e publicidade.
2 — O modelo de símbolo referido no número ante- O Registo Nacional do Artesanato é organizado pela
rior é aprovado por portaria conjunta dos Ministros do Comissão Nacional para a Promoção dos Ofícios e das
Trabalho e da Solidariedade, da Economia, do Planea- Microempresas Artesanais e integra as seguintes sec-
mento, da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das ções:
Pescas, da Educação e da Cultura. a) Secção I — Repertório de Actividades Arte-
sanais;
Artigo 15.o-B b) Secção II — Artesãos;
Uso indevido c) Secção III — Unidades Produtivas Artesanais.

1 — A utilização do símbolo ou das expressões refe- Artigo 17.o-A


ridas no n.o 1 do artigo anterior, por pessoas singulares
ou colectivas não reconhecidas nos termos do presente Repertório de actividades artesanais
diploma, ou de expressões ou termos passíveis de induzir
em erro quanto ao verdadeiro modo de produção, pro- 1 — O repertório de actividades artesanais é cons-
cesso ou serviço ou que explorem a reputação dos pro- tituído pela lista de actividades desenvolvidas de acordo
dutos ou modos de produção artesanais, bem como as com as condições previstas no presente diploma e é
práticas que constituam actos de concorrência desleal, aprovado pela portaria a que se refere o n.o 3 do
é sancionada nos termos da lei geral. artigo 9.o
2 — As marcas comerciais e as denominações sociais 2 — O repertório de actividades artesanais tem um
que ostentem as indicações referidas no número anterior carácter dinâmico e é actualizado periodicamente de
podem continuar a ser utilizadas até 31 de Dezembro acordo com a evolução do sector, por portaria conjunta
de 2004, desde que sejam sempre acompanhadas de uma do Ministro do Trabalho e da Solidariedade e dos minis-
indicação, no mesmo campo visual e com caracteres tros competentes em razão da matéria, sob proposta
da mesma dimensão, que informe claramente que, con- da Comissão Nacional para a Promoção dos Ofícios e
soante o caso: das Microempresas Artesanais.
a) Não se trata de um produto ou serviço pro- 3 — Até cada nova actualização do repertório de acti-
duzido por artesão reconhecido ou por uma uni- vidades artesanais, pode a Comissão, mediante funda-
dade produtiva artesanal reconhecida; ou mentação adequada e para efeitos de reconhecimento
b) Não se trata de uma empresa reconhecida como de artesãos e de unidades produtivas artesanais, reco-
unidade produtiva artesanal. nhecer actividades ainda não constantes do mesmo.
3710 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 89 — 16 de Abril de 2002

Artigo 18.o rito, com a audição do titular da carta, o qual disporá


Competência
de um período mínimo de 15 dias para a realização
das verificações ou exames que solicitar.
A inscrição no Registo é da competência da Comissão 4 — A aplicação da suspensão das cartas é da com-
Nacional para a Promoção dos Ofícios e das Microem- petência da Comissão Nacional para a Promoção dos
presas Artesanais. Ofícios e das Microempresas Artesanais.

Artigo 19.o Artigo 20.o-D


Inscrição Revogação das cartas

A inscrição dos artesãos e das unidades produtivas 1 — As cartas de artesão e de unidade produtiva arte-
artesanais no Registo é gratuita. sanal podem, sem prejuízo da aplicação, pelas entidades
competentes, de outras sanções, ser revogadas a todo
Artigo 20.o o tempo, desde que se verifique uma das seguintes
situações:
Organização
a) Utilização abusiva ou fraudulenta das cartas ou
(Revogado.) de benefícios decorrentes da sua titularidade;
b) Não seja, no prazo previsto no artigo anterior,
Artigo 20.o-A sanada a situação que levou à suspensão das
cartas.
Comunicação de alterações

1 — Todas as alterações das circunstâncias e dos ele- 2 — A revogação das cartas é notificada por carta
mentos constantes dos processos de reconhecimento de registada com aviso de recepção e é precedida de inqué-
artesãos e de unidades produtivas artesanais devem ser rito, com a audição do titular da carta, o qual disporá
comunicadas à Comissão Nacional para a Promoção dos de um período mínimo de 15 dias para a realização
Ofícios e das Microempresas Artesanais no prazo das verificações ou exames que solicitar.
máximo de 30 dias contados da sua verificação. 3 — A aplicação da revogação das cartas é da com-
2 — As alterações comunicadas nos termos do petência da Comissão Nacional para a Promoção dos
número anterior implicam a reavaliação dos processos, Ofícios e das Microempresas Artesanais.
sempre que se verifiquem em relação aos requisitos que 4 — A revogação da carta implica a exclusão do
Registo Nacional do Artesanato.
determinaram o reconhecimento.
5 — Da decisão da Comissão cabe recurso para o
3 — Ponderadas as alterações e os resultados da even- Ministro do Trabalho e da Solidariedade.
tual reavaliação dos processos, a Comissão procede à
correspondente actualização do Registo.
CAPÍTULO III-B
CAPÍTULO III-A Estruturas representativas
Suspensão e revogação das cartas de artesão Artigo 20.o-E
e de unidade produtiva artesanal
Das estruturas representativas de artesãos
Artigo 20.o-B e de unidades produtivas artesanais

Iniciativa dos titulares 1 — São consideradas representativas do sector, para


efeitos do presente diploma, as pessoas colectivas de
As cartas de artesão e de unidade produtiva artesanal direito privado, constituídas nos termos da lei geral, que
podem ser suspensas ou revogadas a pedido dos res- não tenham fins lucrativos, sejam constituídas maiori-
pectivos titulares, sem prejuízo do disposto nos artigos tariamente por artesãos ou unidades produtivas arte-
seguintes. sanais e tenham por objecto a defesa dos direitos e
interesses dos artesãos e das unidades produtivas arte-
Artigo 20.o-C sanais, bem como as suas uniões, federações ou con-
federações.
Suspensão das cartas
2 — O Estado deve promover a participação das
1 — As cartas de artesão e de unidade produtiva arte- estruturas representativas dos artesãos e das unidades
sanal podem, sem prejuízo da aplicação, pelas entidades produtivas artesanais na definição e implementação das
competentes, de outras sanções, ser suspensas a todo políticas de incremento do artesanato, assegurando,
o tempo, desde que se verifique uma das seguintes designadamente, a sua participação em comissões e gru-
situações: pos de trabalho com atribuições no sector.
3 — As entidades referidas nos números anteriores
a) Incumprimento de algum dos requisitos de reco- colaboram com o Estado e as autarquias locais na divul-
nhecimento previstos nos artigos 11.o e 14.o; gação e promoção das artes e ofícios.
b) Incumprimento do dever de comunicar altera- 4 — Para assegurar a divulgação da informação e a
ções das circunstâncias e dos elementos cons- prestação de apoio aos artesãos e às unidades produtivas
tantes dos processos de reconhecimento, nos artesanais no processo de reconhecimento, a Comissão
termos do artigo 20.o-A. pode estabelecer protocolos com as estruturas repre-
sentativas do sector.
2 — A suspensão aplica-se por um período máximo 5 — As estruturas representativas do sector podem,
de 45 dias durante o qual a situação de irregularidade nos termos de protocolos a celebrar com as entidades
deve ser corrigida. competentes e dentro das disponibilidades orçamentais
3 — A suspensão das cartas é notificada por carta destas, beneficiar de apoios financeiros, de carácter téc-
registada com aviso de recepção e é precedida de inqué- nico ou logístico.
N.o 89 — 16 de Abril de 2002 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 3711

CAPÍTULO IV Assim:
Nos termos da alínea a) do n.o 1 do artigo 198.o da
Disposições finais Constituição, o Governo decreta o seguinte:
Artigo 21.o
Artigo 1.o
Regulamentação
Objecto
(Revogado.)
1 — O presente diploma dá execução ao disposto nos
Artigo 22.o artigos 4.o e 5.o do Decreto-Lei n.o 276/99, de 23 de
Julho, estabelecendo os valores limite e os limiares de
Vigência alerta para as concentrações de determinados poluentes
O presente diploma entra em vigor 30 dias após a no ar ambiente, bem como os métodos e critérios de
sua publicação, com excepção do disposto no artigo 15.o, avaliação das respectivas concentrações e normas sobre
que começará a vigorar em simultâneo com os regu- informação do público, com vista a evitar, prevenir ou
lamentos a este respeitantes previstos no artigo anterior. limitar os efeitos nocivos dessas substâncias sobre a
saúde humana e sobre o ambiente na sua globalidade
e a preservar e a melhorar a qualidade do ar.
2 — Os poluentes abrangidos pelo regime do presente
MINISTÉRIO DO AMBIENTE E DO ORDENAMENTO diploma são o dióxido de enxofre, o dióxido de azoto
e os óxidos de azoto, as partículas em suspensão, o
DO TERRITÓRIO chumbo, o benzeno e o monóxido de carbono.

Decreto-Lei n.o 111/2002 Artigo 2.o


de 16 de Abril Definições
O regime geral da gestão da qualidade do ar ambiente 1 — Para efeitos da aplicação do presente diploma,
consta actualmente do Decreto-Lei n.o 276/99, de 23 entende-se por:
de Julho. Este diploma reformou o quadro legislativo
aplicável em matéria de protecção e melhoria da qua- a) «Evento natural» — erupções vulcânicas, acti-
lidade do ar, datado do início dos anos 90, e que se vidades sísmicas, actividades geotérmicas, incên-
encontrava profundamente desajustado do actual con- dios florestais incontrolados, ventos de grande
texto ambiental. intensidade, ressuspensão atmosférica ou trans-
Com efeito, a necessidade de revisão da legislação, porte de partículas naturais provenientes de
evidenciada pela publicação da Directiva Quadro da regiões secas;
b) «Limiar inferior de avaliação» — nível de polui-
Qualidade do Ar, a Directiva n.o 96/62, de 27 de Setem-
ção, especificado no anexo VII ao presente
bro, conduziu, no citado Decreto-Lei n.o 276/99, à defi-
diploma, do qual faz parte integrante, abaixo
nição dos princípios e normas gerais da avaliação e da do qual poderão ser apenas utilizadas técnicas
gestão da qualidade do ar, visando evitar, prevenir ou de modelização ou a estimativa objectiva para
limitar as emissões de certos poluentes atmosféricos, avaliar a qualidade do ar ambiente, nos termos
bem como os efeitos nocivos desses poluentes sobre a do n.o 5 do artigo 7.o do Decreto-Lei n.o 276/99,
saúde humana e sobre o ambiente na sua globalidade, de 23 de Julho;
deixando para posterior regulação a matéria específica c) «Limiar superior de avaliação» — nível de poluição,
atinente a cada um dos poluentes considerados, nomea- especificado no anexo VII, abaixo do qual pode
damente a referente aos limites de concentração no ar ser utilizada uma combinação de medições e
ambiente, margens de tolerância e limiares de alerta. de técnicas de modelização para avaliar a qua-
O diploma agora aprovado visa dar resposta à neces- lidade do ar ambiente, nos termos do n.o 4 do
sidade inadiável de transposição para o ordenamento artigo 7.o do Decreto-Lei n.o 276/99, de 23 de
jurídico interno da Directiva n.o 1999/30/CE, do Con- Julho;
selho, de 22 de Abril, relativa a valores limite para o d) «Medições fixas» — medições efectuadas nos
dióxido de enxofre, dióxido de azoto e óxidos de azoto, termos do n.o 7 do artigo 7.o do Decreto-Lei
partículas em suspensão e chumbo no ar ambiente, e n.o 276/99, de 23 de Julho;
da Directiva n.o 2000/69/CE, do Parlamento Europeu e) «Óxidos de azoto» — soma das concentrações
e do Conselho, de 16 de Novembro, relativa a valores de monóxido e dióxido de azoto, adicionadas
limite para o benzeno e monóxido de carbono no ar como partes por bilião, e expressas em micro-
ambiente. gramas por metro cúbico de dióxido de azoto;
Assim, no estreito cumprimento das obrigações decor- f) «PM10» — partículas em suspensão susceptíveis
rentes da integração de Portugal na União Europeia, de serem recolhidas através de uma tomada de
tomados em consideração os dados mais recentes da amostra selectiva, com eficiência de corte de
investigação científica nos domínios da epidemiologia 50 %, para um diâmetro aerodinâmico de 10 lm;
e do ambiente, e em execução dos objectivos traçados g) «PM2,5» — partículas em suspensão susceptíveis
no Decreto-Lei n.o 276/99, são estabelecidos os valores de serem recolhidas através de uma tomada de
limite, as margens temporárias de tolerância, os limiares amostra, com eficiência de corte de 50 %, para
de alerta, as técnicas normalizadas de medição das con- um diâmetro aerodinâmico de 2,5 lm.
centrações e os critérios para a localização das estações
de medição com referência aos indicados poluentes 2 — Ainda para efeitos da aplicação do presente
sujeitos ao regime da gestão da qualidade do ar diploma, as definições de «aglomeração», «ar
ambiente. ambiente», «avaliação», «margem de tolerância»,
Foram ouvidos os órgãos de governo próprio das «limiar de alerta», «nível», «poluente atmosférico»,
Regiões Autónomas. «valor limite» e «zona» são as que constam respecti-

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