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receitas sobre os custos. As associações podem ter lucros mas não têm fim
lucrativo porque não visam distribuir esses lucros pelos associados.
Nas cooperativas o professor acha que nem em sentido objectivo há lucro, ou seja,
nas cooperativas de consumo visam proporcionar bens de consumo na melhor
qualidade e com os melhores preços possíveis. Significa que quando se paga um
valor, esse é provisório e que se torna definitivo quando é retribuído a título de
pagamento – um incremento provisório de modo a proporcionar os livros ao melhor
preço possível.
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Agora, pode-se falar de lucro objectivo quando a cooperativa negoceia com não
membros/cooperadores, mas esses lucros são insuscetíveis de distribuição nem
mesmo no momento da dissolução, vão para reservas e jamais podem ser
distribuídos pelos cooperadores, indo para o movimento cooperativo para ser
atribuído a outras cooperativas do ramo. Portanto, parece correcto dizer que as
cooperativas, quando funcionem conforme a lei, não têm fins de consumo.
Noção e forma de trespasse: não há nenhuma lei a dizer o que é o trespasse e são
algumas as leis que falam dele sem o definir, designadamente o Código Civil no
art.º 1112º; o Código das Sociedades Comercias; o Códigos dos Direitos de Autor
e o CRCSPSS (código dos regimes contributivos do sistema providencial da
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segurança Social).
O art.º 1112º CC diz que o senhorio tem direito de preferência no trespasse por
venda ou dação em cumprimento e aqui diz-se que nestes efeitos o trespasse
abrange apenas negócios onerosos, porem para outros efeitos não exige este tipo
onerosidade, pois por exemplo, a doação de estabelecimento também se enquadra
num trespasse, não é preciso de autorização do senhorio para tal e, no entanto,
estamos no seio de um negócio gratuito. O que é favorável para o trespassante,
pode ser igualmente bom para o trespassário e pode ser também bom para a
economia em geral.
Para o professor Coutinho de Abreu, numa dada série de efeitos, não para todos,
em princípio, nada obsta que para este conceito de trespasse entre também a
doação, negócio gratuito.
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o Quanto à forma:
Indo ao RRNPC quanto à transmissão da firma, diz que é preciso que haja acordo
entre as partes e que o adquirente adite a firma e tem de haver acordo entre o
transmitente e transmissário por escrito porque, se a firma é um elemento
acessório do estabelecimento e não se transmite autonomamente mas é algo ligado
ao estabelecimento, pareceria mal que a firma fosse transmitida por escrito e no
negócio maior nada se exigisse. Ao exigir-se que se avise o senhorio, este aviso
será feito por escrito e para este é preciso haver uma prova que se encontra no
escrito feito aquando do trespasse. Para não haver duvidas, há ainda um decreto-
lei de 2007 sobre farmácias que diz claramente que se deve observar forma
escrita, o que mais uma vez confirma a posição tomada acerca da forma. Para o
professor não podemos passar de escritura pública para nenhuma forma.
o Âmbitos de entrega:
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Cada vez se fala menos de trespasse porque cada vez menos há empresas de relevo
que pertençam a pessoas singulares porque se assim não for, o estabelecimento
fica a pertencer à sociedade, que o pode vender ou dá-lo em cumprimento ou trocá-
lo mas aí, há uma forma muito mais fácil e económica de transferir indirectamete o
estabelecimento que é a alienação das quotas.
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o Âmbito natural de entrega:
Isto é, quando as partes num negócio de trespasse não digam nada sobre os
elementos que são envolvidos ou dizem a título exemplificativo alguns elementos
envolvidos, a lei diz muito pouco sobre isto e para tal, teremos de ver quais os
elementos da empresa que pertençam à propriedade do empresário (confirmar o
livro) e aqui a lei só nos dá uma indicação acerca dos logótipos e marcas, dizendo
que se transmitem naturalmente, sem ser preciso nenhuma estipulação. Porém,
quanto ao resto não diz nada, ou seja, nada é dito sobre elementos obrigatórios da
empresa, mas devemos entender que se transmitem naturalmente, pois o que não
for excluído transmite-se, tendo em conta que são meios do estabelecimento e se
foi negociado, devem ir naturalmente. Todavia, os prédios são os elementos que
mais questões têm levantado, pois quando nada se diz quid iuris? Há alguma
doutrina que defende que tem de haver convenção de transmissão mas o professor
diz que sim, a não ser que resulte deferentemente da interpretação das cláusulas
contratuais não se deve excluir o prédio pois também não se exclui o direito de
patente e/ou máquinas que muitas vezes valem mais do que o próprio prédio.
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dívidas só é permitida nos termos do art.º 595º CC, sendo preciso inclusive uma
ratificação.
Quanto à forma, ainda, diz-se que o trespasse se basta com escrito particular mas
se o estabelecimento envolve um prédio e se se entender que este pertence ao
âmbito natural e se se quer transmitir o estabelecimento – põe-se a questão de que
o trespasse se basta com escrito particular e chega-se à conclusão que o
estabelecimento trespassado envolve naturalmente o prédio e se o adquirente
quiser registar o prédio na conservatória, não o consegue fazer com o escrito
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particular – o professor dizia que parece que nestes casos basta o escrito
particular porque não se negoceia autonomamente o imóvel mas o estabelecimento
e o imóvel é um elemento do estabelecimento. Hoje, parece que temos de apoiar
essa ideia que também foi apoiada desenvolvidamente pela Dra. Carolina Cunha e
pelo Dr. Ricardo Costa.
05 Novembro 2013
o Âmbito convencional:
Estes são elementos que integram o chamado âmbito convencional e no que diz
respeito aos créditos, eles não são elementos do estabelecimento na perspetiva do
Dr. Coutinho de Abreu mas elementos do património do titular do
estabelecimento. Neste caso, os créditos embora não integrem os elementos do
estabelecimento já vão integrar o âmbito convencional de entrega porque é possível
haver acordo na transmissão do estabelecimento.
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Art.º 285º, nº3 código de trabalho – manda aplicar também o nº1 ao caso de
cessão de exploração de empresa, estabelecimento e unidade económica e também
aí podemos falar do âmbito imperativo e legal.
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verificar com frequência se a legislação está toda preenchida quanto aos seus
requisitos, pois a falta de menção de um dos documentos conduzirá à nulidade do
trespasse. Esta legislação está sempre a ser alterada e convém ter extrema
atenção a este regime de licenciamento. Se o espaço não estiver devidamente
licenciado, a câmara pode ordenar o encerramento do espaço o que é algo com
muita importância sobretudo se já foi pago a valor do trespasse.
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Estamos a falar de um obrigação que a doutrina e alguma jurisprudência têm
reconhecido existir a cargo do trespassante. Exemplo: trespasse de compra e
venda – é uma obrigação que tem recaído sobre o vendedor com certos limites.
Se o trespasse fosse uma doação, podíamos aplicar o velho ditado popular de “quem
dá e volta a tirar, ao inferno vai parar” – um qualquer trespasse de
estabelecimento consiste na alienação de qualquer objecto comercial que tem
características próprias e que para ser organização terá definidos os valores de
organização que foram combinados entre si de dada forma e vai ganhando com o
tempo, valores de exploração, nomeadamente relações com os clientes e
fornecedores etc.
Âmbito pessoal desta obrigação: é importante ver quais são as pessoas que estão
obrigadas a não concorrer em caso de trespasse – se estamos a falar de uma
venda, o vendedor estará, em regra, obrigado a não concorrer (nota de rodapé
importante) mas não é de afastar a possibilidade de o vendedor não estar em
condições. Exemplo: suponha-se que se trata de alguém que herdou um
estabelecimento, nunca o explorou e o vende – esta pessoa que não sabe que
contratos o pai tinha estabelecido com a banca e estava completamente afastado
da exploração - este não está em condições de realizar esta concorrência perigosa.
Há outras situações que se podem considerar aqui abrangidas, a ver, se se trata de
um filho que pelo contrário participava ativamente na exploração do
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No caso de casados em que o bem era comum, nessa situação, tanto marido como a
mulher são ambos trespassantes e, em princípio, estarão os dois abrangidos pela
obrigação implícita de não concorrência. A propósito de pessoas abrangidas pela
obrigação, o professor Soveral Martins costuma falar de âmbito pessoal mas há
que também fazer referência a limites espaciais, temporais e objectivos,
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caracterização preferencial do Dr. Coutinho de Abreu.
Âmbito espacial: até onde vai a OINC? É preciso ver qual o chamado “raio de
acção” daquele estabelecimento. Há estabelecimentos de bairro que apenas são
para as pessoas do bairro onde se situam, outros, destinam a sua atividade, para
uma dada região, para todo o país ou mesmo todo o mundo. É evidente que saber
qual o raio de acção do estabelecimento irá depender de prova, fazendo perícias,
desde logo, à sua contabilidade e será preciso demonstrar que a atividade se
desenvolve com uma certa continuidade e/ou frequência numa dada área
geográfica. Provado esse raio, é evidente que quem vendeu essa mercearia de
bairro, neste caso, já poderá restabelecer outro estabelecimento fora do raio de
acção do estabelecimento trespassado.
Quanto ao limite temporal – não pode ser determinado em abstrato, tal como o
limite espacial, terá de ser determinado em concreto e estamos a falar do período
de tempo que será necessário para o adquirente do estabelecimento consolidar o
estabelecimento em causa com os valores de organização e exploração.
Um estabelecimento que lide com uma clientela que procura o estabelecimento com
frequência de alta intensidade para consolidar os valores sui genris será necessário
menos tempo, porque o dono do estabelecimento terá assim maior facilidade de a
cativar em menos tempo mas, se se trata de um estabelecimento que lida com os
fornecedores e clientes em períodos mais intermitentes, a consolidação desses
valores será mais lenta. (Texto interessante, ou não, está numa nota de rodapé –
comunicação da comissão da união europeia relativa às restrições… de 2001/C
188/3003, ponto 15. Nestes casos é uma obrigação implícita, não houve cláusula e a
comissão está a referir-se a uma situação em que houve cláusula.).
Se nos casos em que existe cláusula expressa há um limite, nos outros casos é
evidente que também tenha de haver.
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Outra nota é a de saber se será ou não admissível, num contrato de compra e venda
de estabelecimento - trespasse, clausular um afastamento da OINC e combinar
que o trespassante fica livre de abrir quando quiser, um estabelecimento. Com esta
abrangência, uma cláusula deste género é perigosa porque pode servir de
fundamento que, naquele caso em concreto, não quiseram efetivamente transmitir
o estabelecimento para o trespassante, ou seja, quiseram transmitir outra coisa
que não o estabelecimento porque esse é a chamada organização de valores de
exploração. (anotações de acórdãos de sentidos opostos.)
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do dono do estabelecimento. Há uma nota prévia: quando o novo RAU foi publicado
e mesmo antes das recentes alterações de 2012, falou-se muito da “morte do
trespasse” porque, em relação a arrendamentos mais antigos, esses contratos eram
arrendamentos que se renovavam automaticamente e o senhorio não tinha o direito
de impedir essa renovação e isso decorria do facto de os contratos de
arrendamento urbano serem celebrados por um prazo efectivo que findo se
renovava.
Agora, o trespassário passa a ser confrontado com uma situação em que sabe que
se comprar o estabelecimento por trespasse, pode o arrendatário por fim ao
arrendamento e assim haverá menor interesse do trespassário de não pagar um
valor muito alto pelo estabelecimento porque corre o risco de, num prazo de 5
anos, ter de sair do prédio. Nessa medida então diz-se que se matou o trespasse.
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Quanto ao nº5 do art.º 1112º, visa que o regime do nº1 que dispensa do
consentimento existe em função de uma situação que a lei considera
verdadeiramente excecional, ou seja, quando há transmissão daquele
estabelecimento para o mesmo ramo de comércio mas se muda o ramo de comércio
e industria, pode deixar de haver esta situação.
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Em relação à alínea a) é preciso ter em conta que está em causa o que foi
respeitado o âmbito mínimo de entrega sendo que muitas vezes as partes dizem
que estão a negociar e trespassar um estabelecimento instalado em prédio
arrendado para enganar o senhorio, para prescindir do consentimento e/ou
autorização do senhorio e, na realidade, o que queriam fazer não era o que
mencionaram, tendo aqui uma simulação de trespasse.
O Dr. Coutinho de Abreu só refere nas lições a hipótese da simulação que seria
quanto à natureza do negócio, e por outro lado, simulação quanto ao objecto do
negócio (pois num caso é o estabelecimento e no verdadeiro é cessação da posição).
Nem sempre há o acordo se simulação, pode por vezes haver erro e terem pensado
que ao excluir determinados elementos ainda estavam a negociar o
estabelecimento.
O art.º 1112º, nº3 diz que a transmissão deve ser celebrada por escrito e
comunicada ao senhorio. A comunicação é exigida para que o senhorio vá controlar o
que foi feito e, em face disso, se era efectivamente ou não dispensada a sua
autorização. A lei não estabelece um prazo para realizar a comunicação e surgem
duas alternativas: a das lições e a que o professor Soveral Martins defende – como
não há prazo, pelas lições usa-se a regra geral do art.º 1038º g) CC, de 15 dias (a
al g) tem como referencia a al f)), e devemos adaptar esta norma ao trespassante
e ao trespassário bem como o senhorio).
Para o Dr. Soveral Martins seria assim sem qualquer dúvida se não houvesse no CC
a norma do art.º 1109º, nº2 quanto à locação de estabelecimento – o locatário
também pode explorar o estabelecimento sem necessidade de consentimento do
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Este direito de preferência tem varias razões de ser, nomeadamente evitar que
entrem no prédio do senhorio pessoas que não sejam desejadas por este e, por
outro lado, tem a função pois se o preço declarado para o trespasse é muito
elevado, quem está a vender pode ter de pagar as mais-valias e pode levar
trespassante e trespassário a pensar que valia a pena fazer uma simulação e criar
no senhorio a intenção de exercer o direito de preferência por estímulo.
O Dr. Soveral Martins dá razão a Coutinho de Abreu quando ele diz que o
contrato celebrado com os lojistas será misto quando as prestações adicionais são
pagas integradas na renda. Se não for assim e se puder dizer que é pago à parte,
poderemos falar de coligação de contratos mas, em relação ao imóvel, prevalecerá
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o regime do arrendamento.
Locação de estabelecimento
Este mesmo nº2 vem também exigir esta comunicação no prazo de um mês e é
importante ter isto em conta. Aqui, a falta de comunicação levanta maiores
dificuldades do que levantava no trespasse porque é mais duvidoso a falta da
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comunicação uma vez que as consequências são menos claras, ou seja, a propósito
da falta de comunicação envolvida no trespasse, havia ineficácia e possibilidade de
resolução do contrato de arrendamento e consequentemente, o pedido de despejo,
porém, no art.º 1083ºCC, quanto ao arrendamento urbano, na al e) do nº2 diz
ser fundamento de resolução “a cessação temporária ou permanente e onerosa ou
gratuita do gozo do prédio, quando ilícita, inválida ou ineficaz perante o senhorio”.
A questão toda está em que a ineficácia do trespasse resultava do art.º 424º mas
este trata da cessão da posição contratual e no caso da locação do
estabelecimento não há esta cessão. No entanto, o Dr. Coutinho de Abreu
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entende que a falta dessa comunicação ainda acarreta também a ineficácia da
transferência do gozo do prédio para o locatário.
Tendo em conta esta posição tomada pelo professor, há uma cautela que tem de
ser assumida quando se celebra um contrato destes, negociando um regime de
renovação do mesmo, uma vez atingido o fim do prazo.
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Em relação ao âmbito natural, vamos encontrar grande parte dos elementos que
estavam na exploração do locador a título meramente obrigacional, há alguns que
não serão incluídos, como por exemplo, o comodato. Na opinião do Dr. Coutinho de
Abreu, tudo o que necessitar de consentimento da contraparte, com exceção dos
casos em que a lei dispensa o consentimento, isso não pertence a qualquer um dos
âmbitos de entrega porque só falamos de elementos que se podem transmitir sem
necessidade de consentimento da contraparte, porém, esta é uma posição
doutrinal. Outra defende que nos âmbitos de entrega o que interessa saber é o que
as partes quiseram incluir na negociação.
Quando falamos destes âmbitos, não estamos a querer significar que os bens se
transmitem em propriedade para o locatário, o que significa é que o locatário
adquire o direito, por força do contrato de locação de utilizar os bens enquanto
durar o contrato e para efeitos de exploração do estabelecimento locado. É
evidente que surge o problema de se tratar de um estabelecimento que, no âmbito
da sua exploração, tenha de realizar transmissões a terceiros e aí estará a vender
coisa que não é dele, pelo que, teremos de ver na locação, um negócio que confere
ao locatário poderes para alienar os bens que foram também incluídos no negócio
de locação e portanto o negócio em si envolve os poderes de alienar os bens que
seja necessário no âmbito da exploração normal do estabelecimento.
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A grande diferença aqui está no facto de agora esta obrigação, no entender do Dr.
Coutinho de Abreu ser uma obrigação explícita e não implícita e não é implícita
porque o locador tem de entregar a coisa locada além da obrigação de assegurar o
gozo da coisa art.º 1031º e, por outro lado, não pode impedir ou diminuir o gozo
da coisa, art.º 1037º e atendendo à especial natureza do objecto do contrato de
locação, quem entrega o estabelecimento ao locatário e logo a seguir abre um
concorrente que implique contactos com mesmos clientes, fornecedores,
financiadores ou parte deles, está a diminuir o gozo da coisa. Depois, quanto ao
chamado limite temporal de obrigação de não concorrência, ela durará enquanto
durar o contrato de locação que é, por definição temporário e não há que fazer
aquele tipo de considerações que fazemos acerca do mesmo tema quanto ao
trespasse.
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Este contrato de locação é bastante frequente, são feitos quando não se conhece
ainda a pessoa em causa e quer-se fixar um prazo para ver se a pessoa sabe ou não
explorar o estabelecimento, assegurando que a pessoa é idónea para o negócio e
não estragar um negócio que durou dezenas de anos a montar, ou seja, funciona
como negócio intermédio antes do negócio definitivo. Por outro lado, pode ocorrer
em casos em que a pessoa necessite de se ausentar da sua exploração durante
determinado tempo e depois tencione regressar.
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legislador acabou por ter a noção que devia encontrar um maior número de soluções
atendendo à crise de muitas empresas.
O plano de insolvência poderá ser mais atrativo para o devedor se este, antes de se
apresentar à insolvência, negociar com os credores um projeto de plano de
insolvência e apresentar esse plano da data do requerimento de insolvência. Em
assembleia de credores, terá de haver uma maioria e considera-se a proposta
aprovada se estiverem presentes credores que representem pelo menos 1/3 dos
direitos de voto em causa e, sendo este requisito do quórum constitutivo cumprido,
é necessário que a proposta recolha mais de 2/3 da totalidade dos votos admitidos
e dentro desses, os votos têm de corresponder a mais de metade dos votos dos
créditos não subordinados.
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Mais uma vez, quem vai iniciar este processo, pelo nº1 do art.º 3º é a empresa
interessada. O art.º 6º na al) ii) vem prever a recusa do requerimento se a
empresa for economicamente viável. Mais uma vez, vamos encontrar um “porto
seguro”.
Há outra diferença, pois se no PER temos nomeação de administrador judicial
provisório e na insolvência temos administrador de insolvência, no SREVE não
temos isso, o que dá uma maior margem de manobra para actuar. Porém, o nº5 do
art.º 11º estabelece limitações quanto aos actos que o devedor pode praticar.
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Mais uma vez, quanto à protecção conferida aos credores que pretendam financiar,
o art.º 11º, nº6 oferece-lhe uma garantia. Este acordo produz alguns efeitos
vantajosos.
Nota: art.º 5º nº1 este regime é importante porque permite ver uma diferença
entre o SREVE e PER porque diz que a presentação do requerimento suspende o
prazo do nº1 do art.º 18 do CIRE para declaração de insolvência e isto só é útil
quando há uma situação de insolvência actual. A apresentação de requerimento do
PER não prevê esta suspensão e sobre isto diz-se que o PER só se pode iniciar
quando há situação económica difícil ou iminente e não em situação actual de
insolvência. Contudo o PER não prevê, aparentemente um controlo liminar por parte
do julgador de uma situação de insolvência actual desde o início.
Se o devedor inicia processo PER não o podendo fazer, isto quer dizer que o prazo
não se suspendeu e se ultrapassar esse prazo, sofrerá as consequências mas isto é
discutível.
Todos estes sinais, juntamente com a firma, costumam ser agregados num conjunto
designado sinais distintivos do comércio e podia pensar-se ser matéria
estritamente de direito comercial pois são sinais que distinguem sujeitos e
objectos de comércio, todavia não é bem assim, o código que regula estas coisas é
o da propriedade industrial e a disciplina poderá designar-se corretamente como
direito da propriedade industrial. Estes sinais podem ser adoptados por
comerciantes e não comerciantes, de toda a maneira, também por uma questão de
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tradição estas coisas vêm sendo ensinadas em direito comercial, tendo em conta
que há uma estreita ligação entre eles e as empresas comerciais.
Logotipos:
É um sinal com regulação jurídica há pouco tempo, entrou no código da propriedade
industrial em 1995, continuou no código actual e numa primeira fase, até 2008 o
logótipo coexistia com outros sinais distintivos, chamado nome e insígnia de
estabelecimento e aí essa expressão significava que tinham que ver com nome ou
sinal distintivo das empresas. O logotipo apareceu sempre como sinal distintivo de 88
sujeitos mas com ligação estreita aos estabelecimentos. Em 2008, o decreto-lei
fundiu estes três sinais de modo que irão desaparecer progressivamente.
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É claro que também aqui, nos logotipos se menciona um fenómeno, art.º 304º-H
nº2 em que se diz que os sinais específicos e genéricos descritivos usuais podem
ser usados como logotipos, quando não tenham originariamente capacidade
distintiva, tenham adquirido antes do registo a capacidade de
distinguir/individualizadora aquela empresa como sinal distintivo.
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Quem for titular de um logotipo pode opor-se a que outro o use para actividades
semelhantes – art.º 304º-N. Aqui impede terceiros de usar o logotipo mas no
exercício da sua actividade pelo que, quando se fala de impedir o uso por outrém
terá de ser remetido para esta questão e com confusão distintiva.
Diz-se no nº1 do art.º 304º-P que o registo de logotipo são transmissíveis se tal
não for suscetível de induzir o público em erro ou confusão e isto poderá acontecer
quando do logotipo façam parte o nome ou firma do respetivo titular pois não está
nada proibido que o logotipo constitua o nome da firma. Se assim é, esse sujeito
não pode transmitir, desligado de qualquer outro bem, para outro porque o público
irá ser levado a erro.
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Marcas
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Quem tem direito a usar marca, mais uma vez, são os comerciantes e não
comerciantes e até empresários e não empresários, embora no art.º 225º só se
refiram a empresários, sendo o elenco exemplificativo, donde resulta que um não
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empresário possa ter marca, por exemplo, no caso de artesãos e prestadores de
serviços. Há quem diga que, de facto, que as marcas só podem ser tituladas por
sujeitos que exerçam determinada actividade económica, mas parece que não será
bem assim, pois um sujeito famoso poderá querer registar o seu nome como uma
marca.
No art.º 228º diz-se que marca coletiva é uma marca de associação ou certificação
e quer uma quer outa são marcas de entidades coletivas. As marcas de associação
servem para permitir que os sujeitos integrantes dessa associação utilizem uma
marca para além da marca individual. As marcas de certificação servem para
atestar que determinados produtos sujeitos a controlo, reúnem determinadas
características e que podem ser representadas por isso mesmo.
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Para se considerar que uma marca é de prestigio, tem de ser muito notória mas há
ainda assim grandes diferenças quanto a este prestigio, pois há autores que julgam
ter de ser uma marca super notória e o Professor Coutinho de Abreu entende que
não é preciso tanto, bastando agarrar jurisprudência alemã e do TIJ – portanto, a
marca de prestigio, para além de um reconhecimento considerável, deverá ter
também uma boa imagem e estar ligada a produtos com boa fama ou boa imagem em
termos de qualidade.
Fala-se também de outra função secundária que pode gozar de uma tutela
autónoma, de uma tutela diferente da que resulta da tutela da função distintiva –
função de garantia de qualidade.
Há quem diga ser esta função reflexo da função distintiva mas há que atende a um
fenómeno, relativamente recente. Art.º 269º para casos de caducidade da marca
– o registo das marcas dura por 10 anos mas indefinidamente renovável que não
acontece com outros bens de propriedade intelectual por exemplo, as patentes que
tem um prazo de 20 anos.
Nem todas as formas tridimensionais são suscetíveis de registo como marcas, não
são registáveis as formas naturais (o ovo tem uma forma natural e não distingue
uma empresa de outra), funcional (não pode ser a forma da tesoura registada como
marca mas já pode ser registada como modelo ou desenho ou ainda patenteada e
isso impedirá que outros sujeitos façam tesouras daquele tipo durante
determinados anos) ou esteticamente necessárias.
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A marca que não era decetiva assim se tornou pelo seu uso, por exemplo, “filseda”
para um individuo que se dedica aquela produção de fios de seda, é uma marca
expressiva por ser composta por partes de duas palavras que são significados
específicos – aqui há uma combinação original e a certa altura, começa a fazer fios
artificiais e continua a meter nesses produtos a marca. A lei diz que nestes casos,
a lei caduca. Porem, temos de ter em consideração que esta marca pode ser
utilizada para a produção de produtos diferentes, desde que tenha havido um aviso
nesse sentido, só em casos de se ter tornado enganosa é que haverá razoes para
esta caducar.
26 Novembro 2013
Quanto aos sinais descritivos, temos mais alguma coisa sobre os sinais indicativos
de proveniência e em princípio, se houver algum topónimo incluído na marca, ele é
possível desde que seja verdadeiro, isto é, um sinal para marcar a louça de Coimbra
não pode ser só Coimbra, isso seria apenas o sinal descritivo mas pode ter a palavra
Coimbra e ter imagens/fantasias de Coimbra. Todavia, podem aparecer nomes
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geográficos que não correspondam aos locais em que são produzidos os produtos.
Se aparecerem como sinais de fantasia, se não corresponderem à verdade e estes
forem sinais muito conhecidos, exemplo: Sintra para tabaco manufaturado na cova
da Beira – ninguém vai pensar que o tabaco é oriundo de Sintra ou palácio de
Sintra.
Ainda quanto à capacidade distintiva, o nome dos produtos de mercado não pode
constituir marca desses produtos - exemplo: ovo para ovos não distingue nada, a
espécie de produto não distingue aqueles ovos de outros ovos. Se aparecer “eggs”
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ou “ouef”, o produtor português não pode usar palavras escritas noutras línguas se
estas forem bem conhecidas pelo povo português, mas mesmo que não sejam
conhecidas, tendo em conta que estamos no mercado único, esses sinais genéricos
não deverão ser registados como marca. Porém, se parecer uma palavra de outras
línguas ou de uma língua morta quando não sejam muito parecidas com as
correspondentes palavras portuguesas, aí admitir-se-á porque os produtos não
aparecem com essa descrição mas será um sinal de fantasia.
Marcas VS Produtos.
Marcas Produtos
Identidade identidade
identidade afinidade
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semelhantes identidade
semelhantes afinidade
Para se averiguar da semelhança entre estes sinais, deve tentar-se uma apreensão
complexiva ou global, isto é, deve-se proceder a uma perceção sintética e não
analítica e isto tem alguma importância. Deve ver-se cada um dos sinas
complexivamente/globalmente, embora, evidentemente, possa haver elementos
mais importantes do que outros, isto é, os sinais fracos, específicos, terão menos
capacidade distintiva e de retenção na memória do que sinais de mera fantasia e
também aqui temos de atender que pode haver o núcleo ou coração da marca e
elementos mais ou menos marginais.
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outro, logo, um produto por outro, significa que os consumidores não tomam “gato
por lebre” mas vê que há algumas semelhanças tao consideráveis que pensa haver
algum associação entre os dois sinais, designadamente, pode ser levado a entender
e concluir que aquilo são marcas que pertençam ao mesmo sujeito e que os produtos
tenham a mesma origem.
Há uma nota no livro donde se vê que há decisões para todos os gostos, entre nós,
recordista em caso de imitação é a marca coca-cola, decidui-se que foi ilicitamente
imitada com várias marcas.
Transmissões e licenças
Como sabemos, as firmas não podem ser negociadas sem a empresa, o logotipo pode
ser negociado autonomamente excepto quando seja utilizado no estabelecimento,
pois diz a lei que assim só com o estabelecimento pode ser transmitido. Quanto às
marcas estas são os sinais que mais autonomamente podem ser negociados, são os
mas desvinculados do estabelecimento – art.º 262º. Mais uma vez, se se
transmite uma marca nominativa de que faça parte um ou mais nomes do titular,
pode dizer-se que aí não será possível a negociação autónoma.
Diana Simões
Direito Comercial I Aulas Teóricas 2013/2014
Há licenças exclusivas que garantem que mais ninguém pode ser licenciado naquela
marca, ou seja, não pode ser concedida em licença a mais ninguém que não o
licenciado mas pode acontecer também que o licenciante se obrigue, mediante
cláusula expressa, a não usá-la e aí temos uma licença exclusiva reforçada, nº6.
Nos nº8 e 9, sem consentimento do titular da marca, o licenciado não pode ceder a
posição nem concede-la a outrem, por isso é que isto não faz parte do âmbito
natural, nem se quer convencional porque é preciso a intervenção de uma terceira
pessoa, o titular da marca que é o licenciante da marca. Não há a obrigação legal do
licenciante controlar a qualidade dos produtos, esse controlo pode ser feito mas
não há a sua obrigatoriedade.
A licença de marca, total ou parcial, tem que ver com permitir que outrem explore
a marca em parte dos produtos para os quais a marca foi registada e relativamente
a isto não se poderá falar em merchandising e o Professor Coutinho de Abreu
acha que isto valerá sobretudo para as marcas de prestígio, que também são
marcas registadas para determinar ou para determinados produtos. O titular de
uma marca de prestígio não está impedido de a dar em licença para esses produtos,
mas será pouco provável, contudo, já poderá merchandizar a marca. Quando a
marca é de prestígio isso significa que a protecção vai para além dos sectores
económicos limitados pelo princípio da especialidade e pode proibir que outrem use
essa mesma marca noutros produtos não afins. Assim, também poderá permitir que
se use noutros produtos a marca, sendo isso o merchandising.
Sporting é uma marca ligada ao desporto, pelo que será insuscetível de registo.
Diana Simões
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Letra:
A designação tradicional era de letra de câmbio. Chamava-se assim porque surgiu
associada ao contrato de troca de moeda por outra moeda – cambium per litteras.
Estamos a falar da idade média, num período em que a circulação pela europa dos
comerciantes era arriscada devido aos salteadores que assaltavam os mercadores
que circulavam por entradas perigosas. Daí que não fosse aconselhado para o
mercador de Lisboa que queria ir comerciar a Veneza ir carregado de dinheiro
durante a viagem e procurava-se obter um mecanismo que permitisse, de alguma
forma, ter a possibilidade de entregar dinheiro em Portugal a alguém que
disponibilizasse em Veneza o correspondente a essa quantia na moeda que circulava
nesse país. Aqui em causa está um instrumento que permitia ao mercador
português, chegar a Lisboa, contactar um banqueiro e dizer-lhe que lhe entrega um
valor em moeda com circulação legal em Portugal e pede que aquele banqueiro ou um
correspondente que tivesse acordos nesse sentido em Veneza, para que fosse
entregue o correspondente em Veneza ao comerciante, na moeda que circulasse em
Veneza. Isto tudo seria documentado através de um título de crédito que
permitiria ao mercador português chegar ao banqueiro de Veneza e dizer que o
banqueiro em Lisboa recebeu tal quantia e entregou um documento para exigir o
correspondente em Veneza.
Há aqui várias ideias: por um lado, estava a ser usado para fazer troca de moeda e
por outro lado a ideia de separação física, com distância dos lugares. O problema é
que isto era utilizado para fugir à usura, aqui proibia-se o empréstimo a juros que
era condenável pela igreja mas através da letra conseguia-se algo muito
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Nota: uma nota característica da forfeitização é que justamente o banco que vai
aceitar os títulos e aceitar o dinheiro, em regra também aceita correr o risco da
boa cobrança dos títulos.
A letra é, antes de mais, um documento em papel que vai ser título de crédito a
partir do momento em que dela consta um saque (uma ordem de pagamento), pois
sem ordem de pagamento não há letra, sendo esta ordem que cria o documento
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como letra, pois sem este, juridicamente, ainda não é letra. Contém uma ordem de
pagamento em quantia determinada em dinheiro que é dada por um determinado
sujeito (o sacador) ao sacado, a favor do tomador. Quando o tomador endossa a
letra ao terceiro, está a dizer ao sacado que, em vez de lhe pagar a ele, paga ao
outro a quem endossou a letra.
Há quem afirme ser a letra ato de comércio, mas esta não é mais do que um
documento, acto de comércio será o negocio jurídico como o saque, o endosso e o
aval.
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Quanto às funções: a letra tem antes de mais, uma função de transmissão, uma
função de legitimação e uma função de garantia.
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sacando uma letra sobre o cliente e é aceite, esta letra terá uma data de
vencimento e para o vendedor pode não ser conveniente estar à espera do
vencimento para adquirir aquele valor. Aí pode ir ao seu banco com quem tem
relações comerciais e pede o desconto da letra – o banco aceita fazer o desconto,
aceita o dinheiro mas fará um abatimento posteriormente que corresponderá a uma
aplicação da taxa de juro quanto ao tempo que falta para receber o dinheiro.
Se a letra tinha o valor de 1000 e estamos a falar de 4 meses que faltam para o
vencimento e uma taxa de juro de X, o banco calculara a taxa em função do valor e
109
do tempo, e retirará essa taxa para si, o valor cobrado por esse adiantamento.
A letra irá conter uma declaração cambiária, que é o saque, e poderá conter o
aceite, o endosso e o aval.
Como título de crédito sujeito a um regime que visa dar segurança aos portadores
mediatos dessa letra, é um documento que está sujeito a exigências de caracter
formal particularmente rigorosos, precisamente, para dar segurança a ulteriores
portadores da letra pois só com um regime seguro que dê garantias é que um
terceiro irá aceitar receber aquele título com endosso para pagamento de dívidas.
O regime rigoroso torna assim mais fácil, a circulação deste título – art.º 1º da
Lei uniforme. Estes são os requisitos externos
Não basta que a quantia seja determinável, tem de ser determinada em dinheiro.
O sacado não é obrigado cambiário só por ser indicado como sacado através da
Diana Simões
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ordem dada pelo sacador, só se torna obrigado cambiário através do aceite, uma
declaração cambiário emitida pelo sacado pela qual aceita pagar a quantia que o
sacador lhe dá ordem para pagar na data do vencimento.
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lugar de pagamento, assim sendo, já não pode valer como letra e já não se pode
procurar o lugar de pagamento. Dizemos ser limitada esta medida.
Finalmente, se falta o lugar onde foi passada a letra, significa que a letra foi mal
passada e o que diz a lei é que a letra sem indicação do lugar onde foi passada,
considera-se como tendo sido passada no local indicado ao lado do sacador pois
quem criou a letra foi o sacador logo, se colocou um lugar ao lado do seu nome e não
indicou o local onde foi passada a letra, tem sentido que a lei considere esse lugar.
Também aqui, se faltar essa indicação, não há forma de preencher a falha e assim
111
o documento não valerá como letra.
Tudo isto tem um peso muito relevante e muitos aspetos, por exemplo, quanto à
data em que a letra é passada, isto tem importância porque esta data é útil para
ver questões de capacidade de exercício das pessoas; já os lugares, têm
importância para resolver questões acerca da lei aplicável ao documento em causa.
O que ficou decidido pelo STJ em acórdão de uniformização foi que a indicação da
qualidade em que actua o gerente ou administrador da sociedade por quotas poderá
ser tácita e é importante para resolver muitos dos problemas que surgem.
Diana Simões
Direito Comercial I Aulas Teóricas 2013/2014
Sobre isto é importante ainda falarmos do art.º 10º da lei uniforme – este
artigo tem um regime para os casos do chamado preenchimento abusivo e
sobretudo é um regime que se preocupa com a posição de portadores mediatos em
relação a este acordo de preenchimento. Como é evidente, se o banco e uma pessoa
celebrarem o acordo de preenchimento e o banco preencher mal a letra, violando o
acordo, a pessoa pode invocar isso perante o banco, tendo de fazer prova da
violação do preenchimento. Nas relações imediatas, a questão do abuso no
preenchimento pode ser invocada.
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O saque – cria a letra como tal. Poder-se à dizer ser o primeiro negócio
logicamente, pois sem ele não há letra, o que não quer dizer que não exista primeiro
a letra, apenas enquanto não tiver a assinatura, não produz efeitos.
Modalidades: o saque pode ser feito em termos distintos - art.º 3º: à ordem do
sacador, por exemplo. A letra pode ser sacada sobre o próprio sacador, isto
historicamente tem uma justificação, temos de ter em atenção que estalei
uniforme é do início do séc. XX e que surgiu em momento onde a internet não
existia e sobretudo, no funcionamento dentro do mesmo banco, esta figura era
frequentemente utilizada. O banco com sede em Lisboa, pode ter agência em Faro
e podia ser conveniente para as transferências de fundos, dar estas ordens de
pagamento sobre si próprio para que o dinheiro fosse transferido da agência para a
sede. Por outro lado, o banco com o saque a si próprio já está a criar um título de
crédito que conterá duas vezes a obrigação do banco, ou seja, se endossar a letra,
o banco não só criou o título, como está a dar ao terreiro a garantia de que é por
um lado obrigado como aceitante, mas também como endossante e assim reforça
essa garantia.
Pode a letra ser sacada à ordem/a favor de terceiro, esta á a situação mais
clássica de saque de uma letra. A hipótese se o saque ser sobre o sacador a favor
do sacador não vem prevista na lei mas a ver do professor é admissível como vimos
anteriormente.
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O art.º 9º na segunda parte diz que o sacador pode exonerar-se da garantia da
aceitação ou seja, quando o sacador cria a letra, pode libertar-se dessa garantia
quanto à aceitação, deixando de a garantir. O sacador pode libertar-se quanto à
aceitação mas não se pode nunca livrar da garantia quanto ao pagamento.
Aceite:
Para as letras a certo termo de vista, devem ser apresentadas ao aceite, devem
ser apresentadas ao aceite dentro do prazo de um ano, como são pagáveis nos
termos do art.º 35 com prazo determinado pela data do aceite, para saber quando
se vencem teremos de as apresentar ao aceite, para poder começar a correr o
prazo.
O lugar onde deve ser apresentado o aceite será o domicílio do sacado pois é este
que irá assinar como aceitante e o aceite é escrito na letra, há um espaço
reservado na letra para tal. Deve constar a palavra aceite ou equivalente mais a
assinatura.
Sempre que o sacado se limitar a assinar na parte anterior da letra, sem mais nada,
considera-se que está a aceitar a letra.
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Este aceite pode ser parcial, portanto, o sacado pode aceitar a letra apenas
relativamente a uma parte do valor mas em relação à parte restante, isso valerá
como recusa de aceite e em relação a essa parte o portador pode fazer o protesto
quanto a falta de aceite – art.º 26º
O aceite deve ser datado para se poder contar esse prazo. Por outro lado, se foi
fixado um prazo para apresentação ao aceite, a indicação da data do aceite é
necessária para saber se o prazo foi respeitado e a lei prevê um protesto, como já
vimos por falta de aceite. Art.º 25º; 23º e art.º 22º I; III e IV parágrafo.
115
10 Dezembro 2013
Aceite das letras: art.º 21º Lei uniforme mostra que, em regra, a apresentação
da letra ao aceite não é obrigatória, esta pode ser apresentada até ao vencimento
ao aceite do sacado no entanto, a lei, no art.º 23º também acrescenta um caso em
que há dever de apresentação ao aceite, letras a certo termo de vista e nestes
casos é a lei que há dever de apresentação ao aceite. O art.º 22º no 1º
parágrafo também acrescenta que o sacado pode estabelecer o dever de
apresentação ao aceite e estipular um prazo para a apresentação ao aceite. O
art.º 21º também estabelece que a letra pode ser apresentada até ao vencimento
e se o sacador estabelece um prazo esse tem de ficar antes da data do
vencimento.
Um outro assunto referido é que também se pode estabelecer que esta é uma letra
não aceitável, resulta do art.º 22º, 2º parágrafo. Esta conhece depois exceções
mas a regra é a de que o sacador, quando cria a letra pode proibir a apresentação
ao aceite e isto pode ter utilidade nos caso sem que o sacador combinou com o
sacado isso mesmo porque o sacado pode não querer constar da letra como
aceitante mas estar disponível para na data do vencimento da letra, efetuar esse
pagamento.
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Além do mais, também se diz que não pode proibir o aceite a uma letra sacada a
certo termo de vista porque se assim é, o vencimento vais ser determinado em
função da data do aceite e ao se podia proibir o aceite porque era o mesmo que
tornar impossível o pagamento.
116
Se a letra é apresentada ao aceite e é recusado esse aceite, é possível realizar o
chamado protesto por falta de aceite. No que diz respeito às letras que são
sacadas à vista (pagáveis quando apresentadas), estas estão pensadas para serem
pagas quando apresentadas e normalmente não se apresenta esta para aceite mas
não há nada na lei uniforme que proíba que isso seja efetuado e que o portador a
apresente ao sacado, para que, antes de exigir o pagamento, haja o aceite. O art.º
23º também estabelece um prazo para a apresentação ao aceite das letras a certo
tempo de vista (exigida decorrido um prazo apos o aceite) e isto ganha especial
relevo ao ler o art.º 53º da lei uniforme. Neste artigo estabelece-se um prazo
para apresentação ao aceite e se esse não for representado deve fazer-se
protesto por falta de aceite e se esse não for feito no prazo legal, o portador
perde uma serie de direitos quanto á ação contra os vários obrigados cambiários
com exceção do aceitante. A este respeito fala-se de acções de regresso e acções
diretas relativamente a cada sujeito.
Endosso:
Na lei uniforme, consta dos art.º 11º e ss e no que diz respeito ao endosso, nos
termos do art.º 12º tem de ser puro e simples por razões de literalidade e
assegurar a segurança do portador, eliminando buscas e pesquisas fora do título de
crédito em causa e não pode ser assim sujeito a condições.
Este endosso não pode ser parcial, ao contrário do aceite que podia ser parcial e o
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endossante vai também agora responder, não apenas pela aceitação, como também
pelo pagamento da letra – art.º 15º da lei uniforme e portanto o endossante
assume também uma posição de garante; este garante que se o aceitante não
pagar, ele pagará se não houver aceite ou se havendo aceite, não houver
pagamento.
Por outro lado ainda, o endosso tem uma função de legitimação do portador – art.º
16º - o detentor de uma letra é considerado portador legítimo se justifica o seu
direito por uma serie ininterrupta de endossos, mesmo que o último seja em
branco. Isto é importante porque será esse portador legítimo que, nos termos do
art.º 38º, pode ir exigir o pagamento da letra no seu vencimento.
Esse endosso pode ser um endosso em branco, art.º 14º, desde logo, segunda
parte, mas também art.º 12º, 3º parágrafo e art.º 13º, 2º parágrafo. Aqui a
lei uniforme, no art.º 13º segundo parágrafo deixa dúvidas ao intérprete acerca
do que se deve entender sobre endosso em branco e será aquele apenas com
assinatura. O art.º 13º faz menção às duas possibilidades, este pode não designar
o beneficiário mas também a expressão tradicional “dou o meu endosso e assinava”
(se se colocar apenas “endosso a” e assinar por baixo, será isto ainda ensosso
em branco? Na ótica do professor sim, devido ao que respeita ao art.º 14º - se o
endosso for em branco, o portador pode preencher o espaço em branco, quer com o
seu nome, quer com o nome de outra pessoa e só tem sentido falar de espaço em
branco se houver a expressão “endosso ” ou “endosso a”).
Quem recebe essa letra pelo endosso pode fazer muitas coisas: colocar o seu nome
como beneficiário; pode voltar a endossar em branco a letra a favor de outra
pessoa; pode entregar a letra a um terceiro sem colocar o seu próprio endosso
(teríamos aqui algo já muito parecido com o titulo ao portador) ou pode também pôr
um endosso completo a favor de outro beneficiário. Este endosso em branco
evidentemente que tem riscos porque não fica documentada na letra a transmissão
que foi realizada sem colocação de endosso e essa é uma transmissão que não fica
sujeita às regras cambiárias e, portanto, tem riscos acrescidos pois, justamente, o
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No que diz respeito ao endosso, são os aspetos mais relevantes mas destacaremos
ainda o teor do art.º 11º, 2º parágrafo onde se torna claro que o sacador pode
proibir o endosso e diz o preceito “quando sacador tiver inserido na letra as
palavras não à ordem ou expressão equivalente” e aí o sacador estará assim a
proibir o endosso (o sacador é que cria a letra enquanto tal), tendo assim uma
118
brande margem de manobra. Tal é importante porque o 2º paragrafo do art.º
11º acrescenta que nesses casos a letra só é transmissível pela forma e com os
efeitos se uma cessão ordinária de créditos e isto significa, portanto, que nessas
transmissões que eventualmente ocorram, quem venha a receber a letra não tem a
protecção que a lei uniforme concede perante as transmissões regulares por
endosso, ficando sujeito ao regime que a cessão de créditos prevê em matéria de
oponibilidade de exceções. Perante este regime o obrigado a pagar pode invocar
mais exceções do que pode com o regime da lei uniforme quanto à transmissão de
endossos.
Há quem diga que se a letra é sacada não à ordem, com proibição de endossos,
deixa de ser um título de crédito porque passa a ser só transmissível pelo regime
de cessão ordinária de créditos, podendo ser invocadas todas as exceções deste
caso. O professor não concorda que deixe de ser um titulo de crédito porque
temos de fazer distinção entre posição do sacador, do aceitante e do tomador
porque o tomador não é necessariamente o sacador e o tomador que é beneficiário
da ordem de pagamento dado pelo sacador pode não ser parte nas relações
fundamentais que liga o sacador ao aceitante que resulta da convenção executiva e,
mais uma vez, o tomador da letra pode nada ter a ver com isso e quando seja assim,
esse tomador ainda estará nas relações mediatas quanto a essas relações
fundamentais e assim, beneficiará da tutela cambiária conferida na lei uniforme.
Nota: nós temos um regime de crédito ao consumo recente que consta do dec-lei
133/2009 e o art.º 22º diz que se em relação a um contrato de crédito o
consumidor subscrever letras ou livranças com função de garantia, deve ser aposta
naqueles títulos a expressão “não à ordem” ou outra equivalente.
Aval:
Através do aval o declarante que emite essa declaração obriga-se cambiariamente
nos mesmos termos que se obriga a pessoa avalizada e nessa medida, o aval é
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Ao contrário do endosso, o aval pode ser parcial – art.º 30º, 1º parágrafo. Este
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pode ser dado por um terceiro não subscritor cambiário mas pode ser dado
também por alguém que consta na letra. O aval é dado por alguém, por um outro
signatário da letra, no entanto, a lei vem também resolver o problema de saber por
quem se dá o aval, se por acaso não é indicada a pessoa por quem ele é dado,
através do art.º 31º, último paragrafo, isto é, na falta de indicação, entender-
se-á ser pelo sacador. Porquê? Devia ser dado pelo aceitante que é o obrigado
principal mas quem cria a letra é o sacador e este pode inclusivamente por a letra a
circular antes de tero aceite e do ponto de vista da utilização da letra se
justifique esta regra. Pode-se perguntar se esta regra vale em quaisquer
circunstâncias, independentemente do que se prove. É um tema discutido, teremos
de saber qual o sentido do parágrafo: presunção inelidível, ilidível e em que
termos? É um tema que não pode ser objecto de uma resposta com garantia de ser
aceite perante todos os tribunais mas a leitura do professor Soveral Martins é a
de que é possível fazer prova de que o aval foi dado por outra pessoa que não o
sacador deste que a letra ainda esteja nas relações imediatas.
Responsabilidade do avalista:
Art.º 32º o dador de aval é responsável da mesma maneira do que a pessoa por ele
afiançado. A dador de aval não responde perante o aceitante. Por outro lado, o
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Embora se fale de ”pessoa por ele afiançada” temos de ver que o aval não se
confunde com a fiança pelo que isto não é uma fiança. A responsabilidade do
avalista é determinada nos termos da lei uniforme e não o regime da fiança do CC e
isto faz toda a diferença – art.º 32º 2º parágrafo – Princípio da independência
reciproca das obrigações cambiárias – A lei diz que o avalista vai responder
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mesmo que aquele por quem da garantia não responda por ser nula, exceto o vicio
de forma (se for vicio de forma, o avalista não responde mas se for qualquer outra
causa de nulidade, ainda assim o avalista responde e é diferente do regime da
fiança).
O último parágrafo do art.º 32º diz que se o dador de avale paga a letra pode
exigir o pagamento à pessoa por quem exigiu a garantia.
A letra, enquanto título de crédito, contém um direito literal, sendo esse um dos
princípios afirmados quando se identificaram as notas caracterizadoras de título
de crédito em geral. Um direito literal na medida me que nas relações mediatas o
seu conteúdo e extensão, bem como modalidades, serão definidas pela letra do
próprio titulo, pelo que está escrito no documento e perante o portador mediato da
letra, aquele que se encontra nas relações mediatas, não lhe podem ser invocadas
excepções que resultem das combinações extra cartulares.
Exemplo: na letra não fica a constar a data do vencimento e a lei diz que se assim
for, será pagável à vista. Suponhamos que A combinou que B que nunca apresentará
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a letra a pagamento antes do dia 1 janeiro de 2014 e não ficou na letra – este
acordo extra cartular não é oponível nas relações mediatas por exemplo a um
endossante (ele não fez parte da convenção).
Temos depois o Princípio da abstração (da obrigação cambiária) – esta nota já não
é comum a todos os títulos de crédito e no que diz respeito à abstração está em
causa o facto de a obrigação cambiária ser independente da sua causa, ou seja, a
obrigação cambiária não é afetada, dentro de certos limites, por aquilo que possa
afetar a sua causa e por outro lado, a obrigação cambiária pode servir qualquer
causa (licita).
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O art.º 17º também coloca outra dificuldade: pode dar-se o caso de haver uma
cadeia de transmissões e no meio estar um portador intermédio que esta de boa-fé
nos termos do art.º 17º e o último portador, o portador actual está de má-fé.
Este portador intermédio merecia proteção e se B2 tivesse exigido o pagamento e
não tivesse endossado, ele estava protegido pelo art.º 17º. Se é assim, o que se
entende é que, então, a boa-fé do portador intermedio vai sanar a má-fé do actual
portador porque, na realidade, quando o actual portador adquire a letra, ele ao
adquirir não está a prejudicar verdadeiramente o obrigado cambiário, porque se
não adquirisse a letra, o obrigado cambiário tinha de pagar na mesma.
Princípio da autonomia
Estamos a falar da autonomia do direito sobre a letra e significa que cada ulterior
portador da letra adquire autonomamente. A sua aquisição não é afetada por aquilo
que pudesse afectar a aquisição de anteriores portadores dessa letra. Nas
aquisições derivadas, a regra é a do princípio do Nemo Plus Iuris e no nosso caso
irá constituir um desvio a essa regra. Essa autonomia retira-se do 2º parágrafo
do art.º 16º, mas não é uma autonomia absoluta, tem limites.
Modalidades da letra:
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Quanto ao pagamento:
Suponhamos que a letra é paga, quanto àquilo que deve ser pago devemos ver o
art.º 48º, pelo que quem paga na data de vida tem a vantagem de não pagar os
juros de mora. Coloca-se a questão: ainda hoje está em vigor essa taxa de 6%
do art.º 48º? É matéria discutida porque em 2003 surgiu um dec-lei 262/83 e na
altura justificava-se porque a taxa lega de juros andava entre 20% e 30% e havia
um interesse em exigir uma taxa mais elevada. O problema é que a lei uniforme só
prevê mesmo juros à taxa de 6%. Havia uma discussão muito importante sobre a
convenção e anexos a convenção da lei uniforme pelo que estes são muito
importantes – o art.º 13º do anexo II dizia que qualquer das partes
contratantes (acabar). Não há aqui problema de constitucionalidade e o que vale em
lateria de juros é o dec-lei 262/83 mas isto é uma posição doutrinal – art.º 4º.
Se não houver pagamento pode e deve ser feito protesto por falta de pagamento
que permite evitar a extinção de direitos de acção contra endossantes sacador e
outro co obrigados a exceção do aceitante ou avalista deste como já vimos.
Quanto aos prazos, estes vêm previstos no art.º 44º. O 3º parágrafo diz que o
protesto deve ser feito num dos dois dias uteis seguintes Àquele em que a letra é
pagável e entende-se que este prazo deve começar no último dia seguinte mas a
cautela manda ter em conta o primeiro dia. Isto é regulado pelo código do
notariado, dizendo como são efetuados os avisos e admite que este prazo se conte
a partir do último dia em que a letra é pagável, tendo em conta a redação do art.º
38º.
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