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ola Smsikim de Ríconáb -

o real, a letra e o novo amor


XI ENCONTRO BRASILEIRO
DO

CAMPO FREUDIANO
Editorial 2

Passe e Escola U n a
O impasse da garantia
Comitê de Ação da Escola Una
Repensar a escola
Romildo do Rêgo Barros
"Autorizar-se de si mesmo... e de alguns outros" 23
Sara Perola Fux

Texto
Os dois "nadas" da anorexia
Massimo Recalcati

Agenda
Comemoração d o centenário de Jacques Lacan
Judith Miller
XI Encontro Brasileiro d o Campo Freudiano
Colóquio Jacques Lacan 2001

ENCARTE INFORMATIVO

Comunicados

Recados

Via Internet
y&;516L16 76
Expediente
Escsltr #miie/pude Ps!eane!rse = Si3$ fr@If!@
%b$Wefi 78
CHOVENDO NO MOLHADO
Considerando ser este (1 últinio número do Correio publicad« nesta
gestão, preferi destacar neste Editorial algo que penso ser funda-
meiital para a estruturação de unia coniiiiiidade de analistas: a
diferença. o trabalho coni a particularidadc, com o subjetivo.
Assim, "chovendo no iiiolhado", reprodiizo o Recado da Di-
rcrora no 5, piiblicado em Veredas em 1711 1199 que trata do tema.

EBP-2: uma comunidade de diferentes


Mangaratiba, além da discussão sobre as niurações tratisferenciais,
marcou uma outra rraiisforniação: a alteraçáo do iiome da EBP
para EBP-ECF (Escola Brasileira de Psicaiiálisc - Escola do Campo
'~reudiano)ou EBP-2, coiiio a designou o Delegado Geral da AMP.
A alteração do iionie foi necessária em fiiiição das normas
jurídicas brasileiras, qiie assim exigirani para a obtenção do re-
gistro da Escola. A iiiiidança deu-se durante Assenibléia Geral
dos nienibros, realizada com esta fiiialidadc. eni 22110199 às 151i00.
Entretanto, seu sentido ultrapassa r i jiirídico. A alteração do
nome pode ser toniada como Lima refiiiidaçári, como o momento
simbólico no qual a ERP-ECF consolida siia c~iniuiiidadeanalítica.
Qual coniiinidadc? Propnnho pensarmos lima comunidade de
diferentes, ondc o particular, a diferença de cada um sustenta o
affcctius societatis, onde é a diferença que produz posiçóes eni
geral transitórias, pcrmutáveis de destaque e onde o trabalho
com a diferença de cada iim é o cerne, o fiindamento da comuiii-
dade, a semelhança do objetivo de iima análise que quer coridu-
zir o sujeito ao encnritro de sua diferença absoliita (SI) (desejo do
analista - Lacati. Sem. I I )
A idéia surgiu ein Florianópolis, depois dk uma discussão sobre
a Escola, em conversa coni Oscar ' e Raul', que nie dizia do tédio
universitário do "sonios todos iguais". Eu Ilie pergiinrei como esca-
par disso, i.e., como escapar da lógica tradicional na estruturação
de uma comunidade baseada no líder e na igualdade.
Raul me sugeriii a Icitiira de Jeaii-Ltic Naricy e Giorgio
Agamben, que retomani a "comuiiidadc acéfala", de Georges
Bataille. "Talvez por aí surja alguma idéia". disse.
Em Barcelona acliei, através da Rosa', lia livraria Central, o
livro de Maurice Blaiichrit "La comunidad iiiconfesable".
Vamos, então, a Blanch«t4.Em priniciro Iiigar, citando Nancy,
dcixa claro que "Bataille foi quem chegou mais loilge na experi-
êiicia crucial d o destino moderiio da coiiiiiiiidade". A coniuni-
dade dos que náo têni c«niunidade (comum-unidade).
Essa palavra parece iiicluir um defeito de liiiguageni, caso
possamos entender que con~utiidade porte algo diferente d o que
pode ser comum aos que perteiiceni a iini coiijuiito, a um griipo,
a um conselho, a um colctivo, mesmo que fosse proibindo-se de
fazer parte dele.
Devemos entender a coniunidadc analítica como aquela e m
que não há o comum! Podemos dizer, coni Lacan, qiie o particu-
lar leva o sujeito ao encontro da causa de seu desejo e, conio
consequê~icia,da causa analítica. Eiitáo, scria a causa analítica
o comum aos qiie perreticem comuiiidade analítica! Pode a
caiisa aiiaiítica ser comum?
Aqui aparece o paradoxo da palavra c«mum/unidade, pois a
caiisa é para cada um diferente, a partir de siia prbpria experiên-
cia, porém, esse diferetite vai agregar-se a outros diferentes em

Rnid Antclo: Profcssirr Titiil;ir d c Litcrnriim Brarilcirn <Ia Univcrsidnde Frdrral


dc Sanrn Cararicin
' Rosa M. Calvrt i Ri>ni;ilii - Ilirrtiira da Escol;i do C:inilii>Frriidkino de D;irccloiis.
cni iorrnaçeo

' Rlanchur. M. "La Ci>riiiiliidnd Incoiiicsahlc" - Arrn:i liliroi: Medrid, 1999


direção à causa analítica. Portanto, esse coinum da com~inidade
aiialítica é um conjunto de diferenças, nao de semelhanças, neni
de tinidade. Há somente lima ideiitificaçao: ao sintoma.
Retonio parte do texto de Aiiiie Sziilzyiiger-Bernone, "La passe
pocir toils", publicado eni Oniicar? Digital 11" 113: "... O passante
testeniuiilia também que sua ideiitificaçáo ao sintoma, por Ter
sido necessária, é efeito de uma escollia, forçada seni dúvida,
poréni criativa e não o veredicto de uni destiiio. Então, ocorre a
iiorneaçáo. As duas letras, "AE", serao para o sujeito uni novo iii-
curável, fixando unia necessidade de testemunhar e de inventar.
O passe demonstra que o sujeito toiiio~iconscitncia da solirláo de
sua relaçüo com a causa analitica. Dcstli solidso, a iiomeação produz
nele uni dever de tesreniuiihar, pois ele é o único a poder faze-lo,
desde o lugar particular qiie é o seu. Eric Laureiir assim foriniilou
na Coiiferêiicia instit~icioiialda ECF, eni 14/6/98: 'Tenho de asse-
giirar a traiisniissão do discurso ao q~ialcii sirvo, porqLie ningiiéni
o fará eiii meti lugar'. Isto re\zela que a posiq20 de exceçüo de curti
uin é o fuduinenso estrurural de urna Escola tlo analista, enquanto
distinta de q~ialqiieroutra organização social"'.
Volteinos a Blancliot, qiie repetindo Bataillc, interroga: Por
que comunidade? Porq~ieiia hasc de cada ser existe tini princípio
d e iiisuficiência, de inconiplctiide. Uni princípio. Portaiito, a
carência por princípio içã« faz par coni uma necessidade d e
conipletiide. O ser, insuficieiite, iiáo hiisca associar-se a outro
para forniar uma substância íntegra. A coiiscii.ncia da iiisufici-
êiicia vcni de seu próprio q~icstioiiariieiitri,o qiial tcni necessida-
de do oiitro »LI de algo diferente para ser efetiiado. Sozinho, o ser
se fecha, dorme e se traiiqiiiliia. Rataille: "A substância de cada
ser é impugnada por cada oiitro sciii descanso. Iiicl~isiveo olliar
que expressa o amor ou a adniiração liga-se a mim como Lima
dúvida que afeta toda a realidade".
"O que penso, iião pensei sozirilio". Isto rem força nunia niis-
tura de diferenças associadas. O ser busca ser impugnado, não
reconhecido: vai. para existir, eni direçáo a» outro qiie o impug-
na c i s vezes o nega, coiii a fiiialidade qiie iiãci comece a ser
senão nessa privasão, que o torna coiiscieiire da impossibilidade
de ser ele niesnio, indivíduo separado. Assini talvez existirá,
experimentando-se como exterioridade sempre prévia, somcnte
se compondo como se descompusesse a si mesmo constante, vio-
lenta e siienciosamcnte.
Portai~to,a existência de cada scr reclama o outro ou uma
pluralidade de outros. Pede, por isso, uma comunidade: comuni-
dade finita, que também tem seu princípio na fiiiitude dos seres
que a compõe e que n%osuportariam que esta comunidade esque-
cesse de levar ao maior grau de tensão a fiiiitude que os constitui.
Ao estabelecer uma correlação entre esta finitude e a castra-
ção, ~odernospensar possível a comunidade analítica, desde que
esta tenha a finitude-castração-falta, que dão existência 2 causa
e ao desejo, como o princípio que aproximaria os diferentes e seus
sintomas.

Maria do C a m a Dias Batisra

P.S.O Curso de Jncqurs-Alain Millrr dc 2000 "Os usos do I;ipio", rm siin nol:i de
ti" 14, hr rncnç5o n Batnillc r Blanihot n:i pdgin:i ri0 181.
O IMPASSE D A GARANTIA
Documento elaborado pelo Comitê de Ação e divulgado em
francês, espanhol, inglês. italiano e português nas Escolas da
AMP, em 21 de dezembro de 2000

Depois do documento sobre a supervisão, o Coniitê de Ação da Es-


cola Uiia pretende agora levar ao debate o problciiia da garantia.
A Escola, com» se sabe, conccdc dois tipos dc garantias:
- A primeira garantia é a que demanda o passaiite, concedi-
da após deliberaçáo pelo Cartcl d o Passe, depois de ouvir dos
passadores o relato do tcstcniiiiilio feito pelo passante. E entáo
que o título de AE pode lhe ser conferido. Essa iiomeaçáo é por-
tanto fundada sobre uma perforinaiice, quando o testemunho d o
candidato coiivenceu o Cartel de ter passado da posiçáo de
aiialisaiire à posiçáo de aiialista, resultado rcal qiic indica o fini
de uma anslise levada a seu término.
- A segunda garantia é a qiie a Escola concede ao analista
praticante que deu suas provas. Em princípio. nomeaiido-o A. M. E.
(Analista Membro da Escola), a Escola recoiiliece que esse aiia-
lista emerge de sua forniaçáo. c mais ainda: que ele deu provas
de uma forniaçáo suficieiitc.
Contudo, Jacqiies-Alain Miller afirma, num documcnto ende-
reçado à Comissão de Garantia da ECF, que depois de vinte anos oii
mais de existência, as C<iniissóesde Garantia das Escolas, quaiido
existem, não estabeleceram nada de consistente no que concerne as
provas ditas necessárias para quc um praticante seja nomeado AME.
Disso ele deduz qiic não pode haver outra definição do AME senão
tautológica, ou seja: " um membro nomeado pela Comissão de Ga-
rantia" ... "sem nada niais a acrescentar". Ponto final!
Como considerar hoje lima política da garantia na Escola, a
partir dos fundanietitos legados por Lacaii, num mundo cada vez
mais desregulado, a fim de melhorar o seu emprego na experien-
cia psicanalítica?

I -A GARANTIA D O A.M.E., E SEU CAMPO


A garantia do AME se apresenta. por conseguinte, como o campo
de ação de sua Comissão, encarregada de selecionar os membros a
sereni nomeados com esse título, ou seja, os analistas dos q~iaisela
declara terem emergido da formação da Escola. Acima dessa ga-
rantia de formação. existe a outra garantia da Escola que decorre
d o Passe, cujo procedinietito é abrigado pela Escola em seu seio
Podemos também diferenciar essas duas garantias de outras
niaiieiras. A primeira garantia é objeto de Lima demanda, supõe
uma performance efetuada através de iini procedimento preciso,
e corresponde ao tíe~ilode AE conferido pela Comissão do Passe
(um dos cartéis). Esse título é tenipórário. A segunda garantia
não se demanda, não se funda sobre lima performance específica,
e corresponde ao título de AME conferido Coniissáo de Ga-
rantia. Esse título é permanente. A primeira garantia constitui -
ela é inclusive iini dos princípios da Escola de Lacaii - uma refe-
rência fundamental para a segunda. Já a segunda garantia, píie
em evidência a príitica da psicanálise. unia vez que a Escola pode
verificar e transniitir sua ~itilizaçáo.Mas a iionieaqáo dos AME
nesse quadro implica em apostas que sáo problemáticas.
"O analista sí, se autoriza dele mesmo". Este é o princípio
decisivo da posição da Escola de Lacaii. Esse princípio implica
que a Escola não intervém de modo algiim nessa autorizaçáo,
que deve ser radicalmente distinguida da garantia. O analista,
d e fato, não se garante dele mesmo, como afirmou Graciela
Brodskyl: para isso. 6 preciso a Escola que, ali. ocupa seu lugar na

' Gr.icicla Brnlsky. " Ili>iiilc cnciriitrnr el AME I ", Nixlicr d ~ I:., Cnrnntia E01.. 1995.
relação d o psicanalista coni a psicanálise. O AE permite à Escola
verificar que ela produz psicanalista, eriquaiito o AME recebe
dela a garantia de sua formação. Taiito o AE conio o AME são da
Escola e náo de si mesmos, como seu próprio rítiilo iiidica. Só
existe lima autorização qiie iião procede da Escola, mas existem
dois tipos de garantias coiicedidas por ela, que sáo lieterogêneas
e assimétricas, embora articuladas ciirre si.
O Passe \;erifica a prod~içãodo psicanalista que resulta da
conclusão do percurso arialisaiire, relatado no procedimento d o
passe. Nele, o que está eni jogo é o ato analítico. do qual o AE dá
testcmuiiho. Para qiie exista (3 psicanalista, é preciso qiie ele seja
produzido, e ele é produzid« pelo ato analítico. Este produto é
formado ? A produçáo d o analista e sua fornasão não são equiva-
Icntes, mesmo que não exista formação d o aiialista sem sua pro-
d u ~ á o visto
, que a forniação iião é pensável sem implicar o psi-
canalista praticante, seni por em jogo a prática da psicanálise.
A íinica prática em jogo na produção do AE é a prática de seu
aiialista (como veremos adiante). E, iio que concernc ao passatite,
é siia própria prática de aiialisaiire já concliiída. poder-se-ia dizer.
?:)de ocorrer - é o caso iiiais frequerite nos dias de Iioje - que o
passaiite exerça, por outros caniiiilios, uma prática analítica. Mas
não é em fuiiçáo dessa prática que ele é nomeado AE. O fato de
alguns AE testeniiiiiliaretii, depois de passarem pelo procedinien-
to, sobre a importaiite influfincia dos efeitos da iionieação eni suas
práticas de analistas, não aiiula essa distiiisão.
Eiitáo, se faz necessário niarcar beni a diferença eiitre o analista
analisado e o analista praticante. Os dois não procedem da mesma
seleçáo, e sua heterogeiicidade corresponde aos dois títulos do gradus
conferidos pela Escola, ou seja, às duas vertentes assiiiiétricas da
garantia. Sua distiiiçao dá acesso àquela entre produção e forinação
do psicanalista. Não valeria a pciia assinalar para L) analista prati-
cante, devidamente preociipado coni sua forniação, a iiecessidade
de náo oniitir sua relação coni a prduçáo do analista! Lacaii consi-
derava a nomeação de AME coiiio Lirn convite a se apresentar ao
Passe. Hoje, a ênfase é posta sobre a formação. O q ~ i eperiiiaiiece, é
a pertinência rerio\zada das duas vertentes, sem descuidar de ne-
nliuiiia, com sua heterogeiieidade, eni primeiro Iiigar.
II - O A.M.E. NA ESCOLA, HOJE
Coiistatanios que as claboraçóes sobre a produção d o psicanalista
são muito mais tiunierosas e precisas do as que concertieni à sua
formação. O Passe, (1s dados qiie resultani d o seu procedimento,
tal como os testeniiinhos dos A€ são sempre colocados em desta-
que n a Escola. Lacan assim o quis, a fim de levantar o véii sobre
o final da análise e sobre o que é o analista, enquanto a IPA
tinha salientado ~iiiicamcnteo praticante. O Passe tevc várias
conseq~iêiicias.entre as quais unia transmissão vivaz da psican5-
lise, que póe ein evidêiicia o que o desejo d o analista teni de
novo e de inédito.
O AME e a garantia de formação do analista praticante fica-
ram sobretudo na (~bscuridade.Para dar um fundamento real a
essa nomeação, nenhum procediniento original foi inventado,
tampouco se tem de formular uma demanda para ter acesso ao
título. Lacan fez e~itenderque esperava muito do AE e quase
nada do AME, que simplesmente respondia a uma necessidade
institucional perante o niundo externo. Segundo Lacan, o AME
devia ser escolhido em fiiiição d o que ele chamava o " bom senso",
uma conveniência que evoca o peso de uma pessoa, ali onde o
rumor, as relaçóes pessoais e as itifluéncias incideni . Contudo,
Lacati acrescentou iini certo número de dados que deveriam ser
recolhidos pela Coniissão de Garantia, tendo eni vista a nomea-
ção dos AME.
Assim, no último anuário da Escola Freudiana de Paris em
1977, no alto da lista dos AME (que nunca mais fig~iro~i como tal
nos anuários das Escolas depois da Dissol~ição),esráo ati~iriciadas
algiimas recomcndaçóes de Lacan, destinadas à instância encar-
regada de nomeá-los. A mixinia segundo a qual " o analista só se
autoriza de si nicsmo niesmo", iiáo exclui de modo algum a " sele-
çáo que garanta a competência", permitindo "um discernimento
ao menos tão severo, senão mais fundamentado que alhures". Essa
seleção deve levar em conta "o questioriameiito permanente da
formação", constitiiído pelo Passe. "para a delegaçáo do título do
qual a Escola como tal garante náo somente a competfticia, mas
tanibém a regularidade da prática de uma de suas jurisdições, em
nome do que a especifica: a qualidade analítica".
"Para tanto:
- Pede 0 acordo d o analista do sujeito.
- Escuta o testemunho dos seus super\~isores(dois ou menos).
- Informa da qualidade analítica d o trabalho d o candidato
nas suas atividades de grupo e também nos seus escritos.
- Se as inforniaçóes recolhidas não forem suficientes, o Juri
convcica o sujeito a fini de se informar da qualidade analítica do
seu trabalho".
Podenios notar que não faltam precisóes, mas também que
elas são bastante clássicas, e não entram em contradição com a
tese segundo a qual o AME é o quc resta da IPA, no plano da
formação, na Escola Una, hoje. Qiianto aos faros, esses dados
são recolhidos de modo muito desigual no curso das delibera-
ções das Comissões de Garantia das Escola. Certamente os AME
são nomeados, mas sem que disso se tenha verdadeiramente
dado conta, nos ensinos aos qiiais as Comissóes estão formal-
mente sujeitadas.
Pois a nomeação do AME não está ligada nem a lima expe-
riência subjetiva própria ao nomeadci, nem a uma transmissão
epistêmica desta. E, uma vez qiie as provas de formação sufici-
ente não são regularniente recolhidas quanto aos fatos, "hoje, é
difícil definir o AME, a náo ser como um membro da Escola
nomeado pela Comissão de Garantia", com a devida prudén-
cia, n o melhor dos casos. Lacan, sem dúvida, o quis assim, ao
fazer com que esse títiilo não fosse nem o objeto de uma deman-
da, nem desejável, nem brilhante. Tal como qiialquer título,
ele é um semblante, mas a ausência de unia performance que o
fundamentaria n o real, o afasta de uma pertinência analítica
precisa.
Os inconvenientes que resultanl dessa situação são evideii-
tes. A competência profissional que o título é suposto sancionar,
está mal documentada o siificicnte para expô-lo às influências
"políticas", no sentido mais pejorativo do termo. A obscuridade
em que ele é niantidc atenua seus efeitos, inclusive os negativos.
Mas devemos nos contentar coni esta situação?
Na hora atual, esse título dewria encontrar uma melhor
pertinência, considerando seu papel na extcnsão da psicanálise,
oii seja, ria sua relação com o niundo externo e coni a maneira
cotifornie ela, ali, sc apresenta. E verdade que a situação da psi-
canálise neste niiiiido mudou .Essa sitiiação é difereiitc da que
conlieceu Lacaii, quando êle estabeleceu as condiçócs que lhe
parecerani necessárias para a obtenção do título de AME. A nova
atenção voltada para a forniação d o para o qiie a
prática da psicanálise tcm de específico na era das psicoterapias
de massa, exige uma reiio\~açãoda abordagcni do títiilo de AME,
exigindo, iticliisivc, que a Escola Una utilize mellior seus AME,
além de inscreve-los iiiima lista.
O questiotianicrito permanente da formação do psicanalista
é o que podcria servir dc contrapeso à permanência do títiilo de
AME. Seria então possivel explorar outras vias que nos pcrniitis-
sem uma mellior iitilizaçái) dos impasses da garantia?

111 - AS DIVERSAS VIAS


É necessário "formular uma teoria da formação que leve em con-
ta o passe, mas que não torne a formação uniiaterai fazendo-se
únicamente pelo passe" (].-A. Miller, citado no Documento so-
bre o princípio da supcruisão na Escola).
Para a psicanálise, as relações niatidas pelos psicanalistas coni
ela é algo de muito importante. Essa questáo está presente cni
cada análise, e cabe à supervisáo não cessar de relatiçar essa
presença. Ela é taiiibéni primordial nas relações dos psicaiialistas
entre si, das quais a Escola constitui o lugar de predileção, seni
esquecer as relaç6cs dos psicanalistas coni o mundo externo, onde
a Escola iiitervéni igiialnieiite. A fundação da Escola Una, em
sua posição de extiniidade em relação às outras Escolas, podcria
abrir novas vias, unia iio\ra abordagem para o AME.
Pode-sc deduzir da política lacaniana que um equilíbrio di-
nâmico é necessário entre o seniblante e o real na instiruição
analítica, para tratar do laço entre os psicanalistas e a psicaiiáli-
se. A qiiestáo da formação é tecida de paradoxos, como aquele
baliíável no próprio Lacan, quando ele afirma: "não há formação
do analista, há forniações do inconsciente". No entanto, o mes-
mo Lacati escreveu tio Ato de Fundação e alhures, qiie a Escola
ministra lima formaçao que ela deve garantir em cada caso.
Por outro lado. quando a Escola nomeia tim AME, ela faz
unia suposição de savoir-fairc qiiaiito à experiêiicia clíiiica do
analista praticantc, quc deve saber orientar a análise além da
terapê~itica.Entretaiito, essa nomeação não garante os resiilta-
dos da prática do AME. Esse título garante a quem recorrc ao
AME conio analista, c Ilie faz Lima demanda, que ele está lidaii-
d o com uni analista formado pela Escola, capaz de produzir o
efeito qiie periiiite ao sujeito tomar a decisão de entrar iilim iiovo
laço social. iiií.dito, que é o disciirso psicanalítico. Corno essa
garantia dada pela Escola pode ser verificada em seu fiiiidanieii-
to, se nela iiáo Iiá iiada de real que possa apoiar seu ser de sem-
blaiite?
Coloca-sc a questão de iiiiia perforniaiice para o AME eni
esperança (e11 espéraiice), porém ela é difícil de acliar, já que ser
AME não se demanda. Lacati fez unia proposição coiisequeiite
na primeira versáo de siia Proposição de 9 rle outubro de 1967':
quando tini aiialista praticante tem um dos seiis aiialisantes no-
meado AE, êlc scrá noineado AME, caso ele ainda não o seja. E
se êle já for AME, ele será nomeado AE. É verdade que dirigir o
tratamento dc t i i i i de se~isaiialisantes até a nomeação como AE,
é iima garantia para a prática de seu aiialista. É siirpreeiidente
ler cima tal proposiçáo de Lacan na primeira versão de seu texto,
no qual ele dcfiiie, pela primeira vez. os dois títulos garantidos
pela Escola. A perforniaiice, senáo a façanha, de tini tal praticaii-
te é iiidisciirível, niesnio se só podemos fazê-la valer eni casos
excepciiiais. Com certeza, essa parte da da Proposiçáo de Lacaii
1150 pode ser uma solução geral ao problema dos suportes da iio-
meação do AME e dc) AE. O níimero de AME suscetível de se
toriiar AE por essa via, é estatísticamente pouco significati\:o.
Porém a raridade, o lugar das cxccçóes lia teoria de Lacaii é,
como se sabe, fiiiidaiiiental. Basta lembrar a importância dada
por Lacan ao Uni de exceçáo, ao niais-um e sobretiido ao " ao-
meiios-tini ". Mcsnio se tal \:ia de pron~oçãodo AME ao titulo dc
AE - qiie utiliza o dispositi\ro d o Passe sem qiie esse AME teiilia

i "Priili<isirioi! dii 9 ixtiihnc 196i". prcs>ii.rc versio~i,Ornicar! An;ilytica


J. L?c;iti.
vol. 8. 1978.
que fazer o Passe - só produzisse coiiseqiiêiicias secundárias qiian-
to ao número de novas nonieaçóes de AE, ela poderia mudar,
ainda que por um fio, a relação qiie o AME e o AE mantêm n o
seio da Escola. Antes de mais nada. lima tal disposição poderia
corrigir o efeito perverso, denuitciado por Jacqiies-Alain Miller,
d o caráter temporário da fiiiição do AE. Esse efeito perverso tor-
tioii mais difícil a polarização dos dois títulos queridos por Lacan,
iio momento em que ele formalizou a estrutura do gradus e da
hierarquia em sua Escola. Antes da Dissolução, o AME podia se
tornar AE definitivamente, fazendo i> Passe. Atualniente, como o
título de AE é de caráter provisório, este só pode se tornar um
AME em esperança (caso ele ainda não o seja!). Houve então
uma iiiversão das coisas. Antes, o status pernianente do título de
AE o levou a "se encastrar na casta". Hoje, por causa do seu
statiis provisório, o AE está fadado a se alojar tia classe d o AME
eterno. Será que não existe iim risco de efeitos perversos suple-
mentares para o AE que se tornou AME? Poderia este se tornar -
investido da suposição de saber ligada R siia antiga fiinção de AE
- o Analista Mesrre da Escola?
O bom uso do AME seria conservar o seu status de semblan-
te, que é o que êle tem de mais consistente, uma vez que ele
náo tein outra referência real sobre a qual fundamentar-se, a
náo ser o exercício de iim seniblante de objeto, permitindo a
orieiitaçáo das análises que ele conduz em direção ao real e ao
desejo d o analista d o qual ele é suporte. É o que constitui a
"cifra ir6iiica" do AME, como o qualifica Lacati3. Náo se trata
da ironia que desqualifica. mais d o qiie surte efeito, ali onde ela
visa, mas da ironia com a qual a Escola deve conduzir a disputa
das garantias em praça pública. Conio disse outrora Jacques Alain
Miller4:"A ironia duplica o Outro : uni entende i> sentido superficial,
enquanto o outro entende o inverso, conio se deve entender. Di-
vidindo o Outro, ela separa o exotÉrico do esotérico. É por isso

' J. Lnc:tn " Lcrrrc atix imlicrir ", La Irtrrc Mcnsurllc dc I'ECF n' 9, ahiil 1962.
' 1.-A. Millcr. " Sictc adjcrivor d c 1;s pal:ihr;i c<ioiittiid;>d". M:ir- Uno no 2. agosto
1977.
que a ironia isola da sociedade a comunidade dos que entcii-
deni a ironia. Todo o eiisiiio de Lacan é tão iroiiico quanto ma-
temático. A comunidade analítica mesma deve ser ironica dian-
te das autoridades sociais : ter a consideração devida para com
os poderes. e sempre manter a distância e a irrisão".

IV - UM NOVO A.M.E.?
Trata-se de achar uma nova utilidade para o títiilo de AME par-
tindo de suas pertiiiêiicias, sobretudo na perspectiva de iinia abor-
dagem renovada da formação d o praticante da psicanálise. Mas
poderia ocorrer também, que liou\~esselugar para refletir sobre as
modificaçóes d o regulamento e dos proccdiiiieiiros que levam à
atribuição desse título, a partir da Escola Una e da sua posiçáo
de êxtinio, eni relação às outras Escolas da AMP. Jacques-Alaiii
Miller evocou o ensejo de ver o procedimento de iiomeação dos
AME "aperfeiçoado". A rcforiiiiilaçáo dos priiicípios de estabele-
cimento da garantia poderia coiitribuir para renovar a Escola no
limiar d o novo século.
O psicanalista se define pelo seu desejo, mas o que se torna o
desejo do analista ao longo do percurso de sua prática! O AE
nomeado certifica qiie há psicanalista, mas conio ele funciona no
caso por caso de sua prática? Como se analisa hoje ! Como se
utiliza a psicanálise aplicada, tal cnnio definida no Ato de Fun-
dação, distinguindo-a da psicaiiálisc pura, já qiie a psicanálise
aplicada se caracteriza pelo exercício do ato analítico que, sem
desdobrar todos os seiis efeii:os, evita também que a psicanálise
seja rebaixada, por sua sediição, à siniples psicotcrapia?
Essas questões e outras qiie poderáo advir, nos ajudarão a
circunscrever os contoriios da nomeação do AME. Será preciso,
sobret~ido,apostar na necessidade da s~ipervisáo,conio prova priii-
cipal de capacitação, seg~iiidoos princípios eiiuiiciados no Do-
cumento precederite do Coniitê de Ação. Esses sáo os debates a
suscitar, que podem reavivar o interêssc apresentado pela qiies-
tão da garantia, no iiionienro da Escola Una. No que conceriic
ao AME, tal qual existe atiialmeiite, por que não convidá-lo a
falar do qiie é o AME! O AE tanibéni, como analista da experi-
éiicia da Escola, tem algo a dizer, assim conio cada um dos outros
membros, analistas praticantes ou tiáo, analistas ou riáo analistas
da Escola Una.
Dirigindo-se à Comissáo de Garantia da ECF, Jacques-Alain
Miller se expressou nos termos seguintes:
"Ou nós conservamos (...) a prática dcssc titulo dada por
Lacari, ou vamos niais além. Se nos mantemos aqui, evitamos
fazer ondas. N o máximo se anunciará discretamente que o mais
autêntico para sancionar o títiilo de AME é a s~ipervisão(...). Ir
mais adiante, seria definir para o AME em esperança uma
performance. Mas qual! E a quem demandar, uma vez que ser
AME náo se demanda?".

Temos aqui matéria para laiiçar um vcrdadeiro debate na


Escola Una.

O COMITÊ DE AÇÁO DA ESCOLA UNA


Liicia D9Angelo (Barcelona)
Luis Erneta (Buenos Aires)
Lêda Guimarács (Salvador, Baliia)
Jean-Pierre Klotz (Bordeaux)
Ronald Portillo (Caracas)
Massimo Recalcati (Miláo)
Paulo Siqueira (Paris)
Mauricio Tarrab (Buenos Aires)
Pierre Thèvcs (Paris)

Kevisáu: Veru Auellar Ribeiru


Repensar a Escola*

R O M I L D ODO RÊCO BARROS

Coiivocados pelo Delegado Geral da Associação Mundial de Psi-


canálise, Jacques-Alaiii Miller. os mcnibros da EBP estivcnios
reunidos em conversação, de 16 a 18 de dezembro últinio eni
Belo Horizoiite.
O evento, coordeiiado por jacques-Alain Miller e Romildo
d o Rêgo Barros c orgaiiizado por Jésus Santiago, Sérgio Laia e
Saiiiyra Adler, rcve um iionie, Repeiisar a Escola, e foi precedido
de iim amplo debate elerr6iiico que durou alguns iiieses, niode-
rado por Sérgio Laia.
A niesa foi composta, além dos coordeiiadorcs, por Graziela
Brodsky e Maria do Carnio Dias Batista, rcspcctivanieiite Dele-
ga& Geral Adjuiita da AMP e Diretora da EBP.

Agenda - T e n d o sido um dos coordenadores da 111 Conver-


s a c i o , que nos fez "Repensar a Escola", em BH, e como atu-
al Presidente d a EBP, qual a sua avaliação dos efeitos desse
trabalho tão intenso?
Romildo - Se a sua nunicração está levando eni coiita as duas
coiiversaçóes clínicas de Campos d o Jordáo e de Mangaratiba,
penso que deveremos dizcr que a Coiiversação de Belo Horizon-
tc, que reutiiu os niembros da Escola, foi a primeira, pois as duas
outras foram orgaiiizadas no ãmbito dos Institutos, representados
iia coordenaçá» de Jorge Forbes. Se clianio a atenção para isso, é

* Prcsidcnre da Escola Br;isileir;i d r Prica~ihlisi.Erra c~irrcvirraÇ iima vcrsiu


ainpliada da que f i ~puhlic;iil;i
i rna Agciiila <i;i EBP-R] nu mi.s dc icrrrcir<idcsrc ; i ~ i i i .
A s rçspixras ii,niii iim racirci midifirndss, ii,r;isi sohreriido niiiiicnradas, nins a s
pcrglisiras. formiiladns inici;lliiicritc por Hcli,ís;i C;ild:ii r Sara I'iix. hram nianri<l;ir.
R.R.Barros.
porque me parece qiie a Conversaçáo de BH abriu um novo ho-
rizonte, ofereceu-nos unia saída original para as dificuldades, e a
partir dela dispomos de tini tiovo recurso institucional, que náo
coincide exatamente coni os objetivos das conversaç6es clíiiicas.
O adjetivo usado na perguiita é bem justo: intenso. De fato o
nosso trabalho foi de unia grande intensidade, seja li« sentido da
seriedade com a qual os assuntos forani tratados, seja no do com-
promisso que cada um de nós teve coiii aquilo qiie dizia. Talvez
isto seja característico de unia conversação institucional: cada in-
tervenção parece vir inipregnada de uma grande rcsponsabilida-
de, às vezes até de tinia certa gravidade, que por alguma razão a
conversação acentua. E c«m» se, lima vez que as falas tendem, de
saída, a unia eq~iivaI@iicia -caso contriirio não haveria conversa-
ção, mas uma outra coisa-. cada participante medisse os efeitos da
sua própria fala, nos seus ctilegas e no coiijuiito da Escola.
Penso que os efeitos imediatos forani positivos, uma vez que alguns
obstáculos ao funcionametito foram traiados, o que resiilta em uma
recomposição da affectio societa~isquc porventura estivesse
ameaçada. Mas, há tamb6m os efeitos de niais longo prazo, os efei-
tos dos efeitos, que pedem niais tempo até poderem ser avaliados.
Estes são decisivos. sejani eles negativos ou positivos.
Agenda - Nessa Conversação, debatemos, além das ques-
tões d a Escola, também outras acerca d a estruturação dos
Institutos a nível nacional. Na sua opinião, a partir desse
debate, o q u e avançou na relação d o Instituto com o seu
Outro - a Escola?
Romildo - A este respeito, acotiteccu tima coisa curiosa: estáva-
mos todos preparados, pelo menos me parece, para uma discussão
sobre a Escola, sobretiido sobre essa ~ L I C S sempre
~ ~ O presente que
é o Uno da Escola. Aliás. penso que discutir sobre o Uno da
Escola até se tornou entrc nós unia das mariifesta~6esdo Uiio,
comparável às assenibléias, à revista, etc.. Quer dizer, não discu-
timos somente para encontrar saídas para os problemas que sur-
gem, mas tambéni para exercitar algo d o Uno, para p6-I« direta-
mente em prática.
Durante a conversação, imp6s-sc po~icoa pouco ao lado do da
Escola um outro Uiio, ar6 certo ponto inesperado: 0 Uno dos Ins-
titutos. Até hoje, os Iiistitutos têm sido o lugar por excelência d o
Múltiplo, da dispersão, das difcrcnças regioiiais. Neles se reali-
zani experiêiicias diversas, talvez até divergeiites, e qiie só infor-
malmente se comunicam. Na coiiversaçáo, surgiu um novo Uno
sob a forma dc uma articulaqáo nacional, de um Instituto Brasi-
leiro, que aiiida iião tcni Lima forma definida mas já inobiliza
nosso pensanieiito pelo fato de ter sido anuiiciado. Uma equipe
de oito colegas, chamada Coniissio Materna, foi constituída na
con\~ersação,a partir de uma idéia de Jacques-Alain Miller, para
estudar a nielhor maiieira de iniplaiitar esse instituto iiacional,
assim como em cada região poderáo poiico a pouco ser criadas
Comissões de Proposta, à semelhança da que foi criada durante a
coiiversação para a reforma do Instituto de Pesquisas em Psica-
nálise de Sáo Paulo. Também de âiiibito iiacional, foi criada uma
revista, clianiada Clic ou Cliqiie (ainda sc discute a grafia mais
adequada), ciijo coiisclli« é composto pelos atuais diretores dos
Iiistitutos, e tem por secretário Raiii Maiidil. A revista até já tem
o tema d o prinieiro núniero: Palavras e Pílulas.
Na verdade, temos agora eni face de nós dois Uiios, e não
mais um. Isto deverá exigir iim maior aprofiiiidanieiito das rela-
çóes ciitre os Instit~itose a Escola, e passa a ser iiecessária uma
formaliíação dessas rclaçóes. Se antes a Escola era o Outro d o
Instituto, sem que isso tivesse uni sciitido itistitiiciunai muito claro,
a partir de agora a correspondêiicia será direta e quase orgânica,
apesar de iião sabermos ainda conio isso se fará na prática. A
reunião dos Institiitos em âmbito iiaciunal terá a médio prazo
uma grande influência na nossa maiieira de traiismitir a psicaiiá-
lise, e nos possibilitará uma titiidade prática que poderá lios dar
os meios para Lima estrutura sólida de pesqiiisa.
Agenda - A EBP possui como traço d e diferença em relação
a s outras Escolas a sua posição peculiar e m relação ao MuI-
tiplo. Apos a Conversação. ou a curto prazo. o q u e mudou,
ou tende a mudar, na relação d o Uno com o Múltiplo?
Romildo - Essa posiçáo peculiar da ERP, no nieu entender, oca-
siona dificuldades mais ou menos periódicas iio Uno. Isto náo é
tini mal, muito pelo contrário, é uni niovinicnto dialético qiic
exige que saibamos tirar liç6es de cada unia dessas dificuldades.
Penso qiie há mais de um sentido para o qiie cliainani«s de
Múltiplo: tini deles. que caracteriza a EBP, se liga às pr6prias
condiçóes do país, sua extensão territorial. sua relativa dispersão
cultural, etc. Isto não pode ser reniediado, e nem seria interes-
sante. porque é a própria riqueza da Escola. Um outro Múltiplo,
qiie é, por assim dizer, o avesso da niedallia, f a dispersáo como
conseqüência - e n ã o como causa- d e uma dificuldade o u
desmobilização grave no Uno, o que pode aproximar perigosa-
m e n t e as estrutiiras locais d e tini funcionamento d o tipo
"narcisismo das pequenas diferciiças". Este último ameaçaria a
própria sobrevivência da Escola: se iião necessariamente como
instituição [tinia instituição pode ter uma iiiércia espaiitosa], sem
nenhuma dúvida como Escola de Lacan.
E já qiie falei dessa noção freudiana, penso que seria bem
interessante compararmos teoricanieiite o "iiarcisismo das peque-
nas diferenças" com aafjectio societatis, essa expressão qiie Jacques-
Alairi Miller foi buscar no jargão jurídico, e que desde então faz
parte do nosso vocabulário. Seria iim estudo muito rico d o ponto
de vista político.
Parece-me que eiiqtianto esta última diz respeito ao objeto
que escapa ao significaiite -e neste seiitido serve como iiidispeii-
sávei supienieiito para os estatiitos, regulamentos, etc.-, o pri-
meiro consiste em iim recobrimcnto imaginário que visa manter
uni certo universal, o qiie se dá ao preço de iinia negaçno do real
que, segundo dizia Lacaiiiia sua Proposiç&ode outubro de 1967,
está tia base das sociedades psicaiialíticas. podeiido estas ignorá-
lo ou náo. Talvez até piidéssemos pensar que 0 "narcisismo das
pequenas diferenças" surge conio unia espécie de degradação
imaginária da affectio societatis. Mas, isto seria uma longa discus-
são, que não cabe aqui agora.
O que cabe dizer aqui é qiie a EBP terá de achar uma nianei-
ra criativa de recompor a força do Uno. e isto acotiteccrá sem
dúvida outras vezes ao Ioiigo da siia história.
Agenda - O que s e pretendeu delinear nessa Conversação
acerca da diferença da vinculação a Escola d o Membro e d o
Aderente, tendo em vista que. pela primeira vez. uma Con-
versação foi restrita aos MEs?
Romildo - Não me parece exato dizer-se qiie a Conversação excluiu
os aderentes da Escola, conio foi dito aqui e ali por alguns colegas.
O que houvc foi unia Conversação da AMP para a qual foram
convocados, pela primeira vez, os menibros da Escola Brasileira
de Psicanálise, o que é bem diferente. Foi feito um apelo à fala
daqueles qiie são. eni princípio, os prinieiros respoiisái~eispelo
destino da Escola, e qiic, ainda em princípio, seriam os maiores
perdedores se a Escola pcrdesse o rumo.
O que C iiitcressante é que essa difereiiciaçáo entre membros
da Escola e aderentcs, no caso da Convcrsação, provocou nial-
estar sobretudo entre alguns colegas adereiitcs que exercem fun-
çóes de coordenação ou de liderança nas Dclegaçóes, e por isso
têm uma responsabilidade muito próxima à dos menibros da Esc»-
Ia. Foram sobretudo algiiiis desses colegas que se sentiram um pou-
co excluídos, o que é compreeiisivel, Lima vez que poderão ter
novas responsabilidades seni terem participado das discussóes.
No final das contas, esta é unia ocasião bastance rica para
cada um de nós "repetisarl' quais os limites do seu laço com a
Escola, ou até que ponto aceita levar o seu coniproiiiisso. Isto
passa inevitavelmeiite pela necessidade de sabermos se nos seii-
timos suficieiitemeiite bem representados n o significarite que nos
situa na Escola: membro, aderente. correspoiidente, ctc.
Agenda - Qual é a s u a expectativa (ou o seu Wunsch...) em
relaçáo ao futuro da EBP?
Romildo - Acho que a Escola Brasileira de Psicanálise pode dar
Lima contribuiçáo original para o conjunto da comunidade inter-
nacional, e ao mesmo tenipo tornar interessante e vivo o trabalho
dos que a compóeni: seus niembros, adereiites, correspondentes,
e iiiesmo aqueles que a frequentam sem serem filiados a ela, como
os cartelizantes e os que participam Iiabitiialmente dos seminári-
os, encontros e joriiadas.
Para isso, é preciso qiie ela encontre a boa dosagcni entre a
nccessária busca da estabilidade, que é unia condição para que
uma instituição qualqiier possa durar, e ao mesmo tenipo uma
agilidade, iima aptidão para a iii~idançaque privilegie iiáo o
aspecto propriamente iiistitiicional, reguianieiitar, conrratuai, mas
o aspecto informal, o da tyclie, no qual se p<issanireconhecer efeitos
de transferência. Em termos sociológicos, tratar-se-ia de bem
dosar a dupla dimensáo de instituição e de movimciito. E a partir
dessa dosagem, me parece, que poderemos construir no Brasil o
que Jacques-Alain Miller chamou de "comunidade analítica dc
trabalho". que visivelniente ainda não existe eritre nós n o plano
nacional, apesar de estarmos a caminho. Pode ser que este
caminho não seja reto, direto. sem acidentes, mas isto não é muito
importante, nem para a política da psicanálise c nem para a sua
clínica.
Agenda - Na s u a opinião. qual é a perspectiva d a Psicanali-
s e para o século XXI ?
Romildo - A pergunta é vasta, e certamente vai além d o que
alcançam os meus ollios. Mas, vamos lá: penso que o nosso pri-
meiro objetivo, de todos n6s e de cada um. deve ser a sobrevivên-
cia da psicanálise, isto é, que ela possa ingressar no século XXI
sem perder o que tem de essencial c sabendo criar novas respos-
tas para as novas perguntas. Para isso, não basta o nosso empe-
nho, apesar de que ele conta. É preciso também que algo do real
permita essa sobrevivSncia, assim como algo do real permitiu que
a psicanálise fosse inventada há um s6culo. Dito de outra manei-
ra, é preciso que a função do psicanalista continue a ser o que
Lacan chamou de "sintoma social", e não uma versão adaptada
de outras fiinçóes que existem desde sempre. tais como os mes-
tres, sacerdotes e médicos. E, sobretudo, que o psicanalista não
seja demasiadamente - ele o é às vezes. queira ou não - um
reforço para o poder claudicante do pai dos nossos tempos.
Do nosso lado, e em conseqüência, é preciso que tenhamos
uma certa sensibilidade para o surgimciito desse algo do real, isto
é, que saibamos reconhecer o excluído o u o segregado da nossa
época, através da escuta dos sintomas, velhos e novos. Isto, que se
impóe na nossa prática com sujeitos singulares. também tios é exi-
gido no âmbito da Escola, que, talvez por ser um sujeito coletivo,
pode nos permitir a ilusáo de uma divisão em partidos, que são
agremiaçóes onde simplesmente se preparam os fut~irosuniversais:
um partido é sempre tima parte, prr>visoriamente, enquanto não
abrange o conjunto d o iiniverso. Do tipo "amanhã a Internacional
será o gênero humano", que nada tem a ver com a psicanálise.
A importância e a fiiiição d o passe na nossa comuiiidade é,
justamente, de coiistituir iiiiia antccâniara permanente. um es-
paço que iiáo se estenderá ao universo, que tião tem a vocaçáo
d o dogma, que não visa se repetir seni surpresa, mas, elo contrá-
rio, visa produzir o novo c fazer-nos escutá-lo.
Escutar o novo não é táo simples, às vezes é até bem difícil:
implica sair d o esperado, dci quc já foi coiivencioiiado, d o
etiquadraniento da experiência acumulada, niuiras vezes sem o
apoio das regras ou do costume. Mas, no final das contas..., não é
para isso que deveria servir o psicaiialista!
Eu não gostaria de terniiiiar este depoimento sem dizer que
para mim foi unia honra tcr presidido a EBP neste momento de
tantas dificuldades, mas ao mesmo tempo dc tantas propostas e
tantas niaiiifestaçiies de uni desejo qiie iios faz contiiiuar a exis-
tir. A coiiversação "Repeiisar a Escola" foi uiiia das ocasióes em
qiie isto apareceu de forma privilegiada.
"Autorizar-se de si mesmo...
e de alguns outros"
Uacques Lacan, Ata de fundação da EFP, 1964)

SARA PEROLA FUX

Miller, na sua nota de 181912000, se inquieta pelo uso que estaria


sendo feito no Campo freudiano da qualidade de \>sicanalista e a
reporta à falta d e unia "regulação". "A psicanálise não é uma
psicoterapia entre tantas outras", ele diz, lima simples "pratica da pa-
lavra" que, pela multiplicaçáo dos "operadores especializados ", pode
culminar por uma desqualificaçáo que ameaça fazê-la submergir.
Miller atribui esse fato também a iini "dado de estmtura" que Lacan
enfatizou "maliciosamoite" na sua Ata de fiindaçáo de 64 como " o
analista se autoriza de si mesmo...". Lacan distinguia aquele que se
declara analista praticante (AP) daqiieles que "se tomam resj>on-
sáveis pelo progresso da Escola". Assim, a Escola diferencia o prati-
cante da psicanálise auto nomeado daquele aivalista cujo "gradus"
"responde a essa perspectiva" - o AME, "gradus" que é outorgado
"pela fato de que a Escola o reconhece como l~siuinalistaque deu suas
provas",e o AE, "aquele que pode testemuduir [pela via do passe] os
problenuis cntciais nos pontos vivos em que se encontra para a análise,
na medida em que esta ele mesmo na tarefa ou na via de resolvé-
10s."..."Esse lugar [de AE] implica que se queira ocupá-lo: mio se pode
aí estar s e n ~se o ter pedido tle fato, sem se o ter demandadodo fonml-
mente." (Lacan, Proposiçáo de 9 de oiitithro de 1967).
Daí que, para aqueles que se declaram na Escola exercer a
psicanálise, aqueles que se auto autorizam, se torna uma espécie
de dever, uma forma de engajamento. "dar a saber" como cada
um se ocupa desse Iiigar tio qual se autorizou "de si mesmo", ou
seja, qual o uso que faz dessa autorizaçáo e qual o saber que
retira da sua prática para "fazer auançar a psicanálise". Assim, cada
um deveria se obrigar a transmitir a sua prática clínica enquanto
analista praticantc, fazendo "l~assar"aquilo que na sua trajetória
analítica o levou a se autorizar nessc lugar. Àqueles solitários
que não se aiitorizam se~iáode si mcsmos, àqueles que não têm
nenhum perteiicimento instit~icioiial,tiido seria ~ e r m i t i d oconio
,
diz Miller, mas àqueles que csrão engajados numa Escola é preci-
so adicionar a essa aiitorização a "...de alguns outros", segundo
Lacan. Dessa forma, nada niais é permitido a não ser pela via de
constatar a eficácia da psicaiiálise através da exposição para a
comunidade analítica dos instrunientos que esse praticaiire tem
para verificar a sua abordagem do real, real com o qual se defron-
ta no seu cotidiano através da operação analítica. E nesse senti-
do que Miller diz que "a Escola é um sujeito, pois é uma formação
coletiva, ela tem um uleal, ideal este, porim. que mio sutura a solidão
subj2tiva."... "A Escola é uma série de solidões." - não um conjun-
to, tiias, iima série ... Eiitso, niesmo já tendo se autorizado "de si
mesmos" a dirigirem análises, os sujeitos analistas "deuon umbém
se tomar responsáueis por mariter viu0 o discurso aiuílítico e assegurar
o avanço de saber que se produz nele" (Carlos Augusto Nicéas),
através da progressiva revelaçáo e exposição da sua relaçáo com
a causa analítica
Se o passe está do lado do "dar a saber" conio se produz um
analista, o analista praticante se eiigajaria na Escola pela via da
traiismissáo da siia clínica, o que o tornaria uma espécie d e
"passante permanente da siía prática". Dessa forma, podemos pro-
por que uma Escola náo é tima reuniáo ou uni conjunto de ana-
listas: é tini conjviito de "j)assantes permanentes". Era o próprio
Lacan qiieni dizia: " Eu vivo fazetufo o passe...".
Sabemos que é unia constante para aqueles que se eiigajam
numa análise que isso produza efeitos sobre a sua prática, pois é
então que o analisante em formaçáo 6 levado a assumir uma res-
ponsabilidade em relação aos tratamentos que dirige.
" C ( m não perceber que a supervisão se impcie desde o momento
em que aparecem esses efeitos!" (Lacaii, Proposição). E aí podemos
situar a questáo da importância da supervisão como sendo um lu-
gar ondc o sujeito analista demonstra a iim Outro os efeitos, a
eficácia e as coiiseqiiências que obtém na sua prática clínica, a fim
de tentar através dela definir o que seria um analista praticante.
Não se trata, pois, de um exame de suficiência ou da outorgaçáo
de uma garantia (mesmo se há demanda para tal). Da niesnia for-
ma que passar de analisante a analista dcniaiida um ato, a supervi-
são funcionaria como uma espécie de "testemunho íntimo" dessa
experiência tão particular. Tomar o siipervisor como "testemunha"
é "fazer passar" a experiência clínica a uma transferência de traba-
lho da a Escola pode vir tambéni a se tornar depositária. To-
mar uni Outro como supervisor é consequêiicia da passagem do
"horror ao saber" sobre seu ato ao "tlesejo de saber" sobre a comple-
xidade da prática clínica. Nesse sentido, a siipen~isãodeveria ser
uma experiência permanente, já que estaria concctada a esse "de-
sejr, de saber" que "anima", que sustenta, a formação do analista.
Assim, escolher fazer supervisáo é estar coiiceriiido por sua própria
causa, é estar causado por uma Iiiâiicia, a sua, que Ilie proporcio-
naria "a possibilidade de encontrar o lugar querido por seu desejo na
incoirçist8ncia do Outro" - a Escola (Miller).
Recolher da prática clínica a referência 6tica de uni analis-
ta. a sua relação com o "mio ceder sobre o seu desejo", seria a
possibilidade dc instaurar na Escola unia espécie de "clínica da
supervisão" (termo sugerido por Romildo d o Rêgo Barros), ou seja,
isso deslocaria o sentido da supervisáo: ao ilivés de ser tomada
como mais uma atividade curricular e de aprendizado, se torna-
ria uma atividade de formaçáo permanente - de um "savoir faire"
a uni "faire savoir", oii seja, um "dar a saber" (ao supervisor e à
Escola) sobre sua posiçáo de analista. A supervisáo, então, náo
seria tão somente uma busca de soluçá« para um problcma enier-
gente ou cruciai, mas, sim, uma reiaçáo constaiite entre a verifi-
cação e a retificação da posiçáo do analista.
Incluir a implicação do sujeito analista na sua exposição de
um recorte clíiiico é expor a "céu aberto" a validade ou a iiigerên-
cia da supervisáo na sua prática. O u seja, além de transmitir a
clínica e seus impasses, seria interessante se poder transmitir tam-
bém a experiência de super\risão, os efeitos de mudança de posi-
çáo subjetiva que ela pon~entiiraproduzi11 rio supervisionando (e
quiçá no supervisar[!]) e as coiisequências clínicas que a partir
disso incidiram sobre a direção dos seus tratanientos.
Os dois "nada" da anorexia"

MASSIMO RECALCATI

1. O Culto do nada
Hoje escollio como porta de eiitrada iia clínica da aiiorexia a
porta do 1iada.É esta a perspectiva fiiiidaniciital valorizada por
Lacan: a escollia a~ioréxicaé a escolha do nada, é a escolha do
"coiiier nada"'. A nossa experiéiicia clínica com o sujeito aiioréxico
coiifirma esta centralidade absoluta iio iiada.
"Gosto de liada ... como nada ... desejo nada ... devo não sen-
tir iiada ...".Trata-se de um eiiuiiciado típico do sujeito anoréxico.
Eni geral, se pode afirmar que a aiiorexia se coiifigura como uni
culto, um elogio, uni faiiatismo, unia paixão pelo nada.
Também a clínica iios eiisiiia que o liso iio singular da catc-
goria da aiiorcxia não ~ o d eorieiitar eficazniente, cvideiitenien-
te, iicm o diagiióstico difereiicial. nem a cond~içãoda cura. Na
nossa prática tomamos como ceiitral e decisivo o critério do diag-
nóstico difereiicial da anorexia como critério guia para o trata-

'Esre rcrta rcl>rodiiz :> c<inicri.ncia .~cotirc.ciila tia SccíIii dc Mndri da Escola Eiiro-
etii 5/5/2IKiO, c i ~ i i incri.srirni> dr iii>r;is niccsrbrias.
pfia de Psici>:~~i51isc,
I Cf. J.L;ica~i,11 Serninario XI:i qtiuirro crilicerti fondoiiicriiali dellu pricoanolisi,

Ein;iud,Ti,riiin. 19i9. p. 106.


mento. A iiidividualização do fen6metio anorfxico ou annréxico-
bulímico é de p r r si fAcil. A anoréxica se evidencia como
anoréxica. Não hS. neiiliuni enigma lia sua posiçáo e, mas, até,
de preferência, um excesso de evidi.iician. Mas ... eni suma, n%o
vê que sou anoréxica!!!", disse-me uiiia mulher aiioréxica impa-
ciente com a minha perplexidade acerca de seu mal-estar ... Para
uma anoréxica a anorexia se impóe como uma causa eficiente. É
a evidência da Causa primeira. Por isto a aiioréxica tende a no-
mear efetivamente a anorexia como uma Coisa presente. Como
uma Coisa que causa. Conio a Coisa qiic causa o mal que aflige o
sujeito.
Uma outra paciente me mostrava uiiia fotografia de seu cor-
po bronzeado, deitada em uma praia exhtica, feliz de me mostrar
sua bela forma para depois me dizer, indicando o contraste coni
seu corpo atual, esqueiético: "Veja, veja que coisa é a aiiorexia ...!".
Não podemos entáo nos contentar com a evidência do fenô-
meno. Devemos poder levar o fcnômeiio genérico da anorexia 3
dimensão diferencial da estr~itura.Devemos extrair do mono-
cromatisnio d o fenômeno típico (anieiiorréia, perda poiideral,
hiperatividade, recusa ao alimento, enipilxo acl eiiiagrecimcnto,
etc.) o traço cromático específico da estrutura subjetiva. Se a
anorexia no singular não existe, existeiii. porém, as aiiorexias -
anorexia neurótica, perversa e psicótica. Uma clínica estrutural
da anorexia deve poder fiigir do alarme de uma "nova estrutura.'i.
Trata-se, sobretudo, de conhecer o traço diferencial da anorexia,
o traço que permite conhecer a função de compensação, suplência
ou até de expressão do delírio do sujeito (conio ocorre na psicose),
isto é, opor a sua função de defesa do ou de desejo que contra-
distingue em geral a sua inclinação neurótica.
É n o sinal de uma clínica diferencial da anorexia que procu-
rarei disting~iirdois estatutos d o "nada" na anorexia, e assim,
sobret~ido,esboçar Lima clínica diferencial do "nada".
2. O primeiro nada
O primciro nada é aquele iiiagistralmeiite isolado na doutrina
clássica de Lacan sobre a aiiorexia que sc acha condciisado em
particular n o escrito "A Direção do Cura e os princípios de seu
poder". O prinieiro nada é o nada como objeto separador. É o
na fórmula "separação contra alienaçãovJ. Na anorexia, de fato,
a separaçáo do Outro se configura como um modo para negar a
dependência estrutural (simbólica) d o sujeito ao Outro. É uma
separaçáo que aponta o des\~incular-seda alienaçao significante.
Neste sentido a radicalização da escolha anorfxica pelo nada
contém por si só um princípio de loucura, se a loucura, como
ensinou primeiro Lacaii, é lima paixão pela liberdade contra o
vínculo sancionado d o significante.
O primeiro nada é, então, um nada que nos deve remeter à
separaçáo. E uma indicação que se reencontra até em Jacqiies-
Alain Miller quando afiriiia que o sujeito anoréxico é a expres-
são pura da divisão d o sujeit(> e qirc deve podcr se situar ao
lado da separaçáo mais que d o da alienação4. Este nada, o pri-
meiro nada da anorexia, 6 iim nada que anula a natureza tran-
sitiva da demanda em nome do desejo. A satisfação da deman-
da não poderá de fato realizar a satisfação d o desejo. A clínica
da anorexia ilustra de modo paradigmático esta cisão e esta
h e t e r ~ ~ e n e i d a destrutiiral
e entre a necessidade e o desejo. Aqui
o nada aparece como associado à recusa. Ou, se se quer, a re-
cusa aparece como a própria ação d o nada. Conio a tradução
em ato d o nada. A recusa anoréxica é, efetivamente, o ato que
faz surgir o nada como objeto de separaçáo. Por isso, Lacan pode
escrever, precisamente. que na aiiorexia a recusa se orquestra
como um desejo5. E, dito de outra fnrnia, o valor crucial que
Freud assinalou ao movimento de Austossung (exp~ilsão)na cons-
tituição da diferença d o sujeito. d o qual "voniitar" constitiii o
modo efetivo de por em ato. Na perspectiva freudiana, o vomi-
tar goza de uma primazia em relação ao incorporar, ao assiniilar.
Não é a incorporação, a assimilação para humariizar o sujeito,
que produz o sujeito como diferença.

' Vcj:rni o rncii: L'ulti!m cena: unorecria e btilimio, Bruno Motidado", Milatiii. 199i.
'Cf. 1.-A.Millcr r É. hurciir, L'Aurre que n'erislste par
rr ser romirb d'éthijuc, curso
aciintecidu no Drrarramcnru dc Psicnnrilise da Univcrsidadc Paris VI11. lipio de
211511997, infditir.
'Cf. J. Lacan, 'La dircii<>i>rdclla ciir;i c i principi dcl suo potcrc", Srrirri.
Einnudi.Toriiio. 1974, p. 624
Este tipo de recusa, porém, fica para sempre como uma recu-
sa dialética. Não é tinia pura exclusáo do Outro, mas é uma re-
cusa que vale como uni apelo ao Outro. E em outras palavras a
forma negativimda que pode assumir a deiiianda de amor. uma
volta que esbarra na ausência de signo de amor tio Outro, um
Outro que não é de fato dono da própria falta.
Este primeiro nada é o nada que se coloca na forma de recusa
sustentando a causa do desejo coriio irredutível àqucla da satis-
fação da necessidade. A recusa defende o desejo do risco de sua
ahsorção na denianda. Daí, a afinidade do ponto de vista estru-
tiiral da anorexia coni a histeria da qual o "soiilio da bela
açougueira" constitui o paradignia: liada satisfai a não ser o mes-
iiio desejo da insatisfaç2o perpétua ... E este o significado d o ca-
ráter infinito que pode assim assumir a demanda anoréxica em
respeito à qual cada objeto aparece como incompatível, como
totalmente inadequado. Esta disjunção é o ponto cardeal de uma
manobra particular que um sujeito anoréxico realiza com o ali-
mento e que ilustra d e niodo formidável o trato histérico da
ánnrexia: "Devo mastigar tudo de niodo que possa ter idéia d o
sabsr. Mas, não devo engolir nada. Depois, boto tudo para fora ...
Assim, perniaiieço eu niesma, mas seni reiiiiiiciar ao sabor".
Vê-se beni aqui o valor fálico do sabor como sigiiificante d o
desejo d o Outro mesmo enquanto privado de sua substância. Esta
separação entre o sabor c a substância manifesta a anorexia como
operação Iiistérica de defesa d o desejo (ter unia idéia d o sabor)
através da recusa d o gozo (o \,«mirar).
Este prinieiro nada - do qual a recusa aiioréxica se constitiii,
como temos visto, a expressão mais pura - n o ciirso da cura pode
dar lugar ao amor edípico remotn. Por isto niiiitas vezes podemos
encontrar na história d o sujeito uiiia desilusão edípica - unia
frustração paterna da questão d o amor - a partir da qual o sujei-
to pode fazer d o scu corpo uni iiistrumeiito de ameaça no con-
fronto com o Outro do amor. Neste sentido, o corpo aiioréxico
pode fazer-se corpo-obstáculo para o Outro. Isto é, pode usar esse
instrumento para ameaçar o Outro, para inipulsionar o Outro a
dar náo o que o Outro tem, mas aquilo que o Outro não tem, a
fazer signo de siia falta, a dar uni sinal de amor.
Esta dimensão ameaçadora da aiiorexia já foi isolada a scu
modo com grande lucidez por Charles Lasègue quando se refere
a um tipo de "potência de inkrcia" que caracteriza o corpo
anoréxico" 0 corpo se cotisome, se esqiieletiza, se faz morrer.
mas só para abrir no Outro uni buraco, para mexer no Outro.
Neste sentido a feiúra do corpo esqiieletico, freqiiciitemente exi-
bido obscenamente pelo sujeito anoréxico, mantém, por rever-
são, o mesmo valor fslico d o corpo. E neste sentido que o corpo
reduzido à pele e osso se torna desvalorizado, mas só por valori-
zar-se nesta desvalorizaçáo. Faz-se invisível, tende a diminuir,
desaparecer, secar, mas só por guardar uma maior consistência,
por existir verdadeiramente para o Outro, para cegar o Oiitro.
Por esta razão o primeiro nada é em relaçáo ao desejo d o
Outro. Sobretudo como exigtncia de signo de amor. De fato a
negaçáo do objeto-alimento aparece com a finalidade de fazer
surgir o signo do amor. O drama da anoréxica é que o signo e o
objeto aparecem separados. Para fazer existir o sinal do amor ela
deve barrar o objeto. deve poder recusar o objeto pois que 0 O u -
tro da anoréxica náo soube realizar a dimensáo de dono d o objeto
como o que faz signo de amor, mas, ao contrário, ~~tilizou a oferta
do objeto (dos cuidados) para matar o sigiio'. A anoréxica, para
fazer existir o signo de amor. deve então poder negar, poder
recusar o objeto. N a bulimia se verifica exatamente o contrá-
rio: é através d o c o ~ ~ s u minfinito
o d o objeto que a bulímica
tenta compensar o signo da falta d o Outro. Para seu desespe-
ro, porém, hii o fato de que nem mesnio todo o pão d o mundo

*Cf C. Lzsi.giie. "Annrcsiis irririca", b scopcrra dell'onoicrria. Bruno Molidadori.


Mi1;inn. 1998, p. i 6 .
' A nni>rCxicn é Icvnda a pcrcorrci csra r i a crtrrici porqilc o sco Ouir<i (quc 6 o
Outro ;atual) É iiin Oiirri, que foi dissociadc>h su:i r;iii o objcto de signo. É um
Outro - citjo sistcms dc fiinciiiii.ilncnr<ifoi iiir~iialilaJnpor Ihcnii nu discurso do
capitalista - qiic trata o nhjcro mio conio signo (Iox\,, =ao mtno um dono).mas cimi,
puro olijcto dc conruriiii. Nada p d c fazcr sigi<iIiorquc riido sc cansonic. O ohjcto
ultr;ip;issa historicanicntc - na 6liocn ninri:ida p l a icicrisri.ncia do Outro - o
signo. E iiiii ourro cfcito da f6rmiiln I<:, coni a qiinl I.-A. Millcr sintctiíliu n Ici
prúprin d;i Cpwa do Outro que " $ 0 cxistç. C i 1.-A.Millcr. L'Astrr.qui n'exirie jnir rr
ser coniir<;i d'erhiijue. op. cit.
pode se constituir conio signo de amor: não é de faro n a
devoração infinita d o ohjcto que o sujeito pode encontrar o
signo d o amor...
3. O segundo nada
Há, poréni, uni segundo nada. E 11 outro nada da aiiorexia. Este
segundo nada coiitradistiiigue clitiicaiiiente a dimeiisáo psicótica
da aiiorexia ou dos casos considerados "graves". Uni tiada que,
diferentemente do primeiro. não é em relação ao desejo do Ou-
tro. Melhor dizeiido, se trata de uni nada qiic faz csniorecer qiial-
quer valor dialético para inventar uma verdadeira e própria
Iiipóstase. Assini como o primeiro iiada fiiricioiia coiiio objeto de
separação, este seguiido iiada tciii um caráter holofrásico, con-
gelado, niarnióreo, iniperturbável. Este segundo nada não é uma
concessão ao Outro, nias, cxprinic uma recusa radical do Outro.
Este iião é, portaiito, uni escudo para o descjo, mas, sini, a sua
queda, a sua degradação, a sua ussificação. Em prinieiro plano
iião está o desejo do iiada, nias a redução do desejo a nada. As-
sim como o priniciro ilada está eni relação ao desejo do Outro, o
scguiido nada está em relação ao gozo, a cima riiodalidade de
gi~zoqiic excliii 0 Outro - modalidade aiitotrófica, assexuada, e
não em relação ao falo e a castrasão. É o liada iião como o que faz
parecer, iião conio proteção da falta, mas coiiio aiiulaçáo.
Este scgiindo iiada não define raiiro uina «posição do sujeito ao
Outro (que é, porém, uni iiiodo de interrogar o Outro), uma recusa
da denianda do Outro por dcfeiider o descjo, mas, sim, um eclipse
total da demanda, lima separação do sujeito da demanda como tal.
Lacaii tinha intuição desta dinicnsão nirvânica d o nada qiiaii-
do eni "Os Complexos Familiures" se refcrc c ~ ~ l i c i t a i i i e n at e iim
"apetite de morte" e a tini "desejo da larva" que caracteriza certa
forma extrema de "suicídio difcreiite", que são a aiiorexia c a
roxicodependêiicia".
Este segundo iiada não iiivestc tniito no Oiitro e sini iio corpo do
sujeito, tio sentido eni que é o corpo do siijcito que se anula. Este

'Cf 1. Lic;in, Lei coinplexe, /a~itilmuz rlum ln fonnulio!i 'Ir. rindividi~,Nauarici. Piiris.
198%.pp. 301 35.
segundo nada riáo 6 o indício de um apelo ao desejo, mas de uma
corrida para a morte, de um cnipuxo do corpo à siia destruig8o.
Qual é a natureza desta aiiulaçáo do corpo!
Náo estamcis aqui frciite à dimensão histérica da recusa do
corpo9. Não se trata da recusa d o corpo, da anestcsia d o corpo
sensual, da sua dessexurilização a que corresponde, conio se pode
ver, os casos de anorexia Iiistérica, iitiia sexualização da pulsão
oral. A anulaçáo do corpo que contradistingue os casos graves de
anorcxia náo é a reabsorção na lógica Iiistfrica do sacrifício ex-
tremo do corpo para ter do Outro o sinal de siia falta. Trata-se,
melhor dizendo, de uni tipo de mineraliíaçáo do corpo, de uma
espécie de ideiitificaçáo paradoxal d o corpo à Coisa, de lima
rnumificação psicossoniática, de tinia forma radical de nirvanização
d o sujeito. O ideal fálico do corpo magro iiáo é operativo; o corpo
magro não é falicizado. mas se reduz a uma barreira relacionada
ao risco de uma destruição percebida como real.
Em uma alusão a unia nirvanização do sujeito introduzo tini
conceito freudiaiio que náo teve uma aplicaçáo clínica precisa,
mas que a experiFiicia com siijeitos atii)réxicos impele a reler
atcntaniente. Trata-se do coiiliecido Princípio do Niwana. Nessa
teorizaçáo de Freud isto, como se nota, indica a tendência d o
aparato psíqiiico a reduzir a zero o nível de tensão interna. Esta
tendência vem moderada do princípio do prazer qiie se estrutiira
sobre a impossibilidade de iim retorno integral ao zero. É, no f i i i i -
do, o ser da própria vida que, conio escreve Freud, impede a
redução integral ao zero. O princípio do prazer sanciona assim a
possibilidade de unia Iionieostase náo destrutiva. O aparato psí-
quico tende a reduzir ao mínimo o nível de excitaçáo interna.
Procura o prazer e evita 0 dcsprazer. Sabemos, t ri ni b'em, como
Freud construiu a clínica sobre o modelo de um conflito específi-
co entre o princípio d o prazer e o princípio da realidade. Trata-se
de iirn conflito que se produz eritre programas inconciliáveis: o
da pulsáo e o da Civilidade.

'Cf J. Lacnn. Lc Stminoire X'VII:l.>niior dc ia prycli<iimlyre,Scuil. Paria. L994 p.lOi.


Um comrii~íriiisi~irfticoe ~*iritiialda dimcnrno do rccliaso do corpo na ncurosc
hisrerica ac ciicoiirr;i cni 1. P. Ilriiiciix. "De Ia c<iinplnisnnccsomnriquc aii rcius dii
corps". Ln lettrc inciirurlle. I,'' 180. 1999. pp. 7-8
O Princípio tlo Nirvana, poréni, iiáo entra neste conflito, que
é, de fato, o modo freudiaiio de dizer da divisáo d o sujeito. O
Principio tlo Nirvana iião é um princípio de divisão d o sujeito e
sim, mellior dizendo, um priiicípio de identidade. Na clínica dos
casos graves de aiiorexia. a anorexia não exprime a divisão dn
sujeito, nem se alieiia da parte da separaçãn, iiias se configiira.
como unia solidificação do sujeito. Frcud o descreve conio uni
priiicípio inteiramente a serviço da pulsáo dc niorte, masoquista,
conio unia espécie de narcotiíaçã« do princípio do prazer1@.
O Princípio do Niruana \:em corrigido do priiicípio do prazer. E o
modo freudiano de diier que o corpo 6 uni corpo vivente. A ten-
dencia à iiiorte vein modificada da libido. O efeito desta modifi-
caçio é a passagem do PriiicÍj>iodo Niniana ao princípio do prazer.
Neste sentido o priiicípio do prazer já é tini tratameiito subjetivo
do Principio de Nin'ana. A pulsão de niorte se torna agora unia
jii~içãoconi a de vida. A aiiorexia pode constit~iirum exeniplo de
disjunção entre a pulsão de morte e a de vida. Não é mais o
priiicípio d o prazer que modifica o Princípio d« Nirvana. mas é o
Principio
, , , do Nirvana que se inipóc coiiio tal, como expressão pura
da p~ilsãode morte. Na aiiorexia "grave" assistimos a unia
iiirvanização d o sujeito que ocorre diretanieiite n o real sem o
filtro sigriificaiire do princípio d o prazer. Na anorexia "grave", de
fato, o priiicípio do prazer fica iiarcotizado no Principio do Nirvana.
A tendência ao zero se torna unia prática, tini método que se
realiza cotidianamente. Nada deve perturbar o equilíbrio iiiter-
no do aparato, porque cada alteraçáo, até a niais infinitesimal,
pode ser vivida pelo sujeito conio uni princípio catastrófico.
A paixão pelo nada iiáo é aqui o índice de uma paixão pelo
clesejo, nias é, sobretudo, o índice dc unia paixáo pela anulação,
6 o índice da mesma atividade da piilsão de inorte.
"Viver como uma pedra, conlo tinva anieba" é a meta perse-
guida coin inflexibilidade por uma niiilher aiioréxica. O seu idc-
al é aquele de unia idetitificaçáo total à Lei do "ne~itrci"ou do
,<.
~nsosso".
"A vida é uiii excesso, tini terremoto... Tudo (i que somos
obrigados a comer deve ser iieutro, insosso. Só o insosso me sus-
tenta. O sabor inverte o nieu equilíbrio, me perturba, me revol-
ve... Não sou eu que sinto o sabor, mas 6 o sabor que me amea-
j a Comer o insosso, comer o branco é o meu modo de neutrali-
zar o sabor. Como o mínimo, o mínimo do mínimo. Mas o míninio
deve ser sem sabor, branco. deve não acrescentar nada ao meu
corpo, não deve perturbar o nieu eqiiilíbrio ... Se sinto o sabor,
tudo desmorona ..."
O u isto:
"O mesmo que entrou deve poder sair do corpo ... a entrada
igual à saída ... Assini. depois de haver voniitado, devo poder \,cri-
ficar que aquilo que eu coiiii deve ter saído todo d o meu corpo".
Transcrição literal do Princípio do Niniana ! O corpo é o cor-
po d o Um. É o corpo do mesnio. O desejo é anulado. Num primei-
ro plano é uma economia de gozo que aponta ao zero, uma eco-
noniia fechada ein si mesma, larvar, doniiiiada por um apetite de
niorte sem freio.
O pensamento do corpo se impóe conio o úiiico pensanieiito -
possível, pensanieiito fixado ao corpo-Coisa, pensamento fixado
na necessidade de preservar a mesniice do corpo. "O sabor modi-
fica, o sem sabor conserva". O método dietético encontra aqui a
sua inspiração fiindaiiiental. As regras, a aplicação da balança', a
distribuiçáo infitiitesimal das calorias responde a cste princípio
geral: o sabor altera, modifica, introduz uni elemento ingovernável,
enqtiaiito o insosso não altera, coiiserva, estabiliza, mantém o
zero inicial. O prinieiro altera, o segundo identifica.
Este deserto ao qual a aiioréxica reduz o próprio corpo é o
efeito da narcotizaçáo iiirvâiiica do principio d o prazer. A morti-
ficaçáo não é simbólica, mas se passa no real. O corpo náo é
desertificado do gozo da açáo do significalite, mas se torna cste
mesmo deserto que abole o sabor da vida: desvitalizajáo não sim-
bólica, mas real. Esta nirvaiiização é o modo de funcionamento
das aiiorexias graves, muitas vezes estrutiiralmente psicóticas, que
pode garantir ao sujeito uma estabilizaçáo imaginária que teduz
a existêiicia d o sujeito a um puro método: método da reduçáo
progressiva do Outro ao Uni, método da privajáo que recusa a
trocar o significantc com o gozo e que tciide a fazer do sujeito
uma só coisa com a Coisa. É esta a dimeiisno psicótica da ascese
aiioréxica.

Tradiis::iri: Kuriiia Enhai \~illcloe Kuy Periiii


Itevisáu: Sara Pertila Fur
Comemoração do centenário

2001, Os Colóquios Jacques Lacan


O ano de 2001 marcará o centenário do nascimento de Jacques
Lacan.
Nesta ocasiáo o Campo Freudiano convida a serem tomadas
iniciativas de organização dos Colúqiiios Jacques Laca11 em todo
lado, c a serem incitados os colegas analistas de outras institui-
çces, os intelectuais, os pesqiiisadores, os praticantes, que parti-
cipeni tanto como público quanto nas coiitribuiçíies e até mesmo
na organizaçáo desses Col6quios.
Tais colóqiiios serão organizados pelas Escolas ou pelos diver-
sos grupos do Campo Freudiano. A coordenação ficará a cargo
de uma Associação atl Iioc. a Associaçáo Jacq~iesLacan, presidi-
da por Judith Miller, coni o intuito de colocar uma niarca em
cada Colóquio.
A Associaçáo organizará eni especial dois grandes Colóq~iios:
um eni Paris e outro em Bucnos Aires.
Horacio Etchegoyeii, ex-presidente da IPA, comprometeu-se
em colaborar e participar efetivaniente no Colóquio de Buenos
Aires, assim também participará como convidado da Associação
no de Paris, caso as circ~iiist?incias lhe pcrmitirem.
A Associação notificará pela Interiiet, antes d o final de agos-
to, em que bases se pautar para organizar os Col6quios.
O Campo Freudiaiio não espera dos Coliquios uni coiicerto de
adulação, nias sim verdadeiras trocas nas quais se discuta, sc conteste,
se argumente. Será assim a mellior lionieiiagem a Jacques Lacan.
Judith Miller
XI Encontro Brasileiro
do Campo Freudiano
Mais forte que eu
o real, a letra e o novo amor
Sáo Paulo,
19 a 22 de abril de 2001

Colóquio
Jacques Lacan 2001
Buenos Aires,
21 e 22 de abril de 2001
/ encarte i n f o r m a t i v o y
Escola Brasileira de Psicanálise
Relatório da reunião da AMP
COMUNICADO No 7
Paris. 31 de janeiro de 2001

A reunião do conselho
O Cotiselho se reuniu eni I'aris, rios dias 2 7 e 28 de jaiieiro, coin
o "Burcaii".
Seus membros estavani todos presentes.
Para o Consellio: Alicia Arenas. Guy Briole, Gracicla Brodsky.
Yasmirie Grasser, Angelina Harari, Ricardo Nepoiiiiachi, Celso
Rennó Lima, Vicente Palomera, Alexandre Stevens, HebeTizio.
Outros preseiites: Carole Dewarnbrccliies-La Sagna, Tesou-
reira; Flory Krugcr, Secretária ; Éric Laurent. pela delegação;
Jacqucs-Alain Miller, Delegado Gcral.
O relato dessa reunião será objeto de vários Comunicados
escalonados ao longo do tenipo. e este 6 o primeiro deles.
O desenrolar da reunião
O delegado geral abrili a reuiiiáo ress;lltaiid» que ela acontecia
pouco depois da Asseniblçia de Ruenos Aires, iiiarcada pela ado-
ção da Declaração da Escola Una. Um novo capítiilo está desde
então aberto, pela escolha que se fez do tenia da formação analí-
tica. Coiisideraiid~?que teiiios ainda tini ano e nieio antes de nos
reencoiitramos em Bruxelas, r> Consellio cst'a fe I'izmente em con-
diçóes de realizar tinia reuiiiáo de reflexáo, livre das pressfies da
urgência.
].-A. Millcr deu prosseguinieiito, em seguida, a unia volta pa-
norâmica pelas Escolas, resuniiiido as contrihuiçóes quc lhe che-
garaiii, a partir dos menibros do Conselho, no início d o mês. Uma
discussão geral se seguiu, conceriiiiido às Escolas unia por uma.
O Conselho, na scqiiêiicia, tomou a forma de um seminário
para estudar os docunieiitos d o Comitê dc açáo sobre a supervi-
são e a garantia, e para prolongar sua reflexão nesse sentido: como
itiscrcver essa teniática renovada lia orieiitação lacaiiiana, coii-
sideraiido que esta tem sido pouco acentuada até o niomento!
Como avaliar o que Lima prática pode ter de psicaiialítico! Como
autenticar sua qualidade psicatialítca! Quais as coiisequências
para a construçáo da Escola Una! Esse scniinário prosseguiu pela
inaiihã de domingo.
O Conscllio retoriiou h tardc para as tarefas de curto e médio
prazo: preparação do Coiigresso de Bruxelas; tesouraria; homolo-
gações; adniiss6es; secretariado do passe; rcsoluçáo de questões
deixadas eiii suspeiiso. A jornada deseniboco~iem uni amigável
jaiitar; a próxinia reunião foi fixada para os dias 19 e 20 de janei-
ro de 2002 eni Paris.
Documentos
Quatro brochuras haviam sido preparados pelo "Biireau" para a
rcunião: a primeira, rcagrupava as contribi~iç~es dos membros d o
Conselho; a scg~itida,retomava aquelas dos nienibros do Comitf
de Ação que liaviani sido solicitadas pelo Delcgado Geral; a ter-
ceira. foi o dossié da tesouraria; a quarta, dizia respeito às adniis-
sóes, reiiitcgraçóes e hoinoiogações.
A Diretoria da ELP (Espaiilia) cnviou 0 primeiro Aiiuário da
nova Escola fundada eiii niaio último: exemplares foraiii distribu-
ídos. O mesnio aconteceu com o priiiieiro Aiiuário da NEL, rcu-
iiindo nove sedes distribuídas cni seis países da zona andino-
caribenha; ele foi distribuído prir Graciela Hrodsky, encarregada
de sua edição enqiiaiito Vice-Presideiite da Escola.
D a s Escolas
Q u a n t o à ECF, há iiiiaiiiniidade sobre » sucesso da última
Conferencia Iiistit~icioiialsobre a f<iriiiaçã«, a garantia, a
supcrl:isáo. Parece quc, desde Bucnos Aircs, uni novo processo
foi iniciado e que « trabalho ganliou uma rcorientação: uin niaior
cuidado foi dispensado ao processo de adniissão e à qualidade
psicanalítica da prática; os ensinos forani repensados eni fiitição
dessa orieiitaçáo; as ACF, aliviadas de múltiplas tarefas adminis-
trativas, retornaram a seu dinamismo prhprio.
Na EOL. o dinamisnio é constante e seu crescimciito conti-
nua; nota-se, entretanto, que o movimeiito segue, com maior fa-
cilidade, as vias periféricas previstas (aqiielas d o Institiito. dos
grupos, dos ateliês); as atividades prhprias à Escola, especialmen-
te o que acontece em siias Noites, precisaiii ainda ser repensadas
para o próximo ano. E desejável que 0 processo de admissão siga,
como na ECF, no sentido de um maior cuidado.
O coiiiunto dos nieiiibros da Escola Brasileira se rcuniii para
lima anipl:i Conversação de trés dias, em dezembro último, em
Belo Horizonte, em torno do delegado geral e de sua adjunta,
com o Presidente e a Diretora da Escola. Essa Coiiversaçáo abriu
novas perspectivas: evitando-se a modificação dos estatutos; a
AssemblCia será consultada a propósito da escolha d o Presidente
e d o Diretor; o programa do próximo Eiicoiitro da Escola em Sáo
Paulo foi completado; visando ao estabelecimento de ligações
entre os Institutos, uma Comissão "Matenias" foi formada, e foi
tomada a decisão de sc criar unia revista comum aos diversos
Institiitos; unia nova fórniiila foi aprovada para o Instituto de São
Paulo; etc. N o final de seis anos de fiiiicioiianiento do passe, já é
tempo, para as autoridades respoiisá\~eispertencentes à Escola,
de pensarem em preparar e convocar o colégio previsto, nas con-
dições e circiinstâncias que niellior Ilies parecerem.
N o quadro da EEP, a ELP tomou rapidanieiite sua consistência
própria; sua Diretoria tonioii posse de suas tarefas coni seriedade e
decisão; seti Conselho se esforça para se reunir com frcquência; a
Conversação de iiovenibro, sobre "a prAtica analítica Iioje*, ani-
mada por É. Laurent, escaiidiu com sucesso esse período de insta-
lação. Resta inventar, no futuro, o qiie dar&chatice a um trabalho
de Escola aprofutidado, ";iiiio por iitio". O encontro de Valência,
em maio, poderá ser a ocasiáo para se avançar nessa via.
Sempre n o quadro da EEP, 0 processo da SLP (Itália) terá
tima escansão em fevereiro próximo eni Bolonha. para uma Con-
versação destinada a evidenciar a qualidade psicanalítica da prá-
tica; ela será animada pelo Delcgad« Geral a partir do relato de
trabalhos redigidos, para essa ocasião, pelos AME italiaiios. Essa
escaiisáo vai siiccder jquela de Miláo qiic permitiu criar nunie-
rosos grupos de pesqiiisas reunidos rio CIRIS, c precederá hqiiela
que está prevista para Ronia. iio mês de niaio. Quanto à EEP-
Développemeiit, os tenias que lhe concerncni s%oatualiiicnte tra-
tados no quadro da EEP; eles seráo evocados iio âmbito da AMP
no moniento oportuno.
A N E L : G. Brodsky transmitiu dados detalhados sobre a cons-
trução de nove sedes da Escola, e tanibfiii de Centros de Pesqui-
sa e ensino, CID; ela avalia q ~ i erealizou o essencial do programa
estabelecido pelo Delegado Geral em julho último, e difundido
em dei comunicados retomados no Anuário. O Conselho a felici-
tou por sua açá«.
Teina de honiologaçáo. As listas traiisinitidas pelos Coiise-
lhos vieram, em sua maioria. de Buenos Aires. nos últinios dias;
com isso, o Conselho começou a exaniiná-Ias, mas não pôde ter-
m i ~ a rtal tarefa; o trabalho, portanto. deverá prosseguir no qua-
dro de unia Comissáo. É. Laurent foi delegado para essa honiolo-
gaçáo; ele fará contato com os responsáveis das Escolas; ele vai
estabelecer unia coiiiissão AMP de honioiiigaçáo que poderá,
eveiitiialmente, se dar sob unia forma descentralizada.
Sobre os outros temas ediniiiistrativos d o mesmo registro, ad-
niissões diretas, rciiitegrações após pagamento de cotizaçáo, can-
celanient«s de inscrição devido a iiáo-pagamento, regulariiações,
um coiiiiinicado da Tesolireira nos colocará a par, logo qiie for
possível; uina lista de nienihros da Associação será difundida após
a atiialiiaçáo.
Outros comuiiicados \:irão.

o : Laia
T r a d ~ i ~ ãSérgio
Relatório da reunião do Conselho da AMP
2 7 e 28 de janeiro de 2001

I I I C o n g r e s s o e XII Encontro Internacional


O Conselho se reuniu em Paris nos dias 27 e 28 de janeiro de
2001. Foi longamente discutida a questão d o tema e do estabe-
lecimento de um pré-programa para o Congresso de Bruxelas em
2002. O passe está n o seio da Escola. Ele nos orienta sobrc o qiie
seria o psicanalista. Coiii o tema da forniaçáo do analista, o ponto
de capitoiiê de lima análise constitiiído pcla fiiiiçáo dn AE per-
manccc sólido, mas abordamos uiiia questão suplementar. Se a
formação do psica~ialistaresult:a de lima análise conduzida ao
seu termo, temos também de nos interrogar sobre a prática da
análise: este é um segundo ponto de capitonê. O s documcntos
d o Coniitê dc Açá» sobre a siipervisáo e sobrc a garantia nos
convidani a tima reflexão nesse seiitidr). Esse segundo aspecto da
formaç2o do psicanalista conceriie, portanto, 2 prática c ao que
pode "autenticar sua qualidade psicaiialítica", segundo a cxpres-
são de Jacques-Alaiti Miller no comunicado de 31 de janciro.
O Conselho construiu iim pré-programa do Congresso. Eis
aqui o seu estado atual, ainda cni disciissão, que já nos dá uma
orientação.
O s dois dias q u e precedeili o Congresso (domingo I4 e
segunda-feira 15 de jullio de 2002), seráo dedicados às reuiiióes
das instâncias da AMP e da Escola Una:
Cciiisellio, reunião de todos os Conselhos das Escolas, Comitê de
Ação e reunião de todos os Cart6is do Passe (e dos Secretatiados).
Terça-feira, dia 16, Plenária de Abertura do Congresso.
Quarta-feira, dia l i , traballios em cinco salas simultâtieas.
Quinta-feira. dia 18, Assembléia Geral e Conversação orien-
tada pelo Comitê de Açáo.
Sexta-feira, dia 19, scrá unia jornada, c o ~ n odizem os espa-
nhóis, "bisagra" (gonzo, dobradiça). com um pouco de turismo
por Bruxelas e o trajeto por Tlialys, reservado para nós. runio a
Paris.
Dias 20 e 21 de julho, Xil Encontro Internacional.
A manhã do dia 17 será dedicada as discussões sobre os do-
cumentos de trabalho das Escolas, análogos a« Florilégio d o Con-
gresso precedente, O s niembros d o Conselho da AMP estão
eiigajados na organização dc ~ i n seniiiiário
i eni cada Escola sobre
o tema do Congresso. A cada Coiiselho será apresentada uma
seleção extraída desses seminários, a partir da qual será conipos-
to o documento comum da AMP, a ser discutido no Congresso.
As iiiscrições para o Coiigresso e para o Encontro serão rece-
bidas em breve. O moiitaiite da inscrição coiijiinta, para os dois
eventos, foi fixada eni US$ 400, para aqueles que fizerem sua
pré-inscrição (US$100), aiites de 1 de julho de 2001, e que qui-
tarão o saldo restante aiites de 30 de outiibro de 2001. Depois
disso, o preço será mais elevado. As inscrições serão encerradas
dia 15 de janeiro de 2002.
A Comissão de Orgaiiização tem, atualmeiite, um correspon-
detite em cada Escola:
Jean-Daiiiel Matet (ECF);
Mario Goldenherg (EOL);
Celso Rentio Linia (EBP);
Graciela Brodsky (NEL);
Mercedes de Francisco Vila (EEP-ELP);
Massinio Recalcati (EEP-SLP eii formatioli);
Marie-Hélène Dnguet (EEP-Développement).
A Comissão e seus correspoiideiites terão o cuidado de trans-
niitir aos membros das Escolas os documentos de Bruxelas-Paris,
a partir das pr6xinias Jornadas de cada uma.

Alexandre Steuens
Diretor Bruxelas-Paris 2002

Um ponto de capitonê

Uma vez que 0 Consellio da AMP estabeleceu de modo preciso a


orieiitagáo do I11 Congresso (ver seus Comuiiicados e o Correio
da ECF), sob a direção de Alexandre Stevens. a Comissão de
Orgaiiiiação, por ocasião de sua segiiiida reuiiiáo , encontrou,
de modo quase conipleto, tatito as suas balizas quanto aquelas do
XII Encontro, e sua animação.
De fato, a topologia do conjuiito d o Caiiipo Freudiano pode
assim prosseguir mais facilmente com a remodelagem empreen-
dida, que implicava na criaçáo da Escola Una e no anúncio do
tema do Congresso da AMP. Essas são as pontas d o iceberg que
evitam o naufrágio na rotina.
O s responsáveis das diferentes instâncias de trabalho (Nova
Rede Cereda, R13, CIEN), já conicçaram a organizar as primei-
ras sessões simultâneas do primeiro dia d o Encontro, quando suas
respectivas Jornadas Anuais tomarão uma diniensáo interiiacio-
nal. Esse ponto de encontro de jullio de 2002 constitui o ponto de
capitonê d o traballio atual para cada componente d o Campo
Freudiano.
Darei aqui apenas dois exeniplos:
O segundo colóquio do CIEN - dia 17 de niarço, em Paris,
sobre o tema "Adotar sua responsabilidade. O dom da fala e suas
consequências" - dará testemunho d o verdadeiro efeito estiniu-
lante propiciado pela reflexão na AMP sobre a formaçáo do psi-
canalista: ele elaborarti este "dom da fala", pelo qual seus labora-
tórios se distinguem de qualquer iniciativa em que a fala só é
dada para ser melhor amortecida.
A segunda Conversaçáo da Diagonal hispanofônica do NRC,
esclarecerá em que consiste tinia prática com as crianças n o dis-
curso analítico, circuiiscrevendo a direção d o tratamento que
ela supóe.
Judith Miller

Tradirgaii: \/era Avellar Kibeiro


Revisão: Sérgi<,l ~ i n
Comunicado da reunião do conselho da EBP
16 de julho de 2000

Realizou-se eiii Buetios Aires, aos 16/7/2000, a terceira reunião


coiijuiita doConsellio e da Diretoria Geral da Escola Brasilcira
de Psicanálise, sob a forma de coniitê gestor. Estiveram presen-
tes: Romildo do Rêgo Barros, Maria do Carino Dias Batista. Má-
rio Almeida, Stella Jimciicz, Carlos Gciiaro Gauto Fernaiidez,
Saiidra Grostein, Maria Liiiza Rangel de Moura, Jésus Santiago,
Sérgio d e Castro, Gleuza Salonioii, Antonio Beneti, Carlos
Aug~istoNicéas, Sonia Viceiite, Márcio Peter de Souza Leite,
Alberto Murta e Iordaii Gurgel.
1. Maria do Carrno Dias Batista propõe a dissolução do Comitê
Gestor.
Esclarece que o Comitê Gestor foi proposto por ela como for-
ma traiisitória para pensar a reestrutiiração da EBP e de superar
OS entraves decorrentes da estrutura bicanieral, nias mostrou di-
fic~iidadeslia sua operacioiializaçáo. A proposta de dissoluçáo é
aceito, e se decide que as Scçóes poderão encontrar, cada uma,
sua forma transitória de traballiar até definiçóes posteriores. O s
nieinbros da Diretoria se retiram.

Reunião do Conselho
1. Decide-se qiic a reiiniáo scrvirá conio preparação da quc cstá
prevista para 6 de agosto prhximo.
2. Accita-se a proposta dc abrir unia lista lia Intcrrict para os
nicnibros d o conscllio e outra para os membros da EPB, com a
fiiialidade de discutir a reestruturaçáo da EBP.
3. Discute-se a coiiversação proposta por J. A Miller (dezenihro
de 2000 - Minas Gerais):
a) Finalidade: discutir os prohlcnias da EBP e a sua reestru-
turaçáo. O s pr«blemas: cstagnaçáo, niut~ialisnio,falta de dife-
renciaçáo.
h) Preparaçáo da Conversação:
A nova lista de niembros na Internet será moderada por Ser-
gio Laia e coordenada por Romildo do Rêgo Barros, e ter'a como
um de seus objetivos preparar a Conversaçao.
Romildo fará a aprcscntaçáo da lista. O s temas a serem dis-
cutidos serão Cartéis. Passe na entrada c a situação da EBP.
Romildo frisa que será considerado bom texto aqiiele que con-
duz á Conversação.
4. Admissões:
a) O Conselho Iioniologa coiiio menibri~saderentes da EBP
1) Alessia Silva Fonteiiellc (Bahia)
2) Nilton Ubirajara Cerqueira (Bahia)

a) O Conselho aceita como membro adcrente


1)Vanessa Nahas Riaviz (SC)

Informa-se que Fátima Sabiiio, aderente dc MG, passa a per-


tencer à Delegação Paraiiá, por motivo de mudança de domicílio.

1 ) Demissões:
Sydiiéa Teixeira Lima (nienibro aderente-Bahia)

2) Próxima reutiiáo: 6 de agosto no Rio de Jaiiciro


Romildo pedc a Sandra Grosteiii e a Mgrio Almeida para
prepararem uma brcvc intervenção sobre a avaliação da experi-
ência do Cartcl do passe na entrada, e a Jésus Santiago uni tra-
balho sobre a reestruturaçáo da EBP
Comunicado da reunião do conselho da EBP
6 de agosto de 2000

Realizou-se i10 Rio de Jaiieiro, aos 6/8/2000, lia sede da Seção


Rio, a reuiiiáo d o Coiiscllio da EBP, com a preseiiça de Roniildo
d o Rêgo Barros, Mário Almeida, Carlr~sGeiiaro Gauto Feriiandei,
Saiidra Grosteiii. Maria Luiza Raiigel de Moiira, Jésus Saiitiago,
Sérgio de Castro, Gleuza Salornon, Alberto Murra c Stella Jiiiienez

1. Mário Alnieida lê seli traballio sobre a experièiicia do passe na


eiitrada. Propóe uma reuiiifm dos Cartéis e da Secretaria do pas-
se aiites da Conversação.
Siibliiiha a iinportância da adequada articulação ciitre a Se-
cretaria do Passe r o Coiiselho da Escola, evitaiido teiisão entre
estas duas iiistâncias.
Aiialisa que os cartéis devem estar advertidos que ao reco-
meiidar ao Conselho algiiéni para eiitrar na Escola é fuiidamental
o aspecto cliiiico (se há ali aiiálise) Pode-se escutar algiinia elabo-
ração, algum percurso de forniaçjo, alguma iiicidência política,
sohrctudo a relação coni a Causa e a traiisferêiicia de traballio na
Escola. Subliiilia que iião li5 autoriiação de A.P. Pensa que a res-
posta do cartel, seja ela "sirii" ou "iiã<i",deve remeter o passante
para o dispositivo aiialícic«. Fala da iiiiportáncia de se ter uma só
lista de passadores. Eiiiiiiiera os niaus usos do dispositivo:
a) garantia dc se coiisiderar A.. ' i (ou "pequeno A E )
b) MEs de "siificiência".
c) Curto-circuito lia traiisferêticia analítica (certos casos de
impasses de traiisferêiicia)
d) Falar à Escola o que não pode falar ao seu analista
e) Forma de concluir aiiálise

2. Discute-se o traballio de Mário Almeida


3 . Jésus Santiago If seii traballio sobre a recstruturação da EBP
Apoiita o vazio d o Uiii, já que o Uni é Múltiplo. Deve-se, disse,
apostar no Uiii qiie proteja a diferciiça e se opoiiha à coiiipletude.
Alimeiitar o agalma da Escola.
Quatro pontos a serem pensados:
a) Transmissão
b) Cartel
C) Passe de entrada
d) Garantia.

4 Discute-se o trabalho de Jésiis Santiago

5. Informa-se sobre o XI Encontro eni Sáo Paulo. O presidente se


encarrega de pedir a Márcio Peter. diretor da Seção São Paulo,
que envie iim informe sobre as coiidiçóes de realização.

6 . O Conselho refletiu sobre a nova política da AMP, configurada


no tema do prhxiiiio Eiicoiitro "A formação do analista". Discutiu-se
q u e esto poderá produzir efeitos ria e n t r a d a d e membros.
Processou-se taiiibém uma reflexão sobre a relação entre a
admissão de niembros feita pelo Conselho e os restiltados do passe.

i . Discusáo sobre os "Colíiqiiios j. Lacali".


Cada Seção ou Delegaçáo Fará i i i i i col6qiiio com profissionais de
várias áreas. Os temas serão conexão e extensão. A decisão deve
passar pela Diretoria e por Judith Miller.

8. Admissóes:
a) Membros da EBP
Indicações d o Cartel do passe;
1) Luis Fernando Carrijo da Cunha. (SP)
Entrada pelo Consellio.
2) Carmeni L. Cervelatri (SP)
b) Membrcis aderentes da EBP
1) Rosane Padilla (SC)
2) Inés Laniy (RJ)
9. Demissões:
1) Ana Lucia Ribeiro (membro aderente R])
2) Fany Placlita (membro aderente R])
Romildo do Rêgo Barros
Stella limenei
Comunicado da reunião do conselho da EBP
1 1 de março de 2001

Realizou-se no Rio de Janeiro, aos 11/03/2001, na sede da Seção


Rio, a reunião do Coiiscllio da ERP, sob a presidência de Romildo
do Régo Barros e com as presenças de Mário Almeida, Sandra
Grosteiii, Maria Liiiía Raiigcl de Moiira, Jésus Santiago, Sfrgio
dc Castro, Gleuza Salonii)ti, Alberto Murta e Stella Jinienez. O
conselheiro Carlos Geiiaro Gaiiro Feriiaiidez justitificou a sua
ausêiicia.

1 . Niivas adniissões:

M E M B R O S D A EBP
Vera Lúcia Avellar Ribeiro (R])
Lilany Vicira Pacheco (MG)
Antonio Teixcira (MG)

M E M B R O S ADERENTES DA EBP
Maria Teresa Wciidliauseii (SC)
Roscane Lyrio (ES)
Silvia Farias (PE)
Eliane Teixeira de Freiras (PR)
Liicv de Castro (BA)
Marcia Sjnbock (SP)
Aiidréa Reis (RJ)
Maria Lídia Arraes Alciicar (RJ)
Jaime Araújo Oliveira (R])
Lcticia Rayniiiiido Carvalho Tiiioco (R])
Cristina Duba Silveira Elia (R])
Maria das Graças Moiitczano Rodrigiies(RJ)
Clara Huber Pced (R])
Ilka Fraiico Fcrrari (MG)
Márcia de Souza Mezêiicio (MG)
Maria da Coiiceição Merriglii de Figuciredo Silva (MG)
Informa-se que Angela Pequeno se traiisfcrirá, a partir de maio,
da Seçáo Rio para a Delcgaçáo Gcral dc Natal.

2. Demiss5cs
Liicimar Rosalém Meiisli, membro da Escola (R])

3. Recebe-se a lista dos pedidos para correspondentes da Delega-


çáo Paraiba.

4.Sandra Grostein lê suas consideraçóes sobre o regimento da


Seçáo Pareíba. Discute-se a possibilidade de adereiites ocupa-
rem cargos de coordetiaçáo numa Delcgaçáo. Decide-se que
Sandra Grostein redigir2 lima proposta de forma final d o regi-
mento e a enviará o mais rápido possível para Romildo do Rêgo
Barros, que por sua vez o encaniinhará aos colegas da Paraíba.

5. Prepara-se a Assembléia Geral Ordinária da EBP d o 21 de


Abril. As candidaturas para Diretor da EBP serão aceitas até o
dia 13 de abril, e deverão ser comunicadas em Veredas. Seria
desejável que a parceria pres~dente-d~rctor
refletisse a diversida-
de da Escola.

6. Sandra Grostein infornia sobre a Assembléia Geral Ordinária


da seçáo São Paulo, realizada no dia 8 de iiiarço último.
Os relatórios da Diretoria e Tesouraria foram altamente posi-
tivos. com um importante saldo financeiro.
O Diretor Geral Adjunto escolhido pelo Conselho da Seçáo
é Maria Margareth Ferraz de Oliveira, c o Diretor Secretário
Adjunto Mhnica Bueno Caniargo Foi clcito Jorge Forbcs para
membro do Cartel d o Passe Para Diretor Adjunto de Biblioteca,
Eliana Machado Figueredo Para Diretor Adjunto de Cartéis, Ariel
Bogochvol.
Romildo do Rêgo Barros parabeniza os colegas de São Paulo
pelos bons resiiltados da atiial gestáo e por terem sabido conduzir
a Assembléia em iim bom clima de coleguismo.
7. A seção Bahia Informa sobre a Assembléia Geral Ordinária
realizada no dia 12 de Março.
O relatório da Diretoria foi aprovado por unanimidade.
Foi decidido que, face ao pedido de demissão de Lcda Gui-
marães, a Assembléia Geral indicasse tini iionie para substituí-Ia
iio cargo de Diretora Geral. Foi iiidicada Maria Luíza Rangel de
Moura para Diretora Geral e Lucy de Castro para Secretária
Tesoiireira. Foram também eleitos Francisco de Moura e Maria
de Fátima Sarmento para Diretor de Biblioteca e Diretora de
cartéis, respecrivamciite.
Para o cartel do passe foi eleiro lordaii Gurgel.

8. A seção Rio de Janeiro itifornia que a Assenibléia Geral Ordi-


iiária será realizada no dia 2 de abril.

9. A seção Minas Gerais infornia que a Assciiibléia Geral Ordi-


nária será rcalizada no dia 22 de março.

10. Romildo d o Rêgo Barros propiis qiie se convide a colega


Marcela Antelo. que já vem se iiiteressalido pela qiiestáo, para
coordeiiar unia coniissáo de âmbito iiacioiial que estudará o rc-
ce!ite projeto de lei que reg~ilanieiitaa profissão de psicanalista,
ai:i!aln~eiitetramitando iio Congresso, e qiic vem provocando um
grsiide debate no meio psicaiialítico brasileiro.

11. Surgem divergências sobre as atribuições respectivas da Co-


niissáo Matemas e da Comissão de Propostas Escola - Iiisticuto de
São Paulo. Anibas as comissões, nascidas tia recente conversação
"Repensar a Escola", se comproinetem a solucioiiar as dúvidas
antes de próxin~areuiiiáo do Consellio.

12. O futuro Presidente do Conselho da EBP será escolhido na


próxima reutiiáodo Conselho, que será realizada em São Paulo
no dia 19 de Abril às 14 horas, e apresentado à Assembléia Geral
da Escola.

Komildo do Hégo Barros


Strllo Jimenez
Recado d a Diretora no 14

O XI Encontro Brasileiro do Campo Freudiano

Hoje volto, toda olhos (ver poesia de Chantal Castclli, no edito-


rial do Correio no 29), para anunciar, finalmente, a realização de
nosso Encontro do ano 2001, o décimo-primeiro.
O Encontro será em São Paiilo de 19 a 21/4/2001, e a EBP-SP
se encarregará d e organizá-lo, oferecendo à Escola os produtos
desse trabalho.
Os "postos" de trabalho, cstáo assim distribuídos:
- Presidente : Maria do Carnio Dias Batista
- Diretor: Márcio Pcter dc Souza Leite
- Presidente da Comissáo Científica: Jorge Forbes
- Coordenadora da Comissão Orgaiiizadora: Maria Helcria
Barbosa Bogochvol
O Registro SP - 2001, veículo principal dc iiiformaçáo sobre
o Encontro. será eticartado em Dora-oti-linc e deverá ter circu-
lação quinzeiial. Margareth Fcrraz será responsável por ele.
Sobre o tema, "Mais forte quc cii - o real, a letra e o amor no
Sem.20 de Jacqucs Lacan". toniciiios inspiraç80 em Lacan, ele
mesmo:
"A análise presume, do desejo, que ele se inscreve por uma
contingência corporal. Lembro a vocês a matieira como dou su-
porte a esse termo de coiitiiigêiicia. O Falo - tal como a análisc
o aborda como ponto chave, o ponto extremo do qiie se enuncia
como causa d o desejo - a experiência analítica pára de náo
escrevê-lo. É nesse pára de não se escrever que reside a poiita d o
que chamei de contingéiicia. A experiSiicia analítica encontra
aí seu termo, pois tiido que ela pode produzir, segundo nieu
engrama, é SI ". (Sem.20 pág. 126)
Dessa contingência, desse pára de nã(i se escrever. que re-
presenta minha função iia Escola Brasileira de Psicanálise, \,e-
nho convidar as Seções e Delegações ao trabalho, desde já, com
o tema do XI Encontro, com o objetivo de preparar nossa comu-
nidade para abri112001, 1116s no qual comemoraremos cem aiios
do nascimento de Jacques Lacan.

Muriu do Carnu) Dias Batista


Recado da Diretora no 15
12 de Janeiro de 2001

Notícias do XI Encontro Brasileiro do Campo Freudiano


A equipe organizadora d o XI Encontro Brasileiro d o Campo
Freudiano, reunili-se em São Paulo, eni 3 e 10 de janeiro de 2001.
Discutiu os novos encamiiilianieiitos a sereni dados, em conse-
qüência ?I Conversação realizada de 16 a 18/12/2000, com ampla
participação dos menibros da EBP.
Resolve e confirma:
1. Adotar o plancjamcnto ciciitífico ali decidido c os cncami-
nhamentos coerentes;

2. Criar um correio eletrl,iiic<i ciitrc os membros e aderentes da


EBI', sobre o tenia do Encontro, sob a respoiisabilidadc do Diretor
do Encontro, Márcio I'erer de Souza Leite. Todos aqiicles que
qiiiscrcm encarninliar uni pequeno texto. podeni endereçá-lo para:
marciope@zaz.c»ni.br. Seráo piiblicados em Dora-on-line ou à parte.

3. Estabelecer, de acordo coni o que se dcpreendeu da Conversação,


que as diferentes ati\:idadcs d o Encontro sejam realizadas no
modelo de Curadorias.
Cada Curadoria será co-resporisável pela organizayio de unia
atividade em interação com a Presidência e Diretoria do Encoiitro.
4. O Encontro será realizado de 19 a 22 de abril de 2001, no
MASP - Museu de Arte de São Paulo, à Av. I'aiilista, 1578.

5. O tenia d o Encontro é: "Mais forte qiie eu - o real, a letra e o


novo amor". O texto dc rererêiicia é o Seniiiiário XX de Jacques
Lacaii, "Mais, Ainda" (Eiicore).

6. O Encontro, como apresentado na Conversação, será todo e m


plenárias.
Haverá cinco plenárias assini distribuídas: duas Coiiversa-
ç«es, "O trabalho do psicanalista nas Instituiçóes" e "O traballio
do psicanalista no Consultório". duas exposiçóes do tema do En-
contro (Plenária: Real e Plenária: Letra) e uma sobre o Passe
(Plenária: Novo Anior).
i. A plenária sobre o Real teve conio Curadora a própria Coiivcr-
sação. Será coniposta por traballios das quatro Seçóes da EBP,
assim distribiiídos:
EBP - São Paulo: "Mais forte que eu é o gozo"
Márcio Peter de Souza Leitc
EBP - Minas: "Mais forre que eu e os novos sintonias"
Jésus Santiago
EBP - Rio: "Mais forte que eu e a paixão"
Marcus André Vieira
ERP - Bahia: "Mais forte qiie eu e a dor de existir"
Marcelo Vrras

8. A Plenária sobre a Letra terá a Curadoria dos Conselhos das


Seçóes. Até 1512, os Coiisellios das quatro Seçóes da EBP deve-
rão encaminhar o nome de uin nienibro da EBP, daquela Seção,
unia niulher, para participar da Plenária sobre a Letra, cujo tema
é: "O mais forte que eu e a sexualidade feiiiinina", conforme
decisão da Conversação. Eiicaniiiiliar os textos para Márcio Peter
d e Soiiza Leite - D i r e t o r d o E n c o n t r o ; e-mail:
niarciope@zai.coni.l->r

9. A Pleiiária sobre o Novo Aiiior terá Curadoria da Secretaria


d o Passe da EBP. representada por Carlos Augiisto Nicéas, Se-
cretário do Passe para a EBP-SP. Será coiistituída pelos depoi-
mentos dos AE e por relatórios dos Cartéis d o Passe, cc~iiforme
decisão da Conversação.

10. Haverá cinco sessóes de Posters, para as qtiais os membros e


aderentes da Escola poderio enviar seus traballios, dentro do tema
geral d o Encontro. Eni breve di\,~ilgaremosmaiores iiiformaçóes
sobre este ponto. As sessóes de posters terão a Curadoria de Car-
nieii Silvia Cervelatti - e-niail: carniencer\~elatti@uol.com.bre
Hélio Lauar - e-niail: hp@bliiiet.c»m.br.

11. Haverá duas Conversaçóes Clínicas coni trabalhos prcdomi-


naiiteiiieiite produzidos eni Cartéis (não exclusivameiite). O s
temas seráo: "O trabalho do psicanalista nas Iiistituições" (pri-
meira Conversação) e "O traballio do psicanalista no Consultó-
rio" (segunda Coiiversação). Cada Seção da Escola deverá envi-
ar dois trabalhos, selecionados por suas Diretorias, um para cada
Conversação. As Coordeiiaçõcs das Delegaçiies dcvcrão selecio-
nar um trabalho cada, qiie serão assim distribiiídos:
Delegação Paraná - Convcrsaçáo Iiistituições
Delegação Espírito Santo - Coiiversação Consultório
Delegação Penmnihuco - Coiiversação Coiisultório
Delegaç~icParaíhn - Coiiversação Instituiç«cs
Delegação Geral - Natal (escolliida através de sorteio eiitre
as Delegações componentes da Delegação Geral) - Conver-
saç5o Instituições

12. A Curadoria das Conversações Clínicas ser6 das Diretorias


das Scções e Coordenações das Delegações . A recepçáo e a or-
deni de apresentaçáo dos trabalhos nas mcsas estar6 a cargo de
A n t o n i o Beneti, Diretor Secretário d a EBP -
e-mail:
aabeneti@africanet.com.br.

A Coiiversaçãci "O trabalho d o Psicanalista nas Instituições"


terá a Presidência de Aiitoiiio Bciieti e como debatcdorcs Iordan
Curgel e Ariel Bogocli\,ol. A Conversação "O trabalho do Psica-
nalista no Consiiltório" será presidida por Célio Garcia e terá como
debatedores Carlos Genaro Gaiito Feriiández e Berriardino Horne.

13. A atividade inaugiiral do Encontro, "Cem anos de Lacan".


com conferências de Eric Laiireiit e Jorge Forbes, terá Curadoria
da Seção Sáo Paulo da EBP.
14. As Presidências das Mesas e seus respectivos Debatedores
têm Curadoria da cqiiipe orgaiiizadora do Encontro c seráo pro-
xiniamente anunciados.

15. A organizaçáo do Encontro em pletiárias, permitiu qiie iitili-


zássemos o auditório do MASP, de excelente localização (Av.
Paulista) e importância tia cidade. É fundamental que os Meni-
bros e Aderentes que qlieiraiii comparecer façam siias iiiscriçfies
o mais breve possível. Estanios prevcndo Iotaçáo completa e iião
terenios nenhuma possibilidade de alteraçóes posteriores por pro-
blemas de segurança do local. Para evitar qiialquer tipo de incô-
modo, estarnos reservando todos os locais para Membros e Ade-
rentes da Escola, atf 15/3/2001. Apiis essa data iiáo teremos con-
dições de garantir iiiscriçóes.

16. Maiores inf«rniações sobre o programa serão veiculadas em


mala direta no próximo mês de fevereiro e eiii outra correspon-
dência às vésperas do Encoiitrti.
Dcsdc j5, esclarccimeiitos podem ser obtidos na Sccretaria do
Eveiito, com Meire Kanashiro.

17. Taxas: R$ 250,OO (profissionais)


R$ 180,OO (estudantes de gradiiação)
Obs: Ate 15 de março as iiiscriçfics estarão abcrtas somente para
membros e aderentes da EBP.

18. As inscriçóes poderáo ser feitas desde já, através de depósito


na conta bancária da Escola Brasileira dc Psicanálise, Banco Itaú
ag. 3383 c/c 63236.1 - São Paiilo. Só seráo consideradas efetuadas
as inscrições que fcircrn enviadas por fax ou e-mail com o iionie,
endereço completo. tellfax. c-iiiail e o coniprovatite do depósito
para a secretaria do evento.

19. Secretaria do evciito: Rua Cardoso de Aliiieida, 60 cj. 114 -


TelFax: ( 1 1) 3873,3909 - c-niail: cbpsp@uol.c«ni.hr

Maria do C a m Dius Batista

Nota: Todos os colegas aqui citados forani convidados e aceira-


rani o convite aio período entre as decisócs e a publicação deste
docurneiito. Com exceção de dois, que em função do período de
férias não forani localizados.
Recado da Diretora no 16
9 de Fevereiro d e 2001

XI Encontro Brasileiro do Campo Freudiano


1. Lembro-lhes que as inscrições para o XI Encontro Brasileiro do
Campo Freudiario "Mais forte qiie eu", a realizar-se em São Pau-
lo de 19 a 22 de abril próximo, estão reservadas até o dia 15 de
março EXCLUSIVAMENTE PARA MEMBROS E ADERENTES
DA EBP. Após este prazo, as vagas serão preenchidas por ordem
de inscriçáo náo havendo possibilidade de manter as reservas.
Faço este segundo aviso para evitar qiie algum Membro ou Ade-
rente da Escola, que queira participar do Encontro, fique sem
essa possibilidade por falta de vagas.
2. As inscrições poderão ser feitas através de depósito ria conta
bancária da:
Escola Brasileira de Psicanálise,
Banco Itaú - ag.0383 - c/c 63236-1 - Sáo Paulo - SP.
S6 serão consideradas efetiiadas as inscriçfies, que foreni en-
viadas por fax ou e-niail com nome, endereço completo, e-niail,
tellfax e comprovante de depósito para a secretaria do evento:
Rua Cardoso de Alrneida, 60 cj. 114 - Tel./Fax: (1 1) 3873.3909
e-mail: cbpsp@uol.corn.br.
Valor da Inscriqáo: R$ 250,OO (no caso especificado tio ítem 1)
3. O Curador da mesa sobre o Passe, Carlos Augustc) Nicéas,
informa que esta constará de duas iiiter\~cnçõesfeitas pelos atu-
ais AEs da EBP, Elisa Alvarenga e LSda Guimaráes, e de tim
depoimento sobre o crisino do Cartel do Passe. por Nora Gonçal-
ves. Posteriornierite, o Curador iiiforriiará os detalhes do funcio-
iiamento da plenária.
4. Éric Laurent estará em São Paulo de 19 a 22 de abril. devendo,
além de proferir seu seminário, participar da Assemblcia Geral
dos Membros da EBP.
5. As malas diretas e os cartazes serão enviados na segiiiida quin-
zena de fevereiro.
Maria do Camio Dias Batista
Recado da Diretora no 17
17 de Fevereiro de 2001

Mais forte que ... Lacan "


Lacan nc) Scniiiiário 20, ao nieiicioiiar as repercussões lia inipreii-
sa de uma confcrêiicia sua cni Miláo, diz que os niilaiieses são
muito inteligentes; após a coriferêiicia, o título da matfria nos
jornais era "Per il Dottore Lacan, Ia doiina noii esistc" (para Dr.
Lacan, a niullier náo existe). Eles captaram beni.Muito bem.
Talvez possamos dizer que "Mais forte que ... Lacaii", entre
todas as suas afirniaçõcs que gcrarani polêmica, foi dcmoiistrar
logicametite a iiiexistêiicia da iiiiillier. Mais forte que Lacan, pois,
afirniar que "A" niullier 1120 existe trouxe-lhe iníinieras e imcdi-
atas contestaç6cs feministas, c , ainda liojc, trinta anos depois,
mesmo para analistas, são necessárias muitas expiicaçóes e dc-
moiistrações para que se consiça aceitar a iiiexistêiicia como ca-
racrcrística do fcniiiiiiio. A dificiildade iiiaior, é claro, está iios
analistas de outras orieiitaçócs, porfiii, mesmo ciitre nós, estc C
uni ponto de difícil transniissáo.
O s artistas podeni eiitciidcr niellior. Outro dia encontrei uni
fotógrafo que afirmou seni tit~ibcios:a iiiulher não cxistc. A n ~ u -
Ilier qiie ele fotografa não existc.
O MIS (Museu da Iiiiagcin e do Som) de São Paulo preparou
tim evento niiiltiniídia cni coiiieinoração ao Dia Iiiteriiacional da
Mulher. O título: "MIS Mulher. A niiilher não existe. Existe?"
Durante o mês dc março, cineastas, videoniakers, fotógrafos,
músicos, antropólogos e psicaiialistas discutirão a frase quc per-
manece mais forte que Lacan. No texto introdutório ao catálogo,
Lacaii é citado alg~iniasvezes.

* "Mais forre ~ L Kcu TCBI. :I Ictr<> r 1111m1 ;tm<>i''i. I> t e m i l do Xl E I I C U I I ~ ~ O


Bnsilciri> dii C:triipi Frcildi;inn, :i realii:ir-sc rin Sno Psiilii. iii>s di;ir 19, 20. 21 c 2 2
dc ehril 1:ri)xirnn. O trxtii haic i. i> Sciiiii>;irii> 20. M n i i Ainda dc J;icqilcs Lnc;iii.
l'cxto cl;ih>rado 1i;tr;i C:irta ilc S;io P.iiilo i>" 9 - h~l;ir~o/2001
A inexistência da mulher, como sabemos, foi trabalhada por
Lacan em termos da lógica aristotélica tiniversal-particular. Lacan
inverteu a proposiçáo aristotélica d o quantificador universal e o
tornou negativo para "o lado mulher dos scres falantes". Desta
maneira. não havendo nenhuma universalidade e nenhuma mu-
lher que escape à castraçso, a mulher náo existe como rodo,
como completiide, não havendo aquela que escape 3 regra, pois.
náo havendo todo, só há exceções, particularidade. É imprescin-
dível a articulaçáo com o "lado honieni", o uiiiversal, que faz a
oposição lógica.
Porém, é melhor tomá-las unia a uma. Não há uma igual à
outra, o processo de identificação C complicado, inundado pelo
imaginário. pela intriga, pela alienação. A necessária queda das
identificações durante a análise é longa. difícil, e niuito sujeita a
retrocessos.
Há fortes evidencias que a civilização procura de forma de-
sesperada A mulher completa. Essa biisca resulta rio avesso d o
feminino. no aircsso d(&) mulher.
Algiiiis exemplos: o tornar-se homem na histeria, a conipletude
excessiva do travestismo, as passagens ao ato de alguns casos de
transexualidade.
O cinema reflete coni precisáo as mudanças do humano. E,
às vezes, até premonitório. Tudo sobre minha máe. de Almodovar;
Meninos náo choram, com Kimberlcy Pierce; o irlândes Traídos
pelo Desejo. DemonstraçRes que o encontro da mulher sem falta,
completa, dá-se na exterioridade das transformaçóes do corpo e
d o gozo d ( d ) mulher. Demoiistraçí,es que A mulher não existe,
como quis Lacan.
Maria do Canno Dias Batista
Recado da Diretora no 18
22 de Fevereiro de 2001

Mais forte: a EBP

Aos Curadores d o XI Eiicoiitro Brasileiro do Campo Freudiaiio


1. O s Conselhos das Seçóes da EBP, Curadorcs da Plenária
sobrc a Letra, dcveriam tcr encamiiihado até 151212001 o nome de
um membro da EBP e de sua Seçáo, mulher. para participar da
Plenária. O s Coiiselhos da Scção São Paulo c da Seção Minas Ge-
rais já encaminharam os nomes de Maria Josefina Sota Fuentes e
de Márcia Rosa. respectivaniciite. Aguardo, coni a niáxima urgên-
cia, os nomes da Scçáo Baliia e da Seção Rio (ver Recado no 15).
2. As Diretorias das Scçóes e Coordeiiações das Delegações,
Curadores das Coiiversaçóes Clíiiicas, aiiida NÃO ENVIARAM
NENHUM traballio para Aiitonio Beiicti, respoiisável pela re-
crp@o dos trabalhos. Solicito o envio até 281212001 dos nomes
dos participantes e, no mais breve tenipo, também o envio dos
traballios, para abenetiQafricanet.coni.br. Ver Recado no 15,
onde há a especificaçáo do que cabe a cada Curadoria nas Coii-
vcrsações.
3. O s Curadores das Sessóes de Posters, Carmen Silvia
Cervelatti - carnieiicervelatti@uoI.commbre Hélio Latiar -
lauar20000uol.cor1i.br iião receberam, até o monieiito, solicita-
ções para apresentação de Posters.
4 Contribuiçócs para <i debate elctronico devem ser eiicami-
nhadas para Márcio Peter de Souza Leite - rnarciopc@zaz.com.br.
5. Mais forte que nós i. a EBP. Sob esta declaração, eu os
coiivido a participar.

Maria do C a m w Dias Barista


Recado da Diretora no 19

Informações sobre o XI Encontro Brasileiro do Campo


Freudiano
1. Trabalhos - A entrega dos traballios para as Conversações Clí-
nicas foi prorrogada até 15 de março de 2001, atendendo às solici-
taçóes recebidas por Antonio Beneti da parte dos Coordeiiadores
das DelegaçOes. A distribuição dos traballios das Seções e Dclega-
ções nas duas Convcrsações encontra-se no Recado no 15.
2. Hospedagem - A Comissáo Orgaiiizadora indica os hotfis da
Rede Residence coiiforme tabela abaixo:
Residcnce Tlie Laiidmark
Alameda Jaú,1607 - Jardins
5 Quadras (distâiicia do MASP)
Diárias 100,OO SGL 110,00 dbl
Residence Fortiiiie
R. Haddock Lobo,804 -Jardins
6 Quadras (distância do MASP)
100,OO SGL 110,OO DBL
Resideiice Ititerati\~eFlat
R. José Maria Lisboa,555 -Jardins
5 quadras dsiibida + 1 quadra na Paulista (distâiicia do MASP)
90,OO SGL 100,OO DBL
Residence New Star
Alameda Fraiica,584 - Jardins
4 quadras c/ subida (distância do MASP)
90,OO SGL 100.00 DBL
Condições Gerais:
Não serão cobradas taxas;
Início e término das diárias: 12h00;
Late clieck out : 18h00;
Caff da manhã iticluso na disria;
A diária inclui 01 vaga na garagem por apartamento;
Pagamento no check-out (aceita-se todos os c.c);
Reservas - Toll Free - 0800 175999 até 19h00
Pabx - 11 3816.5999
Fax - I 1 3815.5323
Honie page: wi~~\\~.resideiice.coni.br
E-niail: grupos@residence.com.br
3. Inscrições - As inscrições poderio ser feitas através de depósi-
to na conta bancária da Escola Brasileira de Psicanálise, Banco
Itaú - ag. 0383 - c/c 63236-1 - Sáo Paulo -Si'. Só serão coiisidera-
das efetuadas as inscrições que forem enviadas por fax ou e-mail
com nome, endereço conipleto, e-mail, tcltfax e comprovante de
depósito para a secretaria do evento - Riia Cardoso de Alnieida,60
cj. 114 - Tel./Fax (1 1)3873.3909 - e-mail:ehpsp@iiol.com.br
- Até 3 1 de março
R$ 250,OO Profissionais
R$ 180,OO estiidantes de graduação (coni coniprovaiite) e
alunos dos Institutos.
- Após 31 de março
R$ 300,OO Profissionais
R$ 210,OO estudantes de gradiiação (coni comprovante) e
alunos dos Institutos.
OBS: Até 15 de março as iiiscriçóes estaráo abertas somente
para os Membros e Aderentes da EBP.
4. Alunos dos Institlitos - Os aliiiios dos Institutos de São Paulo.
Minas Gerais, Baliia e Rio de Janeiro. têm possibilidade de ins-
crever-se no Encontro coni taxas reduzidas (ver íteni 3). Há 80
vagas com desconto reservadas ate 15 de niarçu.
5. Cartazes e folders - O s cartazes e folders estarão disponí\~eis
na pr6xi1iia seniana, estes últiiiios c«iiteiido o programa conipleto
do Eiicoiimo.

Maria do Carmo Dias Batista


Recado da Diretora no 20
-

14 de Março de 2001

O XI Encontro Brasileiro do Campo Freudiano e os Cem


anos de Lacan: Lacan, o analista do futuro.

1. Cem Anos de Lacan


O XI Encontro Brasileiro do Campo Fre~idiano.em suas Confe-
rências de Abertura, será ocasiáo para a EBP celebrar os cem
anos d o nascimento de Jacques Lacaii. O tema das Conferências
de Abertura de Eric Laurent e de Jorge Forbes é "Lacan, o aiia-
lista do futuro".

2. Seminário Éric Laurent


"Sintoma e Repetição" e "O fecho e o fechamento em psicanáli-
se", serão os títulos do Seminário de Eric Lauretit, a ser ministra-
d o nos dias 20104 às 19h00 e 21/04 às 19h30. respectivamente.

3. Plenária Novo Amor (Passe)


O Curador da Plenária sobre o Passe - (Novo Amor) infornia:

"Como já anunciou a diretora-gcral da EBP nuni 'Recado' ante-


rior, três nomes comporáo a mesa de Lima plenária sobre o passe
tio XI Encontro Brasileiro d o Campo Freudiano: Nora Gonçalves
(EBP-Bahia), Leda Guimarães (EBP-Baliia) e Elisa Alvarenga
(EBP-Minas Gerais).
Num primeiro tempo da plenária, tratar-se-á de extrair
ensinamentos de uma experiência de dois anos tio cartel do pas-
se. sobre a posiçáo do sujeito com relaçáo à psicanálise. Nora
Gonçalves, tendo já se servido d e sua passagem pelo cartel para
pensar aspectos da clínica psicanalítica ('Cenário das mudanças
lógicas - A sessáo analítica' em 01)ção Iacaniann n.29 de dezem-
bro 2000), aceitou nos dizer, desta vez, o que p6de ler nos teste-
munhos daqueles que pediram entrada na Escola eiigajando-se
no dispositivo, sobre um desejo que. atado à causa analítica, e
articulado à análise d o passante, pode assini ser transmissível
nos niomentos difereiites de siia cura. Analista da Escola, Leda
Guimarães, em seguida, sob 0 título 'De uina Ecola parceiro-siii-
toma a um amor mais digno', repeiisará a relação do sujeito coni
a causa analítica lia entrada pelo passe e depois d o final de aiiá-
lise. Unia releitura de dois textos seus irá nos preparar para ouví-
Ia em abril: o primeiro deles, publicado no 'Courrier' da ECF, de
outubro de 2000, coiii o mesiiio títtilo de sua iiiter\~eriçã»na ple-
iiária; e o segundo - 'D'o pai para um nome' - publicado eni
'Fênix', revista da Delegiiçáo Paraiiá da EBP, 11'' 2, de dezembro
de 2000. Fiiialmctite. depois de ter recebido a sua noiiieação,
Elisa Alvarenga, teiido feito até agora apenas uma primeira apre-
sentação na EBP-Minas. falará coiiio AE diante de toda a EBP
reunida iio Encoiitro. Ela me pediu para anunciar aqui 11 título
d e seu tesrcmunho clínico: 'Um amor fora dos limites da lei'.
Carlos Augusto Nic6asn.

4. Divulgaçáo
A Comissão Orgaiiizadora, através de sua coordenadora Maria
Helena Barbosa Bogoclivr~l,informa que os responsáveis pela di-
\:ulgaçáo d o Eiicoiitro em cada Lima das Seçóes e DelegaçUes,
estão em contato permanente com a «rgaiiização e deveni ser
contactados em suas regi6es sempre que iiecessário.
São eles:
Seção Minas - Cristiana Mattos;
Seção Rio - Giselc Goniii;
Seção Bahin - SOiiia Vicentc;
Seção São Paulo - Maria Heleiia Barbosa Bogoch\.ol;
Delegação Espírito Santo - Alberto Miirta;
Delegação Purctíha - Cassandra Dias;
Delegação Perimiiibuco - Gisella Sette Lopes;
Delegação Paraná - Gleuia Salonion;
Delegação Geral - Florian6polis - Oscar Reymundo;
DeJqcT Geral - Ceiitrc~Oeste- Carlus Gciiam Cauto Femández;
Delegação Geral - Maranlião - Thaís Moraes Correa;
Delegação Geral - Natal - Kuth Dantas.
5. Conversações
Os Curadores das Conversações "O trabalho do psicanalista nas
instituiçóes" e "O trabalho do psicanalista no consultório" - Dire-
tores das Seçóes e Coordenadores das Delegaç6es - encaminha-
ram a Antonio Beneti, os seguintes colegas para representá-las:
Conversação Institiiiçóes
Seção Minas - Simone Oliveira Souto;
Seção Bahia - Maria Luiza Miratida;
Seção Rio - Maria do Rosário d o Rêgo Barros;
Seção São Paulo - Durval Mazzei Nogueira Filho;
Delegação Paraíba - Margarida Assad;
Delegação Paramí - Maria de Souza;
Delegação Geral - ainda sem dcfiniçáo.
Conversação Coiisultório
Seção Mina7 - Cristiiia Drumond ;
Seção Bahia - Maria Luiza Raiigcl de Moura;
Seção Rio - Carlos Eduardo Leal;
Seção São Paulo - Maria Helena Barbosa Bogochvol;
Delegaçào Espírito Santo - Claúdia Murta
Delegação Pemmbuco - Gisclla Settc Lopes;

6. MASP
O Encontro será realizado de 19 a 22 de abril próximo, no MASP -
Museu Arte de São Paulo, situado à Av. Paulista, 1578.

7. Inscriçóes
Até 15 de março as inscriçóes estáo reservadas exclusivameiite
para Membros e Aderentes da EBP. As inscriçóes poderão ser
feitas desde já, através de depósito na conta bancária da Escola
Brasileira de Psicanálise, Banco Itaú ag. 0383 c/c 63236-1 São
Paulo. S 6 seráo consideradas efetuadas as inscriçócs que forem
enviadas por fax ou e-niail com o nome, endereço con~pleto,te11
fax, e-mail e o comprovante do depósito para a secretaria do
evento.

Maria do Canno Dias Batista


Recado da Diretora no 21
21 de Março de 2001

XI Encontro: Trabalhos, Trabalhos, Trabalhos

Os Curadores das Sessões de Posteres, Carnieii Sílvia Cervelatti


e Hélio Lauar, eiiviani a segiiir todas as informaçóes necessárias
para participar do XI Encontro coni trabalhos expostos eni forma
de Postercs:

1. O s pôsteres sáo aprcseiitações de temas livres sob fornia de


cartazes
2. Para que o pôstcr seja apresentado no Eiicontro é obrigatória a
inscriçáo de pelo nietios um dos autores no evento.
3. Do resumo deverão constar: titiilo, autores (com indicaçso do
prinxiro autor cm iiegrito), instituição, deparramento e ende-
reço (incluindo telefone, fax e e-mail).
4. O resumo deverii ter parágrafos claros e suscintos, não iiltra-
passando 200 palavras (incluindo o título).
5. Aprcscntação e envio d o p6ster:
- eni W O R D 6.0 ou 7.0, eni Tinics New Roman 10, espaço 1,
em português, espanliol ou francês. O resumo deverá ser enviado
por e-mail ou em disquete pelo correio.
- os resumos poderão ainda ser datilografados, com espaço 1,
dentro d o retânglilo do formulário em anexo, com alinhamento
justificado.
6. O s pôsteres seráo nioiitados em painéis especialmente dispos-
tos para este fim, devcndo ocupar uma área prevista de 1,20cm
de altura por 0,90cni de largura.
7. O apresentador do póster é responsável pela fixaçgo e retirada
no local e data a scr determinada pela Curadoria de Pósteres:
Carnieii Silvia Cervelatti e Hélio Lauar.
8. Poderá ser apresentado mais de uni trabalho por participante.
9. Prazo limite para inscriçso de posteres: 09 de abril de 2001
10. O s trabalhos deveráo ser enviados para:
carniencervelatti@tiol.co~ii.I~r;
lauar2000@uol.com.br
-
ÁREAS TEMÁTICAS:
1. O Real; 2. A Letra; 3. O Novo Anior

ASSUNTOS:
A. Neurose; B. Psicose; C. Perversão; D. Criança ; E. Toxiconiaiiia;
F. Psicanálise e coiiexóes; G. Téciiica; H. Conceitos Fundamentais;
I. Transmissão; 1. Outros.

2. TRABALHOS DAS CONVERSAÇOES


O s trabalhos das Conversações serão enviados para os Coordena-
dores e Debatedores das Mesas, a partir de amanhã (211312001),
através de seus endereços eletr6iiicos. Da mesnia maneira, todos
os inscritos no Encontro receberão os trabalhos via Internet, tam-
bém a partir da data acima.
A secretaria d o Encontro sc encarregará do envio dos traba-
lhos. Estes deveráo ser lidos pelos participantes previamente, como
requerem as Conversações, tinia vez que náo serão lidos durante
as mesmas, pois todo o privilfgio é dado à discussáo.
Os inscritos que não possuein endereço eletrônico, devem
procurar os respoiisáveis pela div~ilgaçáodo Eiicoritro de sua Se-
çáo ou Delegação, com a finalidade de obter os trabalhos.

3. BOA NOT~CIA,MEUS CAROS


Temos 66 Membros da Escola inscritos até o iiionicnto.
Lembremos que a EBP tem 108 Membros de Escola, dos quais
14 vivem fora do Brasil.

Maria do C a m Dias Batista


Recado da Diretora no 22
27 DE MARCO DE 2001

Mais, Ainda
1 . ENTREGA DOS TRABALHOS
O prazo para eiitrega dos trabalhos das Coiivcrsaçóes Clínicas a
Antonio Beneti (aabeiieti@africanet.coni.br) é dia 3013101, ini-
preterivelmente.

2. REFERÊNCIAS DO SEMINÁRIO 20 DE JACQUES LACAN


A Biblioteca da EBP-SP e d o IPPSP, visando ao XI Encontro
Brasileiro do Canipo Freudiano MAIS FORTE QUE EU - o real,
a letra e o novo amor. propos aos interessados o trabalho de de-
bruçar sobre o Seminário 20, de Jacques Lacaii, para buscar mais
informaçóes, esclarecinieiitos, localizaçócs, obras que Lacan cita,
sugere ou mostra a necessidade de conhccer. O objetivo é propi-
ciar ciados que perniiram aprofundar e viabilizar o trabalho com
csse texto.
A seguir envianios alguns dos priniciros frutos.

Cannen Siluin Cervefntti

Capítulo I1 - A Jakobsoii - p. 26

O N O V O AMOR
De seu dizer, de q ~ i eo inconsciente é estruturado como unia
linguagem, Lacan aponta que este náo é do caiiipo da linguística,
nieiicioiia os usos d o dito pois "6 pelas coiiseqiiências do dito que
se julga o dizer", e diz de iim texto de Riiiibaud: "de que tratei
ano passado, que se chama A Uma Razáo, c que se escande por
esta réplica que termina cada versículo - Uni novo amor. Já que
dizem que da última vez eu falei de amor, por que não retomá-lo
neste iiível. e sempre coni a idéia de marcar a distância entre a
linguística e a litiguisteria!
O amor, nesse texto, é o signo, apontado como tal, de que se
troca de razao, e é por isso que o poeta se dirige a essa razáo, quer
dizer - mudamos de discurso."
A seguir, o texto de Rimbaud:

Um toque de seus dedos no tambor deroiia todos os sons e


incia a nova liarmonia.
Um passo seu é o levante de novos homens c sua marcha.
Sua cabeça se vira: o ~ i o \ ~amor!
o Sua cabeça se volta, - o
tiovo amor!
"Mude nossa sorte, livrc-iios das pestes, a começar pelo tem-
po", cantam essas crianças. "Não imporra oiide, eleve a substân-
cia de nossas fortunas e desejos ", lhe iniploram.
O sempre chegando, indo a todo canto.

A UNE RAISON

Uni coup de turi doiilit silr Ic ramboiir d6charge toiis les sons e t commence ia
nouwlle hannunie.
Uii pas dc nii c'est Ia Icvfc des noovcaiix hommcs cr Iciir eii marche.
T.i tGtr se dCtuuriir: le iiuuvçl amoiir! Ta tete se retoiiriiç. - le noiivel aniour!
"Chaiigerios luts, crible les fléaux. à coiniiiriicer tiar le tclnps", te clia~ite~it
ces
enfaiits. "Élève ~i,irnpiirteoii Ia sohsraiice de nus íortiiiies et de tios vr>eiix",rrii
t'en prie.
Arrivée de tuiljoiirs, qiii t'cii iras paroiiir.
RIkIBAUD, Artliiir. Ilumiliu~~s - Grai,uras Coloridu. Tt;id. Rudrigo C;ircia. Lipcs
c Maurício Arrudn btcndon~:i.SZo Paiilu: Iluri\inuns, 1946. p. 32 c 33.
Camen Silvia Ceruelatti
Yara Valione

Capítulo I - Do Gozo - p. 1011 1

USUFRUTO
No primeiro dia do Seminário de 1973. Lacaii faz meiiçáo ao ins-
tituto jurídico do usufrut« para dizer que aí se reútie, em uma
palavra, a diferença que 1iá entre « útil e 0 gozo. Na ocasiáo,
explicou:
O usufriito quer dizcr que podcnios gozar de nossos meios,
nias que não devemos enxovalhá-los. Quando temos usufruto de
uma herança, podenios gozar dela, coiii a condiçáo de não gastá-
Ia demais. E nisto qiie está a essêiicia do direito - repartir, distri-
buir, retribuir. o q ~ i cdiz respeito ao g«zo. (Seniinário XX, p. 11)
T a n t o na Fraiiça quanto n o Brasil o instituto aprcsenta a
mesriia definição geral. Sua origeni é roniana. de uni direito esta-
belecido até o século Vi, e que serviu de inspiração especial-
mente aos sistenias jurídicos da Europa continental e daqueles
por esta colonizados. É mais fácil comprceiider o usufruto a partir
da explicaçáo da propriedade. Ela é o direitn que conipreeiide o
poder de agir diversanieiite eni relaçáo ao bem, usando, gozando
ou dispondo dclc. Ficam listados aí os direitos do proprietário,
como apresenta o texto do Código Civil brasileiro:
Art. 524 - A lei assegura ao proprietário o direito de usar,
gozar e dispor de seus bens, e de reavC-los do poder de queni
quer que iiijustanieiite os possua.
Assini defiiieni-sc cada uni dos eleiiieiitos da propriedade iiunia
das obras niais coiisultadas da doutrina jurídica brasileira (Maria
Heleiiri Diniz, Curso de Direito Civil, Direitos das Coisas, Ed.
Saraiva):
Direito de tisar da coisa é o de tirar dela rodos os serviços que
lea pode presrar, seiii que haja modificação eiii sua subst2ncia. O
titular do jus utciidi pode empregá-lo ciii seu próprio proveito ou
tio de terceiro, beiii conio deixar de utilizá-lo, g~iardaiido-oou
maiitetido-o inerte. Usar do bem náo 6 apenas retirar vailtageiis,
nias também ter o beni cni condições de servir.
O jus frueiidi (dircito de fruir oii, também cliamado, direito
de gozar) exterioriza-se na percepçáo dos frutos e na utilizaçáo
dos produtos da coisa. E o direito de gozar da coisa ou de explorá-
Ia econoniicamente. O direito de fruiçso, juiitanieiite coiii o di-
reito dc liso, estio presentes, via de rcgra, lia posse.
O jus disponeiidi equivale ao direito de dispor da coisa ou de
poder alienlí-Ia a tít~ilooneroso (venda) o ~gratuito
i (doaçáo). Abran-
ge o poder de coiisuiiii-Ia e de gravá-la de 6iius (penhor, hipoteca).
Assini os exeniplos: usar de unia casa é habitá-la, dela gozar,
alugá-la e dela dispor: denioli-Ia ou veiid6-Ia; usar de uni quadro
é iitilizá-lo na decoraçáo de lima casa, dele gozar é exibi-lo numa
exposição a troco de dinlieiro e dele dispor é destruí-lo ou alieiiá-
10 ou. ainda. doá-lo.
Estes atributos da propriedade podeni concentrar-se num só
indivíduo, caso em que a propriedade é plena, ou desmembrar-
se. se transferem a outrem. No caso do usufruto há este
desmembramento, e ao ~isufrutiiárioatribuem-se os direitos d e
uso e gozo (fruição) do beni. A o proprietário que cede seu bem
em usufruto, resta-lhe a chamada nua propriedade, e só lhe cabe
a opçso de transferir a titularidade deste bem, caso em que, mes-
mo assim, o adquirente terá apenas a propriedade destituída de
uso ou gozo. Náo poderá 0 i~sufrutiiáriodispor do beni sobre o
qual ele tem usufruto, iio entanto ele pode ceder 0 próprio excr-
cício do usiifruto sobre o bem, alugando, por exemplo, um imóvel
d o qual seja usufrutuário. Neste caso, ele estará gozando do iiiió-
vel ao colher dele o valor do aluguel. N o Código Civil:
Art. 713 - Constitui usufruto o direito real de fruir as utilida-
des e frutos de uma coisa, enquanto tcmporariarnente destacado
da propriedade.
O mais importante é notar que a niia propricdade apenas se
sustenta graças a duas caracrerísticas essenciais d o usufriito: a
impossibilidade, ao iisiifrutiiário, de modificar substancialmetite
a coisa. de niaiieira que se altere seu caráter (ou, nas palavras de
Lacan, sem "eiixovalliar" ou "gastar demais" a coisa). e a
temporalidade, qiie significa que náo se pode atribuir usufruto
por tempo maior que vida d o iisiifrutuário (e portanto seus Iier-
deiros não recebem os direitos de uso e gozo do bem. que retornam
ao proprietário).
Enl Roma, inicialmente, não se admitia o usufruto de coisa
que se coiisumisse com o uso (como alimento ou dinlieiro). Pos-
teriormente, este tipo dc iisufruto foi sendo aceito, de modo que
o usufrutiiário, iieste caso, findo o usufri~to,deve entregar ao
proprietário o11 o valor da coisa ou, se possível. equivalente do
niesrno gênero, qualidade e quantidade.

Andréa Martos Naccaclie


Marin tlo C a m Dias Batista
A LNTERNET

Scilicet, o s i t e W e b da Escola Una, e s t á a b e r t o !


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Coordenadora da Comissão
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Composição, c o n c e p ç ã o g e r a l d o v o l u m e e
estabelecimento d o sumário
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Entrevistas: Alberto Murta (Delegação Espirito Santo)
Critica de Textos: Sérgio Mattos (Minas Gerais)
Passe: lordan Gurgel e Tânia Abreu (Bahia)
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