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Art. 1º. Os valores devidos pelos empregadores aos empregados e os montantes das
contas individuais do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e do Fundo de
Participação PIS-PASEP, não recebidos em vida pelos respectivos titulares, serão pagos,
em quotas iguais, aos dependentes habilitados perante a Previdência Social ou na forma da
legislação específica dos servidores civis e militares, e, na sua falta, aos sucessores
previstos na lei civil, indicados em alvará judicial, independentemente de inventário ou
arrolamento. (Grifo nosso)
Art. 2º. O disposto nesta lei se aplica às restituições relativas ao imposto de renda e outros
tributos, recolhidos por pessoa física e, não existindo outros bens sujeitos a inventário,
aos saldos bancários e de contas de caderneta de poupança e fundos de investimento
de valor até quinhentas obrigações do tesouro nacional. (Grifo nosso)
Nesse mesmo sentido, a Lei Complementar nº 26, de 11 de setembro de 1975, em seu § 4º
art. 4º que foi alterado pela medida provisória nº 813, de 26 dezembro de 2017, assevera
que:
Na hipótese de morte do titular da conta individual do PIS-PASEP, o saldo da conta será
disponibilizado a seus dependentes, de acordo com a legislação da Previdência Social e com
a legislação específica relativa aos servidores civis e aos militares ou, na falta daqueles, aos
sucessores do titular, nos termos da lei civil.
Por meio da simples leitura dos artigos acima, somada à análise dos documentos anexos à
presente exordial, conclui-se que o direito aqui pleiteado assiste ao requerente. Primeiro
porque não existem dependentes do falecido habilitados perante a previdência social,
segundo porque não se trata de servidor público, e terceiro porque o requerente, na ordem
da linha sucessória prevista no Código Civil, E o primeiro sucessor do “de cujus. ”
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
I - Aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este
com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens
(art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não
houver deixado bens particulares; (Grifo nosso)
O montante que se pretende levantar por meio de ordem judicial é oriundo do fundo de
participação PIS-PASEP e encontra-se depositado em uma conta individual em nome do “de
cujus” na CEF. Cumpre salientar que, ainda que existam bens em nome do falecido, esse fato
não é motivo suficiente para obstar o levantamento de tal quantia, na medida em que a
exigência de não existir outros bens sujeitos a inventário se aplica somente para o
levantamento de valores decorrentes de: saldo bancário; conta de caderneta de poupança e
fundo de investimento, conforme art. 2º da lei 6.858/80.
O direito aqui pretendido, levantar montante do Fundo de Participação PIS-PASEP, não
se enquadra em nenhuma dessas três hipóteses que estão condicionadas à não existência
de bens sujeitos a inventário, assim, ainda que existam bens em nome do falecido, em
consonância com o princípio da legalidade, é possível o levantamento de valores
depositados em conta do PIS, na medida em que o requerente preenchem todos os
requisitos legais, faltando-lhe para a obtenção fática de tal direito, apenas uma ferramenta
hábil, qual seja, o alvará judicial. Corroborando com essa interpretação, é o entendimento
unânime proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe:
APELAÇÃO CÍVEL. ALVARÁ JUDICIAL. LEI 6.858/80. FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE
SERVIÇO - FGTS. LIBERAÇÃO DE IMPORTÂNCIA DEIXADA POR FALECIMENTO.
INVENTÁRIO. DESNECESSIDADE. POSSIBILIDADE DE LEVANTAMENTO DA VERBA
PLEITEADA ATRAVÉS DE ALVARÁ. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO. À UNANIMIDADE. O art. 2ºda Lei 6.858/80 que limita a dispensa de inventário
para levantamento de quantias depositadas em conta bancária à hipótese em que não
existirem outros bens a inventariar, não se aplica aos valores devidos por empregadores,
depositados em conta individual do FGTS, PIS/PASEP, incluindo-se o saldo de benefício
previdenciário. Precedentes dos Tribunais Pátrio e desta Corte de Justiça. (APELAÇÃO
CÍVEL Nº 10965/2011, 5ª Vara Cível de Aracaju, Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe,
DESA. SUZANA MARIA CARVALHO OLIVEIRA, RELATOR, Julgado em 26/03/2012). (Grifo
nosso)
ALVARÁ JUDICIAL - LEVANTAMENTO DE VALORES DEIXADOS PELO FALECIDO -
DISPENSA DE INVENTÁRIO - SALDO DE PROVENTOS - LEI 6.858/80. OUTROS BENS A
INVENTARIAR - PROVIMENTO. - O art. 2º da Lei 6.858/80 que limita a dispensa de
inventário para levantamento de quantias depositadas em conta bancária à hipótese em
que não existirem outros bens a inventariar, não se aplica aos valores devidos por
empregadores, depositados em conta individual do FGTS, PIS/PASEP, incluindo-se o saldo
de benefício previdenciário. Recurso Provido. (APELAÇÃO CÍVEL 3253/2009, TRIBUNAL
DE Justiça do Estado de Sergipe, Relator: DES. CEZÁRIO SIQUEIRA NETO, j. em 17.09.2009).
Cumpre-nos salientar, ainda, que o Código de Processo Civil, em seu art. 666, também
assegura a desnecessidade de inventário ou arrolamento de bens para fins de pagamento
de valores previstos na lei 6.858/80, a exemplo do PIS-PASEP, vejamos:
Art. 666. Independerá de inventário ou de arrolamento o pagamento dos valores previstos
na Lei nº 6.858, de 24 de novembro de 1980.
Por tudo o que foi exposto, fica evidente que assiste ao requerente o direito aqui apontado,
tanto por ser descente e sucessor do falecido, como por preencher todos os requisitos
necessários à obtenção dos valores, figurando, portanto, como titular do direito de fazer o
levantamento do montante creditado em nome do “de cujus”.
DOS REQUERIMENTOS
Ante o exposto, requer a Vossa excelência:
A) Os benefícios da justiça gratuita, por sere o requerente juridicamente hipossuficiente
nos termos do art. 98 do Código de processo Civil;
B) Seja intimado o digníssimo representante do Ministério Público;
C) A procedência da presente ação para a expedição de Alvará Judicial em nome de XXX,
autorizando-o ao levantamento dos valores do PIS depositados em nome de XXX na conta
da Caixa Econômica Federal nº XXX01 (Cartão cidadão).