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Faculdade de Direito
Disciplina: Métodos e Técnicas de Pesquisa Jurídica
Professor: Douglas Leite
Alunas: Nathália Peres Anunciação da Silva e Nathielly da Costa Glória
1. Introdução
Com isso em base, sugere-se que a crescente da pesquisa empírica em Direito tenha
acontecido em benefício das abordagens com vários tipos de técnicas de pesquisas, que
produzem resultados mais confiáveis ao usar mais de uma técnica de pesquisa, que combinam
com a complexibilidade do fenômeno social que é o Direito, trazendo assim mais
entendimento das instituições e práticas jurídicas.
Um cenário propício, tratando-se de pesquisas que buscam promover alterações
normativas ou institucionais.
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Nas décadas de 1920 e 1930, surgiu nos Estados Unidos as pesquisas empíricas em
Direito, por consequência da combinação de fatores: o início da coleta de estatísticas sobre o
sistema judicial, o desenvolvimento das primeiras pesquisas criminológicas e do movimento
do realismo jurídico, movimento este que tinha como objetivo, em uma de suas pautas,
partilhar a crença no uso de metodologias científicas para compreender os fenômenos sociais
e assim propor a reforma das instituições.
Segundo Nourse e Shaffer, essa tendência, alinhada aos impactos da crise financeira
mundial de 2008, conduziria um olhar mais desenvolta das interações do Direito, tanto entre
sociedade como política, além de uma percepção menos simplista da ciência e de uma visão
mais cautelosa para o funcionamento das instituições.
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Embora as influências do Novo Realismo e da Associação de Direito e Sociedade nas
produções acadêmicas de todo o mundo, inclusive mais de 30 pesquisadores brasileiros
participaram do fórum de encontro da Law & Society, em 2013, apresentando seus trabalhos,
os primórdios da pesquisa empírica em Direito no Brasil parece seguir uma trajetória
específica. No país, o emprego de técnicas empíricas de pesquisa jurídica é contribuição de
trabalhos feitos desde a década de 1970 por pesquisadores brasileiros, como Joaquim Falcão,
Cláudio Souto, Roberto Lyra Filho, Roberto Aguiar, etc. Que desde então tem valorizado as
pesquisas empíricas e contribuindo para romper com a tradicional pesquisa
teórico-bibliográfica, tão usada na área do Direito.
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Somente em 2004, quando foi aprovada a Emenda Constitucional n°45 no
aproveitamento de uma Reforma no Judiciário, que cria-se o Conselho Nacional de Justiça
(CNJ), que tinha como uma de suas competências elaborar semestralmente relatório
estatístico sobre processos e sentenças protaladas, por unidade da Federação, nos diferentes
órgãos do Poder Judiciário; além da reaproximação entre o Direito e Antropologia através da
obrigatoriedade do seu conteúdo nos cursos de Direito, determinada pela resolução CNE/CES
N°9, que se inicia um debate crítico e interdisciplinar sobre a pesquisa em Direito.
O Projeto Pensando o Direito, que é feito por um órgão do governo que tem como
papel de dar auxílio financeiro para que o projeto seja realizado, possibilitando, apesar da
predominância de pesquisas individuais na área jurídica, a realização de pesquisas por
diversos grupos, o debate de técnicas e o financiamento de pesquisas aplicadas. Foram
investidos mais de R$9 milhões, tornando viável a publicação de 50 volumes da Série,
contabilizando o total de 56 relatórios finais.
Os pesquisadores são selecionados de forma pública e os problemas a serem
enfrentados são apresentados no edital do processo seletivo.
As pesquisas realizadas são aquelas que apresentam funcionalidade no setor jurídico.
Assim, a inserção de raciocínios originados das pesquisas fortalece o debate político,
complementa a estrutura de avaliação legislativa e também a estruturação de políticas
públicas por parte do governo.
A técnica utilizada pelos pesquisadores tem combinado ferramentas típicas de
pesquisa jurídica teórica, com métodos resultantes das Ciências Sociais.
Ao incentivar pesquisas interdisciplinares aplicadas diferentes das pesquisas
tradicionais, espera-se que essa participação se oriente na crescente adoção de técnicas
empíricas, como a maior preocupação em aperfeiçoar, discutir e desenvolver novas
estratégias de pesquisa.
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A ideia de que os métodos utilizados pelos pesquisadores do projeto refletem o
próprio desenvolvimento, se correta, espera-se encontrar um predomínio de pesquisas de
cunho teórico no início, pois os métodos empíricos são mais diversificados nas pesquisas
recentes.
A finalidade desta análise é relatar as técnicas de pesquisa empregadas pelas
pesquisas que foram publicadas, e a partir disso acrescentar algo a reflexão sobre a
institucionalização da pesquisa empírica brasileira na área do Direito, e a função do projeto
neste propósito.
4. Metodologia
O Método adotado foi a realização de um levantamento, com base na análise de
documentos. Os 56 relatórios finais provenientes da pesquisa do projeto foram analisados e
agrupados por ano, levando em consideração o ano em que o edital do processo seletivo foi
divulgado. Os relatórios foram analisados conforme a orientação de seus próprios autores e
também foram lidos duas vezes, sendo cada vez por um pesquisador diferente. Não há uma
única classificação possível de técnicas de pesquisa e além disso, foram encontrados nos
relatórios grande pluralidade de marcos teóricos e técnicas de pesquisa mencionados ao
terminar a primeira leitura.
Foram criadas quatro categorias associadas à pesquisa jurídica teórica para enquadrar
as técnicas utilizadas pelos pesquisadores do projeto, como forma de aproximação com o que
estava sendo estudado: o mapeamento normativo, a comparação com outros países, o Direito
Internacional e a pesquisa doutrinária. As outras técnicas que se encaixam na definição de
pesquisa empírica, sendo agrupadas conforme o objeto estudado, se diferenciando daquelas
cujo objetivo era quantificar dados, aquelas voltadas para o conteúdo escrito, e as que
buscavam dirigir ou registrar o discurso de indivíduos.
Uma nova subdivisão procurou especificidade na abordagem desses objetos de
pesquisa, mas o desafio maior foi agrupar casos em que os objetos de estudos eram os
mesmos, mas recebiam enfoques qualitativos ou quantitativos, tendo que separar os métodos
entre aqueles que buscavam codificar e expressar em números as variáveis ligadas a pesquisa,
e aqueles que tinham como foco a interpretação.
Essa categorização se baseia em escolher quanto a classificação das técnicas. Se por
um lado se trata de uma decisão prévia dos autores, por outra tornou possível retratar a
diversidade das técnicas presentes nos relatórios do Projeto Pensando o Direito, da qual
pode-se citar:
● Técnicas de pesquisa teórica;
● Técnicas de pesquisa documental;
● Técnicas de investigação em bancos de dados;
● Técnicas de pesquisa com indivíduos;
5. Resultados
Ao analisar os 56 relatórios provenientes das pesquisas, tem-se os seguintes resultados:
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● Metade dos relatórios tiveram participação ou foram realizados por instituições de
ensino ou pesquisa paulista.
● Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e o Distrito Federal são
os responsáveis pela maioria das pesquisas.
● Na análise por instituição, pode-se afirmar que há uma grande presença da Fundação
Getúlio Vargas de São Paulo, com 9 pesquisas; da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, com 5 pesquisas; do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, da
Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro e da PUC do Rio Grande do Sul, com 4
pesquisas 4. Em seguida, a Universidade de São Paulo, de Brasília e a PUC São
Paulo, com 3 pesquisas cada. As demais ficam apenas 1vez como participantes do
projeto.
● Os métodos mais frequentes utilizados nas pesquisas foram o mapeamento normativo,
o levantamento de decisões administrativas e judiciais, a pesquisa doutrinária e as
entrevistas.
● Desde o início do projeto já estavam presentes técnicas empíricas.
● Há a presença de uma crescente diversificação de métodos empregados por pesquisas.
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7.1- Os dados coletados referem-se exclusivamente à publicação dos relatórios finais de
pesquisa, deixando de fora dados importantes como por exemplo: os relatórios parciais,
registros de reuniões, além de informações relevantes sobre a execução das pesquisas que não
foram adicionados na versão final do relatório.
7.2- Em muitos relatórios finais de pesquisa, nota-se uma deficiência nas informações sobre à
descrição da metodologia usada. Foram analisados 56 relatórios e somente 31 continham
informações resumidas à respeito do método empregado.
É importante ressaltar que os achados deste estudo não são suficientes para constatar
qual a relação de causa entre o aumento do uso de ferramentas empíricas no Projeto Pensando
o Direito e no contexto jurídico-acadêmico em geral. É preciso testar detalhadamente se o
projeto conseguiu disseminar essas metodologias nas faculdades de Direito, se há uma
relação vantajosa entre as exigências do projeto e a produção acadêmica ou não.
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Faz-se necessário enfatizar que o modelo das pesquisas do Pensando o Direito sofre
limitações devido à realidade do governo. Na área de políticas públicas, nos Poderes
Executivo e Legislativo, as oportunidades para discussões permanecem abertas por pouco
tempo, as pesquisas não tem o tempo necessário de evolução que deveriam ter. Os métodos
adotados não são sofisticados, não são feitas pesquisas exploratórias e pré-testes. Outra falha
notável é o fato das amostras serem pequenas, não obtendo assim uma representatividade
desejada, que pode gerar consequências na orientação governamental.
9. Conclusão
O Projeto Pensando o Direito surgiu trazendo consigo iniciativas que tem
proporcionado apoio governamental, financiamentos e divulgação desse gênero de pesquisa
empírica, na busca de aproximar a academia e governo para a formulação de políticas
públicas mais consistentes.
● Por que existe a hipótese de que os métodos utilizados pelos pesquisadores do Projeto
Pensando o Direito refletem o próprio desenvolvimento da pesquisa empírica no
Brasil?
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● De que forma as abordagens metodológicas, com várias técnicas, influenciam a
pesquisa empírica em Direito de modo a promover sua expansão?
● Se já existirem treinamentos prontos, por quais motivos eles não estão a disposição
dos pesquisadores, além da questão de financiamento para tal, já que o artigo cita que
esse também é um fato presente em países que possuem uma cultura acadêmica em
que a pesquisa empírica já é desenvolvida?
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