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MODELOS QUASI-EXPERIMENTAIS1
Os delineamentos clássicos oferecem a rota mais definida para testar hipóteses
envolvendo causas e efeitos.
O experimentador tem controle sobre as variáveis independentes relevantes e
aloca os participantes ao acaso nas situações, tentando assegurar que eles saibam
exatamente o que provoca as mudanças observadas.
Isso deve ser contrastado com as abordagens observacionais e correlacionais, nas
quais podemos observar que duas variáveis parecem relacionar-se uma com a outra, mas
é difícil determinar se existe uma relação causal entre elas, ou se alguma terceira variável
é responsável pela relação observada.
Embora esse estado de coisas possa parecer menos do que satisfatório, estudos de
correlações são frequentemente o melhor que podemos esperar em muitas situações do
mundo real.
Considerações práticas limitam o aporte de controle que podemos esperar ter em
tais situações, de modo que precisamos ser cuidadosos sempre que tentamos interpretar
relações entre variáveis.
Em meio as abordagens experimentais e correlacionais se encontram dois outros
tipos de estudo: o pré-experimento e o quase-experimento.
2. PRÉ-EXPERIMENTOS
São estudos realizados apenas para ter uma ideia inicial do que está ocorrendo em
uma situação particular antes de conduzir uma investigação mais rigorosa.
Os pré-experimentos colocam em relevo alguns problemas que devem ser
avaliados antes da execução do experimento propriamente dito.
A) VALIDADE INTERNA: capacidade de detectar precisamente o efeito do
tratamento proposto pelo experimento.
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Anexo possível: ver págs. 112-113 e 114.
E) VALIDADE EXTERNA: capacidade de mensurar, precisamente, o quão
generalizáveis são os resultados do experimento.
3. QUASI-EXPERIMENTOS
Muitos dos problemas discutidos em relação aos pré-experimentos reduzem o grau
de certeza que o pesquisador pode ter quanto ao tratamento ter realmente causado as
diferenças observadas na variável dependente que lhe interessa.
Entretanto, muitas das questões de pesquisa que gostaríamos de responder
simplesmente não podem ser respondidas recorrendo-se a experimentos verdadeiros.
Os quasi-experimentos não deveriam ser vistos como inferiores aos verdadeiros
experimentos. Às vezes, eles constituem o próximo passo lógico a ser dado em um longo
processo de investigação no qual resultados experimentais estabelecidos em laboratório
precisam ser testados em situações práticas afim de ver se são realmente úteis.
Existem três delineamentos quasi-experientais clássicos que buscam eliminar as
ameaças supracitadas à validade interna.
B) INTERAÇÃO MATURAÇÃO/SELEÇÃO:
Mesmo se dispomos das medidas do pré-teste, com base nas quais é possível
comparar as amostras, isso não garante que os dois grupos eram verdadeiramente
equivalentes antes do início do tratamento.
Se um grupo era mais apto ou mais brilhante, a maturação pode ter uma taxa de
velocidade maior em um do que em outro grupo. A isso denominamos uma interação
maturação/seleção.
Como o pré-teste é geralmente utilizado apenas para comparar grupos tomando
como base dessa comparação a variável dependente, esse problema pode permanecer
encoberto.
Uma solução óbvia seria medir variáveis que levem possivelmente a taxas
diferenciais de maturação no pré-teste, embora isso também aumente as exigências feitas
aos participantes.
C) REGRESSÃO ESTATÍSTICA PARA A MÉDIA:
Ocorre quando participantes que alcançam escores elevados no pré-teste obtêm
escores mais baixos no pós-teste, assim como quando participantes que alcançam escores
muito baixos no pré-teste obtêm escores mais elevados no pós-teste.
Se estivermos estudando pessoas que obtêm escores de variável dependente nas
duas extremidades, corremos o risco de interpretar mal as mudanças que o pós-teste
apresenta no sentido dessa regressão para a média.
Porque isso acontece é difícil de entender de imediato, mas certamente depende
do fato de que as medidas de nossos testes conterão inevitavelmente alguns erros.
É mais provável que esse problema influencie nos resultados se a medida
dependente visada pela pesquisa tem baixa confiabilidade associada ao par teste/reteste.
Quanto mais propensa ao erro a medida for, maior a probabilidade de haver regressão
para a média.
D) EFEITOS HISTÓRICOS:
Se, em acréscimo à intervenção do tratamento, algum evento ocorrer entre o pré-
teste e o pós-teste em um grupo apenas, então será difícil dizer a que atribuir quaisquer
diferenças de grupo reveladas pelo pós-teste.
A) EFEITOS DE TESTE:
Como esses estudos, por definição, requerem a administração repetida das
mesmas medidas dependentes, há uma tendência de as pessoas gradualmente obterem
melhor desempenho.
Esse é um fenômeno separado dos efeitos de maturação, do mesmo modo que os
efeitos de teste têm origem na familiaridade dos participantes com os procedimentos de
mensuração.
O impacto final dos efeitos de teste é que, se a própria magnitude do efeito do
tratamento é pequena, ela pode ficar encoberta pelos efeitos de teste. Se o tamanho do
efeito do tratamento é relativamente grande, haverá pouco problema para determinar se o
tratamento realmente teve um efeito.
B) EFEITOS DE INSTRUMENTAÇÃO: referem-se as mudanças na precisão das
mensurações ao longo do tempo.
C) MORTALIDADE EXPERIMENTAL:
Designa a perda de participantes que ocorre durante o estudo. Estudos com séries
temporais, sobretudo aqueles que recobrem longos períodos de tempo, tendem a ter esse
tipo de problema, que são geralmente externos ao controle do experimentador.
Se o pesquisador não dispõe de uma amostra numerosa com a qual começar, ele
corre o risco de ter um número muito reduzido de pessoas ao final do estudo para que lhe
seja possível tirar quaisquer conclusões confiáveis.
O preço a ser pago pela minimização de tantos riscos para a validade é o aumento
dos custos para todos e a necessidade de estudar um maior número de pessoas. Isso não
é um problema quando a pesquisa conduzida é sobre dados existentes em arquivo, mas
pode ser um problema sério se o pesquisador pretende coletar dados novos.
A) MORTALIDADE DIFERENCIAL DA AMOSTRA:
Se as pessoas que se mostram um tanto indiferentes ao estudo são
diferencialmente mais propensas a ser perdidas por um grupo do que por outro, então as
diferenças de grupo podem ser automaticamente acentuadas ou atenuadas.
B) RIVALIDADE COMPENSATÓRIA:
Às vezes, a mera percepção da existência de um problema que precisa ser tratado
pode mudar o comportamento dos membros do grupo-controle. Se eles sentem que estão
sendo desfavorecidos de algum modo, eles podem escolher piorar seu desempenho
quando as medidas forem tomadas.
Alternativamente, os membros do grupo-controle podem buscar compensação por
não receberem o tratamento tentando melhorar seu desempenho com ainda mais vigor. A
isso chamamos de rivalidade compensatória.