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Queridos estudantes de forma sucinta passaremos a expor algumas das vantagens que o
conhecimento do direito proporciona aos gestores das empresas e por conseguinte ao crescimento e solidez
das empresas.
O Direito é uma das peças fundamentais para as empresas e comunidade, pois é através desta
fonte que se tem a base das informações e conceitos, normas e regras, que norteiam a administração
das empresas em geral, tanto privadas, quanto públicas.
No mundo dos negócios, é comum surgirem questões que envolvam processos jurídicos nas
mais diferentes situações e, por isso, deve-se ter cautela ao tomar quaisquer decisões – mesmo as
que parecem inofensivas à empresa.
Para agilizar as decisões diárias, não dependendo somente dos advogados, os líderes e
empresários devem manter-se informados sobre questões legais que envolvam seus colaboradores e
os factos administrativos e jurídicos de uma companhia.
Cabe ressaltar os inúmeros ramos do Direito que tem reflexo directo sobre as atividades
empresariais tais como: Direito do Trabalho, Direito Tributário, Direito Administrativo, Direito
Ambiental, Direito Econômico, Direito do Consumidor, Direito Penal, Direito Comercial, Direito
Civil, Direito Internacional fora outros ramos que directa ou indiretamente produzem efeitos ou de
controlo e fiscalização ou de imposição de condutas a serem observadas pelas empresas e, por
ordem, por seus administradores.
Por esta importância e dimensão é que nos cursos de Gestão de Empresas as cadeiras
jurídicas são tão valiosas para a compreensão exacta pelo futuro administrador acerca da enorme
relevância do Direito para o êxito de qualquer atividade empresarial.
Vejamos, portanto, a relação e a influência de cada ramo acima citado na atividade
empresarial. Com relação ao Direito do Trabalho, é de fundamental importância a compreensão
deste tema pelo administrador, pois hoje a negociação de acordos trabalhistas com sindicatos e
trabalhadores é vital para a sobrevivência das empresas especialmente em momentos de crise.
Ainda o conhecimento das normas contidas na LGT evita o crescimento de passivos trabalhistas que
podem gerar enormes prejuízos. Assuntos como a exploração de trabalho infantil ou a admissão de
empregados deficientes contribuem para a formação da imagem da empresa.
Quanto ao Direito Tributário, este face à voracidade enorme do Estado em arrecadar, tem
grande influência no sucesso de cada empreendimento. O conhecimento de instrumentos
adequados de planeamento tributário além de procedimentos de defesa administrativa propicia uma
melhor performance dos resultados da empresa evitando perdas e até inviabilizando o crescimento
ou mesmo a sobrevivência do negócio.
Já com relação ao Direito Administrativo, sabemos que o mesmo regula as atividades do
Estado e de seus agentes, temos a sua importância quando o Estado torna-se um parceiro comercial
seja como sócio, seja como cliente. A absorção dos conceitos da administração pública facilita o
entendimento dos processos de licitação e de contratos com os entes públicos. Ademais o
crescimento das Agências Reguladoras faz com que a atividade empresarial mantenha constante e
estreita relação com os órgãos públicos. Também a formação de administradores públicos
conhecedores de sua correta atuação evita a ocorrência de práticas ilegais e de prejuízos para o
Estado.
No que concerne ao Direito Ambiental, vemos que inúmeras atividades actualmente
precisam adaptar-se às exigências das normas ambientais vigentes, permitindo assim a continuidade
da atividade empresarial e evitando pesadas sanções quanto ao incumprimento das referidas
normas. Além disso, a sua observância proporciona um relativo conforto face à sociedade trazendo
benefícios ligados à imagem das empresas. Internacionalmente o mercado valoriza empresas que
seguem os padrões mundiais de conduta ambiental.
O Direito do Consumidor impôs regras claras para as relações de consumo ampliando as
responsabilidades dos fornecedores de produtos e serviços. O conhecimento destas regras evita
enormes transtornos não só ao facturamento das empresas através das pesadas indenizações por
danos materiais e morais como há suas imagens. Assim, através de uma política clara de
atendimento e de respeito ao consumidor as empresas conseguem crescer,
Actualmente os actos e a atividade empresarial repercutem também nas normas de Direito
Penal como veremos a seguir. Tanto o Código de Defesa do Consumidor quanto a Legislação
Ambiental trazem em seus textos normas específicas tratando dos Crimes contra o Consumidor e
dos Crimes contra o Meio Ambiente. Estas normas têm reflexo diretamente sobre os gestores de
empresas. Em matéria tributária também encontramos normas específicas de natureza penal
imputando aos seus transgressores penas por seus actos ilícitos.
Seguindo o nosso raciocínio, na esfera do Direito Comercial temos temas de extrema
relevância para o mundo dos negócios sendo abordados. Entre eles podemos destacar os temas
ligados à própria existência das empresas seja sob a forma de Sociedades Anônimas seja sob a forma
de Limitadas. Além disso, trata do processo de recuperação de empresa através do pedido de
concordata ou sua de sua extinção através do pedido de falência. A emissão de títulos, os direitos
autorais ou propriedade industrial, registro de patentes e de marcas também fazem parte do Direito
Comercial.
Por último, mas ainda sem esgotar o assunto, vemos o crescimento das relações
internacionais ampliando a importância do Direito Internacional principalmente através dos
organismos internacionais sejam eles de fomento, sejam eles de regulação. No comércio
internacional, não possuir noções de Direito Internacional, é conquistar o fracasso. Institutos, como
o da Arbitragem, surgem com extrema força agilizando os negócios e prevenindo uma solução
rápida e eficaz para eventuais conflitos.
Com isto não queremos defender a transformação dos administradores em advogados,
queremos sim, salientar a importância das disciplinas jurídicas nos Cursos de Gestão de Empresas e
que devem proporcionar aos alunos um conhecimento holístico e bem actual da influência do
Direito no sucesso das ações empresariais dotando-os de competências e habilidades para a atuação
frente às diversas situações jurídicas que lhes aparecerem. Da concepção do negócio e de suas
estratégias, de sua área de actuação e de seus mercados, de sua relação com fornecedores,
empregados e consumidores até a sua relação com o Estado, a atividade empresarial está totalmente
impregnada pelo Direito através das mais simples até as mais complexas relações jurídicas.
Finalmente, como se disse, não se consegue esgotar todas as implicações para as empresas e por
consequência para seus administradores, dos reflexos do Direito em suas atividades; mas é certo que
os mesmos deverão estar sempre atentos às constantes mudanças sociais e econômicas e possuir
noções jurídicas básicas para interpreta-las dentro de sua área de atuação, contribuindo assim para o
sucesso de seus empreendimentos.
O Homem sempre viveu em comunidade é da sua natureza não viver isolado e sim integrado num grupo
organizado, pois a sua realização tendo em vista o suprimento das suas debilidades individuais e a
necessidade de actuar de modo racional e efectivo exige a vida em sociedade, esta exigência de vida em
sociedade implica a adopção de um conjunto de princípios que regulam a actuação humana, tais princípios
devem promover a solidariedade de interesses e definir as regras que resolvam os conflitos.
Alguns pensadores como Thomas Hobbes, Jonh Locke, Jean-Jacques Rousseau, entre outros, teorizaram
acerca da existência de uma vida “pré -social” do ser humano, a que chamaram “estado de natureza” em que
os homens viveriam isolados e apartados dos seus semelhantes. Estes mesmos pensadores no
desenvolvimento das suas teses defenderam ainda que o “estado natural” cessou e deu lugar ao chamado
“estado de sociedade”, ocorrendo tal transição devido a um acordo ou “contrato social” em que os homens
deliberaram associar-se, obrigando-se reciprocamente, surgindo assim as primeiras sociedades organizadas.
Tendo em consideração as investigações históricas e a própria natureza do homem estas teses são de afastar.
Aristóteles na sua célebre obra “A política” destacou “O Homem é um ser social”.
Na verdade só através da interacção com outros homens, da conjugação dos seus esforços, baseado na
solidariedade e na divisão do trabalho o homem atingirá a sua plena realização.
Já os Romanos defendiam “ubi homos, ibi societas”.
Contudo convém destacar que a convivência em sociedade só é possível se existir um elenco, um conjunto
mínimo de princípios ou regras que pactuem as condutas humanas pelo que “ ubi societas, ibi ius”.
De o anteriormente exposto podemos concluir:
a) O homem é por natureza um ser social;
b) O homem e a sociedade a que naturalmente pertence carece de regras de estruturação e de definição de
condutas necessárias à existência e desenvolvimento do próprio homem e da sua identidade social.
Que é Sociedade?
Não se torna fácil defini-la. No entanto, alguma coisa se pode dizer a este respeito, e sobre todo notar-se que
a sociedade tem sido concebida de maneiras diferentes.
Existem duas concepções opostas de sociedade, respectivamente a concepção mecânica e a concepção
orgânica.
Por tanto existem vários tipos de sociedades como por exemplo as sociedades naturais (Família, Estado,
Comunidades), as sociedades voluntárias (Sociedades Comerciais, Associações).
Segundo o Professor Galvão Telles a sociedade resulta do enquadramento dos indivíduos numa certa ordem.
Os indivíduos são elementos integrados num conjunto harmonioso a que preside como fim ou bem comum
de todos, distintos do bem particular de cada um.
CONCEITO DE DIREITO
O Direito destina-se a regular e ordenar o convívio dos homens em sociedade, traduzindo-se em regras de
conduta social, prescritas que regulam, com carácter de generalidade a convivência do homem em sociedade
mediante a imposição de acções e abstenções, podendo realizar-se pelo uso da força quando necessário e
possível.
O direito diz o que se deve e não se deve fazer, com o fim de proporcionar a cada um a possibilidade de
prefigurar as consequências dos seus comportamentos, prevenir eventuais litígios, resolver litígios já
desencadeados, potenciar a cooperação entre os homens, assegurar a atribuição a cada um do que lhe
pertence, realizar a paz e o bem comum.
A palavra Direito pode ser analisada em diferentes acepções assim se dizemos:
“O Direito rege a vida dos homens em sociedade”, “Eu tenho Direito a Vida”, vemos que em ambas frases foi
utilizada a palavra Direito, mas que nelas não têm o mesmo significado por tanto podemos entende o direito
como um conjunto de normas por um lado e por outro como um conjunto de poderes ou faculdades dos
sujeitos.
Realmente, como efeito primordial da norma jurídica está o de atribuir a um sujeito uma existência ou
pretensão contra outro sujeito, sobre quem impende, por isso mesmo, uma obrigação, ou seja, um dever
jurídico. Mas à pretensão atribuída pelo Direito chama-se também direito. O significado da palavra não é o
mesmo em ambos os casos: no primeiro, corresponde à norma da coexistência – ou direito em sentido
objetivo; no segundo caso, corresponde à faculdade de pretender – ou direito em sentido subjetivo.
Temos aqui uma plurivalência semântica, pois a palavra direito ora significa o direito positivo vigente, ou
melhor, o ordenamento jurídico vigente em determinado Estado, ora significa o poder que as pessoas têm de
fazer valer seus direitos individuais. No primeiro caso falamos de direito objetivo, enquanto no segundo, de
direito subjetivo.
Na verdade, “direito subjetivo e direito objetivo são aspectos de conceito único, compreendendo a
faculdades e a norma os dois lados de um mesmo fenómeno, os dois ângulos de visão do jurídico. Um é o
aspecto individual, outro, o aspecto social”.
A força física é utilizada como meio preventivo da ordem social. Existe, no entanto, uma diferença
entre a utilização da força e a utilização da violência: o direito precisa da força mas condena a violência.
Esta força pode ser legitimada por um poder livremente aceite pelos cidadãos. É o povo que organiza
o seu direito através das instituições responsáveis e é, também, o povo que legitima essas mesmas
instituições.
Não se deve contudo, cair na definição do direito como ordem da força. O direito precisa de ter a
força ao seu serviço, as normas jurídicas se caracterizam pelo facto de que o seu descumprimento acarreta
punições que envolvem o uso da força pelas instituições sociais competentes.
O jurista alemão Rudolf von Inering no livro a Luta pelo Direito, uma das principais obras do século XIX,
assim refere a relação entre o direito e a força:
"O objetivo do direito é a paz, a luta é o meio de consegui-la. [...] O direito não é mero pensamento,
mas sim força viva. Por isso, a Justiça segura, numa das mãos, a balança, com a qual pesa o direito, e
na outra a espada, com a qual o defende. A espada sem a balança é a força bruta, a balança sem a
espada é a fraqueza do direito. Ambas se completam e o verdadeiro estado de direito só existe onde a
força, com a qual a Justiça empunha a espada, usa a mesma destreza com que maneja a balança."
Será que é legítimo o direito recorrer à força?
O direito é essencial à sociedade, uma vez que é necessário limitar o espaço de cada um, segundo um
ideal de justiça.
O direito não se define pela coercibilidade, mas esta é uma característica ou qualidade que resulta da
própria natureza do direito.
Para manter a ordem e repor a justiça na sociedade, o recurso a meios de coacção não só é legítimo
mas até exigível. A força é necessária na sociedade porque nós somos imperfeitos.
O direito sem a força seria impotente, note-se, no entanto, que esta força advém do poder político.
Só numa sociedade ideal o direito dispensaria a força.
Ordem Natural: esta ordem alberga as leis da natureza, que são leis de fatalidade, de necessidade e
universais, e que relacionam fenómenos em termos de causa e efeito. As leis desta ordem não são
substituíveis, aplicam-se forma invariável e constante, independentemente da vontade do Homem ou
mesmo contra sua vontade. Tais leis não são fruto da vontade do Homem, mas sim inerentes à própria
natureza das coisas.
Ordem Social: esta ordem alberga as leis sociais, e é uma ordem de liberdade, pois, apesar de as normas
exprimirem um «dever ser» e se imporem ao Homem, este pode violá-las, contestá-las e até mesmo
alterá-las. As leis sociais são criadas pelo Homem e pela sua cultura, pelo que podem modificar-se
segundo o espaço e o tempo.
A norma estabelece uma relação de causalidade entre os factos a que se reporta na sua previsão e os efeitos
jurídicos presentes na sua estatuição. Estes efeitos consistem na imposição de um direito subjectivo.
Ex. Artigo 483 do Código Civil, nº 1, a violação de uma norma o um direito alheio, é objecto da Previsão e a
obrigação de indemnizar é objecto da Estatuição.
As normas jurídicas não devem confundir-se com Artigos de lei, nem com normas sancionatória que são
apenas uma das suas espécies.
O Artigo de lei é a expressão escrita de uma norma legal ou parte de uma norma legal.
A Norma sancionatória é apenas uma das modalidades da norma jurídica. Todas as normas sancionatórias
são normas jurídicas, mas nem todas as normas jurídicas são sancionatórias.
6.- Violabilidade: porque a norma se dirige a entes livres e o facto de serem constantemente violadas não
lhes retira a sua força e validade, ao contrário do que ocorre, por exemplo, nas leis científicas que, quando
são violadas, deixam de ter validade.
9.- Normas Supletivas: Visam suprir a manifestação da vontade dos particulares em relação a determinados
aspectos que devem estar juridicamente regulados. Ex.: O art. 1043º do C.C.
10.- Normas Imperativas: A sua a aplicação não depende da vontade das pessoas. Impõe-se-lhe, exigindo um
comportamento que pode ser positivo (facere) ou negativo (non facere). Ex: art. 1456º do C.C
12.- Normas Especiais: Consagram uma disciplina nova ou diferente para círculos mais restritos de pessoas,
coisas ou relações, mas não directamente opostas ao regime comum das normas gerais, Ex: As que qualificam
certos crimes considerando a qualidade militar dos seus autores (Direito Penal Militar).
Note-se que o critério que mais correctamente explica a divisão tradicional entre direito público e
privado é, sem dúvida, o critério da posição dos sujeitos na relação jurídica, pois é aquele que é susceptível
de menos reparos sendo, por isso, o mais praticável.
A distinção entre direito público e direito privado determina quais são as normas que devem ser
aplicadas numa relação jurídica, quais as vias a seguir, e quais os tribunais a que se pode recorrer em casos de
violação dessas normas.
Assim, esta distinção permite, também, determinar a medida da responsabilidade civil que pode
resultar do incumprimento dos deveres jurídicos que decorrem da relação.
O direito público e o direito privado subdividem-se, ainda, em outras áreas designadas por Ramos de
Direito.
RAMOS DO DIREITO PÚBLICO
a) Direito Constitucional: Este é o direito que caracteriza o Estado, encarregando-se da sua organização
e também da dos entes públicos menores, dos órgãos da soberania e da repartição dos poderes entre eles,
estabelecendo os direitos fundamentais dos cidadãos. A Constituição é, pois, a Lei Fundamental.
b) Direito Administrativo: É o conjunto de normas que regulam a organização e a actividade da
Administração Pública, tutelando as relações que esta disciplina.
c) Direito Criminal/Penal: Este é o direito que regula os crimes, as penas e as medidas de segurança
aplicadas a infractores. Materialmente são crimes as condutas que violam normas básicas da
convivência social, que lesam bens ou valores fundamentais.
d) Direito Financeiro ou Tributário: Fazem parte deste direito as normas que regulam a recolha, a
gestão e a aplicação ou dispêndio dos meios financeiros públicos, provenientes dos impostos e taxas,
das receitas patrimoniais e dos empréstimos públicos.
e) Direito Fiscal: Regula as relações de natureza tributária que se estabelece entre os sujeitos activos da
relação tributária (ex: Estado) e os agentes económicos em geral.
f) Direito Processual: Entende-se por direito processual o conjunto de normas que regulam as acções
dos tribunais e dos particulares que perante eles actuam ou litigam durante o processo jurisdicional.
Note-se que o direito processual pode ser civil, criminal ou penal, administrativo, fiscal, do trabalho,
entre outros.
O direito processual é, ainda, o direito que permite determinar o tribunal competente para uma
determinada acção jurisdicional.
Segundo o nosso Código Civil, há que distinguir entre as fontes imediatas e as fo ntes mediatas do direito.
a) Fontes Imediatas: são aquelas que têm força vinculativa própria, sendo, portanto, os verdadeiros
modos de produção do direito.
Para o Direito angolano é aquela criada por meio de processo legislativo adequado.
b) Fontes Mediatas: não têm força vinculativa própria mas são importantes pelo modo como
influenciam o processo de formação e revelação da norma jurídica.
Para o Direito angolano é aquela que não foi criada por meio de processo legislativo, abrange o
costume, a jurisprudência e a doutrina.
Em relação com a Lei o Costume pode ser: segundo a lei, para além da lei e contra a lei.
a) Costume Secundum legem: regulamenta princípios contemplados na lei, exemplo a União de Facto.
b) Costume Praeter legem: costumes não abrangidos pela lei, regulamentam princípios que a lei não
regulamentam, não contrariam os princípios legais, exemplo o Alambamento.
c) Contra legem: costumes opostos à lei, onde as normas costumeiras contrariam as normas de Direito
escrito. Classicamente, o costume contra legem também pode ser denominado costume ab-rogatório,
por estar implicitamente revogando disposições legais, exemplo em algumas regiões de angola as
pessoas acusadas de feiticeira são mortas contrariando assim o artigo 59º da Constituição da
República de Angola.
Para a ordem jurídica angolana, o costume não é considerado fonte imediata do Direito, pela
variedade dos costumes, porque não todos estão compilados, porque é a lei que define se o Costume é válido
ou não, art. 7º da Constituição, e porque no nosso ordenamento jurídico não se admite qualquer costume
contra legem.
Contudo ainda o Costume é tido em atenção e aplicado pelos tribunais, sendo que a parte que o invocar, tem
de provar que ele existe, além disso o tribunal pela sua própria iniciativa, tem de procurar obter
conhecimento desse costume. Art. 348º do Código Civil.
Uso: Prática social, reiterada, constante e uniforme.
Jurisprudência. Noção
Jurisprudência: Conjunto das decisões tomadas pelo tribunal no exercício de aplicação do Direito.
Em Angola, ao contrário dos países do Common Law, não vigora a regra do precedente, ou seja, a decisão
proferida por um tribunal superior não vincula ao mesmo tribunal, nem a tribunais inferiores, a resolver de
forma igual, casos semelhantes.
As decisões dos tribunais só têm força de caso julgado, isto é, só vinculam o caso concreto sobre o qual é
proferida a decisão pelo que para a ordem jurídica angolana a jurisprudência não é fonte imediata do direito.
Assentos: Artigo 2º do Código Civil
Estes assentos, quando publicados no diário da República, vinculam todos os tribunais e todas as
demais pessoas e entidades.
Os Assentos não podem ser considerados fonte imediata do direito, porque eles só valem quando a lei
autoriza, porque não podem contrariar nem revogar a lei e são proferidos em matéria de integração e de
interpretação da Lei.
Doutrina. Noção
Doutrina: Opiniões ou pareceres dos jurisconsultos em que estes desenvolvem, em bases científicas ou
doutrinárias, as suas concepções sobre a interpretação ou integração do Direito. Essa doutrina consta de
tratados, monografias, manuais, anotações e estudos jurídicos. A influência que a doutrina exerce de facto
sobre as decisões jurisprudenciais depende em muito do apuro técnico da mesma e da autoridade científica
(ou qualidade de especialista na matéria) do autor que a subscreve. Para a ordem jurídica angolana não é
fonte imediata do direito.
2.7.2.-Lei: Conceito. Requisitos formais da lei. Causas de Cessação da Vigência da lei.
A Lei, na sua designação oficial, corresponde a uma lei em sentido material e formal. Assim, são leis
a Constituição, as Leis de Revisão Constitucional e as leis Ordinárias da Assembleia da República.
Lei como fonte do direito: é sinónimo de acto normativo
Lei em sentido formal: são actos normativos das Assembleias Legislativas mesmo que sem conteúdo material
de Lei
Lei em sentido material: é sinónimo de acto normativo, sendo este a a actividade do órgão legislativo
(Assembleia Nacional), tendente a produzir normas jurídicas. Exemplo a Constituição, Regulamentos,
Decretos.
1) O Diploma legal entra em vigor quatro dias após a sua publicação na província de Luanda
2) O Diploma legal entra em vigor no décimo quinto dia após a sua publicação nas restantes províncias.
3) O Diploma legal entra em vigor no trigésimo dia após a sua publicação no estrangeiro.
CESSAÇÃO DE VIGÊNCIA DAS LEIS:
Os modos de cessação de vigência da lei estão previstos no artigo 7º do Código Civil e consistem na
caducidade e na revogação da lei
Caducidade: A lei deixa de vigorar por razões que a própria lei determina, por exemplo quando a própria lei
determina a data em que deixará de vigorar, ou quando a lei se destina a regular uma determinada situação e
esta definitivamente deixa de existir, etc.
Revogação: A lei deixa de vigorar por uma nova manifestação de vontade do legislador e esta pode ser em
quanto a sua forma, expressa ou tácita, e em quanto a sua extensão, total ou parcial.
Nos termos do artigo 7º nº 4, a revogação da lei revogatória no importa o renascimento da lei que esta
revogara, para que isso seja possível tem de existir uma nova manifestação de vontade do legislador nesse
sentido (disposição repristinatória).
RESULTADOS DA INTERPRETAÇÃO:
1. Interpretação Declarativa: esta é, normalmente, a interpretação que resulta dos casos mais simples,
onde a letra e o espírito da lei coincidem, e o intérprete se limita a retirar o sentido que o texto
transmite clara e directamente, pois é esse o sentido que corresponde ao pensamento legislativo.
2. Interpretação Extensiva: esta é a interpretação que o intérprete faz quando chega à conclusão que o
espírito da lei é mais amplo do que o texto da mesma, isto é, o texto diz menos do que aquilo que se
pretendia dizer. Então, o intérprete estende a sua interpretação, fazendo corresponder o texto da lei ao
espírito da lei.
3. Interpretação Restritiva: esta é a interpretação que o intérprete faz quando chega à conclusão que o
texto da lei diz mais do que aquilo que se pretendia dizer, o texto da lei atraiçoa o espírito da lei.
Apesar de, pelo seu texto, muitos casos serem abrangidos por esta lei, é preciso restringir a aplicação da
mesma, pois muitos casos devem ser excluídos deste tipo de interpretação. O argumento em que
assenta este tipo de interpretação é “lá onde termina a razão de ser da lei termina o seu alcance”.
4. Interpretação Revogatória ou Ab-rogante: é o tipo de interpretação usado quando o conteúdo da
norma é contrário a algum princípio, isto é, quando existe uma contradição insanável entre duas
disposições legais.
5. Interpretação Enunciativa: é aquela pela qual o intérprete deduz de uma norma um preceito que nela
apenas está virtualmente contido, utilizando para tal certas inferências lógico-jurídicas que assentam
nos seguintes tipos de argumentos:
Argumento “a maiori ad minus”: a lei que permite o mais também permite o menos (se certo
indivíduo pode alienar determinados bens, também pode onerá-los).
Argumento “a minori ad maius”: a lei que proíbe o menos também proíbe o mais (se, por
exemplo, proíbe onerar certos bens, também proíbe aliená-los).
Argumento “a contrário”: da norma excepcional deduz-se que os casos que ela não contempla na
sua hipótese, seguem um regime oposto (contrário), que será o regime-regra. Exemplo: uma
norma regulamenta que em tempo de guerra há recolher obrigatório às 20:00 horas, logo se pode
deduzir que quando não há guerra não há recolher obrigatório às 20:00 horas. Note-se que este
argumento deve ser usado com muita prudência, pois por exemplo no domínio do Direito Penal,
tal no acontece.
CONCLUSÃO:
O princípio da retroactividade só tem força de princípio constitucional no domínio do Direito Penal.
O legislador pode resolver os problemas mediante disposições transitórias.
Na maioria dos casos a lei nada estabelece quanto à sua aplicação no tempo – vigora o princípio da não
retroactividade da lei.
Assim, cabe à doutrina, à lei e à jurisprudência apurar um critério racional e preciso que permita
definir a retroactividade, isto é, desenhar com nitidez a linha de confins que separa o âmbito de competência
da lei antiga e da lei nova.
Este problema da definição do conceito da retroactividade foi objecto de duas doutrinas principais:
Doutrina dos direitos adquiridos: a lei nova teria de respeitar os direitos adquiridos sob pena de
retroactividade. O direito adquirido não pode ser revogado pela lei nova, não se pode fazer a
aplicação retroactiva.
Doutrina do facto passado / caso julgado: a lei nova não se aplicaria (sob pena de retroactividade)
a factos passados e aos seus efeitos (só se aplicaria a casos futuros). Garantia dos cidadãos e do
próprio Direito – um dos valores fundamentais do Direito é a estabilidade/segurança nas relações
jurídicas. Não há outra figura que reclame a segurança e a estabilidade como o caso julgado, daí
que tenha ultrapassado a doutrina anterior e predomine, hoje, em toda a parte.
Tende-se a sintetizar a teoria da aplicação das leis no tempo distinguindo entre constituição e conteúdo
das situações jurídicas. À constituição das situações jurídicas aplica-se a lei do momento em que a mesma
se verifica (requisitos de validade, factos constitutivos,); ao conteúdo das situações jurídicas aplica-se
imediatamente esta lei, pelo respeita ao regime futuro o seu conteúdo e os seus efeitos, com ressalva das
situações de origem contratual relativamente às quais poderia haver uma sobrevigência da lei antiga.
Artigo 12º nº 2 do C. Civil.
Os homens são seres sociais. Esta sociabilidade resulta do seu forte instinto para se aproximarem uns dos
outros e traduz-se nas relações estreitas, variadas, que estabelecem entre si e em que se vêem envolvidos
desde que nascem até que morrem. Tais relações são disciplinadas pelo Direito, que existe justamente para
disciplinar essas relações. Daí que a relação jurídica seja entendida como toda relação social regulada pelo
Direito
A relação jurídica representa a expressão jurídica de um conflito de interesses. Tem por isso estrutura
bilateral, comportando dois lados: um activo, constituído pelo direito e outro passivo, constituído pela
obrigação. O direito e a obrigação são correlativos.
A relação jurídica pode assim definir-se como:
Relação Jurídica: Relação social regulada pelo Direito mediante a atribuição de um poder a um dos sujeitos e
a imposição do correspondente dever a outro.
CLASSIFICAÇÕES:
Relação jurídica abstracta: é aquela que aparece em forma de um modelo, de um tipo, referenciada na lei.
Exemplo a relação geral entre o senhorio e o inquilino.
Relação jurídica concreta: é a relação jurídica existente na realidade, entre pessoas determinadas, sobre um
objecto determinado, e procedendo a um facto jurídico determinado. Exemplo o Sr. Alberto arrendou ao Sr.
Miguel, pelo valor de 45.500,00 akz mensais, um apartamento na rua do Pelourinho em Luanda.
Relação jurídica simples: se esgota num só direito e numa só obrigação. Exemplo a relação entre o credor e o
devedor.
Relação jurídica complexa: é aquela constituída por uma pluralidade de direitos, poderes, deveres e
sujeições. Exemplo a relação entre o comprador e o vendedor.
2.11.1.- ELEMENTOS DA RELAÇÃO JURÍDICA
1. SUJEITOS: são as pessoas entre as quais se estabelece a relação, o suporte do poder e o dever.
2. OBJECTO: é aquilo o que recaem os poderes das partes
3. FACTO JURÍDICO: todo evento natural ou acção humana que produz efeitos ou consequências
jurídicas.
4. A GARANTIA: é a possibilidade que tem o sujeito activo da relação jurídica de recorrer aos meios
coercivos para fazer valer os seus direitos.
AS PESSOAS COLECTIVAS:
São pessoas colectivas as organizações colectivas destinadas à prossecução de interesses colectivo, a quem a
ordem jurídica atribui personalidade jurídica, ou seja, como susceptíveis de serem titulares de direitos e
obrigações.
Pessoas colectivas são:
Associações: União voluntária de cidadãos angolanos ou estrangeiros, com carácter duradouro que visa a
prossecução de um fim comum e sem intuito lucrativo, artigo 2º da Lei das Associações.
Fundações: Complexos patrimoniais, criados pelo seu fundador ou de acordo a sua vontade, com vista a
prossecução de um fim social sem intuito lucrativo, artigo 185º e seguintes do Código Civil.
Sociedades: Conjunto cidadão que juntam bens e serviços com o objectivo de obter lucros e dividir os
mesmos pelos sócios, Lei das Sociedades Comerciais.
PERSONALIDADE JURÍDICA DAS PESSOAS COLECTIVAS:
As pessoas colectivas adquirem a personalidade jurídica pelo seu reconhecimento, artigo 158º do Código
Civil.
Tutela Pública: é aquela que é assegurada pelo Estado com o objectivo de garantir a boa aplicação e
cumprimento das normas jurídicas.