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Por Congresso Em Foco Em 25 dez, 2018 - 7:30 Última Atualização 25 dez, 2018 - 22:25
Eleições
"Se a esquerda é a perspectiva e o movimento críticos da desigualdade, como afirmou Norberto Bobbio, então ela se torna um dos elementos
civilizatórios necessários do nosso tempo", observa o cientista político Ricardo de João Braga
A alternância no poder democrático dá-se sobretudo pelos desgastes, contradições e erros dos governos de plantão,
os quais se acumulam ao ponto do rompimento. Em que pese o relativo capital de “benfeitor” detido por Lula junto
a diversos segmentos sociais, a realidade brasileira pouco se transformou para muitos outros brasileiros nas últimas
décadas, e a derrota da esquerda não caracteriza para esse enorme contingente uma perda ou retrocesso, mas um
ou não o mudaram como seu discurso propagandeava – e é sobretudo esse legado que clama por autocrítica.
materiais e tecnológicos saltam aos olhos, sua concentração desigual entre os países e também dentro deles torna o
mundo mais injusto e inseguro. A humanidade mantém-se aquém da posição moral e social mais elevada em que
poderia estar.
Se a esquerda é a perspectiva e o movimento críticos da desigualdade, como afirmou Norberto Bobbio, então ela se
torna um dos elementos civilizatórios necessários do nosso tempo. Uma esquerda com vitalidade e conectada com a
realidade e com sua missão deve compor a paisagem democrática, juntamente com as forças de centro e de direita.
(Pessoalmente eu sou daqueles que acredita no processo democrático, no equilíbrio, e sobretudo na contenção mútua
Como uma obrigação com o Brasil e seu futuro, a derrota nas urnas exige assim uma autocrítica da esquerda: dos
partidos, movimentos e cidadãos que se alinham a esta ideia básica de luta pela igualdade. Contudo, infelizmente, as
manifestações a que tenho tido acesso pela imprensa mostram atitudes sobretudo autoindulgentes, refratárias ao
Autocrítica não consiste em autoflagelação pública para regozijo dos adversários, mas análise, diagnóstico e
proposição de novas estratégias de ação, capazes de produzir melhores resultados em termos sociais, econômicos,
políticos, etc. Uma reflexão racional não para saciar desejos emocionais de apoiadores ou adversários, mas para
* Professor do mestrado profissional em Poder Legislativo da Câmara dos Deputados. Economista e doutor em
Ciência Política.
Do mesmo autor:
> Seria mais fácil com vilões e heróis – polarização, maniqueísmo e desalento na paisagem
brasileira