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Capítulo 103

O dinheiro que recebi do velho Barol foi um pouco acima do esperado,


visto que fui capaz de comprar cinco pedaços de torta ao todo. Meu desejo
era que aquela misteriosa garota bonita as experimentasse enquanto
ainda estavam fresquinhas, então me apressei em voltar para casa aonde
havia acordado. Pensando bem agora, no que diabos eu estava pensando
ao deixá-la sozinha e com as portas destrancadas? Apesar de que, quando
acordei, não estava em meu juízo perfeito também.

Quando retornei, encontrei-a repousando pacificamente, então não tinha


problema. Olhando para seu rosto mais uma vez, tive certeza de que ela
era realmente bonita. Sua pele parecia tão suave que tive vontade de
tentar tocá-la um pouco, mas como isso poderia acabar sendo
interpretado como assédio sexual, me contive. Embora tive todo o
trabalho de comprar a torta, a linda e misteriosa garota continuava
dormindo. Ela estava descansando tranquilamente dentro de seu casulo
branco.

Eu adoraria vê-la acordar antes que a torta esfriasse, mas não tinha a
menor ideia de quando isso iria ocorrer. O que exatamente tinha
acontecido com a gente? Como não conseguia lembrar não importava
quanto tentasse, acabei desistindo de pensar sobre isso.

“Se continuar assim a torta vai estragar...”

Decidi trazer os pedaços o mais próximo possível do casulo para deixar


que o cheiro bom da torta chegasse até a misteriosa garota para lhe servir
de estímulo.

— ...Nnn… — Ela deu um leve gemido.

Isso foi inesperado. Quando tentei estimulá-la através do apetite era para
ser uma piada, mas acabou tendo um resultado inesperado. Assim, insisti
mais um pouquinho.
— Ah…

“Que sentimento de vitória estranho é esse que estou sentindo? Vamos lá,
dê mais uma cheira aí!”

— Kyaa...

Ela deixou escapar uma voz um pouco mais alta do que antes, ficando
com as bochechas coradas.

“Mas ora ora, vejam só, este deve ser o paraíso! E esta linda mulher
diante de mim só pode ser uma Deusa me recompensando por todas as
boas ações que fiz, não acham? Não, chega de zoeira.”

Continuei a usar a mesma tática algumas vezes mais e ela se movia um


pouquinho mais a cada tentativa.

“Será que ela está despertando?”

Desta vez, seus dedos claramente se moveram até que, em seguida, seu
corpo ganhou força e ela despertou, abrindo os seus olhos.

Seus belos e grandes olhos ficaram visíveis através do casulo


transparente. Sua aparência era ainda mais encantadora do que quando
estava dormindo, apesar de sua impressão de ser forte e determinada
ficou ainda mais aparente. Pelo que pude perceber, a garota não entendia
o que estava se passando na sua frente, mas, ainda assim, apressou-se em
se libertar do casulo, usando as duas mãos. Naturalmente, sua relutância
foi direcionada para mim agora.

— ...Quem é você?

— Também não sei.

— ...Pergunto-me se você é uma pessoa perigosa.

— Acho que não, é só que não consigo lembrar de nada. Bem, você
consegue se lembrar de quem é?
— É claro que eu... hmm? Quem sou eu?

— Viu? Aconteceu o mesmo comigo.

— Ah, entendo...

Ela olhou ao redor mais uma vez. Não havia sinais de que alguém mais
estivesse morando aqui, a única coisa no interior do quarto era um outro
casulo que estava ao lado.

— Por acaso você também acordou agora?

— Não, já faz um tempinho e comprei essas tortas lá do lado de fora. Elas


são absurdamente deliciosas.

Seus olhos se moveram na direção da torta que a ofereci, mas senti que
ainda estava hesitante.

— Tente ao menos dar uma mordida. Você deve estar com fome, não é?

— S-sim...

Ela nervosamente colocou um pequeno pedaço em sua boca. No fim, a


garota colocou o restante da torta em sua boca, fazendo suas bochechas se
inflarem, e lágrimas de emoção começaram a escorrer de seus olhos. Por
alguma razão, ela levantou os punhos para cima, como se estivesse
assumindo uma posição de vitória.

— Hmm... posso... pegar outra...?

— Claro, aqui.

Eu já tinha previsto que isso poderia acontecer, então passei mais um


pedaço para ela. Inclusive a deixei ver o restante da torta, para que
soubesse que ainda tinha mais. Porém, mais uma vez, ela encheu suas
bochechas e assumiu a pose de vitória e, logo em seguida, ela se engasgou
e tive que salvá-la de sofrer uma asfixia... O qual eu deveria apagar da
minha memória, para evitar qualquer lembrança que arruinasse a
imagem que eu tinha de sua beleza.
— Fuu... Agora que meu estômago não está mais vazio, meio que sinto
uma espécie de alegria.

— E quanto a alguma lembrança sobre si mesma?

— Nadinha.

Talvez fosse apenas natural. Afinal, eu também não tive qualquer


mudança mesmo depois de comer um pedaço. Além disso, não era como
se uma barriga cheia fosse capaz de devolver memórias.

— Ei, como posso te chamar?

Ela olhou diretamente nos meus olhos e perguntou. Aquela era uma
pergunta bem difícil de responder. Como as pessoas poderiam me
chamar? Eu não tinha qualquer lembrança sobre mim mesmo.

De repente, recordei-me das coisas que aconteceram na ferraria do velho


Barol. O criador daquela espada famosa se chamava Kururi Helan, não
era? Ele foi bastante talentoso, mas subitamente morreu há alguns anos
atrás. Para ser honesto, senti um pouco de inveja da sua fama, isso porque
senti que poderia fazer espadas tão boas quanto às dele, ou até melhores.
Os meus instintos me diziam isso.

— Acho... que Kururi deve servir.

Não havia qualquer motivo para escolhê-lo, mas por hora eu estaria
pegando esse nome emprestado.

— Hmm, esse nome soa meio patético. Mas acho que combina bem com
você.

“Mas que coisa horrorosa essa menina está dizendo! Antes pensei que ela
tivesse uma personalidade forte e selvagem, e pelo visto, acertei em
cheio!”

— E quanto a você?

— Eh? Eu também?
— É claro. O nosso encontro aqui pode ser obra do destino, então vamos
decidir juntos como iremos te chamar. Além disso, já que tirou sarro do
meu nome, vejamos se você tem um bom senso para nomeação.

Fiz uma pequena provocação em nossa conversa, mas já que ela disse que
meu nome soava patético, algo tão pequeno não seria um problema.

— Qu-que tal... E... Eri!? — Ela disse enquanto agitada.

“Eri... Eri, hein? Hmm, dói-me ter que admitir isso, mas tinha um
sentimento meigo nisso. Sim, e soava bem também.”

— O-o que acha?

— Hmm, soa meio infantil, não acha?

Em um piscar de olhos, duas mãos poderosas vieram em direção ao meu


pescoço e eu quase não consegui desviar delas. Por acaso esta mulher
estava tentando me estrangular? E com um intenção assassina absurda!?
Essa maluca não é comum! É uma mulher super-perigosa!

— Que medo! O que diabos está fazendo!?

— A culpa é sua por ter me insultado!

— Não foi bem um insulto! De qualquer forma, por que Eri?

— ...Entre as poucas lembranças que ainda tenho, uma delas é sobre um


filme que vi há muito tempo atrás. Ele conta a história de uma garota
nobre que fugiu com um ladrão e viveu feliz na cidade. O nome da
protagonista era Eliza. Mas, por que será que me lembro disso? Bem, isso
não importa. De qualquer jeito, vou me chamar assim de agora em diante.

— Você se parece com essa Eliza?

Só poderia ser o caso. No entanto, ela estava muito embaraçada para


responder de imediato e, as palavras que vieram em seguida, foram
diferentes das quais esperava.
— ...Eu te odeio.

— O sentimento é mútuo.

Apesar de que ao menos o rosto dela era exatamente do meu tipo de


garota. Embora, é claro, eu não lhe diria isso.

Assim que a tensão assassina no ar diminuiu e começamos a pensar no


que fazer a partir de agora, a porta da casa se abriu.

— Ah!

Uma garota expressou surpresa ao nos ver. Ela parecia ter em torno de 16
anos de idade, mas com um rosto ingênuo de uma menina de 7 anos. Seus
olhos eram pequenos e sua pele estava bronzeada, dando a impressão de
uma garota simples do campo.

— Ah... vocês acordaram?

— É isso aí, estamos acordados.

— Ahaha, eu não sabia quando iriam acordar então não fiz qualquer
preparativo. Desculpa por isso.

Ela correu para dentro do quarto e colocou suas ferramentas de limpeza


de lado. Tudo indica que a limpeza do lugar foi graças a ela. A garota do
meu lado... a Eri, parecia ter pensado o mesmo e então nós a
cumprimentamos com respeito.

— Vocês não precisam ser tão formais comigo. Sou apenas uma pobre
menina do campo, enquanto vocês dois são provavelmente de um status
muito maior. Eu é que deveria estar agindo de maneira respeitosa.

— Provavelmente?

— Ehh, sim. Apenas imaginei que seria o caso já que ambos são tão
bonitos, então pensei que teria sangue de alta classe correndo na veia de
vocês.
— Foi mal, mas nós não conseguimos lembrar de nada. Se estiver tudo
bem para você, se importaria de contar tudo o que sabe?

— É claro! Afinal, esse é o meu trabalho. De qualquer forma, me deixem


cozinhar alguma coisa. Vocês provavelmente devem estar com fome,
certo?

— Não, está tudo bem. Agora há pouco tivemos alguns pedaços de torta
que vendem no mercado.

— Ah, aquelas. Eu também as vi. Elas cheiravam muito bem, mas tive a
impressão de que poderiam entalar fácil na garganta, então não as
comprei. Sou uma garota descuidada, então acabo ficando com a minha
garganta entalada com muita frequência, sabe? E é uma sensação bem
desagradável, não acha? Ah, sinto muito! Acabei falando um monte de
coisas sozinha. Vocês parecem bem elegantes, então acho que jamais
experimentaram esse tipo de coisa, ahahaha.

“Não que eu me lembre, já que jurei esquecer, mas, pouco tempo atrás,
Eri se engasgou, então posso te garantir que não é a única.”

Esta menina de aparência gentil sentou-se à nossa frente e colocou os


dedos em seu queixo, ponderando em por onde deveria começar.

— Ah, acabei esquecendo de me apresentar. Eu sou Poly e ajudo na loja de


licores dos meus pais. Meu sonho é me casar no futuro com um homem
capaz de fazer um licor delicioso. Tenho dezesseis anos de idade e meus
pratos favoritos são aqueles que combinam bem com licor, apesar de que,
não posso beber ainda, ahahaha! Vendo os meus pais e os fregueses na
loja meio que me fez gostar disso também, então, sabe, há muito tempo
atrás, antes de um amigo (...).

— Eu, eu acho que isso é bacana. Você realmente parece uma pessoa
maravilhosa!

Ela estava completamente à vontade! Isso eu entedia.

— Aahaha, muitíssimo obrigada. As pessoas não costumam me elogiar


com frequência, então isso me deixa muito feliz. Se você for dizer que está
interessado em mim, por favor, torne-se um homem capaz de fazer um
bom licor! Não tenho como começar a namorar alguém que não saiba
fazer licores.

— Eerrr.... vou ter isso em mente.

A longa introdução de Poly chegou ao fim e, mais uma vez, ela voltou a
ponderar sobre onde deveria começar. Finalmente seríamos capazes de
descobrir sobre nosso passado? Eu não era o único a sentir ansiedade
vendo a expressão de Poly.

— Era um dia chuvoso. Meu pai aceitou sanar a dívida de um velho amigo
quando lhe pediram. Isso foi por volta de uns dez anos atrás.

“DEZ ANOS ATRÁS??? E QUANDO É QUE NÓS VAMOS APARECER


NESSA HISTÓRIA!? NÃO ME DIGA QUE ESTIVEMOS DORMINDO
AQUI POR DEZ ANOS!”

— Ah, ele abriu a loja de licores já tem uns doze anos. Eu ainda me
lembro, apesar de que era muito pequena. Meu coração estava cheio de
esperança naquela época e foi um tempo maravilhoso. Lembro que até
ganhei um monte de flores dos vizinhos.

“A história está saindo dos eixos, não é? Só podia ser. É impossível que
tenhamos dormido por dez anos.”

— Depois disso, um monte de coisas aconteceu até que eu acabei


encontrando vocês três anos atrás.

“AGORA VOCÊ VAI CORTAR TUDO E IR DIRETO AO PONTO!? VOCÊ É


DO TIPO QUE CORTARIA 7 ANOS DE HISTÓRIA ASSIM DO NADA!?”

Seja o que for, tudo indicava que ela era a nossa salvadora, então eu a
ouviria em silêncio. Mas, sejamos francos, você vai realmente cortar 7
anos de história?

— Ei, você não acha que está se preocupando demais com isso?
Eri apontou o dedo para mim. Aparentemente a minha perturbação era
tão grande que tinha ficado visível.

— No final, meus pais não conseguiram pagar o débito e tiveram que


fechar a loja. Eu não queria que aquilo acontecesse, não queria mesmo,
então protestei contra eles desesperadamente. No entanto, meu pai disse
que não tínhamos outra escolha e minha mãe até mesmo sorriu para ele.
Eu não conseguia perdoar o velho amigo de meu pai que simplesmente
desapareceu depois de fazê-lo assumir suas dívidas. Só que não tinha
nada que eu pudesse fazer...

“Só que EU queria pular logo essa conversa toda. Sério.”

Eri e eu, ouvindo uma história grandiosa sobre dificuldades, acabamos


ficando depressivos. Nós também achávamos que aquilo não era algo que
um amigo deveria fazer.

— Então, uma pessoa chamada Moran apareceu. Ele era um senhor idoso,
mas tinha uma atmosfera charmosa em volta dele, chega até pensei que
não me importaria de virar sua esposa caso pudesse fazer um bom licor
e... enfim, um monte de coisa aconteceu e ele pagou a dívida! Fiquei tão
feliz. Apesar de o mundo estar cheio de gente má, também há pessoas
boas por aí. Dessa forma, Moran-sama me pediu para cuidar de duas
pessoas já que ele não sabia por mais quanto tempo iria viver.

— E essas duas pessoas seríamos nós?

— Sim, exatamente! Moran-sama não me contou os detalhes, apenas


entregou um monte de dinheiro porque não sabia quando vocês
acordariam. Para ser honesta, a quantia era tão grande que achei que
daria até para abrir duas lojas de licor, mas então pensei que não poderia
pisar na gentileza de uma outra pessoa e assim, pelos três anos seguintes,
aluguei essa casa vazia e tenho tomado conta de vocês. Bem, mesmo que
eu diga “tomado conta”, Moran-sama disse que não era necessário trazer
comida ou dar banho, então não tenho o que fazer. Apenas os mantenho
seguros.

— ...Moran.
Não conseguia me lembrar desse nome.

— Aquele casulo é uma magia impressionante, não acham? Ainda não


consigo acreditar que vocês acordaram assim tão saudáveis! Tenho sido
grata pelo Moran-sama por tanto teeeeempo! E pelo visto, finalmente
serei capaz de pagar este débito. Sério, muito obrigada por terem
acordado!

— Não, nós é que agradecemos.

Ao que tudo indica nós havíamos sido salvos por essa pessoa chamada
Moran primeiro. Inclusive pagou uma enorme soma em dinheiro para
assegurar o nosso bem estar e desapareceu.

“Por quê? Por que ele faria isso tudo pela gente?”

— Eu não consegui agradecer o suficiente ao Moran-sama por tudo o que


fez pela minha família. Ele inclusive ainda me deu essa quantia
enorme. Se para ele vocês são pessoas respeitáveis, então para mim
também o são. Por isso, fiquem o quanto desejarem que eu cuidarei de
qualquer problema que tiverem.

Mesmo se ela omitisse a parte de ter sido paga por isso, eu conseguia dizer
que era uma boa pessoa só de olhá-la.

— Poly-san, muito obrigado. Não sei dizer o que aconteceu com a gente,
mas fomos capazes de acordar tão saudáveis graças a você e esse tal de
Moran-san. Por favor, use todo o dinheiro que recebeu para si. Agora que
acordamos, iremos conseguir dinheiro com as nossas próprias mãos.
Apesar de que ainda pode ser que ainda precisemos contar com a sua
ajuda um pouco.

— Ah, não. Vou me sentir culpada se fizer isso. Por favor, pode me pedir
qualquer coisa.

Se as coisas continuarem assim, nunca chegaremos a uma conclusão .


Assim sendo, dei uma olhada de relance na Eri para pedir ajuda.

— Que tipo de trabalho você consegue fazer?


Por alguma razão aquela pergunta tinha sido feita à mim. Talvez fosse
uma questão bem básica já que insisti que poderia conseguir dinheiro
com minhas próprias mãos. Eu deveria ter dito algo mais específico
também.

— Eu posso trabalhar como ferreiro. Com algum capital inicial, posso


abrir uma loja. Quem sabe até mesmo usar essa casa para isso? Eu tenho
um bocado de confiança nas minhas habilidades... talvez?

— Sendo assim, que tal se pedirmos um empréstimo? E assim, Poly-san


poderia ser nossa primeira freguesa. Se a loja prosperar bem, ela não
precisaria se sentir pelo Moran-san, certo?

Pelo andar das coisas, pedir ajuda foi à escolha certa. Eri me deu uma
solução precisa e ela parecia tão legal falando de maneira tão esperta.

— Isso é esplêndido!

Poly também parecia estar de acordo.

— O dinheiro que recebi foi realmente muito, então peguem o quanto


precisarem. Você é um ferreiro, certo? Ah... hmm..., desculpe, mas ainda
não sei o nome de vocês.

— Você pode me chamar de Kururi.

— Quanto a mim, me chame de Eri, por favor.

— Kururi-san e Eri-san. Acho que vou ter muito mais diversão a partir de
agora.

Poly se levantou dizendo, “Muito bem, é hora da limpeza!”, mas então se


virou para nós dizendo, “Ah, quase esqueci!”.

— Há uma coisa que o Moran-san me pediu para avisar a vocês não


importa como. Então, por favor, ouçam atentamente.

“O-O que assim do nada? Meio que me assusta.”


— V-vá em frente...

— “Vocês dois já cumpriram com mais do que deveriam. Por favor, após
acordar vivam suas vidas com o máximo de felicidade.”

Depois de sussurrar, “graças a Deus que não esqueci”, ela se virou para
trás e pegou suas ferramentas de limpeza. Essa mensagem mostrava o
quão gentil era esse homem chamado Moran. Seria por causa disso que
suas palavras ressoavam tão forte no meu coração?

Em seguida, Poly disse que iria limpar, mas insistimos que nós mesmos
faríamos. Já que se tratava da casa onde iríamos morar, nada mais
natural do que o trabalho seja feito por nossas próprias mãos. Enquanto
limpava, olhei em volta do quarto, mas a falta de móveis deixava um ar de
solidão. Aquilo me fez pensar que gostaria de conseguir alguma mobília.

“Hmm?”

Tive uma pequena dúvida, então chamei pela Eri, que estava limpando no
outro quarto.

— Hmm, sobre a conversa que tivemos com a Poly. Julgando pelo que
você disse no final, isso meio que me deixou a impressão de que
estaremos vivendo juntos aqui?

— Isso não é óbvio? Não tenho mais nenhum outro lugar para ir, então
metade deste lugar seria o meu território.

“Território? Soa grandioso.”

— Então você se importa em ficar me ajudando com a loja?

— Claro que não. Na verdade, não consigo me imaginar fazendo outra


coisa. Com o meu charme, as pessoas não iriam continuar vindo comprar
suas espadas mesmo se elas forem ruins?

— Isso foi rude! Você irá se apaixonar por mim na hora em que ver as
minhas habilidades. Em primeiro lugar, como é que você sabe que é
bonita? Faz só alguns instantes desde que acordou!
— Bem, sabe... é que você tem me olhado meio assim com muita
frequência, compreende? Isso é prova o bastante.

“Vixe, ela percebeu!”

— Acho que não tenho outra escolha. Vamos dar o nosso melhor juntos,
então.

Estendi a minha mão à ela enquanto dizia essas palavras. No entanto, Eri
apenas desviou o seu rosto. Pelo visto ela não queria um aperto de mão
para nos reconciliarmos.

— O que foi? Não está bom para você?

— Eu já te falei que não gosto de você.

— Mas nós temos que trabalhar juntos, certo? As coisas serão difíceis se
você continuar me odiando.

— Apesar de que te odeio, o seu rosto não é ruim, então acho que posso
tolerar um pouco. — Dizendo essas palavras, Eri saiu da sala e foi limpar o
andar de cima.

“...Hmm, bem, acho que isso vai servir. Não, espera. O meu rosto não é
ruim...? Não me diga que... aquela mulher! Uma Ts-Tsundere??? Uma
tsundere???”
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