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Gárciga Otero, R.

AULA # 1: Noções de Teoria dos Conjuntos.

1. Definição (ingênua) de conjunto.


2. Exemplos: N, Z, Q.
3. O Conjunto vazio.
4. Subconjunto (próprio). O conjunto potência.
5. Operações básicas:
• reunião
)
• interseção Diagramas de Venn

• complementação
6. Principais propriedades formais das operações de reunião, interseção e complementação.
7. Exercı́cios.

Bibliografia básica: [3, 1.1 e 1.2], [1, Cap. 1.4], [2, 1.1].

1 Definição (ingênua) de conjunto.


Definição 1. Um conjunto é uma coleção de objetos chamados os seus elementos.

Notação: Uma letra maiúscula, digamos A, B, X, ...

A relação básica entre um objeto e um conjunto é a relação de pertinência: quando um objeto a é um


dos elementos que compoem o conjunto A, dizemos que a pertence a A e escrevemos

a ∈ A.

Se, porém, a não é um dos elementos do conjunto A, dizemos que a não pertence a A e escrevemos

a∈
/ A.

É costume indicar os objetos ou elementos de um conjunto por letras minúsculas: a, b, x, . . . .

Há duas maneiras de se caracterizar um conjunto:


1. Relacionando todos os seus elementos entre chaves.
Exemplo 1. A = {1, 2} é o conjunto cujos elementos são os números 1 e 2.
Exemplo 2. N = {1, 2, 3, ...} é o conjunto dos números naturais.
Exemplo 3. Z = {..., −3, −2, −1, 0, 1, 2, 3, ...} é o conjunto dos números inteiros.
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2. Enunciando uma propriedade caracterı́stica que determina se um objeto dado é ou não um elemento
do conjunto.
Exemplo 4. O conjunto A, do exemplo 1, pode ser escrito como:

A = {x ∈ N | x < 3} = {x ∈ N | x ≤ 2}

Exemplo 5. Q = {p/q | p ∈ Z, q ∈ Z, q 6= 0} é o conjunto dos números racionais.


Lê-se: Q é o conjunto das fracões p/q tais que p pertence a Z, q pertence a Z e q é diferente de zero.

Definição 2. O conjunto vazio é aquele que não possui elemento algum.


Notação: ∅
Exemplo 6. {x ∈ N | 1 < x < 2} = ∅
Definição 3. Os conjuntos A e B são ditos iguais se, e somente se, contêm exatamente os mesmos elementos.

Notação: A = B.

Em termos da relação de pertinência, isto é expresso como: x ∈ A ⇔ x ∈ B.

2 Subconjuntos. O conjunto potência.


Definição 4. Dados os conjuntos A e B, A é dito subconjunto de B se, e somente se, cada elemento de A é
um elemento de B.

Notação: A ⊆ B ou B ⊇ A ou A ⊂ B ou B ⊃ A.

Em termos da relação de pertinência isto é expresso como:

x∈A⇒x∈B

Proposição 1. Dados os conjuntos A, B e C, verifica-se:


a) A = B ⇔ A ⊆ B e B ⊆ A
b) A ⊆ B, B ⊆ C ⇒ A ⊆ C
c) A ⊆ A
d) ∅ ⊆ A
Prova. a) A = B ≡ a ∈ A ⇔ a ∈ B.
Logo se
a ∈ A ⇒ a ∈ B, i.e., A ⊆ B e
a ∈ B ⇒ a ∈ A, i.e., B ⊆ A.
Para a volta (⇐). Suponhamos que A ⊆ B e B ⊆ A
⇒ (a ∈ A ⇒ a ∈ B) e (b ∈ B ⇒ b ∈ A),
i.e., a ∈ A ⇔ a ∈ B ⇒ A = B.
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b) !a ∈ A
⇒ a ∈ B, pois A ⊆ B
⇒ a ∈ C, pois B ⊆ C
i.e. A ⊆ C
c) Trivial.

d) ∅ ⊆ A ⇔ x ∈ ∅ ⇒ x ∈ A, mas ∅ não tem elementos, logo não existem tais x para testar a afirmação, e
consequentemente é válida trivialmente.
Outra forma de provar d) é via contra-recı́proco (i.e., (“no p”⇒ “no q”) equivale a “q ⇒ p”)
!x ∈
/A⇒x∈ / ∅ pois ∅ não tem elementos.
Definição 5. Dados conjuntos A e B, dizemos que A (não vazio) é parte própria ou subconjunto próprio de
B no caso em que A ⊆ B e A 6= B.
Em termos de relação de pertinência, isto é expresso como:
• a ∈ A ⇒ a ∈ B, e
• ∃b ∈ B; b ∈
/ A.

Exemplo 7. As seguintes inclusões são próprias: N ⊆ Z ⊆ Q.


Definição 6. Dado um conjunto X, indica-se com P(X) o conjunto cujos elementos são as partes (subcon-
juntos) de X, i.e.,
A ∈ P(X) ⇔ A ⊆ X.
Observações:
• ∅ ∈ P(X), pois ∅ ⊆ X
• X ∈ P(X), pois X ⊆ X
Vide proposição 1 , itens d) e c).
Logo o conjunto das partes de X nunca é vazio.

Exemplo 8. Seja X = {1, 2, 3}. Então

P(X) = {∅, {1} , {2} , {3} , {1, 2} , {1, 3} , {2, 3} , {1, 2, 3}} .

Exercı́cio. Prove que o número de elementos do conjunto potência de X, quando X tem n elementos, é
2n1 . Pn Pn
Dica: Aplique a Fórmula binomial (a + b)n = k=0 (nk )ak bn−k com (a = 1 = b) para obter 2n = k=0 (nk ),
onde (nk ) é o número de combinações de k elementos em n elementos, ou seja, o número de formas possı́veis
de escolher k elementos num conjunto de n elementos.
1 Isto justifica que o conjunto das partes de X também seja chamado conjunto potência de X e, denotado 2X .
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3 Operações básicas.
Definição 7. Definiremos três operações básicas entre dois conjuntos A e B:
1. Reunião ou união dos conjuntos A e B: é o conjunto A ∪ B, formado pelos elementos de A mais os
elementos de B.
Em termos da relação de pertinência: x ∈ A ∪ B ⇔ x ∈ A ou x ∈ B.
i.e. A ∪ B = {x| x ∈ A ou x ∈ B}.
Observação: A palavra “ou”, em Matemática, é utilizada quando quer-se afirmar que pelo menos uma
dessas duas alternativas é verdadeira, sem ficar excluı́da a possibilidade de que ambas o sejam.

Exemplo 9. C = {2, 3}, A = {1, 2}, B = {3}


⇒ A ∪ B = {1, 2, 3} = A ∪ C

2. Interseção dos conjuntos A e B: é o conjunto A ∩ B, formado pelos elementos comuns de A e B.


Em termos da relação de pertinência: x ∈ A ∩ B ⇔ x ∈ A e x ∈ B.
i.e. A ∩ B = {x| x ∈ A e x ∈ B}.
Os conjuntos A e B dizem-se disjuntos quando A ∩ B = ∅, i.e. quando não possuem elementos comuns.

Exemplo 10. A = {1, 2}, B = {3}, C = {2, 3}


⇒ A ∩ B = ∅, A ∩ C = {2}, B ∩ C = {3}
Exemplo 11. N ∩ Z = N, Z ∩ Q = Z, N ∩ Q = N.

3. Complementar de A.
Frequentemente tem-se um conjunto E que contém todos os conjuntos que ocorrem numa certa dis-
cussão. Dito conjunto é muitas vezes chamado de “conjunto universo”.
O complemento de A em E, ou simplesmente o complemento de A, é o conjunto que consiste de todos
os elementos de E que não pertencem a A, também chamado diferença2 E menos A (E\A).

Notação: E\A ou Ac (em E) ou, simplesmente, Ac quando o não há dúvidas sobre o universo em
questão.
Em termos da relação de pertinência: x ∈ Ac ⇔ x ∈
/ A, (x ∈ E).
Ou seja,
Ac = {x ∈ E| x ∈
/ A}.
Exemplo 12. Seja o universo E = Z e A = {1, 2}, B = {x ∈ Z|x ≤ 0} então

Ac = {· · · , −3, −2, −1, 0, 3, 4, 5, · · · } Bc = N Nc = {· · · , −3, −2, −1, 0} .

Note que se considerarmos o universo E = N então

Ac = {3, 4, 5, · · · } Bc = N Nc = ∅.
2 Dados dois conjuntos A e B quaisquer, a diferença A menos B, denotada A\B ou A − B, é o complementar de A em A ∪ B.
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4 Principais propriedades formais das operações de reunião, in-


terseção e complementação.
Proposição 2 (Propriedades da União). Dados os Conjuntos A, B, C, valem as seguintes propriedades:
U1) A ∪ ∅ = A
U2) A ∪ A = A . (reflexiva)
U3) A ∪ B = B ∪ A. (comutativa)
U4) (A ∪ B) ∪ C = A ∪ (B ∪ C). (associativa)
U5) A ∪ B = A ⇔ B ⊂ A
U6) A ⊂ B, A0 ⊂ B 0 ⇒ A ∪ A0 ⊂ B ∪ B 0
U7) A ∪ (B ∩ C) = (A ∪ B) ∩ (A ∪ C). (distributiva)
Prova. U1) a ∈ A ∪ ∅ ⇔ a ∈ A ou a ∈ ∅3 ⇔ a ∈ A.

U2) a ∈ A ∪ A ⇔ a ∈ A ou a ∈ A ⇔ a ∈ A
U3) a ∈ A ∪ B ⇔ a ∈ A ou a ∈ B
⇔ a ∈ B ou a ∈ A ⇔ a ∈ B ∪ A
U4) a ∈ (A ∪ B) ∪ C ⇔ a ∈ A ∪ B ou a ∈ C
⇔ a ∈ A ou a ∈ B ou a ∈ C
⇔ a ∈ A ou a ∈ (B ∪ C)
⇔ a ∈ A ∪ (B ∪ C)
U5) ! A ∪ B = A. Queremos provar que B ⊂ A.
!b ∈ B (Basta provar que b ∈ A) ⇒ b ∈ B ∪ A = A ∪ B = A.
!B ⊂ A. Queremos provar que A ∪ B = A.
Provemos primeiro A ∪ B ⊆ A.
!x ∈ A ∪ B ⇒ x ∈ A ou x
|∈{z B} ⇒ x ∈ A ou x ∈ A ⇒ x ∈ A.
⇒x∈A, poisB⊂A
Provemos, agora, A ⊆ A ∪ B, mas isto é trivial. Assim, A ∪ B ⊆ A e A ⊆ A ∪ B. Logo, da Proposição
1, A ∪ B = A.

0
U6) !x ∈ A ∪ A0 ⇒ x ∈ A} ou x
| {z |∈
0
{zA} ⇒ x ∈ B ou x ∈ B ⇒ x ∈ B ∪ B
0

⇒x∈B ⇒x∈B 0

U7) Primeiro provaremos que A ∪ (B ∩ C) ⊆ (A ∪ B) ∩ (A ∪ C).


!x um elemento do lado esquerdo.
⇒x ∈ A} ou x
| {z | ∈B
{z ∩ C}.
1o 2o

3 Lembre que o conjunto ∅ não contém elementos.


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1o . x ∈ A ⇒ x ∈ A ∪ B e x ∈ A ∪ C ⇒ x ∈ (A ∪ B) ∩ (A ∪ C)
2o . x ∈ B ∩ C ⇒ x ∈ B e x ∈ C ⇒ x ∈ A ∪ B e x ∈ A ∪ C ⇒ x ∈ (A ∪ B) ∩ (A ∪ C).

Provemos agora que (A ∪ B) ∩ (A ∪ C) ⊆ A ∪ (B ∩ C).


Seja x ∈ (A ∪ B) ∩ (A ∪ C).
⇒ x ∈ A ∪ B e x ∈ A ∪ C ⇒ (x ∈ A ou x ∈ B) e (x ∈ A ou x ∈ C).
Então há duas possibilidades: x ∈ A ou x ∈
/ A.
1. x ∈ A ⇒ x ∈ A ∪ (B ∩ C)
2. x ∈
/ A ⇒ x ∈ B e x ∈ C ⇒ x ∈ B ∩ C ⇒ x ∈ A ∪ (B ∩ C)
Proposição 3 (Propriedades da Interseção). Dados A, B, C ⇒
∩1) A ∩ ∅ = ∅
∩2) A ∩ A = A
∩3) A ∩ B = B ∩ A
∩4) (A ∩ B) ∩ C = A ∩ (B ∩ C)
∩5) A ∩ B = A ⇔ A ⊆ B
∩6) A ⊂ B, A0 ⊂ B 0 ⇒ A ∩ A0 ⊂ B ∩ B 0
∩7) A ∩ (B ∪ C) = (A ∩ B) ∪ (A ∩ C)
Prova. Exercı́cio!
Proposição 4 (Propriedades do Complementar). Sejam A e B partes de um conjunto fundamental E, então
C1) (Ac )c = A
C2) A ⊆ B ⇔ B c ⊆ Ac

C3) Ac = E ⇔ A = ∅
C4) (A ∪ B)c = Ac ∩ B c
C5) (A ∩ B)c = Ac ∪ B c
Prova. C1) x ∈ (Ac )c ⇔ x ∈
/ Ac ⇔ x ∈ A
C2) !x ∈ B c ⇒ x ∈ / A, pois B ⊇ A ⇒ x ∈ Ac
/B⇒x∈

/ A ∀x ∈ E ⇔ x ∈ Ac ∀x ∈ E ⇔ Ac = E
C3) A = ∅ ⇔ x ∈

C4) x ∈
/ A∪B ⇔x∈ / B ⇔ x ∈ Ac ∩ B c
/Aex∈
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Obs: A união e a intersecção de qualquer famı́lia de subconjuntos de E são definidas analogamente.

∪A∈F A = {x ∈ E|x ∈ A para algum A ∈ F }.

∩A∈F A = {x ∈ E|x ∈ A para todo A ∈ F }.

Exemplo 13. Sejam A = {1, 2}, B = {3} e C = {2, 3} então

A ∪ B ∪ C = {1, 2, 3} A ∩ B ∩ C = ∅.

Exemplo 14. Seja Fn = {x ∈ N|x ≤ n} para cada n ∈ N então

∪n∈N Fn = N ∩n∈N Fn = {1}.

5 Produto Cartesiano
Definição 8 (Produto Cartesiano). Dados os objetos a e b o par ordenado (a, b) fica formado quando se
escolhe um desses objetos (a saber, a) para ser a primeira coordenada do par e o objeto b para ser a segunda
coordenada do par. Os pares ordenados (a,b) e (a’, b’) serão chamados iguais se, e somento se, a = a0 e
b = b0 . O produto cartesiano dos conjuntos A e B é o conjunto A × B cujos elementos são todos os pares
ordenados (a,b) cuja primeira coordenada pertence a A e a segunda a B.

A × B = {(a, b) | a ∈ A, b ∈ B}.

Exemplo 15 (Coordenadas cartesianas no plano). A = B = R: conjunto dos números reais. Então,

R2 = R × R = {(x, y)|x ∈ R, y ∈ R}.


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Referências
[1] Cysne, R.P. e Moreira, H. Curso de Matemática para Economistas. Atlas, 2000.
[2] Kitchen, J. Calculus of one variable. Addisson-Wesley, 1968.

[3] Lages Lima, E. Curso de Análise. V1, terceira ed. IMPA, 1989.

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