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LISTA DE SÍMBOLOS

FS Fator de segurança no estado limite de equilíbrio


SF Fator de segurança do método sigma stress
ΣSr Somatório de resistência de cisalhamento
ΣSm Somatório das forças de cisalhamento mobilizadas
S Resistência de cisalhamento
Su Resistência de cisalhamento não drenada
Sr Força resistente ao cisalhamento
Sm Força mobilizada de cisalhamento
β Comprimento da fatia
σn Tensão normal no centro da fatia
ϕ' Ângulo de atrito efetivo
tg ϕ' Tangente do ângulo de atrito efetivo
c' Coesão efetiva
s Resistência de cisalhamento no centro da fatia
τn Tensão de cisalhamento no centro da fatia
σx Tensão total na direção “x” no centro da base
σy Tensão total na direção “y” no centro da base
τxy Tensão de cisalhamento no plano “xy” no centro da base
ϴ Ângulo do eixo positivo “x” até a linha de aplicação da tensão normal
H Altura do maciço, ou do corpo de prova
γat Peso específico do aterro
Δh Recalque
Δhi Recalque imediato
Δσv Variação na tensão vertical
b Fator de forma geométrica do aterro
υ Coeficiente de Poisson
υu Coeficiente de Poisson na condição não drenada
E Módulo de elasticidade
Eu Módulo de elasticidade na condição não drenada
I Fator de influência obtido no ábaco de Osterberg
hat Espessura ou altura do aterro
e Índice de vazios do solo
K Condutividade hidráulica
Δe Variação do índice de vazios
v0 Volume inicial
εv Deformação vertical específica
harg Espessura da camada de argila
Cs Índice de recompressão do solo
Cc Índice de compressão do solo
σ'vo Tensão vertical efetiva inicial in situ
σ'vm Tensão de sobreadensamento
Δσv Variação da tensão vertical
ev0 Índice de vazios para a tensão vertical efetiva inicial in situ
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 2.1 - Superfícies Potenciais de Ruptura no Aterro e Fundação.......

Figura 2.2 - Ruptura do Porto de Stigberg...................................................

Figura 2.3 - Forças Atuantes nas Lamelas....................................................

Figura 2.4 - Forças Atuantes. Ruptura Circular em Massa Potencial de


Deslizamento...............................................................................................

Figura 2.5 - Tipos de Recalques..................................................................

Figura 2.6 - Ábaco de Osterberg.................................................................

Figura 2.7 - Faixas de Condutividade Hidráulica em Solos Residuais..........

Figura 2.8. Parâmetros de Compressibilidade. Curva de Compressão ........

Figura 2.9 - Analogia Mecânica de Terzaghi. Processo de adensamento ....

Figura 2.10 - Definição do Índice de Compressão Secundária.


Variação de e x log t .....................................................................................

Figura 2.11 - Curvas de Isoespessuras........................................................

Figura 2.12 - Diagrama Bilinear para as condições drenada e não drenada.


Zonas de Liquefação Potencial.....................................................................

Figura 2.13 - Liquefação a partir da perda de resistência sob carregamentos


Monotônico e Cíclico......................................................................................

Figura 2.14 - Índice de Vazios Crítico (CVR). Função da tensão efetiva de


confinamento e do índice de vazios inicial......................................................

Figura 2.15 - Ruptura na barragem de Fort Peck, USA. (1938)..................

Figura 2.16 - Comportamento Tensão x Deformação de Areia Saturada, em Ensaio


de Cisalhamento Direto de 4 amostras. Valor de Pico e Deformação Permanente......

Figura 2.17 - Resultados típicos de resistências no Estado Permanente, para solos


não coesivos............................................................................................................
Figura 2.18 - Carta de Plasticidade, mostrando tipos de solos que sofreram
liquefação durante fortes terremotos na China.

Figura 2.19 - Recomendações de Seed et al. (2003) no que diz respeito a liquefação
de solos..................................................................................................................

Figura 2.20 - Perfil de sondagem........................................................................

Figura 2.21 - Processo de deposição. Argilas Normalmente Adensadas..........

Figura 2.22 -. Histórico de Tensões. Deposição, Erosão e Novo Carregamento........

Figura 2.23 – Variação do OCR com a profundidade..............................

Figura 2.24 - Variações do estado de tensões durante a amostragem........................

Figuras 2.25 (a) e (b) - Resultados de ensaios triaxiais de uma argila homogênea....

Figura 2.26. Esquema de Sondagem a Percussão.................................

Figura 2.27. Amostrador padrão Raymond...............................

Figura 2.28. Valares Típicos de CN para areias............................................

Figura 2.29 – Ensaio SPT-T..............................................

Figura 2.30 - Obtenção de índices físicos dos solos, a partir de apenas 2 ensaios ....

Figura 2.31 - Carta de Plasticidade de Casagrande.........................

Figura 2.32- Equipamento para Ensaio de Palheta In Situ.........................

Figura - 2.33. Resistências não drenada de pico e amolgada.


Gráfico Torque x Rotação............................................

Figura 2.34. Correlações para obtenção do fator corretor μ para razão de resistência
não drenada............................................................

Figura 2.35. Esquema de câmara triaxial..............................

Figura 2.36. Caixa de Cisalhamento.........................................

Figura 2.37. Gráficos de Tensão de cisalhamento e Variação da Altura do Corpo de


Prova em função do deslocamento cisalhante para areia seca compacta e fofa......
Figura 2.38. Envoltórias de Ruptura para Argilas em condições Drenadas..............

Figura 2.39. Esquema do Edômetro................................

Figura 2.40. Gráfico tempo x deformação durante adensamento..............

Figura 2.41. SBT para classificação preliminar de solos.......

Figura 2.42 – Sugestão para a variação da condutividade hidráulica (k) x (SBT I c) ....
Figura 2.43. Drenos verticais ´para acelerar o Adensamento......

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1. Fatores de Segurança Mínimos para deslizamentos


Tabela 2.2 -Valores típicos de OCR

Tabela 2.3 - Critério para classificação de qualidade de amostras


Tabela 2.4. Valores de NSPT. Solos Arenosos e Argilosos
Tabela 2.5 - Influência do tipo de martelo, para composição de 14 m de
comprimento, martelo com coxim de madeira e cabeça de bater de 3,6 Kg
Tabela 2.6 -. Influência do uso de coxim, para composição de 14 m de comprimento,
martelo com pino guia e cabeça de bater de 3,6 Kg.
Tabela 2.7 – Fatores de Correção Cn
Tabela 2.8. Sensibilidade de Argilas
Tabela 2.9. Sensibilidade de Argilas. Alguns depósitos brasileiros.
Tabela 2.10 – Estimativa de permeabilidade de solo, baseada em ensaios CPT
normalizados pelo critério SBT(n).
Tabela 3.1 - Perfil estratigráfico do depósito de rejeitos com base nos ensaios CPTu.
Tabela 3.2 - Índices Físicos
Tabela 3.3 - Índices de Consistência de rejeitos finos
Tabela 3.4 - Índices de Consistência
Tabela 3.5 - Resultados dos ensaios de adensamento convencional para lamas
Tabela 3.6 - Resultados de ensaios de cisalhamento rejeitos.
Tabela 3.7 – Resumo dos ensaios triaxiais CIU.

LISTA DE QUADROS
Quadro 2.1 – Métodos Construtivos de Aterros sobre Solos Moles
1 INTRODUÇÃO

1.1 Resumo
1.2 Objetivos
1.3 Estrutura do trabalho

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Aterros Sobre Solos Moles

Segundo a NBR-7250 os solos predominantes argilosos que apresentam


resultados de sondagem a percussão com NSPT entre 3 e 5 são denominados moles,
enquanto aqueles com NSPT entre 0 e 2 são considerados solos muito moles.
Normalmente são solos transportados por aluvião e encontrados em região de
depósito sedimentares e encontram-se em condições saturadas, com nível freático
elevado. Possuem resistência extremamente baixa, são homogêneos e bastante
compressíveis (MARANGON, M. UFJF, 1990).

Dado às características dos solos moles, um aterro instalado sobre este solo
irá deformar podendo romper. Cargas aplicadas produzirão respostas pela fundação,
que não somente depende das suas características de compressibilidade e
adensamento, mas também das taxas de carga no tempo nela aplicada. A Teoria de
Terzaghi, abordada adiante, explica o fenômeno do excesso das poropressões e do
adensamento ao logo do tempo a partir da aplicação de cargas sobre terreno mole.
A resistência de cisalhamento do maciço pode não suportar a carga imposta, dado
ao seu excesso de poropressão, ou por falta de drenagem suficiente, atingindo seu
limiar de deformação seguido da ruptura. As falhas podem ocorrer apenas na região
do aterro, e ou pela fundação, como apresentado na figura 2.1.

Figura 2.1 - Superfícies Potenciais de Ruptura no Aterro e Fundação.


Fonte: Modificado de Gopal; Rao (1991).
A engenharia de solos necessita medir a estabilidade da obra de aterro, nas
condições drenada e não drenada, assim como suas deformações. Certas
deformações, no sentido relativo, mesmo não causando a ruína da obra poderão
acarretar problemas no seu mal funcionamento, ou servicibilidade. No passado
essas medições eram estimadas de forma separada e simplificada. Na atualidade
isto é feito de modo acoplado, como será apresentado mais adiante.

2.2 Estabilidade De Taludes

2.2.1 Método do Equilíbrio Limite

No caso de estradas e barragens surge a necessidade da Engenharia


Geotécnica lidar com maciços, cuja geometria (a altura, a base e o topo) é bem
definida. Estes são denominados taludes finitos. (FIORI, 2016, p.35).

Os primeiros estudos de estabilidade de taludes finitos para massas


potenciais de deslizamento se deram no início do século XX. O método do Equilíbrio
Limite, teve sua origem com os trabalhos de Petterson (1916) em Gothenberg,
Suécia, devido à ruptura do Porto de Stigberg, conforme esquema da figura 2.2.
Para o caso em questão, percebeu-se que a massa desestabilizada ocorria sobre
superfície aproximadamente circular e que se fragmentava em fatias, ou lamelas.

Figura 2.2 - Ruptura do Porto de Stigberg.


Fonte: Modificado de Fellenius, 1926

O método de cálculo de estabilidade de taludes evoluiu, dando lugar a outros


métodos. Baseados nas equações da estática, tornou-se necessário fazer algumas
simplificações, dado à falta de equações perante ao número de incógnitas. Após as
simplificações propostas pelos pioneiros Fellenius, Bishop e Janbu, surgiram os
métodos mais rigorosos, mas isto só foi possível devido a força computacional que
auxiliou na aplicação do cálculo numérico iterativo. Estes métodos desenvolvidos por
Spencer, Morgenstern-Price e outros buscam satisfazer todas as equações da
estática em termos de forças horizontais e verticais, e dos momentos em torno de
um determinado ponto situado normalmente acima da crista do talude,
representando o centro do o arco de círculo passando pelos pontos de entrada e
saída da superfície potencial de deslizamento (fig. 2.3).

Figura 2.3 - Forças Atuantes nas Lamelas.


Fonte: GeoStudio Engineering Book, Slope Modeling, (2018)

2.2.2 Fator de Segurança (FS)

O método do Equilíbrio Limite é baseado nas equações da estática, porém as


fatias que compõem a massa potencial de deslizamento possuem o mesmo fator de
segurança, ou FS. Este método utiliza o critério de ruptura de Mohr-Coulomb para o
cálculo da resistência de cisalhamento, S ou Su, que é comparada à resistência
mobilizada Sm na base da fatia. O fator de segurança é obtido pela expressão FS =
ΣSr/ΣSm, podendo ser deduzido conforme fig. 2.4.
Figura 2.4 - Forças Atuantes. Ruptura Circular em Massa Potencial de Deslizamento.
Fonte: Modificado de Engineering Book, 2018

As distribuições de tensões computadas nem sempre são representativas


com as existentes no campo. A limitação é devido ao fato de que o método do
Equilíbrio Limite considera as lamelas como corpos rígidos e igual FS para as
componentes de resistências coesivas e friccionais de todos os solos envolvidos na
análise. As deformações que ocorrem anterior à ruptura não são consideradas
(GEOSTUDIO ENGINEERING BOOK, SLOPE MODELING, 2018 pp. 7-9).

Com relação à norma de Estabilidade de Taludes, NBR-11682/2009, os


fatores de segurança FS para deslizamento de taludes são classificados em nove
níveis, em função do nível da segurança contra danos materiais, ambientais e vidas
humanas, de acordo com a tabela 2.1.

Grau de segurança
Perdas de vidas
Alto Médio Baixo
Grau de segurança
Perdas materiais e ambientais

Alto 1,5 1,5 1,4

Médio 1,5 1,4 1,3

Baixo 1,4 1,3 1,2

Tabela 2.2. Fatores de Segurança Mínimos para deslizamentos

Fonte: NBR-11682/2009

2.2.3 Método Tensão Sigma


A partir do advento dos computadores a modelagem numérica se utiliza da
força computacional, para estimar estados de tensões e deformações. As premissas
do método do Estado Limite descritas no parágrafo anterior deixam de ser
necessárias.

Com a popularização dos computadores pessoais várias companhias de


software disponibilizaram pacotes de programas geotécnicos. Neste trabalho serão
utilizadas rotinas integradas no software GeoStudio 2018, da empresa canadense
Geo-Slope International Ltd.

Distinguindo do tradicional F.S. do método do Estado Limite, com o do método


Tensão Sigma com Elementos Finitos, será utilizada a expressão: S.F. = ΣSr / ΣSm ,
definindo localmente o Fator de Segurança (Stability Factor), para cada fatia

A partir da equação de Mohr-Coulomb, a resistência disponível em cada fatia é:

Onde:

s = Resistência ao Cisalhamento no centro da base da fatia


β = Comprimento da fatia
σn = Tensão Normal no centro da base da fatia

Do mesmo modo a força de cisalhamento mobilizada calculada no centro da base da


fatia é: Sm = τmβ.

Por se tratarem de equações lineares os cálculos para obtenção dos S.F. são feitos
sem a necessidade iterações numéricas.

As tensões no centro da base das fatias, Normal e de Cisalhamento, são calculadas


a partir das equações deduzidas dos círculos de Mohr:

Onde:

σx = Tensão total na direção “x” no centro da base


σy = Tensão total na direção “y” no centro da base
τxy = Tensão de cisalhamento no plano “xy” no centro da base
ϴ= Ângulo medido a partir do eixo positivo “x” até a linha de aplicação da tensão
normal

A linha de aplicação da tensão normal é perpendicular ao plano da base da fatia,


onde a tensão de cisalhamento é perpendicular ao centro da base (GEOSTUDIO
ENGINEERING BOOK, SLOPE MODELING, 2018 pp. 231-234).

2.3 Deformações com Carregamentos Verticais

As deformações devidas aos carregamentos verticais e a acurácia nas


estimativas dos recalques são assuntos de grande importância na Engenharia
Geotécnica. Esses deslocamentos ocorrem em duas parcelas, de forma imediata,
após a aplicação da carga e lentamente com o tempo sob o efeito da carga aplicada.

2.3.1 Recalques Elásticos

Os recalques elásticos, ou imediatos (fig. 2.5), não consideram variações no


volume de água. No caso do recalque primário por adensamento há variações de
volume devido à expulsão de água dos vazios do solo. Enquanto que para a
compressão secundária os recalques ocorrem por ajuste plástico do tecido do solo,
com tensão efetiva constante (DAS, 2007, p. 244).

Deformações rápidas são observadas em solos arenosos e solos argilosos


não saturados, enquanto que nos solos argilosos saturados os recalques são muito
lentos, pois é necessária a saída de água dos vazios do solo (SOUZA PINTO, 2006,
p.183).

“Os tipos de recalques são divididos em recalques imediatos (Δh i),


recalques por adensamento primário (Δh) e recalques por compressão
secundária (Δhsec)” (ALMEIDA; MARQUES, 2010, p. 81).
Figura 2.5 - Tipos de Recalques
Fonte: Segundo (Rixner; Kreamer; Smith, 1986). Modificado por ALMEIDA; MARQUES, 2010

O emprego da Teoria da Elasticidade para o cálculo das tensões no interior do


solo, dado um carregamento de superfície, pode ser utilizado para o cálculo de
recalques imediatos, distorcionais, ou não drenados, com a utilização da equação
(SOUZA PINTO, 2006, p.187).

, sendo

Onde:

Δσv = a carga aplicada na fundação

b = fator de forma geométrico, por exemplo, a geometria do aterro

υ = coeficiente de Poisson. Para a condição não drenada υ u=0,5

E = o módulo de elasticidade. Para a condição não drenada, E u

I = o fator de Influência, que pode ser obtido pelo ábaco de Osterberg (fig. 2.6)
γat = o peso específico do aterro

hat = a altura do aterro

Figura 2.6 - Ábaco de Osterberg.


Fonte: Poulos; Davis, (1974). Modificado por ALMEIDA; MARQUES,( 2010).

Entretanto, para Leroueil, os recalques podem ser classificados em


construtivos e de longo prazo (LEROUEIL apud ALMEIDA; MARQUES, 2010, p. 81).
Considerando que os recalques construtivos são constituídos pelas parcelas dos
recalques imediatos (Δhi) e dos recalques por recompressão primária (Δh arec), ou
seja, da condição in situ até o instante que se inicia o trecho virgem de compressão,
que depende da tensão de pré adensamento; enquanto que os recalques de longo
prazo são a soma dos recalques por adensamento primário virgem (Δh adp) e dos
recalques por compressão secundária (Δhsec).

2.3.2 Recalques Primários por Adensamento


Nos solos saturados, quando é exercido um acréscimo de tensão, ocorre
simultaneamente um aumento da poropressão. Em se tratando de solos arenosos, a
dissipação desse excesso de pressão produzido pela água ocorre num intervalo de
tempo relativamente pequeno (fig. 2.7), dado à condutividade elevada das areias. No
caso das argilas, porém, isto ocorre lentamente, por conta da baixa condutividade
hidráulica dos solos argilosos. (DAS, 2007, p. 251).

Figura 2.7 - Faixas de Condutividade Hidráulica em Solos Residuais


Fonte: VARGAS 1976, apud ORTIGÃO, 2006.

Os recalques primários podem ser calculados pela Teoria da Elasticidade em


meios porosos contínuos, os parâmetros de entrada são o módulo de elasticidade E
e o coeficiente de Poisson υ. Nos casos drenados, simples, pelos gráficos do tipo
Poulos & Davis (1974). Outro modo é pelo processamento numérico, por iteração,
sendo utilizados modelos de solo do tipo elástico, elastoplástico e demais outros
(ORTIGÃO, J.A.R., 2006, p. 195).

Para o cálculo do recalque primário até o seu final utiliza-se a curva


proveniente do ensaio de compressão edométrica, ou de adensamento. Para facilitar
a identificação da tensão de pré adensamento da amostra é utilizada no eixo das
abscissas, a escala logarítmica das tensões, ao passo que o eixo das ordenadas é
apresentado na escala linear (fig. 2.8). Os métodos mais utilizados no Brasil, para
identificação da tensão de pré adensamento são os de Casagrande e
Pacheco Silva (SOUZA PINTO, 2006, pp. 190-193).
Figura 2.8. Parâmetros de Compressibilidade. Curva de Compressão.
Fonte: ALMEIDA; MARQUES, 2010.

A partir do Diagrama de Fases do Solo, tem-se a expressão: .

Por simples substituição chega-se a fórmula:

Sendo os índices de recompressão e compressão; o índice de

vazios in situ da profundidade estudada e o acréscimo de tensão no meio da

subcamada (ALMEIDA; MARQUES, 2010, p.84).

2.3.2.1 A Analogia Mecânica de Terzaghi

A deformação da massa de solo no tempo devido ao adensamento pode ser


explicada pela Analogia Mecânica proposta por Terzaghi em 1925.

Figura 2.9 - Analogia Mecânica de Terzaghi. Processo de adensamento.


Fonte: Terzaghi, Karl; Peck, Ralph B.1948

A figura 2.9 apresenta o modelo de um recipiente contendo água,


representando conter solo saturado a partir de uma equivalência mecânica, onde o
esqueleto sólido é constituído por molas, imersas em água, entremeadas por
êmbolos perfurados. Os furos têm o significado dos poros ocupados por água na
massa sólida. O diâmetro desses furos equivale aos vazios do solo. A partir de um
tempo inicial ti=0 é aplicada uma variação de tensão vertical Δσ capaz de produzir
um excesso de poropressão h=Δσ/γw. A medida que o conjunto de molas se deforma
em cada compartimento, o equivalente h de poropressão cai, tendendo a zero num
tempo final tf=∞. As curvas de carga de água, em função do tempo são denominadas
isócronas. As deformações entre os êmbolos, com a expulsão do excesso de água é
denominado consolidação. (TERZAGHI; PECK 1948, pp. 74-75).

Considerando a drenagem unidimensional, o cálculo dos recalques é feito


aplicando a Teoria de Terzaghi.

2.3.3 Recalques Secundários por Compressão

Esta classe de deformação comparada às demais, descritas anteriormente,


não são tão expressivas para a maioria dos solos. Este tipo de deformação está
associada ao rearranjo da estrutura relativa aos sólidos, também denominado de
fluência. Sua deformação corresponde com o último trecho retilíneo da curva e é
lenta, varia com o logaritmo do tempo. As tensões efetivas variam muito pouco.

Segundo Almeida; Marques, (2010), “As deformações que ocorrem


principalmente no fim do adensamento, que não podem ser atribuídas à dissipação
por excesso de poropressão, ainda remanescentes no corpo de prova, mas
pequenas, dá-se o nome de adensamento secundário” (MARTINS, 2005; apud
ALMEIDA; MARQUES, 2010).

Hipótese A: o recalque secundário, segundo Mesri (1973); Jamiolkowski et al.


(1985), pertence ao estágio, quando o adensamento da camada mole não sofre
mais a influência da variação no valor da tensão efetiva, em outras palavras, não
depende mais da drenagem. (MESRI,1973; JAMIOLKOWSKI et al. et al.,1985,
APUD ALMEIDA; MARQUES, 2010).
Hipótese B: A resistência da argila depende da viscosidade, da velocidade da
deformação vertical e da temperatura. Alguns autores já descreveram o fenômeno
de diversas maneiras, (por exemplo: Taylor e Merchant, 1940; Mitchell, 1964;
Kavazanjian e Mitchell, 1984; Leroueil et al, 1985; Martins e Lacerda, 1985).
(MARTINS, 2005; apud ALMEIDA; MARQUES, 2010).

Figura 2.10 - Definição do Índice de Compressão Secundária. Variação de e x log t


para um determinado incremento de carga.
Fonte: (DAS, 2007).

Os valores de Cαε, em função da deformação específica, para as argilas


sobreadensadas (S.A.) são da ordem de 0,001 ou menos. No caso das argilas
normalmente adensadas (N.A.) variam entre 0,005 a 0,02 podendo atingir até 0,03.
Em se tratando de solos orgânicos, estes ficam a partir de 0,04 ou mais.
DAS, (2007).

Vale sublinhar que uma camada de argila com 10 metros de altura, tendo um
coeficiente de compressão secundário de 1% e o seu adensamento primário durar 2
anos; 20 anos após a construção, deverá ocorrer um recalque adicional de 10 cm
(1% de 10 metros); dos 20 aos 200 anos mais 10 cm e assim sucessivamente.

O cálculo do recalque por adensamento secundário, segundo a abordagem

tradicional é dado pela expressão, sendo obtido por ensaio e calculado como

indicado na figura 2.10.

2.3.4 Métodos para Controle de Recalques


Os métodos para controle de recalques, ou deformações de aterros, executados
sobre fundações constituídas por solos moles são bastante variados, conforme
listados no quadro 2.1

METODOLOGIAS EXPERIÊNCIAS
CARACTERÍSTICAS
CONSTRUTIVAS BRASILEIRAS
Remoção da camada mole, total Eficaz, grande impacto Vargas (1973); Cunha e
ou parcial ambiental, necessidade Wolle (1984); Barata (1977)
de sondagem
Expulsão do solo com ruptura Utilizada para depósitos Zaeyen et al. (2003)
controlada (aterro de ponta) de pequena espessura e
muito dependente da
experiência local;
necessária sondagem
para aferição da
espessura de solo
remanescente
Construção em etapas Utilizada na maioria dos Almeida et al. (2001);
casos; é necessário Davies e Parry (1985);
monitoramento do Almeida et al. (2008b)
ganho de resistência;
não favorável para
prazos exíguos
Drenos verticais e sobrecarga no Utilizada para acelerar Almeida, Rodrigues e
aterro recalques, com grande Bittencourt (1999); Almeida
experiência acumulada. et al. (2001); Sandroni e
Usa-se a sobrecarga Bedeschi (2008);
temporária para diminuir
recalques primários e
secundários
remanescentes
Bermas de equilíbrio e/ou reforço Adotada frequentemente Palmeira e Fahel (2000);
é necessário avaliar se a Oliveira, Almeida e Erlich
força de tração do (2009)
reforço é realmente
mobilizada in situ
Aterros sobre estacas com Ideal para prazos Almeida et al. (2008ª);
plataforma de Geogrelhas exíguos; diversos Sandroni e Deotti (2008_
layouts e materiais
podem ser utilizados
Colunas Granulares Aceleração de recalques Mello et al. (2008); Garga e
Medeiros (1995)
Pré carregamento por vácuo Pode substituir Marques e Leroueil (2005)
parcialmente a
necessidade de
sobrecarga com material
de aterro;
deslocamentos
horizontais são bem
menores que os de
carregamentos
convencionais.
Quadro 2.1 – Métodos Construtivos de Aterros sobre Solos Moles
Fonte: Modificado de ALMEIDA, 2010, Modificado pelo autor
Os perfis de sondagens e as curvas denominadas de isoespessura (fig. 2.11),
são importantes para avaliação dos métodos construtivos a serem adotados na área
em estudo (ALMEIDA; MARQUES, 2010, p. 50).

Figura 2.11 - Curvas de Isoespessuras


Fonte: PUC-Rio. Certificação Digital 1212881/CA

2.4 Liquefação em Maciços

2.4.1 Resumo

O termo liquefação significa a mudança do estado sólido para o líquido. Em


se tratando de solos é a transformação de uma massa sólida que possui uma certa
resistência ao cisalhamento, que se transforma em massa líquida, sem resistência
(NRC: NUCLEAR REGULATORY COMMISSION, 1985, p. 3).

A liquefação é intrínseca aos solos granulares, em especial nos casos de


areias e siltes finos saturados; principalmente no estado fofo. Ocorre a medida que
carregamentos monotônicos ou cíclicos interferem com o maciço, podendo produzir
um acréscimo nas poropressões, que praticamente anula as tensões efetivas;
quando não há tempo suficiente para dissipá-las. Isto pode significar um gatilho que
levará a massa de solo ao Estado Permanente.

Segundo Poulos, no Estado Permanente a deformação de qualquer massa é


contínua, com volume constante, a tensão normal efetiva é constante, à velocidade
constante (POULOS, 1981; apud, JEFFERIES; BEEN, 2016. p. 39).
A partir deste estágio não há mais volta. A mudança de estado ocorre quando
as tensões atuantes nessa massa tocam a envoltória de resistência de Mohr-
Coulomb (fig. 2.12), até culminar no estado conhecido como liquefação.

Figura 2.12 - Diagrama Bilinear para as condições drenada e não drenada.


Zonas de Liquefação Potencial.
Fonte: Modificado de SLADEN et al., 1985; apud DAVIES, et. al, 2002)

2.4.2 Critérios

Os critérios para determinar a susceptibilidade de liquefação de solos são: o


critério histórico; quando se tem informações de locais que já sofreram processos de
liquefação. Há também o critério geológico, para os sítios com depósitos
aluvionares, fluvionares e aeólicos. O critério de estado, em função da variação do
índice de vazios com relação a curva crítica de vazios e o critério composicional. Os
solos granulares, desde pedregulhos a siltes grossos, mal graduados tendem a ser
susceptíveis, quando no estado fofo (FRANKE, 2017).

São definidas as seguintes condições para o fenômeno físico relacionado a


liquefação de acordo com a perda de resistência (fig. 2.13):

 Perda de resistência, ruptura frágil, com potencial para deformações


ilimitadas (liquefação plena);
 Perda limitada de resistência, com deformação limitada (quase
liquefação);
 Comportamento dúctil, sob cisalhamento não drenado, perda de
resistência e deformação limitada, (sem atingir o estado de liquefação);
 Ganho de resistência, sem liquefação ou deformação significativa,
(comportamento dilatante).

Figura 2.13 - Liquefação a partir da perda de resistência sob carregamentos


Monotônico e Cíclico.
Fonte: (DAVIES, et. al, 2002)

De todos os modos de falha a liquefação estática possui a maior frequência


entre as demais, quando se trata de barragens de rejeitos de mineração. (DAVIES,
et. al, 2002, p. 4)

Segundo Cakmak (1987), foi Casagrande (1936) quem primeiramente


introduziu a ideia denominada Critical Void Ratio (CVR), ou Índice de Vazios Crítico;
que em suas palavras “é o índice no qual um solo não coesivo pode ser submetido,
sem alterar seu volume, ou atingir uma condição de fluxo real”. Conhecido como
Conceito Genérico de Casagrande, foi baseado em ensaios de cisalhamento do tipo
drenado (CASAGRANDE, 1936; apud, CAKMAK, 1987. p. 184).

Ocorre que, em 1938, estava sendo construída a barragem de Fort Peck, no


rio Missouri, MT, USA. O aterro hidráulico foi escolhido como metodologia
construtiva. A barragem de Fort Peck foi construída, baseada na teoria de
Casagrande conhecida como Critical Void Ratio (CVR), ou Índice de Vazios Crítico
(1936). Esta analisava o comportamento das areias nos estados compacto e fofo a
partir de ensaios drenados (fig. 2.14).
Figura 2.14 - Índice de Vazios Crítico (CVR). Função da tensão efetiva de
confinamento e do índice de vazios inicial.
Fonte: modificado de CASAGRANDE, 1936, apud FRANKE, 2017.

Já próximo do final de construção da barragem, o corpo de aterro da


barragem apresentou recalques expressivos (da ordem de 60 cm), medidos na
manhã do 22 de setembro de 1938. Vindo a ocorrer a ruptura no início tarde do
mesmo dia (fig. 2.15). O acidente causou 8 vítimas fatais (WIKIPEDIA, 07.11.2018).

Se trata portanto, de um processo abrupto, rúptil. E neste caso o método


observacional não se aplica. Pois ocorre em um curto período de tempo, em que o
solo perde a maior parte de sua resistência e rigidez, porém em um tempo suficiente
para causar falhas capazes de provocar enormes prejuízos ao meio ambiente, a
propriedade e causar vítimas. A liquefação em depósitos de areias tem sido
responsável por rupturas de taludes, diques, barragens de terra e também prédios,
cujas fundações estavam apoiadas nestes depósitos.

Figura 2.15 - Ruptura na barragem de Fort Peck, USA. (1938)


Fonte: Google

Segundo a maioria da comissão constituída para avaliar as causas que


produziram o acidente: o recalque foi consequência de uma ruptura da fundação, na
camada constituída por xisto estratificado com bentonita (material mais fraco).
Devido a movimentação da massa, desenvolveu-se no corpo da barragem um novo
estado de tensões (gatilho), que culminou em liquefação parcial. Casagrande, que
fazia parte da minoria, alegou não ter instrumentos para avaliar, mas segundo ele,
de fato houve liquefação. Embora, tratar-se de material predominante granular, o
corpo da barragem apresentava densidades relativas, com D r entre 40% e 50%, o
que não é considerado um estado fofo (JEFFERIES; BEEN, 2016. p. 5-6).
2.4.2.1 Modelo do Estado Crítico

O modelo do estado crítico foi idealizado para estudar o fenômeno da


liquefação de areias e pode ser aplicado para pedregulhos. A abordagem da teoria
do estado crítico consiste na densidade dos materiais; basicamente estabelece que
solos compactos são resistentes e se dilatam, enquanto solos fofos, são pouco
resistentes e se contraem. É claro que os solos possuem uma vasta gama de
densidades, entretanto é necessário explicar o comportamento dos solos para uma
dada condição. O primeiro modelo teórico, idealizado para capturar o espírito do
problema foi o Cam-Clay, apresentado por Schofield e Wroth (1968), também
conhecido como Mecânica dos Solos do Estado Crítico.

Em paralelo aos trabalhos desenvolvidos nessa linha de pesquisa na


Inglaterra, trabalhadores, em especial Castro (1969) orientado por Casagrande, em
Harvard University, apresentaram a visão que o estado crítico durante um ensaio de
cisalhamento rápido, ou tipo R, não drenado, foi o ponto final do problema. Este
ponto final é o conhecimento para a solução da maioria dos problemas de liquefação
(JEFFERIES; BEEN, 2016. p. 1-4).
Figura 2.16 - Comportamento Tensão x Deformação de Areia Saturada, em Ensaio
de Cisalhamento Direto de 4 amostras. Valor de Pico e Deformação Permanente.
Fonte: Cakmak (1987), modificado pelo autor.

Cakmak (1987), também menciona logo a seguir, que Schofield e Wroth


(1968), apresentaram seu trabalho um pouco diferente do de Casagrande (1936).
Poulos (1971, 1981) descreve a diferença entre os dois conceitos, que no caso R1,
na figura 2.16, para Schofield, a tensão de pico de cisalhamento τ é correspondente
ao estado crítico, enquanto para o Steady State, ou Estado Permanente, a tensão de
cisalhamento é a mínima sem variação; atingindo grandes deformações.

Vale dizer, que com esta diferenciação de conceitos, o índice vazios crítico é
menor no conceito de Schofield. Outro aspecto é que a forma da curva tensão x
deformação é função do estado inicial do material (fofo ou compacto), por outro lado
o Estado Permanente não é função deste.

Conforme evidenciado na figura 2.16, que ilustra o comportamento da mesma


amostragem de areia saturada, em quatro diferentes casos: para as quatro amostras
são realizados dois ensaios rápidos (R), ou não drenados e dois ensaios lentos (S),
ou drenados; sendo duas amostras (S1 e S2) para estado 1, fofo e outras duas
amostras (R1 e R2) para o estado 2, compacto.

Para Castro (1969), a resistência não drenada no estado permanente,


designada Sus é somente uma função do índice de vazios da areia e não do estado
inicial de tensões, nem do tipo de carregamento (monotônico, ou cíclico), tampouco
de sua estrutura inicial. No estado inicial 1, o solo é denominado contrativo, pois
diminui de volume enquanto é cisalhado e se aproxima do Estado Permanente. Se
drenado, diminui de volume. Se não drenado, sofre acréscimo da poropressão. No
estado inicial 2 o solo é dilatante (CASTRO, 1966; apud CAKMAK, 1987 p. 184).

2.4.2.2 Critério do Parâmetro de Estado

Segundo Jefferies; Been (1985), a utilização do parâmetro de estado tem


como objetivo a desvinculação relacionada aos aspectos da granulometria, da
gradação de areias e finos e da mineralogia. O tratamento de dados para o ambiente
do laboratório, de forma normalizada, se torna útil (fig. 2.17). Outro aspecto é a base
conceitual, que está apoiada na dilatação do solo (JEFFERIES; BEEN, 1985, apud,
JEFFERIES; BEEN, 2016. p. 43).
Figura 2.17 - Resultados típicos de resistências no Estado Permanente, para solos
não coesivos.
Fonte: (DAVIES, et. al, 2002)

2.4.2.3 Critério Composicional

Segundo Seed; Idriss (1982) os estudos de Wang (1979) na China revelaram


que durante terremotos de grande magnitude os solos que se liquefazem são:
CL, CL-ML e ML Porém, Wang (1979) não relata como os dados foram coletados e
interpretados (fig. 2.18).

Figura 2.18 - Carta de Plasticidade, mostrando tipos de solos que sofreram


liquefação durante fortes terremotos na China.

Figura 2.18 - Carta de Plasticidade, mostrando tipos de solos que sofreram


liquefação durante fortes terremotos na China.
Fonte: Wang (1979), apud Boulanger; Idriss (2004)

Entretanto, incorporam o relato de Wang:


“Os dados provenientes de laboratório e campo revelam que a grande
maioria dos solos argilosos não se liquefazem durante os terremotos. Mas,
estudos realizados na China em 1979 apontam que certos tipos de solos
argilosos podem ficar sujeitos a severa perda de resistência durante as
vibrações provocadas pelos terremotos”.

Estes solos aparentam possuir certas características combinadas:

 Percentagem de finos 0,005 mm < 15%


 Limite de Liquidez < 35
 Teor de Umidade > 0,9 x LL

Solos com estas características, plotados acima da linha A na Carta de


Plasticidade, devem ser testados por carregamento cíclico. De outro modo, solos
argilosos não estão sujeitos a liquefação (fig. 2.19).

Critérios semelhantes são descritos segundo Bray et al. (2004) com materiais
coletados após terremoto de Kocaeli (1999), a partir de ensaios triaxiais com

carregamento cíclico, concluem que solos com IP 12 e wL > 85% são susceptíveis

a liquefação. (BOULANGER; IDRISS, 2004).

Figura 2.19 - Recomendações de Seed et al. (2003) no que diz respeito a liquefação
de solos.
Fonte: Boulanger; Idriss (2004).

2.5 Investigações Geotécnicas

Investimentos que observam as boas práticas e tecnologias disponíveis, para


a engenharia de solos e rochas, se utilizam de investigações geotécnicas. Isto se
aplica às obras de fundações, de cortes, de aterros e também de perfurações e
demolições.

A interpretação dos dados provenientes dos ensaios de campo, necessitam


de uma aproximação unificada, de modo que os parâmetros de solos são avaliados
de forma consistente e complementar com os ensaios de laboratório (MAYNE, 2006,
p.1).

É a partir dos resultados das investigações geotécnicas que será permitido


ao responsável técnico e ao empreendedor argumentarem, no que diz respeito ao
desempenho dos projetos e aos processos que envolvem a obra; durante e após
sua execução.

Um dos alicerces do projeto geotécnico é estabelecer os requisitos mínimos


relativos à extensão e ao conteúdo das investigações geotécnicas, identificando a
complexidade da obra e do seu risco associado (EUROCODE 7 - BS/EM 1997-
1:2004, p.19).

As investigações preliminares, na região e no local da obra, têm como


objetivos definir o solo, as espessuras de suas camadas e os perfis geológico-
geotécnicos (fig. 2.20). Consistem essencialmente na realização de ensaios de
caracterização e de sondagens a percussão. Entretanto, o uso de métodos
geofísicos, ainda pouco difundidos, são excelentes para obtenção de perfis
estratigráficos.

Figura 2.20 - Perfil de sondagem


Fonte: PUC-Rio. Certificação Digital 1212881/CA

Numa segunda etapa das investigações geotécnicas, com base na primeira,


surge a necessidade da realização de outros ensaios de campo e de laboratório.
São as investigações complementares que irão revelar os parâmetros geotécnicos
propriamente ditos (ALMEIDA; MARQUES, 2010, pp. 49-53).

É importante que as etapas de campanhas de investigação relativas ao


diagnóstico, ou fase conceitual; básica e executiva de projeto sejam concatenadas,
de forma a se obter ganhos relativos às análises e ao seu aspecto econômico.

2.5.1 Conceituação: Solos Pré Adensados

Em se tratando de investigações geotécnicas é necessário a obtenção de


amostras de solos e rochas. Para tanto é fundamental se deter nos conceitos de
solos normalmente adensados e pré adensados.

O histórico de tensões de um determinado solo vai desde sua formação até o


tempo presente da sua existência. Durante os períodos de deposição de partículas a
tensão efetiva do solo aumenta. Ao passo, que durante os estágios que ocorrem
erosão a tensão efetiva diminui à medida que as partículas de solo são removidas.
Nesse estágio, é conhecido como solo pré adensado.

É provável que solos em estuários de rios e em áreas costeiras existam há


apenas poucos séculos, ou mesmo décadas. Podendo apresentar um histórico de
tensões com sequências simples de carregamento. Ao passo que, por exemplo, a
argila de Londres revela um histórico de tensões bastante complexo, tendo em vista
se tratar de áreas de depósito muito antigas, podendo chegar a 1 milhão de anos,
alternado por períodos de erosão (BARNES,G. 2016. pp. 109-111 )

As situações apresentadas na figura 2.21. Assumindo que o nível d’água do


mar permaneça acima do nível do solo, é apresentado um esquema que mostra uma
sequência de depósitos de partículas.
Figura 2.21 - Processo de deposição. Argilas Normalmente Adensadas.
Fonte: Barnes, G. (2016). Modificado pelo Autor.

Solos normalmente adensados ocorrem por deposição de partículas ou por


carregamentos, sem que haja erosão ou descarregamentos. Quando a tensão
vertical efetiva, em tempo mais recente, é menor do que aquela experimentada pelo
solo no passado, o solo é pré adensado (fig. 2.22).

Figura 2.22 -. Histórico de Tensões. Deposição, Erosão e Novo Carregamento


Fonte: Barnes, G. (2016). Modificado pelo Autor

É definido como OCR (Over-Consolidation Ratio), ou RSA (Razão de Sobre


Adensamento) a relação entre a tensão experimentada pelo solo no passado e a
atual tensão.

O OCR só é constante e igual a 1, quando o solo é normalmente adensado.


Caso já tenha ocorrido pré adensamentos o OCR varia com a profundidade.
tal que, é a tensão de pré adensamento.

Tipos de Solo OCR


Normalmente Adensado 1
Ligeiramente Pré Adensado 1,5 a 3
Acentuadamente Pré Adensado >4
Tabela 2.3 -Valores típicos de OCR

Vale citar alguns processos que resultam em solos pré adensados:

 Variações do nível d’água


 Ressecamento da crosta do solo
 Processos-físico químicos
 Envelhecimento e compressão secundária

Outras situações artificiais fazem com que os solos passem da condição


normalmente adensada para pré adensada:

 Remoção de carga extra de estruturas, como tanques de estocagem,


demolição de prédios
 O corte do terreno por intermédio de equipamentos de terraplenagem, e etc.

Um dos métodos para determinação da tensão de adensamento mais conhecido


internacionalmente é o de Casagrande, embora o método de Pacheco Silva é
considerado mais simples. (SOUZA PINTO, 2006, p.193).

Figura 2.23 – Variação do OCR com a profundidade

Fonte: ???
2.5.2 Amostras de Solo

As amostras de solo são classificadas em duas principais categorias:


deformadas e indeformadas. As denominadas amostras indeformadas são
requeridas principalmente para os ensaios de resistências de cisalhamento e de
adensamento. Tais amostras são obtidas por meio de técnicas que tentam preservar
a estrutura in situ do solo e sua condição de umidade. As amostras em profundidade
podem ser extraídas com auxílio de lavagem, perfuração e cravação de tubos e
posteriormente arrancadas do interior do maciço; ou por escavação de poços de
inspeção, onde são esculpidas. Após a coleta, em ambos os métodos, são
envelopadas e protegidas para evitar ressecamento e vibrações no transporte do
campo ao laboratório. Entretanto, independendo do método de extração da amostra
é praticamente impossível obter uma amostra tida realmente como indeformada,
haja vista que os estados de tensões mudam durante a escavação, extração,
transporte e modelagem dos corpos de prova (fig. 2.24).

Figura 2.24 - Variações do estado de tensões durante a amostragem.


Fonte: PUC-Rio Certificação Digital nº 0711205/CA

Os métodos utilizados para a extração de amostras dependem da qualidade


requerida para as amostras, podendo ser classificadas da seguinte forma, em
função do uso das mesmas.
Classe 1: ensaios de classificação de solo, saturação, densidade, resistência ao
cisalhamento, deformações e adensamento.
Classe 2: ensaios de classificação, saturação e densidade;
Classe 3: ensaios de classificação e saturação;
Classe 4: apenas para ensaios de classificação;
Classe 5: apenas para identificação dos estratos de solo.

Para os ensaios de classes 1 e 2 as amostras devem ser indeformadas, enquanto


que para as classes 4 e 5 podem ser deformadas. (CRAIG, 2004. pp. 381-382).

Segundo Ladd; Lamb (1993), para se obter bons resultados nos ensaios de
laboratório é necessário que se disponha de amostras de solos indeformadas de boa
qualidade. Embora considerando uma amostra de solo perfeita, apresenta
inevitavelmente, um determinado alívio do estado de tensões. (LADD; LAMB, 1993,
apud ALMEIDA; MARQUES, 2010, p. 72).

Vários métodos foram propostos para corrigir valores de ensaios de


laboratórios a partir de amostras de qualidade pouco favoráveis.

O método mais conhecido é o de Ladd; Foott (1974), o SHANSEP (Stress History


and Normalized Soil Engineering Properties). Neste método há duas principais
suposições: 1) a produção da tensão de pré adensamento (p c) pode ser obtida de
forma precisa, mesmo para amostras de baixa qualidade. 2) os padrões de OCR no
campo são os mesmo recriados em laboratório (WANG; MAINE, 2008, p. 151). Há
várias críticas a esse método, porém o presente trabalho não pretende entrar no
mérito dessa questão, mas apenas apontar para o fato.

Segundo Ladd; Foot, os resultados de ensaios triaxiais de compressão com


diferentes níveis de tensão de pré adensamento, p.ex. 200 KPa e 400 KPa como
mostrado na figura 2.25 (a) e (b). Quando normalizados pelas respectivas tensões
de pré adensamento tendem apresentar curvas próximas, ou seja, com pouca
discrepância. Na prática os resultados são adotados, pela engenharia. (LADD;
FOOTT, 1974, apud, PARAGOULIAS, S. et al. 2016).
Figuras 2.25 (a) e (b) - Resultados de ensaios triaxiais de uma argila homogênea
Fonte: Modificado de Ladd; Foott. 1974. Plaxis: SHANSEP MC Model, 2016.

Além dos parâmetros de resistência obtidos em laboratório, estes também


fornecem parâmetros de deformabilidade dos solos, úteis para os cálculos de
recalques de fundações. Não é raro que amostras apresentem perturbações
influenciando em resultados errôneos, principalmente em solos granulares e
parcialmente saturados. O método SHANSEP (Ladd; Foot, 1974) auxilia nessa
questão relacionada às amostras de baixa qualidade. (VELLOSO, D.A.; LOPES, F.R.
2010, p. 89).

A qualidade de amostras em ensaios de adensamento se faz necessária. A


avaliação é feita pelo índice Δe / e0, sendo Δe a variação do índice de vazios a partir
do início do ensaio até a tensão efetiva in situ σ’v0. Autores brasileiros apresentam
faixa de índices (tab. 2.2) mais condescentes.

OCR Muito Boa a Boa a Regular Ruim Muito ruim


Excelente
Critério de Lunne, Berre e Strandvik (1997)
1-2 < 0,04 0,04 – 0,07 0,07 – 0,14 > 0,14
2-4 < 0,03 0,03 – 0,05 0,05 – 0,10 >0,10
Critério de Sandroni (2006)
<2 < 0,03 0,03 – 0,05 0,05 – 0,10 > 0,10
Critério de Coutinho (2007)
1 – 2,5 < 0,05 0,05 – 0,08 0,08 – 0,14 > 0,14
Tabela 2.4 - Critério para classificação de qualidade de amostras
Fonte: (ALMEIDA; MARQUES, 2010, pp. 75 - 76).

2.5.3 Sondagens A Percussão

Fazem parte das investigações preliminares, mas podem ter papel


fundamental na fase de investigações complementares. Além dos objetivos
mencionados na seção anterior, os ensaios de sondagens a percussão (fig. 2.26)
possibilitam coletar amostras deformadas, determinar o grau de consistência dos
solos finos e o de compacidade dos solos granulares.

Figura 2.26. Esquema de Sondagem a Percussão


Fonte: Google Imagens

A norma brasileira NBR-6484/2001 fixa as medidas dos tubos de revestimento


que devem ser de aço, com diâmetro nominal interno 63,5 (Dext = 76,1 mm ± 5 mm
e Dint = 68,8 mm ± 5 mm), podendo ser emendados por luvas, com comprimentos
de 1,00 m e/ou 2,00 m. Durante o procedimento de perfuração do furo de sondagem
também são feitos ensaios de resistência, definidos em função do número de golpes
NSPT. Os golpes são feitos a martelo. O conjunto com massa de 65 Kg, é liberado a
uma altura de queda de 75 cm. As classificações são feitas de acordo com o número
de golpes necessários para cravação do amostrador de solo durante os últimos 30
(cm). O amostrador de solo (fig. 2.27) possui diâmetro interno de 34,9 mm e
diâmetro externo de 50,8 mm (cm). As amostras após coletadas e preparadas são
encaminhadas ao laboratório, para classificação final e confecção dos perfis de
sondagem.

Figura 2.27. Amostrador padrão Raymond


Fonte: Google Imagens

A partir dos trabalhos realizados por Terzaghi; Peck (1948) as normas utilizam
estes índices de resistências (tabela 2.5). Os solos finos e granulares são
classificados em função do número N de golpes denominados N SPT.

Tabela 2.5. Valores de NSPT. Solos Arenosos e Argilosos


Fonte: ABNT:NBR-6484/2001; NBR-7250/1982.

Os procedimentos utilizados durante os ensaios SPT, empregam diversos


tipos de martelo que podem ser erguidos por manivela e sarilho, ou mecanicamente.
Daí, surge a necessidade de normalização da energia dispendida nesse processo.

As limitações inerentes ao ensaio SPT aliadas a alguns fatores que


influenciam os resultados, mas que não tem a ver com as características do solo;
nos obriga avaliar de forma crítica os métodos aplicados em questões geotécnicas.
As modernas abordagens sugerem que o número N SPT seja corrigido, por conta das
diferenças das energias de cravação e o nível de tensões durante os ensaios.
(SCHNAID; ODEBRECHT, 2014, p. 34).
Segundo Schnaid; Odebrecht, a energia transmitida pelo martelo à cabeça de
bater e às hastes, durante o processo de cravação, não é igual à teórica para queda
livre. (SCHMERTMANN; PALACIOS; 1979; SEED et. al., 1985 SKEMPTON, 1986,
apud SCHNAID; ODEBRECHT, 2014, p. 34), pois a eficiência de energia do martelo
depende do atrito entre cabo e roldanas, do sistema de elevação do martelo e da
geometria do aparato. Em comparação com os sistemas manuais para elevação do
martelo, com os países da União Europeia e Estados Unidos, onde são do tipo
mecanizado, a energia liberada é de aproximadamente 60%. Por conta desse fato a
prática internacional aponta para o padrão N 60, cujo significado é um valor de
referência, normalizado, para a penetração do amostrador durante os ensaios.

As tabelas 2.5 e 2.6 demonstram a faixa de energia utilizada na prática

brasileira para correção de energia para o padrão

Média da Eficiência das Energias


Estado de Acionamento Manual Acionamento com Gatilho
Equipamento Nº Desvio Padrão Nº Desvio Padrão
Composição Média % Média %
dados % dados %
Martelo cilíndrico com
Velho 69,4 178 3,59 75,5 195 2,95
pino guia, acionado com
Novo 72,,7 153 3,59 81,3 90 3,98
corda
Martelo cilíndrico com Velho 63,2 45 4,78 74,4 23 2,23
pino guia, acionado com
cabo de aço Novo 73,9 54 3,43 83,2 26 2,52
Martelo cilíndrico
Novo 66,5 50 3,74 74,2 39 5,30
acionado com corda
Tabela 2.5 - Influência do tipo de martelo, para composição de 14 m de
comprimento, martelo com coxim de madeira e cabeça de bater de 3,6 Kg.
Fonte: BELICANTA, 1998, apud SCHNAID; ODEBRECHT, 2014.

Média da Eficiência das Energias


Acionamento Manual Acionamento com Gatilho
Sondagem Uso do Coxim Média Nº Desvio Padrão Média Nº Desvio Padrão
(%) dados (%) (%) dados (%)
Local 1 Não 72,8 111 3,62 - - -
Sim 71,0 104 3,56 - - -

Não - - - 76,1 9 4,54


Local 2
Sim 66,7 51 2,73 75,5 195 2,95

Tabela 2.6 -. Influência do uso de coxim, para composição de 14 m de comprimento,


martelo com pino guia e cabeça de bater de 3,6 Kg.
Fonte: BELICANTA, 1998, apud SCHNAID; ODEBRECHT, 2014.

Quanto as correções para os níveis de tensões comparadas ao nível


geostático de tensões in situ, é uma prática recomendável para ensaios em solos
granulares.

Segundo Schnaid; Odebrecht (2014) p.36, a resistência à penetração


aumenta linearmente com a profundidade (ou se preferir, com a tensão vertical
efetiva; para uma certa densidade) e em função do quadrado da densidade relativa.
(MEYERHOF, 1957) (SKEMPTON, 1986) sugere a relação:

Onde, Dr é a densidade relativa, a e b são parâmetros que dependem do solo,

Cα é o fator de correção de resistência, em função do histórico de tensões. E éa

tensão vertical efetiva em KPa.

 Para os solos normalmente adensados o valor de Cα = 1,


 Cα aumenta à medida que a Razão de Sobreadensamento (OCR) aumenta.

Isto faz aumentar a tensão efetiva horizontal e como consequência as

tensões verticais efetivas médias, .

Com base neste fato vários autores sugerem coeficientes de correção de N SPT,
normalizados ao nível de tensão de 1 ATM, ou 100 KPa, o equivalente em solos, da

ordem de 5 metros de profundidade e expressos como: . Baseado

neste conceito, são propostas de forma empírica (tab. 2.3), algumas correlações
para CN.
REFERÊNCIA OBSERVAÇÃO
Seed, Idriss e Arango
Skempton (1983)
KPa
(1986) Dr=40% - 60% para Areias
N.A.
Seed, Idriss e Arango
Skempton (1983)
KPa
(1986) Dr=60% - 80% para Areias
N.A.
Peck, Hanson,
Thornburn KPa Areias N.A.
(1974)
Liao e Whitman
KPa Areias N.A.
(1985)

Liao e Whitman
- k = 0,4 – 0,6
(1985)
Skempton
KPa Areias P.A.; OCR = 3
(1986)

Clayton (1993) KPa Areias P.A.; OCR = 10

Tabela 2.7 – Fatores de Correção Cn


Fonte: Schnaid; Odebrecht (2014)

Ainda segundo Schnaid; Odebrecht (2014) p. 37 o valor CN é função do nível


médio das tensões efetivas, da história de tensões, do ângulo de atrito interno do
solo e das características do equipamento de ensaio, isto é, conforme o tipo de
martelo, haste e amostrador (fig. 2.28).
Figura 2.28. Valares Típicos de CN para areias
Fonte: Schnaid et al. (2009). Schnaid; Odebrecht, (2014).

2.5.4 Ensaio SPT-T

Segundo Décourt; Quaresma Filho (1991), a sugestão de medir o torque após


a execução dos ensaios SPT foi feita por Ranzini. (RANZINI, 1988; FUNDAÇÕES
TEORIA E PRÁTICA, 1998, pp. 121-122).

Basicamente o equipamento é constituído de uma ferramenta para medir o


torque, denominada Torquímetro, sendo recomendado aparelho com capacidade de
80 Kgf x m, além de Chave Soquete, Disco Centralizador e Pino Adaptador que
serão instalados na parte superior da Bica da sondagem a percussão (fig. 2.29).
Figura 2.29 – Ensaio SPT-T
Fonte: Google Imagens

A força Ft é calculada logo após a leitura do torque, aplicado no amostrador.

Onde Ft = ao atrito lateral ou a adesão (Kgf /cm2)

T = torque (Kgf x cm)

h = penetração do amostrador no solo

Os procedimentos para realização do ensaio estão contidos na mesma norma


de sondagens a percussão a NBR-6484/2001.

2.5.4.1 O Índice de Torque (Tr)

É definido como a relação entre o valor do torque medido (em Kgf x m) pelo
valor de NSPT. Para os solos da bacia sedimentar terciária de São Paulo (BSTSP),
um dos mais estudados no Brasil, a relação T/N é de aproximadamente 1,2. Os
ensaios de SPT-T tem revelado não sofrer influência para os solos estruturados.

2.5.4.2 O Conceito de N Equivalente (Neq)

Têm se como principal objetivo evitar a influência nos resultados de solos


estruturados nos ensaios SPT. Como é conhecido, os solos da BSTSP não são
estruturados. Décourt (1991) propõe que o valor de Neq como sendo o valor medido
do torque T (Kgf x m) por 1,2. Este ainda sugere que os resultados sejam
observados com cautela, mesmo que já tenham sido experimentados com êxito,
estão distantes de ser caracterizados como prova definitiva. Caso o raciocínio esteja
correto os valores das sondagens SPT-T seriam os semelhantes aos dos ensaios
SPT realizados para os solos na BSTSP.

2.5.5 Ensaios de Caracterização

Normalmente presentes nas etapas preliminares, os ensaios de


caracterização dos solos, são essencialmente econômicos e importantes.
Compreendem os ensaios de granulometria, umidade, limites de Atterberg e a
obtenção de parâmetros físicos, que podem ser extraídos a partir de dois ensaios,
mostrados no esquema da figura 2.30.

Figura 2.30 - Obtenção de índices físicos dos solos, a partir de apenas 2 ensaios.
Fonte: UFJF (2005)

A partir dos ensaios de caracterização é possível identificar a faixa de


compressibilidade das argilas, ao comparar valores de I p com wL (fig. 2.31). Os
valores de wL, a partir da linha B, é onde se situam os materiais classificados como
de elevada compressibilidade H (high plasticity), para a faixa 50% < w L < 70%; V
(very high plasticity), na faixa de 70% < wL < 90%; e para wL > 90%, são
denominados E (extremely high plasticity). (BS 5930 – BSI, 1999). (ALMEIDA;
MARQUES, 2010, pp. 51-53).
Figura 2.31 - Carta de Plasticidade de Casagrande
Fonte: PUC-Rio – Certificação Digital nº 1312965/CA

2.5.6 Ensaio De Palheta (Vane Test)

O ensaio de paleta foi introduzido no Brasil em 1949, pelo Instituto de


Pesquisa Tecnológica de São Paulo (IPT) e pela Geotécnica S.A., Rio de Janeiro.
Embora tenha sido desenvolvido em 1919 na Suécia, por John Olsson, no final da
década de 1940 o ensaio foi aperfeiçoado e o desenho do aparelho modificado por
Cadling e Odenstad (1950), sendo utilizado até os dias atuais (fig.2.32), permitindo
alta produtividade e resultados de boa qualidade.

Figura 2.32- Equipamento para Ensaio de Palheta In Situ


Fonte: Ortigão; Collet (1987)
A ASTM, American Society for Testing and Materials, realizou conferência em
1987, para normalizar o ensaio, em 1987. Servindo como referência internacional a
especificação ASTM STP 104.

A ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas, normalizou o ensaio em


1989, conhecido no Brasil como MB 3122: Solo – Ensaio de Paleta in situ – Método
de Ensaio. Também conhecido como NBR 10905.

Utilizado para medir resistências não drenadas de solos in situ. Por meio da
cravação de uma palheta com seção cruciforme, é aplicado um torque necessário a
romper a argila em condição saturada. Embora a Norma Brasileira especifica que
pode ser aplicado o teste em argilas até 200 KPa, ou seja, cuja classificação está
entre mole e rija; tem resultados satisfatórios em argilas com resistências até 50
KPa. conforme prática adquirida:

 Considerar o uso em solos com NSPT menor ou igual a 2 e resistência de


penetração qc menor ou igual a 1000 KPa;
 Com matrizes predominantemente argilosa (> 50% passando na peneira
#200, LL > 25, IP> 4);
 Ausência de lentes de areia, previamente definidas com ensaio de
penetração.

O equipamento é constituído de palheta fabricada em aço de alta resistência,


com quatro aletas, com diâmetro de 65 mm e altura de 130 mm. Sendo a altura igual
ao dobro do seu diâmetro. Também são admitidas palhetas com diâmetro de 50 mm
e altura de 100 mm, para argilas rijas, com Su > 50 KPa. A haste fina, com diâmetro
13 mm, transfere o torque aplicado à palheta a partir da mesa de torque. Também
em aço, a haste é protegida por tubo externo com diâmetro de 20 mm. O
equipamento para aplicar o torque possui disco com leitura para medições do

momento aplicado. A rotação que movimenta o conjunto deve ser igual a 6º

0,6º /min. Este movimento é transmitido por um sistema de coroa e pinhão, movido
por manivela, ou motor elétrico. Durante a realização do ensaio são feitas medidas a
cada 2 graus, para a construção da curva torque x rotação. Existem dois tipos de
ensaio: o com equipamento A, que é feito por intermédio da cravação estática da
palheta, com equipamento hidráulico. A palheta é protegida por sapata que deve ser
estacionada, e a palheta cravada pelo menos 50 cm a sua frente. O equipamento do
tipo B, é usado a partir de furos previamente realizados, mas apresentam resultados
sujeitos a erros. Nesse caso, todo esforço deve ser feito para evitar este último tipo
de procedimento, o MB 3122 prescreve recomendações para que seja diminuído o
atrito entre a haste fina e o tubo de proteção. (SCHNAID; ODEBRECHT, 2014,
pp.117-119).

O cálculo da resistência não drenada é feito, admitindo-se a hipótese que as


tensões são igualmente distribuídas no cilindro circunscrito à palheta. Embora a
engenharia adote este prática, não é verdadeira esta premissa. Isto é devido a
anisotropia do solo e das dimensões das palhetas, já que as superfícies horizontais
e verticais da palheta não são as mesmas.

Segundo Wroth, 1984 os resultados podem variar, segundo dados


conservadores, da ordem de 9% para as argilas de Londres.

Embora existam várias considerações e fórmulas para obtenção das tensões nas
palhetas; dado a forma do carregamento e anisotropia, não serão apresentadas
neste trabalho. Porém estas relações são descritas por (SCHNAID; ODEBRECHT,
2014, pp.124-128).

A Norma Brasileira define a resistência Su, não drenada, pela seguinte expressão:

T é o valor do torque aplicado em KN.m e D o diâmetro em metro.


Figura - 2.33. Resistências não drenada de pico e amolgada.
Gráfico Torque x Rotação.
Fonte: (ORTIGÃO, J.A.R., 2006).

Segundo Almeida (2000) o pico de resistência deve corresponder a menos de


30º, para garantir a qualidade do ensaio (fig. 2.33), de forma que não haja
amolgamento.

Após a execução do ensaio da argila indeformada são realizadas 10 rotações


completas, para então ser conduzido o ensaio com a argila amolgada. A relação
entre as resistências de pico e amolgada (tabelas 2.87 e 2.9) fornece a sensibilidade
da argila, ao passo que quanto menor a sensibilidade maior é a importância da
estrutura do material. (ORTIGÃO, J.A.R., 2006, p. 318).

Sensibilidade St
Baixa 2-4
Média 4-8
Alta 8-16
Muito Alta >16
Tabela 2.8. Sensibilidade de Argilas
Fonte: (SKEMPTON; NORTHEY 1952, apud ORTIGÃO 2006).

Local Valor Médio Variação Referência


Santa Cruz, RJ. Zona Litorânea 3,4 Aragão, 1975
Santa Cruz, RJ. Offshore 3,0 1-5 Aragão, 1975
Rio de Janeiro, RJ 4,4 2-8 Ortigão; Collet 1986
Sepetiba, RJ 4,0 Machado, 1988
Cubatão, SP (Alemoa) 4-8 Teixeira 1988
Florianópolis, SC 3,0 1-7 Maccarini et al. 1988
Aracaju, SE 5,0 2-8 Ortigão, 1988
Tabela 2.9. Sensibilidade de Argilas. Alguns depósitos brasileiros.
Fonte: (ORTIGÃO, J.A.R., 2006 p. 322).

A experiência internacional da comunidade geotécnica com escavações e


construções de aterros aponta para a necessidade de uma correção dos resultados
a partir do Ensaio de Palheta.

Segundo Bjerrum, 1973, a correção do ensaio de palheta no campo é


necessária, dado à anisotropia, a velocidade de deformação e a fluência do material
analisado. Os valores de μ são empíricos e inferidos através de retro análises, em
casos de ruptura, já ocorridos em aterros e cortes. Alguns autores recomendavam
que os valores de μ fossem obtidos em função do índice de plasticidade da argila, IP.
Mas, dado a alta dispersão dos resultados, estudos mais atuais publicados por Aas,
et al. (1986) propõem o índice de resistência normalizada.

Onde é a resistência fornecida pelo EP e é a tensão efetiva vertical in

situ. (BJERRUM, 1973; AAS et al. 1986; apud ORTIGÃO, J.A.R., 2006 pp. 322-323).

Ortigão, 2006, também sublinha que as experiências com argilas, de alta


plasticidade, do litoral brasileiro fornecem fator de correção μ, próximo de 1.

A OCR é considerada medida importante para a correção de valores de


resistência ao cisalhamento para argilas com altos valores de IP e em depósitos com
oscilações de níveis do lençol freático. O EP (Vane Testing Shear) é indicado para
obtenção do parâmetro (fig. 2.34).

Segundo Mayne; Mitchell, 1988 a OCR pode ser representada pela relação:
O valor de α é ser extraído de:

(MAYNE; MITCHELL, 1988; apud ALMEIDA; MARQUES, 2010, p. 60).

Figura 2.34. Correlações para obtenção do fator corretor μ para razão de resistência
não drenada.
Fonte: (AAS et al. 1986; apud ORTIGÃO, J.A.R., 2006).

Segundo Popov, 1976, há a necessidade de considerar a inércia do conjunto de


hastes. A torção elástica das hastes é dada pela expressão:
Onde T é o torque aplicado, L o comprimento da composição de hastes, J o
momento de inércia das hastes e G o módulo cisalhante.

Também devem ser somadas a torção elástica as rotações dos apertos nas
luvas entre as hastes durante a execução do ensaio. É sugerido que seja utilizado
dispositivo que limite a rotação, por meio de batentes, para que não ocorra estas
rotações. (POPOV, 1976; apud SCHNAID; ODEBRECHT, 2014, pp.121-122).

2.5.7 ENSAIOS TRIAXIAIS

Considerado o ensaio padrão da Mecânica dos Solos. No Brasil ocorre em


sua maioria, os de compressão.

As amostras cilíndricas são submetidas a tensões axiais e radiais (fig. 2.35).


Na realidade são ensaios axissimétricos. Ainda segundo Ortigão, 2007, as principais
referências sobre esses ensaios são as de Bishop; Henkel, 1962 e mais
recentemente Head, 1980. (ORTIGÃO, 2007, pp. 222, 227).

Figura 2.35. Esquema de câmara triaxial.


Fonte: Marangon, UFJF

Ensaios triaxiais na sua versão mais completa são realizados em duas fases:
a do adensamento e a do cisalhamento. A primeira fase, ou de adensamento é
drenada, já a segunda fase, de cisalhamento, pode ser drenada ou não drenada. Os
corpos de prova podem ser adensados e rompidos com amostras indeformadas, ou
moldadas.

A primeira fase objetiva controlar as deformações. São aplicadas tensões


confinantes iguais a axial; isotrópicas σc. Enquanto que a segunda visa determinar as
trajetórias de tensões totais e efetivas. Também conhecida como fase de
cisalhamento, quando são aplicadas tensões de desvio σd.

Ensaios CU, Consolidated Undrained (adensados e não drenados), são


considerados ensaios rápidos (R).

Ensaios CD, Consolidated Drained (adensados e drenados), são ensaios do


tipo lento (S).

Os ensaios triaxiais UU, Unconsolided Undrained (não adensado e não


drenado), são do tipo imediato (Q). Fornecem resultados para o perfil S u de projeto.
Estes resultados podem ser comparados com os de outro tipo de investigação.
(ALMEIDA; MARQUES, 2010, p. 77)

O ensaio triaxial de compressão isotrópica (quando as tensões σ1 = σ2 = σ3),


não representa situações comuns na natureza e é pouco utilizado pela Mecânica
dos Solos. Porém, quando se trata de condições onde as tensões são muito
elevadas, da ordem de MPa; e por questões de resistência do próprio equipamento,
pode ser conveniente sua utilização. (ORTIGÃO, 2007, pp. 220).

Obras especiais utilizam ensaios do tipo CAU do tipo (S), Consolidated


Anisotropic Undrained (adensado, anisotrópico e não drenado). É necessário
estimar, ou determinar as tensões de campo. A partir da expressão σ’h0 = k0 σ’v0,
sendo k = (1-senϕ’). OCRsenϕ’. (ALMEIDA; MARQUES, 2010, p. 77).

2.5.7.1 Parâmetros De Poropressão A e B

Segundo Skempton; Bishop, 1954, durante um ensaio não drenado, a relação


entre as características de resistência do solo irão depender da magnitude da
poropressão aplicada durante o teste. Os parâmetros de poropressão A e B são
convenientes para entender como a poropressão varia de acordo com o estado de
tensões do ensaio. Aplicando este conceito possibilita avaliar a diferença entre os
tipos de ensaio triaxial e estimar a magnitude de poropressões. (SKEMPTON;
BISHOP, 1954; apud, BISHOP; HENKEL, 1957. pp. 5-8).

 Parâmetro quando o solo encontra-se totalmente saturado B=1.

 Parâmetro
Uma das interpretações de ensaio utiliza o padrão MIT, Lambe; Whitman, (1979).
Fornece o diagrama s’ x t para representação das trajetória de tensões.

Sendo:

Bastante conveniente pois s’ significa o raio do círculo de Mohr e t a tensão


cisalhante. O que facilita representação de várias trajetórias TTT e TTE em um único
diagrama.

O outro padrão, denominado Cambridge, desenvolvido por Atckinson; Brundy,


(1978). Considera a parcela σ2 e fornece o diagrama p’ x q. (ORTIGÃO, 2007, pp.
89,95).

Sendo: q=

2.5.8 Ensaio de Cisalhamento

O ensaio de cisalhamento direto é considerado a forma mais antiga e simples


de ensaio de cisalhamento. A amostra de solo é colocada em uma caixa de metal
bipartida. O tamanho dos corpos de prova podem ser 51 mm x 51 mm ou 102 mm x
102 mm de extensão por 25 mm de altura (fig. 2.36)

Figura 2.36. Caixa de Cisalhamento


Fonte: Google.

Uma força normal é aplicada no topo da caixa de cisalhamento. A força de


cisalhamento é aplicada com o movimento lateral de uma das metades da caixa de
ensaio até provocar a ruptura da amostra de solo. Os ensaios de cisalhamento
podem ser do tipo tensão controlada, ou deformação controlada, isto depende do
tipo de equipamento. As variações da altura do corpo de prova possibilitam medir a
variação volumétrica.

Figura 2.37. Gráficos de Tensão de cisalhamento e Variação da Altura do Corpo de


Prova em função do deslocamento cisalhante para areia seca compacta e fofa.
Fonte: Das, 2007.
A caixa de cisalhamento, antes do ensaio, pode ser submersa em água. O que
possibilita obter resultados de ensaios drenados e não drenados, dependendo da
taxa de carregamento, com tempo suficiente para o adensamento, após a aplicação
dos esforços. A drenagem dos corpos de prova é possibilitada com o auxílio de
pedras porosas colocadas no topo e no fundo da caixa. Os ensaios de cisalhamento
direto para areias são relativamente rápidos, pois o excesso de poropressão gerado
pelos carregamentos se dissipam rapidamente. Ao passo que no caso das argilas
estes ensaios podem consumir até 5 dias, dado a baixa condutividade hidráulica
destes materiais. (DAS, 2007, pp. 304-307).
Figura 2.38. Envoltórias de Ruptura para Argilas em condições Drenadas.
Fonte:Das, (2007).

2.5.9 Ensaio de Adensamento Oedométrico

Este ensaio é realizado em um edômetro. O corpo de prova é colocado dentro de


um anel metálico, com duas pedras porosas; uma na base e outra no topo. Medem
64 mm (2,5 pol.) de diâmetro e 25 mm (1 pol.) de espessura.

Figura 2.39. Esquema do Edômetro.


Fonte: Marangon, UFJF, 1990.

São aplicadas cargas de prova, enquanto a compressão é medida por intermédio de


relógio, ou extensômetro micrométrico. O corpo de prova é mantido imerso, durante
o ensaio. Cada estágio de carga dura 24 horas. Em seguida, a intensidade de carga
é dobrada, fazendo dobrar a pressão sobre o corpo de prova. O peso seco da
amostra é medido no fim do ensaio. (DAS, 2007).
São consideradas três etapas para cada estágio de carregamento:
 Compressão inicial, relativo ao sobreadensamento;
 Adensamento primário, com a cessação do excesso de poropressão;
 Compressão secundária, em função do reajuste plástico da estrutura do solo.

Figura 2.40. Gráfico tempo x deformação durante adensamento

É instalada uma bureta na torneira, que permite medir a condutividade hidráulica (k)
do solo. O ensaio de carga variável dura 24 horas.

Sendo:
a = área da seção transversal do tubo
A = área do corpo de prova de altura L
t1 e t2 = tempos nos quais as alturas h1 e h2 são medidas no tubo.

2.5.10 Ensaio do Piezocone

Este ensaio foi desenvolvido na década de 1950, na Holanda pelo Laboratório


Holandês de Mecânica dos Solos em Delft. Tem como objetivos principais identificar
as propriedades de engenharia dos solos, SBT (Soil Behavour Type), a resistência
não drenada (Su), a condutividade hidráulica (K), o adensamento horizontal (C h), o
parâmetro de estado (ψ) e o histórico geológico de tensões (OCR). Tais parâmetros
podem ser calculados a cada 2 cm, ao longo da vertical do furo de sondagem CPT.

Consiste na cravação no solo, de forma contínua, de um cilindro de aço, com


ponta em forma de cone. A penetração deve feita com velocidade constante da
ordem de 2 cm/seg. O equipamento possui sensores, acelerômetro e inclinômetro,
para manutenção da verticalidade. Seus sensores medem a resistência de ponta q c,
a resistência lateral fs e da poropressão u. alguns equipamentos apresentam duas
medidas de poropressão, uma na face do cone, u 1 e outra na base do cone, u2.
Sendo que a maioria dos instrumentos utiliza apenas este último, necessária para a
correção da resistência de ponta.

Figura 2.39. Detalhe da sonda do piezocone


Fonte: Google

Onde: qc é a resistência de ponta medida; u2 é a poropressão medida na base do

cone e

O ensaio do piezocone é aplicado em solos moles, o modelo mais utilizado


possui cone com área de10 cm2, porem existem outros modelos menores.
(ALMEIDA; MARQUES, 2010, p. 62-63).
Figura 2.40. Resultados típicos de ensaio com piezocone.
Fonte: Modificado pelo autor, Mayne, 2006.

2.5.10.1 Classificação Preliminar de Solos (SBT)

Dentre várias propostas para o tipo de comportamento de solos, Robertson


(1990) propôs o ábaco da figura 2.41, bastante reconhecido pela comunidade
geotécnica, relaciona o atrito lateral e a resistência de ponta, ambos normalizados.

Sendo a poropressão estática na profundidade do ensaio de dissipação.


Figura 2.41. SBT para classificação preliminar de solos.
(ROBERTSON, 2010, Modificado de ROBERTSON,1990)

2.5.10.2 Resistência não Drenada SU

Segundo Lunne; et al. (1997) a resistência S u, não drenada, pode ser


estimada por intermédio de diversas equações. É comum relacionar a resistência
corrigida qt do cone com o fator do cone NKT.

O valor de Nkt é obtido por correlações de ensaios do piezocone e o da


resistência não drenada do ensaio de palheta, o mais comum, para este caso. A
experiência demonstra a necessidade de medir N kt para cada depósito, e no caso de
camadas distintas pertencentes ao depósito; um valor de N kt para cada camada.

2.5.11 Ensaios de Condutividade Hidráulica no Campo

A engenharia geotécnica necessita de métodos que forneçam perfis de


condutividade hidráulica dos solos a partir de ensaios de caracterização no campo. A
condutividade hidráulica dos solos pode variar em até dez ordens de grandeza e
pode ser difícil estimar e avaliar com precisão e acurácia. Entretanto, é aceitável que
sua acurácia esteja na faixa de uma ordem de grandeza. A maioria dos métodos
para obtenção da condutividade hidráulica é demorada e de custo elevado e estão
sujeitos a efeitos de escala. (ROBERTSON, 2010)

2.5.11.1 Condutividade Hidráulica com a Utilização de Ensaios CPT

Vários métodos tem sido propostos para estimar a condutividade hidráulica


(k), a partir de resultados de ensaios CPT. Para Robertson (1997); apud Robertson
(2010) há basicamente duas aproximações (1) Estimada pelo tipo de solo (2) Razão
de dissipação durante os ensaios CPTu.

Segundo Lunne et al. (1997); apud Robertson (2010), sugeriu que a


condutividade hidráulica (k) pode ser estimada utilizando os gráficos de SBT (Soil
Behaviour Type), também proposto por Robertson (1986) e Robertson (1990). Uma
faixa de valores de (k) são sugeridos para cada SBT.

Tabela 2.10 – Estimativa de permeabilidade de solo, baseada em ensaios CPT


normalizados pelo critério SBT(n).
ROBERTSON (1990); modificado por LUNNE et al. (1997)

Segundo Jefferies; Davies (1993); apud Robertson (2010) o índice I c do SBT


poderia representar as zonas do SBT no gráfico SBT (n) normalizado, onde Ic
representa os raios dos círculos concêntricos que definem os limites das faixas dos
tipos de solos.

Ic = [(3.47 - log Qtn)2 + (log Fr + 1.22)2]0.5

Onde:
Qtn = [(qt – v)/pa] (pa/'vo)n
Fr = [(fs/(qt – vo)] 100%
qt = CPT corrected total cone resistance
fs = CPT sleeve friction
vo = pre-insertion in-situ total vertical stress
'vo = pre-insertion in-situ effective vertical stress
(qt – v)/pa = dimensionless net cone resistance
(pa/'vo)n = stress normalization factor
n = stress exponent that varies with SBT
pa = atmospheric pressure in same units as qt, v and'vo

Ainda, segundo Robertson (2009), este apresentou uma discussão detalhada


sobre a normalização das tensões; e sugeriu a seguinte expressão mais atualizada,
o que permite a variação do expoente n, com ambos SBT n Ic (tipo de solo) e o nível
de tensão empregado (Fig. 2.41). A medida que o grão de solo se torna mais fino, a
resistência do cone normalizada (Qtn) diminui e Fr aumenta.

n = 0.381 (Ic) + 0.05 ('vo/pa) – 0.15 | para n ≤ 1.0

Figura 2.42 – Sugestão para a variação da condutividade hidráulica (k) x (SBT I c)


ROBERTSON (2010).
Segundo Cetin; Ozan et al.(2009); apud Robertson se o Ic aumenta, é
porque os grãos de solo são mais finos. Então a medida que o I c aumenta, a
condutividade hidráulica do solo (k) geralmente diminui.

A relação proposta entre a condutividade hidráulica (k) e o índice SBT Ic é mostrado na fig.
2.42 e pode ser representada pelas expressões:

Quando 1.0 < Ic≤ 3.27 → k = 10(0.952 – 3.04 Ic) m/s


Quando 3.27 < Ic < 4.0 → k = 10(-4.52 – 1.37 Ic) m/s

Importante citar, que Robertson (2010) esclarece que estes valores de (k) devem ser
apenas utilizados como um guia.

2.6

Drenos Verticais

As baixas taxas de consolidação em argilas saturadas, por conta de sua baixa


permeabilidade, podem ser tratadas por meio de drenos verticais que promovem um
encurtamento do caminho para a expulsão d’água do interior do maciço. Com a
utilização dos drenos verticais, a drenagem radial proporciona que a dissipação de
poropressão se torne mais rápida, enquanto a drenagem vertical depende da
primeira. O modo tradicional de instalação dos drenos verticais é por perfuração da
argila. Os furos tem diâmetros da ordem de 200 – 400 mm, preenchidos com areia
graduada. A areia utilizada para preenchimento dos furos também funciona como
filtro, garantindo que a argila não seja transportada para dentro do dreno. Entretanto,
a deformação lateral do solo devido ao adensamento pode produzir deformações no
dreno, que venham a comprometer o fluxo de água. Cuidados especiais devem ser
tomados durante o processo de preenchimento dos furos com a areia graduado de
maneira que não ocorra descontinuidades da coluna de areia.
Figura 2.43. Drenos verticais ´para acelerar o Adensamento.
Fonte: Craig, 2004.

Tubos drenantes, pré-fabricados com polipropileno e preenchidos com areia,


conhecidos como sandwich drains, bastante utilizados e são mais econômicos, se
comparados com as tradicionais colunas de areia. Estes tubos possuem diâmetros
da ordem de 65 mm e a areia é inserida por meio de ar comprimido, para evitar
falhas no preenchimento. Estes dispositivos normalmente não são afetados pela
deformação lateral da argila. São instalados por meio de um mandril, que perfura o
solo e por vibração o dreno pré-fabricado é introduzido no solo.
Outro tipo é o dreno em forma de fita, conhecido como band drain. É
constituído de um núcleo plástico achatado, com micro canais impressos que é
envolto por uma camada de geotêxtil não tecido. As dimensões típicas desses
drenos são 100 x 4 mm, sendo o diâmetro equivalente para projeto, o seu perímetro
dividido por π. Também instalados utilizando mandril de aço, possuem uma âncora
na extremidade inferior do dreno, que auxilia sua fixação no solo durante a retirada
do mandril e evita a penetração de solo no seu interior.
Os padrões de instalação dos drenos normalmente são em forma de
quadrados ou triângulos. Como o objetivo principal é a redução do caminho de
percolação da água, o dimensionamento do espaçamento dos drenos é
fundamental. Portanto, não faz sentido a instalação destes drenos em camadas
pouco espessas de argila, por conta que o espaçamento dos drenos deve ser menor
que a camada de solo impermeável.
Um aspecto importante para o sucesso do adensamento, é que ambos os
coeficientes de consolidação horizontal (ch) e vertical (cv), sejam bem conhecidos.

Figura 2.44 – Padrões de Instalação de Drenos Verticias


Fonte: Craig, 2004.

2.7

Barragens de Resíduos de Mineração

2.7.1 Resumo

Em escala global, a demanda pelos produtos das indústrias extrativas é cada


vez maior. A extração desses recursos resulta numa produção paralela de um
volume significativo de material residual.

As atividades de mineração produzem importantes alterações na paisagem


decorrentes das aberturas de cavas, acompanhadas da disposição de material
estéril; inerte, ou não aproveitável, decorrente do decapeamento da superfície e da
disposição de rejeitos oriunda dos processos de enriquecimento dos minérios.

Nos primórdios da mineração no Brasil a geração de rejeitos e sua disposição


eram tratadas como desprezíveis. É a partir do século XX que se inicia no país a
construção de barramentos feitos com estéreis para conter os rejeitos de mineração,
originários das operações de britagem, peneiramento e lavagem. A lama obtida
neste processo passa a ser represada em grandes volumes nas denominadas
barragens de rejeitos.

Com a importância crescente dos aspectos ambientais na década de 1980, a


atenção foi aumentada para as questões relacionadas à estabilização de barragens
e seu viés econômico. A partir deste daí, a estabilidade de barragens de mineração
tem ganhado cada vez mais visibilidade na mídia, à medida que a ocorrência de
falhas nos barramentos ficam mais frequentes e são associadas aos danos
ambientais e à vida humana. (IBRAM, 2016, pp. 11.12).

“...Entretanto, as falhas ocorrem, muitas vezes devido à falta de aplicação


adequada dos métodos conhecidos, de projetos mal elaborados, de
supervisão deficiente durante a construção, ou negligência das
características vitais incorporadas na fase de construção”. (Barragens de
rejeitos no Brasil – Rio de Janeiro: CBDB, 2012).

2.7.2 Materiais de Deposição de Rejeitos


As características dos rejeitos dependem do mineral e do beneficiamento
utilizado. Estes materiais podem ser finos, compostos de siltes e argilas, constituídos
na forma de lama, ou por materiais não plásticos que apresentam granulometria
mais grossa, tipo areia (acima de 0,074 mm) neste caso são denominados rejeitos
granulares. (ESPÓSITO, 2000, p.6).
Barragens de rejeitos de mineração podem ser de solo natural ou podem ser
construídas com os próprios rejeitos, sendo classificadas, neste caso, como
barragens de contenção alteadas com rejeitos e as de solo natural como barragens
convencionais. (IBRAM, 2016, p.).

2.7.3 Tipos de Barragens de Mineração


Dentre os diversos métodos de deposição de resíduos as barragens
tem sido o preferido pelas mineradoras no Brasil. Estas barragens podem ser
construídas em etapas, com alteamentos sucessivos ao longo do tempo.
(ESPÓSITO, 2000, p.2).

Figura x - Métodos de Alteamento de Barragens de Mineração


Fonte: IBRAM (2018).
As barragens de contenção de rejeitos são estruturas construídas ao longo do
tempo visando à diluição dos
custos no processo de extração mineral, por meio de alteamentos sucessivos. Assim,
um dique de partida
é construído inicialmente e a barragem passa por alteamentos ao longo de sua vida útil,
podendo ser construídas
com material compactado proveniente de áreas de empréstimo 7, ou com o próprio rejeito,
através
de três métodos:
i) montante,
ii) jusante ou
iii) linha de centro.

3 PARÂMETROS UTILIZADOS PARA AS ANÁLISES

3.1 Resumo

Os dados utilizados nas análises deste trabalho utilizam os parâmetros


obtidos e apresentados por FERREIRA (2016). Os dados e sua obtenção são
descritos no capítulo 4 pela autora na sua dissertação de mestrado intitulada Análise
do Comportamento Geotécnico de Aterro Experimental Executado sobre um
Depósito de Rejeitos Finos na Baía 3 (fig. 3.1).

Figura 3.1 - Baía 3. Sistemas de Disposição de Rejeitos da Mina de Germano


Fonte: Google Earth. 2013. Modificado por Ferreira, 2016.
De acordo com Ferreira (2016), foi realizada uma extensa campanha
experimental na Barragem de Germano, no Complexo da Samarco, no ano de 2013,
envolvendo ensaios de campo, com cone CPTu e ensaios de palheta Vane Test.
Também foram coletadas amostras para execução de ensaios de laboratório, para
caracterização e obtenção de parâmetros de resistência, cuja finalidade foi identificar
as características e o comportamento geotécnico do depósito de rejeitos no âmbito
específico da denominada Baía 3 e no rejeito empregado no aterro.

Os resultados destas investigações geotécnicas passam a ser reproduzidos,


em parte. Tendo como objetivo apresentar um conjunto de análises numéricas
durante o próximo capítulo do presente trabalho, baseado nestas informações.

3.2 Ensaios de Campo

3.2.1 Ensaios de Piezocone (CPTu)

Os ensaio denominados L1B3 (fig. 3.2) e L2B3 apresentam resultados


similares do perfil estratigráfico dos rejeitos depositados na denominada Baía 3.
Variações bruscas das poropressões nas profundidades 2,7 a 5,7 m e 9,5 a 11,2 m
surgem devido ao confinamento de lençóis por conta de camadas impermeáveis.
Figura 3.2 - Resultados do Ensaio CPTu L1B3. Correlações propostas por
Robertson; Campanella (1985).
Fonte: Terratek, 2014; apud Ferreira, 2014, p 41.

Foram realizados ensaios de piezocone F38/90 e F40/89 a partir da crista do


aterro experimental, com a fundação já consolidada, após sua construção, com
altura de 6 metros, detalhado mais adiante. Nestes ensaios foram realizadas
medidas de poropressões a partir de 8 metros de profundidade, o que caracteriza a
profundidade do lençol a 2 metros de profundidade da base do aterro. Além desses,
também foi feito o ensaio F18, externo ao aterro. Portanto, com base nesses ensaios
foram discretizadas as camadas da fundação do aterro experimental. (FERREIRA,
2016, pp. 40-46).

Tabela 3.1 - Perfil estratigráfico do depósito de rejeitos com base nos ensaios CPTu.
Fonte: Ferreira, 2016, p. 46.
Figura 3.3 (a) e (b) - Resultados dos Ensaios CPTu F38/90 e F40/89.
Fonte: Fugro, 2014; apud Ferreira, 2016, pp. 42-43.

3.2.2 Ensaios de Palheta (EP)

Ensaios de palheta (Vane Shear Test) foram realizados em conjunto com os


ensaios CPTu, que também demonstram a estratificação dos rejeitos, fornecendo
vários horizontes geotécnicos, cujas características identificam camadas mais e
menos permeáveis, assim como, mais ou menos resistentes. A autora salienta para
o fato da dispersão nos resultados, o que faz que o depósito não se comporte como
um domínio completo, embora se utilize da mesma sistemática de subcamadas
apresentadas para os dois tipos de ensaios com os valores de Su corrigidos e
apresentados na figura 3.4.
Figura 3.4 - Resultados de ensaios de palheta (VST) na área do aterro experimental.
Fonte: Ferreira, 2016, p. 47.

3.3 Ensaios de Laboratório

3.3.1 Caracterização Completa

A partir de amostras deformadas de rejeito arenoso, cujo material foi


empregado no aterro experimental; e dos rejeitos finos, cujo material foi coletado na
Baía 3 na profundidade de 2 metros, foram feitos ensaios laboratoriais visando obter
a completa caracterização desses materiais em termos físicos e mecânicos (fig. 3.2).

Tabela 3.2 - Índices Físicos


Fonte: Ferreira, 2016, p.48. (Pesos específicos em KN/m3)
Ainda segundo Ferreira, 2016, o teor de partículas de ferro contidas na lama
confere valores elevados de Gs, comparados aos da sílica do rejeito arenoso.

A curva de granulometria do rejeito fino, ou lama da Baía 3 (fig. 3.5), é


composto em sua maioria por silte (76,7%) e argila (22,0%), sendo o restante de
areia fina (1,2%) e areia média (0,1%). Sendo portanto classificado como silte
argiloso. O ensaio de peneiramento e sedimentação, foi realizado pelos padrões da
NBR 7181/1984 da ABNT.

Figura 3.5 - Curva granulométrica do rejeito fino (lama)


Fonte: Ferreira, 2016, p. 48.

Seguindo a NBR 7181/1984, o ensaio de peneiramento e sedimentação para


o rejeito arenoso obteve as seguintes frações de materiais: areia 58,5% (sendo 9,2%
de areia média e 49,3% de areia fina), silte (39,5%) e argila (2,0%). O rejeito
granular é classificado como areia fina siltosa.
Figura 3.6 - Curva granulométrica do rejeito arenoso
Fonte: Ferreira, 2016, p. 49.

3.3.2 Ensaios de Compactação


Os ensaios de compactação para o aterro experimental foram realizados com
energia do Proctor Normal em consonância com a NBR-7182.

Figura 3.7 – Curva de compactação do rejeito fino


Fonte: Ferreira, 2016, p. 50.
Figura 3.8 – Curva de compactação do rejeito arenoso
Fonte: Ferreira, 2016, p. 50.

3.3.3 Ensaios de Consistência


Como o rejeito arenoso não traduz a plasticidade, foram feitos os ensaios de
consistência apenas para os rejeitos finos (tab. 3.3), conforme a NBR 6459/1984 e
NBR 7180/1984 a partir de amostras destorroadas, secas ao ar e passantes na
peneira #40, sendo obtidos os seguintes resultados:

Limite de Liquidez wl = 24,1%


Limite de Plasticidade wp =11,2%
Índice de Plasticidade ip = 12,9%
Tabela 3.3 - Índices de Consistência de rejeitos finos
Fonte: Ferreira, 2016, p. 49.

3.3.4 Ensaios de Adensamento


Ensaios de adensamento convencional foram feitos para as seguintes
consistências de lama (tab. 3.4), a partir de amostras moldadas nos seguintes estados físicos:

Lama Rija w = 19,2% ϱ = 2,13 g/cm3


Lama Média w = 22,0% ϱ = 1,93 g/cm3
Lama Mole w = 25,0% ϱ = 1,84 g/cm3
Tabela 3.4 - Índices de Consistência
Fonte: Ferreira, 2016, p. 51.

Segundo Ferreira, 2016, para cada tipo de lama foram realizados três
ensaios. A figura 3.9 representa um destes ensaios.
Figura 3.9 – Ensaio de adensamento da lama rija.
Fonte: Ferreira, 2016, p. 52.

A inundação dos corpos de prova foi feita no início dos ensaios. No total foram
realizados 12 estágios de carga, sendo 8 fases de carregamento (cargas de 12,5;
25; 50; 100; 200; 400; 800 e 1600 KPa) e 4 estágios de descarregamento (800; 400;
200 e 100 KPa). Os ensaios seguiram os procedimentos da NBR-12007/1990. Os

valores dos coeficientes de adensamento foram obtidos pelo método e todos os

resultados listados na tabela 3.5.


Tabela 3.5 - Resultados dos ensaios de adensamento convencional para lamas
Fonte: Ferreira, 2016, p. 53.

3.3.5 Ensaios de Cisalhamento

Ensaios de cisalhamento direto foram realizados com amostras moldadas


tanto para o rejeito arenoso, quanto para o rejeito fino com amostras nas mesmas
condições do ensaio de adensamento e posteriormente saturadas.

A figura 3.10 representa os resultados dos ensaios para uma amostra


reconstituída na umidade ótima (w=14,1%) e grau de compactação (G.C. ~= 99%).
Os ensaios de cisalhamento ocorreram após o adensamento, para as tensões
normais efetivas de 50; 100; 200; e 400 KPa, com velocidade de ensaio de
0,15mm/min.
Figura 3.10 (a) e (b) - Resultados de ensaio de cisalhamento.
Fonte: Ferreira, 2016, p. 55.

O rejeito arenoso, durante o ensaio de cisalhamento, apresentou


comportamento contrátil para tensão normal efetiva de 400 KPa (fig. 3.10 (b)).
Figura 3.11 - Envoltórias de resistência. Valores de pico e residual, rejeito arenoso.
Fonte: Ferreira, 2016, p. 56.
Os mesmos procedimentos foram adotados para os ensaios de cisalhamento
para as amostras de rejeito fino, com a diferença que as amostras foram inundadas
durante 3 horas. Estes ensaios foram executados para as tensões normais efetivas
de 50; 100; 200 e 400 KPa, com velocidades de 1,2 x 10 -3 mm/seg. Os valores de
resistência são apresentados na tabela 3.6.

Figura 3.12 - Envoltórias de resistência. Valores de pico e residual, rejeito fino.


Fonte: Ferreira, 2016, p. 56.
Tabela 3.6 - Resultados de ensaios de cisalhamento rejeitos.
Fonte: Ferreira, 2016, p. 56.
Os ensaios triaxiais foram realizados no modo CIU, adensados isotropicamente e
cisalhados de forma não drenada, com medidas de poropressões, afim de obter
envoltórias de resistência para tensões totais e efetivas, figuras 3.13 e 3.14,
respectivamente. A saturação dos corpos de prova foi feita por contrapressão em
estágios progressivos, controlados pelo parâmetro B de Skempton, da ordem de
95%. Os corpos de prova foram preparados próximos às condições de umidade
ótima, e aplicados pressões confinantes de 50; 100; 200 e 400 KPa e cisalhados até
a ruptura com velocidade de 0,15 mm/min.

Figura 3.13 - Resultados de ensaios CIU do rejeito arenoso (adensamento)


Fonte: Ferreira, 2016, p.61.
Figura 3.14 - Resultados de ensaios CIU do rejeito arenoso (cisalhamento)
Fonte: Ferreira, 2016, p.61.

Tensões Totais c = 346,1 KPa ϕ = 27,5º


Tensões Efetivas c’ = 169,5 KPa ϕ' = 29,2º
Tabela 3.7 – Resumo dos ensaios triaxiais CIU.
Fonte: Ferreira, 2016, p.61.

Ferreira, 2016 comenta que estes resultados se encontram fora dos padrões
anteriormente ensaiados na Baía 3, portanto sendo descartados para qualquer tipo
de análise.

Para o rejeito fino, utilizou-se o mesmo expediente, porém a velocidade até


atingir a ruptura foi de 1,2x10-3 mm/seg. Sem permitir drenagem, foram obtidos os
resultados da tabela 3.8 demonstrados nas figuras 3.15 (a), (b) e (c).

Tabela 3.8 – Resumo dos ensaios triaxiais CIU


Fonte: Ferreira, 2016, pp. 62-63.

4 ANÁLISES DE TENSÃO x DEFORMAÇÃO E ESTABILIDADE


5 CONCLUSÕES

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Depósito de Rejeitos Finos. Ferreira, Daiane Souza. UFOP. 2016.

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Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR-6484/2001 Solo - Sondagens de


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(LP)

Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR-7181 Análise granulométrica

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