de prestar contas da administração ou gestão de bens, interesses ou negócios de outrem.
Ex.: tutor ou curador em face do tutelado ou
curatelado, administrador e administrado, inventariante e herdeiros, mandatário em relação ao mandante, etc.
Interesse de agir: Em regra, as contas
devem ser prestadas extrajudicialmente.
Exceção: a ação será ajuizada quando: a)
houver recusa ou mora daquele que tem a obrigação de dar as contas (por exemplo, o advogado e cliente, imobiliária e locador etc.), b) existir dissídio entre as partes sobre a própria obrigação de prestar contas (A quer de B as contas; B entende que não está obrigado a isto), c) ocorrer dúvida sobre a existência e o montante do saldo (credor ou devedor); e, d) naqueles casos em que a lei exige a prestação em Juízo (tutela e curatela – 1756, 1757, caput e 1774 CC 2002).
É ação, portanto, que deve ser ajuizada
apenas por aquele que tenha o direito de exigir as contas, contra aquele que tem o dever de prestá-las (artigo 550, caput CPC). Legitimidade:
ativa: titular do interesse, bem ou negócio
(exigir contas);
passiva: o que tem a obrigação legal ou
contratual de dar as contas (administrador, gestor, mandatário, inventariante etc.).
No STJ já se decidiu, por exemplo, que o
titular da conta corrente tem o direito de exigir as contas do banco, mas deve indicar o período questionado e demonstrar as irregularidades que reputa existir (Súmula 259).
No STJ, também, já se decidiu que o
tomador de empréstimo não tem interesse de agir (legitimidade ativa) para esta ação, pois o banco não administra recursos do financiado e o valor do saldo pode ser apurado conforme o contrato (4ª Turma, REsp 1.293.558, Min. Luis Felipe Salomão).
Ação para exigir contas (art. 550 do CPC)
Tem natureza dúplice (o saldo definido na
sentença tanto pode ser favorável ao autor, quanto ao réu), e se desenvolve em duas fases (procedimento bifásico):
a) na 1ª, verifica-se se o réu está ou não
obrigado a prestar contas. Se procedente, segue para a 2ª fase; do contrário, está extinto o processo. b) na 2ª, as contas serão prestadas de forma adequada (art. 551, caput CPC), ou seja, especificando todos os lançamentos de receita, de despesa, e investimentos, se houver. Segue a sentença que declarará se há saldo em favor do autor ou, em favor do réu (caráter dúplice da ação).
1ª Fase:
Inicial: artigo 319 CPC
Procuração Contrato escrito (ou verbal) Pedido para que o réu seja obrigado a dar as contas e para que seja declarado o saldo devedor ou credor.
Em 15 dias, o réu pode:
a) apresentar as contas e não contestar
(salta-se para a 2ª fase, por ser desnecessária decisão ou sentença para obrigar o réu a prestar as contas) → vista ao autor por 15 dias (art. 550, § 2º CPC), para dizer sobre as contas prestadas:
Se concordar com as contas: → sentença
declara o saldo credor ou devedor; → fase de cumprimento da sentença.
Se discordar: → início da “etapa probatória”
(perícia contábil, exame dos documentos, inquirição de testemunhas, etc.); → sentença decide qual o saldo (para o autor ou para o réu) → fase de cumprimento de sentença (arts. 515, I, e 552 CPC). b) revelia - julgamento antecipado da lide (art. 355 CPC) → sentença acolhe pedido do autor e impõe ao réu a obrigação de prestar contas no prazo de 15 dias (art. 550, § 5º CPC). Apelação : 2 efeitos.
Sucumbência é agora fixada (não na 2ª
fase).
É assim: réu revel → sentença de
procedência (sujeita a recurso de apelação) → início da 2ª fase.
Parece lógico, porém, que, em caso de
revelia, não deveria haver sentença, e sim decisão interlocutória (sujeita a agravo), que impõe o início da 2ª fase, pois a ação se desenvolve em duas fases. O CPC, todavia, refere-se expressamente ao artigo 355, que trata da sentença de julgamento antecipado da lide.
c) contesta e nega a obrigação de prestar
contas (lei não prevê esta hipótese que, todavia, é muito comum), ou alega que já prestou as contas, ou que as contas já foram aceitas etc. - produção de provas - audiência instrução e julgamento - sentença que dirá se deve ou não prestar as contas. Apelação: 2 efeitos
Julgada procedente a ação (após trânsito
em julgado) – Inicia-se a 2ª fase e o réu será intimado a prestar contas em 15 dias, na forma adequada (vide alternativa “a”). Na 2ª Fase (em caso de procedência, com ou sem contestação): réu é intimado a prestar as contas em 15 dias: Réu tem 2 opções:
a) apresenta as contas → autor é intimado
a se manifestar:
Se concordar com as contas: → sentença
declara o saldo credor ou devedor; → fase de cumprimento da sentença.
Se discordar: → início da “etapa probatória”
(perícia contábil, exame dos documentos, inquirição de testemunhas, etc.); → sentença decide qual o saldo (para o autor ou para o réu) → fase de cumprimento de sentença (arts. 515, I, e 552 CPC).
b) inércia: as contas serão apresentadas
pelo autor em 15 dias (art. 550, § 6º) → sentença declara o saldo credor ou devedor. Embora inerte o réu, pode o Juiz mandar realizar perícia caso duvide do acerto das contas apresentadas pelo autor (prudente arbítrio do juiz – art. 550, § 6º, parte final).
ATENÇÃO: após o trânsito em julgado da
sentença, segue o rito dos artigos 513 e 524 do CPC:
→ credor pede o cumprimento da sentença,
e instrui o pedido com o cálculo da dívida (se for pagamento de quantia – art. 524 CPC); → devedor é intimado pela imprensa (na pessoa do seu procurador, se tiver), ou por carta (se revel, embora citado pessoalmente), ou por edital (se revel, citado por edital) para cumprir a sentença em 15 dias;
→ se devedor cumprir a sentença: processo
é arquivado (não há verba honorária).
→ se não cumprir: débito é acrescido de
multa de 10% e honorários advocatícios também de 10% → segue a expedição de mandado de penhora e avaliação.