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Outros títulos de interesse: Entre 1992 e 2012, decorreu o processo de privatização da Petrogal/Galp
Os Petróleos David Castaño, investigador do
Instituto Português de Relações
em Portugal
Das Constituições Energia.Tive o privilégio de presidir a essas instituições durante 14 desses
Internacionais da Universidade Nova
dos Regimes Nacionalistas anos e tenho o dever de conhecer bem o mesmo processo, incluindo de Lisboa.
conteúdos e eventos não publicados. Em 2014, desafiei o Prof. Pedro
Os Petróleos em Portugal
do Entre-Guerras
Pedro Velez Lains a conceber e coordenar um projeto de investigação sobre o tema. Ana Mónica Fonseca,
Tinha consciência de que era uma tarefa difícil. O presente livro é o fruto investigadora e professora convidada
O Partido Republicano
Nacionalista, 1923-1935
da competência e da perseverança dos seus autores e representa um
excelente ponto de partida para se perceber o que se fez de bem e
Do Estado do Centro de Estudos de
Internacionais e do Departamento
de História do ISCTE-Instituto
Manuel Baiôa
quem o fez; assim como identificar o que se poderia ter feito melhor, ou
muito melhor, e porque é que tal não aconteceu. Apesar das limitações
à Privatização Universitário de Lisboa.
A Vaga Corporativa
Corporativismo e Ditaduras impostas pela dificuldade de acesso a toda a informação inerente a um 1937-2012 Pedro Lains, investigador do
Instituto de Ciências Sociais da
na Europa e na América Latina projeto desta natureza, a obra é de leitura obrigatória para os Universidade de Lisboa e professor
António Costa Pinto profissionais e investigadores que se interessam pela história das
Francisco Palomanes Martinho
privatizações em Portugal e, em particular, pela história do setor
David Castaño convidado da Católica-Lisbon School
of Business and Economics.
(organizadores)
petrolífero nacional. Ana Mónica Fonseca Daniel Marcos, investigador e
Sem Fronteiras
Os Novos Horizontes
Manuel Ferreira de Oliveira, PetroAtlantic Energy Corporation, S.A.
Pedro Lains professor convidado do Instituto
Português de Relações Internacionais
da Economia Portuguesa Este livro condensa o que de melhor a história económica e empresarial
pode oferecer para o conhecimento da GALP. Nele se conjuga a rigorosa
Daniel Marcos e da Faculdade de Ciências Sociais e
Pedro Lains Humanas da Universidade Nova de
(organizador) análise da informação e uma profundidade temporal que se projecta para Lisboa.
além do horizonte estrito do início da privatização. Acresce a riqueza da
trama explicativa, que integra a evolução da GALP nos ritmos das
vicissitudes políticas, das fricções pelo controlo accionista e da
recomposição do mercado europeu de energia.
Álvaro Ferreira da Silva, Nova School of Business and Economics
A presente obra fornece-nos um excelente contributo para um
conhecimento mais aprofundado da história e dinâmica empresarial dos
petróleos e do gás em Portugal ao longo do século XX e inícios do
século XXI bem como da sua contextualização, no âmbito da história
política e económica do respetivo período.
José Amado Mendes, Universidade Autónoma de Lisboa
Foto da capa: Torre de cracking da Sacor, Cabo Ruivo, Lisboa
UID/SOC/50013/2013
ICS ICS
www.ics.ul.pt/imprensa
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David Castaño
Ana Mónica Fonseca
Pedro Lains
Daniel Marcos
Os Petróleos
em Portugal
Do Estado à Privatização
1937-2012
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www.ics.ulisboa.pt/imprensa
E-mail: imprensa@ics.ul.pt
Índice
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Capítulo 1
Estado e privados, 1937-1992 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Grupos económicos, nacionalizações e integração . . . . . . . . . . 29
Capítulo 2
O tempo da Petrogal, 1992-1999 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
A Petrocontrol . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
A saída da Total . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Capítulo 3
O tempo da Galp Energia, 1999-2012 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
A entrada da Eni . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Problemas de estratégia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
A entrada da Amorim Energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123
Apêndices . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
Agradecimentos
Este trabalho partiu de um convite do Eng.º Ferreira de Oliveira, então
presidente da Galp Energia, que desde cedo se associou à pertinência de
um estudo de carácter científico sobre as mudanças de propriedade no
sector dos petróleos em Portugal. Gostaríamos de agradecer o apoio da
Galp Energia e da Fundação Galp Energia e, em particular, de Manuel
Aguiar, Suzana Barreto, Rita Macedo, Ana Moreira, Rui Oliveira Neves
e Manuel Ramalhete. Os nossos agradecimentos estendem-se aos valiosos
comentários de um referee anónimo da Imprensa de Ciências Sociais,
assim como a Marta Castelo Branco, pela ajuda na preparação final do
manuscrito.
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Introdução
A vida empresarial depende em grande medida do contexto econó-
mico, social ou institucional dos países ou das áreas geográficas em que
estes se inserem. Assim, as empresas portuguesas são marcadas, desde há
longas décadas, pelo enquadramento de uma economia menos desenvol-
vida, situada na periferia europeia. Com uma história política conturbada,
fracas dotações de capital físico e humano, Portugal foi um dos últimos
países da Europa ocidental a entrar no clube de crescimento e a indus-
trializar-se. Para compreender a história da indústria em Portugal no pe-
ríodo contemporâneo será necessário remontar à fundação das compa-
nhias pombalinas de agricultura e comércio, que exploravam monopólios
sob proteção do Estado. No século XIX, criaram-se empresas ligadas à ex-
ploração de concessões públicas, incluindo o Banco de Lisboa, fundado
em 1821, e as companhias de tabacos e de obras públicas, constituídas
no fim das guerras liberais, nas décadas de 1830 e 1840. À medida que o
século XIX foi avançando, Portugal entrou numa fase de industrialização
mais intensa, com a criação de empresas associadas à produção de bens
de consumo, como os têxteis, de bens de uso industrial, como a metalur-
gia, os adubos e os cimentos, ou de bens alimentares, como a farinha de
trigo ou as conservas de peixe, ou de tabacos. Nos serviços e nos trans-
portes, as empresas de maior importância eram a banca, os caminhos de
ferro e outras infraestruturas, sectores em que conviviam capitais privados,
em alguns casos sob concessão, e investimento público.1 A industrializa-
ção no século XIX foi ainda marcada pela fundação de algumas unidades
que atingiriam uma dimensão relevante à escala nacional, embora não
necessariamente à escala internacional.
A Primeira Guerra Mundial alterou o quadro das relações económicas
internacionais, afetando por essa via os equilíbrios económicos e finan-
ceiros do país, os quais foram ainda agravados pela instabilidade do novo
1
Ver Brito (1989), Madureira (1998), Confraria (1999 e 2005), Rosas (2000), Lains
(2003, cap. 6) e Silva, Amaral e Neves (2016).
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Os Petróleos em Portugal
2
Ver Silva, Amaral e Neves (2016, 52).
3
Ver, quanto a estes temas, Madureira (1998) e Lains (2003). Ver também Silva, Amaral
e Neves (2016).
4
Ver, por exemplo, Foreman-Peck e Federico (1999, 436) e Toninelli (2000).
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Introdução
5
Ver Amaral (2015b).
6
Ver Madureira (1998, 778).
7
Ver, quanto a isto, Silva, Amaral e Neves (2016, 50-51).
13
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Os Petróleos em Portugal
8
Ver Madureira (2008, 13).
9
Ver Foreman-Peck e Federico (1999), Toninelli (2000) e Millward (2005).
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Introdução
Torre de cracking
da Sacor, Cabo Ruivo,
Lisboa
10
Para uma análise de transformações semelhantes no sector do petróleo na Europa
ocidental, ver Millward (2005, cap. 11). Ver também Carreras, Tafunell e Torres (2000,
27-231), para o caso da indústria petrolífera espanhola.
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Os Petróleos em Portugal
11
Ver Carreras, Tafunell e Torres (2000, 250).
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Introdução
12
Ver Toninelli (2008, 685 e 688). Ver também Toninelli (2000).
13
Foreman-Peck e Federico (1999, 449). Ver também Confraria (1999, 282-285) e Ama-
ral (2015b).
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Capítulo 1
1
Ver Confraria (2005).
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Os Petróleos em Portugal
2
Ver Foreman-Peck e Federico (1999) e Eichengreen (2007). Ver também Neal e Ca-
meron (2016) e Costa, Lains e Miranda (2016).
3
Ver Millward (2005, cap. 11).
4
Ver Carreras, Tafunell e Torres (2000, 227-228).
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5
Ver Pereira (2005, 227), Pires (2013, 21-23) e Silva, Amaral e Neves (2016, 59 e 63).
6
Para além dos petróleos, através da Sacor, durante o período do Estado Novo, o Es-
tado português tinha participação em empresas hidroelétricas, na TAP, em caminhos de
ferro, em empresas de transportes urbanos, e ainda na Siderurgia Nacional e na Caixa
Geral de Depósitos, entre outras empresas de menor dimensão – ver Ministério das Fi-
nanças (1995).
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Os Petróleos em Portugal
7
Ver Vicente (2002, 53, 57, 65-66 e 72). Ver também Ribeiro, Fernandes e Ramos (1987,
957) e Cordeiro (2009).
8
Ver Vicente (2002, 16).
9
Para a produção e o valor do investimento, ver Pires (2013, 30 e 37) e acerca das im-
portações de energia, Batista et al. (1997, 101). Entre 1935 e 1939, Portugal importava em
média 300 mil contos por ano em energia.
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Vicente (2002, 22-25). Nas décadas seguintes, a quota da Sacor desceu apenas ligei-
ramente, havendo alguma redistribuição do mercado entre as outras companhias, no-
meadamente com a consolidação da posição da Sonap, que subiu a uma quota de 21%
em 1975.
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Ver Castro (2009, 376-390).
12
Ver Castro (2009).
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Jantar com fotografia: Ricardo Espírito Santo (segundo à direita da cabeceira) e Manuel
Queiroz Pereira (segundo à esquerda da cabeceira).
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Segundo Pereira (2005, 99n), Salazar deu a Costa Leite a possibilidade de escolha
entre os cargos de governador do Banco de Portugal, administrador da Sacor ou presi-
dente da Câmara Corporativa, tendo aquele escolhido os dois últimos cargos. Para as re-
lações entre grupos económicos e o Estado, ver Castro (2009) e Silva, Amaral e Neves
(2016). Ver também informação útil em Lisboa (2002) e Costa et al. (2010).
14
Ver Castro (2009, 14-15, 85 e 121).
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Ver Teixeira (2010, 39).
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Deve ainda assinalar-se que, em 1969, o grupo Champalimaud havia pedido auto-
rização para instalar uma nova refinaria no Sul, um complexo petroquímico e uma uni-
dade gigante de produção de amoníaco, o que marcou «a abertura pública duma disputa
pelo controlo futuro do sector petrolífero, que, nos meses finais de 1970 e durante 1971,
viria a encontrar os grupos CUF e Sacor em campos opostos» (Ribeiro, Fernandes e
Ramos, 1987, 987-992).
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Para uma cabal descrição das movimentações entre grupos empresarias quanto a
estes negócios, ver Ribeiro, Fernandes e Ramos (1987, 996-998).
18
Ver Silva, Amaral e Neves (2016). Ver também Pintado e Mendonça (1989), Sousa e
Cruz (1995) e Caeiro (2004).
19
Ver Ribeiro, Fernandes e Ramos (1987, 1016).
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Ver Sousa e Cruz (1995, 65-66). Na fonte refere-se que os grupos «geravam quase
três quartos do Produto Interno Bruto do país». Todavia, é preciso notar que se trata da
comparação do valor total do capital dos mesmos grupos com o valor anual do PIB.
Também não se considera a Caixa Geral de Depósitos, cujos depósitos ascendiam a cerca
de 20% do total do país.
21
Ver Faria e Mendes (2011).
22
Ver Amaral (2015b) e, quanto à CUF, Silva, Amaral e Neves (2016).
23
Ver Ferreira (1993, 113).
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Os Petróleos em Portugal
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Uma boa análise destes conturbados meses é feita por Faria (1999, 26-35).
25
Ver Rezola (2006, 151-153). Sobre a situação económica, ver Franco (1993, 176-189).
26
Decreto-Lei n.º 205-A/75 de 16 de abril.
27
Lopes (2002, 289).
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Ver Martins e Rosa (1979, 9). «Nacionalizadas as indústrias-base», Diário de Lisboa,
16-4-1975, 1 e 4.
29
Ver Sousa e Cruz (1995, 68-69).
30
Ver Toninelli (2000) e Millward (2005).
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Ver, entre outros, Marsh (2011).
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Apesar da sua relevância, não têm sido muitos os estudos sobre as nacionalizações.
Ver, todavia, Sousa e Cruz (1995), e, mais recentemente, Lino (2016). Ver também Viegas
(1996).
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Ver Nunes, Bastien e Valério (2006, 4).
34
Para uma análise das reestruturações dessas empresas, levadas a cabo entre 1987 e
1995, ver Ministério das Finanças (1995, cap. V).
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Os Petróleos em Portugal
Esta empresa manteve a sua atividade nas três áreas das anteriores quatro
empresas, dedicando-se à pesquisa e prospeção de petróleo e gás natural,
refinação de petróleo bruto e seus produtos, e ao transporte, distribuição
e comercialização de petróleo e seus derivados.35 A fusão numa única
empresa pública era uma medida que vinha a ser considerada, desde a
elaboração do IV Plano de Fomento no período do marcelismo. Para-
doxalmente ou não, foi no conturbado período
entre 1975 e 1976 que se criaram as condições
para a sua realização.36
Progressivamente, ao longo da década de
1980, a situação da indústria foi melhorando,
tendo a Petrogal feito fortes investimentos na re-
37
finaria de Matosinhos. Adicionalmente, tirando proveito da possibili-
dade de endividamento das empresas públicas suportadas pelo aval do
Estado, a Petrogal evitou a racionalização dos custos através da baixa de
produção como se exigia perante os problemas do mercado do petróleo
a que se assistia à escala mundial. De acordo com José da Silva Lopes, a
Petrogal foi, de certa forma, incapaz de desenvolver um conjunto de
transformações que assegurassem a competitividade das suas atividades.
Perante isto, entre 1982 e 1992, o sector dos petróleos em Portugal aca-
bou por perder peso na economia nacional. A refinação de petróleo cres-
ceu 2,68% ao ano durante este período, mas houve uma clara diminuição
da estrutura de emprego, com uma diminuição média entre –5,8%
e –9,28%.38
Progressivamente, após a revisão constitucional de 1982, a política eco-
nómica nacional orientou-se no sentido da economia de mercado, «subs-
tituindo as disposições de natureza mais claramente socialista do texto
de 1976», ciclo que se encerrou com a terceira revisão constitucional de
1989.39 Contudo, será importante ressalvar que apesar destas transforma-
ções, «o intervencionismo do Estado na vida económica continuou a ser
intenso até meados dos anos 80».
Na verdade,
as forças favoráveis à liberalização eram comparativamente débeis: à direita
prevaleciam os interesses dos que estavam acostumados a utilizar o poder
35
Decreto-Lei n.º 217-A/76 de 26 de março. Ver Martins e Rosa (1979, 31-32) e Antó-
nio, Mata e Carvalho (1983, 187-190).
36
Santos (2011, 139-143).
37
Ver Lopes (2002, 312).
38
Ver Lopes (2002, 92-97).
39
Ver Lopes (2002, 291).
34
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Ver Lopes (2002, 291).
41
Ver Lopes (2002, 291-292).
42
Vicente (2002, 257-271).
43
Sousa e Cruz (1995, 85-88). Para a análise das privatizações, ver também Ministério
das Finanças (1995 e 1999). Ver ainda Amaral (2015a) e Silva, Amaral e Neves (2015).
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Em suma, a calendarização das privatizações poderá ter mais que ver com
a capacidade de absorção do mercado, para exploração ou compra das em-
presas, do que propriamente com restrições de ordem constitucional.
Os governos de Cavaco Silva, entre 1985 e 1995, privatizaram aquilo
que era mais rentável e deixaram para depois as empresas em maiores di-
ficuldades. Em consequência, na fase inicial as privatizações incidiram
de forma esmagadora sobre a banca e os seguros: entre 1989 e 1995, do
total de receitas das privatizações, 74% resultaram da venda das institui-
ções financeiras. O resto deveu-se à venda das fábricas de cimento (11%)
e de cerveja (6%), ficando um residual de 9% para todas as outras em-
presas envolvidas no processo. A maior parte das empresas industriais e
de comunicações, nacionalizadas em 1975 e 1976, encontravam-se ainda
na posse do Estado em 1993.44
Aproveitando as condições favoráveis que se viviam na altura nos mer-
cados de capitais, os sucessivos governos optaram por privatizar essen-
cialmente através de operações nesses mercados, e não por negociação
direta ou concurso limitado, com o que se conseguiu maior transparên-
cia, participação do público e, sobretudo, um grande encaixe financeiro.
Todavia, tal opção parece ter limitado a formação de núcleos fortes de
investidores. Acresce que, atendendo ao otimismo financeiro do período
em que foram realizadas, algumas das privatizações resultaram em negó-
cios menos vantajosos para os investidores. Das 15 empresas cotadas nas
bolsas, dez delas viram os seus valores cair, sistematicamente, a seguir à
sua privatização. O Estado privatizou «bem e caro», facto a que os in-
vestidores não foram, evidentemente insensíveis, sobretudo os pequenos,
refletindo-se isso na cada vez menor apetência de alguns segmentos pela
compra deste tipo de ações. As receitas das privatizações foram essen-
cialmente canalizadas para a redução da dívida pública portuguesa. Em
1993, as privatizações permitiram a redução da dívida pública de 65 para
61% do PIB. Certamente um bónus para a famosa convergência nominal
com as restantes economias da CEE.45
As privatizações tiveram como justificação principal a necessidade de
aumentar a eficiência económica das empresas, até então sob alçada do
Estado. Alegadamente, os gestores públicos não eram capazes de em-
preender uma melhor gestão, para o que seria necessário a concorrência
nos mercados. Todavia, algumas das mais importantes empresas vendidas
pelo Estado continuaram em situação de monopólio, ou quase, no mer-
44
Sousa e Cruz (1995, 127). Ver também Toninelli (2000) e Toninelli (2008).
45
Ver Sousa e Cruz (1995, 191).
36
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Sá Carneiro de visita
a Sines com
Jorge Gonçalves
e Corrêa Gago.
46
Decreto-Lei nº 103-A/89 de 4 de abril.
37
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Capítulo 2
1
Ver, por exemplo, Toninelli (2008).
2
«Petrogal nas 500 maiores empresas europeias», Expresso, 20-1-1990, C2.
3
«Petrogal com 56% do mercado de combustíveis», Semanário Económico, 7-2-1992, 13.
4
«Petrogal: nova refinaria antes da privatização», Expresso, 26-5-1990, C1.
39
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Os Petróleos em Portugal
Porém, nem tudo eram boas notícias. Quer ao nível da venda de pro-
dutos químicos pesados, quer ao nível das exportações, a quota de mer-
cado da Petrogal estava a diminuir.5 Além do mais, a Petrogal era consi-
derada uma «empresa de capital intensivo», em que o Estado não acorria
«atempadamente às necessidades de financiamento». Neste sentido, a em-
presa tinha-se tornado numa «empresa descapitalizada e com um forte
atraso tecnológico em relação às suas competidoras mais diretas».6 Como
reconheceu posteriormente o próprio ministro da Indústria, Luís Mira
Amaral, o aparelho refinador da empresa estava «ultrapassado», sendo que
Sines «era mais uma destilaria do que uma refinaria».7
Em vésperas da abertura de mercado exigida pela Comissão Europeia,
era necessário promover a «profunda reestruturação do aparelho indus-
trial e comercial» da empresa, aumentando a sua eficiência ao nível pro-
dutivo e direcionando-a para o fornecimento de produtos que o mercado
exigia. Na verdade, era claramente visível que o mercado estava cada vez
mais virado para necessidades em termos de produtos leves – gasolinas
e gasóleos – e não de produtos pesados, tais como o fuel. 8
Esta realidade acabou por condicionar o processo e o valor inerentes
à privatização da Petrogal. Na verdade, a questão da capitalização era
crucial, estando previsto que se avançasse ainda antes da privatização da
empresa com um investimento que oscilava entre os 45 e os 60 milhões
de contos. De acordo com Mário de Abreu, presidente da Petrogal em
1990, era necessário construir uma nova unidade em Sines, «orientada
fundamentalmente para o mercado dos produtos leves – gasolina e ga-
sóleo», que potenciasse um «melhor aproveitamento da matéria-prima:
o crude». Contudo, o investimento não se reduzia, apenas, a Sines. Tam-
bém estavam previstas «obras importantes» em Matosinhos com o obje-
tivo de melhorar a fabricação de diversos produtos, entre os quais lubri-
ficantes.9
Um dos passos fundamentais para a privatização da Petrogal, con-
forme resulta da Lei-Quadro das Privatizações, foi a avaliação realizada
por dois grupos financeiros, com o objetivo de permitir ao governo dis-
por de uma perspetiva realista quanto ao verdadeiro valor da empresa
antes de abordar o mercado. Para tal, o governo português solicitou um
relatório de avaliação ao grupo constituído pela Finantia e pela Goldman
5
«Petrogal com 56% do mercado de combustíveis», Semanário Económico, 7-2-1992, 13.
6
«Petrogal: nova refinaria antes da privatização», Expresso, 26-5-1990, C1.
7
Ver Amaral e Durães (1995, 50).
8
Ver Amaral e Durães (1995, 63-65).
9
«Petrogal: nova refinaria antes da privatização», Expresso, 26-5-1990, C1.
40
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10
«Petrogal nas 500 maiores empresas europeias», Expresso, 20-1-1990, C1. Por motivos
que nos foram alheios, não foi possível aceder aos relatórios destes avaliadores externos.
11
Segundo Vieira e Serra (2006, 8-9), este método de privatização foi aplicado à Petrogal
por se tratar de uma empresa em que «os interesses políticos e económicos nacionais es-
tavam em causa».
41
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Os Petróleos em Portugal
ser detido por «entidades nacionais», para além de a maioria dos membros
dos órgãos de administração e fiscalização obrigar a que fosse de naciona-
lidade portuguesa. Adicionalmente, durante cinco anos, as participações
no capital social da Petrogal não poderiam ser alienadas, «sob pena de nu-
lidade dos atos». Estas restrições deviam-se à «força dos interesses nacionais
em causa», de forma a preservar «quaisquer decisões que, direta ou indire-
tamente, possam pôr em causa o abastecimento normal do País».12
Meses mais tarde, no princípio de 1992, o Conselho de Ministros
aprovou o caderno de encargos para a privatização da Petrogal, no qual
se estipulavam as condições inerentes a este processo, incluindo a defi-
nição do valor de cada ação (1700$00 escudos). Ficavam também claros
os objetivos do Estado com a privatização e as finalidades subjacentes à
entrada dos privados no capital da empresa. Os principais objetivos con-
sistiam, em primeiro lugar, em defender a presença nacional na empresa,
considerada estratégica para o país. Em segundo lugar, pretendia-se a «re-
solução atempada das insuficiências estruturais do sistema de refinação,
tornando-o apto a enfrentar as necessidades futuras do mercado, no con-
texto europeu, e assegurando o seu contínuo aperfeiçoamento». Em ter-
ceiro lugar, pretendia-se a «expansão sustentada das atividades no con-
texto crescentemente concorrencial». Procurava-se também a «suficiência
e garantia» de abastecimento de crude, «com acesso mais direto à explo-
ração petrolífera», bem como o desenvolvimento do valor acrescentado
dos produtos químicos na atividade da empresa. Finalmente, visava-se
também o «desenvolvimento da rede própria de comercialização de com-
bustíveis da Petrogal, com extensão significativa ao mercado ibérico».13
Com a publicação desta legislação ficavam enunciados os objetivos e
valores concretos para a privatização da Petrogal. Ao mesmo tempo, a
definição dos procedimentos contribuiu para que na imprensa surgissem
vozes que contestavam os métodos e as escolhas do governo. Estas vozes
fizeram-se sentir durante todo o processo e, em alguns casos, antecipa-
ram-se, mesmo, à publicação do caderno de encargos. Logo em meados
de 1991, surgiram na imprensa críticas quanto ao modelo de privatização
que o governo parecia direcionado a escolher, na medida em que se con-
siderava que tal privatização não iria «resolver os problemas da petrolífera
nacional» já que, «para se modernizar e reestruturar», a Petrogal necessi-
tava «no mínimo de 130 milhões de contos, uma verba que já devia ter
sido parcialmente aplicada há cerca de cinco anos na refinaria de Sines,
12
Ver Decreto-Lei n.º 353/91, 20 de setembro.
13
Resolução do Conselho de Ministros n.º 3/92 de 17 de janeiro.
42
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A Petrocontrol
O grupo Petrocontrol tinha começado a desenhar-se a partir da aprova-
ção da Lei n.º 11/90, de 5 de setembro, que estabeleceu o regime aplicável
à privatização das empresas públicas. No final de 1990 e ao longo de 1991,
os principais grupos financeiros portugueses, em particular aqueles que ha-
viam participado nas empresas petrolíferas nacionais antes de 1974, avan-
çaram com uma proposta para a entrada no capital da Petrogal. Estas mo-
vimentações foram apoiadas pelo governo que, como vimos, desde cedo
«manifestou interesse» em «envolver entidades portuguesas que viessem a
constituir um grupo privado estável» para controlar, a médio e longo prazo,
a empresa. No princípio de 1991, esse consórcio estava já praticamente
constituído. Nele participavam o grupo Espírito Santo (que havia estado
ligado à Sacor), o grupo José de Mello (ligado à Petrosul e à Sonap), o
grupo Champalimaud, Manuel Boullosa (ligado à Sonap), Patrick Mon-
teiro de Barros, o grupo Amorim, o grupo Roquete, a Parfil e a Fundação
Oriente, em associação com a Stanley Ho. No mesmo ano, este consórcio
14
«Petrogal: modelo de privatização ameaça futuro», Expresso, 17-8-1991, C1 e C24.
15
«UEM acaba com o monopólio da banca como alternativa de financiamento», Se-
manário Económico, 27-3-1992, 5.
43
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Os Petróleos em Portugal
16
Vicente (2002, 259-260).
17
«Total aposta na Petrogal para entrar em Espanha», Expresso, 21-3-1992, C2.
18
Vicente (2002, 259-260).
19
«Petrocontrol compra 25% da Petrogal», Expresso, 23-5-1992, C1.
44
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20
«Total aposta na Petrogal para entrar em Espanha», Expresso, 21-3-1992, C2. Ver, tam-
bém, Expresso, 28-3-1992, C6, para informação mais detalhada sobre a Petrogal no mer-
cado espanhol.
21
«Discórdia na Petrogal», Expresso, 28-9-1992, C1.
22
«Total aposta na Petrogal para entrar em Espanha», Expresso, 21-3-1992, C2.
45
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Os Petróleos em Portugal
23
Vicente (2002, 262).
24
Relatório e Contas 1992, Petróleos de Portugal, Petrogal, S.A.
25
«Galp, enfrentar a concorrência», Expresso, 9-1-1993, C2.
46
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26
Relatório e Contas 1992, Petróleos de Portugal, Petrogal, S. A.
27
«Monteiro de Barros considera ‘muito elevado’ o preço da Petrogal», Semanário Eco-
nómico, 10-1-1992, 11.
28
«Galp enfrentar a concorrência», Expresso, 9-1-1993, C2.
29
«Petrogal: venda da Bonança, BFE e JN começou», Expresso, 10-10-1992, C1 e C11.
30
«Discórdia na Petrogal», Expresso, 28-9-1992, C1.
31
«Petrogal exige receber 11,5 milhões do Estado», Diário de Notícias, 26-9-1992, 39.
47
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Os Petróleos em Portugal
definido que esses juros eram devidos, apenas, a partir de junho de 1992,
altura em que ficou concluída a primeira fase da privatização da
empresa.32
Em segundo lugar, ao longo de 1992, a administração tomou cons-
ciência de que o Fundo de Pensões da Petrogal não se encontrava devi-
damente provisionado. De acordo com relatórios feitos por auditores ex-
ternos, este fundo não era «suficiente para cobrir integralmente as
responsabilidades pelos complementos de reforma por velhice e invali-
dez».33 Esta situação era reflexo da transformação verificada na empresa
ao nível dos recursos humanos, com uma diminuição substancial do uni-
verso dos trabalhadores no ativo. De facto, uma das principais reformas
feitas no princípio da década de 1990 prendeu-se com a redução do nú-
mero de trabalhadores, passando de cerca de 7000 funcionários para
3870, em 1993, sem que se tivesse havido despedimentos. A solução pas-
sou pelo recurso a rescisões amigáveis e reformas antecipadas e pré-
-reformas, algo que, em última instância, colocou ainda mais pressão
sobre o fundo de pensões da empresa,34 só ocorrendo posteriormente o
conveniente provisionamento deste fundo.
Em terceiro lugar, a empresa foi confrontada com novas despesas ine-
rentes ao processo de transferência das instalações da Petrogal em Cabo
Ruivo, devido ao início das obras da Expo’98, na zona oriental de Lisboa.
Este era um facto novo, que implicaria o «desmantelamento de todo o
complexo logístico da Petrogal», para além de envolver o encerramento
da refinaria «antes da data prevista». Por esta razão, tornava-se necessária
a construção de novas instalações para o abastecimento da Grande Lisboa
e Centro do país, uma vez que tal não poderia ser assegurado pelo trans-
porte rodoviário de Sines para o Norte do país.35
As principais questões neste contencioso e que muito contribuíram
para o agravamento das já difíceis relações entre os acionistas privados
da Petrogal e a tutela, foram o valor das indemnizações que o Estado es-
tava disposto a pagar pela expropriação dos terrenos da futura Expo’98,
assim como o prazo dado para a desocupação dos terrenos na zona orien-
tal de Lisboa. A desativação das instalações da Petrogal em Cabo Ruivo,
sem que fosse encontrada uma alternativa, era algo «quase impossível»
para a Petrogal, uma vez que era «inviável trazer combustível do Alentejo
32
«Crédito fiscal à Petrogal no OE 94», Expresso, 28-8-1993, C16.
33
Relatório e Contas 1992, Petróleos de Portugal, Petrogal, S.A.
34
«Sines-Lisboa em pipeline privado», Expresso, 13-11-1993, C3.
35
Vicente (2002, 263).
48
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36
«Cabo Ruivo divide petrolíferas», Expresso, 21-8-1993, C12.
37
«Petrogal: estratégia até 1997 prevê acesso às bolsas internacionais», Semanário Eco-
nómico, 20-8-1993, 12.
38
«Sines-Lisboa em pipeline privado». Entrevista do secretário de Estado da Energia,
Luís Filipe Pereira, ao Expresso, 13-11-1993, C2-C3.
39
Relatório e Contas da Petrogal, 1993, 13.
40
Santos (2011, 181).
41
Relatório e Contas da Petrogal, 1993, 6.
49
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Os Petróleos em Portugal
42
«Total deixa cair Petrogal», Semanário Económico, 26-3-1993, 13-14.
43
Ibid.
44
«Privatização da Petrogal revista», Semanário Económico, 2-4-1993, 15.
50
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45
Esta era uma opção que procurava favorecer os privados, ao mesmo tempo que ace-
leraria o processo de privatização da Petrogal.
46
Ata n.º 8/93 do Conselho de Administração da Petrogal, 6-5-1993, Ministério da Eco-
nomia, Secretaria de Estado da Energia, Proc. n.º 3.01 Petrogal/3.02 Fundo de Pensões, 1994.
47
Relatório e Contas da Petrogal, 1993, 9. Ata n.º 8/93 do Conselho de Administração
da Petrogal, 06-05-1993, Ministério da Economia, Secretaria de Estado da Energia, Proc.
n.º 3.01 Petrogal/3.02 Fundo de Pensões, 1994.
48
Vicente (2002, 263).
51
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Os Petróleos em Portugal
49
Ata n.º 8/93 do Conselho de Administração da Petrogal, 6-5-1993, Arquivo do Mi-
nistério da Economia e Emprego, Processo de Privatização da Petrogal, Proc. n.º 3.01 Pe-
trogal/3.02 Fundo de Pensões, 1994.
50
«Petrogal sem privados na Comissão Executiva», Diário de Notícias, 7-5-1993, 2.
52
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51
Carta da Petrocontrol (Diogo Freitas do Amaral) para os ministros das Finanças e da
Indústria e Economia, de 23-7-1993. Arquivo do Ministério da Economia e Emprego,
Processo de Privatização da Petrogal, Proc. n.º A-3-01. Petrogal/5.07 Privatização.
52
Ibid.
53
Da Situação da Petrogal, S.A. e do Processo da sua Privatização. Estudo anexo à carta da
Petrocontrol (Diogo Freitas do Amaral) para os ministros das Finanças e da Indústria e
Economia, de 23-7-1993, Arquivo do Ministério da Economia e Emprego, Processo de
Privatização da Petrogal, Proc. n.º A-3-01. Petrogal/5.07 Privatização.
53
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Os Petróleos em Portugal
54
Ibid.
55
Confirmação da data de emissão dos Títulos de Participação no Relatório e Contas
da Petrogal, 1994, 12.
56
Entrevista de José Manuel Serrão, Semanário Económico, 20-8-1993, 11-12.
54
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57
«Petrogal aprova hoje contas de 1992», Semanário Económico, 23-12-1993, 15.
58
Relatório e Contas da Petrogal, 1993, 35-36. Ver reflexo deste crescimento no Semanário
Económico, 12-02-1993, 20.
59
Ver Semanário Económico, 26-3-1993, 13-14.
60
«Total vira costas à Petrogal», Semanário Económico, 22-10-1993, 21.
55
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Os Petróleos em Portugal
61
«Petrogal espanhola ganha 400 mil em 1993», Semanário Económico, 17-12-1993, 21.
62
«Total ao ataque na Petrogal», Expresso, 5-3-1994, C1.
56
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A saída da Total
Desde meados de 1994 que se tornava claro que seria necessário rever
o processo de privatização que tinha sido delineado para a Petrogal no
início da década de 1990. A situação que se vivia, em que a gestão da
empresa era conduzida apenas pelos administradores nomeados pelo Es-
tado, na sequência da recomposição da Comissão Executiva de maio de
1993, subvertia o objetivo da privatização.
Um dos primeiros sinais no sentido de uma revisão do processo de pri-
vatização veio de dentro da própria Petrogal, através do seu presidente,
José Viana Baptista. Num ofício reservado para o secretário de Estado da
Energia, o presidente do Conselho de Administração e da Comissão Exe-
cutiva da Petrogal tomava uma posição clara acerca do futuro da empresa
e do seu processo de privatização. Segundo Viana Baptista, o processo de
privatização delineado pelo Estado consagrava várias soluções que, era
necessário «reconhecer», seriam «dificilmente ajustáveis ao carácter estra-
tégico do sector e à salvaguarda do interesse nacional». Viana Baptista co-
meçava desde logo por criticar o modo essencialmente vago e indefinido
como o Estado delineou a privatização da Petrogal, acima de tudo por
não assegurar o pleno controlo do processo e do comportamento dos
acionistas privados, sendo que, para cúmulo, «conferiu à Petrocontrol a
possibilidade de exigir ao Estado a recompra» das ações que detinha.64
A grande preocupação de Viana Baptista era o facto de que a aplicação
«estrita» da lei da privatização pudesse conduzir a que «um agrupamento
que já não dá garantias de ser dominado por entidades nacionais», real-
çando o peso da Total no consórcio da Petrocontrol, e que, «durante dois
63
«Tensão cresce na Petrogal», Expresso, 30-4-1994, C3, 50.
64
Ofício de Viana Baptista para o secretário de Estado da Energia, de 29-7-1994, Ar-
quivo do Ministério da Economia e Emprego, Processo de Privatização da Petrogal, Proc.
n.º 3.01 Petrogal / 3.02 Fundo de Pensões.
57
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Os Petróleos em Portugal
65
Ibid.
66
Ibid.
67
«Champalimaud financia saída da Total», Expresso, 20-5-1995.
58
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68
«Petroconfusão», Expresso, 13-5-1995, C3.
59
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Os Petróleos em Portugal
69
Decreto-Lei 145-A/95 de 19 de junho.
70
Vicente (2002, 266).
71
Decreto-Lei 145-A/95 de 19 de junho.
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Refinaria de Cabo Ruivo antes das obras da Exposição Internacional de Lisboa de 1998.
trolífera nacional.72 Esta solução não trazia encaixe financeiro para o Es-
tado, mas garantia-lhe direito de preferência caso os acionistas privados
quisessem vender algumas ações, assim como garantia à Petrocontrol o
direito de preferência caso o Estado quisesse vender capital da Petrogal.73
Estava assim finalmente resolvido o problema da primeira fase da pri-
vatização da Petrogal. Iniciado em 1992, este processo foi duro e confli-
tuoso, essencialmente pelas dificuldades de entendimento dos acionistas
privados, representados pela Petrocontrol, com o Estado. Podemos assim
concluir que os sucessivos problemas que a empresa enfrentou logo após
a fase inicial de privatização, com a questão do fundo de pensões, com
a acumulação de prejuízos, e com os problemas decorrentes da constru-
ção da Expo’98 e a consequente saída das instalações da Petrogal da zona
de Cabo Ruivo, não facilitaram as relações no seio da sua administração.
Mas «o Estado, como ‘pessoa de bem’, não poderia ficar indiferente na
procura de uma solução consensual entre o público e o privado». Acima
de tudo, caso o Estado decidisse avançar com o processo como tinha fi-
72
Resolução do Conselho de Ministros n.º 49-A/95, de 25 de maio de 1995.
73
«Petrogal tem novas regras de privatização», Semanário Económico, 25-5-1995, 13.
61
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Os Petróleos em Portugal
74
Vicente (2002, 266).
75
Amaral e Durães (1995, 65).
76
«Manuel Oliveira à frente na Petrogal», Diário de Notícias, 31-5-1995, 4.
77
«Petrogal: privados pagam 67 milhões», Expresso, 10-6-1995, C4.
62
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Tomada de posse do segundo governo de Cavaco Silva, sendo Luís Mira Amaral ministro
da Indústria e Energia (1987-1991).
78
Vicente (2002, 267).
79
«Petrogal: tudo bons rapazes», Diário de Notícias, 1-8-1995, 2.
80
Vicente (2002, 267).
63
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Os Petróleos em Portugal
81
Intervenção do Sr. deputado do PCP Lino de Carvalho, Diário da Assembleia da Re-
pública, 9-12-1995, 405.
82
Intervenção do secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, Francisco Teixeira dos
Santos, na Assembleia da República, Diário da Assembleia da República, 9-12-1995, 411.
64
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83
Santos (2011, 202).
84
Vicente (2002, 267).
65
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Os Petróleos em Portugal
Luanda, Angola:
um dos destinos de
investimento da
Petrogal na exploração
de petróleo.
85
«Petrogal ‘ataca’ África a partir de Luanda», Expresso, 8-7-1995, C1.
86
Relatório e Contas 1998 da Petróleos de Portugal – Petrogal, SA, 6, 7, e 50-51.
87
Vicente (2002, 268).
66
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88
Relatório e Contas 1999 da Petróleos de Portugal – Petrogal, SA, 70-71. No final de 1999
a Petrogás SGPS detinha participações na Portgás (20,28%), Lusitâniagas (35,33%) e Ta-
gusgás (20%).
89
Vicente (2002, 268-269).
90
Vicente (2002, 268).
67
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Capítulo 3
1
Relatório e Contas da Petrogal, 1999, 66-67.
2
Decreto-Lei n.º 137-A/99 de 22 de abril, Diário da República, 1ª Série-A, n.º 94, 22-4-
-1999.
69
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Os Petróleos em Portugal
Tal como ficara estabelecido no Decreto-Lei que criou a Galp, três meses
depois o Ministério das Finanças, então liderado por António de Sousa
Franco, elaborou um Decreto-Lei que definia os moldes em que se deveria
processar a articulação da criação da nova empresa com a privatização da
Petrogal. No seu preâmbulo, era expressamente referido que uma vez que
existia um processo de reprivatização anterior, havia que «coordenar as so-
luções» adotadas e que essa coordenação implicava atribuir ao acionista
privado da Petrogal, a Petrocontrol, a «possibilidade de participar na repri-
vatização da Galp» em termos que refletissem a sua posição na Petrogal.
Com o argumento da «longa permanência no sector de tal acionista» e das
«expetativas que lhe foram criadas pelo atual quadro legislativo», o Estado
atribuía à Petrocontrol o direito de «subscrever e realizar em dinheiro as
ações adicionais necessárias [par]a perfazer uma participação equivalente
a 33,34% do capital social» da nova em-
presa, direito que era apresentado como um
meio de os privados minorarem «o efeito
de diluição da sua participação resultante
do processo em causa».3
O mesmo diploma legal estabelecia ainda que, após concluída a pri-
meira fase de reprivatização da Galp, que seria concretizada através de um
aumento de capital e da troca das participações de outros acionistas das
empresas que vieram a integrar a Galp (além do caso da Petrocontrol na
Petrogal, a EDP, a CGD, a Portgás e a Setgás eram acionistas da Transgás),
o Estado iniciaria uma nova fase de reprivatização da empresa, «destinada
à alienação, por venda direta, de uma participação a um ou vários parcei-
ros estratégicos». Esta nova fase era justificada em nome do «interesse na-
cional», uma vez que, no entender do governo, esses parceiros reforçariam
a «solidez financeira» e a «viabilidade económica de um operador energé-
tico português» que se pretendia «internacionalmente competitivo».4
A criação da Galp, SGPS inseria-se assim numa estratégia que passava pela
formação de dois grandes grupos no sector da energia, juntamente com a
EDP, tendo em vista a posterior atração de investimento privado.
Nesse mesmo ano de 1999 foi iniciado o processo de consulta a empresas
estrangeiras com o intuito de escolher um parceiro estratégico que deveria
adquirir até 15% do capital da Galp, através de um concurso internacional.
Deixando de fora as duas grandes petrolíferas do país vizinho, a Repsol e a
Cepsa, foram convidadas a participar no processo de seleção 15 empresas.
3
Decreto-Lei n.º 261-A/99 de 7 de julho, Diário da República, 1.ª Série-A, n.º 156, 7-7-
-1999.
4
Ibid.
70
03 Petróleos Cap. 3.qxp_Layout 1 19/01/17 11:49 Page 71
A entrada da Eni
Entre todas as empresas que responderam ao convite, apenas a Eni e
a Iberdrola apresentaram propostas «firmes». A primeira, para a compra
do máximo definido pelo governo, e a segunda para adquirir 4% do ca-
pital da empresa.6 A oferta vinculativa da Eni foi entregue no dia 30 de
setembro de 1999. A empresa italiana propunha-se adquirir 15% da Galp
por 430 milhões de euros.7 No dia seguinte, fonte oficial da Eni confir-
mava que apenas aquelas duas empresas tinham apresentado candidatu-
ras à reprivatização e que até ao final desse ano o processo deveria ficar
concluído. A Galp tinha sido avaliada em 2,4 mil milhões de euros, pelo
que a participação de 15% que o Estado pretendia alienar correspondia
a cerca de 360 milhões de euros.8 A proposta da Eni avaliava a empresa
em aproximadamente 2,9 mil milhões de euros.
5
Relatório final da Comissão de Inquérito Parlamentar para apreciação dos Atos do
Governo referentes à participação da Eni e da Iberdrola no capital da Galp, SGPS, Diário
da Assembleia da República, II Série – B, n.º 11, 6-1-2001.
6
Vicente (2002, 270).
7
Relatório final da Comissão de Inquérito Parlamentar para apreciação dos Atos do
Governo referentes à participação da Eni e da Iberdrola no capital da Galp, SGPS, Diário
da Assembleia da República, II Série – B, n.º 11, 6-1-2001.
8
«Governo decide entre Eni e Iberdrola para parceria estratégica com a Galp», Negócios
online, 1-10-1999.
71
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Os Petróleos em Portugal
9
«Eni quer entre 25% a 30% na Galp», Negócios online, 25-11-1999.
10
«Petrocontrol não quer Santander como acionista», Negócios online, 7-12-1999.
11
Relatório final da Comissão de Inquérito Parlamentar para apreciação dos Atos do
Governo referentes à participação da Eni e da Iberdrola no capital da Galp, SGPS, Diário
da Assembleia da República, II Série – B, n.º 11, 6-1-2001.
12
«Acionistas da Petrocontrol só vendem a totalidade da sua posição na Galp», Negócios
online, 15-12-1999.
72
03 Petróleos Cap. 3.qxp_Layout 1 20/01/17 11:12 Page 73
13
«PCP quer caso da Galp na PGR», Negócios online, 30-11-2000.
14
«Eni, EDP e Iberdrola sem direitos de preferência no IPO da Galp Energia», Negócios
online, 22-11-2000.
15
«Eni, EDP e Iberdrola sem direitos de preferência na IPO (Initial Public Offering) da
Galp Energia», Negócios online, 22-11-2000. «Relatório final da Comissão de Inquérito
Parlamentar para apreciação dos Atos do Governo referentes à participação da Eni e da
Iberdrola no capital da Galp, SGPS», Diário da Assembleia da República, II Série – B,
n.º 11, 6-1-2001.
73
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Os Petróleos em Portugal
16
«PCP quer caso da Galp na PGR», Negócios online, 30-11-2000.
17
«Pina Moura quer fusão ibérica», Negócios online, 10-1-2000.
74
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18
Relatório final da Comissão de Inquérito Parlamentar para apreciação dos Atos do
Governo referentes à participação da Eni e da Iberdrola no capital da Galp, SGPS, Diário
da Assembleia da República, II Série – B, n.º 11, 6-1-2001.
19
«Eni paga participação na Galp em Julho», Negócios online, 8-5-2000.
20
«Governo isentou Petrocontrol de 33 milhões de impostos», TSF.pt, 24-10-2000;
«Pina Moura diz Petrocontrol obrigada a investir mais-valias», Negócios online, 30-6-2000.
21
«CE aprova entrada da Eni na Galp Energia», Negócios online, 30-6-2000.
75
03 Petróleos Cap. 3.qxp_Layout 1 20/01/17 11:13 Page 76
Os Petróleos em Portugal
EDP
CGD SA CGD SA
3,27%
13,51% 13,51% Estado
português
Estado 34,81%
português
49,81% Eni
Petrocontrol
33,4% 33,34%
EDP
14,27%
22
Estas indicações foram cumpridas, as ações de Manuel Boullosa acabaram por ser
vendidas diretamente à EDP. «Bulhosa impediu venda da Petrocontrol a italianos», Pu-
blico.pt, 20-11-2000.
23
«Entrada da Eni na Galp é ‘melhor opção’», Negócios online, 6-6-2000.
24
«Eni quer maioria na Galp SGPS», Negócios online, 21-1-2000.
25
«Inquérito parlamentar n.º 5/VIII», Diário da Assembleia da República, II Série – B,
n.º 31, 8-7-2000.
76
03 Petróleos Cap. 3.qxp_Layout 1 19/01/17 11:49 Page 77
26
«Inquérito parlamentar n.º 5/VIII», Diário da Assembleia da República, II Série – B,
n.º 21, 15-4-2000.
77
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Os Petróleos em Portugal
27
«Eni, Edp e Iberdrola sem direitos de preferência no IPO da Galp Energia», Negócios
online, 22-11-2000.
78
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28
Relatório final da Comissão de Inquérito Parlamentar para apreciação dos Actos do
Governo referentes à participação da Eni e da Iberdrola no capital da Galp, SGPS, Diário
da Assembleia da República, II Série – B, n.º 11, 6-1-2001.
29
Ibid.
30
«Espanha: Iberdrola e Endesa em fusão», TSF.pt, 22-9-2000.
79
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Os Petróleos em Portugal
31
«Endesa e Iberdrola cancelam fusão», Negócios online, 5-2-2001.
32
«EDP, CGD e BCP constituem núcleo duro da Galp Energia», Negócios online, 25-
-1-2001.
33
Programa do XV Governo Constitucional, Lisboa, 2002.
80
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34
«Talone elabora proposta para privatização do sector energético até março», Negócios
online, 10-1-2003.
35
«Resolução do Conselho de Ministros n.º 68/2003», Presidência do CM, 3-4-2003,
Diário da República, I Série-B, n.º 108, 10-5-2003.
81
03 Petróleos Cap. 3.qxp_Layout 1 19/01/17 11:49 Page 82
Os Petróleos em Portugal
36
«A EDP, naturalmente», Negócios online, 10-4-2003.
37
«Governo aprova terceira fase da privatização da Galp Energia», Público.pt, 2-5-2003.
38
Decreto-Lei n.º 124/2003 de 20 de junho, Diário da República, I série-A, n.º 140.
39
«Italianos devem ficar com até 49% do Gás Natural», Publico.pt, 7-10-2003.
82
03 Petróleos Cap. 3.qxp_Layout 1 19/01/17 11:49 Page 83
Problemas de estratégia
As bruscas mudanças de estratégia do Estado português, para as diver-
sas empresas que direta ou indiretamente controlava no sector da energia,
teve consequências na vida da Galp, para a qual, como tivemos oportu-
nidade de observar, cada alteração política ao nível governativo tinha im-
plicações diretas. A inconstância do principal acionista afetou os planos
que as sucessivas administrações delinearam para a empresa: deveria a
Galp assumir-se como uma empresa industrial, afirmar-se como uma em-
presa de serviços, ou procurar conciliar estas duas vertentes?
Como observámos, em 1999, o executivo, então liderado por António
Guterres, decidiu concentrar as participações do Estado na Petrogal, Gás
de Portugal e Transgás numa nova empresa, a Galp Petróleos e Gás de
Portugal, SGPS, S. A., privilegiando desta forma a junção dos negócios
do petróleo e do gás. Foi esta opção que, em larga medida, justificou a
entrada de um novo acionista, a Eni, empresa que se tinha vindo a afir-
mar no sector do gás europeu e que estava interessada em acompanhar
o processo de introdução do gás natural em Portugal. A junção destes
dois ramos do sector energético procurava criar um operador à escala
ibérica. Este desiderato era acompanhado pela administração da empresa,
então presidida por Henrique Bandeira Vieira, que sabia que o mercado
40
Despacho conjunto n.º 190-A/2004 dos Ministérios das Finanças e da Economia,
19-3-2004, Diário da República II Série, n.º 76, 30-3-2004.
83
03 Petróleos Cap. 3.qxp_Layout 1 19/01/17 11:49 Page 84
Os Petróleos em Portugal
ibérico era uma das regiões da Europa de mais elevado «ritmo de cresci-
mento da procura de energia».
Paralelamente, o ano de 1999 foi também marcado por importantes
acontecimentos no domínio da pesquisa e produção petrolífera. Em An-
gola, a Petrogal obteve uma participação de 5% nos blocos 32 e 33 do
offshore ultra-profundo de Angola e deu-se início à produção extraída do
jazigo de Kuito, situado em Cabinda, em que a petrolífera portuguesa
detinha uma participação de 9% desde a segunda metade dos anos 90
(bloco 14). Do Kuito começaram a ser extraídos 75 000 barris por dia
(bpd) de crude e previa-se que a sua produção diária viesse a atingir os
85 000 bpd. Nos últimos dias de 1999, deu-se ainda um importante passo
no domínio da prospeção, através da constituição da Petrogal Brasil, em-
presa sediada no Recife e que pretendia participar nos concursos de con-
cessão da exploração e desenvolvimento de petróleo e gás natural a lançar
pelas autoridades brasileiras.
No sector da comercialização deu-se continuidade à estratégia de ex-
pansão em Espanha e nos países africanos de língua portuguesa através
da abertura de 19 novos postos de abastecimento. Neste sentido, os ob-
jetivos futuros passavam pela «implementação da Galp como operador
integrado de petróleo e gás» e pela conjugação da vertente de exploração,
mediante a «procura de novas oportunidades de investimento na área de
pesquisa e produção de petróleo bruto e gás natural», que deveria ser
conjugada com «o reforço da posição no mercado espanhol de comer-
cialização de produtos petrolíferos».41 A administração pretendia com-
patibilizar a transformação da Galp como um operador no sector petro-
lífero e do gás, em Portugal e em Espanha, e paralelamente continuava
a apostar no domínio da pesquisa e exploração, reforçando a integração
vertical da empresa em todos os processos do negócio, desde a extração
até ao consumidor final. Em execução desta estratégia, a empresa, através
da Petrogal Brasil, participou, em 2000, no concurso de atribuição de li-
cenças promovido no Brasil pela Agência Nacional do Petróleo e obteve
em consórcio com a Petrobras a concessão de duas participações de 10%
em blocos de águas ultra-profundas na bacia de Santos, os chamados blo-
cos BM-S-8 e BM-S-11.
Em fevereiro de 2001, após a renúncia de Bandeira Vieira, deu-se uma
alteração nos órgãos sociais da empresa. A partir dessa data, o presidente
do Conselho de Administração deixou de presidir à Comissão Executiva,
passando a verificar-se uma divisão entre estes dois órgãos. Para o cargo
41
Relatório de Gestão do Exercício de 1999; ver também Santos (2011, 203).
84
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42
Em setembro de 2000, Cristina de Sousa substituira Pina Moura na Economia, man-
tendo-se este como ministro das Finanças.
43
«Bandeira Vieira pede demissão do responsável pelo gás natural», Negócios online,
2-2-2001; «António Mexia ganha ‘guerra’ pela gestão da Galp Energia», Diário Económico,
9-2-2001; «Governo esclarece Eni sobre Energia», Negócios online, 2-2-2001.
85
03 Petróleos Cap. 3.qxp_Layout 1 19/01/17 11:49 Page 86
Os Petróleos em Portugal
44
«AG da Galp Energia aprova Rui Vilar para presidente», Negócios online, 19-2-2001.
45
Programa do XV Governo Constitucional, Lisboa, 2002.
46
«Reestruturação da Galp Energia ainda em fase inicial; IPO não está comprometido»,
Negócios online, 15-5-2001.
47
«Petrogal vence leilão de bloco petrolífero no Brasil», Negócios online, 20-6-2001; «Pe-
trogal garante 9% de consórcio vencedor do bloco BM-2-24 no Brasil», Negócios online,
23-6-2001.
86
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estudar a criação de uma joint venture com um líder europeu na área da la-
vagem de carros para o lançamento de novos postos de lavagem.48
Relativamente ao mercado espanhol, a intenção da administração da em-
presa passava por transformar a empresa num «operador ibérico» que viesse
a ser responsável por uma quota de 16% no mercado da Península nos sec-
tores do gás e do petróleo, ou seja, o objetivo passava por conquistar mais
5% desse mercado, uma vez que a Galp Energia já era responsável por cerca
de 11%. Para atingir esse fim, a petrolífera portuguesa pretendia triplicar a
quota de 2% que detinha do mercado da venda de combustíveis a retalho
em Espanha, crescimento que seria realizado tanto através do estabeleci-
mento de parcerias, como mediante aquisições, e aspirava vir a tornar-se no
segundo maior operador ibérico na área do gás natural.49
Este posicionamento à escala ibérica era visto como indispensável para
o sucesso da dispersão do capital em bolsa. Na apresentação dos resulta-
dos referentes ao primeiro semestre de 2001, Rui Vilar sublinhou a ne-
cessidade de que a Galp Energia fosse reconhecida como um «operador
ibérico» e que o sucesso da operação passava por conseguir sinergias das
unidades de negócios, por estabelecer novas parcerias e reduzir os custos
«de modo a construir uma marca forte».50 Entre as parcerias desejadas
encontrava-se o estabelecimento de uma aliança com a Agip, empresa
controlada pela Eni, então detentora de uma quota de 1,7% do mercado
espanhol, que poderia criar em Espanha uma rede de 800 postos de abas-
tecimento.51 Ao mesmo tempo que procurava obter a concordância da
Eni para o adiamento da entrada em bolsa do capital da Galp Energia, o
governo preparava o lançamento da IPO e contratou a Caixa Geral de
Depósitos e a Merrill Lynch para coordenarem a oferta pública agendada
para o primeiro semestre de 2002.52
Em novembro de 2001, António Mexia fez declarações sobre o futuro
da empresa e a estratégia que pretendia implementar. Durante a realiza-
ção de um congresso luso-espanhol subordinado ao tema «o mercado
ibérico de energia», Mexia referiu aos jornalistas que a Galp Energia não
48
«Galp realiza parceria com Sonae para abertura de 100 lojas de conveniência até
2003», Negócios online, 21-8-2001; «Galp Energia e Sonae investem até 25 milhões no de-
senvolvimento de lojas de conveniência», Negócios online, 23-8-2001.
49
«Galp Energia quer 16% de quota no mercado ibérico; admite novas parcerias», Ne-
gócios online, 6-9-2001.
50
«Galp Energia mantém calendário de IPO para primeiro semestre de 2002, Negócios
online, 6-9-2001.
51
«Galp quer 800 postos de abastecimento em Espanha», Negócios online, 8-9-2001.
52
«Governo confirma CGD e Merryl Lynch para coordenar IPO da Galp Energia»,
Negócios online, 22-11-2001.
87
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Os Petróleos em Portugal
53
«Galp Energia desiste de investir na produção de petróleo no Brasil», Negócios online,
29-11-2001.
54
«Galp desiste de comprar novos blocos no Brasil», Gazeta Mercantil, 30-11-2001.
55
Relatório de Gestão do Exercício de 2001.
88
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56
Relatório de Gestão do Exercício de 2002.
57
«Galp Energia investe 35 milhões de euros para renovar postos de combustível», Ne-
gócios online, 14-1-2002.
89
03 Petróleos Cap. 3.qxp_Layout 1 19/01/17 11:49 Page 90
Os Petróleos em Portugal
bolsa no prazo estipulado, ou seja, até ao final de junho desse ano, caso
essa fosse a decisão dos acionistas.58
Mexia revelou ainda que o seu objetivo era que a Galp Energia viesse
a ser avaliada na ordem dos 3,5 mil milhões de euros (estava então ava-
liada em cerca de 2,5 mil milhões), e que, para isso, iria centrar a sua ati-
vidade na Península Ibérica, onde pretendia desenvolver as suas capaci-
dades para «criar novas ideias e criar novos clientes», estabelecendo metas
concretas que passavam por transformar a empresa numa das três maiores
empresas não financeiras portuguesas e colocá-la entre as 15 maiores à
escala ibérica e entre as 75 maiores à escala europeia.59
Em fevereiro de 2002, o governo divulgou que tinha decidido adiar a
oferta pública inicial (IPO) da Galp e que o novo calendário deveria ser
apresentado até ao final do primeiro semestre.60 No entanto, este adia-
mento não alterou a estratégia que vinha sendo empreendida pela lide-
rança executiva da petrolífera. Em abril, a Galp Energia anunciou que iria
investir 17 milhões de euros em 100 lojas de conveniência em Espanha e
que pretendia continuar a alargar a sua atividade em áreas non fuel, no-
meadamente em lojas de conveniência, espaços de restauração e de assis-
tência automóvel.61 No mês seguinte, a estratégia de crescimento no país
vizinho conheceu mais um desenvolvimento com a celebração de um
acordo de troca de postos de combustível entre a Galp e a Cepsa. Este
acordo, que numa primeira fase envolveu a troca de 20 postos de abaste-
cimento, permitiria à Galp aumentar a sua quota no mercado espanhol
de 2% para 2,5%.62 Paralelamente, prosseguindo a ideia de alcançar um
melhor relacionamento com os seus clientes, a petrolífera portuguesa, em
associação com a Brisa, desenvolveu um serviço que permitia o paga-
mento através do sistema Via Verde nos seus postos de abastecimento.63
Entretanto, no final de maio de 2002, realizou-se uma Assembleia
Geral da Galp Energia, que aprovou a substituição na presidência da em-
presa de Rui Vilar, que renunciou ao cargo para presidir à Fundação Ca-
louste Gulbenkian, por Joaquim Ferreira do Amaral, antigo ministro das
58
«Galp Energia investe 748 milhões de euros em Espanha; quer cotar em Madrid»,
Negócios online, 14-1-2002.
59
«Galp Energia com objetivo de avaliação de 3,5 mil milhões de euros», Negócios on-
line, 14-1-2002.
60
«Governo adia IPO da Galp Energia», Negócios online, 21-2-2002.
61
«Galp Energia investe 17 milhões de euros em 100 lojas de conveniência em Espa-
nha», Negócios online, 11-4-2002.
62
«Galp Energia com 4% de quota em Espanha depois de acordo com Cepsa», Negócios
online, 13-5-2002.
63
«Brisa Serviços quer faturar 57 milhões de euros este ano», Negócios online, 19-4-2002.
90
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64
«António Mexia na presidência da Petrogal e Gás de Portugal», Negócios online, 11-6-
-2002.
65
«Mexia estima IPO da Galp Energia primeiro semestre 2003; quer Euronext 100»,
Negócios online, 20-6-2002.
66
«Galp e Eni trocam postos de combustível com Total Fina Elf», Negócios online, 10-
-7-2002.
91
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Os Petróleos em Portugal
67
«Galp Energia disponível para mais trocas de postos de abastecimento em Espanha»,
Negócios online, 10-7-2002.
68
«Galp Energia negoceia troca de postos de abastecimento com Repsol», Negócios on-
line, 22-7-2002; «Galp retoma negociações para troca de postos com Repsol, Negócios on-
line, 24-3-2004.
69
«Galp Energia investe 1,5 mil milhões em três anos», Negócios online, 1-10-2002.
70
«Galp Energia negoceia adiamento de opção de compra mais 5% CLH para junho»,
Negócios online, 21-11-2002.
71
«Galp Energia aposta em marca própria nas lojas de conveniência», Negócios online,
1-10-2002.
92
03 Petróleos Cap. 3.qxp_Layout 1 19/01/17 11:49 Page 93
72
«Galp Energia estima 30% dos lucros em 2005 com áreas de ‘não combustíveis’»,
Negócios online, 2-10-2002.
73
«Galp aposta na expansão para preparar IPO», Negócios online, 2-10-2002.
74
«Galp Energia patrocina Liga Portuguesa de Futebol», Negócios online, 16-8-2002;
«Galp Energia assina contrato para patrocinar Liga Portuguesa de Futebol», Negócios online,
16-8-2002.
75
«Patrocínio do Euro 2004 aumenta quota da Galp Energia», Negócios online, 17-2-
-2003.
93
03 Petróleos Cap. 3.qxp_Layout 1 19/01/17 11:49 Page 94
Os Petróleos em Portugal
76
«Galp Energia investe 5 milhões na promoção Euro 2004 na Península Ibérica», Ne-
gócios online, 16-7-2003.
77
«Galp Energia quer quota entre 10 a 15% no mercado de gás natural ibérico», Negó-
cios online, 22-10-2002.
78
«Governo aponta para venda de 20 a 25% da Galp Energia em OPV», Negócios online,
21-11-2002.
94
03 Petróleos Cap. 3.qxp_Layout 1 19/01/17 11:49 Page 95
entanto, que nada seria decidido antes de ser ouvido o presidente do Con-
selho de Administração, Ferreira do Amaral, que, na sequência destas de-
clarações de Carlos Tavares, defendeu que a condução do processo de pri-
vatização cabia ao governo e que «nem podia ser de outra forma».79
De facto, apesar de a gestão da empresa pretender uma rápida entrada
em bolsa, as negociações entre os principais acionistas não foram fáceis,
uma vez que o executivo não pretendia apenas privatizar a Galp Energia,
englobando este processo de privatização num mais vasto plano de orga-
nização do sector energético nacional, que afetava os interesses do maior
acionista privado da petrolífera portuguesa. Esta complexidade levou o go-
verno a adiar novamente a oferta pública inicial da Galp Energia até 31 de
dezembro de 2003, após ter obtido a concordância da Eni, que abdicava
de reforçar a sua posição na Galp Energia e reconhecia a necessidade da
existência de um núcleo duro de acionistas portugueses na empresa.80
A opção do governo em integrar as fileiras do gás natural e da eletrici-
dade, expressa nas «linhas de orientação estratégica e do modelo organi-
zativo e de privatização do sector energético português»,81 como vimos,
veio agravar as tensões existentes entre o ministro que tutelava a Galp
Energia, Carlos Tavares, e a administração da empresa. A imprensa eco-
nómica revelou que a reestruturação do sector energético desenhada por
João Talone e aprovada pelo governo ia «contra os planos e a vontade
da gestão da Galp», e referia a existência de uma guerra aberta entre o
ministro e os mais altos responsáveis pela petrolífera portuguesa.82
Como tivemos oportunidade de observar, a lógica empresarial nem
sempre foi seguida ao longo do processo de privatização da Galp Energia.
No entanto, apesar das constantes alterações estratégicas do Estado en-
quanto principal acionista, a Galp Energia conseguiu adaptar-se às diver-
sas orientações, revelando uma grande capacidade de adaptação e resi-
liência.
Apesar de relegadas para um lugar secundário, as atividades de pros-
peção e extração de petróleo não foram completamente abandonadas e
a Galp Energia não chegou a transformar-se numa mera empresa reta-
79
«Governo ainda não definiu modelo para privatização da Galp Energia», Negócios
online, 22-11-2002; «Ferreira do Amaral esclarece privatização da Galp Energia», Negócios
online, 22-11-2002.
80
«Governo e Eni acordam adiamento do IPO da Galp Energia», Negócios online, 2-1-
-2003.
81
«Resolução do Conselho de Ministros n.º 68/2003», Presidência do CM, 3-4-2003,
Diário da República, I Série-B, n.º 108, 10-5-2003.
82
«No lugar do morto», Negócios online, 12-1-2004.
95
03 Petróleos Cap. 3.qxp_Layout 1 19/01/17 11:49 Page 96
Os Petróleos em Portugal
83
«Relações com Petrobras motivam reforço da Galp no petróleo brasileiro», Negócios
online, 4-6-2004.
84
«Galp quer novas explorações de petróleo no Brasil», Negócios online, 4-6-2004.
85
«Galp Energia: sábios escolhem Petrocer e grupo José de Mello ‘ex-aequo’», Público.pt,
1-6-2004.
86
«Galp Energia: sábios escolhem Petrocer e grupo José de Mello ‘ex-aequo’», Público.pt,
1-6-2004. Ver também «Venda da Galp à Petrocer deve ser formalizada hoje», Público.pt,
29-6-2004 e «Intervenção estatal baralha futuro da petrolífera», DN.pt, 22-12-2004.
87
«Galp Energia: sábios escolhem Petrocer e grupo José de Mello ‘ex-aequo’», Público.pt,
1-6-2004.
96
03 Petróleos Cap. 3.qxp_Layout 1 19/01/17 11:49 Page 97
recadar 1,2 mil milhões de euros com a posterior venda da Gás de Por-
tugal.88 Esta decisão do governo foi anunciada na última semana de vi-
gência do XV Governo Constitucional.
A 17 de julho, Durão Barroso pediu a demissão do cargo de primeiro-
-ministro, optando por aceitar o cargo de presidente da Comissão Euro-
peia para que fora convidado. Mais uma vez, o processo de privatização
da Galp seria afetado por uma crise política. Suceder-lhe-ia um governo
liderado por Pedro Santana Lopes, que tinha como ministro das Finanças
António Bagão Félix e como ministro da Economia Álvaro Barreto e
ainda António Mexia, antigo presidente executivo da Galp Energia e pre-
sidente dos conselhos de administração da Petrogal, Gás de Portugal,
Transgás e Transgás-Atlântico, como ministro das Obras Públicas, Trans-
portes e Comunicações.
No tocante à política energética, o programa do novo governo preco-
nizava «a consolidação do processo de modificação do quadro estrutural
do sector» e a «reorganização da oferta energética», estabelecendo como
prioridades «o desenvolvimento do Mercado Ibérico de Eletricidade,
com defesa intransigente dos interesses nacionais» e o aprofundamento
«da recente filosofia de consolidação em cada uma das diferentes fileiras
energéticas, no domínio dos petróleos, gás natural e eletricidade», defen-
dendo ainda a realização de um estudo sobre a «eventual separação entre
as atividades de importação e distribuição de alta pressão e distribuição
capilar de gás natural, dentro dos termos dos contratos de concessão exis-
tentes».89
Mas a vida continuava e, duas semanas após a tomada de posse do go-
verno de Pedro Santana Lopes, a Parpública assinou um acordo com a Pe-
trocer para a aquisição de cerca de 40% do capital da petrolífera. Ficou
então estabelecido que os privados poderiam nomear seis administradores
não executivos, cabendo à Parpública a indicação dos nomes do presidente
do Conselho de Administração e mais cinco administradores não execu-
tivos. O presidente executivo seria nomeado por comum acordo entre as
partes, durante o primeiro mandato deste núcleo de acionistas, passando
no segundo mandato esta responsabilidade a ser atribuída à Petrocer.
A comissão executiva seria composta por mais quatro gestores. Ficou tam-
bém estipulado quais as matérias que tinham de ser decididas por maioria
qualificada (votadas favoravelmente por 14 dos 17 administradores), in-
88
«Ministro confirma Petrocer na Galp», Jornal de Notícias online, 6-7-2004.
89
Programa do XVI Governo Constitucional.
97
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Os Petróleos em Portugal
Não sabia o articulista que afinal a solução seria outra, e que o processo
de privatização da Galp ainda estava longe de terminar. Logo que foi co-
90
«Petrocer e Estado querem Galp na Bolsa em 2005», Negócios online, 3-8-2004.
91
«Procuram-se pais!», Negócios online, 4-8-2004.
98
03 Petróleos Cap. 3.qxp_Layout 1 19/01/17 11:49 Page 99
92
«Edp só quer negócio do gás se o controlar», Público.pt, 25-6-2003.
93
«Edp vai tentar ultrapassar obstáculos», TSF.pt, 19-11-2004.
94
«Transferência do gás para a EDP leva novo ‘chumbo’», DN.pt, 27-11-2004.
99
03 Petróleos Cap. 3.qxp_Layout 1 19/01/17 11:49 Page 100
Os Petróleos em Portugal
95
Comunicado da Comissão Europeia, «Concentrações: a Comissão proíbe a EDP e
a Eni de adquirirem a GDP», IP/04/1455, 9-12-2004.
96
Decisão do Conselho da Autoridade da Concorrência. Ccent. 36/2004 – Petrocer,
SGPS, Lda./Parpública – Participações Públicas, SGPS, S.A./Galp Energia, SGPS, SA,
23-12-2004.
100
03 Petróleos Cap. 3.qxp_Layout 1 19/01/17 11:49 Page 101
97
«Parpública, Petrocer e Eni acordam novas datas», TSF.pt, 19-1-2005.
98
«Petrocer quer que o Estado cumpra o contrato de venda», RTP.pt, 1-2-2005.
99
«Venda da Galp à Petrocer volta a gerar polémica», DN.pt, 7-2-2005.
100
Programa do XVII Governo Constitucional, Lisboa, 2002.
101
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Os Petróleos em Portugal
101
Resolução do Conselho de Ministros n.º 169/2005, aprovada a 6-10-2005, Diário
da República, 1.ª Série-B, n.º 204, 24-10-2005.
102
Ibid.
103
«Ambiente propício a sucesso de OPA Gás Natural sobre Endesa», RTP.pt, 6-9-2005.
102
03 Petróleos Cap. 3.qxp_Layout 1 19/01/17 11:49 Page 103
104
«Liberalização sem data», Jornal de Notícias.pt, 30-9-2005.
105
Ibid.
106
«Grupo Mello mantém interesse na Galp», Negócios online, 13-10-2005; «Petrocer
aceita parceira com a Eni», Diário Digital, 19-11-2005; «Privados tentam evitar rutura na
Galp», DN.pt, 23-11-2005.
107
«Amorim negoceia posição da Iberdrola», Negócios online, 5-12-2005.
103
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Os Petróleos em Portugal
108
«Ferreira de Oliveira reclama transparência na Galp», RTP.pt, 6-12-2005.
109
«Petrocer preparava oferta para ações da Edp na Galp», Negócios online, 6-12-2005.
110
«Eni interessada em comprar posição da Edp na Galp», Negócios online, 6-12-2005.
104
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111
«Amorim passa a segundo maior acionista da Galp», DN.pt, 7-12-2005; «EDP apro-
vou venda da posição na Galp a Américo Amorim», Público.pt, 7-12-2005. Para as origens
empresariais de Américo Amorim, ver Mendes (2015) e Lopes et al. (2016).
105
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Os Petróleos em Portugal
112
«Datas-chave do processo Galp/Eni», Negócios online, 30-12-2005.
113
«Estado abdica de poder na Galp a favor de Amorim», Público.pt, 31-3-2006.
114
«Ferreira de Oliveira entra hoje na Galp em substituição de Rui Cartaxo», DN.pt,
12-4-2006.
115
«Governo quer vender Galp acima dos seis milhões», Negócios online, 17-8-2006.
106
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116
«Galp: uma prenda em perda», Expresso online, 8-1-2007.
117
Decreto-Lei n.º 185/2008 de 19 de setembro, Diário da República, I série, n.º 182.
107
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Os Petróleos em Portugal
Setgás Iberdrola
0,04% 4,00%
Estrutura acionista da Galp Energia com o acordo entre o Estado e a Amorim Energia
118
«O ultimato italiano», Negócios online, 11-8-2008.
119
«Sócrates afasta nova fase de privatização da Galp e da EDP», Público.pt, 27-11-2009.
108
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conseguinte, dos encargos dessa dívida» e como uma medida que se iria
repercutir «positivamente no esforço de consolidação orçamental»,
sendo que o Orçamento de Estado tinha fixado em 1200 milhões de
euros a obtenção de receitas com privatizações, ou seja, 0,73% do PIB.
Com este objetivo, o Estado propunha-se realizar a emissão de obriga-
ções a serem colocadas junto de investidores institucionais nacionais e
estrangeiros pela Caixa Geral de Depósitos e por outras instituições fi-
nanceiras a serem selecionadas pela Parpública, que tinham como ativo
subjacente um máximo de 58 077 000 ações representativas do capital
da Galp Energia.120
O processo ficou concluído no final de setembro de 2010. Um comu-
nicado da Parpública anunciou que tinham sido concretizados os termos
e condições da quinta fase de reprivatização da empresa, numa operação
orçada em cerca de 900 milhões de euros. As obrigações tinham um
prazo de maturidade de sete anos e uma taxa de juro anual fixa de 5,25%.
O preço das obrigações foi fixado a um prémio de conversão de 25%
sobre o preço de referência de 12,20 euros, dando origem a um preço de
Primeira descarga em
Matosinhos de
petróleo produzido pela
Galp Energia
no campo «Lula», Santos,
Brasil, em 2012.
120
Resolução do Conselho de Ministros n.º 57-A/2010 de 5-8-2010, Diário da República,
I série, n.º 158, 16-8-2010.
121
«Governo conclui privatização da Galp e paga juro de 5,25%», Negócios online, 23-
-9-2010.
109
03 Petróleos Cap. 3.qxp_Layout 1 19/01/17 11:49 Page 110
Os Petróleos em Portugal
122
«Galp sem presidente», Expresso.pt, 14-5-2011.
123
«Sonangol quer participação direta na Galp», Público.pt, 25-2-2011.
124
«Palha da Silva desmente ter sido sondado para substituir Ferreira de Oliveira», Ne-
gócios online, 2-3-2011; «acionistas da Galp discutem sucessor de Ferreira de Oliveira», Ne-
gócios online, 2-3-2011.
125
«Pequenos acionistas ganham mais poderes na Galp», Público.pt, 3-3-2011.
110
03 Petróleos Cap. 3.qxp_Layout 1 19/01/17 11:49 Page 111
126
«Eni foi a Luanda para dar apoio à Sonangol na luta pela Galp», Negócios online,
7-3-2011.
127
«Angola admite usar fundo para entrar diretamente na Galp», Negócios online, 9-3-
-2011; «Eni só vende ações na Galp por valor acima do mercado», Público.pt, 10-3-2011;
«Eni admite vender posição na Galp mas só se lhe derem um prémio pela participação»,
Negócios online, 10-3-2011; «Eni admite vender participação na Galp se receber prémio»,
Expresso.pt, 10-3-2011; «Eni só vende Galp por mais de 14,72 euros por ação», Económico
online, 11-3-2011.
128
«Novos estatutos da Galp chumbados em assembleia geral», Público.pt, 28-3-2011.
129
«Estado e Amorim votaram contra alteração de estatutos da Galp Energia», Negócios
online, 28-3-2011.
111
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Os Petróleos em Portugal
130
«Impasse político condiciona nova gestão da Galp», Económico online, 28-3-2011.
131
«AG da Galp adiada para 30 de maio», Agência Financeira online, 4-4-2011.
132
«Angolanos mais perto dos 25% na Galp», Sol online, 24-4-2011; «Cavaco abre ca-
minho com Dilma», DN.pt, 31-3-2011.
112
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133
Entrevista de Murteira Nabo ao Público, 26-4-2011.
134
«Eni quer alemão para o lugar de Ferreira de Oliveira», Económico online, 9-5-2011.
135
«CGD alega falta de legitimidade para propor novo ‘chairman’ da Galp», Económico
online, 16-5-2011.
113
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Os Petróleos em Portugal
136
«Remunerações na Galp geraram 9,37% de votos contra», Negócios online, 30-5-2011.
137
«Memorando de entendimento sobre as condicionalidades de política económica»,
17-5-2011.
138
Decreto-Lei n.º 90/2011 de 25 de julho, aprovado em Conselho de Ministros a 5
de julho de 2011, Diário da República, I série, n.º 141.
114
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139
«Estado fora: o que muda na Galp», Dinheiro Vivo online, 5-7-2011.
140
«Galp altera estatutos e põe fim à golden share do Estado», Dinheiro Vivo online,
3-8-2011.
141
«Passos dá luz verde à Eni para continuar no capital da Galp», Económico online, 308-
-2011.
142
«Acionistas obrigados a novo acordo com saída da CGD», Económico online, 6-9-
-2011; «Acionista, credor e devedor. Amorim está em todas», I online, 7-9-2011.
115
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Os Petróleos em Portugal
143
«Freitas do Amaral indicado para ‘chairman’ da Galp», Económico online, 8-9-2011.
144
«Eni e Amorim contra nomeação de Freitas do Amaral para a Galp», Negócios online,
30-9-2011.
145
«CGD segura Freitas do Amaral como futuro chairman na Galp», I online, 12-10-
-2011.
146
«Eni volta a negociar venda da posição na Galp», Económico online, 12-10-2011.
147
«Galp confirma descoberta de grande dimensão de gás natural em Moçambique»,
Negócios online, 20-10-2011.
148
«Encaixe da Galp com a Sinopec supera meta fixada pela gestão», Económico online,
14-11-2011.
116
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149
«Passos promete não travar reforço da Sonangol na Galp», Económico online, 16-11-
-2011.
150
«Isabel dos Santos reúne-se com Vítor Gaspar», Sábado online, 16-12-2011.
151
«Eni quer sair da Galp», Dinheirovivo.pt, 15-2-2012.
152
«Américo Amorim desvaloriza decisão da Eni de vender a Galp», Económico online,
16-2-2012.
153
«Sonangol em negociações para comprar participação da Eni na Galp», Económico
online, 24-2-2012.
117
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Os Petróleos em Portugal
154
«Amorim e Sonangol fazem as pazes para controlar a Galp», Negócios online, 27-2-
-2012.
155
«Sonangol quer metade da participação da Eni na Galp», Económico online, 13-3-
-2012; «Eni garante que não está a negociar venda da Galp com angolanos», Económico
online, 16-3-2012.
156
«Vítor Gaspar chega domingo a Angola com diferendo por resolver nos diamantes»,
Público.pt, 25-3-2012.
157
«Gaspar fala em ‘desenvolvimentos positivos’ sobre entrada direta da Sonangol na
Galp», Público.pt, 27-3-2012.
158
«Amorim e angolanos compram hoje parte da posição da Eni na Galp», Negócios
online, 28-3-2012.
118
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os 10,34% que lhe restavam, sendo que a Amorim Energia ficava com
opção de compra ou com o direito de nomear outra parte interessada.159
O acordo entre os principais acionistas da Galp Energia permitiu ainda
ultrapassar a longa disputa em torno da gestão da empresa. Ferreira de
Oliveira continuaria como presidente executivo da empresa e Américo
Amorim passaria a desempenhar as funções de presidente do Conselho
de Administração.160 Estas alterações foram aprovadas na Assembleia
Geral realizada no dia 24 de abril de 2012.161
Um mês antes do final do prazo estipulado, a Amorim Energia adqui-
riu 5% da Galp Energia à Eni. Como tinha ficado acordado em março,
os italianos receberam 590,8 milhões de euros, correspondentes a 14,25
euros por ação, numa altura em que a cotação em bolsa rondava os
11 euros, ou seja conseguiram obter um prémio de aproximadamente
30%. Com a consumação do negócio ficava sem efeito o antigo acordo
parassocial e a Eni, que passava a deter 28,34% da companhia petrolífera
portuguesa, ficava com as mãos livres para poder reduzir ainda mais o
seu envolvimento na Galp Energia.162
Associada a esta transação esteve a aquisição pelo Banco Santander de
2,22% da empresa à Amorim Energia, de acordo com as condições esta-
belecidas num contrato de equity swap celebrado com a Amorim Ener-
gia.163 Poucos dias depois, o Conselho de Administração aprovou um
conjunto de alterações que passavam pela saída de vários gestores italia-
nos da Galp Energia.164 Estas mudanças, resultantes da saída da Eni, eram
acompanhadas por outras que espelhavam a nova realidade da Galp
Energia, empresa que nos meses anteriores tinha visto reforçado a sua
Unidade de Negócio de Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural
em virtude das sucessivas descobertas verificadas em concessões suas no
Brasil e em Moçambique. Ferreira de Oliveira, que finalmente via recon-
firmado o seu lugar na chefia executiva da Galp Energia e que deixou de
159
«Amorim Energia garante acesso a mais 15,34% da Galp Energia», Público.pt, 29-3-
-2012.
160
«Américo Amorim será o novo ‘chairman’ da Galp», Económico online, 29-3-2012.
161
«Amorim confirma Ferreira de Oliveira como CEO da Galp», Negócios online, 24-4-
-2012.
162
«Amorim Energia paga 590,8 milhões de euros por mais 5% da Galp Energia», Pú-
blico.pt, 20-7-2012.
163
«Santander compra 2,22% da Galp à Amorim Energia», Dinheiro vivo online, 20-7-
-2012.
164
«Antigo presidente da Petrobras entra na administração da Galp», Negócios online,
26-7-2012.
119
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Os Petróleos em Portugal
165
«Nova equipa na Galp: ‘vender gasolina já não é o mais importante’», Dinheiro vivo
online, 27-7-2012.
166
«Bruxelas volta a puxar as orelhas a CGD por ainda não ter vendido 1% da Galp»,
Dinheiro vivo online, 12-10-2012.
167
Comunicado da Eni, 27-11-2012,www.cmvm.pt/documents/comunicado%eni%
2027112012.pdf.
168
«Estado já gastou 160 milhões de euros em consultoria para privatizar a Galp», Pú-
blico.pt, 25-6-2004.
120
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Eni
8,00%
Parpública Free-float
7,00% 17,25% Eni
33,34%
Free-float Amorim Energia
46,66% 38,34%
CGD
1,00%
Amorim Energia
Iberdrola 33,34%
4,00%
Parpública
7,00%
121
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Conclusão
A história da privatização da Galp Energia apresenta caraterísticas úni-
cas relacionadas com a história da própria empresa e daquelas que a an-
tecederam, com as especificidades dos mercados em que opera, e com
os interesses variáveis dos governos e do Estado e dos acionistas privados
que investiram na empresa. Começando como uma empresa protegida
pelo Estado, tendo como objetivo a produção em território nacional de
combustíveis, numa altura em que a Europa fechava fronteiras e se pre-
parava para uma guerra que então já era quase inevitável, a Sacor, uma
das antecessoras da Galp Energia, viria a conhecer um arranque tímido,
logo ultrapassado quando a guerra terminou e Portugal, a Europa e o
resto do Mundo entraram numa das fases de maior crescimento econó-
mico de que há memória. Paralelamente, outras empresas do sector, entre
as quais se destacava a Sonap, de que a Galp Energia viria a ser também
herdeira, conheceram grandes desenvolvimentos. Estes imprimiram con-
corrência no mercado, sobretudo interno, mas também internacional, e
foram enquadrados por um Estado com uma elevada propensão prote-
cionista. Em todo esse período desde o longínquo ano de 1937 até à crise
petrolífera de 1973 e o fim do Estado Novo, em 1973 e 1974, os petróleos
em Portugal viveram sob o signo da concorrência, mas num mercado
protegido interna e externamente. Entre 1974 e 1976, com a revolução e
as nacionalizações, tudo viria a mudar, ficando sobretudo marcada a con-
centração e integração vertical do sector, que conduziria a então fundada
Petrogal para um novo patamar, ainda sob forte proteção do Estado,
desta vez enquanto único proprietário da empresa.
A privatização da petrolífera nacional, iniciada em 1992, levou duas
décadas até ser totalmente cumprida. Esse longo processo foi pautado
por avanços e recuos por parte de sucessivos governos, mas também por
parte dos investidores privados. A Galp Energia, entretanto formada, é
uma empresa estratégica, no sentido em que opera num sector funda-
mental da economia nacional, sendo a única empresa nacional, mas é
estratégica também no quadro internacional, em que se verificaram alte-
123
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Os Petróleos em Portugal
rações substanciais ao longo dos anos. A disputa pela posse e pelo seu
controlo da empresa foi acesa, o que se compreende pelo facto de nela
se juntarem interesses privados, interesses públicos e interesses estratégi-
cos. Os interesses da valorização acionista, da maximização do preço de
venda por parte do Estado, e do controlo de uma parte do mercado de
produtos petrolíferos internacional, mostraram-se por vezes contraditó-
rios, por vezes antagónicos, e por vezes inconciliáveis. Todavia, todos os
problemas acabaram por ser ultrapassados e a Galp Energia chegou ao
fim do processo de privatizações com uma estrutura acionista relativa-
mente estável. Estes são os factores principais das especificidades que
marcaram a história da Galp Energia, das suas antecessoras, e da sua pri-
vatização. A eles devem todavia juntar-se dois aspetos importantes, inti-
mamente relacionados com conclusões mais gerais que se podem retirar
desta história.
O primeiro tem a ver com a gestão do negócio ao longo dos tempos.
Independentemente de uma análise detalhada levada a cabo em outras
obras, a verdade é que a circunstância de a Galp Energia ter chegado ao
fim de todo o processo aqui descrito como uma empresa saudável, com
uma larga carteira de investimentos internacionais e nacionais, com uma
forte componente tecnológica e em expansão, obriga à conclusão de que
a sua gestão foi globalmente positiva. Essa gestão atravessou as vicissitu-
des dos mercados internacionais, as perturbações políticas e também as
disputas em torno do controlo acionista. Seguramente que foram toma-
das decisões menos vantajosas para a empresa, que foram encontradas
dificuldades que a empresa não soube ultrapassar com a rapidez neces-
sária, que houve hesitações ou recuos. Isto significa, acima de tudo, que
a Galp e as empresas que a antecederam tomaram partido de uma história
longa de décadas, da experiência acumulada de trabalhadores, gestores e
administradores, da participação num mercado internacional altamente
competitivo em termos de produtos e de métodos de produção e de co-
mercialização. Mas significa também que o Estado, mesmo quando in-
terveio com mais acutilância, não constituiu verdadeiramente um pro-
blema ao desenvolvimento do negócio. E, em alguns casos, como
aconteceu quando pacificou o sector através da integração vertical a se-
guir à nacionalização, terá mesmo tido um papel positivo. Essa é a pri-
meira conclusão geral que se pode retirar desta história.
A segunda conclusão geral decorre do facto de todo o processo ter
acabado com a preservação da Galp Energia enquanto empresa industrial
independente e de capitais maioritariamente portugueses, tendo sido ul-
trapassadas as tentativas de a integrar em empresas multinacionais. As
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Conclusão
vantagens desse resultado não são totalmente claras à partida, uma vez
que o que interessa acima de tudo no funcionamento das empresas é a
rentabilidade dos seus capitais e investimentos, e não tanto de quem são
propriedade ou se estão ou não integradas em outras empresas. Acresce
que o interesse das empresas em manter níveis de rentabilidade elevados
é também do interesse dos consumidores, quer sejam empresas ou indi-
víduos, pois as boas rentabilidades traduzem menores custos e preços
mais competitivos. Todavia, acontece que o mercado dos produtos pe-
trolíferos não é um mercado como os demais, porque depende de uni-
dades empresariais de grande concentração de capital, o que implica uma
menor capacidade de ajustamento conjuntural, e refere-se a um produto
com características específicas nas economias nacionais. Essas caracterís-
ticas fazem com que não seja totalmente indiferente a nacionalidade da
propriedade e a localização da atividade industrial e da gestão empresa-
rial. O argumento da especificidade não deve ser levado longe demais,
uma vez que no limite se pode aplicar a um grande leque de sectores
económicos. Para além disso, a Galp Energia é também uma empresa
que opera internacionalmente, com vastos investimentos internacionais
em prospeção petrolífera de hidrocarbonetos. Todavia, é preciso ter em
atenção um quadro internacional em que os principais países industriais
com alguma dimensão têm a operar dentro de fronteiras empresas pe-
trolíferas de capitais maioritariamente nacionais. Por outras palavras, a
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Apêndices
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Apêndices
Objeto do normativo
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Apêndices
Ajustes nas
Participações Entrada IPO Acordo Eni
do Estado 31-12-2005 Amorim 31-12-2006 Galp 2-1-2007 e Amorim 30-9-2014
00-05 Energia Energia Energia
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Os Petróleos em Portugal
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Outros títulos de interesse: Entre 1992 e 2012, decorreu o processo de privatização da Petrogal/Galp
Os Petróleos David Castaño, investigador do
Instituto Português de Relações
em Portugal
Das Constituições Energia.Tive o privilégio de presidir a essas instituições durante 14 desses
Internacionais da Universidade Nova
dos Regimes Nacionalistas anos e tenho o dever de conhecer bem o mesmo processo, incluindo de Lisboa.
conteúdos e eventos não publicados. Em 2014, desafiei o Prof. Pedro
Os Petróleos em Portugal
do Entre-Guerras
Pedro Velez Lains a conceber e coordenar um projeto de investigação sobre o tema. Ana Mónica Fonseca,
Tinha consciência de que era uma tarefa difícil. O presente livro é o fruto investigadora e professora convidada
O Partido Republicano
Nacionalista, 1923-1935
da competência e da perseverança dos seus autores e representa um
excelente ponto de partida para se perceber o que se fez de bem e
Do Estado do Centro de Estudos de
Internacionais e do Departamento
de História do ISCTE-Instituto
Manuel Baiôa
quem o fez; assim como identificar o que se poderia ter feito melhor, ou
muito melhor, e porque é que tal não aconteceu. Apesar das limitações
à Privatização Universitário de Lisboa.
A Vaga Corporativa
Corporativismo e Ditaduras impostas pela dificuldade de acesso a toda a informação inerente a um 1937-2012 Pedro Lains, investigador do
Instituto de Ciências Sociais da
na Europa e na América Latina projeto desta natureza, a obra é de leitura obrigatória para os Universidade de Lisboa e professor
António Costa Pinto profissionais e investigadores que se interessam pela história das
Francisco Palomanes Martinho
privatizações em Portugal e, em particular, pela história do setor
David Castaño convidado da Católica-Lisbon School
of Business and Economics.
(organizadores)
petrolífero nacional. Ana Mónica Fonseca Daniel Marcos, investigador e
Sem Fronteiras
Os Novos Horizontes
Manuel Ferreira de Oliveira, PetroAtlantic Energy Corporation, S.A.
Pedro Lains professor convidado do Instituto
Português de Relações Internacionais
da Economia Portuguesa Este livro condensa o que de melhor a história económica e empresarial
pode oferecer para o conhecimento da GALP. Nele se conjuga a rigorosa
Daniel Marcos e da Faculdade de Ciências Sociais e
Pedro Lains Humanas da Universidade Nova de
(organizador) análise da informação e uma profundidade temporal que se projecta para Lisboa.
além do horizonte estrito do início da privatização. Acresce a riqueza da
trama explicativa, que integra a evolução da GALP nos ritmos das
vicissitudes políticas, das fricções pelo controlo accionista e da
recomposição do mercado europeu de energia.
Álvaro Ferreira da Silva, Nova School of Business and Economics
A presente obra fornece-nos um excelente contributo para um
conhecimento mais aprofundado da história e dinâmica empresarial dos
petróleos e do gás em Portugal ao longo do século XX e inícios do
século XXI bem como da sua contextualização, no âmbito da história
política e económica do respetivo período.
José Amado Mendes, Universidade Autónoma de Lisboa
Foto da capa: Torre de cracking da Sacor, Cabo Ruivo, Lisboa
UID/SOC/50013/2013
ICS ICS
www.ics.ul.pt/imprensa