Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
Representações de um
“Mundo Novo” no
Portugal de Quinhentos
© 2011, Edições Cosmos
Colecção “História”
ISBN 978-972-762-338-9
Depósito legal 294313/09
Edições Cosmos
PORTUGAL: Apartado 82 – 2140-909 CHAMUSCA
Tel.: +351 249 768 122 – Fax: +351 249 768 124
ANGOLA: Rua Nossa Senhora da Muxima, 22 - r/c – LUANDA
Tel.: +244 222 335 865– Fax: +244 222 339 808
E-mail: edicoescosmos@gmail. com
www.edicoescosmos.blogspot.com
Sem autorização expressa do editor não é permitida a reprodução parcial ou total desta
obra desde que tal reprodução não decorra das finalidades específicas da divulgação e da
crítica.
Aos meus filhos,
Raúl e Mário,
Ao Mário,
Recordando a Rosa Púrpura do Cairo...
Índice
Nota Prévia............................................................................................................. 9
1
Tzvetan Todorov, Imperfect Garden-The Legacy of Humanism, Princeton,
Princeton University Press, 2002, p. 226.
2
Este texto decorre de todo um percurso de leccionação e de escrita que tenho
desenvolvido ao longo da minha actividade académica sobre a construção, na
escrita portuguesa de Quinhentos, das imagens da novidade de outras terras,
outros mares e outras gentes. Pelas interrogações levantadas e superações
analíticas propostas, nomeadamente as que decorrem das provas de agregação
por mim defendidas em 2006 e dos vários livros e artigos já redigidos, decidi
publicar este livro.
10 Ana Paula Avelar
Por outro lado, registe-se que este trabalho tem como uma
das suas componentes constitutivas a problematização em torno
dos processos de comunicação, nomeadamente as questões que se
prendem com os públicos a que se destinam os textos, a clareza do
discurso, a interacção, que se desencadeia com o leitor primordial,
aquele a quem o autor destina, em primeiro lugar, o seu discurso.
3
Claude-Gilbert Dubois, Le Bel aujourd’hui de la Rennaissance – Que reste-t-il du
XVIe siècle?,Paris, Seuil, 2001, p. 13.
12 Ana Paula Avelar
4
João Miguel Fernandes Jorge, Museu das Janelas Verdes, Lisboa, Relógio d’Água,
2002, p.127.
I.
1
Paul Ricoeur, La mémoire, l’histoire, l’oubli, Paris, Édtions du Seuil, 2000,
p.700.
2
Tzvetan Todorov, op. cit., p. 233.
16 Ana Paula Avelar
3
Cf. Roland Barthes, Image-Music-Text, Londres, Fontana, 1977, p.155.
4
Joe Moran, Interdisciplinarity, Londres, Routledge, 2002, p. 187.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 17
5
Paul Ricoeur, op. cit., p. 171.
6
Vitorino Magalhães Godinho, Le Devisement du Monde – De la pluralité des
18 Ana Paula Avelar
Presidindo
T
à desocultação do Outro está a desocultação da
escrita, onde este é representado. Consequentemente, subscrevo o
ponto de vista formulado por Joe Moran: “Interdisciplinary study
represents, above all, a denaturalization of knowledge: it means
that people working within establish modes of thought have to be
permanently aware of the intellectual and institutional constraints
within they are working, and open to different ways of structuring
and representing their knowledge of the world.”8
9
O artigo de Alain Croix, tendo como objecto de estudo a História cultural e a
sua configuração ao longo do século XX, levanta toda uma série de questões
sobre os caminhos da escrita da História, cuja actualidade ainda permanece.
Cf. Alain Croix “ Marx, a alugadora de cadeiras e a pequena bicicleta” in,
Jean-Pierre Rioux e Jean-François Sirinelli, Para uma História Cultural, Lisboa,
Editorial Estampa, 1998, p. 51-70.
10
Aristóteles, Poética, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1986, p. 115.
20 Ana Paula Avelar
11
Stephen Greenblatt, Marvelous Possessions – The wonder of the New World,
Chicago, The University of Chicago Press, 1991, p. 7.
12
Ibidem, p. 25.
13
Cf. “Culture “in Michael Payne, The Greenblatt Reader, Oxford, Blackwell
Publishing, 2005, pp. 11-17. O artigo de Greenblatt sobre as questões que
se prendem com o modo como são conceptualizados no chamado Novo
Historicismo os estudos culturais, foi pela primeira vez publicado pelo autor no
livro Critical Terms for Literary Study, editado por Mc Laughlin e Lentricchia,
em 1990.
14
“De quelques maîtres de rigueur: Michel Foucault, Michel Certeau, Norbert
22 Ana Paula Avelar
17
Atente-se na excelente edição crítica de Aires A. Nascimento. Cf. Damião de
Góis, Elogio da Cidade de Lisboa- Urbis Olisiponis Descriptio, Lisboa, Guimarães
Editores, 2002.
18
Cf. Cristovão Rodrigues de Oliveira, Lisboa em 1551. Sumário em que brevemente
se contém algumas coisas assim eclesiásticas como seculares que há na cidade de Lisboa,
Lisboa, Livros Horizonte, 1987, p.101.
24 Ana Paula Avelar
19
Claude-Gilbert Dubois, op. cit., p. 197.
20
Vitorino Magalhães Godinho, op. cit., p. 185.
21
Ibidem.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 25
22
Ibidem.
23
Ibidem.
24
Ibidem.
26 Ana Paula Avelar
25
Cf. Jorge Borges de Macedo, Um caso de luta pelo poder e a sua interpretação n’ Os
Lusíadas, Lisboa, Academia Portuguesa de História, 1976.
26
Cf. Montaigne, Essais- Livre I, Paris, Garnier- Flammarion, 1969, pp. 251-
263.
27
Grouchy é o tradutor para francês do primeiro Livro da História do Descobri-
mento e conquista da Índia pelos Portugueses de Fernão Lopes de Castanheda.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 27
28
Veja-se a propósito e como introdução ao tema a síntese apresentada na
recente edição crítica, tradução e notas de comentário de Aires A. Nascimento
da referida obra de More onde nos deparamos igulamente com estudo
introdutório à Utopia Moriana de José V. de Pina Martins. Cf. Thomas
Morus, Utopia,Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2006.
29
The first book of the Historie of the Discoverie and Conquest of the East Indias,
entreprised by the Portingales, in their daungerous Navigation (…) set foorth in the
Portingale language by Hernan Lopes de Castaneda and now translated into English,
by N. L. Gentleman, London, Thomas East, 1582, p. 1.
28 Ana Paula Avelar
30
Paul Ricoeur, op. cit., p. 367.
II.
Construindo a Mundialização
nos alvores da Modernidade
“Espritos valerosos, & esforçados,
Que tanto ao mundo tem de si mostrado: (...)”
1
Versos de um soneto de Pero de Andrade de Caminha escrito em louvor
a Jerónimo Corte-Real in Obras de Jerónimo Corte Real, Porto, Lello&Irmão
– Editores, 1979, p. 12.
32 Ana Paula Avelar
2
Cf. Ana Paula Menino Avelar, Figurações da alteridade na cronística da Expansão,
Lisboa, Universidade Aberta, 2003.
34 Ana Paula Avelar
Fig. 1 – Mapa da
presença portuguesa
na costa africana
ocidental.
3
Francisco Contente Domingues, Os navios do mar oceano – Teoria e empiria na
arquitectura naval portuguesa dos séculos XVI e XVII, Lisboa, Centro de História
– Universidade de Lisboa, 2004. p. 261.
36 Ana Paula Avelar
4
Cf. Gomes Eanes de Zurara, Crónica do Conde Dom Pedro de Meneses, Porto,
Universidade do Porto, 1988, p. 9.
5
Gomes Eanes de Zurara, Crónica de Guiné, Porto, Livraria Civilização, 1973,
p. 4.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 37
6
Ibidem, p. 321.
7
Ibidem, p. 322.
8
Cf. Ibidem, pp. 325-329.
9
Stephen Greenblatt, op. cit., p. 6.
38 Ana Paula Avelar
10
Gomes Eanes de Zurara, Crónica de Guiné, p. 122.
11
Ibidem, p.22.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 39
12
Ibidem.
13
Ibidem
14
Vitorino Magalhães Godinho, Le Devisement du Monde – De la pluralité des
espaces à l’espace global de l´Humanité XVème-XVI ème siècles, p. 25. Cf. João
Paulo de Oliveira e Costa, Henrique, O Infante, Lisboa, a Esfera do Livro,
2009, pp. 340-355
40 Ana Paula Avelar
15
Cf. Edição anotada de Damião Peres das viagens de Luís de Cadamosto e de
Pedro Sintra. Cf. Damião Peres (ed.) Viagens de Luís de Cadamosto e de Pedro de
Sintra, Lisboa, Academia Portuguesa da História, 1988.
16
Ibidem, p. 83. O texto em italiano é o seguinte: “Esendo io Aluise da cha
damosto stato el primo che dela nostra nobil Cita de de Venexia sia demosso
a nauigar el mare occeano do fori del streto de zibelter (...) Mai piu ne per
memoria ne per scripture nauigato (...)” Ibidem, p. 3.
17
Ibidem, p. 83. O texto em italiano é o seguinte: (...) in questo mio itinerario
hauendo uisto molte cosse e degne de qualche nota Azío che quelli de mi
harano a discendro posano intender qual sia stato lanimo mio in hauerme
meso a zerchar uarie cosse in diuersi e noui luogi che veramente e il viuer e
i costumi e i luogi nostri in comparatione dele cose per me uedute e intesse
Altro modo se poteria chiamar di qua e adoncha processo de bonmerito o
determinato de farne qualche nota(...)” Ibidem, p. 3.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 41
18
Cf. João Carlos F. A. de Carvalho, Ciência e Alteridade na Literatura de Viagens
– Estudos de Processos Retóricos e Hermenêuticos, Lisboa, Edições Colibri, 2003,
pp. 303-312.
19
Cf. Daniel Roche, “Uma declinação das Luzes” in Jean-Pierre Rioux, Jean-
-François Sirinelli, op. cit., p. 41.
20
Cf. Os estudos sobre os reis católicos, nomeadamente as obras de Luis Suárez
Fernández, Los Reyes Católicos, 5 vols, Madrid, Espasa Calpe, 1989-1990,
ou Miguel Ángel Ladero Quesada, La España de los Reyes Católicos, Madrid,
Alianza Editorial, 1999.
42 Ana Paula Avelar
21
Cf. Figura inclusa na obra de Francisco de Holanda da Da FABRICA que falece
ha cidade de Lisboa, reproduzida in Jorge Segurado, Francisco D’Ollanda – Da sua
vida e obras. Arquitecto da renascença, ao serviço de D. João III. Pintor. Desenhador.
Escritor.Humanista “Fac-Simile” da carta a Miguel Ângelo – 1533 e dos seus Tratados
sobre Lisboa e Desenho – 1571, Lisboa, Edições Excelsior, 1970, p. 154.
22
Como António Dias Farinha escreve: “Em síntese podemos referir que no
primeiro século da presença portuguesa em Marrocos se apresentam, em
diversos momentos, os factores mais relevantes que a condicionaram. A
expansão é, antes de mais, a afirmação política do Reino no concerto das
nações (traduzida no “senhor de Ceuta”, a que depois se acrescentou “e de
Alcácer Ceguer” e, mais tarde, “rei do Algarve Dalém-Mar em África”), em
especial no contexto ibérico (a ameaça anexionista de Castela manter-se-ia
no horizonte) e perante os Estados europeus os Mouros (Salado não estava
distante e havia que continuar a reconquista) e finalmente, resposta à ameaça
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 43
D. Sebastião
D. Sebastião é um monarca que, nos primeiros anos do seu
governo, continua a sentir a pressão do poderio turco, o qual seria,
em certa medida, sustido pela vitória em 1571 de D. João de Aústria
em Lepanto. Num período em que a frota otomana permanece no
Mediterrâneo Ocidental, obrigando a rever a defesa das praças de
Orão e Melila, D. Sebastião visitou Ceuta e Tânger, observando
as fortificações e travando algumas escaramuças com os mouros23.
A inscrição sebástica num desígnio imperial corporiza-se, como já
anteriormente defendi, naquele que é ideário habsburgo24.
que é sinal de moor acatamento que se pode fazer aos seus reis
(...) por servir de memória de tam vertuoso e tam poderoso Rei e
tam verdadeiro amigo, ele queria fazer festas (...)”28. A descrição da
recepção prossegue, delinando-se o quadro humano local: “(...) se
ajuntou logo muita gente com arcos e frechas e com atabaques e
trombetas de marfim e com violas, com tudo segundo seu custume,
mui acordado, parecia bem. Vinham todos nuus da cinta pera cima
e tintos na carna de branco e outras cores em sinal de gram prazer
e alegria (...)”29.
28
Ibidem, p. 140.
29
Ibidem.
30
Ibidem.
31
Garcia de Resende, Crónica de Dom João II e Miscelânea, p. 344.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 47
32
Luis de Matos, L’ Expansion Portugaise dans la Littérature Latine de la Renaissance,
Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1991, p.166.
33
Ibidem.
34
Ibidem, pp. 166-167.
48 Ana Paula Avelar
35
Luís de Camões, Os Lusíadas, Porto, Porto Editora, 1980,Canto V, est. 3,
p. 194.
III.
1
Cf. Damião de Góis, Elogio da Cidade de Lisboa – Urbis Olisiponis Descriptio, p. 83.
2
Cf. tradução de Dias de Carvalho inclusa na obra, Damião de Góis, Opúsculos
Históricos,Porto, Livraria Civilização, 1945, pp. 205-206.
3
Citado por Elisabeth Feist Hirsch, Damião de Góis, Lisboa, Fundação Calouste
Gulbenkian, 1987, p. 32.
52 Ana Paula Avelar
4
Cf. Jorge Segurado, Francisco D’Ollanda – Da sua vida e obras. Arquitecto da
renascença, ao serviço de D. João III. Pintor. Desenhador. Escritor. Humanista
“Fac-Simile” da carta a Miguel Ângelo – 1533 e dos seus Tratados sobre Lisboa e
Desenho – 1571, p. 76.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 53
5
Cf. António Borges de Coelho, Quadros para uma Viagem a Portugal no séc. XVI,
Lisboa, Editorial Caminho, 1986, pp. 137-145.
6
Ibidem, p. 142.
7
Ibidem.
54 Ana Paula Avelar
8
Duarte Nunes do Leão, Descrição do Reino de Portugal, Lisboa, Centro de
História da Universidade de Lisboa, 2002, p. 129.
9
Cf. Ana Paula Avelar, “A ideia da Europa em Quinhentos: construções de
um espaço reinventado” in Discursos – Língua, Cultura e sociedade, Lisboa,
Universidade Aberta, Junho, 2002, pp. 107-116.
56 Ana Paula Avelar
10
Erwin Panofsky, O significado nas Artes Visuais, Lisboa, Editorial Presença,
1989, p.155.
11
Cf. Amadeu Torres, Noese e Crise na epistolografia latina Goisiana, I, Lisboa,
Fundação Calouste Gulbenkian, 1989, p. 373.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 57
position of one single thing, more than one aspects offers itself
to the eye of the beholder. He observe accurely proportions and
harmonies. Nay he even depitects that cannot be depicted: fire,
rays of light, thunder, sheet lighting (…)”12. Os círculos culturais
estreitam-se nesta Europa das Humanidades. Recorde-se que um
dos retratos que possuímos de Damião de Góis é atribuído a Dürer
sendo a gravura de Galle elaborada como se pensa a partir deste,
publicada pela primeira vez em 1587 na obra Imagines Lusitaniae
doctorum virorum13. Recorde-se que esta família de gravadores, os Galle,
irá acompanhar o circuitos de produção do livro nomeadamente
naquele que é um dos seus centros mais importantes, Antuérpia.
12
E Erwin Panofsky continua analisando aquele que ele considera ser o
encantador diálogo de Erasmo de Roterdão De recta Latini Graecique sermonis
pronuntiatione. Cf. Erwin Erwin Panofsky, The Life and Art of Albrecht Dürer,
Princeton, Princeton University Press, First classic edition, 2005, p. 44.
13
Cf. Luís Filipe Barreto, Damião de Góis – Os caminhos de um Humanista, lisboa,
CTT, 2002. p. 112.
58 Ana Paula Avelar
14
Damião de Góis, Elogio da Cidade de Lisboa- Urbis Olisiponis Descriptio, p. 147.
O texto latino é o seguinte: “Certam autem eius formam descriptionemque
facile delineari posse non arbitror, cum in solo montuoso asperoque sita sit.
Nihilominus si quis ex oppido Almada (...) rectis immotisque oculis, urbis
situm figuramque uelir contemplari, ab ea praesertim parte, qua in urbem
traicitur, illam certe ueram uesicae piscis effigiem referre comperiet.” Ibidem,
p. 146.
15
Louis Marin, On representation, Stanford, Stanford University, 2001, p. 254.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 59
16
Excerto referente ao texto que abre a referida História. André de Resende,
Obras Portuguesas, Lisboa, Livraria Sá da Costa, 1963, p. 8.
17
Damião de Góis, Elogio da Cidade de Lisboa – Urbis Olisiponis Descriptio, p.
97. O texto latino é o seguinte: “Qui sane tam immensae peregrinationis
cursus, nostratrium siue indefatigata indole instigante, siue auri sacra fame
60 Ana Paula Avelar
instado por homens doutos a trazer a público uma História dos feitos
da Índia. Ainda que esta não tenha sido elaborada, vários textos
parcelares sobre a presença portuguesa no espaço do Índico foram
sendo publicados pelo autor18.
urgente, tam denique modo frequens habetur, uti non maioris negotii
nunc huiuscemodi nauigationem existiment, quam si in Britaniam, aut in
Belgicam, ex Lusitania per oceanum iter facerent”. Ibidem, p. 96.
18
Veja-se o excelente texto de Luis Filipe Barreto sobre a figura deste humanista.
Cf. Luís Filipe Barreto, Damião de Goes – Os caminhos de um Humanista, Lisboa,
CTT, 2002.
19
Damião de Góis, Elogio da Cidade de Lisboa – Urbis Olisiponis Descriptio, p.83.
O texto latino é o seguinte. “Earum altera est olisipo, quae a Tagi faucibus
eius oceani partis imperium sibi uendicat, quae Africam Asiamque immenso
maris circuitu complectitur.” Ibidem, p. 82
20
Este Sumário sai em Lisboa da prensa de Germão Galharde. Cf. Cristóvão
Rodrigues de Oliveira, Lisboa em 1551. Sumário em que brevemente se contêm
algumas coisas assim eclesiásticas como seculares que há na cidade de Lisboa, Lisboa,
Livros Horizonte, 1987.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 61
21
Citado o texto de Cristóvão Rodrigues de Oliveira, Lisboa em 1551... in Rodrigo
Banha da Silva e Paulo Guinote, O Quotidiano na Lisboa dos Descobrimentos
– Roteiro arqueológico e Documental dos espaços e objectos, Lisboa, GTMECDP,
p. 198.
22
Sobre esta relação manuscrita indicar-se-á a sua publicação pela mão de
Anselmo Braamcamp Freire com anotações e comentários de Gomes de
Brito, utilizando-se a edição de José da Felicidade Alves. Cf. João Brandão,
Grandeza e Abastança de Lisboa em 1552, Lisboa, Livros Horizonte, 1990.
23
Cf. Damião de Góis, Elogio da Cidade de Lisboa – Urbis Olisiponis Descriptio,
p.11-40. A gravura de Lisboa do século XVI está incorporado na obra de G.
Braun e F. Hogenberg Urbium proecipuarum mundi theatrum quintum de
Quinhentos e é utilizada na referida edição. Deve-se confrontar nesta mesma
edição o sub-capítulo da autoria de Ilídio do Amaral intitulado, “Lisboa:
cidade de Quinhentos”.
62 Ana Paula Avelar
24
Ibidem, p. 161. O texto latino é o seguinte: “(...) regiam nouam plateam,
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 63
28
Cf. Helder Carita , Lisboa Manuelina e a formação de modelos urbanísticos da época
moderna (1495-1521), Lisboa, Livros Horizonte, 1999.
29
Cristovão Rodrigues de Oliveira, Lisboa em 1551. Sumário em que brevemente
se contém algumas coisas assim eclesiásticas como seculares que há na cidade de Lisboa,
editado por José da Felicidade Alves, Lisboa, Livros Horizonte, 1987, p. 104.
30
Damião de Góis, Elogio da cidade de Lisboa e Vrbis Olisiponis Descriptio, p. 171.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 65
31
Garcia de Resende, Cancioneiro Geral, Lisboa, Centro do Livro Brasileiro,
1973, I, p. 214.
32
Damião de Góis, Elogio da cidade de Lisboa e Vrbis Olisiponis Descriptio, p. 175 .
66 Ana Paula Avelar
33
Tabela construída neste trabalho a partir dos dados anteriormente referidos.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 67
34
Cf. Paulo Guinote, Eduardo Frutuoso e António Lopes, Naufrágios e outras
perdas da “Carreira da Índia” – séculos XVI e XVII, p. 50.
35
Ibidem, p. 55.
36
Francisco Contente Domingues, navios e viagens – A experiência Portuguesa nos
séculos XV a XVIII Lisboa, Tribuna, 2007, p. 170.
68 Ana Paula Avelar
Gaspar Correia, revela o seu dar à vela, e sair do rio, indo el-rei no
seu batel os acompanhando, e falando a todos com benções e boas horas se
despediu deles, ficando sobre o remo até desaparecerem...39; Fernão Lopes
de Castanheda, descreve a gente de Lisboa, a mais dela chorava de
37
Atente-se nas situações de adultério reveladas nesta farsa, no modo como são
expostos os sentires da Ama, contrapostos às revelações da Moça.
38
Compilaçam de todalas obras de Gil Vicente, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da
Moeda, 1983, II, p. 358.
39
Gaspar Correia, Lendas da Índia, Porto, Lello & Irmão – Editores, 1975, I,
p. 15.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 69
piedade dos que se iam embarcar crendo que haviam todos de morrer40; João
de Barros, evoca a sua praia das lágrimas para os que vão, e terra de prazer
aos que vem41. Exemplar é a já citada evocação na epopeia camoniana
da saída da barra do porto:
40
Cf. Fernão Lopes de Castanheda, História do Descobrimento e Conquista da Índia
pelos portugueses, Porto, Lello e Irmão – Editores, 1979, I, p. 11.
41
Cf. João de Barros, Ásia... Dos feitos que os portugueses fizeram no descobrimento
e conquista dos mares e terras do Oriente – Primeira Década, Lisboa, Imprensa
Nacional – Casa da Moeda, 1988, p. 125.
42
Luís de Camões, op. cit., Canto V, estrofes 17-24.
43
É de assinalar os estudos pioneiros do padre António da Silva Rego citado na
blibiografia ou a sistematização feita no trabalho de Paulo Guinote, Eduardo
Frutuoso, António Lopes Naufrágios e outras perdas da “Carreira da Índia” séculos
XVI e XVII ou ainda os trabalhos de Francisco Contente Domingues e Inácio
Guerreiro. Veja-se aliás de Francisco Contente Domingues, A Carreira da
Índia. The India Run, Lisboa, Clube do Coleccionador dos Correios, 1998, e
do mesmo autor o já citado Navios e Viagens – A Experiência Portuguesa nos séculos
XV e XVIII. Neste último encontramos um capítulo que reproduz um texto
elaborado em parceria com Inácio Guerreiro onde se procura sistematizar a
vida a bordo. Cf. op.cit, pp. 159-207.
70 Ana Paula Avelar
44
Importa igualmente ter em atenção os textos que foram sendo trocados entre
os historiadores portugueses sobre as questões que marcaram uma história da
naútica em Portugal. Os esforços de autores como João Marinho dos Santos
e José Manuel Azevedo e Silva para a percepção de uma Historiografia dos
Descobrimentos através das vozes de alguns dos seus autores maiores devem
ser evocados. Cf. João Marinho dos Santos e José Manuel Azevedo e Silva, A
Historiografia dos Descobrimentos – Através da correspondência entre alguns dos seus
vultos, Coimbra, Imprensa da Universidade, 2004.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 71
45
Cf. A. G. Hopkins, Global History – Interactions between the Universal and the
local, New York, Palgrave – Macmillan, 2006, p. 3. Já relativamente à História
72 Ana Paula Avelar
que tudo guardaua, e no cabo d’este muro, sobre a baya, fez hum
cubello redondo muy forte, com muita artelharia que guardaua a
baya; e per debaixo delle se fez a porta pera o raualde e pouoação
dos mouros, com huma ponte de madeira sobre a caua leuadiça.”48
48
Ibidem.
49
Ibidem.
74 Ana Paula Avelar
50
Cf. Vitorino Magalhães Godinho, Mito e Mercadoria, Utopia e prática de Navegar
– séculos XIII-XVIII, Lisboa, Difel, 1990, p. 168
78 Ana Paula Avelar
económico europeu.
51
Cf. Vitorino Magalhães Godinho, Les Découvertes XVe-XVIe: une révolution des
mentalités, pp. 61-72.
82 Ana Paula Avelar
ideia de totalidade
nas obras
A ideia de totalidade atravessa estas obras e dita os modos como
os lugares são descritos. Com efeito, a notação não se restringe às
rotas oceânicas, já que as descrições topográficas dos lugares surgem
igualmente assinaladas. Observe-se, por exemplo, a referência a
Goa por parte de Castanheda. Segundo ele esta é a cidade, cuja costa
dista 50 léguas de Dabul e que, navegando para Sul, está 16 graus da
banda do Norte, expandindo-se por 7 ou 8 léguas de rota52. Por seu
turno, João de Barros expõe igualmente o espaço, explicitando que:
“O cõprimẽto desta jlha Tiçuarij, começãdo do oriente no pásso
chamádo de Benestarij onde ella passa á térra firme té o már entre
as duas barras que stam contra o ponente & erã tres légoas & de
largura hũa.”53
É certo que na abordagem destas obras é necessário ter em
atenção quer o modelo narrativo seguido por estes cronistas, quer
as intenções que subjazem à escrita desta cronística da Expansão.
Em particular no que diz respeito a esta última vertente importa
recordar que esta cronística expõe o domínio de Portugal no espaço
extra-europeu, e muito em particular por mares do Oriente. Os
textos prologais evidenciam esta marca e configuraram o lugar
de Portugal e do seu império no concerto das nações europeias.
Repare-se como a obra de Fernão Lopes de Castanheda é divulgada
na Europa de então:
52
Cf. Fernão Lopes de Castanheda, op. cit., I, p. 512.
53
João de Barros, Ásia ...Dos feitos que os portugueses fizeram no descobrimento
e conquista dos mares e terras do Oriente – Segunda Década, Lisboa, Imprensa
Nacional – Casa da Moeda, 1988, p. 187.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 83
*NQSFTTÜFTF5SBEVÎÜFTEB)JTUØSJBEP%FTDPCSJNFOUP
F$PORVJTUBEB¶OEJBQFMPT1PSUVHVFTFTo4ÏDVMP97*
Livros que foram objecto de
Anos Línguas Locais de edição
tradução
João Barreira e João
1551 Português O primeiro livro
Álvares Coimbra
João Barreira e João
1552 Português O segundo e terceiro livros
Álvares Coimbra
João Barreira e João
1553 Português O quarto e quinto livros
Álvares Coimbra
1553 Francês Paris O primeiro livro
João Barreira
1554 Português O sexto e sétimo livro
Coimbra
A 2ª edição do primeiro livro a
1554 Português Coimbra
qual difere da de 1551
1554 Francês Anvers O primeiro livro
1554 Castelhano Anvers O primeiro livro
1556 Italiano Roma O primeiro livro
O oitavo livro é impresso pelos
filhos, visto que Fernão Lopes
1561 Português Coimbra
de Castanheda tinha falecido a
23 de Março de 1559
1565 Alemão s.l. O primeiro livro
1577 Italiano Veneza Os sete primeiros livros
1578 Italiano Veneza Os sete primeiros livros
s.l. (Genebra) e Os livros referentes ao reinado
1581 Francês
Paris de D. João III resumidos
1582 Inglês Londres O primeiro livro
Os livros referentes ao reinado
1587 Francês Paris
de D. João III resumidos
*NQSFTTÜFTEB«TJBEF+PÍPEF#BSSPTEPTGFJUPTRVFPT1PSUVHVFTFT
m[FSBNOPEFTDPCSJNFOUPFDPORVJTUBEPTNBSFTFUFSSBTEP0SJFOUF
Locais de
Anos Línguas Livros
edição
“Ásia...fectos que os Portugueses
28 de Germão
fizeram no descobrimento &
Junho Português Galharde
conquista dos Mares & terras do
de 1552 Lisboa
Oriente”
“Segunda decada da Asia de Barros
24 de Germão
dos feitos que os Portugueses fizeram
Março Português Galharde
no descobrimẽto& cõquista das Mares
de 1553 Lisboa
& terras do oriente.”
Impressos os sete primeiros capítulos
da 1ª Década inclusos no “Primo
1554 Italiano Veneza
Volume delle Navigationi et Viaggi....”
de J. B. Ramúsio
1561 Italiano Veneza A Primeira e Segunda Décadas
1562 Italiano Veneza A Primeira e Segunda Décadas
“TERCEIRA decada da Asia de
18 de Ioam de Barros: Dos feytos que os
João Barreira
Agosto Português Portugueses fizeram no descobri-
Lisboa
de 1563 mento & conquista dos mares & terras
do Oriente”
Impressos os sete primeiros capítulos
da 1ª Década inclusos no “Primo
1563 Italiano Veneza
Volume delle Navigationi et Viaggi....”
de J. B. Ramúsio
Impressos os sete primeiros capítulos
da 1ª Década inclusos no “Primo
1588 Italiano Veneza
Volume delle Navigationi et Viaggi....”
de J. B. Ramúsio
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 85
54
Penelope J. Corfield, Time and the Shape of History, New Haven and London,
Yale University Press, 2007, p. 17.
86 Ana Paula Avelar
55
Cf. Martim de Albuquerque, A Torre do Tombo e os seus Tesouros,Lisboa, Edições
Inapa, 1990, p. 227.
56
Cf. Rossum, Gerhard Dohrn-van, History of the Hour – Clocks and Modern
Temporal Orders, Chicago, University of Chicago Press, 1996, p. 3.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 87
57
Ibidem, p. 15.
58
Cf. Euan Cameron, Early Modern Europe – An Oxford History, Oxford, Oxford
University Press, 2001, p. 17.
88 Ana Paula Avelar
59
João de Barros, Ropica Pnefma, Lisboa, INIC, 1983, II, p. 60.
60
António Galvão, Tratado dos Descobrimentos, Porto, Livraria Civilização Editora,
1987, p. 51.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 89
61
Cf. Luís de Albuquerque, O Livro de Marinharia de André Pires, Lisboa, Vega,
1989, pp. 153-154.
62
Diário da Viagem de Vasco da Gama, Porto, Livraria Civilização, 1945, p. 3.
63
Ibidem.
64
Ibidem, p. 6.
65
Pêro Vaz de Caminha, carta a el-rei d. Manuel, Lisboa, Imprensa Nacional
– Casa da Moeda, 1974, p. 33.
IV.
Sá de Miranda1
1
Excerto da carta ao senhor de Basto.
94 Ana Paula Avelar
2
Cf. John Berger, Dürer, Colónia, Taschen, 2004, p. 92. Nesta obra de
divulgação referenciam-se esses escorços, recorde-se a referência que Erwin
Panofsky faz aos escorços introduzindo-os no apêndice que inclui na sua
incontornável obra, The Life and Artof Albrecht Dürer, Princeton, Princeton
University Press, First classic edition, 2005, ilustrações nºos 310 e 311.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 95
3
Erwin Panofsky, The Life and Art of Albrecht Dürer, p. 243.
4
Ibidem.
5
Amadeu Torres, Noese e Crise na epistolografia Latina Goisiana – As Cartas
Latinasa de Damião de Góis, Paris, Fundação Calouste Gulbenkian – Centro
Cultural Português, 1982, I, p. 373.” (…) o Retrato daquele grande Erasmo de
Roterdão por Alberto Dürer, gravador exímio entre os alemães do seu tempo.
O texto latino é o seguinte: “(...) effigiem magni illius Erasmi Roterodami
per albertum Direrum, suae aetatis inter Germanos eximium exculptorem
(...)” Ibidem, p. 214.
96 Ana Paula Avelar
6
Cf. Jorge Segurado, op. cit., p. 101
7
Cf. Ibidem, pp. 166-167.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 97
8
A pobreza impede o progresso dos grandes talentos – No texto latino que
acompanha o emblema pode ler-se:
“Dextra tenet lapidem, manus altera sustinet alas:
Ut me pluma levat, sic grave mergit onus.
Ingenio poteram superas volitare per arces,
Me nisi paupertas invida deprimeret.”
Isto é. “A minha mão direita segura uma pedra, a minha outra mão tem asas.
Por um lado as asas erguem-me, por outro, o peso imenso puxa-me para
baixo. Com o meu intelecto eu poderia pairar por entre os cumes mais altos,
se a invejosa pobreza não me puxasse para baixo.”
98 Ana Paula Avelar
Fig. 5 – Rinoceronte de
Dürer
9
Francisco d’Holanda, op. cit., p. 165.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 99
tanta força que fazia levantar o pó, e palhas do chão como se fora
um redemoinho de vento. O elefante (...) em o vendo se tornou
em redondo contra ele, dando urros, e fazendo jeitos com a tromba
de querer pelejar, com tudo depois que o rinoceronte chegou junto
dele, querendo já cometer pela barriga, parece que pela pouca idade
de que era, desconfiado de se poder ajudar dos dentes (...) fez volta
em redondo (...) e por uma janela (...) pôs a cabeça com tanta força
que torceu dois varões das grades. Saído assim o elefante do pateo
tomou o caminho dos estáus (...) não tendo conta com cousa que
achasse diante assim homens de pé, como de cavalo (...) parecia
que era alguma batalha posta fora de sua ordem, ou desbaratada dos
inimigos. ”10
Fig. 6 – Desenho de
Francisco de Holanda
10
Damião de Góis, Crónica da Felicissimo Rei D. Manuel, Coimbra, Imprensa da
Universidade, 1954, IV, p. 54.
11
Francisco de Holanda, Diálogos em Roma, Lisboa, Livros Horizonte, 1984, p. 44.
100 Ana Paula Avelar
12
Cf. Ana Paula Menino Avelar, Figurações da alteridade na cronística da Expansão,
Lisboa, Universidade Aberta, 2003, pp. 53-73; Ana Paula Menino Avelar, “Do
mar Vermelho na cronística portuguesa da Expansão”, Lisboa, Academia de
Marinha, 2003 (separata).
13
Tomé Pires, Suma Oriental, Coimbra, Universidade de Coimbra, 1978. pp.
136-137. No manuscrito de Lisboa não vem copiada esta passagem como
aliás se pode constatar no trabalho de Rui Loureiro, O manuscrito de Lisboa
da “Suma Oriental” de Tomé Pires – Contribuição para uma edição crítica, Macau,
Instituto Português do Oriente, 1996, pp. 57-58
14
Cf. João de Barros, Ásia …Segunda Década, p. 358.
102 Ana Paula Avelar
fundo, que ás vezes quando o vento éra tenso corriam estas águoas á
vontáde delle, & que entam faziam aquella reuoluçam debaixo com
alguma cousa daquella cór que o már tinha por lástro.”15
15
Cf. Ibidem, pp. 358-359.
16
Diogo do Couto, Tratado dos feitos de Vasco da Gama e seus filhos na Índia, Lisboa,
Cosmos, 1998. p. 125. Esta obra correu manuscrita ao tempo, porém serve-
-se de outros autores como o próprio Diogo do Couto assinala. Ele referencia
entre outras fontes, como testemunhos orais e documentos consultados no
Arquivo da Torre do Tombo de Goa, Damião de Góis, João de Barros, D.
João de Castro, Francisco Álvares, Fernão Lopes de Castanheda, Miguel de
Castanhoso. A expedição de D. Cristovão da Gama foi narrada tanto por
Miguel de Castanhoso como por D. João de Bermudes. Ambos companharam
D. Estevão da Gama a terras da Etiópia, à terra do Preste João. Contudo nem
um nem outro texto referenciam as manchas do mar Vermelho. Cf. Ana
Paula Menino Avelar, Visões do Oriente-formas de sentir no Portugal de Quinhentos,
Lisboa, Edições Colibri, 2003, pp. 203-215.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 103
17
João de Barros, Ásia …Segunda Década, p. 360.
18
Ibidem.
104 Ana Paula Avelar
19
Cf. Armando Cortesão e Luís de Albuquerque, Obras Completas de D. João de
Castro, Coimbra, Academia Internacional de Cultura Portuguesa, 1971, II,
p. 369.
20
Cf. Ibidem.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 105
A
T
notação do diferente natural expõe-se em várias modalidades
diferente natural discursivas. Estas envolvem o reportório da cosmografia e
marinharia em Esmeraldo de situ Orbis, de Duarte Pacheco Pereira,
onde, apesar de se descreverem as totalidades, brevemente se
enunciam e referenciam as qualidades. Segundo ele, no princípio
das terras de África, esta é: “(...) muito fértil de pão, vinho fruitas
carnes, pescarias de desvairadas nações de pexes, e outras cousas
dinas de grande louvor.”22
21
Ibidem, II, p. 370-371.
22
Joaquim Barradas de Carvalho, Esmeraldo de situ Orbis, Lisboa, Fundação
Calouste Gulbenkian, 1991, p. 57.
106 Ana Paula Avelar
23
Jerónimo Corte-Real, “Sucesso do Segundo Cerco de Diu”, Canto XX,
estrofes 69-78, in Obras de Jerónimo Corte-Real, Porto, Lello & Irmão – Editores,
1979, p. 181.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 107
24
Já anteriormente nos debruçámos sobre as questões que se prendem com o
experiencialismo português e os modos de narrar o estranho nos portugueses
de Quinhentos, muito em particular na cronística da Expansão. Cf. Das vozes
do experiencialismo na aventura portuguesa dos mares: O exemplum de Quinhentos
em Portugal – Paradigmas referenciais, conferência apresentada na Academia
Portuguesa de História a 13 de Outubro de 2004.
25
Gaspar Correia, Lendas da Índia, II, p. 556.
108 Ana Paula Avelar
26
Gaspar Correia, Lendas da Índia, II, p. 549.
27
Ibidem, II, p. 595.
28
Ibidem.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 109
29
Ibidem.
30
Cf. João de Barros, Ásia…Terceira Década, fl 108v.
31
Ibidem.
110 Ana Paula Avelar
“E vede carreguado
De annos, letras, e longa experiencia,
Hum velho que insinado
32
Fernão Lopes de Castanheda, op. cit., II, p. 61.
33
Cf. João Palma-Ferreira, Naufrágios, Viagens, Fantasias e Batalhas, Lisboa,
Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1980.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 111
34
Garcia da Orta, Colóquio dos Simples e das Drogas, Lisboa, Imprensa Nacional
– Casa da Moeda, 1987, pp. 8-9. Este é o primeiro poema impresso de Luís
de Camões saindo em 1598 uma nova impressão a qual apresenta alterações
no seu conteúdo e forma. Segundo alguns autores, nomedamente Manuel de
Faria e Sousa, estas alterações teriam sido introduzidas pelo Poeta. Contudo
não é possível confirmar tal hipótese.
35
Cf. Luís Filipe Barreto em Caminhos do Saber no Renascimento Português – Estudos
de História e Teoria da Cultura, nomeadamente nas pp. 148-161, onde o autor
discorre sobre o binómio Experiência-Natureza.
36
Cf. João Carlos F. A. de Carvalho, op. cit., pp. 97-120.
112 Ana Paula Avelar
37
Cf. Garcia da Orta, op. cit., p. 5.
38
Cf. Manuel Godinho de Erédia, Suma de Árvores e plantas da Índia intra Ganges,
Lisboa, CNCDP, 2001, p. 94. Gravuras nºs 26, 25, 37 respectivamente.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 113
39
Ibidem. Gravura nº 25 e respectivo texto.
40
Esta é uma doença endemoepidémica que Garcia da Orta refere como sendo
conhecida na Índia por morxi sendo mordexi o nome dado pelos portugueses.
No seu colóquio décimo sétimo referencia-a, descrevendo os sintomas e
apresentando o tratamento dado seja em Portugal, seja na Índia. Cf. Garcia da
Orta, op. cit., pp. 261-267.
114 Ana Paula Avelar
“He planta domestica, e tem fructa muyto gostosa e doce agoado, e por ser
de natureza calorosa e seca pera conservar,e dirigir, e fazer bom estomago.
E he danoso no excesso da comyda porque causa fevres, e desconcerta o
estomago.”41
“Escreve desta fruta Oviedo, o que escreveo das Indias ocidentaes, como
de fruta propria dessa terra; por onde não he necesario escrever eu cá della,
avendoa lá, e na provincia de Santa Cruz, chamada nós o Brasil (que he terra
que está muyto perto de Espanha), onde saberam milhor escrever della.”42
41
Manuel Godinho de Erédia, op. cit., gravura 26.
42
Garcia da Orta, op. cit., II, p. 380. Refira-se que ao evocar Espanha, Garcia da
Orta, está a referenciar as possessões espanholas no continente americano.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 115
Fig. 10 – Ananás em
Fernández de Oviedo
“Hay en esta isla Española unos cardos, que cada uno dellos lleva una piña
(o, mejor diciendo, alcarchofa), puesto que, porque paresce piña, las llaman
los cristianos piñas, sin lo ser. Esta es una de las más hermosas fructas que
yo he visto en todo lo que del mundo he andado (...) oliéndola, goza el otro
sentido de um olor mixto con membrillos e duraznos o melocotones, y muy
finos melones, y démas excelencias que todas esas frutas juntas y separadas,
sin alguna pesadumbre; y no solamente la mesa em que se pone, mas mucha
parte de la casa en que está, seyendo madura e de perfeta sazón, huele muy
116 Ana Paula Avelar
43
Cf. Alexandre Coello de la Rosa, De la Naturaleza y el Nuevo Mundo: Maravilla
y Exoticismo en Gonzalo Fernandéz de Oviedo Y Valdés (1478-1557), Madrid,
Fundacion Universitaria Española, 2002, p. 49.
V.
Duarte Barbosa1
1
O Livro do que viu e ouviu no Oriente.
120 Ana Paula Avelar
2
Cf. Fontes Impressas e Bibliografia.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 121
formas.”5
3
Peter Hulme e Tim Young, Travel Writing, Cambridge, Cambridge University
Press, 2002. p. I.
4
Cf. Fernando Cristóvão, Condicionantes Culturais da Literatura de Viagens-
Estudos e Biblliografias, Coimbra, Livraria Almedina-CLEPUL, 2002.
5
Ibidem, p. 35.
6
Ibidem.
122 Ana Paula Avelar
7
Cf. Michael Payne, The Greenblatt Reader, Oxford, Blackwell Publishing,
2005, p. 3.
8
Notamos estes trabalhos sem deixar de ter em atenção estudos como os de Jill
Dias, Isabel Castro Henriques e Alfredo Margarido, ainda que por vezes estes
se centrem em períodos cronológicos posteriores ao que aqui focalizamos ou
os de Carlos Almeida.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 123
9
“Carta de Antoniotto Usodimare” in António Brásio, Monumenta Missio-
naria Africana – áfrica Ocidental, 2º série, I, Lisboa, Agência do Ultramar, 1958,
pp. 381-383.
124 Ana Paula Avelar
Primeiras notícias
Comecemos por observar algumas destas primeiras notícias
das viagens pelas costas africanas, que aliás foram igualmente
Münster objecto da pena de Jerónimo Münster. Recorde-se que Münster
visitou Portugal em 1494, registando no seu Itinerário pela Península
Ibérica, a admiração que nutria por D. João II. Ao visitar Lisboa e
o castelo do monarca, verdadeiro castelo régio, como escreve, com
os seus pavilhões e estâncias, expõe a admiração sentida ao ver dois
bravíssimos leões, e um mapa do mundo que, como assinala era
muito bem pintado, numa tábua muito grande e dourada, cujo diâmetro
era de catorze palmos10. Será, todavia, a TDe Inuentione Africae... que
sistematizará as expedições henricinas e descreverá a Guiné. Aludirá
ainda às ilhas de S. Tomé, Madeira e Açores, tendo como uma das
fontes o texto de Martin Behaim.
10
Cf. Jerónimo Münzer, Viaje por España y Portugal, Madrid, Ediciones Polifemo,
1991, p. 177.
11
Recorro à designação aportuguesada do seu nome.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 125
Mas atentemos no seu texto: “Faço notar que para além do dito
Cadamosto
Cabo Verde, entra pela terra dentro um golfo; e a costa toda ela é
terra baixa, abundante de enormes e formosas árvores, inteiramente
verdes, que nunca perdem folha todo o ano, isto é, que nunca se
secam, como as nossas de cá, antes do nascer da folha; e chegam
formosa coisa estas árvores até à praia a um tiro de besta, que parecem que bebem
no mar [o que é] formosa coisa de ver (...)”12. Os seus habitantes são
referenciados através da enunciação do seu perfil enquanto grupo:
“Esta costa, passado este pequeno golfo do Cabo Verde, é habitada
por dois povos: um é chamado dos Barbacins; o outro, dos Sereros,
também negros, mas não sujeitos ao rei de Senega. Estes não têm
rei nem senhor algum próprio; mas honram mais um do que outro,
segundo a qualidade e condição dos homens que, entre eles há.”13
12
Viagens de Luís de Cadamosto e de Pedro de Sintra, Lisboa, Academia Portuguesa
da História, 1988, p. 146-147. O texto em italiano da citada passagem é o
seguinte: “Notando che oltra el dito cauo verde se mete vm colfo dentro e la
costa e tuta terra bassa copiosa de grandissimj albori belissimj tuto verdi che
mai non butano fogia tuto lano . zoe che mai non se sechano como i nostri di
qua che prima i nase questi arbori fina sula spiaza a vn tirar de vm balestro
che par che i beuano in mar/ belissima cossa e da veder (...)” Ibidem, p. 51.
13
Ibidem. O texto em italiano da citada passagem é o seguinte: “Questa costa
passado questo pizolo colfodal cauo verde sie habita da doe generatione/luna
sie chiamada barbacinjLaltra sereri pur de negri ma non sono sotto posti al Re
de senega Costoro non hano re ne signor alguno proprio/ ma ben honorano
piu vno cha vnoaltro segondo la qualita e condition de li homeni che sono fra
loro(...)” Ibidem.
14
Ibidem. O texto em italiano da citada passagem é o seguinte: “Non voleno
consentir signor nesuno fra loro/ perche el non gie sia tolto la muiere e li fioli
e venduli per schiauj como fano li Re e li segnori in tuti li altri luogi de negri
(...)”. Ibidem.
126 Ana Paula Avelar
“Estes são grandes idólatras, não têm nenhuma lei e são homens
muito cruéis; empregam o arco e frechas, e atiram [-nas] com
venenos; desde que tocam na carne nua [e] desde que o sangue
verta, logo a criatura morre. São homens muito pretos e bem
encorpados.”15
15
Ibidem. O texto em italiano da citada passagem é o seguinte: “(...) costoro
sono grandi Idolatri e non hano leze nesuna e sono crudellissimj homeni
evxano larcho com le frize e tirano con i uenenj e doue i tocha in carne nuda
doue chel sangue ensa subito la creatura e morta Sono homeni negrissimj e
ben incorporadi(...)” Ibidem.
16
Códice de Valentim Fernandes, Lisboa, Academia Portuguesa da História, 1997,
p. 69.
17
Ibidem, p. 67.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 127
chegou ao Cabo Verde (...)”17. Tais dados não foram evocados por
Inclusão do Cadamosto, pois esse não era o seu propósito, visto que aquilo que se
impressor pretendia era, tão somente, noticiar uma distinta presença. Valentim
Fernandes, o impressor radicado em Lisboa, intenta o historiografar
intento de historio-
grafar da passagem por terras e mares até aqui tão desconhecidos de um
público tão ávido de notícias, como era o da Europa de então.
18
Gomes Eanes da Zurara, Crónica de Guiné, Porto, Livraria Civilização, 1973,
p. 122.
19
Ibidem, p. 124.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 129
20
“(...) ho que toca ha Cosmografia e marinharia por extenso espero dizer, e
portanto farey primeiro com breuidade mençam dalguns circulos supriores
e da cantidade da terra, e davoua qual destas duas he a mayor parte decrarado
sumariam.te ha grandeza dafrica e asy dasia honde vossas vitorias asy no
oureitne como no oucidente floresem// e destas duas soómente e breuemente
quanto ao interior da terra se dira e ho do lito ou costa do mar todo ho
que toca ha marinharia e Cosmografia mais larguamente farey mençam e
portanto seram aqui decraradas todalas Rotas .s. como jaz hum promontorio
ou luguar com outro e isto porque esta obra leue hordem e fundamento e
ha costa mais seguramente se possa nauegar e o mesmo as conhesansas das
terras (...)”. Joaquim Barradas de Carvalho, Esmeraldo de Situ Orbis, Lisboa,
Fundação Calouste Gulbenkian, 1991, p. 5.
21
Cf. Ibidem, p. 502.
22
Ibidem, p. 67.
130 Ana Paula Avelar
23
Ibidem, p. 68.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 131
24
Cf. Marília dos Santos Lopes, op. cit., p. 214 e Marília dos Santos Lopes, Da
Descoberta ao Saber, Os conhecimentos sobre África dos séculos XVI e XVII, Viseu,
Passagem Editores, 2002, pp. 94-102.
132 Ana Paula Avelar
25
Cf. Luís de Matos, L’Expansion Portuguaise dans la litterature latine de la
Renaissance, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1991.
26
O quadro que a seguir se apresenta foi elaborado tendo como ponto de
partida a obra de António Alberto Banha de Andrade, Mundos Novos do
Mundo..., Lisboa, Junta de Investigações do Ultramar, 1972.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 133
Balthasar Springer (viajante tirolês) texto original editado por Jan edição em flamengo
van Doesborch em flamengo – %JF3FZTFWÍ-JTTFCPOFPNUF
WBSFNOBEJFZMÍEU/BHVBSJBJOHSPPU*OEJFO com gravuras de
Hans Burgkmair (originário de Augsburg)
– Die Merfart Vn ërfarung nürwer Schiffung und wege zü vin edição em alemão
onerkanten Inseln und kunigreichen…
o%FOPVPNPOEP edição em latim
o0GUIFOFXF-ÍEFTBOEPGZQFPQMFTGPVOEFCZNFTTFOHFSTPG edição em inglês
UIF,ZOHFPGQPSUVHBMF
OBNFE&NBOVFM
27
Cf. António Alberto Banha de Andrade, op. cit., II, p. 755.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 135
28
Cf. Jean Aubin, Le Latin et l’Astrolabe – Recherches sur le Portugal de la Renaissance,
son Expansion en Asie et les Relations Internationales, Lisboa-Paris, Centre Culturel
Calouste Gulbenkian-CNCDP, 2000, II, pp. 483-505.
136 Ana Paula Avelar
29
Cf. Fernão Lopes de Castanheda, op. cit, II, pp. 266 e 359.
30
Diário da viagem de Vasco da Gama, pp. 40-41.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 137
31
Fernão Lopes de Castanheda, op. cit., I, p. 46.
32
Ibidem, p. 47.
33
Ibidem.
34
Cf. João de Barros, Ásia... Primeira Década, p. 148. Refira-se que Gaspar
Correia nas suas Lendas da Índia não referencia esta presença num templo
local. Cf. Gaspar Correia, Lendas da Índia, I, p. 87. Já Damião de Góis ao
escrever a crónica do rei D. Manuel segue João de Barros assinalando a
existência de imagens. Atente-se que este nosso humanista leu Fernão
138 Ana Paula Avelar
Fig. 4 – Ídolo de Calecute recebendo o sacrifício, Varthema, impressão alemã do séc. XVI
35
Partha Mitter, Much Maligned Monsters – A History of European reactions to Indian
Art, Chicago, Chicago University Press, 1977, p. 18.
36
Ibidem, pp. 18-19.
140 Ana Paula Avelar
37
Ibidem.
38
Joan-Pau Rubiés, Travel and Ethnology in the Renaissance-South India through
european eyes, 1250-1625, Cambridge, Cambridge University Press, 2002, p. 162.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 141
39
Partha Mitter, op. cit., p. 19.
40
Cf. Jean Aubin, op. cit., II, p. 484.
41
João de Barros, Ásia... Primeira Década, p. 389.
142 Ana Paula Avelar
42
Damião de Góis, Chronica do Felicissimo Rei Dom Manuel, Coimbra, Imprensa
da Universidade, 1953, II, p. 39.
43
Ibidem, p. 84.
44
Várias são as referências que encontramos na epistolagrafia goesiana a
Simão Grineu. Cf. Amadeu Torres, As Cartas Latinas de Damião de Góis, Paris,
Centro Cultural Português, 1982.
45
Cf. Francisco Leite de Faria, Estudos Bibliográficos sobre Damião de Góis e a sua
Época, Lisboa, secretariado de Estado da Cultura, 1977, p. 201.
46
Esta obra sai em 1540 em Lovain, e em 1541 em Paris. Cf. Damião de Góis,
op. cit., III, p. 236, IV, p.127.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 143
Francisco
A obra de Francisco Álvares, Verdadeira Informação das Terras do
Alvares
Preste João, corporiza o lugar do encontro entre o reino cristão do
Ocidente e o reino cristão a Oriente47, sendo citada por aqueles, como
Fernão Lopes de Castanheda, João de Barros ou Gaspar Correia
que descrevem a presença portuguesa no espaço extra-europeu na
cronística da Expansão. Observe-se como no frontispício de 1540 se
materializa o referente curial europeu, distinguindo-se os cavaleiros
portugueses que se encontram em terras do Preste. Iconicamente,
as armas de Portugal despontam neste frontispício, não deixando
de a esfera manuelina secundar cenograficamente, sob o ondulante
estandarte, uma presença.
47
Vários têm sido os trabalhos realizados sobre a questão do Preste João das Índias
e a problematização em torno da Etiópia. Assinalo aqui a título de exemplo os
trabalhos desenvolvidos por Manuel João Ramos.
144 Ana Paula Avelar
48
Manuel João Ramos, Ensaios de Mitologia Cristã, Lisboa, Assírio e Alvim, 1997,
p. 358.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 145
49
Luís de Matos, Imagens do Oriente no séc. XVI – reprodução do códice português
da Biblioteca casanatense, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1985,
p. 52.
50
Cf. Maria Augusta da Veiga e Sousa, O Livro de Duarte Barbosa (edição crítica e
anotada), Lisboa, IICT-CEHCA, 1996, I, pp. 59-60.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 147
51
E o texto continua: “Trazem estes homens ũas bainhas de pao liadas com muito
ouro e outros metais; e à parte da mão esquerda, como nós com cintas de pano
que pera isso fazem com quatro ou sinco noos com suas borlas dependuradas
como galantes homens. trazem tambem nas maos azagaias e outros arcos e
frechas meãos que não são tão compridos como de ingreses nem tão curto(s)
como de turcos; os ferros das frechas são mui grandes, sotis. E eles são
homens de guerra e outros grandes mercadores. Suas molheres andam nuas;
somente cobrem suas vergonhas com panos dálgodão, emmentes são solteiras
e, como são casadas, lançam outros panos por cima dos peitos.” Ibidem.
52
Cf. João C. Reis, A Empresa da Conquista do Senhorio do Monomotapa, Lisboa,
Heuris, 1984. pp. 57-92.
148 Ana Paula Avelar
53
Cf. Fontes Impressas e Bibliografia.
54
Possui-se uma tradução brasileira de 1988.
55
Stephen Greenblatt, Marvelous Posssessions – The Wonder of the New World,
Chicago, The University of Chicago Press, 1991, pp. 6-7.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 149
56
Cf. Walter D. Mignolo, The Darker Side of the Renaissance - Literacy, Territoriality,
& Colonization, Michigan, University of Michigan Press, 2003.
57
Ibidem, p. 23.
58
A análise comparativa que em seguida apresento foi objecto de uma comu-
nicação por mim apresentada no X Congresso Internacional das Academias das
Ibero-Américas.
150 Ana Paula Avelar
59
Montaigne, Essais I, Paris, Flammarion, 1969, I, p. 255.
60
Ibidem.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 151
61
Ibidem.
62
Pierre Martyr d’Anghiera, De Orbe Novo Décades I Oceana Decas – Décades du
Nouveau Monde I La Décade Océane, Paris, Les Belles Lettres, 2003, p. 52
63
Atente-se logo na sua primeira carta, quando escreve sobre Hispanhola. Cf.
Chistopher Columbus, The Four Voyages, Londres, Penguin, 1969, p. 116.
64
Pero Vaz de Caminha, Carta a el-rei d. Manuel, Lisboa, Imprensa Nacional-
Casa da Moeda, 1974, p. 81.
152 Ana Paula Avelar
65
Ainda que assistamos a dois modelos narrativos nestas três “vozes”. O corpo-
rizado pelo fidalgo de Elvas e o dos dois portugueses que se debruçam sobre
o Brasil.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 153
66
Tal informação é dada por Maria Graça A. Mateus Ventura na introdução que
elaborou para a edição da relação do Fidalgo de Elvas da viagem de Hernando
de Soto. Cf. Relação verdadeira dos trabalhos que o governador D. Fernando de Souto
e certos fidalgos portugueses passaram no descobrimento da Florida agora novamente feita
por um fidalgo de Elvas, Lisboa, CNPCDP, 1998, p. 16.
154 Ana Paula Avelar
67
Recorde-se que este relato aparece na I Parte, livro XVII, cap. XXI-XXVIII da
referida obra. Importa igualmente salientar que esta obra só conhece a sua
impressão integral em 1850.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 155
68
Veja-se o já referido estudo de Maria da Graça Ventura.
156 Ana Paula Avelar
69
Hernando de Soto viveu de 1496-97 a 21 de Maio de1542, tendo acompanhado
Francisco Pizarro ao Peru durante os anos de 1532 a 1535. Ao regressar a
Espanha foi-lhe concedida, em 1537, pela Coroa espanhola autorização para
explorar, às suas custas, a Florida. Em Maio de 1539 a expedição chefiada por
Hernando de Soto chega à actual Tampa. Percorreu a Florida, o centro da
actual Georgia, as duas Carolinas, o Tennessee, o Mississippi, o Alabama, e o
Arkansas. Em Maio de 1541 de Soto chegou ao Mississippi que denominou
Rio Grande de la Florida, continuando, por mais um ano, as suas explorações
seguindo este rio, atingindo possivelmente a Louisiana e o Texas.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 157
70
Relação verdadeira dos trabalhos que o governador D. Fernando de Souto e certos fidalgos
portugueses passaram no descobrimento da Florida agora novamente feita por um fidalgo
de Elvas, p.170.
71
“O governador sentio em si que se chegava a ora em que avia de deixar esta
presente vida, mandou chegar os oficiais d’el rey, capitães e pessoas principaes,
aos quaes fez hũa fala, dizendo que elle estava pera hir dar conta ante ho
acatamento de Deos de toda a vida passada: e pois era servido de ho levar
em tal tempo e que conhecesse sua morte, que elle muy indigno servo seu
lhe dava muitas graças e que todos quantos presentes e ausentes estavam, a
quem elle confessava ser em muita obrigaçam por suas singulares vertudes,
amor e lealdade, que elle pera consigo tinha bem provado nos trabalhos
que aviam sofrido, ho que sempre tivera em vontade e esperara satisfazer e
galardoar quando Deos fosse servido de dar descanso à sua vida, com mais
prosperidade de seu estado, pedia que rogassem a Deos por elle, que por sua
misericordia lhe perdoasse seus pecados, pusesse sua alma em gloria e lhe
dessem quita e remissam do carrego em que lhes era, e de quanto a todos
devia e lhe perdoassem alguns desgostos que delle podiam aver recebido: e
que por escusar algũa devisam que sobre sua morte ouvessem por bem eleger
hũa pessoa principal e abil pera governar de que todos fossem contentes: e
eleito diante delle jurassem d’o obedecer: e que isto lhes agardeceria muito:
porque algum tanto se apracaria a dor que tinha, e pena que sentia por os
158 Ana Paula Avelar
deixar em tamanha confusam como era deixallos em terra que nam sabiam
adonde estavam.” Ibidem, p. 175.
72
Ibidem, p. 176.
73
“Aristoteles diz que todos ou a mor parte dos homens sam afeiçoados e
incrinados de sempre ver e ouvir cousas novas: e moormente quando sam
de terras muito afastadas e remotas. As quaes diz que dam recreaçam aos
ingenios delicados e subtis e aos rudos aviventam e lhes fica hum desejo
natural pera ver e ouvir e exercitar (se possivel fosse) nellas.” Ibidem, p. 62.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 159
74
Ibidem, p. 215
75
Terceto de Luís de Camões a Dom Leonis Pereira sobre o livro que lhe
oferece Pero de Magalhães de Gândavo, História da província de Santa Cruz a
que vulgarmente chamamos Brasil, Lisboa, Assírio e Alvim, 2004, p. 29.
160 Ana Paula Avelar
76
Pero de Magalhães de Gândavo, História da Província de Santa Cruz..., p. 121.
77
Obras de Jerónimo Corte Real, Porto, Lello & Irmão – Editores, 1979, p. 17.
78
Este após ter visto que: “(...) aquilo era coisa do mar e, antes que nele se
metesse, acudiu com muita presteza a tomar-lhe a dianteira. E vendo o
monstro que ele lhe embargava o caminho, levantou-se direito para cima
como um homem, fincado sobre as barbatanas do rabo. E estando assim o
mancebo a par com ele, deu-lhe uma estocada pela barriga e, dando-lha,
no mesmo instante se desviou para uma parte com tanta velocidade que não
pôde o monstro levá-lo debaixo de si: porém não pouco afrontado, porque o
grande torno de sangue que saiu da ferida lhe deu no rosto com tanta força
que quase ficou sem nenhuma vista. E tanto que o monstro se lançou em
162 Ana Paula Avelar
terra, deixou o caminho que levava, e assim ferido e urrando com a boca
aberta sem nenhum medo, arremeteu a ele, e indo para o tragar a unhas e
dentes, deu-lhe o mancebo uma cutilada mui grande na cabeça, com a qual
ficou mui débil, e deixando sua vã porfia, tornou então a caminhar outra vez
para o mar. Neste tempo acudiram alguns escravos aos gritos da índia que
estava em vela; e chegando a ele o tomaram já quase morto, e dali o levaram
à povoação, onde este o dia seguinte à vista de toda a gente da terra.” História
da Província de Santa Cruz..., p. 94.
79
Ibidem, p. 95-96.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 163
80
Gabriel Soares de Sousa, Notícia Brasil, Lisboa, Publicações Alfa, 1989,
p. 197.
164 Ana Paula Avelar
81
Ibidem, p. 86.
82
Ibidem, p. 134.
83
Pero Vaz de Caminha, carta a el-rei d. Manuel..., Lisboa, Imprensa Nacional
– Casa da Moeda, 1974. pp. 62-63.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 165
84
Cf. “Navegação de Pedro Álvares Cabral” in Collecção de Noticías para a História
e Geografia das Nações Ultramarinas, que vivem nos domínios portuguezes, ou lhe são
visinhos...” Lisboa, Academia Real das Sciencias, 1812.
85
Cf. João Rocha Pinto, A Viagem. Memória e Espaço. A Literatura Portuguesa de
Viagens – os primeiros relatos de viagem ao Índico 1497-1550, Lisboa, Livraria Sá
da Costa, 1981, pp. 110-132.
166 Ana Paula Avelar
Fig. 9 – Representação da
chegada de Américo Vespúcio
86
Cf. cap. 3.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 167
87
Cf. Ainslie T. Embree and Carol Gluck, Asia in the Western and World History:
A Guide for Teaching, Nova Iorque, M. E. Sharpe, 1997. pp. XV-XVI.
88
Cf. o excelente trabalho de Rui Loureiro, A Biblioteca de Diogo do Couto,
Macau, Instituto Cultural de Macau, 1998.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 169
89
Cf. José Manuel Garcia, O Livro de Francisco Rodrigues – O primeiro Atlas do mundo
Moderno, Universidade do Porto, Editora da Universidade do Porto, 2008.
90
Cf. Paul Ricoeur, op. cit, p. 366.
170 Ana Paula Avelar
Fig. 12 – Represen-
tação dos naires no
códice Casanatense
91
Rui Loureiro, O manuscrito de Lisboa da Suma Oriental de Tomé Pires, pp. 104-
-105 e 109-110.
172 Ana Paula Avelar
hão-o por honra e galantaria, a saber, deles espadas nuas nas mãos e
adargas e outros arcos e frechas e outras lanças (...).”92
92
Maria Augusta da Veiga e Sousa, o livro de Duarte Barbosa op. cit., p. 164 e segs.
93
Ibidem.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 173
Para Castanheda: “(...) Naires, q̃ ƒam todos fidalgos, & não tem
outro officio ƒe não pelejar quando he neceƒƒario, & ƒam gentios:
trazẽ continuamente as armas com q̃ pelejão que ƒam arcos,
frechas, lãças, agomias & escudos, & tem que andão coelas muyto
hõrrados & galãtes: porem andão nus ƒómente com hũs panos
dalgodão pintados q̃ os cobrem da cinta ate ho giolho: & deƒcalços
com toucas nas cabeças. Viuem todos com el rey ou com ƒenhores
de terra que tem moradia (...). Nem os reys podẽ fazer Naires ƒe
não forẽ de linhagẽ de Naires (...). Eƒtes per ley do reyno não podẽ
caƒar, & por iƒƒo não tẽ filhos certos, porque os que tem ƒam de
mancebas com que dormẽ tres & quatro (...) Eƒtas molheres ham
de ƒer nairas porq̃ nãm podẽ dormir cõ vilaãs, & eƒtas tambẽ não
caƒam (...).”94
94
Fernão Lopes de Castanheda, op. cit., I Livro (1551)
95
Ibidem.
174 Ana Paula Avelar
96
João de Barros, Asia ...Década, (1552)
97
Ibidem.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 175
98
Ibidem.
99
Cf. Jean Delumeau, Uma história do paraíso, Lisboa, Terramar, 1994, pp. 66.
176 Ana Paula Avelar
100
Estas indicações são apresentadas no prefácio que saiu na edição Quinhen-
tista, em língua italiana do texto de Barbosa. Cf. Maria Augusta da Veiga e
Sousa, op. cit., I, p. 49.
101
Ibidem, II, p. 19.
102
Ibidem, II, p. 20.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 179
103
Ibidem.
104
Ibidem.
105
Ibidem, p. 80.
180 Ana Paula Avelar
106
Cf. Tomé Pires, op. cit, p. 94 e segs.
107
Ibidem, p. 97 e 98.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 181
108
Gaspar Correia, Lendas da Índia, II, p. 55.
109
Ibidem, II, p. 56.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 183
110
Cf. João de Barros, Asia... Segunda Década, p. 191.
111
Cf. Ibidem, pp. 188-198.
184 Ana Paula Avelar
112
Cf. Maria Augusta da Veiga e Sousa, op. cit., II, p. 94.
113
Ibidem, II, p. 96.
114
Cf. Ibidem, II, p. 98.
186 Ana Paula Avelar
115
Cf. Fernão Lopes de Castanheda, op. cit., I, p. 724.
116
Gaspar Correia, op. cit., III, p. 506.
117
Cf. David Lopes, Chronica dos Reis de Bisnaga, Lisboa, Imprensa Nacional, 1897.
118
Cf. S. C. Misra e K. S. Mathew, Chronica Geral dos Sucessos do reyno de Gusarte
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 187
Fig. 18 – O Rei de
Cambaia no códice
Casanatense
121
Cf. Jorge de Lemos, História dos Cercos de Malaca, Lisboa, Biblioteca Nacional,
1982 (edição fac-similada). Vejam-se os trabalhos incontornáveis de Rui
Bebiano e de Marinho dos Santos sobre o tópico da guerra.
122
Cf. Manuel Cadafaz de Matos, “Uma relação inédita de Raffaello Gualtieri
sobre o segundo cerco de Diu (1546) existente na Biblioteca Pública de
Sienna”, in Congresso Internacional Bartolomeu Dias e a sua época, Actas, V, Porto,
1989, p. 617-990.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 189
– -JVSPQSJNFJSP
EPDFSDPEF%JV
RVFPTUVSDPT
QPTFSÍPË
GPSUBMF[BEF%JV
De Lopo
de Sousa
Coutinho125
(1556)
123
Esta obra seria trazida da Índia para Portugal em 1582, pretendendo-se que
fosse publicada, porém só no século XIX tal acontece.
124
Utilizo a titulação dada no momento da primeira impressão deste relato de
Leonardo Nunes aquando da publicação feita por António Baião em 1925.
Não nos esqueçamos que Leonardo Nunes acompanhou D. Fernando de
Castro a Diu, encontrando-se na fortaleza em 1546.
125
Lopo de Sousa Coutinho combateu no primeiro cerco de Diu.
126
Sai, deste mesmo autor, em 1613 a sua crónica de D. João III. O autor
190 Ana Paula Avelar
Fig. 19 – La’l,
O afogamento do
sultão Bahadur,
Agra, 1603-1604
serviu-se, como fonte matricial para o narrar dos feitos dos portugueses no
espaço oriental, das Lendas da Índia de Gaspar Correia que corriam ao tempo
manuscritas.
127
Recorde-se a dissertação de mestrado por mim orientada de Ana Gabriela
Nazaré de Morais Freire, “Novidades”, “Feitos”, “Murmúrios” – Os textos de 1561
e de 1569 de Gabriel Rebelo, Oficial Português nas Molucas, Lisboa, Universidade
Aberta, 2004 (edição policopiada).
128
Cf. Raffaella D’ Intino, Enformação das Cousas da China –Textos do século XVI,
Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1989.
192 Ana Paula Avelar
129
Tzvetan Todorov, Imperfect Garden – The Legacy of Humanism, p. 226.
130
Ibidem.
196 Ana Paula Avelar
A escrita deve ser clara e literal tendo em vista uma mais ampla
audiência, visto que deve funcionar como um arquivo de memória
para uma maior diversidade de leitores. A memória comum convive
com as diferentes memórias e providencia a base da comunicação,
naquele que é um crescente sentido de pertença136. A função social
da escrita depende da habilidade em atingir novos horizontes, novos
leitores, e novos espaços geográficos, nomeadamente europeus,
redesenhando-se novas fronteiras.
135
Cf. João de Barros, Ásia... Década I, p. 2.
136
Cf. Helena Carvalhão Buescu, Em busca do autor perdido, Lisboa, Cosmos,
1998. pp. 3-4.
198 Ana Paula Avelar
137
Alguns autores defendem que a primeira gramática teria sido escrita por João
de Barros. Para um maior aprofundamento desta questão cf. Maria Leonor
Buescu, A Gramática da linguagem Portuguesa de Fernão de Oliveira, Lisboa,
Imprensa Nacional. Casa da Moeda, 1975, p. 18-22.
138
Cf. Ibidem, p. 45.
139
Walter Raleigh na sua History of the World (1614) desenvolve a noção de
História, e o modo como ela foi sendo construída até ao seu tempo. Cf.
Beverley Southgate, History: What e Why? London, Routledge, 1996, p. 4.
Representações de um “Mundo Novo” no Portugal de Quinhentos 199
Fontes Impressas
Obras Gerais
Estudos especializados
ALBUQUERQUE, Luís de, “A viagem de Vasco da Gama, entre
Moçambique e Melinde segundo ‘Os Lusíadas’, e segundo as
Crónicas”, in Garcia da Orta, Lisboa, Junta de Investigação do
Ultramar, número comemorativo do IV centenário da publicação de
Os Lusíadas, 1972.
ALVES, Ana Maria, Iconologia do Poder Real no período Manuelino. À procura
de uma linguagem perdida, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda,
1985.
ALVES, Hélio J. S., Camões, Corte-Real e o Sistema da Epopeia Quinhentista,
Coimbra, Universidade de Coimbra, 2001.
ALVES, Jorge Manuel dos Santos, O Domínio do Norte de Samatra – A
História dos Sultanatos de Samudera – Pacém e de Achém e das suas Relações
com os Portugueses (1500-1580), Lisboa, Sociedade Histórica da
Independência de Portugal, 1999.
ANDRADE, António A. Banha de, – Mundos Novos do Mundo – Panorama da
difusão, pela Europa, de notícias dos Descobrimentos Geográficos Portugueses,
Lisboa, Junta de Investigações do Ultramar, 1972.
AUBIN, Jean, Le Latin et l’Astrolabe – Recherches sur le Portugal de la
Renaissance, son Expansion en Asie et les Relations Internationales, 3 vols.
Lisboa-Paris, Centre Culturel Calouste Gulbenkian-CNCDP, 1996-
2006.
AVELAR, Ana Paula Menino, Fernão Lopes de Castanheda, Historiador dos
portugueses na Índia ou cronista do governo de Nuno da Cunha?, Lisboa,
Edições Cosmos, 1997.
– Figurações da alteridade na cronística da Expansão, Lisboa, Universidade
Aberta, 2003.
– Visões do Oriente – Formas de sentir no Portugal de Quinhentos, Lisboa,
Colibri, 2003.
– D. João III – O Piedoso (1521-1557), Lisboa, Academia Portuguesa
de História – Quid Novi, 2009.
BARRETO, Luís Filipe, Caminhos do Saber no Renascimento Português
– Estudos de História e Teoria da Cultura, Lisboa, Imprensa Nacional
– Casa da Moeda, 1986.
216 Ana Paula Avelar
DAS GUPTA, Uma (ed) The World of the Indian Ocean Merchant 1500-1800.
Collected Essays of Ashin Das Gupta, Nova Deli, Oxford University
Press, 2001.
DIAS, José S. da Silva, Os Descobrimentos e a Problemática Cultural do Século
XVI, Lisboa, Presença, 1988.
DOMINGUES, Francisco Contente, Os navios do mar oceano – teoria e
empiria na arquitectura naval portuguesa dos séculos XVIe XVII, Lisboa,
Centro de História – Universidade de Lisboa, 2004
– Navios e Viagens – A Experiência Portuguesa nos séculos XV e XVIII,
Lisboa, Tribuna, 2007.
DOMINGUES, Francisco Contente e Luis Filipe Barreto, A Abertura do
Mundo - Estudos de História dos Descobrimentos Europeus, 2 vols, Lisboa,
Editorial Presença, 1986.
DUBOIS, Claude-Gilbert, Le Bel aujourd’hui de la renaissance – Que reste-
t-il du XVIe siècle? Paris, Editions du Seuil,2001.
DUNCAN, David Ewing, Hernando de Soto – A Savage Quest in the
Americas, Nova Iorque, Crown Publishers, 1995.
EATON, Richard M. (ed.), India’s Islamic Traditions, 711-1750, Oxford,
Oxford University Press, 2005.
ELLIOTT, J. H, The Old World and the New 1492-1650, Cambridge,
Cambridge University Press, 1970.
FARINHA, António Dias, Os Portugueses em Marrocos, Lisboa, Instituto
Camões, 2002.
– Os Portugueses no Golfo Pérsico (1507-1538) – Contribuição documental
e crítica para a sua História, Lisboa, CNCDP, 1991.
FERRÃO, José E. Mendes, A Aventura das Plantas e os Descobrimentos
Portugueses, Lisboa, IICT-CNCDP, Fundação José Berardo, 1992.
FERRONHA, António Luís (coord.), O Confronto do Olhar – O encontro
dos povos na época das Navegações portuguesas – Séculos XV e XVI – Portugal,
África, Ásia, Lisboa, Editorial Caminho, 1991.
– A Fauna exótica dos Descobrimentos, Lisboa, Edições Elo,1993.
FIGUEIREDO, Fidelino, A Épica Portuguesa do século XVI, Lisboa,
Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1987.
GUEDES, Max Justo, O Descobrimento do Brasil, Lisboa, Vega, 1989.
218 Ana Paula Avelar