Sie sind auf Seite 1von 2

Viver apressado

Olga Lustosa

É preciso correr o máximo que você puder, para permanecer no mesmo lugar. Se
quiser ir a algum outro lugar, deve correr pelo menos duas vezes mais depressa do
que isso”. Lewis Carrol, aclamado autor de “Alice, no país das maravilhas”.

Passamos ano após ano freneticamente ocupados, correndo em círculos, estressados,


ansiosos e irritados. Apesar da dor que isso inflige, a vida tem sido pautada pelo
sentimento de urgência, pelas atividades frenéticas que atormentam e consomem boa
parte do curso de nossas vidas. A sensação de estar apressado não é necessariamente
o resultado de uma vida plena. É muito mais um medo difuso de estar desperdiçando a
vida.

Algumas pausas, que a princípio podem ser desconfortáveis, acabam sendo


reveladoras para racionalizar os sentimentos, os questionamentos, dormências e
transformações.

Cultivar a paciência de ver as flores se abrirem depois de longo tempo entre o plantio e
sucessivas regadas é essencial para manter o equilíbrio nesse tempo em que se vive
colocando urgência em tudo e assim fica para trás a cortesia nas argumentações, a
tomada de posição compatível com a sabedoria que detemos.

O relógio, de fato corre e viver, aprende-se. Envolve análise, não meramente


conceitual, mas baseia-se principalmente na compreensão de que o tempo não está
passando rápido demais. O dia, de todos nós, tem as mesmas 24 horas de outrora e a
forma como utilizamos essas horas é que nos dão a sensação de prazer, de urgência, de
aflição ou de gratidão.

O inimigo da urgência é um calendário de compromissos em que tudo se opera com


extremo senso de urgência e não raramente nos afasta de nossas prioridades e da
capacidade de respondermos bem a todas as nossas demandas.

Viver é um processo de movimento em direção à uma boa morte, é como uma dança
transitória, um processo que regenera e cura. Não precisamos ser vítimas da doença
da pressa. Viver é muito mais do que vagar pelos corredores de um grande hospital,
procurando remédio para curar as doenças que desequilibram emocionalmente, que
causam convulsões ou produzem emoções falsas.

Devemos ser proativos sim, mas precisamos nos libertar da necessidade de ter
respostas e propostas para tudo, aqui e agora e usar os dias de maneira mais
intencional, consertando a vida, os relacionamentos e refazendo coisas desfeitas.

Enfim, conduzir a vida entre conexões profundas e significativas, dedicar tempo as


pessoas que amamos, realizar o trabalho que inspira e que pode fazer a diferença e
não nos entregarmos ao angustiante processo de sermos os primeiros a opinar, a
responder, a confirmar. Opiniões dadas às pressas tendem a ser mais provocativas e
nem sempre são autênticas.
Se a vida é curta, não faz sentido passar correndo por emoções e prazeres que já são
em si sentimentos efêmeros. Percebo que a questão é não levar a ferro e fogo a frase
eloquente do filme Clube da luta. “Esta é a sua vida e ela está se acabando a cada
minuto”.

Das könnte Ihnen auch gefallen