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AS MENTAS DISCIPLINARES DOS CURSOS DE LITERATURA

BRASILEIRA

As ementas disciplinares dos cursos de literatura brasileira são documentos


normatizadores e que seguem um plano de curso que visa definir os conceitos
e apresentar os conteúdos programáticos das disciplinas a serem cursadas.
Esses conteúdos devem ser trabalhados em sala de aula pelos docentes
promovendo assim a formação que se deseja dentro de uma política
institucionalizada, esse tipo de registro terá por finalidade o destaque dos
pontos mais essências e importantes sobre determinados assuntos a serem
abordados durante o curso. Foucault 91996,p.7) “[...] O discurso está na ordem
das leis; que há muito tempo se cuida de sua aparição; que lhe foi preparado
um lugar que o honra mas o desarma; e que, se lhe ocorre ter algum poder, é
de nós, só de nós, que ele lhe advém"
Talvez refletir sobre o estudo dessas ementas disciplinares possa determinar
de alguma forma como esses discursos se cruzam, se entrelaçam e se
dialogam entre si formando-se assim uma teia com diversas ligações de zonas
e pontos desconhecidos sustentadas pelo exercício das práticas discursivas de
poder. Localizar o leitor e expor os diferentes locais onde e como essas
práticas de poder se disseminam será uma das tarefas desse trabalho a outra
será refletir quais zonas e pontos realizam essa sustentação e as formas que
essa dominação acontece.
Para Foucault, quando os discursos são disseminados nas camadas sociais
eles exercem sobre essas sociedades sua função de controle, limitação e
regras de poder, questionamentos que o autor aborda em diferentes períodos
históricos e sociedades, e se existem esses tipos de instituições: família,
prisões, manicômios, e instituições de ensino seria preciso se utilizar de uma
forma subversiva pra atacar os seus fundamentos. Talvez por isso Foucault
(1996, p.5) comece seu livro A Ordem do Discurso com a seguinte frase:
“Gostaria de me insinuar sub-repticiamente no discurso que devo pronunciar
hoje, e nos que deverei pronunciar aqui, talvez durante anos”
As ementas disciplinares são documentos normatizadores e como toda norma
tem suas regras e princípios que devem ser seguidos essa relação entre
discurso e pratica cria um processo ordenado e produtivo onde se desencadeia
um tipo de discurso que na visão foucaultiana seria os mais sérios,
disseminados por instituições como a medicina, psiquiatria, a política e
principalmente por instituições de ensino. O discurso para Foucault não seria
simplesmente aquilo que pode ser traduzido por lutas ou sistemas de controle,
mas pelo propósito que se luta; o poder que queremos nos apropriar.
Talvez por isso Foucault considerou os discursos singulares, terríveis,
maléficos e também perigosos quando proferido pelas pessoas. No livro a
ordem do discurso, Foucault diz (1996, p.8): “Mas, o que há, enfim, de tão
perigoso no fato de as pessoas falarem e de seus discursos proliferarem
indefinidamente? Onde, afinal, está o perigo?”.
Os discursos ementários talvez como uma prática social, para acontecerem
deva-se , existir a necessidade dele está atrelado às condições de
possibilidades e regras pré-estabelecidas, o lugar e discurso estariam assim
conectados, por isso não existe neutralidade no discurso, a inquietude no ato
de discursar está envolvendo o local e suas regras que implicam diretamente
no quê e como dizer as palavras a serem ouvidas. O plano de curso desses
documentos define conceitos e apresentam conteúdos programáticos dessa
forma, Foucault supõe que em todas as sociedades a produção discursiva é
manipulada, controlada e que existe uma seleção organizada e bem distribuída
para certos tipos de procedimentos, ou seja, uma norma para com os
discursos. Sua hipótese seria:

Suponho que em toda sociedade a produção do discurso é ao mesmo


tempo controlada, selecionada, organizada e redistribuída por certo
número de procedimentos que tem por função conjurar seus poderes
e perigos, dominar seu acontecimento aleatório, esquivar sua pesada
e temível materialidade. (FOUCAULT, 1996, p. 8-9).

Todo discurso segue uma disciplina, no caso das ementas disciplinares isso
não será diferente, a abordagem das discussões será pautada em importantes
e essenciais temas, Foucault dirá rituais, domínio de objetos, um conjunto de
métodos, um corpus de proposições verdadeiras, um jogo de definições,
regras, técnicas e instrumentos que irão constituir um sistema independente
chamado de disciplina que define as formas gestuais e comportamentais e até
como recitar definindo, dessa forma, sua qualidade e eficiência discursiva. Em
diversos locais, são perceptíveis esses tipos de rituais; eles estão nos espaços
religiosos, em conferencias, nos meios políticos e judiciários e até mesmo nas
academias. São funções restritivas e coercitivas no interior do discurso.

Foucault fala (1996, p.36): “A disciplina é um princípio de controle da produção


do discurso ela lhe fixa os limites pelo jogo de uma identidade que tem a forma
de uma reatualização permanente das regras “dessa forma os sujeitos, para
entrarem na ordem do discurso, deverão atender certas exigências e estarem
qualificados para fazê-lo. As regras impostas ao sujeito pelo discurso são os
rituais da palavra determinando propriedades singulares e papéis
preestabelecidos como os discursos religiosos, científicos, políticos, judiciais e
educacionais.
Para Foucault existem os grupos doutrinários, são aqueles que requerem um
parecer prévio de reconhecimento ou de pertencimento a uma classe social,
status, nacionalidade, resistência, aceitação, etc. Desta forma, eles associam
as pessoas a certos tipos de discurso e lhes proíbem todos os outros; as
apropriações sociais, o melhor exemplo são os sistemas de educação, na
medida em que eles representam uma estratégia política eficaz para a
manutenção ou modificação da apropriação dos discursos, diante dos saberes
e poderes que lhes são peculiares.
Todo discurso é ideológico e a sua intenção não é mostrar as coisas ou mudo
com clareza mais reproduzir o que lhe foi imposto (dito) sobre os mais diversos
assuntos. Por essa causa é preciso buscar a intencionalidade do texto
(discurso). Sem o contexto do enunciado fica impossível de perceber o que
esses discursos estão determinando, o seu conteúdo, comentário; o que o
autor de fato quer falar além de definir métodos e disciplinas a serem seguidas

[...] O que é afinal um sistema de ensino senão uma ritualização da


palavra; senão uma qualificação e uma fixação dos papéis para os
sujeitos que falam; senão a constituição de um grupo doutrinário ao
menos difuso; senão uma distribuição e uma apropriação do discurso
com seus poderes e seus saberes? [...] (FOUCAULT, 2012, p.44)

O sistema de educação pautado nas ementas disciplinares como um todo pode


parecer fazer nada mais do que simplesmente disseminar conhecimento.
Entretanto esse sistema se organiza dentro de um instrumento de exclusão que
Michael Foucault chama de disciplina. Seria uma maneira politica de manter ou
de modificar e se apropriar dos discursos com os saberes e poderes que eles
trazem conosco, esse sistema se processaria dentro dessa ordem do discurso
privilegiando um poder atrelado a uma classe de textos hegemônicos,
excluindo dessa forma outros instrumentos de poder que não atendam a essa
ordem de discurso Foucault dirá:

Ora, o que os intelectuais descobriram recentemente é que as


massas não necessitam deles para saber; elas sabem perfeitamente,
claramente, muito melhor do que eles; e elas o dizem muito bem. Mas
existe um sistema de poder que barra, proíbe, invalida esse discurso
e esse saber. Poder que não se encontra somente nas instâncias
superiores da censura, mas que penetra muito profundamente, muito
sutilmente em toda a trama da sociedade. Os próprios intelectuais
fazem parte deste sistema de poder, a ideia de que eles são agentes
da "consciência" e do discurso também faz parte desse sistema. O
papel do intelectual não é mais o de se colocar "um pouco na frente
ou um pouco de lado" para dizer a muda verdade de todos; é antes o
de lutar contra formas de poder exatamente onde ele é, ao mesmo
tempo, o objeto e instrumento: na ordem do saber, da "verdade", da
"consciência", do discurso.”(FOUCAULT, 1979, p.42)

Seriam então as ementas disciplinares um controle de produção onde os


discursos operam de maneira política e ideológica, onde as relações entre os
discursos e os poderes que elas possuem e como eles se formam, acabam por
fazer uma sujeição dos sujeitos discursivos ou seja daqueles que falam os
discursos a resposta vira por Foucault quando ele diz:

“Em uma sociedade como a nossa, conhecemos, é certo,


procedimentos de exclusão. O mais evidente, o mais familiar também,
é a interdição. Sabe-se bem que não se tem o direito de dizer tudo,
que não se pode falar de tudo em qualquer circunstância, que
qualquer um, enfim, não pode falar de qualquer coisa. Tabu do
objeto, ritual da circunstância, direito privilegiado ou exclusivo do
sujeito que fala: temos aí o jogo de três tipos de interdições que se
cruzam, se reforçam ou se compensam, formando uma grade
complexa que não cessa de se modificar” (FOUCAULT, 1996, p.9)

Como esses enunciados discursivos são vistos hoje e como eram vistos no
passado e como uma sociedade cria e se apropria de um discurso para ter
poder em diversas situações só demonstra o que fulcoult diz (1996,p.6)”Existe
em muita gente, penso eu, um desejo semelhante de não ter de começar, Um
desejo de se encontrar, logo de entrada, do outro lado do discurso, sem ter de
considerar do exterior o que ele poderia ter de singular, de terrível, talvez de
maléfico”
Pensar as ementas disciplinares como discursos é na verdade refletir como
estes estariam conectados entre si se cruzando e também se excluindo como
praticas descontínuas. O discurso é por fim uma pratica social onde há
procedimentos de controle organizados e redistribuídos para produção
discursiva. Pensar essas ementas disciplinares como práticas sociais
discursivas para uma subversão dessa ordem do discurso, talvez fosse
um caminho mesmo que perigoso a percorrer, todavia necessário para
questionar os fundamentos de textos hegemônicos e partir desses
questionamentos tencionando-os na busca de diminuir, talvez, esse abismo
que possa até existir entre as ementas disciplinares.

“[...] no interior de um discurso, a separação entre o verdadeiro e o


falso não é nem arbitrária, nem modificável, nem institucional, nem
violenta. Mas se nos situamos em outra escala [...] essa vontade de
verdade que atravessou tantos séculos de nossa história, ou qual é,
em sua forma muito geral, o tipo de separação que rege nossa
vontade de saber, então é talvez algo como um sistema de exclusão
(sistema histórico, institucionalmente constrangedor) que vemos
desenhar-se” (p-14).

Por fim gostaria de concluir que estudar as ementas disciplinares nos


possibilita entender como os discursos movimentam os sentidos
transformando-se numa pratica ou ritual ainda que precário capaz de dissolver
e cristalizar através do seu poder.
.

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