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Pesquisa empírica

que sustenta o programa


Son-Rise

D
esde que o autismo foi delineado (Kanner, o os princípios chave desta abordagem vão buscar os
1943), uma definição globalmente aceite e seus fundamentos à pesquisa mais actualizada.
métodos de diagnóstico standardizados fo- Este artigo discutirá alguns princípios base do SRP
ram estabelecidos. Até à data, no entanto, nenhuma no contexto da pesquisa actual para criar uma plata-
etiologia (definição de uma causa ou conjunto de cau- forma para a investigação quantitativa.
sas, uma origem, uma razão para alguma coisa) clara
foi estabelecida e os tratamentos propostos são larga-
mente variados.
A pesquisa descobriu o suficiente sobre as implica-
Principio: Criar
ções da psicologia neurológica e cognitiva do autismo um Espaço Físico óptimo
para permitir-nos desenhar os contornos de tratamen- de Aprendizagem
tos que beneficiem as famílias que não querem espe-
rar pela cura cientificamente provada e inquestionável
que ainda está por vir.
O Autism Treatment Center of America tem o usa-
A hiper-estimulação sensorial entre os indivíduos
com autismo (Belmonte and Yurgelan-Todd,
2003 Hirstein et al, 2001; Tordjman et al, 1997),
do o programa Son-Rise (SRP) com famílias des- acompanhada pela dificuldade para escolher entre
de 1943 no intuito de preencher esta necessidade. O estímulos que competem entre si é altamente obser-
SRP foi desenvolvido por pais que experimentaram vada.
diversas maneiras de chegar ao seu filho, severamente Estudos electroencefalográficos envolvendo tare-
autista (Kaufman 1976). A ciência neste ponto ofere- fas que requerem ao indivíduo autista a atenção se-
ce nenhuma direcção no que toca à facilitação do de- lectiva para estímulos relevantes e ignorar estímulos
senvolvimento social de crianças com autismo. Desde irrelevantes mostram ou um anormal P1 potencial
que o seu filho emergiu do autismo após 3 anos de evocado para o estimulo relevante, ou uma anormal
trabalho intensivo, os Kaufman ofereceram o SRP a resposta generalizada para os estímulos irrelevantes
famílias internacionalmente. À data, nenhum rigoro- (Townsend and Courchesne, 1994).
so estudo longitudinal testando a eficácia do SRP tem Adicionalmente, o N2 para novos estímulos é au-
sido desenvolvido, no entanto pode comprovar-se que mentado em crianças com autismo mesmo quando
to de activação em áreas baseadas no processamento
primário das sensações e uma activação diminuída
nas áreas que tipicamente suportam processamentos
de ordem mais elevada. (Ring et al, 1999; Critchley
et al, 2000; Schultz et al, 2000; Pierce et al, 2001;
Baron-Cohen et al, 1999; Castelii et al, 2002).
Foi proposto que o distúrbio neste processamento
de baixo nível é a causa subjacente às anormalidades
no processamento de alto nível exibidas no autismo.
(Belmonte, 2004) e que a largamente observada sin-
tomatologia do autismo (incluindo questões da Teo-
ria da Mente e função executiva) é uma propriedade
estes estímulos são irrelevantes para a tarefa (Kemner emergente do anormal crescimento neural (Akshoo-
et al, 1994). Resultados semelhantes têm sido vistos moff, 2002). Há evidências moléculares de que esta
usando estimulo auditivo (Kemner et al, 1995). Isto anormalidade está presente à nascença (Nelson et al,
suporta as observações de que as crianças com autis- 2001) embora os sintomas comportamentais óbvios
mo podem ser ou hiper-focadas num aspecto da tarefa muitas vezes não o estejam até aproximadamente os
ou grandemente distraídas pelo estimulo irrelevante 18-24 meses. Uma criança nascida confiando nos seus
ou periférico à tarefa. Durante tarefas que requerem hiper-excitáveis, hipo-selectivos sistemas de proces-
mudanças de atenção entre hemicampos (campos vi- samento sensorial está aberta a uma onda de estímu-
suais direito e esquerdo), aqueles com autismo têm los que se pensa que cria uma sobrecarga no recém
exibido os dois hemisférios activando-se indiscrimi- emergente sistema cognitivo superior (Belmonte and
nadamente em vez dos usuais padrões específicos de Yurgelun-Todd, 2003). Quando confrontada com este
activação dos hemisférios. (Belmonte, 2000).
Medidas fisiológicas sugerem que a filtragem per-
ceptual no autismo ocorre num padrão tudo ou nada,
com pequena especificidade para seleccionar a locali-
zação dos estímulos, para a relevância comportamen-
tal dos estímulos ou mesmo a modalidade sensorial
em que o estimulo ocorre (Belmonte, 2000). Tem sido
sugerido que esta tendência para a hiper-estimulação
sensorial deva resultar de uma pervasiva (permeia, in-
vade tudo) anormalidade no processamento neural em
vez de numa área especifica do cérebro. (Belmonte
et al, 2004; Johnson et al, 2002; Akshoomoff et al,
2002). Alguns autores sugerem que esta disfunção
neuronal seja um baixo rácio sinal-ruido que nasce
de uma anormal conectividade neural (Bauman and constrangimento, o plástico cérebro em desenvolvi-
Kemper, 1994; Raymond et al, 1996; Casanova and mento é forçado a reorganizar-se para acomodar esse
Buxhoeveden, 2002; Belmote et al, 2004). constrangimento (Johnson et al, 2002). Isto manifes-
O resultado deste tipo de processamento é que a ta-se na anormal organização do cérebro autista, como
todos os estímulos é dada igual prioridade pelo cé- descrito acima, e o estilo cognitivo característico do
rebro autista causando uma sobrepujante inundação autismo, que confia fortemente em processamento de
de estímulos sensoriais a ser tratados em simultâneo. baixa ordem, altamente localizado em detrimento do
O cérebro típico é capaz de ao mesmo tempo iden- global processamento superior, conhecido como Fra-
tificar e ignorar estímulos irrelevantes, aproveitando ca Coerência Central. (Happe, 1999; Frith andHappe,
apenas os que interessam para a tarefa, o que cria um 1994).
sistema de processamento muito mais eficiente. O A Coerência Central é a habilidade de processar a
cérebro autista recebe tudo e só depois activamente informação em contexto, agregando informação para
faz a escolha, descartando a posteriori a informação o processamento superior, frequentemente a expensas
irrelevante causando, com efeito, um engarrafamento da memória para os detalhes (Happe, 1999). Assim,
no processamento de informaçãos. (Belmonte, 2004). uma Fraca Coerência Central é a tendência para aque-
Estudos de neuro-imagiologia funcional mostram que le com autismo de sustentar-se em processamento de
os cérebros autistas tendem a evidenciar um aumen- nível local (os detalhes) em vez de tomar a globalida-
de da situação. Kanner (1943) viu, como característica
universal do autismo, a inabilidade para experimentar
o todo sem total atenção às partes constituintes. É o
estilo cognitivo que faz com que as pessoas com au-
tismo dito superior sejam altamente resistentes às ilu-
sões visuais (Happe, 1999), terem uma maior ocor-
rência de ouvido absoluto (Heaton et al, 1998), são
excelentes nas Tarefas das Figuras Embebidas (Shah
and Frith, 1983; Jolliffe and Baron-Cohen, 1997) e
possuem a habilidade de copiar as “figuras impossí-
veis” (Mottron et al, 2000). Sala de brincar
Estes testes neurofisiológicos e neuro-anatómicos cores neutras, sem
pintam um quadro do mundo habitado pelo autista
como caótico, sobre-estimulante e cheio de “ruído”.
contrastes nem padrões, nem
A par disto encontra-se um ambiente interno hiper- distracções, os brinquedos
estimulável. (Hirstein, 2001; Cohen and Johnson, numa prateleira alta
1977; Hutt and Hutt, 1979; Hutt et al, 1965; Kootz
and Cohen, 1981; Kootz et al, 1982). Isto é corrobo-
rado por relatos autobiográficos de alguns indivídu-
os com autismo (Bluestone, 2002; Williams, 1994; 2001; Reiber and McLaaughlin, 2004; Schilling and
Schwartz, 2004) a extensão em que uma sala pode
Gillingham, 1995; Jones et al, 2003). Considerar este
mundo fragmentado, caótico e sobrepujante mundo ser modificada para repercutir as necessidades destas
implica que o mundo que rodeia a criança é a chave crianças é altamente constrangida pela configuração
e factor primordial a ser considerado ao desenhar umtípica de uma sala de aula normal, em grande parte
programa de tratamento para a criança com autismo. devido à presença de outras crianças e ao subsequente
Ambientes físicos com maiores quantidades de estí- tamanho da sala - até algo tão omnipresente como uma
lâmpada fluorescente mostra sinais de alterar o com-
Cubo impossível portamento da criança autista (Colman et al, 1976).
Estas considerações ambientais são frequentemente
desprezadas e a sua importância subestimada.
O SRP dão a volta a esta questão empregando uma
sala, usualmente na casa da criança, especialmente
desenhada para minimizar o estimulo sensorial. Ape-
nas cores neutras são usadas, padrões distractivos e
cores contrastantes são evitados. Não existem ecrãs
ou barulhos e apenas luzes incandescentes são usa-
das. Todos os brinquedos e objectos são mantidos for
a do chão em prateleiras na parede. Para providenciar
uma área sem distracções para brincar. Mais impor-
tante ainda, as sessões de brincadeira incluem ape-
nas 1 adulto e 1 criança. Isto significa que a criança
não tem que filtrar o ruído e movimento das outras
Tarefa crianças e lida apenas com um adulto previsível em
das figuras quem confia. O SRP sustenta que estas simples medi-
das ajudam a sarar o sobre-activo sistema nervoso da
embebidas criança autista fazendo o mundo digerível.
Há evidencias da existência de crianças autistas
mulos sensoriais (Ecrãs brilhantes, ruído de fundo, cujo sistema autonómico não é hiper-activo mas, ao
etc.) vão adicionar-se ao barulho já existente num contrário, revelam sinais de níveis anormalmente bai-
sistema sensorial já superlotado, tornando uma nova xos de estimulação (Hirstien et al, 2001). Estas são
aprendizagem extremamente difícil. crianças que tendem a envolver-se em actividades
Enquanto existe o conhecimento de que crian- extremas como subir muito alto, mexer-se constante-
ças com necessidades especiais requerem realmen- mente, de modo a poder pôr em funcionamento os ní-
te ambientes especialmente desenhados (Carbone, veis de estimulação. Neste caso a sala do SRP fornece
um ambiente seguro e fechado onde estas actividades de interesse pelas caras aos 6 meses e falta de orien-
podem ocorrer, muitas delas impossíveis de acontecer tação para a voz humana aos 24 meses. (Lord, 1995)
numa sala de aula comum. são duas situações demonstradamente precursoras
Pode ver-se que este princípio de tratamento é sus- de um subsequente diagnóstico de DEA. Dawson et
tentado pela investigação corrente em neuro-anato- al (2004) descobriu que crianças autistas tendiam a
mia e fisiologia. Investigação directa dos efeitos nas não responder a uma variedade de estímulos mais
crianças com autismo da sala de brincadeira SRP em frequentemente do que uma criança tipicamente de-
contraste com as tradicionais salas de aula ainda não senvolvida ou retardada no desenvolvimento mas que
foram realizados. Crianças em programas Son-Rise este efeito é mais severo no que toca a estímulos so-
feitos em casa frequentemente instigam a ida para a ciais. Numerosos estudos têm demonstrado défices no
sala de brincadeira, brincarão lá mesmo quando sozi- processamento básico visual de rostos no autismo que
nhas e falam sobre como gostam de lá estar. Há muitas não encontra paralelo nas falhas de nas áreas equi-
provas anedóticas sustentando estas declarações mas valentes em termos de desenvolvimento do processa-
até hoje nenhum estudo se inclinou sobre as medidas mento de tarefas não-sociais (Langdell, 1978; Hob-
qualitativas das percepções das crianças sobre as suas son et al; 1988, Klin et al, 1999; Boucher and Lewis,
Salas-de -brincadeira ou sobre as medidas quantitati- 1992; Weeks and Hobson, 1987).
vas da actividade do sistema nervoso da criança autis- Crianças com autismo têm similarmente demons-
ta nestes ambientes. trado não responder como as crianças típicas à voz
humana (Klin, 1991, 1992; Osterling and Dawson,
1994; Werner et al, 2000).
Principio: Criação de um Atenção conjunta
Ambiente Optimizado para
Aprendizagem Social

E sta Fraca Coerência Central de processamen-


to pode impedir o desenvolvimento da atenção
conjunta e afecto partilhado (No original affect: Agir
sobre as emoções de; tocar ou mover; infuência so- olho para ti para confirmar se
bre; Sentimento ou emoção, especialmente na sua estás a ver o que eu vejo
manifestação por expressão facial ou corporal. Daí
falar-se em afecto positivo e negativo) nas crianças Quando estes indivíduos realmente se orientam
com autismo (Klin et al, 1992; Rogers and Penning- para estímulos sociais fazem-no de modo diferente
ton, 1991). Estas são duas componentes fundamentais dos seus pares tipicamente desenvolvidos.
da interacção social em que a resposta correcta aos es- Crianças tipicamente desenvolvidas mostram um
tímulos depende de forma crucial do contexto social. potencial cerebral, relacionado aos acontecimentos,
Isto explica porque situações sociais são incrivelmen- diferenciado quando estão a ver caras familiares e
te difíceis para aqueles com autismo e mesmo adultos não familiares; crianças com autismo não revelam
altamente funcionais que obtém bons resultados bem este potêncial (Dawson et al, 1994). Klin et al (2003)
em medições explícitas de raciocínio social, falham descobrira que adultos autistas, ao verem uma cena
em transportar isto para o seu dia-a-dia de interacções social realista focam-se duas vezes mais na zona da
sociais (Klin et al, 2000). boca do que os grupo controle do teste e duas vezes
Um precursor da atenção conjunta e afecto parti- e meia menos na zona dos olhos do que o grupo con-
lhado é a orientação social - que uma criança espon- trole. A preferência por olhar para a zona dos olhos
taneamente, ou a pedido, dirija a sua atenção a outra em vez da boca tem sido demonstrada nas crianças
pessoa. Crianças com autismo demonstram deficiên- neurologicamente típicas (neurotipicas) com apenas
cias na orientação social cedo na vida, orientando-se 3 meses de idade (Haith et al, 1979). Crianças típicas
preferencialmente para estímulos não-sociais. Oster- demonstram grande resposta de condutividade da pele
ling et al (2002) quando olhando para uma pessoa e respostas muito
Percebeu que crianças de 1 ano que mais tarde mais baixas quando olhando para objectos. Crianças
seriam diagnosticadas com Desordens do Espectro com autismo têm demonstrado nenhuma diferença
do Autismo, olhavam para as pessoas e atendiam à na resposta de condutividade da pele quer entre olhar
chamada do seu nome com menos frequência do que para pessoas ou objectos. (Hirstein et al., 2001).
crianças que nunca viriam a ter este diagnóstico. Falta Este processamento de diferenças básico traduz-se
depois em raciocínio superior tarefas
de atribuição. Quando vendo uma ani- O autista, quando olha para o rosto de
mação de formas geométricas agindo uma pessoa, foca-se mais na boca,
como humanos, os espectadores tí-
picos reconhecem a natureza social
destas interacções e podem dar-nos
narrativas descrevendo as relações
representadas pelas figuras e atribuir-
lhes estados mentais. Espectadores
com autismo tendem a usar explica-
ções físicas do movimento das figuras
(ex: porque é pesado) mesmo tendo
anteriormente completado com suces-
so tarefas de raciocínio social explíci- para que aprenda connosco há que mo-
to (Heider and Simmel, 1994).
Não está esclarecido porque é que tivá-lo a olhar nos olhos (sem forçar).
crianças com autismo evitam o es-
timulo social. Pode ser devido a uma deficiência na ta (Greenspan & Wieder, 1998; MacDonald, 2004;
atenção funcional (Bryson et al, 1994). Outros acredi- Williams, 1988; Koegel et al, 2001) com o concomi-
tam que a mudança rápida na atenção requerida para tante desenvolvimento por terapeutas e teóricos de
processar o estimulo social é a culpada (Courchesne aproximações terapêuticas que reconhecem a impor-
et al, 1995). Uma sugestão adicional sustenta que as tância do envolvimento voluntário e atenção conjunta
crianças com autismo evitam o estimulo social por- da forma que o SRP o faz.
que este é complexo, variável e imprevisível e como Parece que devido aos desafios ao seu processa-
tal difícil de processar (Dawson, 1991; Dawson and mento perceptual as crianças com autismo estão a
Lewy, 1989; Gergely and Watson, 1999). evitar selectivamente esta educação social, o que
O pendor do autista para o estimulo não-social nega a aprendizagem de “comportamentos basilares
está bem documentado na psicologia e serve bem do desenvolvimento” (i.e. Atenção, persistência, inte-
para ilustrar as descrições autobiográficas oferecidas resse, iniciação, cooperação, atenção conjunta e afec-
por autores autistas (Williams, 1994; Grandin, 1986). to) (Koegel, Koegel and Carter, 1999). Esta falha no
Este corpo de prova mostra como a criança autista desenvolvimento subsequentemente impacta toda a
atende selectivamente aos aspectos não sociais do seu aprendizagem futura. O desenvolvimento da atenção
ambiente parecendo com isso cuidar do seu próprio conjunta é considerado essencial ao desenvolvimento
sistema sensorial e assim fazendo privam-se a si mes- da linguagem, cognitivo e social em qualquer criança
mos de aprender acerca do mundo social desde tenra (Tomasello, 1995). Quanto mais tempo uma criança
idade. Klin aponta que impor um significado social dispenda envolvida com um adulto importante para
a um arrazoado de estímulos visuais é uma reacção ele, mais a criança vai aprender. Crianças com autis-
adaptativa demonstrada pela criança neurotpica, da mo que demonstrem maior competência de atenção
infância em diante, a um nível crescentemente com- conjunta têm sido vistas a chegar a maiores níveis
plexo. Estas competências espontâneas são cultivadas desenvolvimento de linguagem (Mundy et al., 1990;
em incontáveis horas de envolvimento social recor- Sigman and Ruskin, 1997; Dawson et al, 2004). Dife-
rente (Klin et al, 2003, p. 356). É largamente aceite renças individuais na orientação social também fazem
que as crianças típicas desenvolvem através de inte- prever o grau em que a criança com autismo processa
racções sociais reciprocas que envolvem a participa- informação afectiva não verbal. (Dissanayake et al.,
ção activa da criança (Stern, 1977;Bronfenbrenner, 1996) crucial para a compreensão de qualquer situ-
1979; Piaget, 1963; Vygotsky, 1978; Bandura, 1986; ação social. Um estudo de seguimento, de 25 anos
Brunner, 1977; Wertsch, 1985). de duração, a um grupo de 91 indivíduos que origi-
Estas teorias vêm o desenvolvimento da aprendi- nalmente mostravam serias deficiências ao nível so-
zagem como sendo dependente do envolvimento VO- cial ou mental mostrou que o factor que melhor fazia
LUNTÁRIO DA CRIANÇA NA INTERACÇÃO prever os resultados era a disfunção social –– aque-
SOCIAL, não na específica actividade ou informação les que tinham deficiências sociais, particularmente
à qual as crianças são expostas (Kim and Mahoney, aqueles mais absortos, mostraram os piores resulta-
2004). Está a tornar-se mais vastamente reconhecido dos (Beadle-Brown, Murphy, Wing, 2005).
que este principio é verdadeiro para a criança autis- As implicações para o tratamento são claras - pro-
videnciar um ambiente que favoreça consistentemen- O adulto junta-se a esta área de brincadeira até que
te e intensamente a informação social e esforços para a criança espontaneamente se oriente socialmente na
aumentar a saliência do mundo social aos olhos da direcção do adulto. (faz contacto visual, físico ou ten-
criança com autismo. tativa de vocalização). Esta expressão espontânea de
Teoricamente o SRP cumpre estas implicações interesse social é então respondida pelo adulto numa
terapêuticas que o corpo de provas aqui apresentado maneira desenhada para ser motivante para a crian-
desenha. O SRP sugere que através de horas de imer- ça (baseada nos interesses individuais da criança e
são neste tipo de ambiente, crianças com autismo: a) padrão de respostas prévio), por exemplo, saltar no
aumentam frequência com que iniciam a orientação trampolim enquanto finge ser um macaco. Quaisquer
social espontânea; b) mantêm atenção conjunta por respostas subsequentes do adulto às expressões de in-
períodos de tempo cada vez mais longos; c) com cada teresse da criança serão do mesmo modo afinadas de
vez mais frequência iniciam intencionalmente inte- modo a serem motivantes para a criança. Isto inicia
racções sociais. Testes empricos rigorosos ainda têm um ciclo de troca social recíproca dentro da área de
que ser realizados de modo a substanciar estas obser- motivação da criança. O SRP propõe que esta abor-
vações anedóticas dagem o nível de saliência da interacção social por
Estas implicações terapêuticas levantam assim a ligar as motivações da criança à interacção social.
questão de como providenciar um ambiente que con- Crianças autistas podem tornar-se muito focadas
sistentemente e intensamente favoreça informação nas suas particulares áreas de interesse, frequente-
social e esforços para aumentar a saliência do mundo mente ao ponto de serem apelidadas de “obsessivas”
social aos olhos da criança autista. ou “persistentes”.
O SRP propõe um método único, alguns princípios Muitas abordagens tradicionais tentaram guiar a
chave que serão seguidamente descritos no contexto criança para longe das suas áreas de interesse numa
desta pesquisa: tentativa de alargar leque de interesses da criança.
Em vez disso o SRP reconhece esses interesses como
portas para esse mundo da criança, um meio de es-
tabelecer uma conexão que se torne numa fundação
para uma troca social mais espontânea e flexível. O
suporte para esta perspectiva surge de Koegel, Dyer
and Bell (1987) que encontraram uma correspondên-
cia negativa entre a fuga social da criança autista e as
suas actividades preferidas. Isto é, quando instadas a
entrar em actividades nas quais anteriormente já ha-
viam demonstrado interesse as crianças eram muito
menos socialmente fugazes do que quando instadas a
entrar em actividades escolhidas pelo adulto.
Baker, Koegel and Koegel (1998) sublinham ainda
a eficiência da abordagem centrada na criança num
contexto de grupo. Eles pegaram nos interesses ob-
sessivos de um grupo de crianças autistas (neste caso
1) Uma abordagem centrada na criança torna a in- a geografia dos EUA) e tornaram-nas num jogo que
teracção social motivante podia ser jogado pela criança e pelo seu grupo de pa-
Facilitadores e pais empregando o SPR fazem da res. (Jogo de etiquetas num mapa gigante dos EUA).
interacção social o seu foco primordial ao trabalhar De níveis baixissimos de interacção na condição de
numa base um para um com a criança autista, reco- base, a percentagem de interacção social durante o
nhecendo que a evitação social é o ponto crucial tempo da intervenção aumentou dramaticamente e
do desafio autista. Existem duas maneiras em que a assim continuou durante dois meses de seguimento.
abordagem centrada na criança faz a interacção social Estes aumentos na interacção social continuaram até
motivante: na ausência do adulto que instou à prática do jogo.
Ainda, a criança autista começou a envolver-se
a) Seguir a criança: Começar pela motivação da mais em outros jogos, não relacionados com o tema
criança. O SRP trabalha com objectos e actividades da obsessão após a intervenção. Baker et al (1989)
para as quais a criança está internamente motivada. concluem que “os tema obsessivos das crianças com
Esta abordagem baseada na brincadeira começa com autismo que são tipicamente vistos como problemá-
a área de motivação dela (ex: saltar num trampolim). ticos, podem ser transformados satisfatóriamente em
jogos comuns para o aumento das interacções sociais
positivas” (p.306-307).
Os pais das crianças autistas envolvidas neste estu-
do reportaram ou nenhum aumento ou um recrudesci-
mento no alvo obsessional da criança depois do início
dos jogos de temática obsessiva. Este achado é con-
sistente com Charlop et al (1990) que usou os temas
obsessivos como reforços para as crianças cumprirem
outras tarefas e notaram nenhum aumento no inte-
resse por estes temas. A semelhança do SRP mantém
que usando o tema obsessivo da criança ou tópicos de
persistência como plataforma para a interacção social
não encoraja uma maior persistência nesses temas
mas, em vez disso, ajuda a transformar brincadeiras
ou conversas persistentes e rígidas em interacções so-
cialmente adequadas, flexíveis e reciprocas, porque
torna a interacção social mais motivante do que ante-
riomente. Mais uma vez, observação empírica directa
é necessária para mensurar estas observações.
o desenvolvimento cognitivo de crianças com ou em
b) Dê o controle: Seja Responsivo e Sensível à risco de deficiências do desenvolvimento” e também
criança. “tem uma influencia positiva no desenvolvimento
O segundo factor crucial na facilitação da emer- socio-emocional destas mesmas crianças (Trivette,
gência de um genuíno e espontânea interesse no mun- 2003, p.5). Todos os objectos de estudo com crité-
do social é oferecer o controle ou empregar um es- rios de inclusão convergentes dos 13 estudos (1,336
tilo responsivo de interacção (Beckwith and Cohen, crianças no total) mostraram o mesmo resultado - que
1992). O SRP é centrado na criança. a responsividade do adulto ajudou substancialmente
Isto significa que a) o tópico da brincadeira deriva estas crianças a desenvolverem-se cognitiva e social-
dos interesses individuais da criança; e b) a criança emocinalmente.
activamente escolhe o momento em que a brincadeira Pesquisa subsequente continuou a suster esta des-
deve começar e terminar. Isto é crítico e é o entronca- coberta (Mahoney e Perales, 2003; Mahoney and Pe-
mento onde esta abordagem e as tradicionais tendem rales, 2005) e descobriu que and o estilo responsivo
a separar-se. de interacção tem resultados positivos também no de-
Trivette (2003) definiu este estilo responsivo de in- senvolvimento da linguagem (MacDonald, 1989; Ma-
teracção como envolvendo duas componentes: nolson et al, 1995). Num estudo a longo prazo, Siller e
Primeiro, o adulto responde apenas à produção Sigman (2002) descobriram que quanto mais as mais
de comportamentos da criança. Quer isto dizer que o das crianças com autismo se envolviam em interac-
adulto só responde depois que a criança faz um gesto ções responsivas, mais alto o nível de funcionamento
físico (acena, sorri, toca) um som vocal (um balbucio, a que as suas crianças obtiveram ao 1 ano, 11 e 12
uma palavra) ou uma acção (atira uma bola, apanha anos de idade. Mahoney, Boyce, Fewell and Whee-
um brinquedo, etc.). Mas está com a criança. den (1998) reportaram que num projecto de pesquisa
Segundo, a resposta do adulto a esta acção é sen- de intervenção precoce multi-situado e a larga esca-
sitiva, isto é, apropriada no seu nível de intensidade. la, (Programa de Saúde e desenvolvimento Infantil,
Uma resposta sensitiva é em que a intensidade cor- 1990), a responsividade maternal contou seis vezes
responde ao nível de desenvolvimento da criança e mais em varincia no desenvolvimento funcional de
também à sua disposição no momento. Por exemplo, crianças nascidas com baixo peso do que as crianças
se a criança está a chorar, o adulto poderá oferecer participantes num programa intensivo (25 horas por
uma canção que o acalma; se a criança está excitada semana) escolar de alta qualidade.
e às gargalhadas o adulto poderá oferecer umas voltas Investigar o ensino responsivo é especialmente
no ar! (Trivette, 2003). importante à luz das descobertas de que as mães de
Numa meta-análise de 13 estudos olhando para crianças atrasadas no desenvolvimento tendem a ser
os efeitos deste estilo de interacção, Trivette (2003) mais directivas (não responsivas) quando em interac-
conclui que “um prestador de cuidados com um esti- ção com os seus filhos (Spiker, et al., 2002).
lo responsivo de interacção influencia positivamente Lewis e Goldberg (1969) sugerem que este estilo
responsivo de interacção tem um efeito tão positivo nível na qual ela tem controle sobre o seu comporta-
no desenvolvimento da criança porque isso facilita mento e os seus efeitos no meio ambiente (MacDo-
os sentimentos de controle e auto-eficácia da crian- nald, 2004).
ça. Isto contribui para o sentimento de competência e Uma criança que habita num mundo perceptual
assim aumenta as hipóteses de a criança se envolver caótico, fragmentado e imprevisível, como descrito
em interacções subsequentes e situações de aprendi- anteriormente, que é também extremamente deficitá-
zagem. Mahoney and Perales (2003) propõem que ria na comunicação dos seus quereres e cujo sistema
um estilo responsivo de interacção aumenta compor- autonómico parece estar for a do controle, não tem
tamentos sociais talvez iguais aos comportamentos noção de estar em controle do mundo ou mesmo do
basilares de resposta que se tem visto aumentarem a seu corpo da maneira com que a criança típica faz
eficácia das intervenções de treino baseadas no “Dis- (Bluestone, 2004). Por isso a importância de criar um
crete trial” (ABA tradicional) (Koegel, Koegel, Sho- ambiente social que maximize o sentido de controle
san and McNerny, 1999). da criança está à vista.
Os Comportamentos Basilares de Resposta são “os O facto de que a criança com autismo não ter um
processos que a criança emprega para aprender e pra- sentimento de controle sobre o seu mundo pode ex-
ticar novos comportamentos plicar porque elas procuram
durante interacções espontâ- padrões––significado, previsi-
neas. Seguindo esta linha de bilidade e ordem num mundo
pensamento, parece possível caótico. Baron-Cohen (2004)
que pais que se envolvam em descobriu que o conteúdo dos
altos níveis de interacção res- rituais tópicos persistentes (de
ponsiva com as suas crianças crianças de alto funcionamen-
estão de facto a encorajá-las to autistas e asperger) não é
a aprender e usar comporta- aleatório mas sim que tende
mentos basilares de desen- a agrupar-se no domínio dos
volvimento, que são os tais sistemas (incluindo sistemas
processos que os irão habili- técnicos, naturais e abstrac-
tar a adquirir competências tos). Estes sistemas têm subja-
socio-emocionais não treina- centes regras e regularidades
das” (Mahoney and Percales, mais facilmente percebidas
2003, p. 84). Isto explicaria por mentes autistas (Baron-
porque estudos usando inter- Cohen,2004). O mundo social
venções focadas no uso des- não é um sistema organizado,
tes comportamentos basilares regulado por regras fixas, mas
de desenvolvimento mostram sim uma entrada de informa-
crianças aprendendo compe- ção sensorial fluida e sempre
tências que elas vão depois
O detalhe prevalece cambiante.
generalizar para outras situ- Se a criança autista há-de
ações. (Koegel, Koegel and sentir-se confortável no mun-
Carter, 1998; Kaiser, Carter, do social, então o mundo so-
Koegel, 2003). cial tem que primeiro ser tornado o mais controlável
O SRP emprega, exclusivamente, um estilo res- possível para encorajar a criança autista a participar.
ponsivo de interacção a que eles chamam de “dar o Isto é exactamente o que é feito pelo SRP. Então, quan-
controle”. No SRP, cada vez que a criança faz um do uma criança na sala de son-rise se desliga de uma
contacto social espontâneo, o adulto responde numa interacção social, o facilitador respeita isto e autori-
maneira “sensitiva”, como anteriormente descrito; za a criança a desligar-se, não continua a perseguir a
adicionalmente, quando a criança se desliga do con- interacção como recomendado em outras abordagens
tacto social, o adulto responde por respeitosamente baseadas na relação (Greenspan & Wieder, 1998) e
desligar-se também, esperando uma deixa social por espera que a criança se religue antes de continuar a
parte da criança antes de perseguir novas interac- construir interacção social.
ções. Quando consistentemente imersa num ambien-
Cada vez que isto acontece a criança aprende que te social desta natureza, o SRP propõe que esta vá
tem o controle sobre o seu ambiente social. Pesqui- aprender que tem um controle sobre o anteriormente
sa considerável mostra que a criança desenvolve ao imprevisível ambiente social. Isto põe a criança no
lugar do condutor e mostra-lhe que ele pode de facto tende a importância de ser responsivo e de dar o con-
obter eficazmente uma resposta do outro quando ele trole à criança. A arquitectura cognitiva por detrás de
o escolhe; este senso de controle forma uma funda- uma atitude responsiva de interacção ainda tem que
ção para a interacção reciproca (Dawson and Galpert, ser analisada na literatura e aponta uma nova avenida
1990). Koegel, Koegel and McNerney (2001) revêm de investigação crucial para o treino de pais para diri-
dados sugerindo que “quando a criança com autismo gir intervenções aquarteladas em casa.
está motivada para iniciar interacções sociais com- Esta importância de uma atitude positiva é empri-
plexas, isto pode reverter um ciclo de deficiência, camente suportada pelo trabalho de Gerald Mahoney
sendo os resultados da intervenção excepcionalmente e colleges usando a Escala de Avaliação do Comporta-
favoráveis.” (p.19). mento Maternal (EACM; Mahoney, 1992). A EACM
tem sido usado numa variedade de estudos para medir
2) Uma atitude positiva facilita uma conexão so- a ligação entre estilos de interacção dos pais e o de-
cial mais profunda senvolvimento dos seus filhos. Tem 12 itens medindo
De acordo com o SRP, o próximo factor vital em as quatro dimensões de estilo interactivo: responsi-
facilitar a emergência de um genuíno e espontâneo vidade, afecto, orientação para aquisição de objecti-
interesse no mundo social é o vos e directividade. O uso da
uso de uma ATITUDE POSI- EACM has been instrumental
TIVA em salientar a importância da
A atitude positiva é defini- responsividade do prestador
da pela aceitação completa da de cuidados no desenvolvi-
criança, agradecimento, apre- mento da criança.
ciação e desfrute da criança e a Estes estudos, adicional-
expressão animada destes sen- mente mostram que a dimen-
timentos. O SRP está só nesta são afecto está similarmente
asserção da importância critica correlacionada com aumen-
de uma atitude positiva. Há tos em variados resultados
duas razões fundamentais para de performance do desen-
este ênfase: volvimento. Na EACM, a
dimensão afecto é composta
a) Aceitação Promove a de 5 medidas:
Responsividade Aceitação, Desfrute, Ex-
O SRP sugere que apenas pressividade, Inventividade,
uma atitude de aceitação e e Calor
apreciação de uma criança po- Desfrutar Mahoney and Perales
derá deixar os pais manterem (2005) descobriram então
uma consistentemente um esti- a companhia da que tanto o afecto como a
lo responsivo de interacção. criança responsividade estão signi-
Aceitação é definida como ficativamente relacionados
não-julgamento isto é, não eti- com o aumento dos níveis de
quetar a criança ou a sua con- desenvolvimento de lingua-
dição com juizos de valor (bom-mau, certo-errado, gem, competência social, atenção conjunta e auto-
bem-mal, etc.). regulação. Kim and Mahoney (2004) encontraram
O SRP não vê este tipo de aceitação como simples ainda que a responsividade maternal e o afecto estão
resignação à condição da criança mas como o primei- significativamente correlacionados com o nível de en-
ro passo para o desenvolvimento dela. volvimento, com a responsividade maternal contando
Profissionais que ensinam o SRP observam con- para 33% da varincia e o afecto 30% da varincia. Esta
sistentemente que quando falta aceitação aos pais (tal pesquisa ainda precisa de réplica com maiores e mais
como nós aqui a definimos), eles em vez disso ca- diversas amostras; no entanto, a direcção emergente
talogam a criança como “ERRADA” de alguma ma- deste novo campo de pesquisa está em linha com as
neira. (“precisa de arranjo”, “anormal”, “defeituosa”, observações do SRP - uma atitude positiva vai de
etc.). O SRP sustenta que um pai com esta perspectiva mãos dadas com a responsividade em facilitar o de-
achará muito difícil ser responsivo, isto é, não ser senvolvimento de crianças com dificuldades de de-
directivo, não “ensinar” alguma coisa à sua criança, senvolvimento.
mesmo quando o pai (ou a mãe) cognitivamente en-
trocas afectivas mútuas que
tanto a criança como o adul-
to acham compensadoras
(Mundy et al., 1992). Este
processo dispersa-se no au-
tismo por duas razões que
interagem para criar um ci-
clo de feedback negativo:
Primeiro, a criança com
autismo envolve-se menos
frequentemente em atenção
conjunta e por períodos mais
curtos de tempo que a crian-
ça típica (Dawson et al.,
2004), tendo por isso menos
oportunidades de experiên-
cia o afecto positivo associa-
do com este envolvimento
social.
Dawson and Lewy (1989)
sugerem que tal acontece
porque a interacção social
carregada de afecto pode
Contacto ocular ser sobre-estimulante para a
criança autista devido à sua
imprevisibilidade e natureza
b) A Apreciação Encoraja o Envolvimento complexa desses estímulos.
O outro factor chave para uma atitude positiva no Segundo, parece que as crianças autistas têm me-
SRP é uma genuína apreciação e desfrute da compa- nos tendência a demonstrar afecto quando envolvidas
nhia da criança; isto constrói a fundação da aceita- em atenção conjunta. (e.g. sorrir enquanto faz contac-
ção. to ocular) (Kasari et al., 1999) e têm menos probabili-
O SRP advoga o uso de expressões animadas de dade de sorrir em resposta ao sorriso da mãe (Dawson
apreciação, divertimento e delícia pela companhia da et al., 1990). O resultado é que as mães de crianças
criança. O SRP propões que isto irá encorajar uma autistas acabam por responder menos aos sorrisos das
maior frequência de orientação social, períodos ex- suas crianças autistas do que as outras mães (Daw-
tensos de atenção conjunta e aumentar o afecto e mo- son et al, 2004), provavelmente porque os sorrisos da
tivação da criança numa interacção social. Isto, é su- criança não foram vistos como comunicativos pois
gerido, leva a mais e maiores períodos de interacção não foram acompanhados por contacto ocular. Então,
social que resultam em que a criança aprenda mais desde tenra idade crianças com autismo que parecem
comportamentos e competências. não experienciar a delícia e alegria que as crianças
Crianças neurotipicas que naturalmente se orien- típicas experimentam desde o nascimento que as mo-
tam para o estimulo social e se envolvem em atenção tiva para continuar a seguir em direcção a conexões
conjunta com adultos experimentam as manifestações mais e mais profundas com as outras pessoas. Quando
de afecto que tipicamente acompanham esses momen- há uma ruptura neste processo em crianças que de ou-
tos de atenção conjunta (Kasari et al., 1990). A expe- tra forma seriam típicas, por exemplo, quando a mãe
riência afectiva partilhada tem mesmo o propósito de sofre de depressão pós-parto e não se envolve tanto
motivar a criança típica a atender e a envolver-se em nestas trocas afectivas pode haver sérios efeitos para
atenção conjunta com adultos (Dawson et al., 2004; o desenvolvimento da criança (Goldsmith and Rogo-
Trevarthan and Aitken, 2001). Extas experiências ff, 1997).
então facilitam a evolução da criança para um perito A implicação para o tratamento que esta investiga-
social conforme ela atende a mais e mais iniciações ção traz à luz é clara: fazer regredir este desequilibrio
de adultos e é capaz de se manter envolvida nestas - ligar a atenção conjunta ao afecto positivo e motivar
interacções por mais e mais tempo. a criança a mover-se para momentos mais frequentes
O desenvolvimento típico revolve em volta de e longos de atenção conjunta da maneira que a criança
típica o faz. Isto é o que o SRP afirma fazer . activamente envolvidas em programas caseiros de
Sempre que uma criança numa sala se son-rise faz Son-rise são necessários para a investigação mais de-
contacto social (contacto ocular, tentativas de lingua- talhada destas observações.
gem, comunicação física ), ele é saudado com uma O SRP afirma (assim como o fazem outros pro-
celebração: uma demonstração visual e auditória de gramas caseiros , e.g. Lovaas, 1973) que esta apro-
afecto positivo e expressão de alegria e delícia por ximação deve ser intensivamente e consistentemente
parte do adulto pela iniciação de atenção conjunta da aplicada ao longo do tempo para máxima eficácia.
criança. Esta demonstração é afinada com as necessi- Uma sessão de 30 minutos duas vezes por semana
dades sensoriais particulares da criança para manter a não refreará um cérebro que há anos se desviou do
sua função como motivador e não deixar que se torne mundo social. Crianças no SRP tipicamente passam
sobre-estimulante (desagradável). 15 a 50 horas semanais no play-room sendo respondi-
Como já vimos a dimensão afecto da EACM das desta maneira. Facilitadores e pais são treinados
(Mahoney, 1992) tem cinco itens, quatro dos quais– para ser excepcionalmente observadores e atentos à
–aceitação, desfrute, expressividade e calor–– envol-
vem directamente, animadamente expressar afecto e
atitude positiva com a criança. É esta dimensão (a par
com a responsividade) que tem estado ligada de perto
à promoção do envolvimento da criança a nível cog-
nitivo e de linguagem.
O quinto item do EACM é a inventividade––o nu-
mero de diferentes abordagens que o adulto utiliza, a
sua habilidade para encontrar diferentes jogos e acti-
vidades que interessem a criança, diferentes manei-
ras de usar os brinquedos e inventar jogos com e sem
brinquedos.
Isto é também parte importante do SRP. Uma vez
que a criança está envolvida em interacção social a
intenção do adulto é, então, manter essa interacção
pelo maior tempo permitido pela criança. A expressão
de afecto positivo é uma das maneiras como aqueles
treinados em SRP mantêm interacções; a segunda é a
inventividade, a criatividade. Décadas de treinamen-
to de pessoas para o uso do SRP leva os seus trei-
nadores a frisar que uma atitude positiva eleva a ca-
pacidade criativa como descrito na EACM. A lógica
é que quando alguém se está a divertir muito numa
interacção, está mais inclinado a pensar em maneiras Comportamentos repetitivos
de a prolongar. De contrário, se não se está a divertir,
tende a pensar em maneiras de a terminar. Mais uma e actividades exclusivas
vez, a arquitectura cognitiva por detrás da “inventivi-
dade” garante investigação empírica como uma ave- criança para maximizar o número de orientações so-
nida para aumentar a eficácia do treinamento parental ciais espontâneas que são respondidas desta forma.
e profissional. 3) Juntar-se a Comportamentos Repetitivos e Ex-
O SRP sugere que os princípios de tomar uma abor- clusivos Promove a Interacção Social
dagem centrada na criança e ter uma atitude positiva, Este núcleo principal do SRP distende os princípios
quando usado em ambiente optimizado, tem um efei- de centragem na criança e responsividade e toma-os
to de encorajar crianças com autismo e mesmo com de uma posição radicalmente diferente da de qualquer
outros atrasos do desenvolvimento a entrar mais na abordagem terapeutas conhecida por este autor. Um
interacção social. O que tem o efeito de ajudar estas sintoma comportamental chave ainda não abordado
crianças a estarem mais motivadas para iniciar essa por este artigo é o envolvimento em actividades ou
interacção e a tornar-se mais fortes nas competências movimentos repetitivos estereotipados. Tradicional-
base de desenvolvimento que pavimentam o caminho mente, a aproximação a estes comportamentos tem
para a aprendizagem de novas competências e infor- sido de tentar eliminá-los, a razão por detrás disto
mação. Estudos longitudinais envolvendo crianças sendo: Quanto mais normal a criança parece mais ela
Sistema nervoso autónomo
será aceite pelos pares e assim é aumentada a probabi- to que as RCE das crianças típicas voltaram a níveis
lidade de uma experiência social bem sucedida. Esta normais com o decorrer da experiência. Isto levanta a
perspectiva, no entanto, parece ter negado tentativas hipótese de que as crianças com autismo não são ca-
de entender a função destes comportamentos e este pazes de fazer descer os seus níveis de RCE uma vez
aspecto do autismo tem recebido muito menos es- que eles começam a subir.
crutínio científico que qualquer outro (Turner, 1999). Tentativas de interacção exacerbaram os níveis de
Esta perspectiva vai contra o principio fundamental RCE . Os pesquisadores descobriram, contudo, que
de aceitação e desfrute da companhia da criança que as crianças autistas conseguiam baixar os seus níveis
tem sido provado ser tão frutífero. de RCE ao pôr a sua mão num recipiente cheio de
A pesquisa realmente existente no domínio dos feijões secos. Similarmente, chupar rebuçados, ser
movimentos repetitivos e estereotipados sugere que embrulhados num cobertor pesado e receber pressão
estes comportamentos repetitivos são benéficos para (táctil), ajudou-as a baixar os seus níveis de RCE.
a criança e não são de facto sub-produtos da desordem Também descobriram que uma parte das crianças au-
sem qualquer função (tal como sugerido, e.g. Lewis et tistas era caracterizada por um nível estabilizadssimo
al., 1987). A repetição é uma parte natural do desen- de RCE, apenas passível de ser aumentado através de
volvimento de qualquer criança; Piaget (1952) notou comportamentos extremos. (e.g. auto-agressão, trepar
que crianças de desenvolvimento típico hão de repetir a locais muito altos etc.).
actividades que afectam o ambiente de maneiras que Adicionalmente, Herstein et al (2001) descobri-
inspiram o seu interesse. Thelen (1979) descobriu que ram que a interrupção destas actividades auto esti-
crianças de desenvolvimento típico mostram uma va- mulatórias e calmantes por outras pessoas “produzia
riedade de comportamentos rítmicos e estereotipados, frequentemente respostas extremamente grandes com
cada qual característica de uma idade própria de ini- comportamento agitado como consequência imedia-
cio, estabelecimento e declínio. Estes comportamen- ta” (p. 1885). Eles continuam para sugerir que “ a re-
tos parecem marcar fases inconfundíveis nos estágios sistência à mudança que se denota numa criança au-
do desenvolvimento neuromuscular. As crianças pa- tista pode ser causada, ou exacerbada, por explosões
recem mover-se através destes comportamentos até de actividade do sistema nervoso simpático, a qual a
ganharem uma mestria sobre os seus músculos e pre- criança activamente tenta evitar ou serenar” (Herstein
sumivelmente até conseguirem prever os efeitos dos et al., 2001, p.1886).
seus movimentos no ambiente. Herstein et al (2001)sugerem que o sistema ner-
Militerni et al (2002) olhou para este comporta- voso autónomo da criança autista está em constante
mentos repetitivos em dois grupos etários de crianças alerta; cada estimulo que entra é catalogado como re-
com autismo. Eles observaram que as crianças mais levante e assim, a criança actua no sentido de desligar
jovens (2-4 anos) exibiam comportamentos repeti- o sistema (contráriamente, no subgrupo de crianças
tivos motores e sensoriais enquanto que as crianças com baixa actividade autonómica, parece que nada
mais velhas (7-11) tinham comportamentos repetiti- é catalogado como relevante e os comportamentos
vos mais complexos. De forma semelhante, crianças extremos são invocados para produzir a sensação de
com QI mais alto demonstraram os comportamentos relevância)
repetitivos mais complexos. Militerni et al (2002) su- Isto é consistente com a pesquisa às deficiências
gerem que estes comportamentos repetitivos podem da filtragem da percepção dos autistas citadas acima.
ser o equivalente aos comportamentos cognitivos e Foi sugerido que o sistema amigdala-limbico pode
motores observados no desenvolvimento típico. Des- estar envolvido, ao ser tipicamente o responsável por
necessário é dizer, nas crianças com autismo e desor- integrar um sentido de valor ao estímulo perceptual
dens relacionadas, estes comportamentos são muito entrante e é considerado anormal no autista (Schultz,
mais pronunciados, mais intensos e tomam mais a 2005; Critchley et al., 2000;
atenção da criança. Pelphrey et al., 2004; Akshoomoff et al, 2002; Ba-
Herstein et al (2001) sugerem que crianças autis- ron-Cohen et al, 2000).
tas possam empregar os comportamentos repetitivos Este trabalho indica que os comportamentos repe-
numa tentativa de controlar um sistema autonómico titivos, auto-estimulantes dos autistas não são aleató-
que não é capaz de se governar a si próprio. Herstein rios nem desprovidos de funcionalidade, na verdade
et al (2001) mediram a resposta de condutividade - ajudam o indivíduo a regular o seu sistema nervoso
eléctrica (RCE) da pele em crianças típicas e autistas autónomo numa procura incessante de obter a home-
numa variedade de situações. Eles descobriram que ostase (A habilidade ou tendência de um organismo
as RCE na criança com autismo começaram a subir ou célula para manter o equilíbrio interno pelo ajuste
no início da experiência e assim continuaram enquan- dos seus processos fisiológicos) (Nijhof et al., 1998).
Relatos autobiográficos por parte de adultos autis- sobre as estereotipias Ao invés de ver estes comporta-
tas mais uma vez suportam esta ideia de que as es- mentos como algo que afasta a criança do convívio e
tereotipias servem para acalmar e sarar (Bluestone, aceitação social e por isso a ser eliminadas, esta nova
2004). perspectiva vê-as como úteis para a criança - algo
Judith Bluestone liga estas acções à própria medi- com o qual trabalhar em vez de lutar.
tação - desligar partes do corpo por focar-se intensa- O SRP vê estes comportamentos repetitivos como
mente numa coisa - e aponta que a meditação é aceite FUNCIONAIS e como uma avenida em direcção à
há mais de 30 anos pela medicina ocidental como uma construção de uma identificação mútua que será a
das melhores formas de reduzir o stress e aumentar a base de interacções sociais mais expansivas.
organização mental (Bluestone, 2004). Em vez de tentar eliminar os comportamentos re-
Willemsen-Swinkels et al (1998) descobriram petitivos do repertório da criança autista para tornar
que as crianças autistas negativamente excitadas de- a criança mais socialmente aceitável o facilitador de
notavam um ritmo cardíaco mais lento depois de se Son-rise começa por uma aceitação prévia da criança–
engajarem numa actividade repetitiva. Herstein et al –uma profunda, genuína apreciação por essa criança e
(2001) predizem que se estas crianças são proibidas a conservação da noção de que os seus comportamen-
tos são tentativas desta de se auto-cuidar.
Esta atitude permite que o facilitador de Son-rise:

a) Não tente parar a criança quando esta se envolve


em comportamentos repetitivos e auto-estimulatórios
mas esperar que a criança espontaneamente se motive
para a interacção social, e
b) Fisicamente demonstrar a sua aceitação ao jun-
tar-se na actividade repetitiva. Isto, sugere o SRP, é
uma maneira mais poderosa de comunicar à criança
que ela é aceite e apreciada do que uma comunicação
meramente verbal e, de demonstrar à criança que ela
tem o controle sobre a interacção.
Isto é uma separação radical das terapias mais tra-
dicionais ao Autismo mas tem mostrado ser capaz
de efectivamente ajudar as crianças com autismo a
envolver-se mais em interacção social e, paradoxal-
mente, passar menos e menos tempo em actividades
repetitivas e exclusivas.
Numerosos estudos têm descoberto que a brinca-
deira imitativa facilita a resposta social no autista;
isto é, juntar-se nos seus comportamentos auto-es-
timulatórios encoraja a criança a engajar-se mais na
Imitá-lo nos seus jogos interacção social.
exclusivos Dawson and Adams (1984) descobriram que au-
tistas que tinham níveis baixos de imitação, passaram
a mostrar mais resposta social, maior contacto ocular
de se engajarem nestas actividades repetitivas, é de e a brincar com brinquedos de uma maneira menos
esperar ver acontecer nelas sinais de actividade sim- persistente quando o experimentador imitou a criança
pática crónicamente alta. As consequência bioquími- em vez de modelar outras acções familiares ou não
cas disto é um elevado nível de adrenalina e de cor- familiares. Um estudo semelhante mostrou que o au-
tisol. Estas hormonas interferem com a habilidade de tista olhava mais vezes para o experimentador e por
se concentrar e lembrar e aumentam a vulnerabilidade períodos mais longos quando este imitava a sua brin-
a viroses, super-reactividade a medicamentos, e sen- cadeira (Tiegerman and Primavera, 1984). Dawson
sibilidade excessiva a certos alimentos ou aditivos and Galpert (1990) levaram esta linha de investigação
alimentares (Bluestone, 2004), tudo sintomas vulgar- ainda mais longe. Pediram às mães para imitar os seus
mente observados nas crianças com autismo. filhos por 20 minutos por dia por duas semanas. Na
De um ponto de vista terapeutico, esta pesquisa medição da pré-intervenção, como predito na anterior
aponta para a necessidade de uma nova perspectiva investigação, descobriram que o olhar das crianças
autistas para as suas mamãs era mais longo, a sua lógico, cognitivo, social e emocional do bebé. (ver
brincadeira com brinquedos mais criativa, durante as Trevarthen and Aitken, 2001). Estudos com crianças
sessões de brincadeira imitativa em comparação com típicas (Rollins and Snow, 1998) e autistas (Mundy
sessões de brincadeira livre. Após apenas duas sema- et al., 1990; Rollins, 1999) sugerem que o envolvi-
nas desta intervenção (20 minutos por dia) a medição mento emocional e atenção conjunta são mais críticos
de pós intervenção encontrou aumentos cumulativos para o desenvolvimento da linguagem do que o uso
significativos na duração do olhar da criança para o instrumental da própria linguagem. Envolvimento
rosto da sua mãe e da brincadeira criativa com brin- emocional e atenção conjunta são aumentados pela
quedos. brincadeira imitativa. Trevarthen & Aitken dizem,
Pais de crianças que usam o SPR são instruidos a “Observa-se que as respostas imitativas são atracti-
envolver-se em brincadeira imitatita (juntar-se) sem- vas para a criança autista e podem actuar como pon-
pre que a criança está a brincar de uma forma repeti- te para a brincadeira colaborativa ou comunicação e,
tiva ou exclusiva. Outra experiência em imitação da melhorar o acesso da criança à linguagem (Dawson
criança autista dividiu as crianças em dois grupos: & Galpert, 1990; Nadel, 1992; Nadel and Peze, 1993;
um grupo passava o seu tempo com um adulto que Tiegerman & Primavera, 1982, 1984)”.
os imitava; os membros do outro grupo passavam (Trevarthen & Aitken, 2001, p.32). Siegel (2001)
o tempo com um adulto que apenas tentava brincar diz simplesmente que “As crianças precisam destas
com eles em 3 ocasiões distintas. Na segunda sessão experiência de junção porque ela providenciam o ali-
as crianças do grupo da imitação passaram uma maior mento emocional que a mente em desenvolvimento
proporção do tempo mostrando comportamentos so- precisa” (p.78).
ciais distantes - olhar, vocalizar, sorrir entrando em Estudos com adultos típicos indicam que este uso
brincadeira reciproca - para com o adulto e na terceira intuitivo da imitação continua na idade adulta, man-
sessão passaram grande proporção do tempo exibindo tendo a sua função de construir a identificação entre
comportamentos sociais próximos
para com o adulto - estando per-
to do adulto, sentado-se ao pé do
adulto, e tocando o adulto. (Field et
al, 2001).
Estes resultados de que a brin-
cadeira imitativa promove a aten-
ção conjunta e a resposta social,
não devem ser surpreendentes para
aqueles que estudam o desenvolvi-
mento das crianças típicas. Pais de
crianças típicas usualmente imitam
as suas expressões faciais, frequen-
temente de modo exagerado (Ma-
latesta and Izard, 1984; Papousek
and Papousek, 1977; Trevarthen A mímica é uma parte importante ainda
and Aitken, 2001). De facto, tem na vida adulta
sido observado que crianças de 3 a
5 meses preferem a interacção com
adultos que já lhes foram responsivos no passado e duas pessoas. Chartrand and Bargh (1999) descobri-
evitam a interacção com aqueles que foram não-res- ram que os participantes mimados (de mímica), não
ponsivos ou cuja resposta não foi congruente com a verbalmente, por um confererado, reportaram terem
criança (Bigelow and Birch, 1999). gostado mais desse confederado do que daquele que
Esta imitação forma a base da comunicação e do não os mimou.
futuro crescimento por promover um sentido de mu- Os que foram mimados também descreveram a in-
tualidade partilhada e uma experiência de congruên- teracção como mais suave e harmoniosa. De forma
cia pelos dois parceiros que é mutuamente motivante semelhante, Bernieri (1988) encontrou grande relação
(Nadel et al., 1999; Uzgiris, 1981; Panksepp et al., entre a identificação reportada e o grau de sincronia
1994). Este normal conjugação de imitação não ver- dos movimentos. Quando observavam a mímica in-
bal entre mãe e criança está vastamente documenta- consciente, Larkin and Chartrand (2003) descobriram
da como sendo essencial para o crescimento neuro- que em situações em que os participantes tinham um
desejo consciente e inconsciente em criar afinidade do jogos e estratégias interactivas mais sofisticadas”
com o seu parceiro experimental tinham mais proba- (p. 161). Isto é exactamente como o jogo imitativo
bilidade de mimar a pessoa não verbalmente do que (juntar-se) é usado no SRP. As crianças são imitadas
quando não tinha nenhum desejo de afinidade com ou “juntadas” enquanto fazem as suas brincadeira au-
essa pessoa. Afigura-se assim que a mímica pode to-estimulatórias e exclusivas porque o SRP reconhe-
construir uma relação de identificação entre adultos. ce a natureza curativa, calmante e organizativa desta
Tem sido sugerido que este comportamento evoluiu brincadeira auto-estimulatória. Através de juntar-se
de um valor de sobrevivência inicial (aprender no- à criança é criada identificação e uma ponte social é
vas competências) para uma forma de cola social que criada. Uma relação de confiança é criada enquanto
agrega relações e permite o acesso a um grupo parti- a criança aprende que está em controle da interacção
cular. e pode iniciar e terminá-la à sua vontade, sem neces-
A imitação ajuda a construir identificação entre sidade de linguagem. Acontece seguidamente que
adultos típicos, bebés e crian- a criança começará a iniciar o contacto social mais
ças típicas e seus cuida- frequentemente quando imersa neste ambiente. Isto
dores e entre adultos abrirá oportunidades crescentes para a construção
e crianças autistas. sobre esta conexão numa maneira motivante para
Dawson and Galpert a criança (como acima descrito e assim au-
(1990) postulam que mentar a frequência e duração da atenção
a brincadeira imitativa conjunta que leva ao desenvolvimento
funciona tão bem para neurológico, cognitivo, social e
crianças autistas por- emocional da criança. Aná-
que põem a criança em lises observativas dos
controle (um dos princípios pais e facilitado-
fundamentais do SRP. Isto dá à res de SRP tra-
criança uma previsível e saliente balhando com
resposta às suas acções. Esta estraté- crianças au-
gia maximiza a possibilidade da criança
Dê-lhe o comando. tistas são ne-
aprender a esperar e efectivamente obter Não o da televisão.... cessárias para
a resposta de outra pessoa, desta maneira o entendimen-
providenciando a fundação para a interacção to completo das
social reciproca (Dawson and Galpert, 1990, subtis variáveis
p.152). Adicionalmente, a brincadeira imitativa envolvidas neste tipo
é sensível ao alcance de estimulação sensorial óp- de interacção.
timo da criança; a criança pode ajustar a quantidade A técnica de juntar-se
de estimulo sensorial que recebe ajustando as suas constrói sobre o princípio de ser
próprias acções, criando uma fácil, controlável e pre- RESPONSIVO. Na definição de Tri-
visível forma de interacção social que é mais digerí- vette (2003) do estilo responsivo de interacção, uma
vel pela criança autista. resposta apropriada é aquela que corresponde ao nível
Field (1977, 1979, cited in Dawson and Galpert, de desenvolvimento da criança e seu estado de espí-
1990) estudou os efeitos da imitação maternal com rito no momento. O SRP adiciona mais um requisito
bebés prematuros que mostravam altos níveis de aver- - de que o adulto responda de forma sensível ao nível
são ao olhar, afecto negativo e elevado ritmo cardíaco de exclusividade da criança, sendo a exclusividade o
tónico. a medida da motivação da criança para a interacção
Quando as mães imitaram o seu comportamento, social.
os bebés tornaram-se mais atentos do que quando as O SRP mantém que todas as crianças, independen-
mães espontaneamente interagiram com os seus be- temente do diagnóstico, têm a capacidade de se mover
bés. Descidas nos ritmos cardíacos tónicos foram re- ao longo do continuum exclusividade-interacção. Na
gistadas durante a brincadeira imitativa. Aplicar esta ponta da exclusividade deste continuum a criança não
pesquisa examinando medidas fisiológicas durante a está motivada e está absorvida no seu universo; este
brincadeira imitativa é algo que ainda está por fazer. estado é usualmente acompanhado por actividades
Dawson and Galpert (1990) concluem que “a brin- e comportamentos repetitivos ou atopicos persisten-
cadeira imitativa pode ser usada para providenciar tes. No outro extremo do continuum, da interacção,
uma base para o estabelecimento de interesse social a criança está motivada para a interacção com outra
e jogo interactivo. Nesta base pode-se construir usan- pessoa e mostra interesse em manter atenção conjun-
ta, demonstrando afecto positivo e participando numa do desenvolvimento, como documentado nos estudos
interactiva e fluida actividade ou conversa. Observan- de caso pelos fundadores (Kaufman, 1981; 1994). No
do o nível de motivação para a interacção, ou grau de conhecimento deste autor, não existe até à data pes-
exclusividade é o passo vital no SRP para a resposta quisa investigando a eficácia de mudar o nosso estilo
de forma a facilitar: de interacção, de directivo para responsivo, ou uma
investigação empírica do conceito de continuum in-
a) a máxima quantidade de responsividade da teractividade-exclusividade. Isto é uma falha na lite-
criança ratura que demanda atenção e poderia criar um maior
b) o máximo grau de novas aprendizagens. entendimento das crianças com autismo e a mais efi-
Quando a criança está exclusiva (não motivada caz maneira de facilitar a interacção social com esta
para a interacção social), o SRP sustenta que a respos- população.
ta mais adequada é juntar-se no comportamento da
criança. Este tipo de resposta permite à criança usar
as suas actividades repetitivas para ganhar controle
sobre o seu sistema nervoso autónomo e facilita mais
O Modelo
orientação social espontânea da criança. de Desenvolvimento
Com o aumento do nível de motivação para a in- Son-Rise Program
teracção social, ela começará a orientar-se mais para
o adulto (fazendo contacto ocular, tentando comu-
nicações verbais e não verbais ou fazendo contacto U m legado de informação abarcando meio século
pinta uma clara imagem da desordem delineada
físico). O facilitador treinado de SRP começará a res- em primeiro lugar por Kanner em 1943. Isto ajudou-
ponder a estes comportamentos na maneira descrita nos a ganhar uma compreensão mais profunda da fi-
por Trivette (2003)––oferecendo uma actividade que siologia, neurologia e psicologia cognitiva dos indiví-
ele ache que a criança vai apreciar. Com o aumento duos com autismo e permite-nos ver algumas claros
da motivação pela interacção social da criança a dura- implicações para o tratamento. O SRP desenvolveu-
ção e frequência das orientações sociais espontâneas se, ao longo dos últimos 30 anos, por uma rota dife-
também aumentará, bem como as suas demonstrações rente- o desejo de dois pais de chegar à sua criança
de afecto positivo. Uma vez que a criança chegue a autista. Através da sua experimentação intensiva, ob-
um nível de motivação para a interacção social ca- servação e do desejo profundo de conectar-se com o
racterizado por frequente ou sustentado contacto ocu- seu filho, eles desenvolveram uma abordagem tera-
lar, tentativas de afecto positivo e tentativas verbais peutas que, agora pode ver-se, é suportada pelos mais
para reíniciar a actividade, o facilitador SRP treinado recentes tratados científicos.
mover-se-á para um estilo de interacção que combine Estas duas vias para a mesma solução, essencial-
responsividade à criança e a manutenção do nível de mente, têm continuado separadas porque o SRP não
motivação, e requisitando à criança que participe de tem sido sujeito a estudos rigorosos por investigadores
novas maneiras (e.g., usar maior quantidade ou mais independentes até há muito recentemente. O trabalho
clareza de linguagem, usar mais contacto ocular, ser actual mostra que os princípios do SRP estão soli-
mais flexível, usar competências académicas ou de damente enraízados em teorias aceites de desenvol-
amizade, etc.) vimento infantil e suportados por estudos empíricos
(Hogan and Hogan, 2004) fornece orientações in- (Verificável ou comprovável por meio de observação
dicando qual a competência a focar dependendo do ní- ou experimentação) de cada principio individual que
vel de desenvolvimento da criança. Uma vez a criança o compõe, embora nenhum estudo ainda tenha tido
motivada para a interacção social e para a particular como objecto o SRP no seu todo.
actividade em oferta, ela fará tentativas na nova com-
petência em ordem a manter a interacção. Quando o
nível de motivação da criança muda, o facilitador será Conclusão
responsivo a isto, observará onde a criança se situa no
continuum interacção-exclusividade e responderá de
acordo. O próprio numero de famílias que escolheu até à
data usar o SRP (mais de 8000) é testemunha do
É através desta subtil dança entre manter um esti- facto que os pais andam à procura de algo diferente
lo responsivo interactivo, dar controle, e entusiasma- do que é oferecido pelas abordagens tradicionais ao
damente requisitar o uso de uma nova competência autismo. Abordagens como o SRP assim garantem
que o SRP afirma ser capaz de facilitar extraordinário mais investigação empírica.
desenvolvimento em crianças com severas desordens O SRP é dirigido aos pais, isto é, os pais são em-
poderados para agir como facilitadores e gestores do normalizadas definidas como consistindo de sessões
seu programa feito em casa. Aos olhos do SRP, treinar de ensino indirecto de estrutura relaxada, ensinando
pais para implementar a terapia com a sua criança é com situações quotidianas, iniciação (da comunica-
mais eficaz do que apoiar-se apenas em escolas ou ção) por parte da criança, recompensas (reforços)
profissionais especializados para essa implementação naturais e critério liberal para apresentação dos refor-
porque, como discutido acima, a intensidade da abor- ços. Em todos os oito estudos com crianças autistas,
dagem é essencial. Um pai treinado no SRP é capaz este método de treino de linguagem foi considerado
de implementar os princípios e técnicas dentro e fora mais eficaz do que o discrete trial training*, Kaiser e
do playroom (sala son-rise), intensificando a imersão Hancock (2003), similarmente, verificaram que ensi-
da criança num ambiente RESPONSIVO, AMPLIA- nar pais a implementar estratégias de intervenção de
DOR DA SOCIABILIDADE. De novo, a literatura linguagem naturalistas em casa pode ser altamente efi-
suporta a eficácia dos programas sediados em casa. caz. Ainda mais, nos dois estudos na revisão de Del-
Um estudo acessando a eficácia relativa de programas prato (2001) dirigida ao afecto parental, o tratamento
comportamentais (estilo ABA) com crianças autistas normalizado rendeu mais afecto positivo do que o
comparou programas de internato, externato e sedia- discrete trial training. Num estudo de famílias usan-
dos em casa. Eles descobriram que apenas o grupo do o SRP nas suas casas, Williams (2004) verificou
sediado em casa mostrou melhoras significativas nas que as famílias se sentiam globalmente mais positivas
medidas de observação comportamental. (Sherman, desde que implemetavam o SRP e reportavam que a
Baker, Lorimer, Swinson and Factor, 1987). Outro interacção entre toda a família também melhorou.
estudo comparou crianças recebendo terapia de mu- A literatura corrente suporta uma intervenção
dança comportamental em casa com outras receben- para crianças com autismo que enfatiza um ambien-
do-a na escola e em breves intervenções 1 para 1. As te físico especialmente desenhado, com um foco em
crianças recebendo os tratamentos em casa tiveram melhorar as relações sociais, ter uma atitude positiva
Quocientes de Inteligência pós-intervenção (o QI é a e juntar-se à criança nos seus comportamentos repeti-
característica mais salientada pelas terapias compor- tivos. O SRP foca-se precisamente nestes princípios.
tamentais) significativamente mais altos do que as
suas contrapartes escolares; reduções significativas *Discrete trial training é conduzido usando ron-
na severidade dos sintomas também foram verifica- das intensivas de materias seleccionadas. Um com-
das. (Sheinkopf and Siegel, 1998). portamento específico é pedido e guiado e as crian-
Pesquisa mais recente tem-se direccionado para ças recebem uma recompensa pela resposta correcta.
modificar o convencional formato discrete-trial* das Inicialmente, reforços básicos com doces, gasosa, ou
abordagens comportamentais tradicionais para torná- outros comestíveis são utilizados. Isto funciona me-
las mais adaptáveis ao ambiente doméstico e assim lhor se a criança não receber doces em nenhuma ou-
mais em linha com a natureza responsiva do SRP. tra ocasião do dia. Procedimentos de moldagem são
Delprato (2001) reviu oito estudos dirigidos às in- usados para ensinar as crianças a responder a outros
tervenções de linguagem de cariz comportamentais tipos de reforço como o elogio ou os descansos.

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