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4.6.3 - Vacas em lactação


4.6.3.1 - Alimentação e manejo de vacas durante o
período pré-parto
O período pré-parto das vacas usualmente é de 60 dias. Este período é também chamado de período seco da
vaca. Ele é muito importante para que a glândula mamária (células da glândula) se regenere e a vaca tenha
uma lactação normal, ou seja, expresse todo o seu potencial de produção de leite, desde que a alimentação não
limite o processo. É no período seco da vaca que se faz a terapia da vaca seca (tratamento com antibióticos),
objetivando evitar a ocorrência da mastite na próxima lactação.

A alimentação no pré-parto deve ser feita de maneira diferente para novilhas e vacas gestantes. A novilha
gestante, independentemente da raça, deve atingir peso adequado ao parto. Chama-se a atenção que este peso
é o fator mais importante para se atingir o máximo potencial de produção de leite. O peso ao parto é
característico de cada raça. Novilhas de raça Holandês devem parir com 550 kg ou até mais, se forem animais
de grande porte. Além do peso vivo ao parto, é importante a condição corporal ou escore da condição corporal
da novilha. A novilha gestante não pode chegar ao parto magra ou abaixo do peso vivo, pois a produção de
leite da primeira lactação pode ser muito prejudicada, assim como seu desempenho reprodutivo. Vai atrasar o
aparecimento do cio no período pós-parto e assim aumentar o intervalo de partos. As vacas de primeira cria
são os animais do rebanho que apresentam o pior desempenho reprodutivo, ou seja, o maior intervalo entre
partos. Ainda, se a vaca de primeira lactação tem alto potencial de produção de leite, ela não vai conseguir
ganhar peso durante a lactação, pois vai usar os nutrientes da dieta e também as reservas corporais
acumuladas na forma de gordura para a produção de leite. A vaca de primeira lactação que parir magra vai ser
um animal pequeno e magro, com tendência de ser eliminado do rebanho, seja por baixa produção de leite ou
por baixo desempenho reprodutivo.

O peso vivo ao parto das novilhas mestiças Holandês x Zebu deve ser no mínimo de 500 kg. Então, o
importante no caso da novilha não é o peso à cobertura e sim o peso ao parto e a condição corporal boa. Por
outro lado, também a novilha gestante não deve parir muito gorda, pois esse tipo de animal apresenta baixo
consumo de alimento no início da lactação e é mais propenso a apresentar doenças metabólicas como
acetonomia (cetose:doença causada pelo excesso de mobilização de gordura corporal para produção de leite),
problemas de casco e de parto, devido ao elevado peso do bezerro ao nascer. Isto pode predispor, ainda, à
ocorrência de metrite (retenção de placenta com infecção uterina).

No caso da novilha gestante chegar ao parto magra, também podem ocorrer problemas de parto (parto
distócito) e assim levar à retenção de placenta e metrite, além de baixo desempenho reprodutivo. Por essas
razões todas é que as vacas de primeira cria devem ser manejadas em grupos separados. Como estes animais
ainda estão crescendo, devem receber dietas com pelo menos 20% acima das exigências de mantença em
termos de energia e proteína no período pós-parto. Na primeira lactação, sob o ponto de vista prático, é
preferível adiar a idade de cobertura da novilha e permitir o acasalamento ou a inseminação artificial com
peso acima do normalmente usado. Mas, atingir o peso ao parto desejado é o fator mais importante e fazendo
isso possibilita expressar o máximo potencial de produção de leite e bom desempenho reprodutivo da vaca.

Chama-se a atenção que novilhas gestantes podem ganhar até 1 kg/cabeça/dia, sem prejudicar a lactação, mas
isto por períodos curtos e sempre após a confirmação da gestação. Por outro lado, novilhas não gestantes não

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devem ganhar acima de 800 gramas/cabeça/dia do nascimento à gestação, pois se ocorrer acúmulo de gordura
na glândula mamária pode prejudicar o crescimento de tecido secretor de leite. Por essa razão é que se deve
evitar novilhas gordas no período antes da gestação, pois além de prejudicar a produção de leite na primeira
lactação, os custos de alimentação são aumentados, devido à maior exigência para atender às necessidades de
mantença do animal.

Dicas ou recomendações
Defina a idade do primeiro parto da novilha, mas lembre sempre que o peso ao parto e a condição corporal do
animal são os fatores determinantes da produção de leite e do desempenho reprodutivo. Não esqueça que é no
terço final da gestação que ocorrem 80% do crescimento do feto e placenta e este pode representar 500 g/dia
do ganho do peso da novilha ou da vaca gestante. Então, é muito difícil recuperar a condição corporal ou
aumentar o escore do animal nos últimos 60 dias pré-parto, pois a maior parte do ganho do peso se destina
para o desenvolvimento do feto e sobra pouca energia e proteína para ganho de peso para a novilha ou para a
vaca gestante melhorarem a condição corporal ou escore. Para aumentar a condição corporal, avaliada por
meio de notas variando de 1 (vacas magras) a 5 (vacas gordas), em uma unidade é preciso cerca de 70 kg de
ganho de peso em animais de raças de porte médio (mestiços ou equivalentes). O escore corporal ao parto
recomendado é de 3,5.

Recomenda-se que a vaca ou novilha gestante comece a receber de 0,5 a 1,0% do peso vivo de concentrado
20 a 30 dias antes da data prevista para o parto. A escolha de 0,5% do peso vivo é para aquelas vacas que
estão em boas condições corporais.

Reduza os níveis de cálcio e sal comum para a metade dos níveis normais nos últimos 20 a 30 dias do parto
para evitar a febre do leite e o edema de úbere, no caso do sal comum.

Balanceie muito bem as dietas das vacas no pré-parto em termos de proteína, energia, fibra, minerais (macro
e micro-minerais) e vitaminas A, D e E no período pré e pós-parto, especialmente nos animais manejados em
confinamento.

Trabalhe com dietas que contenham 12 e 14% de PB na dieta na base da matéria seca (volumoso e
concentrado) de novilhas ou vacas secas, caso contrário o consumo de alimentos é prejudicado.

Vacas e novilhas gestantes durante a época das chuvas manejadas em boas pastagens podem ganhar 700 a 800
g/cabeça/dia sem suplementação com concentrado, desde que tenham forragem em quantidades adequadas, ou
seja, que possibilitem consumo de matéria seca de 2,7 a 3,0% do peso vivo. Vacas e novilhas com 400 kg de
peso vivo consomem 12 a 14 kg de MS ou cerca de 60 a 70 kg de ponta de capim adubado e de boa qualidade.

Durante a época seca do ano, os animais devem ser suplementados com silagem de milho, sorgo, gramíneas
tropicais ou cana de açúcar corrigida com 1% de ureia à vontade além de, 1,0 a 1,5 kg de farelo de soja ou o
equivalente em proteína para ganharem 1,0 kg/cabeça/dia. Analise o preço de outros suplementos protéicos,
como alternativas ao farelo de soja, mas sempre calcule pelo preço da proteína e energia para decidir qual é
mais barato.

4.6.3.2 - Alimentação e manejo de vacas no período


pós-parto

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A alimentação e manejo das vacas durante a lactação que, usualmente, dura 305 dias, devem ser divididos em
três fases: Fase 1) 1 a 100 dias, Fase 2) 101 a 200 dias e Fase 3) 201 a 305 dias. Isto é mais apropriado ou
indicado para vacas de alta produção de leite (acima de 30 kg/vaca/dia) e manejadas em condições de
confinamento ou semiconfinamento. O pico de produção de leite das vacas ocorre entre 45 a 60 dias pós-parto
e o pico de consumo ocorre após este período e por isso é que nesta fase de lactação é normal as vacas
perderem peso, pois a produção de leite é maior que o consumo de nutrientes provenientes da dieta
(concentrado e volumoso). A vaca neste período pode produzir até 30% de leite acima do nível de consumo
de nutrientes, pois consegue utilizar as reservas de gordura acumuladas em seu organismo. Quanto às
proteínas, as reservas são pequenas e muito pouco utilizadas nesta fase da lactação e este nutriente é que
limita a produção de leite. Na prática, o que se faz é aumentar a concentração de PB na dieta, que pode ser de
18 a 20% na base da matéria seca. Este teor de PB na verdade varia em função do consumo de matéria seca e
da produção de leite da vaca.

Para vacas com produção de leite acima de 40 kg/dia, o teor de proteína pode ser maior que 20%. A melhor
estratégia de alimentação nos primeiros 100 dias de lactação é trabalhar com dietas completas e usar a relação
concentrado: volumoso na base de 60:40. Se o volumoso for de boa qualidade pode usar a relação de 50:50,
ou seja, se a vaca estiver consumindo 20 kg/dia de MS na relação concentrado:volumoso 60:40 seriam 12
kg/dia de MS de concentrado e 8 kg de volumoso, totalizando os 20 kg. No caso da relação 50:50 e
considerando os mesmos 20 kg seriam 10 kg/dia de concentrado e 10 kg de volumoso, sempre na base da MS.

Quanto melhor a qualidade do volumoso, em termos de proteína bruta e energia ou digestibilidade in vitro da
matéria seca (DIVMS) e teor de fibra em detergente neutro (FDN) menor a quantidade de concentrado
necessária na dieta para balancear a mesma. O fator mais importante para diminuir a quantidade de
concentrado na dieta é obter volumoso de melhor qualidade, uma vez que com isso se consegue reduzir custos
da alimentação.

Chama-se a atenção que nunca pode faltar volumoso. Deve-se planejar para que a quantidade de volumoso de
reserva seja suficiente para pelo menos 120 dias (se o volumoso for silagem de milho, entretanto se for feno
de alfafa ou feno de gramíneas pode ser menor, em torno de 30 dias) caso contrário, existe o risco de faltar
volumoso na propriedade, devido à ocorrência de veranico ou chuva de granizo, ou um ataque de pragas, que
podem causar sérios prejuízos econômicos para o produtor devido à falta de planejamento na quantidade de
volumoso a armazenar.

4.6.3.2.1 - Alimentação de vacas de alta produção


manejadas em pastagens
É possível manejar vacas com produção de 30 kg/dia de leite em condições de pastejo, especialmente,
utilizando o pastejo rotativo durante a época das chuvas nas regiões Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e Norte
do País. Na Região Sul, a produção de leite a pasto pode ser feita o ano todo devido à boa distribuição de
chuvas durante o ano. Com exceção da Região Sul, na época das chuvas quando existe forragem em
quantidade e qualidade, desde que adubado, o pasto de boa qualidade fornece nutrientes (energia e proteína)
para produção de até 14 kg/vaca/dia. A partir daí é necessária a complementação com concentrado.

Chama-se a atenção que é possível formular um concentrado balanceado em termos de proteína e energia
para, por exemplo, 1 kg de concentrado para cada 2,5 kg de leite. O que isto significa é considerar que são
necessários 85 g de PB para cada 1 kg de leite, então se um concentrado for formulado na base de 1 kg para

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cada 2,5 kg de leite, é preciso multiplicar os 85 g de proteína por 2,5 vezes e teremos 212,5 g de proteína em 1
kg de concentrado, ou 21,3% de PB no concentrado. Então, se a vaca estiver produzindo 14,5 kg de leite e a
suplementação com concentrado iniciar a partir de 12 kg/dia, esta vaca receberia 1 kg de concentrado e assim
por diante até chegar à quantidade de concentrado por vaca por dia.

Outra forma seria formar grupos de vacas de produção de leite semelhantes e alimentar ou fornecer o
concentrado por grupos de produção. O mesmo raciocínio é valido para balancear a energia do concentrado.
Sabe-se que para cada 1 kg de leite com 4% de gordura são necessários 320 g de nutrientes digestíveis totais
(NDT). Ao se usar um concentrado na base de 1 kg para cada 2,5 kg de leite é só multiplicar 320 g vezes 2,5
kg, obtendo-se 800 g de NDT (80% de NDT). É bom mencionar que não é possível balancear o concentrado
para a relação de 1 kg de concentrado para 3 kg de leite produzido, pois o NDT não pode ser atingido quando
se usa esta relação (320 g x 3 kg = 960 g de NDT) e esta concentração de energia não é possível em
concentrado sem o uso de gordura ou óleos, usando os ingredientes normais de balanceamento de concentrado
(milho = 85%, farelo de soja 82 a 85% de NDT).

Ainda é bom esclarecer que a qualidade de 1 kg de matéria seca de pasto selecionado pelo animal é melhor
em qualidade em termos de proteína que 1 kg de silagem de milho, sorgo, ou de gramíneas tropicais. Seu
valor energético, contudo, pode ser menor que o da silagem de milho ou sorgo, mas semelhante ao da silagem
de gramíneas ou da cana de açúcar.
Apesar do teor de energia de um alimento ser diretamente relacionado ao seu teor de FDN, quanto maior o
teor de FDN, menor será o teor de NDT ou energia. O teor de FDN nas plantas aumenta com a idade e isto é
importante saber, pois este teor limita o consumo de alimento. Gramíneas tropicais apresentam elevados
teores de FDN em relação às gramíneas temperadas e devido a esse maior teor de FDN apresentam menor teor
de energia, quando consideradas na mesma idade. Usando-se gramíneas temperadas, é possível obter 20 a 24
kg/vaca/dia de leite, desde que não haja limitação de consumo devido à disponibilidade de forragem. O teor
de PB (20 a 24%) destas forrageiras também é maior.

Na fase 1 (1 a 100 dias) a composição da dieta seria 18 a 20% de PB, 75 a 80% de NDT e 25 a 28% de FDN e
uma relação concentrado volumoso de 60:40. Em relação ao teor de FDN recomenda-se que 80% deste sejam
de origem do volumoso. Na fase 2 (101 a 200 dias) a composição da dieta seria 16% PB, 75 a 80% NDT e 28
a 32% FDN e uma relação concentrado volumoso de 50:50. Na fase 3 (201 a 305 dias) a composição da dieta
seria no mínimo 14% PB, 72 a 75% NDT e 35% FDN e uma relação concentrado volumoso de 40:60.

Enfatiza-se que a avaliação do consumo de matéria seca permite aferir melhor se os teores de PB, NDT e
FDN são adequados ou não em cada fase da lactação. A fonte de volumoso usualmente é a silagem de milho e
esta tem em sua composição de 8 a 10% de PB e em torno de 50% de FDN.

Então, a perda de peso das vacas nesta fase é uma condição normal e consequentemente balanço energético
negativo. Por isso o escore corporal de 3,2 a 3,5 das vacas ao parto, pois este pode cair para 2,2 a 2,5 na
escala de 1 a 5. O monitoramento do peso e escore das vacas com pesagens a cada 14 ou 21 dias é algo que
deve ser avaliado. Quando se utilizam dietas completas ou mistura total, os ingredientes devem ser bem
balanceados e bem misturados, usualmente a mistura é feita em vagão misturador, pois o princípio da dieta
completa é de que a cada bocada que a vaca realiza haja um balanceamento em energia, proteína, fibra e
minerais e vitaminas. Assim, evita-se a ocorrência de doenças metabólicas. Além do teor mínimo de FDN é
importante usar um elemento tamponante de pH do líquido ruminal (60% de bicarbonato de sódio e 40% de
óxido de magnésio) na base de 1 a 1,5% da MS da dieta. O FDN estimula a mastigação e isto aumenta a
produção de saliva que é o melhor tamponante natural do pH do líquido ruminal. Além disso, o
monitoramento do teor de umidade do volumoso é fator fundamental para não alterar a relação
concentrado/volumoso e assim provocar o desbalanceamento da dieta, podendo resultar em aparecimento de

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doenças metabólicas devido à alteração da relação concentrado/volumoso. Ainda, a qualidade dos


ingredientes da dieta é muito importante para se evitar algum tipo de distúrbio devido à presença, por
exemplo, de aflatoxinas ou micotoxinas na dieta.

Nota: quando a qualidade do volumoso permite (feno de alfafa de boa qualidade ou silagem de milho com
baixo teor de FDN (menos que 50%) a relação concentrado/volumoso na fase 1 (1 a 100 dias da lactação)
pode ser de 50:50 na base da MS, assim como, na fase 2 da lactação esta relação permite aumentar o teor de
volumoso na MS da dieta.

4.6.3.3 - Alimentação de vacas leiteiras em


pastagens tropicais durante a época das chuvas
O potencial de produção de leite das forrageiras tropicais é de 12 a 14 kg/vaca/dia dependendo do tamanho do
animal e do potencial de produção de leite das vacas, manejadas com período de descanso de 30 dias e
adubadas com N, P e K com base na análise de solos e na retirada de nutrientes do sistema que ocorre por
meio da forragem consumida pelos animais. Então, durante a época das chuvas é possível começar a
suplementação com concentrado a partir de 12 ou até 14 kg/vaca/dia, desde que a disponibilidade de forragem
não limite o consumo. Vacas em lactação de 450 kg de peso vivo podem consumir 13,5 kg de matéria seca ou
o equivalente a 80 a 100 kg de forragem em condições de pastejo.

Para vacas com potencial de produção maior que 12 a 14 kg/vaca/dia de leite, adotar a mesma estratégia de
suplementação de 1 kg de concentrado balanceado em termos de proteína e energia para cada 2,5 kg de leite,
conforme exemplificado anteriormente. Outra estratégia interessante a adotar é usar a suplementação
concentrada até a confirmação da gestação da vaca e depois eliminar ou diminuir a suplementação com
concentrado ao mínimo objetivando manter a condição corporal ou recuperar a condição corporal a partir da
fase 3 da lactação (201 a 305 dias). Salienta-se que as exigências de nutrientes aumentam muito no terço final
da lactação e mesmo ganhos de peso diários de 1 kg/cabeça/dia, na realidade podem representar apenas
ganhos para a vaca de 400 a 500 g por dia, pois o resto vai para o crescimento do feto e placenta e não se
consegue recuperar 0,5 ponto percentual do escore corporal ou condição corporal da vaca (500 g por dia x 60
dias = 30 kg de peso ou 1/2 escore corporal). Chama-se a atenção que a vaca não pode parir magra e nem
gorda, pois os dois extremos representam problemas sérios tanto para a produção de leite quanto para o
desempenho reprodutivo.

Na segunda fase da lactação de 101 a 200 dias a relação concentrado/volumoso seria de 50:50 ou 40:60
dependendo da qualidade do volumoso e o teor de proteína na dieta seria de 16 a 18% e não mais 18 a 20%
pois nesta fase as vacas já atingiram o pique de consumo que ocorre na fase 1 da lactação e assim, podemos
reduzir a concentração de nutrientes na dieta devido ao maior consumo de alimento nesta fase da lactação.

Na fase 3 da lactação de 201 a 305 dias a relação concentrado/volumoso pode ser de 30:70 na base da MS e o
teor de PB pode ser de 14 a 16%, pois o nível de produção de leite nesta fase diminui bastante e o consumo de
alimento continua alto. De maneira que as vacas magras nesta fase da lactação precisam começar a
recuperação da condição corporal, ou ganho de peso para poder obter boa condição ao parto das vacas que
estão magras.

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4.6.3.3.1 - Mistura mineral


Quanto à mistura mineral, esta deve ser de alta qualidade e bem balanceada em macro e micro minerais, além
de vitaminas A, D e E. Usualmente, a mistura mineral entra na composição da dieta com 2 a 3% da MS.
Quanto aos minerais é recomendado que a mistura seja de boa qualidade e tenha em sua composição níveis
adequados de Ca, P, Mg, K, Cu , Zn, Fe, I, Se ,Co. Esta mistura deve estar à vontade durante toda a lactação e
período seco da vaca. As vitaminas A, D e E são extremamente importantes especialmente na época seca do
ano e no período seco da vaca. Durante a época das chuvas, as vitaminas podem ser dispensáveis se os
animais têm acesso à pastagem de boa qualidade e sem limite na quantidade. Entretanto, para os animais
mantidos em confinamento é imprescindível a sua suplementação em níveis adequados (NRC, 1989; 2011),
pois normalmente estes animais recebem silagens como volumoso exclusivo e isto aumenta as suas
necessidades para a saúde da glândula mamaria, a qualidade dos cascos e reprodução.

4.6.3.4 - Alimentação de vacas em lactação durante


a época seca do ano
A produção de leite a pasto durante a época seca do ano usando vacas não confinadas exige manejo diferente
do pasto embora o pastejo rotativo não se altere em seu sistema e o período de descanso ou intervalo de
desfolha continue o mesmo nas regiões onde existe alguma rebrota da pastagem. Onde as condições
climáticas são severas (falta de chuva) e não há rebrota da pastagem por falta de chuvas, ou em regiões onde a
ocorrência de geadas é comum, e são utilizadas forrageiras tropicais, a rebrota pode ser zero e os piquetes
podem ser usados apenas para as vacas dormirem em local limpo e depositar as fezes e urina, para se obter
maior ciclagem de nutrientes no sistema durante o intervalo da ordenha da tarde e da manhã.

Em regiões onde há alguma ocorrência de chuvas durante a época seca, a queda na disponibilidade de
forragem ocorre de forma gradual e, neste caso, a necessidade de suplementação volumosa varia em função de
cada mês da época seca dependendo da disponibilidade de matéria seca.

A Tabela 1 ilustra a disponibilidade de matéria seca por mês em pastagem de capim-elefante cv. Napier no
município de Valença, Estado do Rio de Janeiro, quando a pastagem foi manejada em pastejo rotativo com 30
dias de intervalo de desfolha ou período de descanso e três dias de ocupação do piquete e adubada na época
das chuvas, aplicando-se 200 kg/ha/ano de N e K2O e 50 kg/ha/ano de P2O5, em três parcelas iguais em
outubro/novembro, dezembro/janeiro e março/abril de 2001/2002. A disponibilidade de matéria seca foi
obtida em amostras de capim coletando o material acima da altura do resíduo da pastagem um dia antes da
entrada dos animais em quatro piquetes por ciclo de pastejo para obter uma amostra representativa.

Tabela 1. Médias mensais da disponibilidade de matéria seca (kg/ha) dos três tratamentos, para a pastagem
de capim-elefante, durante o período experimental, no município de Valença, RJ.
Meses Disponibilidade de MS (kg/ha)*
T0 T60 T120 Média
36831 1082 1379 1381 1281
36861 2092 2631 2603 2442
36892 2258 2455 2884 2533
36923 2019 2699 2718 2479

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36951 2054 2206 2203 2154


37012 304 397 610 437
37043 581 577 661 606
Média 1485 1764 1866 -
Total 10390 12345 13061 -
Deresz et al. (2006). * T0 = sem concentrado; T60 = concentrado até 60 dias pós-parto; T120 = concentrado
até 120 dias pós-parto.

Observa-se declínio da disponibilidade de matéria seca à medida que se inicia a época seca do ano. Os
menores valores foram observados no mês de maio. Entretanto, é bom salientar que a época seca usualmente
vai do mês de maio a outubro, ou seja, no mínimo 180 dias, mas o produtor deve garantir estoque de
alimentos volumosos para pelo menos 210 dias para qualquer eventualidade. Volumoso tem que sobrar na
propriedade leiteira e nunca faltar, pois é o alimento mais barato dos ingredientes da dieta das vacas, com
exceção de minerais e vitaminas.

Salienta-se que a disponibilidade de matéria seca por área serve para definir a taxa de lotação da pastagem,
desde que se tenha uma estimativa da variável consumo de matéria seca (kg/vaca/dia). Por exemplo, caso for
usado o valor de 1.379 kg/ha do mês de novembro do tratamento T60 e dividir esse valor por 30 dias, que é o
período de descanso adotado, resulta em 45,97 kg/dia de forragem disponível, o que dividido por quatro vacas
por hectare (taxa de lotação utilizada), representa disponibilidade de 11,5 kg/vaca/dia de matéria seca.

Conhecendo-se a composição química (MS, PB e NDT) da forragem disponível, pode-se estimar o conteúdo
total de nutrientes (PB, NDT) disponíveis para o animal.

Observa-se que nos meses de abril e maio há queda acentuada em relação aos meses da época das chuvas na
disponibilidade de matéria seca por hectare. Isto mostra que a taxa de lotação deve ser ajustada para a
quantidade de matéria seca disponível ou mais comumente iniciar a suplementação com volumosos para
completar a quantidade de matéria seca por área e manter a taxa de lotação da época das chuvas. Por exemplo:
se usarmos os 304 kg/ha/mês de matéria seca em maio no T0 (Tabela 1) para manter a mesma taxa de lotação
seriam necessários 2.054 - 304 = 1.750 kg de MS para manter a taxa de lotação usada em março (Tabela1).
Ainda, os 1.750 kg de MS teriam de ser corrigidos com fonte protéica ou ureia para apresentar a mesma
composição química do pasto em termos de energia e proteína. Fazendo isto os animais seriam suplementados
em cochos com o volumoso armazenado na propriedade para ser usado na época seca do ano e assim manter o
sistema de pastejo rotativo funcionando durante o ano todo e mantendo a taxa de lotação daquela da época
das chuvas.

As fontes de volumosos mais utilizados na época seca do ano nas regiões Sudeste, Centro-Oeste, Norte e
Nordeste são: cana de açúcar corrigida com 1% da mistura de ureia, ou a silagem de milho ou sorgo, ou
mesmo silagens de gramíneas tropicais. Para cada alternativa de volumoso, é preciso fazer uma análise da sua
composição química de amostras representativas a cada troca de silo ou de canavial, ou então, uma amostra a
cada 30 dias, para o técnico poder balancear a quantidade de concentrado e a sua composição. O volumoso de
capim-elefante (capim verde picado) para usar na época seca do ano precisa ser cortado ou ensilado a cada 40
dias para manter a composição química, pois a qualidade do volumoso cai muito com a idade da planta.
Então, capim verde picado deveria ser o primeiro volumoso a ser usado na época seca do ano se a capineira
foi manejada durante a época das chuvas com cortes a cada 40 dias. A capineira que não foi cortada na época
das chuvas não tem qualidade para ser utilizada na dieta de vacas em lactação devido à sua baixa qualidade,
especialmente em termos de PB e NDT. Assim, a capineira pode ser utilizada nos primeiros 40 dias da época

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seca, desde que a mesma tenha sido cortada em faixas no corte anterior para maximizar a qualidade na época
seca. Usualmente, a composição da capineira com 40 dias de idade apresenta 7 a 9% de PB, 65% de FDN e 22
a 24% de MS. Isto mostra que a PB deve ser corrigida para que na dieta (volumoso mais concentrado) o teor
seja de pelo menos 14% de PB para vacas com média de 15 kg/dia de leite e para vacas com 25 a 30 kg/dia de
leite o teor de PB na dieta deve ser de 16 a 18%.

Quando a cana-de-açúcar é usada como volumoso único ou cana-de-açúcar e rebrota do capim (gramínea
tropical) em regiões onde ocorre alguma precipitação pluviométrica (chuvas), nos primeiros meses e nos
últimos meses da época seca do ano, o consumo de volumoso varia em função da disponibilidade de forragem
existente na rebrota. A cana-de-açúcar apresenta em sua composição 2 a 3% de PB, 26 a 30% de MS e 50 a
55% de FDN. Quando se utiliza a mistura de 1% de ureia (900 g de ureia e 100 g de sulfato de amônio) para
cada 100 kg de cana na matéria natural é importante fazer uma mistura homogênea da ureia com a cana e usar
4 a 6 L de água para 100 kg de cana na matéria natural, mas salienta-se que é necessário homogeneizar bem
esta mistura. Depois da cana picada e amontoada, faz-se a mistura antes do fornecimento no cocho.

Deve-se fazer adaptação dos animais à ureia, iniciando-se a mistura com 0,5% de ureia durante 5 a 7 dias e
depois passar a fornecer 1% de ureia. O teor de 1% na base da matéria natural da cana é equivalente a 3% na
base da MS se a cana contiver 33,3% de MS. O teor de 1% de ureia (mistura) e um consumo de 30 kg de cana
na matéria natural é igual a (30 kg x 1% de ureia) = 300 g de ureia x 45 de nitrogênio (N) na ureia é igual a
135 g de N x 6,25 (fator para converter o N para equivalente protéico) = 844 g de PB. De maneira que os 30
kg de cana x 28% de MS da cana resulta em 8,4 kg de MS de cana contendo 844 g de PB. Isto é igual a 8,4
dividido por 844 g = 9,95% de PB mais os 3% de PB na MS da cana sem a ureia resultando em (8,4 kg x 3%)
= 250 g de PB provenientes da cana.

Somando 844 g de PB da ureia mais as 250 g de PB da cana resulta em 1.094 g de PB dividido por 8.400 g de
MS de cana, resulta em 13% de PB na dieta na base da MS. Na verdade o teor é um pouco menor, pois se a
ureia for usada em 900 g por 100 kg de cana e não 1.000 g por 100 kg de cana, o valor da dieta é menor que
os 13% de PB na dieta e é na verdade 12%, senão vejamos (30 kg x 9% da ureia = 270 g x 45% de N = 121 g
x 6,25 (fator para converter N em PB) = 759 g de equivalente protéico mais as 250 g provenientes da cana
(3% de PB) =759 g + 250 g = 1.009 g de PB em 8,4 kg de MS de cana). Se considerar que os 30 kg de cana
corrigidos com 1% da mistura (900 g de ureia) e na base da MS é 8,4 kg de cana e nesta temos 1.009 g de PB
e diminuirmos 500 g de PB para mantença da vaca (100 g de PB para 100 kg de peso vivo da vaca e 500 kg
de peso resulta em 1009 g menos os 500 g da mantença = 509 g de PB para leite, ou seja, 85 g de PB para
cada 1 kg de leite) resulta em 509 g que quando dividido por 85 g = 6,0 kg de leite.

De maneira que, os 30 kg de cana na matéria natural corrigida com 1% da mistura fornecem nutrientes para 6
kg de leite. Assim, as vacas produzindo acima de 6 kg de leite (500 kg de peso e comendo 30 kg de cana
corrigida com 1% da mistura e descontando as 500 g de PB para mantença) devem receber concentrado
balanceado na época seca do ano quando o pasto não contribui com nada de MS.

No caso da energia, a estimativa é pior e os 30 kg de cana com 1% de ureia teriam 8,4 kg de MS (500 kg
dividido pelo consumo de MS da cana = 8,4 kg resulta em 1,68% do peso vivo) e estes teriam 65% de NDT
(8,4 x 0,65) = 5.460 g de NDT menos 4.000 g de NDT para mantença da vaca = 1.460 g de NDT para leite, ou
seja, 1460 dividido por 320 g por kg de leite (4% de gordura) = 4,6 kg de leite. Mostrando que a energia da
cana limita mais a produção de leite que a PB da cana corrigida com 1%. Assim, se não houver pasto, a
suplementação com concentrado deve iniciar a partir de 4,6 kg de leite.

Uma estratégia de melhorar o balanço de nutrientes da cana de açúcar é formular uma dieta básica
adicionando 1 kg/vaca/dia de farelo de soja. O farelo de soja contém 45% de PB e 85% de NDT na sua

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composição na base da MS. Assim 1 kg = 880 g de farelo de soja na MS (12% de umidade) e 880 x 0,45 =
396 g de PB que dividido por 85 g para cada 1 kg de leite resulta em 4,7 kg de PB para leite. Para o NDT os
cálculos são 880 g x 0,85 = 748 g de NDT dividido por 320 g por kg de leite resulta em 2,3 kg de leite
provenientes do NDT do farelo. Assim, os 6 kg de leite provenientes da proteína da cana corrigida somando
aos 4,7 kg de leite do farelo de soja, resultam em 10,7 kg de leite.

Para a energia, os 30 kg de cana corrigidos com 1% da mistura atenderiam a produção 4,6 kg de leite,
acrescidos de mais 2,3 kg de leite do NDT fornecido pelo farelo de soja, o que resulta em 7 kg de leite. Assim,
a suplementação com concentrado começa a partir de 7 kg de leite, sem considerar a rebrota do capim na
época seca do ano. Isto mostra que 1 kg de farelo de soja contém nutrientes para 2,3 kg de leite quando
considera a variável PB e isto pode ser economicamente vantajoso.

Note que se o consumo de cana de açúcar corrigida com 1% da mistura de ureia for de 22 kg por vaca por dia,
isto resulta em 200 g de ureia e o teor de PB na dieta vai ser de 11%, ou seja, 22 kg x 0,28% de MS da cana =
6,2 kg de MS. As 200 g de ureia x 0,45 de N é igual a 90 g de N x 6,25 (fator para chegar a PB) = 562 g de
equivalente PB. Então, 6.200 g de MS dividido por 562 g resultam em dieta com 11% de PB.

De maneira que, se a mantença da vaca de 500 kg é de 500 g por dia sobram apenas 62 g de PB, ou seja,
menos que 1 kg de leite que necessita 85 g de PB. Se considerar que a cana tem 65% de NDT (6,2 kg x 0,65 =
4.030 g menos as 4.000 g para mantença da vaca, a cana só atende as necessidades de mantença da vaca) (500
kg de peso e 800 g de NDT para cada 100 kg de peso = 4.000 g).

Se o consumo de cana de açúcar for de 35 kg por vaca por dia é preciso calcular a contribuição da cana
considerando as necessidades de mantença em PB e NDT.

Por esta razão que informações da literatura mostram que quando se usa cana como volumoso exclusivo ou
único, na época da seca do ano é preciso usar de 50 a 60% de concentrado na dieta na base da MS e 40 a 50%
do consumo de MS da cana de açúcar e a dieta balanceada em NDT e PB. Se este custo é viável
economicamente, a cana pode ser uma alternativa de volumoso para a época seca do ano na alimentação de
vacas, ou então, pode ser usada para novilhas e vacas secas e apenas, como parte do volumoso da dieta
quando for usada para vacas em lactação e com potencial de produção de leite de 10 kg/vaca/dia e além disso,
4 a 5 kg de concentrado balanceado na base de 1 kg para 2 kg de leite acima do potencial da cana, o qual varia
em função do consumo de MS da cana.

O consumo de MS de silagem de milho de boa qualidade é em torno de 30% maior que o da cana e a
digestibilidade da fração FDN do milho é 50%, ao passo que, a da cana de açúcar é de 25 a 30% e esta fração
passa ser o principal fator limitante do consumo de MS da cana. Por isso que muitos produtores utilizam a
silagem de milho como alimento volumoso para vacas em lactação, especialmente para vacas de alta produção
(acima de 30 kg/dia).

Nota: a silagem de milho e de sorgo de boa qualidade também pode ser corrigida com a mistura de ureia (900
g de ureia e 100 g de sulfato de amônio) na base de 0,5% na base da matéria natural. Essa menor quantidade
de ureia deve-se à PB destas silagens, usualmente na faixa de 7 a 10% da MS e não 2 a 3%, como aquela da
cana.

Quanto à rebrota de forrageiras tropicais, ela varia de região para região, mas em sistemas de pastejo rotativo
sua qualidade permanece mesmo durante a época seca do ano. O teor de PB da rebrota está ao redor de 14 a
16%, pois o material é composto basicamente de folhas nesta época. O consumo de 1 kg de MS de rebrota
equivale a praticamente 2 kg de leite pela sua qualidade (PB e NDT), mas sua quantidade é limitada e

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depende do mês da época seca do ano. Assim, 3 kg de rebrota (base MS) em pastagens tropicais manejadas
em pastejo rotativo resultam em aproximadamente 6 kg de leite e, assumindo (mostrado acima) que a cana de
açúcar atende às necessidades de mantença das vacas e sobra certa quantidade de nutrientes para a produção
de leite, é possível que a suplementação com concentrado comece a partir de 7 a 8 kg, utilizando concentrado
balanceado de 1 kg de concentrado para 2,5 kg de leite. Para vacas produzindo 8 kg na dieta básica de pasto e
cana de açúcar corrigida com 1% da mistura de ureia o primeiro 1 kg de concentrado seria fornecido para as
vacas com 10,5 kg de leite e assim por diante, em múltiplos de 2,5 kg de leite. Entretanto, é preciso lembrar
que a partir de 3 kg de concentrado por vaca por dia observa-se o efeito de substituição de consumo de MS.
Quando se fornece concentrado, há redução no consumo de MS do volumoso e isso precisa ser considerado
no sistema de alimentação. A taxa de substituição pode ser de 40 a 60%, ou seja, 1 kg de concentrado pode
causar redução no consumo de MS do volumoso em 400 a 600 g. De maneira que, se o consumo de MS da
dieta não aumenta na proporção da MS fornecida pelo concentrado vai haver desbalanceamento de nutrientes
nas dietas.

4.6.3.5 - Agrupamento de vacas e distribuição de


concentrado em função da produção de leite
Esta técnica é indicada para reduzir mão de obra, pois a distribuição do concentrado é feita em lotes de vacas
agrupados por produção de leite. A formação dos lotes deve ser feita por época do ano, pois a qualidade do
volumoso varia em função da época. Na época das chuvas a suplementação com concentrado pode começar a
partir de 12 kg/vaca/dia, pois a pastagem (forrageiras tropicais) fornece nutrientes para atender a mantença e
12 kg/vaca/dia de leite, mas para isso é preciso que o animal consiga consumir quantidade de MS até atingir
consumo de 2,7 a 3% do peso vivo quando se usa gramíneas tropicais e vacas com potencial de 20 kg/vaca/dia
de leite no início da lactação (100 dias). Contudo, para se obter este consumo a oferta de forragem não pode
ser limitante. Usualmente, a qualidade da forragem é definida pelo intervalo de desfolha ou período de
descanso e esta parece ser específica para cada gramínea ou grupo de gramíneas com características
semelhantes.

Se na época das chuvas o lote 1 vai iniciar a suplementação a partir de 12 kg /vaca/dia de leite, então neste
grupo, se o balanceamento de concentrado é feito na base de 1 kg para cada 2 kg de leite produzido, daí as
vacas de 12 a 16 kg podem receber 2 kg de concentrado balanceado na base de 1 kg para 2 kg de leite em
termos de PB e NDT (85 g de PB por kg de leite x 2 kg =170 g de PB ou 17% de PB na MS) do concentrado e
320 g de NDT por 1 kg de leite e 320 x 2 = 640 g de NDT ou 64% de NDT). Neste caso, se houver 20 vacas
neste lote e cada vaca recebe 2 kg de concentrado por dia e só pesar 2 kg x 20 vacas = 40 kg de concentrado
por dia e fornecer 20 kg de manhã e 20 kg na parte da tarde. A vantagem é que não precisa pesar 2 kg por
vaca por dia e assim se economiza mão de obra.

Entretanto, neste sistema se considera a produção média de leite do grupo para a definição da quantidade de
concentrado. Sempre dentro do grupo algumas vacas serão beneficiadas e outras prejudicadas e espera-se que
isto seja corrigido com o consumo maior de volumoso para aquelas que estiverem sendo penalizadas no
grupo. O lote 2, seria aquele formado por vacas com produção média acima de 16 e se adotarmos o mesmo
concentrado, as vacas com 20 kg por dia de leite estariam recebendo 4 kg de concentrado por dia (usando o
concentrado na base de 1 kg para 2 kg de leite). E, assim, sucessivamente, com grupos de produção acima de
20 kg por dia.

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Na época seca do ano, o início da suplementação concentrada deve começar com 8 kg/vaca/dia e então vacas
com 12 kg de leite receberiam 2 kg de concentrado por vaca por dia, considerando o concentrado balanceado
na base de 1 kg para 2 kg de leite em termos de PB e NDT. O outro lote seria de vacas produzindo acima de
12 e então, as vacas com produção de 12 a 16 kg de leite receberiam 4 kg por dia, sendo metade na ordenha
da manhã e o resto na ordenha da tarde. Outros lotes poderiam continuar usando a mesma base de produção
de leite e 6 kg/vaca/dia para aquelas com produção acima de 16 kg.

Em muitas fazendas, as vacas de primeira lactação formam um lote separado para evitar a competição por
concentrado com animais maiores e mais velhos. Neste caso, o critério para formação dos lotes seria
semelhante, mas a separação do lote permite alterar o fornecimento de concentrado considerando que estas
vacas ainda devem ganhar peso durante a lactação e aí a quantidade de concentrado pode ser maior em 20%,
durante parte ou dependendo da condição corporal da vaca, durante a lactação toda. É importante que a área
de cocho não seja limitante e que todas as vacas do lote tenham acesso ao concentrado.

A mudança de vacas para outros lotes de maior ou menor produção usualmente é feita a cada 30 dias com
base na produção de leite. Por isso é importante medir a produção de leite, vaca por vaca, a cada 14 dias. A
avaliação do escore corporal das vacas é uma ferramenta importante no manejo das vacas e na mudança ou
não de lote e para isso é preciso pesar as vacas e avaliar o escore também a cada 14 dias.

4.6.3.6 - Outras fontes de alimentos volumosos e de


concentrados
Existem outras fontes de alimentos volumosos que já estão disponíveis e são utilizadas por alguns produtores,
tais como: silagem de girassol, palma forrageira, mandioca rama, mandioca planta inteira, algumas
leguminosas do tipo Leucena, Guandu, etc.

A silagem de girassol pode ser utilizada na alimentação de ruminantes, mas o teor de óleo na semente limita a
quantidade a ser usada. Como as sementes contidas nas panículas do sorgo podem conter 18% de óleo é
preciso cuidado, pois o óleo na dieta de vacas não pode passar de 5 a 6% da MS. Isto deve ser feito somando
o óleo de todos os ingredientes da dieta, pois o milho grão contém 4% de óleo, por exemplo. É importante
salientar que as bactérias do rúmen não utilizam o óleo como nutriente para seu crescimento e, ao contrário,
pode reduzir a fermentação ruminal. Nesse caso, a fração fibrosa do alimento, na forma de FDN, é menos
digerida e cai a produção de ácido acético a nível ruminal. Assim, o óleo em vez de ser benéfico devido ao
seu teor de energia passa a ser prejudicial para o processo de fermentação no rúmen e sendo assim a produção
de ácido acético diminui e pode causar redução no teor de gordura do leite. Por isso a limitação destas fontes
na dieta das vacas. Ainda, a silagem de girassol apresenta relação colmo/folha alta e os colmos grossos e sem
folhas têm baixa digestibilidade, o que limita seu uso na dieta.

Outro alimento alternativo é o caroço de algodão que se caracteriza por ser alimento rico em energia e não é
preciso desintegrá-lo antes de fornecê-lo às vacas em lactação. O caroço de algodão usualmente apresenta em
sua composição química 88% de matéria seca, 23% de PB, 85 a 90% de NDT, 18 a 20% de óleo na semente e
30 a 40% de FDN. Devido ao teor de óleo seu uso é limitado na dieta ou como alimento exclusivo, sendo de 2
a 4 kg/vaca/dia, desde que o teor de extrato etéreo não ultrapasse 6 a 7%. Se for utilizado em dietas
completas, usualmente, não deve ultrapassar 20% da matéria seca. Não deve ser usado na alimentação de
touros, pois o gossipol (presente no caroço) interfere na espermatogênese, prejudicando a reprodução.

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O cuidado com o caroço de algodão é em relação ao teor de umidade que deve estar em 12%. É preciso fazer
cálculo para decidir quando o custo é interessante em relação ao farelo de soja, calculando pelo teor de PB. O
importante é que, sempre que aparecer um volumoso ou fonte de concentrado alternativo, este deve ser
analisado para determinar a sua verdadeira composição química. Os ingredientes mais importantes numa
análise química são: teor de MS e na base da MS o teor de PB, FDN, lignina e se possível a digestibilidade in
vitro da matéria seca (DIVMS) ou na matéria orgânica (DIVMO) e ainda os minerais. Isto permite ao técnico
a formulação de dietas balanceadas e suas limitações na dieta de ruminantes.

Outra fonte de alimento é a semente de soja que é excelente alimento em termos de proteína e energia e pode
ser usada no lugar do farelo de soja desde que se use com base na sua composição para o balanceamento de
dietas. Seu preço deve ser em torno de 30% menor que o do farelo de soja para valer a pena e para vacas de
até 25 kg/dia de leite não precisa tostá-la antes de ser fornecida às vacas. Para vacas de maior produção
recomenda-se tostá-la antes de usar em certas condições de temperatura e tempo para não estragar a proteína
(NRC, 1989, 2001) Deve-se evitar o armazenamento da soja desintegrada por longos períodos, pois ela tende
a empedrar e tornar-se rançosa, perdendo o valor nutritivo.

No grão de soja integral há 37% de PB, enquanto que, o farelo contém 45 a 48%, então a soja grão moída
deve ser em torno de 30% mais barata do que o farelo de soja. Ainda assim, não se recomenda usar mais do
que 20% da matéria seca da dieta, pois o grão se soja apresenta 18 a 20% de óleo e as dietas de vacas não
devem conter acima de 6 a 7% de extrato etéreo na matéria seca. Portanto, deve-se considerar o extrato etéreo
presente no milho grão (4% de óleo) e na silagem de milho (2% de óleo), somando os valores de óleo destes
alimentos com o óleo proveniente do grão de soja. É importante salientar que os microrganismos do rúmen-
retículo não utilizam o óleo como nutriente. Desta forma, as bactérias celulolíticas podem diminuir na
população microbiana, reduzindo a produção de ácido acético e a digestão de celulose, diminuindo o teor de
gordura no leite. Entretanto, é possível fornecer 3 kg de soja grão por vaca por dia em duas vezes ao dia no
horário da ordenha, se este for o único concentrado. O mesmo limite é considerado quando se utiliza caroço
de algodão. O teor de óleo no caroço limita a sua quantidade no concentrado. A semente de algodão tem em
torno de 18% de óleo.

4.6.3.6.1 - Resíduo de cervejaria na alimentação de


bovinos
Mais uma fonte de resíduo importante na alimentação de bovinos é o resíduo de cevada. A composição da
cevada úmida varia com seu teor de matéria seca. Resultados de análises de laboratório mostram a seguinte
composição:

Matéria seca: de 21 a 25%.


Proteína bruta: de 23 a 28%.
Nutrientes digestíveis totais – NDT: de 64 a 66%.
Fibra detergente neutro – FDN: 42%.

A maior limitação da cevada úmida é a energia, especialmente para vacas de alta produção de leite (acima de
25 kg/dia). Para vacas com produção abaixo de 20 kg de leite/dia, a cevada úmida pode ser uma boa
alternativa, dependendo de seu preço e da disponibilidade. Sempre determinar o teor de matéria seca (MS). Se
possível antes de comprar, para conhecer o preço da base de MS, pois este valor deve ser multiplicado por 4

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(quando tem 25% de MS) ou 5 para saber o valor na base de MS.

Usualmente, o teor de resíduo de cevada não deve ultrapassar a 20% da MS da dieta. Ou seja, vacas ingerindo
20 kg de MS por dia, apenas 4 kg devem ser provenientes da cevada e os outros 16 da dieta.

4.6.3.6.2 - Ureia na alimentação do rebanho bovino


Usualmente, recomenda-se que a quantidade de nitrogênio não-protéico não ultrapasse um terço da proteína
total da dieta. O aproveitamento do nitrogênio não-protéico pela população microbiana do rúmen depende do
nível de energia da dieta, o que significa que pouca energia causa menor aproveitamento do nitrogênio (N)
não protéico. Quando a energia da dieta é insuficiente para bom aproveitamento do nitrogênio da ureia ou de
outros alimentos (pois existe N que é proveniente de plantas jovens e que não está na forma de proteína) o
excesso de PB é eliminado na urina na forma de ureia. Isto deve ser evitado, pois a PB é a fonte mais cara do
concentrado e quando em excesso aumenta o custo da dieta.

Exemplo: Dieta com 18% de proteína bruta (PB) na base de matéria seca (MS), 6 unidades de PB (1/3) podem
ser provenientes da ureia, ou seja, 100 kg de ureia equivalem a 280% de PB (45% de N x 6,25 = 280% de
PB).ou melhor em equivalente protéico. Então, 2% de ureia no concentrado equivalem a 5,6 unidades de PB.
Por isso, usualmente são utilizadas no máximo 2% de ureia no concentrado, pois a energia pode limitar o
aproveitamento da ureia pela população microbiana e ser eliminada na urina. Portanto, para utilizar ureia é
necessário fornecer um alimento como fonte de energia, como por exemplo, milho moído, sorgo moído, polpa
cítrica, dentre outros, que são pobres em PB e ricos em energia.

Quando há mobilização de reservas corporais (perda de escore) no início da lactação (60 dias após o parto), a
PB poderá ser limitante para a produção de leite, pois durante a mobilização de reservas um dos compostos
mais demandados é a gordura, que é uma forma de energia, ou seja, podem faltar aminoácidos em quantidade
suficiente para a produção de leite.

Na realidade, é a população microbiana (bactérias, principalmente) presente no rúmen da vaca que utiliza o
nitrogênio não-protéico para seu crescimento e multiplicação. Salienta-se que o aproveitamento do nitrogênio
não protéico no rúmen somente acontece quando há energia disponível em quantidade suficiente para o
crescimento da população microbiana. Caso a energia da dieta ou do alimento seja limitante, o nitrogênio não
protéico será eliminado na urina. Desta forma, a fonte de alimentos energéticos é imprescindível para a síntese
da proteína microbiana.

A deficiência mineral também poderá limitar a síntese de proteína. O teor de ureia na dieta deverá respeitar os
limites recomendados (exemplo, no caso da cana recomenda-se a adição de 1% de ureia, entretanto na silagem
de milho recomenda-se 0,5%). Há, portanto, a produção de proteína microbiana no rúmen. Essa proteína
microbiana é a proteína da dieta que escapa ao ataque dos microrganismos no rúmen, e que será digerida no
abomaso e posteriormente absorvida no intestino delgado, como aminoácidos.

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