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A “DECOMPOSIÇÃO” DO MATERIALISMO HISTÓRICO

DIALÉTICO DE MARX

INTRODUÇÃO

Neste escrito, dissertarei sobre o método utilizado por Karl Marx em seus estudos, o
materialismo histórico dialético, “decompondo-o”, isto é, caracterizando cada termo e juntando
as definições no fim deste trabalho. O que se compreenderá é que tal modelo é muito coeso
justamente por essas múltiplas influências e que por isso é chave entender como cada uma delas
se deu e se metamorfoseou na formação do autor em questão a fim de chegar na conclusão final
sobre o que é de fato a abordagem metodológica marxiana e posteriormente marxista.

O MATERIALISMO

A principal crítica metodológica feita por Marx é a de toda tradição filosófica anterior
a ele, junto com seus próprios contemporâneos. Ao considerar a totalidade de Filosofias,
algumas mais próximas de Hegel, outras mais distantes, mas ainda usuárias da lógica e da
terminologia hegeliana, Marx observa o caráter essencialmente abstrato e idealista de toda essa
produção intelectual, que beirava o absurdo, e se questiona quando a capacidade de tais
acadêmicos de verdadeiramente ligarem suas divagações à realidade alemã, ao meio material
germânico1. O que é posteriormente desenvolvido e também criticado é o chamado
materialismo contemplativo, um método que observa o sensível e real mas que ignora a
possibilidade de atuação no material em prol da mudança no abstrato, postura tomada pelo
contemporâneo de Marx, Feuerbach, como fica também bem exposto nas “Teses sobre
Feuerbach”, especificamente na de número IX2.

O foco de Marx é justamente reverter por completo os modelos idealistas em voga na


época passando não só a ver o meio material mas aceitar seu papel crucial dentro do
desenvolvimento humano e do surgimento das diversas sociedades, além também das drásticas
mudanças sofridas pelas mesmas ao longo da História, isto é, adotar um modelo
verdadeiramente materialista. Nas palavras do autor: “[...] os homens precisam estar em
condições de viver para ‘fazer história’. Mas para viver, é preciso antes de tudo beber, comer,
uma habitação, roupas, e ainda outras coisas. A primeira realidade histórica é, portanto, a

1
MARX, 1965, p. 10
2
Ibid., p. 102
produção da própria vida material [...]”3. Por conseguinte, é possível trabalhar o outro terço da
metodologia de Marx.

A HISTORICIDADE DAQUILO QUE É MATERIAL

Admitido o pressuposto do mundo material e seguindo o raciocínio exposto do trecho


destacado no tópico acima, o autor observa que se as primeiras necessidades da espécie humana
são de fato as materiais, são elas também os elementos propulsores do desenvolvimento humano
e de toda história4. O que se segue é que sanadas tais dificuldades, novas passam a surgir graças
ao avanço propiciado pelos primeiros atos, levando assim a escalada do desenvolvimento, sendo
o primeiro marco das relações interpessoais – a ação reprodutiva – culminada pelo desejo de
subsistência. Dessa forma, as necessidades se acumulam ao mesmo tempo que geram novas e
impulsionam o contato entre homens tanto por fatores biológicos como por elementos que
visam facilitar a vida da própria espécie. Surge aí a primeira relação social que cria a
primeiríssima divisão do trabalho entre homens e mulheres. 5

Feita tal construção, Marx observa que dada situação se repete constantemente, surgindo
assim um momento de embate entre as relações que o atendimento das necessidades possibilita
ou outorga e das forças usadas de fato para atender tais imperativos6. Tais choques entre
diferentes pólos, que são essenciais para o autor em questão à toda história da humanidade, é o
motor que move a roda da própria história e é aqui que se torna possível comentar sobre o
terceiro terço do método marxista de observar a realidade.

A DIALÉTICA

Sendo este talvez o elemento mais importante e filosoficamente carregado de teoria,


cabe aqui uma breve exposição quanto ao seu passado bem como a forma que ele adota em
Marx. Segundo Leandro Konder, pensador marxista brasileiro, metade da Dialética na nossa
concepção moderna tem suas origens na Grécia Antiga, nos séculos VI e V a. C., e é
inicialmente a concepção do mundo em constante mudança, sendo seu primeiro adepto
Heráclito de Éfeso 7. A outra metade só vai ser de fato adotada e cristalizada com Hegel, nos
séculos XVIII e XIX, ao conceber a seguinte afirmação que estará metamorfoseada pelo
materialismo (Hegel, mesmo influenciando Marx, era um idealista) nas obras do autor central

3
MARX, 1965, p. 23
4
Ibid., loc. cit.
5
Ibid., p. 24
6
MARX; ENGELS, 2005, p. 47-48
7
KONDER, 2011, p. 8
desta resenha: haveria uma realidade física, um mundo material (estrutura) e o mundo imaterial,
das ideias (superestrutura) e tudo aquilo que não é material, e o fluxo do desenvolvimento
humano se daria pela mudança no segundo seguida de uma alteração no modo como o primeiro
mostra-se para nós8. Tal mudança se daria por um processo de embate de contradições, isto é,
uma inconsistência entre dois elementos, culminando em um terceiro elemento que traz para si
partes dos dois itens anteriores e elaborações novas mas ainda sim contribuintes daquilo que
vem antes9, processo comumente conhecido Tese-Antítese-Síntese. Enquanto Hegel adota uma
visão que centraliza a mudança no mundo das ideias, Marx colocará o foco no outro polo dessa
dicotomia, ou seja, no mundo material físico.

A definição hegeliana de contradição também se encontra em Marx e em ambos usam


da mesma de forma muito diferente daquela que é apreendia pela lógica: ao mesmo tempo que
duas coisas podem se contradizer, elas podem ser mutuamente determinantes, isto é, uma não
existe sem a outra10. Para Marx, esses dois elementos contraditórios seriam, como já
mencionados, as relações de produção (divisão do trabalho, por exemplo) e forças produtivas
(meios de produção, por exemplo). Os exemplos marxianos estão presentes na introdução da
obra “Grundrisse” onde Marx trata da produção, distribuição, troca e consumo no modelo
capitalista11. Ao longo desse trecho, o que fica claro é que por mais estranho que seja a
afirmação “dentro de toda produção [um ato de criar], há um consumo [um ato de ‘destruir’]”,
quando inserido no conceito dialético de contradição isso torna-se perfeitamente cabível além
de ser extremamente essencial. Só existe produção porque há uma distribuição que ocasiona
em uma carência para certos indivíduos de determinados itens que outros possuem, que gera a
necessidade da troca culminando por fim no consumo, fazendo surgir novamente uma
necessidade da produção novamente, reiniciando assim o fluxo.

Usando dessa explicação do conceito de contradição, fica fácil inferir qual seria de fato
sua função dentro do embate entre as relações de produção e as forças produtivas. Entendendo
as segundas como qualquer forma de transformar algo, inicialmente da natureza em outra coisa
mais útil ou eficiente para sanar as necessidades materiais, e as primeiras como as formas dos
relacionamentos interpessoais nesse processo de produção, o próprio autor conclui, tanto em
“Grundrisse” como na sua exposição em “A ideologia alemã”, que determinadas forças

8
Ibid., p. 26-27; essa explicação é demasiada simplista do que de fato é a proposição de Hegel, sendo só
enunciada a fim de provar que Marx herda certas características do mesmo.
9
Ibid., p. 57
10
Ibid., p. 46-47
11
MARX, 2011, p. 54-95
produtivas produzem certas relações entre indivíduos (a própria divisão entre proletários e
burgueses), e vice-versa, isto é, a cisão dos indivíduos ocasionando em certas determinações
nas formas com que o processo de produção é executado (sociedades muito populosas e que
possuam muitos indivíduos consumidores influenciarão no surgimento de forças produtivas
mais eficientes no quesito quantidade de produtos fabricados).

O MÉTODO COMPLETO
A amálgama que surge desses três elementos distintos é genial: a realidade e a própria
história humana sempre foi um fluxo dialético de contradições no âmbito material, sendo estas
as reais produtoras da mudança e da transformação. Quando Marx e Engels afirmam no início
da primeira parte do “Manifesto do Partido Comunista” que “a história de todas as sociedades
até hoje existentes é a história das lutas de classes” 12 não só fica claro o objeto de estudo daquele
escrito em questão mas também todo o método que foi usado a fim de chegar em tal conclusão:
a história sendo o terço que garante a linearidade e recorrência da observação feita pelo
estudioso; as classes sendo o terço material, criadas por situações de produção muito específicas
que segregam os diferentes e unem os iguais; e a luta sendo o terço dialético, expositor do
caráter contraditório (em ambos os sentidos aqui tratados) da realidade humana como um todo.

Outro exemplo claro do método sendo usado é na análise feita sobre a ascensão de
Napoleão III (Luis Bonaparte) ao governo francês em 1848 que culmina no reestabelecimento
da monarquia pelo mesmo em 1852. O movimento que coloca tal figura no poder foi uma
empreitada da burguesia do período que, mobilizando as massas populares contra Luis Filipe,
consegue por meio do sufrágio universal eleger Napoleão III, só para este tomar medidas
posteriormente contrárias à sua massa mobilizadora de eleitores, a burguesia francesa 13. Aqui,
há um embate entre interesses de classes distintas, ou seja, uma relação dialética de grupos de
indivíduos unidos contrapostos devido a condições materiais que foram construídas em outro
momento dialético, a própria Revolução Francesa.

12
MARX; ENGELS, 2005, p. 40
13
MARX, 2011
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

KONDER, Leandro. O que é dialética. 28. ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 2011. 85 p.

MARX, Karl. Feuerbach. In: MARX, Karl. A ideologia alemã. 1. ed. Rio de Janeiro: Zahar,
1965. p. 11-83.
__________. Introdução: Produção, consumo, distribuição, troca (circulação). In: MARX,
Karl. Grundrisse. 1. ed. São Paulo: Boitempo Editorial, 2011. p. 54-95.

__________; ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. 1. ed. São Paulo:


Boitempo Editorial, 2005. 254 p.

__________. O 18 Brumário de Luís Bonaparte. 1. ed. São Paulo: Boitempo Editorial, 2011.
174 p.

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