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AS MEDIDAS DE RETIRADA COMPULSÓRIA DO ESTRANGEIRO DE ACORDO COM A NOVA

LEI DE MIGRAÇÃO1

Cynara de Barros Costa2

A Nova Lei de Migraçaoo (Lei 13.445/17), como jam mencionado, revogaram o Estatuto do Estrangeiro
(Lei 6.815/80) dentro de alguns dias e traram muitas novidades para os migrantes. Como a lei em extensa, optei
por abordar os seus principais pontos ao longo de quatro semanas e hoje mostrarei, em linhas gerais, como
a lei trata a questaoo das medidas de retirada compulsomria do estrangeiro.
Ao analisar, semana passada, os princímpios gerais que fundamentam o novo diploma legal e as
hipomteses de concessaoo de visto ao estrangeiro e apamtrida, alertei para o caramter humanitamrio da Lei
13.445/17 e sua tentativa de materializar o princímpio da dignidade da pessoa humana em relaçaoo ao
estrangeiro que venha ao Brasil (seja de passagem, seja como imigrante). Pois bem, se em certo que a lei
adota uma postura muito mais acolhedora do que o Estatuto do Estrangeiro, tambemm em certo que, mesmo
com essa abordagem, a lei naoo poderia deixar de prever medidas de retirada compulsomria do estrangeiro,
pois existem situaçooes em que a sua permanecncia pode colocar em risco a soberania do paíms ou o bem-estar
de seus nacionais.
Tais medidas estaoo previstas no Capímtulo V da Lei de Migraçaoo, que elenca trecs modalidades:
repatriaçaoo, deportaçaoo e expulsaoo. A lei anterior previa apenas a deportaçaoo e a expulsaoo. Na pramtica, os
casos que agora seraoo tratados como de repatriaçaoo pela nova lei, eram vistos como casos de deportaçaoo
pela antiga. A diferença em relaçaoo ao diploma anterior, no entanto, fica por conta do art. 46, que ressalta,
para a aplicaçaoo desses institutos, o respeito aL Lei do Refumgio (Lei no 9.474,/97) e aLs disposiçooes legais,
tratados, instrumentos e mecanismos que tratem da proteçaoo aos apamtridas ou de outras situaçooes
humanitamrias. Alemm disso, o art. 49 tambemm alerta que nos casos de deportaçaoo ou expulsaoo, o chefe da
unidade da Polímcia Federal podera m representar perante o juímzo federal, respeitados, nos procedimentos
judiciais, os direitos aL ampla defesa e ao devido processo legal”.
A repatriaçaoo, por definiçaoo legal, consiste em medida administrativa de devoluçaoo ao paíms de
procedecncia ou de nacionalidade, de pessoa em situaçaoo de impedimento (art. 49). Ou seja, o clandestino
(estrangeiro indocumentado, que naoo possui visto para ingressar no paíms ou que apresenta visto distinto da
finalidade para a qual veio ao paíms) e m impedido de entrar em territomrio brasileiro pela fiscalizaçaoo e
obrigado a retornar para o paíms de onde veio, que pode ou naoo ser o de sua nacionalidade. Nesse caso, seram
feita imediata comunicaçaoo do ato fundamentado de repatriaçaoo aL empresa transportadora (que, em regra,

1 Texto publicado na coluna semanal da autora no site www.analisejuridica.com.br. Referências: COSTA, Cynara de
Barros. As medidas de retirada compulsória do estrangeiro de acordo com a nova lei de migração . Novembro
de 2017. Disponível em: http://analisejuridica.com.br/as-medidas-de-retirada-compulsoria-do-estrangeiro-de-
acordo-com-nova-lei-de-migracao/
2 Advogada. Doutora em Direito Internacional pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Professora
Adjunta da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e Professora Efetiva da Universidade Estadual da
Paraíba (UEPB).
deveram custear o retorno) e aL autoridade consular do paíms de procedecncia ou de nacionalidade do migrante
ou do visitante, ou a quem o representa.
A medida deve ser aplicada de imediato, mas quando isso naoo for possímvel, a Defensoria Pumblica da
Uniaoo seram notificada para acompanhar o caso. Alemm disso, a DPU tambemm seram notificada (e naoo se aplicaram
a repatriaçaoo) em caso de pessoa em situaçaoo de refumgio ou de apatridia (de fato ou de direito), ao menor de
18 (dezoito) anos desacompanhado ou separado de sua famímlia, exceto nos casos em que se demonstrar
favoramvel para a garantia de seus direitos ou para a reintegraçaoo a sua famímlia de origem, ou a quem
necessite de acolhimento humanitamrio, nem quando a medida de devoluçaoo seja para paíms ou regiaoo que
possa apresentar risco aL vida, aL integridade pessoal ou aL liberdade da pessoa (art. 49, § 4o).
Enquanto a repatriaçaoo se dam durante a fiscalizaçaoo, antes mesmo da entrada em territomrio nacional,
a deportaçaoo em medida decorrente de procedimento administrativo que consiste na retirada compulsomria
de pessoa que se encontre em situaçaoo migratomria irregular em territomrio nacional” (art. 50). Segundo a lei,
ela deve ser precedida de notificaçaoo pessoal ao deportando, da qual constem, expressamente, as
irregularidades verificadas e prazo para a regularizaçaoo naoo inferior a 60 (sessenta) dias, podendo ser
prorrogado, por igual perímodo, por despacho fundamentado e mediante compromisso de a pessoa manter
atualizadas suas informaçooes domiciliares.
Interessante notar que o prazo previsto na nova legislaçaoo pode atem ser dispensado pela redaçaoo da
lei atual (art. 57, § 2º - Desde que conveniente aos interesses nacionais, a deportaçaoo far-se-am
independentemente da fixaçaoo do prazo de que trata o caput deste artigo”). Isso porque a deportaçaoo, no
Estatuto do Estrangeiro, tambemm abrange os casos que a nova lei trata como repatriaçaoo, para os quais em
necessamria uma medida imediata por parte do Estado. Ademais, o caramter mais humanitamrio da nova lei
requer o respeito ao devido processo legal, o que tambemm pode ser visto no art. 50, § 2 o ( A notificaçaoo
prevista no § 1o naoo impede a livre circulaçaoo em territomrio nacional, devendo o deportando informar seu
domicímlio e suas atividades) e no art. 51 do novo diploma ( Art. 51. Os procedimentos conducentes aL
deportaçaoo devem respeitar o contraditomrio e a ampla defesa e a garantia de recurso com efeito
suspensivo.”). Vale ressaltar que tanto a repatriaçaoo quanto a deportaçaoo naoo impedem eventual retorno do
estrangeiro ao territomrio nacional, desde que de forma regular, ressarcidas eventuais despesas com o
Tesouro Nacional (tais como multas, passagens e acomodaçaoo).
Ja m a expulsaoo consiste em medida administrativa de retirada compulsomria de estrangeiro ou
apamtrida, conjugada com o impedimento de reingresso por prazo determinado. Pode ocorrer em virtude de
condenaçaoo com sentença transitada em julgado relativa aL pramtica de crime de genocímdio, crime contra a
humanidade, crime de guerra ou crime de agressaoo, nos termos definidos pelo Estatuto de Roma (Decreto
4.388/02), ou crime comum doloso passímvel de pena privativa de liberdade, consideradas a gravidade e as
possibilidades de ressocializaçaoo em territomrio nacional (art. 54). Em respeito ao princímpio da dignidade da
pessoa humana, no entanto, existem situaçooes que impedem a expulsaoo (art. 55) e a possibilidade de
suspensaoo ou revogaçaoo de seus efeitos (art. 54, § 2o).

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